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urroRA
Economia, Poder e Gestão de Territórios
Marcelo Milano FalcãoVieira
Euripedes Falcão Vieira
Geoestra égia
Globa
Economia, Poder e Gestão de Territórios
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FGV
EDITORA
ISBN - 978-85-225-0624-8
EDITORAFGV
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Lediçãc - 2007
CDD-910.133
Introdução à modernidade global
A IIHllII'IIIIdll I, d( I til LI' ux n V s ch qu 'às 01 IVII, II 111()111i'. A A II III'" I 11iI111I riItI li I, ,,' IIlt111111I I 1111111
I 11111111
1\1111,.11
I 11'111111I '" lli!l,l , ,I I 1I1I,
II 111:.1'li iluri rli lu I I r dutiva, m rcados e os poderes global .nfraquece- dill,IIIII,t.dH'II·lidIIH.II}\IIII'IIII" \i" ;1'1/1,d.A. 1:.II.III·gi,r·,!\lldlrit.I'lJldll 1111
I 11111 )\' I rn ' S P d res nacionais. A passagem de uma a outra ordem produziu !.i.·dl'lll,r. l·rlllÇ.l:,\jlll :I':ollltllll m às prúucus ILl'ill,lilll iOll,rll 111111""
(I . I I 1111as, na estrutura social, abalos que não puderam ser evitados pela pró- d 111 ronom i .r inu-i n.t do bllmlo naçao. Os Iligar s s ·(ilSOlllll~'oIll. ;11./111
J11ill rupi I Zdas mudanças, inserções e novas dependências. As desestruturações S \lI Sp'tÇOSnacionais strut ~gicos para a p raci nalizaçao das .it ivkl.u l. I" I
1111l'I'I1'l, guçaram o conflito entre o Estado e a nação. Há um crescente afasta- 110mi as uansnaci nais, nurna conforrnaçã ge gráfica. lnt 'I'I1UI11tIllt, 01111111\ I
11111110 ntr o Estado e a sociedade nacional impulsionado pela perspectiva cI ins orça naecon mia global, as privatizações, desregulam 'lll.tÇ<l(,,1 '1111"
glohal, inundada de novos interesses, valores e símbolos. O Estado (República) S spaciais, benefícios fiscais e política de investiment s na dívidil 11,'1111" I
1111América Latina caminha em direção a negociações econômicas globais; os l êm uma conformação institucional. Dessa forma, a institucí naliznçuo dll I
int 'r sses sociais no plano interno ficam subjacentes. O Estado, na verdade, lado-nação por práticas políticas cede a formas de modelagem in LiLlIciol1011 ti I
III Ia mais como preposto de interesses transterritoriais, claramente sobrepos- transnacionalidade dos eventos econômicos.
lps a s objetivos nacionais. Há, evidentemente, na nova realidade, perda da A realidade global mostra um cenário no qual a transterrit rial i l.u l dI I'
i111ratividade entre Estado e nação. eventos econômicos perpassa as nacionalidades. O fenômeno econ 111 i (I, d"
A sociedade cibernética (ciberespaço-tempo) é um horizonte de novas lu- ponto de vista puramente analítico, é transnacional, portanto, envolv mio v 111
z eventos que começa a modelar o sujeito individual, o sujeito coletivo e a as nacionalidades, isoladamente ou' associadas. Isso conduz à idéia d r 1 ,rin«, " I
" ciedade como totalidade nacional. A mudança de comportamento é uma inflexão de territórios nas dimensões geográfica, jurídica, política e militar. N i;M 11111
ti sujeito atuante que se encaixa em nova estrutura cognitiva comandada pela texto se formam os blocos econômicos com a intenção de assegurar a S p'I.,t .
iccnologia microeletrônica. A configuração tempo-espaço como realidade virtual membros melhores condições de participação no comércio internacional, t)
inc rporada ao modo de vida pressupõe uma adeguação da agenda organizacional. governos nacionais, dentro da lógica dos investimentos externos, f rc lIl,1I1\
S gue-se um ciclo de mudanças, inovações e formas comportamentais simétri- oferecer facilidades à instalação de lugares globais e benefícios fiscai às Ime I I
as ao domínio tecnológico contínuo do cotidiano. Os ciclos de mudanças se tivas de produção. Assim, a natureza dos fluxos específicos de cada unidruk ti,
in erem na dinâmica da sociedade que, ao perpassar dos anos, produziu formas produção, independentemente da base física, deixa de ser nacional, assumhulo
im bólicas de domínio social. um caráter transterritoriaI no sistema de complementação de comp n 11111'.
A sociedade dos novos paradigmas, na introdução à época cibernética, acen- montagens, insumos, matéria-prima e tecnologia. Os espaços econôrn ico: dl I1
Lua uma dissonância sistêmica. O crescimento econômico não é propriamente nidos por acordos multilaterais, blocos econômicos, criam novas linhas dI (1"
um projeto de desenvolvimento baseado em estratégia social. Os indicadores do xos e com elas a imagem de interação em redes.
cr scimento quase sempre se contrapõem aos índices de desenvolvimento hu- A ordem econômica transterritorial se realiza em configurações t rriu» i,li,
mano. Isso significa que crescimento como meta do sistema capitalista pode logísticas, produzindo cenários geoestratégicos nos quais se articulam a irnpr u
r Icançar alta significância de desempenho e resultados positivos, porém, pouco tância do lugar, o regionalismo, o local da ação e as manifestações de p ) I 'I, A
Ll nada tem a ver com o desenvolvimento tomado como o conjunto harmônico regionalização é uma forma de reordenarnento dos territórios, uma territorinl il1.,111
I atividades econômicas e os avanços sociais. Pode-se considerar essa uma transnacional, origem e destino dos fluxos cruzados da produç ti,
I bases das desigualdades sociais que conduz a um conformismo responsável comercialização. A globalização e o território, nacional ou transnaci nul, ' 111
r Ia perenidade do paradoxo do crescimento. uma associação da nova ordem produtiva internacional, pois caracterizam 111 I1
Na atual ordem global, Estado-nação não pode ser conceituado como o foi dos pontos vitais da economia atual: a multipolaridade produtiva, OLl s j I, Ii
lurante o período da modernidade industrial. A ordem internacional mudou e múltiplos territórios de produção, e o tráfego policêntrico que repr ,'l111 \
c m ela os poderes escaparam rapidamente das dimensões nacionais para uma movimentação fragmentada de componentes entre os pólos de produção I 1111 1\ I
c nfiguração transterritorial. Os poderes globais transcendem amplamente a tagens. Para Boisier (2005:49) "globalização e território configuram um 1'11
I 'r ri torialidade e a soberania nacionais. São poderes dominantes ou comparti- sobre cuja interação e existência concreta há posições divergentes, rI li, JlII I
Ihados, mas sempre poderes que provocam rupturas de identidades. alguns a globalização desvaloriza o território e para outros, ao contrário, pllll I1I
11111 III'V 1I11I/ll lU I ',lil ri tI".'Tltl d I 'nu " c I1ll11u, 1I 111111111'1im i n \8 I
I ItI, h: I ItI ) 11 I t , on truld n vi - stratégic gl b ti.
I r '\ urnn I gic i rêmica deterrninante da relativa agr g ção de valor ao
11'11iióri . Na gl balização nada é permanente e tudo se estabelece e se sustenta
(111 ur t praz . Na visão dos interesses produtivos globais, "a empresa deixa de
I I onsid rada como a expressão concreta do capitalismo; ela aparece cada vez
Logística do espaço
11111 111I 11" ( do 11I 11l!l) polru iz I 'u' us e ativ Ia ~;lI"II{~ri I~I ck li Ilux "
11" Ido .t \lI JlUI'IÇU, 111L1ltiI1ICi(nal implantam unidades m ntud r d c n-
t IgllI IÇ11)(I 111,I' i n 11P' ra ar nder as demandas dos mercados intra e inter-
2
11~.1I1Jl tis 'i nt r ntin ntais, redimensionando a geoestratégia aos espaços
111:1(I os dos lugar s globais.
N t logística do tempo-espaço global distinguem-se o lugar-sede e os cen-
1111,ti c mand , por meio de ações e poder do espectro transterritorial. A
LJII 1.1da b rreiras espaciais foi condição essencial para que se instalassem os
1\11\\I s gl bais e deles irradiassem formas de poder e gestão dos territórios. A Dialética dos espaços econômicos
I1pUId 2 mostra as conexões estabelecidas na configuração tempo-espaço eco-
1\(1I11i global. fragmentados
Figura 2
A ordem transterritorial
Tempo-espaço econômico global E sse novo patamar da geoestratégia dos espaços econômicos, com su-
porte nos atributos logísticos, responde pela definição ou reordena-
mento do território, caracterizando os lugares globais, fragmentando-os dos
lugares locais: é a dialética dos espaços fragmentados. Pode-se considerar uma
mudança substancial na caracterização dos espaços econômicos, a partir da
importância do lugar no processo de inserção na economia global. Lugares 10- •
cais estão se transformando em lugares globais. Essa mudança não se mostra
apenas física, mas, sobretudo, de métodos de produção e de gestão diferenciada.
Transterritorialidade
Centros de comando A queda das barreiras espaciais que favoreceu o avanço da globalização não
produz, necessariamente, a homogeneização do espaço. Ao contrário, há a pos-
sibilidade de fragmentação do espaço, ou seja, espaços diferenciados de produ-
ção e gestão em territorialidades nacionais ou macrorregiões supranacionais.
Queda das barreiras espaciais
Operacionalização dos lugares globais Estabelecer a diferenciação dos espaços a partir do deslocamento do centro
Livre movimentação de capitais de decisões para o exterior encontra o argumento de Santos (1996:217-220) de
Fluxos cruzados de produção que afirma-se ainda mais, a dialética do território, mediante um controle local
ti
braçã o da inteligência, da extraordinária capacidade da mente humana de ampli- ,Idn I íun 11111 -ntul nus tratégia glob is. A figura 3 mostra o entido da
ar sempre a fronteira do conhecimento. Na segunda metade do século XX, li- di.tI' I i .1 do lugar, a c n xão entre o r rdenarnento, produção global, movi-
berta dos condicionamentos e dogmas que a impediam de inovar, a inteligência 111l nrnça Ia rr dução eo mercado.
humana rompeu seguidamente as fronteiras do conhecimento, numa velocida-
de até então não ousada. No presente, não há barreiras para o novo, para a Figura 3
prática da ciência e para as novas tecnologias, inclusive as da vida. Desdobramento da dialética dos lugares em direção ao lugar mercado
O velho (recente) mundo das idéias e das práticas conservadoras não pode-
rá resistir à força do ideário da época atual. É um avanço rápido, introduzindo,
continuamente, a alta tecnologia e a transformação dos padrões de comporta- Dialética dos lugares Reordenamento
A
(transterritoríal) Tecnologia de ponta organização do espaço social, econômico e cultural evoluiu, desde os
Conhecimento e informação
Domínío de mercados
primórdios da civilização, em sistemas de relações pessoais, grupais e
Armamentos territoriais. Assim, as configurações espaciais foram construídas em cada pro-
cesso civilizador, projetando inter-relações sociais que deram origem a sistemas
localizados de atividades produtivas. O sistema espacial produtivo, com suporte
Artículações macrorregíonaís numa estrutura físico-ambiental criou, durante as diversas etapas do desenvol-
vimento econômico, padrões de produção e, conseqüentemente, o estabeleci- •
mento de fluxos cruzados entre nós de uma estrutura sistêmica. Os fluxos que
se produziram internamente no sistema espacial estabeleceram as redes de rela-
ções produtivas e de expansão demo gráfica, criando um campo de forças sociais
capazes de produzir alargamento na dimensão espacial.
A direção dos fluxos, inter-relacionando a produção e o consumo, determi-
nou, nas dimensões locais, regionais, nacionais e internacionais, a organização
de sistemas de ligações convenientes. Esses sistemas de ligações sociais e eco-
nômicas configuraram as imagens espaciais das redes - enlaces de linhas e nós
- e as relações de dependência que se estabeleceram entre produtores e consu-
midores, entre o econômico e o social, entre o político e o cultural. Um fato
gerado numa dimensão territorial é repassado à outra, que produz um novo fato
e retoma à dimensão anterior ou gera novas linhas de fluxos, formando uma
imagem de rede.
As redes podem ser traçadas nos espaços da objetividade e da subjetividade.
A natureza concreta das atividades humanas cria os espaços e as redes objeti-
vas. A sociedade do conhecimento e da informação, os padrões de comporta-
mento, as diversas hierarquizações de comandos e decisões, a interatividade
virtual formam os espaços e as redes subjetivas. A alta tecnologia contraiu o
tempo e o espaço; um segundo basta para reduzir as distâncias a pontos virtu-
ais, tornando-as subjetividades lógicas. Nasce o ciberespaço e com ele as am-
plas e complexas teias das estruturas organizacionais.
/I
J\<..'C norniu de, 11V lveu um diversificado sisterna dc r desqu c n titui I d"l I 1I I1 I I dI 111(11 li 111I1(lgl (1l!'1 luz 111)
1111 -nt I ~ I)
I global. O homem é um ser produtivo, o que fundamenta a prática econômic duziu 111Sli \111'11( lI. dim '\1 d mcrcado.Oespaçodeopçõesdeconsumo
a organização do território. Produzir é ter o sentido do movimento da fluidez lima lis] uta ntr I r dutos muitas vezes de mesma origem. Também são
da troca e das relações que se criam e multiplicam. Desse complexo formam-se: ( . l,th I 'cida r s de domínio na distribuição de bens de consumo. Dessa for-
I
mo suporte à produção e à organização do território, as redes técnicas para a mu e fortalece, pelas redes globais de produtos e serviços, uma nova modalida-
irculação e o consumo. Para Castells (1999:497) "redes constituem a nova I ,distorcida, da competição de mercado: a competitividade. Há duas percep-
rnorfolcgia social de nossas sociedades, e a difusão da lógica de redes modifica ç es bem nítidas na economia global. A competição, que é sadia, aprimora e
de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de qualifica os produtos; a outra é a competitividade, produto menos nobre da
experiência, poder e cultura". O autor complementa: "embora a forma de orga- globalização. A cornpetitividade é destrutiva, é a guerra pelos melhores lugares,
nização social em redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo pelas melhores vantagens e por conquistas sem competidores. A competitividade
paradigma da tecnologia da informação fornece a base material para sua expan- é uma corruptela da competição; ela representa o poder de corromper, de do-
ão penetrante em toda estrutura social". minar e de impor um estado de consumo antes do estado de produção. A
O fundamento da rede é a interconexão nas relações de produção e consu- competitividade produz o enfraquecimento dos valores morais e estimula a
mo. O movimento, que se forma entre pontos nodais do sistema de produção violência. Há uma subjetividade lógica na competitividade, uma real diminui-
global, representa fluxos de trocas em dimensões produtivas e de consumo ção dos custos de produção e uma falsa vantagem na concorrência aos consu-
diferenciadas. Assim, no tempo-espaço produtivo se desenvolvem forças cuja midores.
dinâmica se dirige para os centros nodais do sistema. Formaram-se sistemas No âmbito da economia global há grandes formatos de redes: as redes espa-
interconectados de mútuo atendimento. Nos sistemas de colonização se forma- ciais de produção; as redes de montagens globais; as redes de distribuição glo-
ram, de um lado, os núcleos urbanos concentrados e de outro a dispersão rural, bais; as redes financeiras globais; as redes de telecomunicações e a internet; e
ligada por fluxos de fornecimento de insumos e produtos. Os fluxos que se as redes globais do crime organizado.
estabelecem no interior de cada sistema produtivo criam uma configuração de As redes espaciais de produção fundamentam a noção de lugar global, como
enlaces, responsáveis pelas relações de troca que direciona, pelo fortalecimento um espaço-mundo, sem barreiras nacionais, contemplado com generosos bene-
das forças produtivas e sociais, a evolução do arranjo espacial em formação, em fícios fiscais, financiamentos privilegiados, concessão de áreas infra-estruturadas
expansão ou em redefinição. e amplo suporte logístico. Essas redes de produção possuem várias tipologias.
A economia global desenvolveu um novo sistema de rede que, na verdade, Pode ser um espaço portuário-retroportuário, como é o caso do sítio onde se
significaa reorganização da sociedade com fundamento na economia informacional, localiza o Superporto do Rio Grande (RS) e a área contígua de unidades indus-
o que exige rígidas vinculações entre os atores econômicos e institucionais. Há triais, caracterizando um lugar global conjunto, ou pode se tratar de um forma-
certos paradoxos que se levantam diante da nova ordem econômica. Se há uma to mais complexo como uma região urbana formada por várias cidades princi-
dialética da abertura, da flexibilidade, da competição, há, também, pouco espaço pais, intermediárias e centros urbanos menores; nesse caso forma-se uma região
para determinadas liberdades fora das redes estabelecidas. Por elas é que fluem global com um sistema próprio de redes internas conectadas às redes globais.
material ou imaterialmente, utilizando códigos de comunicação compartilha- Como exemplos se pode citar a Região Metropolitana de Porto Alegre, o ABC
dos, os fluxos da vida econômica e, seqüencialrnente, as relações de poder e o paulista e a Região Urbana de Pearl River, que tem como região central a confor-
processo inovador das técnicas. mação territorial centralizada em Guangzhou (China).
Essa profunda transformação no atual modo de produção global muda, igual- Muitas redes espaciais se formaram em contextos de regiões nacionais de
mente, a noção de mercado. Na prática, e conceitualrnente, o mercado deixa de bons níveis de exportação. Na nova ordem econômica internacional, as redes se
er o lugar de atração, regulação e dispersão de produtos e consumo, para tor- ampliaram e passaram a formar vários pontos conectores da multipolaridade
nar-se uma imagem abstrata do sistema de redes. O que se produz é para um global, integrando-os parcial ou totalmente. Alguns espaços produtivos emer-
consumo real e também para um consumo potencial a ser criado e estimulado giram em áreas previamente selecionadas para a implantação de unidades estra-
I elo sistema produtivo por meio de intensa divulgação na sociedade consumi- tégicas de produção, originando lugares globais. Os lugares globais se tornam,
111111111111111111, pll/llD, IID, li 1'1' I S 1)1 lis I' plllt!III, li. I "1"'," 111111 1>111111, 11IlI. IIv 'rsi I u, lpr rUI da t rna rn i
I' 1I/lIIIlÍ Ii I f{11111 IlI1I 11111111
\llllllltldllllO 01(1 111'11' S rua "C mpl xa u ut uru cl 111I1·1111I11~1I1II olllpl' .1.1 su uí ur.r c-m r rd 10'. ~pl I S c nôrnic sepoJíticos.
IIIIIII'Iço s prúti I' p ci i e temporais" (Har vey, 199 :201). d(IIIH I r- A, m nt ,LI r IS ik I lIi. r I r nt m um formato produtivo ao qual se asso-
I 1"1 11'11 i IS spaci i qu geram fluxos, transferências e interações no processo itu chamad s si L mistas, conjunto de fornecedores periféricos, conectados
d I I< Id li\, 10 r produção social. A economia passa a ser, portanto, o espaço para m red . As grandes corporações automotivas oferecem um exemplo significati-
111111\'1/\1 maça de fluxos da produção, da circulação e do consumo globais. vo. Espalhadas pelo mundo, as montadoras de automóveis e caminhões se tor-
() I'. I uç d fluxos forma uma imagem de redes, nas quais se desdobram nam o centro de convergência de uma ampla e diversificada rede de componen-
1/111'11.1/11nt relações, comportamentos, hierarquias e poder. Esses espaços tes nacionais e globais. Na verdade, o funcionamento de uma montadora origina
1II,mdn I tinidos por acordos multilaterais, formando blocos econômicos, cri- dois sistemas nodais: um de convergência e outro de irradiação. Fluxos de com-
11I1IHIV'18linhas de fluxos e com elas a imagem de interconexão, de integração. ponentes, financeiros, de poder e de consumo consubstanciam as duas redes.
( ) M 'r ad omum do Cone Sul (Mercosul), o Acordo de Livre Comércio da A mobilidade espacial é uma característica da economia global. A liberdade
1\ II I 'I i a do Norte (Nafta) , aAssociação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) , de trasladar-se para outros espaços faz parte do conjunto de estratégias das
I ( '1)( I r ção Econômica para Ásia e Pacífico (Apec) e a União Européia repre- grandes empresas. Porter (1993:69) vincula a estratégia global com o lugar
-nuun c mplexos mecanismos de transferências e interações, multiplicando e mais vantajoso: "um dos grandes benefícios desfrutados por uma empresa glo-
1/11 rrando as redes regionais às redes globais. As redes econômicas que se bal é a capacidade de espalhar diferentes atividades entre países, de modo a
I', l.th I ceram com a globalização, impuseram inovações institucionais em ce- refletir diferentes localizações preferidas" . Afinal, a compressão do tempo e do
11011 jllS ti relações políticas e culturais. A concepção política emergente da rea- . espaço eliminou alguns inconvenientes das distâncias. As tecnologias que dão
1IIIId 'instalada unifica uma base econômica em grande escala, que, associada à suporte à velocidade dos negócios se tornaram uma nova categoria de produto.
h I I política, cria uma identidade político-econômica, unindo, num sistema de Os fluxos de informação que asseguram a fluidez, a eficiência e a racionalidade •
11111 s, múltiplos interesses. A União Européia com sua imensa diversidade dos negócios circulam pela imaterialidade do espaço cibernético, a gerar redes
I I mornica, étnica e cultural é bem representativa. de sustentação à produção, à montagem, à circulação e ao consumo de merca-
A tendência que se projeta é para aprofundar as negociações entre os paí- dorias. As redes de montagem criaram sistemas locais de fornecimento de com-
I, tjll já integram blocos regionais, institucionalizando os acordos econômi- ponentes e de prestação de serviço, representados por um conjunto de peque-
1111 m bases políticas mais amplas. Os novos sistemas produtivos, políticos e nas e médias empresas que se tornam satélites das grandes empresas.
1I I U!1 umo não são, todavia, compartimentados. Abertos, permitem exparl- Uma unidade de montagem de produtos industrializados, ao gerar siste-
IH S associações intra-regionais, como as linhas de interesses entre o Mercosul mas e subsistemas de contratação, representa um efeito multiplicador nas ca-
I II BI co Andino, e em escala mais ampla, futuramente, com a Área de Livre deias produtivas. A tipologia fabril de um passado não muito distante já não
I I m rcio das Américas (A lc a) . As grandes desigualdades econômicas, existe mais; na verdade não existem mais projetos de fábricas, mas projetos de
II 11 I gicas, sociais e culturais dificultam a unificação de interesses nacionais negócios, unidades estratégicas, em torno de um objeto prioritário de monta-
1111' países das Américas. A união econômica das Américas é uma possibi- gem. A General Motors criou um espaço integrado de montagem em Gravataí
1111"I ainda distante, dada a disparidade de poder entre os EUA e os demais (RS). O sistema operacional é inovador, pois, em área de 386 hectares foi insta-
p li, ,principalmente, os do bloco latino-americano. No continente africano lado um complexo automotivo (140 mil m? de área construída), unindo em re-
) I xi te um tratado preliminar que cria a União Africana, assinado em Lomé des de espaço e tempo, fornecedores e comprador, num verdadeiro condomínio
( li ) em 12 de julho de 2000. O novo organismo está voltado a um conjunto industrial. Formou-se, assim, uma rede sistemista, cuja proximidade, a partir
I1I I ire rias regionais em áreas estratégicas de desenvolvimento, à instalação de de um modelo matemático, garante rapidez, eficiência e baixos custos
11m I rlamento e um tribunal continental, a um fundo monetário africano , à operacionais. Essa integração espacial, comprador/fornecedor segue o sistema
I limln çâo de fronteiras e à criação de uma moeda única. Essa nova estrutura just-in-time (entrega no horário solicitado), o que permite que os estoques aten-
III1i((i de caráter continental substitui a Organização da Unidade Africana (OUA) dam somente a produção diária. As informações entre comprador e fornecedores
1Ilmll m Addis Abeba (Etiópia) em 1963 e que teve um papel importante na luta circulam rapidamente por um sistema informatizado, compondo, juntamente com
ontra a discriminação racial na África do Sul. Essa tendência à formação de a operacionalização de entrega, o tempo curto, não só entre a rede de fornecedo-
I '111 1I1lldt (111
I 1 rur tituint mi tu li 1'"11 ( tI d, 'IH 1IIIIIIId II 'IIIII!{II rll 111 . .,
, !lI I t' I . pr I ri . V ícul sp ciais, elétricos ou a gás, op I' im U listribuiçâ dlvid 111 111 111 1/0 P.I 111t1( .11 01 lz IÇ S: ti r ai
r d r ais vrrtuais. A
dI' <l11l1 n nt entre os sistemistas e o núcleo de montagem da unidade l du III til lovi III h/tIli ,I.: U r xl c merciais de distribuição de produtos
111
1'111111I1111II1I 1I1I III 11'ib ilha c 111IIl111LJn1'1'0 I 'v HIIIdi I~ 111,11 di. I ) '111 111111('11111'11,11111111111'"
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'1" "idlld , 1 111ixirn d e nomia e ambientes unificad s d aç I ), 11 111' 111 til I 1$ I or ren ill.' U' l '1111 ,p rticularrnente, nas últimas três déca-
AH I' I s d L I c municações e a internet estabeleceram os princípios da d 1$do sécul XX. Em outr paí s formaram-se as tecnópoles (China, Japão,
Ilt Il'd.t 1 ci bcrnética, conectada por meio da tecnologia, por onde fluem negó- AI .m. nha, Inglaterra, França e outras de menor investimento) responsáveis
,1111 pod r influência de poder. O final do século XX e o início do século XXI
I
pela ampliação do conhecimento científico e tecnológico. No Brasil a Universi-
n u ».uurur» um extraordinário trânsito tecnológico, no qual os avanços na ti d de Campinas (Unicamp) tornou-se um centro especializado no desenvolvi-
11111'0 I 'tr' nica, computação, telecomunicações e opto eletrônica se sucederam mento de fibras ópticas que têm sido largamente utilizadas na transmissão de
I"pid,IIl1 rue, produzindo mudanças permanentes no âmbito das organizações, energia elétrica, numa extensão de mais de 70 mil km em território brasileiro.
ti" pr dução e dos serviços. Praticamente nada é permanente no mundo da Também na área de telefonia e informática o Brasil faz investimentos substanci-
Illr( rrn tização e das fibras ópticas. Para Castells (1999:501) "o processo atual ais, garantindo o novo modelo de infovias por meio do ciberespaço-tempo. A
(I . t run f rmação tecnológica expande-se exponencialmente em razão da capa- utilização dos cabos de fibra óptica garante maior eficiência e menor custo
I iel \ I de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma lingua- operacional. As redes de fibra óptica serão estendidas do Brasil para a Argentina
rlI111 íigital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, e Chile, chegando aos EUA via oceano Pacífico. As redes de fibra óptica facilita-
pn ada e transmitida", Tudo é digital no mundo tecnológico integrado, onde rão a formação dos chamados data centers, cuja função será de armazenar infor-
I. I' \1,ç - es por ações coordenadas formam a sofisticada base conectiva das redes mações para usuários, liberando a formação de arquivos nas empresas e insti-
til inf rmatização e telecomunicações,
tuições. As redes de telecomunicações e a internet são os signos maiores da era
Nas revoluções tecnológicas anteriores os avanços não foram tão rápidos e da informação. As tecnologias eletrônicas informacionais condicionaram ou-
lI!'111di ponibilizados para uso corrente tão imediatamente como na atual revo- tras tecnologias, organizacionais e de gerenciamento, mudando radicalmente o •
111 to informacional. Basta lembrar que o microcomputador foi criado em 1975 perfil das empresas e instituições públicas (mais lentas) e privadas. Presente-
I (0l11 çou a ser comercializado em 1977. O segundo passo importante para a mente, há os portais corporativos, representativos da revolução na gestão da
I"pi [a evolução da internet foi dado no final dos anos 1960 com a instalação, informação e do conhecimento, e o sistema de banda larga que permite ampla
jl"la Agência de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos convergência no contexto de redes, garantindo uma conectividade segura, au-
nUA. de nova rede eletrônica de informação, Nos primeiros anos da década de mento da disponibilidade, da velocidade e de maior segurança.
1970 a interconexão em rede tornaria a internet um novo e poderoso instru- As redes globais do crime organizado formam uma ampla zona cinzenta no
111mo de comunicação, responsável por mudanças substanciais nas relações de contraponto à sociedade legal. Há, verdadeiramente, uma realidade dicotórnica
ti ~ a, negócios e comportamentos em todo o mundo. Os anos 1970 represen- no processo de globalização econômica. A globalização da economia amparada
I 1111,portanto, o epicentro de ondas de inovação tecnológica em rápida seqüên- em códigos, normas e acordos juridicamente estabelecidos e a globalização à
i 1, provocando mudanças permanentes nas sociedades mais evoluídas. Esse margem da lei, o contrapoder do crime como forma de garantir a gigantesca rede
'r ie ntro da microeletrônica foi exatamente o Vale do Silício no condado de de negócios ilícitos. O vulto dos negócios ilegais é de tal ordem, tanto em
S II1LaClara, ao sul de São Francisco, na Califórnia, sob a inspiração e apoio da termos de diversificação de atividades, quanto em relação aos valores envolvi-
Univ rsidade de Stanford. Mas antes dos anos 1970 pode-se considerar como dos, que levou a ONU a realizar a Conferência sobre o Crime Organizado em
111ircos importantes na evolução tecnológica: a 11Guerra Mundial e a Era Espa- 1994. Os informes saídos dessa conferência são alarmantes, pois mostram um
i lI. A máquina de guerra norte-americana precisava superar a alemã no aperfei- cenário de degradação da sociedade organizada, com o crime se tornando uma
(Jumento e na introdução de novas tecnologias, assim como na conquista do prática corrente nas estruturas do poder político, econômico e financeiro, além
t ,I ço era preciso suplantar a ex-URSS. A partir de 1960 os EUA passaram a de criar uma contracultura de organização e estratégias das práticas ilegais.
iIIV tir pesadamente em ciência e tecnologia, o paradigma para a supremacia na As mais importantes organizações criminosas do mundo estavam delimita-
( orrida espacial, no poder militar e na dominação econômica. das em fronteiras nacionais dos países capitalistas até o desmoronamento do
A partir dos anos 1970, os espaços em ciência e tecnologia se ampliaram império soviético. As máfias norte-americana, italiana, japonesa, chinesa (Hong
1111várias universidades e centros especializados. Os vultosos investimentos Kong e Taiwan) e o cartel colombiano atuavam em contextos nacionais e regio-
1I11 ,111 I1I 11 rlm 111 " '1111 I I UI11 t 11 X I tdn 'Ul'11I 1111 !lUI I t1id I I ,. A 1"" I~III 11111111111 1 /1111111 1 '"11111111"IlII'" poli I I dI 1111pli.1I li, 111'dlltl',t!1
:ltI\! tli . IÇ\( de rim rguniz do c n ctado, d nv Iv J1 I trai gias d 111111111111 ( 1111111111,11111" 1J1I11/lllcln'. ptld 'Ipúbl] os, Fi
, ti, I sln (OI111l,
I~ te) o I r Iça m l dos os países, se incorporou, no reverso, ao proces o d 111111 1111 '11( , lill il ht.tI" I 'li tl .Iimit s -ntr atividad 'S da n mia I ,[\1 II
:1,ihullz Iça cl onomia. A partir de 1991, com o fim da bipolaridade ideológi- onomi.t de rime.
I, '11' nv itando-se do caos econômico dos países do antigo bloco soviético e da () ziro d milho s de d lar /dia em aplicações meramente especulativa
HII slu rn P rticuJar, o crime organizado se expandiu para o Leste europeu. A 11 I Ivag m d s mas vultosas de dinheiro sujo em negócios amparados legal-
I1 Illsi I d comunismo para o capitalismo abriu um vasto campo de ação às 111 .ntc ' o contraponto ao crescimento da fome, da miséria e da pobreza pel
uiizaç - es criminosas, produzindo novas associações mafiosas, conectadas mundo; é o capitalismo cinzento, fora e dentro da lei ao mesmo tempo, sem
\' I I lícitas internacionais. O crime organizado global tornou-se um gigan- mpromisso com a sociedade organizada. As sociedades nacionais ficaram, após
I t, o f nômeno de caráter delituoso, operacionalizado segundo estratégias em vendaval da globalização, vulneráveis à ação do crime organizado. A democra-
" I , cujas dimensões em valores e atividades comprometem a segurança de cia por seu turno também se enfraquece, tornando-se um instrumento adequa-
I d. '$ da sociedade como um todo. A conferência da ONU sobre o crime do à expansão do crime organizado. O contrapoder do crime organizado se infiltra
\lI inizado global revelou a diversidade de ações das máfias organizadas: tráfico e corrompe os poderes instituídos; é como uma entropia sistêmica, provocando
ti UI gas, de armas, de órgãos humanos, de mulheres e crianças, movimenta- a erosão na dimensão ética da política e o implacável desgaste moral das insti-
10 d imigrantes ilegais, contrabando de material radioativo, prostituição, jo- tuições públicas, particularmente.
H' s I azar, seqüestros, terrorismo, agiotagem, extorsões, falsificações, assas- As chamadas economias emergentes dependem fundamentalmente do aparte
inatos, comércio de objetos roubados, venda de informações confidenciais, de recursos externos, sob a forma de investimentos nas bolsas de valores, in-
( H III mas de corrupção, manipulações financeiras e lavagem de dinheiro, entre vestimentos na dívida e na transferência de ativos dentro do processo de
nutra ações. Segundo estimativas da ONU o crime organizado global lucra privatização das empresas públicas. A política de abertura foi estimulada por
1,1 I a de US$ 750 bilhões anuais, cifra maior que o PIE de muitos países perifé- organismos e investidores externos, aumentando o nível de endividamento das
11 s. Parte desse vultoso lucro vai para os negócios legais, ou seja, são recur- economias nacionais periféricas. As duas dimensões da economia global- eco-
() grados na economia do crime e reinvestidos na economia legal. Segundo nomia legal e economia do crime - podem se confundir, proteger e agir de
.ISl lls (1999:215), acordo com um padrão de amoralismo econômico. A estabilidade das economias
assim sustentadas é extremamente precária, podendo sofrer oscilações bruscas
todo sistema criminoso só faz sentido, do ponto de vista empresarial, se os
de acordo com os interesses dos investidores externos. Para obter maiores van-
lucros gerados puderem ser aplicados e reinvestidos na economia legal. tagens fiscais nos países enfraquecidos pela dependência de entrada de recursos
Isso vem se tornando cada vez mais complicado, dado o espantoso volume externos via bolsas de valores ou compra de ativos produtivos (empresas) ou
de capital representado por esses lucros. Por esse motivo, a lavagem de financeiros (bancos), o crime organizado global estabelece estratégias de chan-
dinheiro é a grande matriz do crime global e seu elo mais direto com o tagem, provocando, inclusive, crises no sistema financeiro, o que leva, invaria-
capitalismo global.
velmente, os países atingidos a cederem em benefícios fiscais. O crime organi-
Talvez isso explique de alguma forma a dificuldade de combate ao crime zado transnacional é uma dura realidade global. Está presente em todos os
irganizado, pois, não raro, muitos países dependem dos investimentos oriun- segmentos da vida social, com um poder de organização difícil de combater
I da lavagem do dinheiro sujo em bolsas, processos de privatização e outras porque os interesses em jogo permeiam vínculos cada vez mais estreitos com a
m dalidades de sustentação financeira dentro dos padrões capitalistas globais. sociedade formal. No Brasil têm sido denunciadas as máfias que operam a lava-
O crime organizado, unindo em rede os interesses das diversas máfias na- gem de dinheiro e remessas ilegais em dólares para o exterior, o tráfico de dro-
nais e regionais, tornou-se uma dinâmica e complexa estrutura financeira gas e a corrupção política.
bal, caracterizando-se pela diversidade, amplitude, adaptação ao ambiente e A teia global configura uma interatividade sistêmica, projetando novos sig-
reestruturando de acordo coma evolução das técnicas. O poder que emana nificados. Se a modernidade é global e cibernética o é conseq üentemente interativa
du entranhas do crime organizado global está fora de controle: poder de expan- e portadora dos significados, símbolos e signos correspondentes. Gradativamente,
I sobre os espaços disponibilizados pela abertura econômica; poder de ativar passa-se de uma sociedade simbólica nacional a uma sociedade simbólica
transterritorial. Mas deve-se considerar que a sociedade nacional ainda mantém
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'1IIIdld slmbólica tra» L rrit rial urna rniragem d ~ 111101.
ê Illhj,tiva qu d, I,IIU lu 1:,'1ldu n.ul.i Io: 'I 10 E Lati parecia sepultada nos escombros da
IIH 1111I ons iêncí col tiva, sem, contudo, despertar os me m 'S ntirnentos 11(;11 Ira Mundial. Contudo, r aparece como símbolo de poder na dissociação
, .11u II Iiz I I r d s nacionalidades. Tudo gira em torno de razões transitórias, dI, 1~Slild com a naçao, avançando contra a sociedade como se ela fosse um ente
'I 1,:1,I ~ tivarn nte, alguma razão. Vive-se muito mais a razão externa do que a 111LIginal à institucionalização e ao poder do Estado. O retrocesso nas crenças e
1111 I 111'1,tulv z por essa não oferecer as perspectivas e os encantamentos, ainda
I" li j1lss'lg iros, do mundo global. A consciência coletiva individualizada move-
'I j11 10sopro dos ventos de ilogismos muitas vezes exóticos. Basta ser diferen-
1 ráticas da fé, dominadas pela interatividade da práxis de submissão das consci-
encia à falsidade dos significados, identifica-se, corporifica-se e materializa-se
ti forma ultrajante na decadência cultural e educacional.
Ir Jl,II ,I a ânsia coletiva incorporar e desincorporar, tão rapidamente quanto A principal forma de interatividade contemporânea é a que se impõe pelas
I"', sív I, a imbologia da sociedade global e transitiva. Os valores permanentes, relações econômicas transterritoriais. As linhas de dependência entre os centros
l'i int ratividades de longo prazo, a significância dos signos se alteram em e as sedes das atividades econômicas são de tal importância à implementação de
1/1to tempo, e passam da dimensão interna à externa sem compromissos. Os estratégias de negócios, que só a nova realidade do ciberespaço- tempo pode torná-
Jloli r instituídos nacionalmente sofrem a erosão legal da ação dos agentes Ias efetivamente interativas. Forma-se uma cadeia conectiva de demandas e deci-
lill 111 delam as novas realidades. Nada mais se mantém como pétreo, não- sões a ligar os atores envolvidos; todos se voltam, mutuamente, às metas e aos
It II' ativo, incluindo a ordem jurídica, que pode ser descontinuada, não por objetivos estabelecidos. É um mundo de forças cujo equilíbrio depende da obser-
1IH 1111ntos de modernização, mas por soluções de caráter jurídico-político. vância de regulação própria, intransferível, impostergável, fria e não-so!idária.
N arquitetura do universo tudo muda: o estado físico, a velocidade, as Um evento novo pode afetar o sistema, desequilibrá-Ia e provocar perdas. E preci-
i/1'ularidades, o poder de radiação; tudo se transforma, evolui, nasce e renas- so absorver tendências que ameacem o sistema, convertê-las, incorporá-Ias e diri-
, . Mas o tempo flui sempre num mesmo sentido, independentemente da dire- gi-Ias, evitando riscos às subjetividades básicas de credibilidade e segurança.
t,.In 110 spaço. O tempo não é retroativo, embora o espaço possa sê-lo no sen- A interatividade sistêmica e seus significados, explícitos ou não, represen-
lido <1 expansão e contração. O tempo pode mudar de perspectiva para o tam um poder de dominação sem limites, estendendo-se sobre Estados-nações,
11h. rvador em um ponto aleatório no universo. Ele olha para o cenário cósmico estruturas institucionais e consciências políticas. Um poder simplesmente pre-
, su t frente e se o olhar seguir em direção às projeções luminosas, como uma sente, invocado, corretamente ou não, mas funcionando como antídoto a qual-
1IIV pacial voando à velocidade da luz, irá sofrer o paradoxo do tempo. Sai em quer tentativa de contraposição. A emasculação de significados contrastante é
liI ça ao passado e mesmo que altere a direção, o sentido do tempo será sem- logo tentada por artifícios dialéticos ou imposições legais. O Estado, auto-sufi-
pl mesmo até o momento em que se aproximará do presente e do futuro. À ciente em suas prerrogativas e mesmo nas que não lhe são outorgadas, gerencia
111dida que se aproxima dos objetos cósmicos notará mudanças estruturais, e oferece garantias à interatividade dos interesses globais. Isso significa, por
pui stará cada vez mais próximo do tempo da luz; o passado torna-se presente outro ângulo, a quebra da interatividade entre o Estado e a nação. O Estado se
I LIturo na concomitância do real e do virtual. O tempo não mudou de sentido, fortalece em suas novas funções e a nação se enfraquece em seus liames inter-
Ip 'nas de perspectiva para o observador cujo olhar saiu de uma realidade cós- nos, perde impulso e se desassocia nas desigualdades e no individualismo.
IIli 1 observável que não mais existia em seu ponto de origem - passado _ A sociedade global é interativa, A atualidade cibernética garante a
1111r 1 utra - presente - e de transformações permanentes - futuro. interatividade do sistema de produção, geração de riqueza e cultura. A produção
A mudança na sociedade precisa ter esse sentido do tempo. Para a frente, é de alta eficiência pelo uso de tecnologias de ponta, pelo avanço do conheci-
ti11<1do passado para o futuro, construindo o presente moderno com as tran- mento e pela instantaneidade das informações; a riqueza é gerada e concentrada
I o de novas modernidades ditadas por novas formas de convívio social. Tudo com a redução do emprego e da renda. Ao contrário da riqueza que interage
qu r troage é uma perda, uma lesão individual e coletiva. Assim, nas guerras, pelos avanços da tecnologia e do saber, a pobreza interage apenas em fragmen-
11/11ircaico simbólico de retrocesso na atual fase de desenvolvimento da socie- tações, nas favelas, nos cortiços, nos espaços imundos e doentios da civiliza-
,L ItI total. A guerra é uma lesão irreparável de caráter individual para os que ção. Há interatividade e significados negativos nas redes do crime organizado,
1111.1 d ixam a vida e um mergulho coletivo na insegurança e incerteza. A nas farsas políticas, nos preconceitos e na própria democracia. A democracia
,,,d m jurídica simboliza na sociedade, quando resguardada, a segurança, a liberal não é um passaporte a um mundo melhor. Ela representa, no âmbito dos
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II ilitflc/,',di loIlIle ,"1."(1"1 tllll/lllll11I,'ucotic.li J1. uas ligaç mai pr-
II 1/1'I 'li illll i lis s [uais, m m i r questionamentos, I HII Ii tlld, " . sub-
;111.1' nfiuqu l'lll;llilV ul.ulc, suj it pós-rn d rnoéumentedeslocadode
I' I P I I
1111'1 Ir ç .
li 'lIllld lisa, ubsor vid I I '1111'lnnt m nte por padrões comportamentais mutantes,
I .uih ,na teia das interatividades
( ) I 1'ó1 e dos significados, é que o sujeito
SI' ruindo mpre a n v regras, as novas tecnologias, as novas exigências do
111iI ( 'I 111individual nem coletivo. É um ser perdido em suas ligações mais III I -nam nto econômico. As proximidades maiores estão no mundo virtual, no
di IIV.! te r, tivas, esforçando-se ao limite para manter um espaço de sobrevi- ilere paço-tem po onde as relações e os sentimentos estão mais presentes. Não
VI111;'1. suj iro vive a solidão social no emaranhado de teias que o prendem ao nu r alidade física, praticamente dispensável ou eventual, mas na comunicação,
I II 111,1, '1 S condicionamentos reais e à subjetividade dos símbolos e dos signi- n contato virtual e na linguagem dos códigos cibernéticos.
I I «Ios. A s ciedade simbólica, o poder simbólico, o sujeito simbólico; um mundo O sujeito é e não é interativo. Por contingência existencial vê-se obrigado a
II ..iJll i'> logias degradadas, desconectadas, regido pela transitoriedade das for- participar da sociedade interativa, de onde retira os princípios vitais à sua sobrevi-
111I" I expressões, da arte e da cultura. Mas, sobretudo, é proeminente o vência. Mas não é interativo na sua individualidade, nas respostas que dá a si
1p,l1if/c.d simbólico da nova ordem, da realidade que se impõe, sem raízes, próprio, a seu mundo particular. Como autodefesa às agressões que sofre do Estado
( 111P rmanência, sendo uma atualidade de tempo transitivo. e da sociedade, resguarda-se, protege-se à sua maneira e resiste ao limite à absorção
A tr nsterritorialidade simbólica não tem lugar definido; move-se no mun- ideológica, à padronização, ao alinhamento lógico. Forma-se na consciência do
dll ({sic e no virtual, onde o sujeito já não é o principal agente da mudança. sujeito global a dualidade do comportamento. Precisa adequar-se e o faz por neces-
( U Jl1 tr nsforma é um ente abstrato, a tecnologia, presencial nas duas reali- sidade de sobrevivência; é o seu mundo exterior, com seus estereótipos, nada em
d It! s, a física, num realismo concreto de inusitada miniaturização, e a virtual conformidade com o outro mundo que o anima, povoado de idéias e desejos que
di I 'i I erespaço-tempo. Atrás, em posição subjacente está o sujeito, ainda que ficam retidos nos recantos de sua interioridade. Ele, o sujeito global, vivencia a
dl'l ent r do conhecimento, preso, irremediavelmente, à condição de elemento interatividade e os significados da nova realidade, mas vinga-se povoando sua men- •
III sist ma, peça do conjunto da engrenagem econômica e dos arranjos soei- te com a majestade da sociedade simbólica que ele considera justa e solidária.
d,. P uco, muito pouco o individualiza, e muito menos o coletiviza. É o A figura 5 ilustra a interatividade sistêmica e os significados na ordem
i: I ma, invisível, mas presente, sentido, mas não tangível. O sistema induz, econômica e a questão do sujeito multicultural, deslocado de alguma identida-
11m inda, irradia poder, mas não é observável, apenas sentido. O sujeito preci- de própria, mas conservando símbolos nacionais.
I,IU quar-se, ser parte da sociedade simbólica, ainda que essa o despreze e
111) raro o exclua. Se a sociedade é ordenada para todos e a democracia é para Figura 5
I vi r a todos, em li berdade e segurança há, efetivamente, algo de errado na A interatividade sistêmica e os ambientes geoestratégicos
pl tic conceitual. As profundas desigualdades, a violência, a abjeta condição
I 'vida de um terço da humanidade não condizem com o concei to de sociedade
Ciberespaço-tempo
[u tu democracia participativa. Mas combina com a sociedade global, com
• 111riqueza, poder e exclusão; a democracia é a liberal-econômica, com a tira-
1111 I mercado e das supremacias dominantes.
Interatividade sistêmica
A estruturas comunitárias e as iniciativas solidárias pouco representam
um práticas de vida de longa duração. As relações comunitárias e com elas a
eliid iriedade perdem a espontaneidade, o rito do permanente, o prazer da ação
Teias em ambientes geoestratégicos
I (lI 'I iv . O que predomina nas comunidades habitacionais, profissionais e ou-
II 1 sentido do sujeito só, como um solista no coletivo or uestral. Ele depen-
I ti 1 C munidade, mas nela é um componente, uma parte de sintonia cujos laços
Interesses econômicos
111P ssageiros, frágeis e por vezes egoísticos. Nada o une a nada, ele transita
Manifestações de poder
I' 10 símbolos que pouco significado a ele oferecem e que não são dele, da naciona- Influência de poder
l,tI 11 ' da qual ele é produto. Os novos costumes, os signos vivenciados, as Gestão do território
Multiculturalismo
Parte 11
A discussão sobre o poder - especialmente a relação
entre os poderes nacional e transtenitorial - conduz a
uma refexão importante sobre as mudanças e rupturas
nas relações entre as organizações e a sociedade.
ISBN 978-85-225-0624-8
9788522506248