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A Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do Tribunal Superior do

Trabalho, por maioria, declarou a nulidade de cláusula constante de convenções


coletivas de trabalho que proibiam condomínios residenciais do Estado do Tocantins
de contratar prestadores de serviços para as funções de porteiro, faxineiro, zelador e
vigia, entre outras. O entendimento prevalecente foi o de que a proibição atinge a livre
iniciativa empresarial para a consecução de objetivo considerado regular e lícito.

A cláusula constava das convenções coletivas de trabalho firmadas em 2014 e


2015 entre o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação, Administração de
Imóveis e Condomínios Residenciais e Comerciais e o Sindicato dos Empregados em
Edifícios e Condomínios do Estado do Tocantins. Contra ela duas entidades de classe
da categoria de asseio e conservação, que também abrangem terceirizados (Sindicato
das Empresas de Asseio, Conservação e de Outros Serviços Similares Terceirizáveis
do Estado do Tocantins – SEAC-TO e Sindicato dos Empregados de Empresas de
Asseio e Conservação do Estado do Tocantins – SINTECAP), e dois condomínios
(Residencial Águas do Tocantins e Residencial das Artes) ajuizaram ação anulatória
sustentando, entre outros argumentos, que a vedação "acaba por esvaziar de vez o
campo de atuação de tais empresas, fazendo com que diversas delas tenham
inclusive que fechar suas portas em definitivo", o que levaria à subtração de inúmeros
postos de trabalho e prejudicaria diretamente os trabalhadores do setor.

A ação anulatória, no entanto, foi julgada improcedente pelo Tribunal Regional


do Trabalho da 10ª Região (DF-TO), com fundamento na autonomia coletiva das
partes.

No recurso ordinário ao TST, os sindicatos da área de conservação e limpeza


sustentaram que a convenção, ao vedar a contratação de empresas de terceirização
e determinar a rescisão dos contratos em curso, causou “prejuízos imensuráveis” para
as prestadoras de serviços. Argumentaram ainda que a Súmula 331 do TST não veda
a terceirização de serviços de limpeza e conservação e que a cláusula violou direitos
de terceiros, “extrapolando o princípio da autonomia privada da vontade coletiva”.

Livre iniciativa

No exame do recurso, a ministra Dora Maria da Costa, redatora do acórdão,


afirmou que a cláusula que proíbe a terceirização de serviços nos condomínios limita
o campo de atuação das empresas prestadoras de serviços de limpeza e
conservação, “indo de encontro a um dos princípios constitucionais básicos da
atividade econômica, que é o da livre concorrência, inserto no inciso IV do artigo 170,
o qual prevê a liberdade da iniciativa privada”.

Para a ministra, o princípio da livre iniciativa (artigo 1º, inciso IV, da Constituição
da República) envolve não só o livre exercício de qualquer atividade econômica e a
liberdade de trabalho, mas também a liberdade de contrato, decorrendo daí a vedação
a qualquer restrição não prevista em lei. “De um lado, as administrações dos
condomínios devem ser livres para decidirem, elas próprias, qual a melhor forma de
contratação dos serviços a serem prestados, seja a contratação direta ou a de
empregados terceirizados. De outro, as empresas prestadoras, cujo objeto social diz
respeito à terceirização de serviços de conservação e limpeza, entre os quais podem
ser incluídos os serviços de zelador, garagista, porteiro, faxineiro e outros, não podem
sofrer limitações em seu campo de atuação, não se admitindo que um instrumento
negocial invada a seara dos contratos que podem ser firmados entre elas e os
condomínios residenciais”, assinalou.

Seu voto foi seguido pela maioria dos ministros que compõem a SDC.

Limites

O relator, ministro Mauricio Godinho Delgado, sustentou que a defesa da


concorrência não deve ser concretizada em detrimento dos demais princípios gerais
da atividade econômica elencados no artigo 170 da Constituição (livre iniciativa e
valorização do trabalho humano). No seu entendimento, há respaldo social,
econômico e jurídico para que as partes coletivas disponham autonomamente sobre
a forma de contratação no âmbito de sua base territorial de modo a restringir ou proibir
a terceirização da mão de obra em determinada comunidade de trabalhadores.

Para o ministro, o princípio da autonomia privada coletiva, conjugado com os


princípios constitucionais da valorização do trabalho, da justiça social, da centralidade
do trabalho e, especialmente, do emprego, permite que o sindicato dos trabalhadores
e o dos empregadores celebrem convenção coletiva que dê primazia à relação de
emprego diretamente contratada, em detrimento da contratação por intermédio de
terceirização. “Sendo, ademais, objetivo do Direito do Trabalho elevar as condições
de contratação trabalhista na economia e na sociedade, a cláusula se mostra mais
benéfica aos trabalhadores, atendendo também o princípio da norma mais favorável,
incorporado pelo caput do artigo 7º da Constituição”, concluiu.

Seguiram seu voto pelo não provimento do recurso os ministros Kátia


Magalhães Arruda, Maria de Assis Calsing e Fernando Eizo Ono (aposentado).

Não participaram da votação os ministros Brito Pereira, presidente do Tribunal,


e Renato de Lacerda Paiva, vice-presidente, tendo em vista que os dirigentes
anteriores, ministros Ives Gandra Martins Filho e Emmanoel Pereira, já haviam votado.

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