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OS JOVENS E A SEXUALIDADE

NUNO SILVA MIGUEL

EDIÇAO CONJUNTA:

INSTITUTO DA JUVENTUDE

COMISSÃO DA CONDIÇÃO FEMININA PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

COMISSAO NACIONAL DE LUTA

CONTRA A SIDA MINISTÉRIO DA SAI)DE

PROJECTO VIDA

Fotos de: Manuel Vilas-Boas

Carios Capucho Ana Leão Arranjo gráfico da capa: José Barata Julho de 1990 Distribuição gratuita
200.000 exemplares ISBN 972-597-083-7 (5@ edição revista) Depósito Legal: 25880/89
NUNO SILVA MIGUEL

OS JOVENS E A SEXUALIDADE
5.'Edição 1990
NOTA PRÉVIA

É corri agrado que se apresenta @i 5., edição revista e aumentada de um livro que provou,
dada a grande procura que tem tido, ser de grande utilidade.
0 seu autor é médico psiquiatra e tem larga experiência de contacto com jo-

fa vens. De assinalar ainda o capítulo sobre a SIDA, da autoria da Pro . Laura Ayres.

As duas primeiras edições foram da responsabilidade da Comissão da Condição Feminina


(Presidência do Conselho de Ministros) e foram financiadas pelo Fundo das Nações Unidas
para as Actividades da População, no âmbito de um projecto de educação e informação sobre
planeamento familiar, coordenado por Ana Vicente e Maria Reynolds de Sousa. Trata-se agora
de uma edição conjunta de vários organismos.

Existe uma cada vez maior consciência, por parte de adultos e de jovens, de que os
conhecimentos sobre sexualidade, longe de encorajarem a promiscuidade, antes podem
servir para desenvolver as nossas capacidades de comunicação, de entendimento mútuo, de
ternura, de sensibilidade e de responsabilidade em relação aos outros. Não esquecemos,
também, que a sexualidade influi nos nossos pensamentos, emoções, acções e interacções e,
portanto, na nossa saúde mental e física.

A educação para a sexualidade é, pois, questão muito mais ampla do que transmitir
informação sobre os órgãos genitais femininos e masculinos, a contracepção, as doenças
transmitidas sexualmente ou a SIDA, e os estudos que se multiplicam em vários países e
também em Portugal mostram que quanto mais informados maior é a responsabilidade dos
jovens de ambos os sexos face à sexualidade. A educação para a sexualidade contribuirá
igualmente para que seja eliminada toda e qualquer atitude que pretenda considerar as
mulheres numa situação de subalternidade em relação aos homens.

Não cabe dúvida que uni dos grandes obstáculos a vencer advém da falta de comunicação
entre adultos e jovens e mais urna vez são os estudos que revelam que os filhos gostariam de
conversar com os seus pais sobre estes temas, e que os rapazes encontram ainda maiores
dificuldades do que as raparigas para encetar este diálogo. Temos, assim, que garantir que as
fontes de informação sobre a sexualidade, disponíveis aos jovens, não se limitem aos amigos,
aos meios de comunicação social e à indústria de pornografia, pois a esta convém que as
mulheres não passem de objectos, sem dignidade, alma ou razão.

Em conclusão, referimos um estudo promovido pela Divisão de Sexualidade e Planeamento


Familiar da Organização Mundial de Saúde (Europa), onde
se afirma que dado ser do interesse de todas as sociedades que os seus cidadãos
tenham uma vida digna e equilibrada, e que mantenham uma atitude responsável
face à sexualidade, também é do interesse dessas mesmas sociedades proporcionar
aos seus jovens uma educação para a sexualidade.

Julho de 1990
INTRODUÇÃO

A informação sexual dos adolescentes é habitualmente reduzida e por vezes


incorrecta. Muitas das informaçõ es de que os adolescentes dispõem foram con-’
seguidas na infância a partir doutras crianças, ou na adolescência a partir de dados
recolhidos esporadicamente nas conversas com os colegas a quem, normalmente,
não fazem perguntas por medo de mostrar a sua ignorância.

É raro conversarem com os pais sobre questões sexuais. Eles próprios não tomam
essa iniciativa, por vergonha, e os pais também não o fazem por medo de não ter
preparação suficiente para o fazer e também por falta de à-vontade, já que a sua
própria educação sexual não os ajudou a encarar com naturalidade a sexualidade.

Assim, a informação de que dispõem tem muitasfalhas que aumentam as


dificuldades dos adolescentes em relação à sua sexualidade.

A educação sexual e afectiva das raparigas tem sido profundamente diferente da


dos rapazes. Estefacto conduz a atitudes e comportamentos também diferentes mas
que, tanto num caso como noutro, prejudicam a boa integração da sexualidade e da
afectividade.

Este livro é uma tentativa de contribuição para melhorar essa situação. Na sua
elaboração procurou-se quejosse:
- um texto simples, organizado dumaforma esquemática, capaz defacilitar a leitura,
mesmo àqueles que não gostam de ler;

- um conjunto de esclarecimentos, e não de conselhos, contendo as informações


sexuaisfundamentais, procurando de umaforma especial corrigir preconceitos
habituais;

- uma apresentação da sexualidade, integrando-a nas transformações e problemas


da adolescência, relacionando-a com a afectividade e referindo as formas negativas
de utilização da sexualidade;

- uma informação sobre a reprodução, a contracepção e as perturbações ou doenças


do aparelho sexual e reprodutor;

- uma descrição das atitudes habituais em relação à sexualidade das raparigas e


dos rapazes, procurando ajudar uns e outros a ultrapassar os seus medos e
dificuldades, único caminho que pode tornar possível uma melhor integração da
sexualidade na relação afectiva.

Estu quinta edição contém ainda informação sobre a toxicodependência e, da aluoi


w da Professora Laura Ayres, um capítulo sobre a SIDA.

NUNO SILVA MIG UEL


?P @

A ADOLESCÊNCIA

0 que é?
- É o período da vida em que já não se é criança mas ainda não se é adulto.

- É um período de transformações profundas, no corpo, nas relações com Gs pais e com as


outras pessoas, e em muitos outros aspectos da vida.

É um período de dificuldades e conflitos relacionados com todas essas tiransformações mas


também um período rico em ideias, experiencias, sonhos, projectos.
Quando é que começa?

- Começa com a puberdade, isto é, com a entrada em funcionamento dos órgãos


sexuais, e portanto com o aparecimento da primeira menstruação nas raparigas e
com a possibilidade de ejaculação no rapaz.

Em termos de idade isto é muito variável e acontece habitualmente mais cedo nas
raparigas. Estas costumam ter a primeira menstruação a partir dos 10 anos e os
rapazes a possibilidade da primeira ejaculação a partir dos 12.

Dizemos possibilidade porque um rapaz pode já ser adolescente sem nunca ter
ejaculado em sonhos ou na masturbação-1 ou sem ter tido relações sexuais.
Podemos no entanto dizer que a possibilidade de ejacular costuma coincidir no
tempo com o aparecimento dos pêlos axilares (e não dos pêlos púbicos, que
geralmente aparecem antes).

Quando é que acaba?

- Quando se pode considerar que uma pessoa já é adulta tanto biológica como
psicologicamente, sendo muito variável de pessoa para pessoa a idade em que isto
acontece.

Biologicamente há muitas variações individuais. Psicologicamente há também


muitas variações que dependem de factores pessoais, familiares, educativos,
sociais, etc.

Quais são as principais transformações da adolescência?

- no corpo
- nas relações com os pais
- nas relações com os outros da’ mesma idade
- nas relações com os adultos - na família, na escola, nos grupos

desportivos e recreativos, no trabalho, etc.


- na fon-ria de encarar o futuro.
As transformações do corpo na adolescência são:

- o crescimento acelerado mas muitas vezes desigual e desproporcionado

do corpo
- a entrada em funcionamento dos órgãos sexuais, com o aparecimento da

primeira menstruação nas raparigas e da possibilidade de ejaculação nos rapazes


- uma série de modificações muito variadas provocadas pelas hormonas

sexuais, que começam também a ser produzidas na puberdade e que através do


sangue chegam a todo o corpo

nas raparigas:

- o desenvolvimento das glândulas mamárias


- o aparecimento de pêlos púbicos e axilares

nos rapazes:

- o desenvolvimento dos orgãos sexuais


- a mudança de voz
- o aparecimento dos pêlos púbicos, axilares, barba, bigode, etc.
- nalguns casos, um ligeiro desenvolvimento das glândulas ma-

márias, ou apenas duma delas (sem importância e que desaparece algum tempo
depois).

nos dois sexos:

- é frequente o aparecimento de acne, que está relacionado com a

actividade hormonal e que habitualmente passa algum tempo depois


- a possibilidade da expressão física, através da excitação e do or-

gasmo, dos desejos sexuais, tomados mais importantes pelas hormo-

nas em circulação.

As transformações nas relações com os pais são geralmente:

- menor tempo de convivência


- maior dificuldade em contar coisas da sua vida
- maior tendência a pôr em causa e questionar ideias e posições da

família, ou mesmo o desejo de ser diferente


- maior independência nas decisões
- e por vezes também uma aparente indiferença ou mesmo hostilidade.
As transformações nas relações com os outros rapazes e raparigas são:

- desejo de ser aceite e considerado pelos outros, o que muitas vezes se

manifesta de forma especial na importância que assume o aspecto exterior:


* os cabelos
* a maneira de vestir
* a beleza
* a força
- maior importância das relações com os outros rapazes e raparigas:

* a criação de amizades e mesmo a existência frequente de «grandes

amigos»
* o gosto pelas conversas intermináveis entre amigos
- frequente inserção em grupos mais ou menos definidos, em que existem

rapazes e raparigas
- aparecimento da atracção entre rapazes e raparigas, de paixões, de

namoros, etc..

As transformações nas relações com os adultos são:

- desejo de ser reconhecido pelos adultos como pessoa com direitos e

deveres
- desejo de ser reconhecido como capaz de se bastar a si próprio sem

protecções nem controlos


- facilidade com que se criam relações de grande confiança com um ou

outro adulto, tomados confidentes.

As transformações na forma de encarar o futuro são:

- maior precupação com o futuro, aumentada também pela necessidade de

tomar decisões e fazer escolhas


- acentuação de desânimos, desistências e hesitações criadas pela frequente

oposição entre as dificuldades e esforços de realização dos seus projectos

e o desejo de gozar a vida, distrair-se, conviver


- tendência para fazer grandes projectos irrealizáveis mas tambéjin.@

capacidade para realizar os seus projectos.


Os adolescentes vivem este conjunto de transformações de forma
diversa, mas duma maneira geral há uma série de preocupações,
medos, dificuldades, mais ou menos comuns.

As transformações do corpo têm sido geralmente vividas de forma


diferente pelas raparigas e pelos rapazes.
NAS RAPARIGAS HÁ MUITAS VEZES:

- desejo de crescer e de se tomar adulta


- um misto de vergonha e orgulho em relação à forma sexuada que o seu corpo

começa a ter:
* distribuição de gordura por certas zonas
* desenvolvimento das glândulas mamárias
* aparecimento dos pêlos púbicos e axilares
* menstruação, etc..
- medo de não ser suficientemente atraente:

* demasiado gorda, magra, alta ou baixa


* do mau aspecto dado pelo acrie, etc..
- medo em relação às sensações novas de excitação e prazer que o seu

corpo lhe pode dar. /o


NOS RAPAZES HÁ MUITAS VEZES:

- desejo de crescer e de se tomar adulto


- medo de que o seu corpo não tenha forma suficientemente sexuada (masculinizada):

* na altura
* no desenvolvimento muscular
* no tamanho do pênis
* no desenvolvimento piloso (barba, pêlos do púbis, etc.)
* no desenvolvimento (que sucede às vezes) das glândulas mamárias
- medo de não ser suficientemente potente:

* não se excitar como os outros


* não ejacular como os outros
* não satisfazer uma mulher nas relações sexuais
- medo de ter ou vir a ter tendências homossexuais:

o culpabilizado por possíveis experiências infantis ou adolescentes sem

significado.
- medo de não ser atraente:

* o tamanho do nariz
* a desproporção do corpo (pés grandes, rabo espetado, etc.)
0 o acne
As transformações nas relações com os pais trazem um conjunto de conflitos:

SOBRE 0 TEMPO PASSADO FORA DE CASA:

o os pais têm dificuldade em suportar o afastamento crescente dos filhos

por razões afectivas pelo medo das más companhias pelo medo de problemas afectivos e
sexuais o os filhos querem estar com os amigos e estar com eles à vontade.

SOBRE A AUTORIDADE E LIBERDADE:

* os pais pensam que os filhos ainda precisam de protecção e controlo


* os filhos querem fazer a sua vida, à sua maneira, sem limites nem

complicações.

SOBRE 0 COMPORTAMENTO:

* os pais preocupam-se mais com os aspectos formais e têm dificuldade

em suportar a diferença na forma de vestir, nos cabelos, na música e nas convenções sociais
* os filhos gostam do informal, da aventura e experiências novas, e têm

vontade de provocar os adultos e necessidade de fazer como os amigos para se sentirem


aceites e inseridos.
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SOBRE AS IDEIAS:

* os pais procuram transmitir ideias e valores em que acreditam e têm

uma grande preocupação com a segurança


* os filhos gostam da invenção, da descoberta, da aventura, do risco e

têm também vontade de marcar as diferenças.

SOBRE 0 FUTURO:

o os pais têm uma preocupação quase exclusiva com o futuro (que

muitas vezes se decide na adolescência) e em certos casos o desejo de que os filhos realizem
o que eles próprios não conseguiram
40 os filhos dão importância ao presente e ao prazer actual, adiando a

preocupação com o futuro.

TUDO ISTO É COMPLICADO:

o pelo medo que os pais têm de que os filhos já não gostem deles o pela culpabilidade dos
filhos em relação ao distanciamento que vão

criando em relação aos pais.

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As transformações nas relações com os rapazes e raparigas são acompanhadas de medos:

-o medo de não ser aceite

* por não ter bom aspecto


* por não ser interessante -o medo de não ser capaz -o medo de ser mais fraco ou pior

Estes medos são especialmente acentuados nas relações rapaz-rapariga. Na pré-


adolescência, rapazes e raparigas tendem a viver quase que exclusivamente em grupos do
mesmo sexo, muitas vezes cultivando de forma especial os valores que tradicionalmente são
considerados como próprios de cada sexo e desprezando e atacando os outros.

Na adolescência começa a aparecer a atracção entre rapazes e raparigas, a estabelecer-se


uma convivência entre os dois sexos em que o outro sexo aparece como desejado, mas
desconhecido e diferente.

Aparecem então outros medos:

- as raparigas têm medo das intenções dos rapazes


- os rapazes têm medo que as raparigas pensem que eles são mal intencio-

nados
- os rapazes têm medo de não ser suficientemente habilidosos para arranjar

uma namorada
- as raparigas têm medo de não ser suficientemente atraentes para arranjar

um, namorado.

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As transformações nas relações com os adultos são acompanhadas de dificuldades
provenientes da inderiniçã o de direitos e deveres dos adolescentes:

- os adultos tendem a sentir que os adolescentes querem ter direitos de

adultos comportando-se como crianças


- os adolescentes sentem que os adultos os tratam como crianças querendo

que eles se comportem como adultos.

As transformações na forma de encarar o futuro trazem também dificuldades:

- a dificuldade em aceitar frustrações, trabalhos, esforços na realização

dos seus projectos


- a dificuldade de tornar decisões a longo prazo
- a dificuldade em distinguir os seus próprios projectos, dos projectos dos

pais.

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Por que é que se fala hoje tanto na adolescência?
Porque embora sempre tenham existido crianças que se tornam adultos, essa transformação
é, na nossa sociedade:

- RECONHECIDA SOCIALMENTE - a escola veio dar existência social

a um período entre a vida de criança e a vida adulta (trabalho, independência, etc.).

- DIFíCIL

* pela indefinição - não há momentos concretos e assinalados de

passagem à idade adulta (a maioridade não tem esse significado e é vivida muitas vezes
ainda numa situação de preparação para a vida adulta e de dependência familiar).
* pela duração - devido aos estudos cada vez mais longos, mantendo a

situação de dependência económica, social, etc.

- VIVIDA COLECTIVAMENTE - ao nível da escola e de todas as outras actividades próprias dos


adolescentes e com a possibilidade de expressão pela maior importância que lhe tem sido
dada.

Mas por que é que é importante saber isto tudo?

-porque o facto de conhecer as transformações da adolescência ajuda a


perceber melhor as dificuldades que se encontram e a verificar que estas são
normais e comuns à maioria dos rapazes e raparigas

-porque assim se podem aceitar como normais e positivas as sensações


novas de excitação e prazer que se experimentam

-porque assim se pode perceber melhor o carácter injustificado de certas


vergonhas femininas e medos masculinos que têm a ver com a forma como
as raparigas e os rapazes são educados

-porque pode ajudar a perceber melhor o conflito com os pais, sem


culpabilidade e sem dramatismos

- porque o facto de se saber que as dificuldades são comuns permite um


maior à vontade e uma maior capacidade de as ultrapassar

- porque permite perceber melhor e ultrapassar as contradições na forma de


encarar o futuro.
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A AFECTIVIDADE É na adolescência que a afectividade, até aí quase que


circunscrita à família, se orienta mais intensamente noutros sentidos:

- outros amigos e amigas da mesma idade


- outros adultos É também a partir da adolescência que um rapaz ou uma rapariga
podem sentir o desejo intenso de estabelecer com outra pessoa uma relação
afectiva especial. É o que se chama «estar apaixonado».

Quando este desejo é correspondido pela outra pessoa leva à formação de um par,
situação que se chama tradicionalmente namoro, embora esta palavra tenha caído
em desuso e hoje os adolescentes prefiram dizer « ando com ... » a «namoro

COM ... »

0 namoro dos adolescentes é muitas vezes vivido com grande intensidade e

crença na sua duração, embora sejam extremamente raros os que acabam no

estabelecimento de uma futura relação de casamento. Mas o namoro, mesmo


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não conduzindo ao casamento, é importante no desenvolvimento afectivo do
adolescente:

- pelo reforço de identificação feminina ou masculina


- pela maior segurança que obtém pelo facto de se sentir amado
- pela experiência dum diálogo mais profundo e sincero
- pela vívência do prazer em tomar mais feliz o outro Naturalmente, também, a
ruptura do namoro, especialmente se não é de comum acordo, pode trazer
problemas:

- sofrimento pela perda da relação afectiva


- sentimentos de inferioridade pela parte do que se sente abandonado
- sentimentos de culpa por parte do que abandona
- dificuldade de estabelecimento de futuras relações de namoro, pelo medo da

desilusão e do sofrimento. Estes problemas são maiores se uma rapariga ou rapaz


sentem que o outro os enganou:

mentindo acerca de si próprio ou dos seus sentimentos procurando apenas ter


relações sexuais mantendo simult2neamente namoro corn outra pessoa MUITOS
ADOLESCENTES VIVEM COM ANGúSTIA 0 FACTO DE NUNCA TEREM NAMORADO E
TÊM MEDO DE NÃO VIREM A ENCONTRAR ALGUÉM QUE GOSTE SUFICIENTEMENTE
DELES OU DE NÃO TEREM CORAGEM DE MOSTRAR À PESSOA DE 01 JEM GOSTAM OS
SEUS SENTIMENTOS E DESEJOS.

A afectividade, neste sentido em que estamos a falar, é um aspecto da nossa vida


que nós não controlamos completamente:

- podemo-nos sentir atraídos afectivamente por uma pessoa e não concordar-

mos com essa atracção


- podemos querer deixar de gostar duma pessoa e não conseguirmos
- podemos deixar de gostar duma pessoa e ter pena que esse facto tenha

acontecido Nas mulheres e nos homens é habitual existir uma relação entre a
afectividade e a sexualidade, isto é:

- o amor é geralmente acompanhado de desejos sexuais


- as relações sexuais são consideradas mais satisfat6rias quando integradas

numa relação afectiva. No entanto, nem sempre isto sucede, e algumas pessoas
- podem estar apaixonadas sem terem desejos sexuais, o que sucede mais

frequentemente nas mulheres


- podem ter desejos sexuais sem qualquer relação afectiva, o que sucede mais

frequentemente nos homens.


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A SEXUALIDADE

É difícil dizer o que é a sexualida ‘de, dada a complexidade dos


aspectos em que está implicada. Mas podemos apontar o seu papel
fundamental:

- Na identificação: é a sexualidade que nos faz sentir bio-psico-


socialmente

mulheres ou homens
- Na reprodução: é através das relações sexuais que (salvo em casos
espe-

ciais) um hornern e unia mulher podem ter um filho


- Na relação amorosa: a sexualidade é uma forma de expressão física
do

nosso amor e reforça a relação amorosa


- No desejo e prazer: a sexualidade é responsável por desejos
extremamente

intensos e um prazer muito grande acompanha habitualmente os


pensamentos e actividades sexuais

Assim a sexualidade pode


- ser vivida integrada numa relação afectiva, duma formar-

partilhada, em igualdade
- cimentar uma relação estável, permanenteg institucic

casamento
- conduzir à constituição de, uma família e a9
- contribuir para o bem-estar e amadurecimento psico-afectivo mas também
pode
- ser vivida apenas como uma procura de prazer à custa do outro

- na violação
- na prostituição
- na utilização sexual de crianças
- nas relações forçadas, mesmo dentro do casamento
- nas relações vividas duma forma egoista, procurando ter prazer e não

procurando dar prazer


- ser utilizada na exploração comercial do desejo e prazer

- na publicidade - através da imagem do corpo da mulher (e do homem)


- na pornografia - através dos aspectos doentios da sexualidade, como o

sadismo, e que geralmente é feita para consumo dos homens, diminuindo a sua
sensibilidade e o respeito pelo outro

A sexualidade é ainda um aspecto da nossa vida que não controlamos


completamente. E possível controlar o nosso comportamento sexual
mas isso não impede que possam existir:

- desejos sexuais que não queremos ter

porque estão em contradição com as nossas ideias porque estão em contradição


com a nossa relação afectiva porque não são bem aceites socialmente TUDO ISTO
CONTRIBUI PARA QUE A SEXUALIDADE SEJA UM ASPECTO COMPLEXO DA NOSSA
VIDA, EM RELAÇÃO AO QUAL NÃO TEMOS TODOS AS MESMAS IDEIAS, E QUE NOS
PODE PERTURBAR E DEGRADAR, ASSIM COMO NOS PODE DIGNIFICAR, DESENVOLVER
E TORNAR FELIZES.
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A sexualidade está presente, embora de formas diferentes, ao longo de toda a nossa
vida.

Na infância

Existem manifestações de sexualidade, naturalmente pouco definidas, como

é próprio da idade.

Assim é normal as crianças

- gostarem de mexer nos seus órgãos sexuais


- terem curiosidade de ver os órgãos sexuais das outras
- inventarem brincadeiras, com crianças do mesmo sexo ou não, que lhes

permitam conhecer o corpo das outras e mostrar o próprio corpo (brincar aos
médicos, aos pais e mães).

No entanto, erradamente, estas brincadeiras infantis são algumas vezes


consideradas perigosas pelos adultos que têm medo que

* sejam reveladoras de «más tendências» (homossexualidade, depra-

vação)
* possam contribuir para o desenvolvimento dessas «más tendências».

Isto faz com que as crianças possam ser castigadas ou repreendidas pelos pais
quando são descobertas nestas brincadeiras, o que as deixa culpabilizadas e
traumatizadas.
21
Na adolescência
A sexualidade manifesta-se de uma forma mais intensa e clara e começa a estabelecer-se a
ligação entre a sexualidade e a afectividade. Ligaçã o que na

nossa sociedade existe de forma diferente nos rapazes e nas raparigas, como

veremos adiante.

Assim a partir da adolescência a sexualidade manifesta-se através de

- sonhos sexuais
- desejos e excitações sexuais
- fantasias sexuais
- masturbação
- relações sexuais

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Sonhos sexuais

São todos os sonhos que representam uma situação sexual, mesmo que não seja uma
actividade sexual perfeitamente clara.

Estes sonhos:
- são involuntários, como todos os sonhos
- de frequência muito variável de pessoa para pessoa, podendo mesmo não

existir
- acompanhados de excitação sexual e por vezes de orgasmo.

Nos rapazes o orgasmo do sonho é muitas vezes acompanhado de ejaculação, podendo


suceder que:

* acordem durante o orgasmo


* não acordem mas se lembrem no dia seguinte que sonharam
* não acordem nem se lembrem verificando apenas no dia seguinte que

ejacularam durante a noite.

Embora ter sonhos sexuais e ter orgasmo no sonho seja perfeitamente normal,

o algumas raparigas ficam preocupadas, com medo que isso signifique

uma tendência demasiada para o sexo *alguns rapazes têm medo que ejacular a dormir seja
anormal ou faça mal à saúde, ou têm vergonha que as mães ou outras pessoas percebam que
eles ejacularam.

Desejos e excitação sexuais

aparecem

nas raparigas habitualmente duma forma menos intensa (veremos mais adiante
porquê) e relacionados com a sua vida afectiva o nos rapazes habitualmente de
uma forma mais intensa, e ligados aos

mais diversos estímulos, muitas vezes sem qualquer relação com a vida afectiva.

Fantasias sexuais

São muito variáveis de pessoa para pessoa, têm um papel importante na nossa
sexualidade

- pela capacidade que têm de nos excitar e dar prazer


- pela sua participação na masturbação e mesmo nas relações sexuais

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Masturbação

É qualquer processo que uma pessoa utiliza para se excitar e atingir o orgasmo.

Na maior parte das vezes isso é feito estimulando manualmente duma forma ritmada as
zonas mais sensíveis dos órgãos sexuais.

ATÉ HÁ POUCOS ANOS A MASTURBAÇ@ÃO ERA CONSIDERADA UMA ACTIVIDADE ANORMAL,


PREJUDICIAL A SAú DE. JÁ FOI DITO SOBRE A MASTURBAÇÃO QUE:

- levava à tuberculose, à loucura, à impotência


- era responsável pelo mau rendimento escolar e também desportivo
- fazia olheiras, desenvolvia as glândulas mamárias dos rapazes, emagre-

cia-os
- aumentava o tamanho do pênis dos rapazes e do clítoris nas raparigas
- prejudicava a possibilidade dos rapazes terem filhos que iriam ser feitos

com os restos, as sobras de esperma


- viciava os rapazes e raparigas, fazendo com que tivessem mais prazer na

masturbação do que nas relações sexuais


- contribuía para a delinquência e a criminalidade.

TUDO ISTO É COMPLETAMENTE FALSO E FELIZMENTE HOJE JÁ POUCAS PESSOAS DIZEM


COISAS COMO ESTAS. NO ENTANTO, AINDA É RELATIVAMENTE FREQUENTE

- os pais relacionarem o emagrecimento e as olheiras dos rapazes e

também a diminuição do rendimento escolar com a masturbação


- os professores de educação física e os treinadores desportivos dizerem

aos adolescentes que a masturbação prejudica o rendimento desportivo


- os adolescentes terem medo de ficarem viciados na masturbação
- os rapazes terem medo que o desenvolvimento da glândula mamária que

algumas vezes se verifica seja causado pela masturbação


- os rapazes _mais velhos considerarem que a masturbação já não é própria

da sua idade e sentirem-se por isso envergonhados quando se masturbam.

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É necessário, por isso, afirmar claramente que a masturbação não causa nem física
nem psicologicamente qualquer prejuízo no organismo. Não provoca as

alterações referidas (glândulas mamárias, pênis e clitóris), não vicia, não prejudica
os futuros filhos, não contribui para a delinquência, e tudo isto qualquer que seja a

frequência da masturbação e a idade da rapariga ou do rapaz.

Mas também não se deve concluir do que dissemos que um rapaz ou uma rapariga
têm obrigatoriamente, para serem normais, de sentir necessidade de se
masturbarem.

Nos rapazes e raparigas a masturbação é uma forma possível de satisfação do


desejo sexual pelo prazer da excitação e do orgasmo.

Mas nos rapazes a masturbação é também


- uma forma de compensar a ansiedade, a insegurança e a frustação pela
«confirmação» da sua virilidade e potência.

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Mas é importante ter em conta que
- a prostituição é degradante para o homem que compra e para a mulher que se

vende
- as prostitutas não são geralmente autónomas

a sua entrada e manutenção na prostituição são consequência de condições socio-


económicas e psico-sociais de que as prostitutas são vítimas há autênticas
organizações de exploração de prostitutas, que promovem a

sua entrada nesta vida enganando-as com promessas de emprego, ou

outras, e que dificultam a sua saída, e para quem vão a maior parte dos lucros da
sua actividade.
As diferenças na atitude e comportamento sexual em raparigas e rapazes

Em muitos aspectos as atitudes e comportamentos das raparigas e dos rapazes em


relação à sexualidade são diferentes:

Estas diferenças não são devidas apenas às diferenças biológicas entre mulheres e
homens, mas são consequência dos critérios diferentes utilizados na educação
afectiva e sexual das raparigas e dos rapazes e que cria numas e nos outros
atitudes e comportamentos inadequados.

Nas raparigas:

A EDUCAÇÃO, NA MAIOR PARTE DOS CASOS

- apresenta o «ser mãe» como o valor mais importante da mulher


- culpabiliza o desejo e prazer sexuais da mulher valorizando apenas os

seus sentimentos
- desenvolve a capacidade da rapariga para se tomar atraente e desejada
- reserva apenas para os rapazes a possibilidade de iniciativa para UM

relacionamento maior, reprovando a iniciativa das raparigas -cria uma desconfiança


em relação às intenções dos rapazes.

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ESTE TIPO DE EDUCAÇÃO TEM POR CONSEQUÊNCIA SER FREQUENTE ENCONTRAR NAS
RAPARIGAS

- desejo de ter um corpo atraente e medo de ser feia


- desejo de agradar e atrair um rapaz e medo de parecer uma rapariga

«fácil»
- desejo de corresponder positivamente às iniciativas de aproximação dum

rapaz e medo de que ele apenas esteja sexualmente interessado -desejos em relação a um
rapaz e medo de que esses desejos sejam,

sexuais
- desejos e excitação sexuais e medo de que sejam anormais ou dema-

siados
- desejo de que os rapazes se interessem mais por elas do que pelas outras

e medo de que as outras raparigas percebam esse desejo


- desejo de ser mãe e medo de não poder ter filhos.

ASSIM 0 COMPORTAMENTO AFECTIVO E SEXUAL DA RAPARIGA APRESENTA NORMALMENTE

- uma actividade sexual (masturbação, relações sexuais) menor que a do

rapaz pela maior culpabilidade em relação às actividades sexuais


- relações sexuais algumas vezes apenas para fazer a vontade ao namorado
- inibição no relacionamento com os rapazes pelo medo de parecer «fácil»

e pelo medo das «segundas intenções» dos rapazes.

RESUMINDO, PODEREMOS DIZER QUE A RAPARIGA SE TORNA MUITAS VEZES

sexualmente menos interessada culpabilizada em relação ao prazer sexual receosa em


relação aos rapazes.

QUASE PODERíAMOS DIZER QUE AS RAPARIGAS QUEREM «0 AMOR, SE POSSíVEL SEM SEXO»
Nos rapazes:

A EDUCAÇÃO, NA MAIOR PARTE DOS CASOS

- apresenta a capacidade sexual como o valor mais importante do homem


- descupabiliza o desejo e a actividade sexual do homem considerando-os

como necessidades
- reprova o desejo e prazer sexual nas raparigas
- estimula a ousadia e habilidade do rapaz no seu relacionamento com as

raparigas
- reserva apenas para os rapazes a possibilidade de iniciativa para um

relacionamento maior, reprovando a iniciativa da rapariga.

ESTE TIPO DE EDUCAÇÃO TEM POR CONSEQUÊNCIA SER FREQUENTE ENCONTRAR NOS
RAPAZES

o desejo de ter um corpo e maneira de ser perfeitamente masculino e orgãos sexuais normais
e o medo de parecer efeminado, de ter um pênis pequeno ou

qualquer outra característica sentida como podendo ser pouco masculina o desejo de ser
potente e o medo de ser ou vir a ser impotente o desejo de ser totalmente heterossexual e o
medo de ser ou vir a tomar-se homossexual

31
- o desejo de ser capaz de agradar e conquistar uma rapariga e o medo de ser pouco atraente
ou pouco habilidoso junto das raparigas
- o desejo de satisfazer a mulher na relação sexual, o que o «confirma»

como homem e o medo de não o conseguir por falta de qualidades ou de experiência


- o desejo de ser tão bom ou melhor do que os outros rapazes e o medo

de que estes sejam ou pareçam ser mais viris, mais potentes, mais hábeis, mais
experimentados.

ASSIM 0 COMPORTAMENTO AFECTIVO E SEXUAL DO RAPAZ APRESENTA MUITAS VEZES:

- uma actividade sexual que é influenciada pela procura de segurança e

desejo de afirmação:
* masturbação mais frequente em momentos de maior ansiedade
* querer ter relações sexuais o mais cedo possível, o maior número de

vezes possível, com qualquer mulher, em qualquer momento


- uma procura de relacionamento com raparigas e de namoro como prova

da sua masculinidade e habilidade.

RESUMINDO, PODEREMOS DIZER QUE 0 RAPAZ SE TORNA MUITAS VEZES

- muito interessado sexualmente


- pouco exigente em relação àqualidade afectiva das suas relações se-

xuais.

QUASE QUE PODERíAMOS DIZER QUE OS RAPAZES QUEREM SEMPRE «0 SEXO,


MESMO QUE SEM AMOR»

No entanto esta diferença nas atitudes sexuais das raparigas e dos rapazes é cada vez menor.
As raparigas começam a ter uma atitude mais favorável em relação à sexualidade e os
rapazes começam a dar importância maior à qualidade afectiva das suas relações sexuais.

32
A Homossexualidade
Chama-se homossexual a uma pessoa que se sente sexualmente atraída por pessoas do
mesmo sexo. Há mulheres homossexuais e homens homossexuais.

Existem também pessoas que não são apenas homossexuais ou apenas


heterossexuais e que

- podem sentir atracção por pessoas do mesmo sexo ou do outro sexo

chamam-se bissexuais
- podem ter um comportamento homossexual apenas em situações em que

não é possível ou é mais difícil ter relações heterossexuais (prisão, serviço militar,
internatos) mantendo, quando se encontram numa situação normal, um
comportamento apenas heterossexual.

Alguns adolescentes têm também relações homossexuais sem serem ou irem ser no futuro
homossexuais. Isso deve-se:

- à intensidade dos desejos sexuais e à vontade de os viver com outra

pessoa
- à maior frequência de amizades entre adolescentes do mesmo sexo no

início da adolescência
- à maior inibição que os adolescentes têm em relação aos adolescentes do

outro sexo, sentido como desconhecido


- ao desenvolvimento afectivo e sexual ainda incompleto.

No entanto, quando isto acontece os rapazes, principalmente, sentem-se muito culpabilizados, e aumenta o
seu medo de virem a ser homossexuais, pelo que uma conversa com um adulto esclarecido, em quem
tenham confiança, pode ser útil.

A atitude em relação à homossexualidade é muito variável mas, de forma geral:

- as mulheres são mais tolerantes em relação à homossexualidade do que

os homens
- tem havido uma evolução no sentido de haver uma maior tolerância em

relação à homossexualidade.

33
Hoje já praticamente ninguém considera a homossexualidade como um crime ou vício. Umas
pessoas consideram que é uma doença (que em certos

casos se pode tratar) e outras apenas uma variante do comportamento heterossexual.

Em qualquer dos casos considera-se que as pessoas que são homossexuais

- têm direito a ser respeitadas, como pessoas que são, mas não devem:

- usar da sua eventual influência (pela idade, pela capacidade intelectual ou

pela situação afectiva) para convencer um adolescente a ter relações homossexuais


- pagar a adolescentes para terem relações homossexuais
- não são diferentes dos heterossexuais nas qualidades humanas, inte-

lectuais, etc.
- têm direito a viver a sua sexualidade.
34
IV

OS óRGÃOS SEXUAIS
Os rapazes e raparigas não são iguais no seu corpo. As diferenças são muitas, mas a mais
importante é a dos seus órgãos sexuais:

- que é permanente, desde que nascem até que morrem


- que serve, mesmo, para uma primeira determinação do sexo, quando

nascem.

Estes órgãos sexuais sofrem transformações:

- na puberdade, altura em que começam a funcionar completamente


- na menopausa, em que o funcionamento dos órgãos sexuais femininos

passa a ser parcial, excluindo a possibilidade de reprodução.


35
As funções dos órgãos sexuais

Os órgãos sexuais têm duas funções:

A função sexual

que se exprime nos desejos, fantasias, sonhos, num prazer especial a que chamamos
excitação e que pode levar a um prazer maior chamado orgasmo. É uma função permanente
do homem e da mulher ao contrário do que se passa com os animais e que, embora muitas
pessoas não saibam, se mantém também na terceira idade.

É por esta função que um homem e uma mulher podem, pela relação sexual, viver
fisicamente o amor que os une.

A função reprodutora

que permite a um homem e a uma mulher terem filhos. Habitualmente mais falada
na escola e em muitos livros de sexualidade, é muito limitada na vida de um homem
e de uma mulher. Só alguns dias em cada mês a mulher pode engravidar e apenas
até uma determinada idade. E mesmo na altura em que podem ter filhos o homem e
a mulher utilizam frequentemente processos de o evitar, para não terem muitos
filhos, não terem filhos muito seguidos, não terem filhos quando não querem ou não
podem.
36
Fig. 1 - órgãos sexuais femininos (de frente)

Legenda

1 - Trompa
2 Ovário
3 - útero

4 - Colo do útero
5 - Vagina
6 - Vulva

7 - Pavilhão

órgãos sexuais femininos Quais são?

ALGUNS DESTES ORGÃOS ESTÃO MAIS DIRECTAMENTE LIGADOS À FUNÇÃO SEXUAL

VULVA - conjunto formado por grandes lábios, pequenos lábios e clítoris,


situado na região entre as duas pernas, rodeando os orifícios de entrada de
dois canais que comunicam com o interior do corpo; o que se encontra mais
à frente levando à bexiga e o que está mais atrás levando ao útero.

MEATO URINÁRIO - é o orifício pelo qual o primeiro canal, a uretra, se abre na


vulva e pelo qual sai a urina,

VAGINA - é o canal situado mais atrás. É muito mais importante do ponto de


vista sexual e da reprodução. É o canal em que o pênis penetra durante as
relações sexuais e é através dele que os espermatozóides podem chegar ao
óvulo para o fecundar, e também é através dele que as crianças saem
quando nascem.

37
Legenda

1 - Clítoris
2 - Grandes lábios
3- Meato urinário
4 - Pequenos lábios
5 - Vagina
6 - Anus

HíMEN - é uma membrana perfurada por um ou vários orifícios situada à entrada


Fig. 2 -A vulva
da vagina, tapando-a parcialmente. Os seus orifícios permitem a saída do sangue da
menstruação, mas normalmente não permitem a entrada do pênis, rompendo-se na primeira
relação sexual, o que pode provocar uma ligeira hemorragia.

Certas pessoas pensam que se pode saber se uma mulher já teve relações sexuais, ou seja
como habitualmente se costuma dizer, se é virgem, pela integridade desta membrana.

Vale a pena perceber melhor tudo isto, porque a não-virgindadejá foi considerada como
motivo suficiente para terminar um casamento, e a ausência de hemorragia na primeira
relação sexual já foi considerada como a prova de não-virgindade. Ora pode não haver
hemorragia na primeira relação sexual se o hímen tiver uma abertura um pouco maior do que
o habitual ou se for mais flexível (chama-se hímen complacente) ou se tiver havido
anteriormente uma rotura acidental do hímen (provocada por uma queda, por exemplo).

Normalmente os orifícios existentes no hímen são suficientemente grandes para permitirem a


utilização de tampões durante o período menstrual sem rotura do hímen.

PEQUENOS LÁBIOS - são duas pregas, uma direita, outra esquerda, que rodeiam a zona do
meato urinário e a abertura da vagina. Unem-se pela sua extremidade e são zonas muito
sensíveis.

CLíTORIS - Pequena saliência na J .unção dos dois pequenos lábios; também muito sensível,
desempenha um papel importantíssimo na sexualidade feminina. Exteriormente é apenas um
pequeno relevo, mas que se toma duro e aumenta de volume durante a excitação sexual. É a
estimulação do clítoris que provoca o orgasmo na mulher. Na relação sexual o clítoris é
estimulado directamente pelo pênis ou indirectamente porque a penetração na vagina
provoca a estimulação do clítoris através do repuxamento dos pequenos lábios.

GRANDES LÁBIOS - são duas pregas maiores, exteriores aos pequenos lábios, uma de cada
lado e que fecham a vulva.

38
ESTES SÃO OS óRGÃOS NECESSÁRIOS PARA A FUNÇÃO SEXUAL, MAS HÁ AINDA OUTROS
óRGÃOS SEXUAIS FEMININOS QUE SÃO INDISPENSÁVEIS PARA A REPRODUÇÃO.

OVÁRIOS - são dois órgãos em que se produzem as células sexuais femininas (óvulos). Têm o
formato de um ovo e neles existem folículos ováricos que podem transformar-se em óvulos.
No entanto, só um pequeno número destas células se transforma realmente em óvulos, visto
que uma mulher só produz um óvulo de 28 em 28 dias, entre a puberdade e a menopausa.

óVULOS - são células especiais que quase poderíamos chamar meias células, porque só têm
metade dos cromossomas das outras células. Os cromossomas são partículas nas quais estão
gravadas as características que se podem transmitir por hereditariedade. 0 óvulo ao reunir-se
com o espermatozóide (também só com metade dos cromossomas) forma a primeira célula
do novo ser
Fig. 3 - 0 óvulo (muito aumentado)

TROMPAS - são uns canais que começam junto dos ovários por uma parte mais alargada, o
pavilhão, que servem para receber os óvulos que se soltam dos ovários e que terminam no
útero na sua parte superior. É nas trompas que se dá o encontro do óvulo e do
espermatozóide quando há fecundação.

39
Legenda

1 - Trompa
2 - Ovário
3- útero

4 - Osso da bacia

5 - Grande lábio

6 - Clítoris

7 - Meato urinário

8- Colo do útero
9 - Vagina
10 - Recto
11 - Ânus
12 - Orifício externo da vagina,

onde se situa o hímen.


13 - Bexiga
14 - Coluna vertebral

Fig. 4 - órgãos sexuais femi-

ninos (corte vertical).

úTERO - é um órgão de forma de pera, oco e de paredes musculosas, com uma grande
capacidade de dilatação, pois é nele que o ovo se desenvolve até ao nascimento, e portanto
dilata-se o suficiente para poder conter um bebé.

0 útero tem também uma outra propriedade. A camada interior da parede do útero, chamada
mucosa, sofre transformações cíclícas, ora aumentando de espessura, preparando-se para
receber um ovo, ora reduzindo-se à sua espessura norrnal (quando o seu revestimento
interior se desprende), dando origem assim à hemorragia que constitui a menstruação.

COLO DO úTERO - é a zona pela qual o útero se liga à vagina. No centro do colo do útero
encontra-se um canal de comunicação com a vagina que permite a

passagem dos espermatozóides e por onde o bebé passa na altura do nascimento e que é o
canal endocervical.

COMO DISSEMOS ATRÁS, ESTES óRGÃOS SÃO NECESSÁRIOS PARA A REPRODUÇÃO MAS NÃO
PARA A RELAÇÃO SEXUAL, E POR ISSO UMA MULHER PODE TER RELAÇõES SEXUAIS
PERFEITAMENTE NORMAIS MESMO QUE 0 úTERO OU OS OVÁRIOS LHE TENHAM SIDO
EXTRAíDOS ATRAVÉS DUMA OPERAÇÃO CIRúRGICA.
40
Como funcionam estes órgãos?

Funcionam com dois comandos diferentes:

um endócrino, que se exerce por intermédio das glândulas endócrinas e dos seus produtos -
que se chamam hormonas - e que está mais relacionado com a reprodução

0 comando endócrino
VAMOS ENTÃO VER COMO FUNCIONA 0 APARELHO SEXUAL SOB 0 PRIMEIRO COMANDO. PARA
ISSO É PRECISO SABERMOS QUE:

Glândulas endócrinas - são órgãos do nosso corpo que produzem substâncias, como as
glândulas salivares produzem saliva ou as glândulas sudoríparas produzem suor, mas que em
vez de deitarem os seus produtos para o tubo digestivo ou para o exterior, os deitam
directamente no sangue, através do qual atingem todos os pontos do nosso organismo.

Destas glândulas têm interesse especial para a função sexual e reprodutiva:

- a hipófise que tem uma função de regulação das outras glândulas endó-

crinas
- os ovários que além de produzirem óvulos também produzem hormonas
- as cápsulas supra-renais que produzem testosterona, hormona que tanto

no homem como na mulher estimula a função sexual.

0 ovário segrega, quando é estimulado pela hipófise, duas espécies de hormonas:

- o estrogéneo

o enquanto o folículo que contém o óvulo amadurece e o óvulo ainda

não foi libertado


- a progesterona

o após a libertação do óvulo.

ESTE CONJUNTO DE INFORMAÇõES AJUDA-NOS A PERCEBER MELHOR A EVOLUÇÃO CÍCLICA


QUE SOFRE 0 APARELHO SEXUAL FEMININO, A QUE CHAMAMOS CICLO MENSTRUAL.
41
1 - Pavilhão
2 - Trompa
3 - óvulo

4 - Ovário
5 - útero

6 - Colo do útero
7 - Vagina

B - Libertação do óvulo para a trompa

8 - 0 óvulo passa através da trompa a caminho do

útero
9 - Espessarnento e enrugamento da parede do útero,

que fica preparada para receber o ovo, se houver fecundação.

C -A menstruação

10 - Desprendimento da parte interna da mucosa uteri-

na, acompanhada de hemorragia.

Fig. 5 - 0 ciclo menstrual

0 CICLO MENSTRUAL

Este ciclo dura mais ou menos 28 dias e tem duas partes:


42
A primeira parte

- começa com o período de amadurecimento dum óvulo (que coincide com

o 1.1 dia da menstruação)


- dura mais ou menos 14 dias
- termina com a libertação do óvulo para a trompa (ovulação).

Nesta primeira parte realiza-se:

- o amadurecimento do óvulo;
- a produção de estrogéneos que provocam

o o crescimento da mucosa do útero o a produção de um líquido chamado muco


cervical no canal endo-

-cervical.

A segunda parte

- começa com a libertação do óvulo para a trompa (ovulação)


- dura mais ou menos 14 dias
- terrnina com o início da menstruação.

Nesta segunda parte realiza-se:

primeiro a produção de progesterona no ovário, que provoca o o espessamento e


enrugamento da mucosa uterina que toma um as-

pecto rendilhado particularmente apto para receber o ovo, se houver fecundação

depois, a diminuição de produção de progesterona, o que provoca o a desagregação


da parte interna da mucosa uterina, que se desprende,

acompanhada de hemorragia, constituindo a menstruação.

Entretanto a hipófise recomeça o seu trabalho de amadurecimento de outro óvulo,


reiniciando assim, todo o processo.

43
PARA ALÉM DAS HORMONAS JÁ INDICADAS, HÁ OUTRA HORMONA TAMBÉM IMPORTANTE, MAS
AO CONTRÁRIO DESTAS, RELACIONADA APENAS COM A FUNÇÃO SEXUAL, É A:

Testosterona - produzida nas cápsulas supra-renais que são glândulas endocri-

nas situadas por cima de cada rim


- é igual à hormona masculina produzida nos testículos
- a sua acção é a estimulação do desejo sexual, tomando possível

a resposta sexual

0 comando nervoso

0 segundo comando do aparelho sexual feminino, o que se exerce pelo sistema nervoso, é o
responsável pela resposta aos estímulos sexuais.

ALGUNS DESTES ESTIMULOS ACTUAM ATRAVÉS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Podem ser:
0 pensamentos, fantasias, desejos, sonhos

OUTROS ESTÍMULOS ACTUAM POR VIA REFLEXA

Podem ser: o carícias nos seios e orgãos sexuais, especialmente pequenos lábios e

clítoris, directa ou indirectamente.

E A RESPOSTA SEXUAL A ESTES ESTÍMULOS É

- a excitação - dependente duma parte do sistema nervoso a que chamamos

autónomo, por não ser controlado pela nossa vontade.

- fisicamente manifesta-se por

* o entumescimento dos pequenos lábios e clítoris


* lubrificação das paredes da vagina que prepara a vagina para a peneta-

ção do pênis; estas transformações são provocadas pelo aumento do volume de sangue
dentro dos vasos sanguíneos destes orgãos
* erecção dos mamilos e aumento do volume dos seios.

- psiquicamente manífesta-se por

* um progressivo aumento de prazer


* o desejo de prolongar e aumentar o prazer.
44
- o orgasmo - dependente doutra parte do sistema nervoso autónomo

- fisicamente manifesta-se por

o contracções da vagina e do terço inferior do útero

- psiquicamente nianifesta-se por

* um prazer intenso
* um alívio de tensão pela satisfação do desejo.

Habitualmente há apenas um orgasmo, mas pode suceder haver dois ou mais


orgasmos seguidos.

Mas os processos de excitação e orgasmo não se limitam ao aparelho sexual,


havendo muitas outras alterações no organismo tais corno:

- o aumento de frequência respiratória


- o aumento de frequência cardíaca
- o aumento de tensão arterial.

Início e fim do funcionamento dos órgãos sexuais

É na puberdade que os órgãos sexuais femininos começam em funcionamento


pleno. Assim só a partir da puberdade há

- amadurecimento e libertação de óvulos


- o conjunto de transformações a que chamamos ciclo menstrual, devidas à

acção hormonal, e cujo aspecto mais saliente é a menstrução, sendo no entanto o


mais importante a ovulação.

Este funcionamento mantém-se até à menopausa (45 a 55 anos) altura em que


deixa de haver:

- amadurecimento e libertação de óvulos -ciclo menstrual e portanto menstruação.

A alteração de produção e circulação de hormonas sexuais na menopausa provoca várias


transformações no organismo mas, ao contrário do que muita gente pensa, a função sexual
mantém-se, com existência de desejos sexuais e prazer nas relações sexuais. A razão deste
facto é a produção de testosterona pelas cápsulas supra-renais continuar após a menopausa.
45
Conclusões

COM-0 QUE JÁ SABEMOS, PODEMOS CONCLUIR SOBRE A REPRODUÇAO

- que é possível pela união da célula sexual feminina - o óvulo - com a

célula sexual masculina - espermatozóide - quando um homem e uma mulher têm relações
sexuais
- que essa união não é possível todos os dias porque a mulher só produz

um óvulo mais ou menos de 28 em 28 dias e não produz óvulos antes da puberdade nem
depois da menopausa
- que nos ciclos irregulares, com duração variável, mantém-se a possibili-

dade de fecundação, pois há também ovulação -que essa união se dá na trompa onde os
espermatozóides - que na

relação sexual são lançados no fundo da vagina - podem chegar devido à sua mobilidade
- que essa união não depende da existência do orgasmo feminino
- que o ovo que resulte da união do óvulo com o espermatozóide se fixa

nas paredes do útero, especialmente preparadas para o efeito, e aí se desenvolve até ao


nascimento.

E PODEMOS CONCLUIR SOBRE A SEXUALIDADE

- que o orgasmo feminino não provoca a libertação de óvulos, não tendo

nenhuma relação nem com a ovulação nem com a fecundação


- que a resposta sexual feminina - a excitação e o orgasmo - se mantêm

depois da menopausa
- que a resposta sexual feminina se mantêm mesmo após intervenções

cirúrgicas com extracção do útero, trompas e ovários.


46
A - Sem circuncisão

B - Com circuncisão

Fig. 6 - órgãos sexuais masculinos

Órgãos sexuais masculinos

Quais são?
PÉNIS - corpo cilíndrico que tem a propriedade de poder aumentar de volume, tomando-se
duro e apontado para a frente e para cima (a isto chama-se erecção) ou manter-se no seu
estado habitual, mais pequeno, mole e dirigido para baixo. Habitualmente não é
completamente direito, o que não tem qualquer importância.

- Exteriormente o pênis tem:

Glande - extremidade do pênis mais alargada (e por isso chamada em linguagem vulgar,
cabeça) e muito sensível Meato urinário - situado na ponta da glande é o orifício exterior da
uretra, canal comum ao aparelho urinário e ao aparelho sexual, podendo dar saída à urina
proveniente da bexiga e também ao esperma. o Sulco balano-prepucial - sulco que limita a
glande na sua ligação com o

corpo do pênis. Aí encontram-se pequenas glândulas que produzem uma substância de cheiro
característico chamada smegma. A ausência de limpeza do sulco balano-prepucial pode dar
origem a infecção.
47
* Prepúcio - prega destinada a cobrir em extensão maior ou menor a glande, formada pela
pele que reveste o corpo do pênis. Esta pele é relativamente móvel sobre o corpo do pênis,
podendo ser repuxada, de forma a desfazer a prega e deixando a glande a descoberto. No
entanto, às vezes, o prepúcio forma uma abertura demasiado estreita que não permite a
passagem da glande quando se tenta repuxar a pele para trás. Assim a glande fica sempre
coberta pelo prepúcio o que não permite a limpeza da glande, especialmente do sulco balano-
prepucial, facilitando as infecções referidas. A esta situação dá-se o nome de fimose. Outras
vezes é possível repuxar a pele mas apenas quando o pênis está normal não sendo possível
quando está em erecção. Esta situação pode tornar a erecção e as relações sexuais dolorosas.
Se o aperto do prepúcio é muito grande toma-se necessário fazer uma operação que é o corte
do prepúcio e que se chama circuncisão, ficando então a glande sempre descoberta.

Esta operação pode ser feita em qualquer idade. É também feita por tradição, em alguns
povos, nuns logo em bebé, noutros na puberdade. Se o aperto não é muito grande pode ir
alargando com as tentativas de repuxar a

pele para trás, estando em erecção, podendo tornar-se desnecessária a operação.


* Freio - pequena prega de pele na face ventral da glande ligando-a ao

prepúcio. Se este freio é demasiado curto pode tornar-se doloroso, quer na masturbação, quer
nas relações sexuais. Por vezes sucede até que numa destas situações se faz uma pequena
ferida no freio - os rapazes dizem habitualmente rebentar o freio - que sangra ligeiramente.
Talvez por isso alguns rapazes pensam erradamente que rebentar o freio é o equivalente
masculino da rotura do hímen, ficando preocupados quando já tiveram relações sexuais e
apesar disso rinantêm o freio, situação que é absolutamente normal e até a mais frequente.

- Internamente o pênis tem três corpos, constituídos por um tecido especial chamado eréctil,
formado por vasos sanguíneos que se podem encher de sangue. É isso que permite ao pênis
na erecção aumentar de volume e tornar-se duro.

Os corpos que constituem o pênis são:

o Dois corpos cavernosos - um de cada lado, ao longo do pênis, mais

ou menos cilíndricos que começam bastante atrás do início do pênis constituindo como que
uma raiz do pênis. Terminam na junção do corpo do pênis com a glande.

48
1 - Osso da bacia

2 - Pênis
3 - Sulco balano-prepueial
4 - Clande
5 - Prepúcio
6 - Meato urinário

7 - Freio

8- Escroto

9 - Testículo
10 - Epidídimo
11 - Canal deferente
12 - Ânus

13 - Próstata

14 - Recto

15 - Vesícula seminal
16 - Bexiga
17 - Corpo esponjoso
18 - Corpos cavernosos
19 - Uretra

Fig. 7 - órgãos sexuais masculinos (corte vertical)

Um corpo esponjoso - colocado na parte posterior do pênis no ângulo que os dois corpos
cavernosos fazem entre si. É mais estreito que os

corpos cavernosos em toda a sua extensão, com uma dilatação na ponta que constitui a
glande e prolongando-se para trás terminando por uma

dilatação que se chama bolbo do corpo esponjoso e que já fica dentro da bacia. Tem no seu
interior a uretra que se prolonga depois para trás e para cima, já não revestida pelo corpo
esponjoso, passando no meio da próstata e desembocando por fim na bexiga.

ESCROTO - bolsa de pele grossa e enrugada situada por trás do pênis e

dentro da qual se encontram os testículos.

49
TESTíCULOS -glândulas sexuais masculinas, urna de cada lado, geralmente mais baixo o
esquerdo do que o direito. Têm um formato mais ou menos ovóide e são constituídos por
tubos enrolados - os tubos seminíferos em cujas paredes se encontram as células que vão dar
origem aos espermatozóides. Entre os tubos seminíferos existem conjuntos de células que
produzem uma hormona chaniada testosterona e que é a hormona sexual masculina.

Nalguns rapazes os testículos, ou apenas um deles, não se encontram no escroto,


permanecendo no abdômen, onde se formam inicialmente. A esta situação dá-se o nome de
criptorquídia. Para os fazer descer do abdómem para o escroto pode-se fazer um tratamento
médico (hormonal) mas, se não resultar, tem de se fazer uma intervenção cirúrgica para fazer
descer o testículo para o escroto, antes dos 10 anos. Se isto não for feito, o testículo não se
desenvolve normalmente, pois a temperatura do abdômen é demasiado elevada para o seu
desenvolvimento, mas mesmo com um só testículo descido é possível ter um funcionamento
sexual completamente normal e também ter filhos.

ESPERMATOZóIDES - são as células sexuais masculinas. São muito mais pequenas que os
óvulos, são móveis porque têm uma cauda que vibra; são produzidos e libertados aos
milhões. Os espermatozóides saem dos testículos misturados num líquido fluído e pouco
abundante a que se juntam líquidos viscosos segregados pelas vesículas seminais e próstata -
constituindo o esperma. Tal como os óvulos, os espermatozóides sã o uma espécie de meia
célula com 23 cromossomas que contêm as características hereditárias incluindo, no caso dos
espermatozóides, a determinação do sexo da futura criança, feminino se o 23.1 cromossoma
for cromossoma X, masculino se o 23.1 cromossoma for um cromossorna Y.

Fig. 8 - Espermatozóide (muito aumentado)

50
ESPERMA - líquido que contém os espermatozóides e que é formado nos testículos, nas
vesículas seminais e na próstata. Durante a fase de excitação acumula-se na uretra, de onde
é expulso às golfadas durante o orgasmo pelas contracções rítmicas destes órgãos. E o que
se chama a ejaculação. É viscoso, esbranquiçado e liquefaz-se algum tempo depois da
ejaculação. A quantidade de esperma emitida em cada ejaculação é variável.

Há duas ideias erradas a respeito da emissão de esperma, mas muito difundidas. Uma, a de
que o esperma é uma substância que é necessário eliminar regularmente e que a sua não
emissão pode ser prejudicial ao organismo. Outra, é de que a emissão de esperma representa
uma perda de substâncias necessárias ao organismo e que a sua emissão frequente será pois
prejudicial. Utilizadas uma para justificar a necessidade de relações sexuais no homem, outra
para evitar a masturbação dos adolescentes, são ambas perfeitamente falsas.

EPIDíDIMO - É uma pequena formação que se sobrepõe a cada um dos testículos na sua parte
superior e posterior, onde terminam os tubos seminíferos e donde parte o canal deferente.

CANAIS DEFERENTES - são dois canais, direito e esquerdo, que saem do epidídimo respectivo
e se dirigem para cima acompanhados dos vasos e nervos do testículo e entram na bacia na
região das virilhas por uns orifícios próprios. Na bacia dirigem-se para trás da bexiga,
recebem o canal proveniente da vesícula seminal do mesmo lado e terminam na zona da
uretra que é envolvida pela próstata.

VESiCULAS SEMINAIS - são duas glândulas em forma de saco situadas por trás e por baixo da
bexiga e que segregam um dos líquidos constituintes do esperma.

PRóSTATA - é urna glândula que envolve a uretra na sua primeira porção, logo à
saída da bexiga e que segrega outro líquido viscoso também constituinte do
esperma.

51
Como funcionam?

No aparelho sexual masculino não existe, como existe no feminino, uma separação
entre o funcionamento sexual e o funcionamento reprodutor. 0 or-

gasmo no homem depois da puberdade é sempre potencialmente reprodutor, isto é,


acompanhado pela emissão de esperma e portanto de espermatozóides.

Ora, tal como na mulher, podemos também considerar no homem dois comandos
diferentes:

-um endócrino
- outro nervoso.

0 COMANDO ENDóCRINO

0 testículo estimulado pela hipófise produz, além dos espermatozóides, testosterona que vai,
tal como na mulher, estimular o desejo sexual tomando possível a resposta sexual.

No homem também as cápsulas supra-renais produzem testosterona, mas em quantidade


insignificante comparada com a produzida no testículo.

0 COMANDO NERVOSO

0 segundo comando do aparelho sexual masculino, o que se exerce pelo sistema nervoso é,
tal como na mulher, o responsável pelas respostas aos estímulos sexuais:

Neste encontramos também:

ESTíMULOS QUE ACTUAM ATRAVÉS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

0 pensamentos, fantasias, desejos, sonhos a leituras, desenhos, fotografias, filmes, palavras

ESTÍMULOS QUE ACTUAM POR VIA REFLEXA

o Carícias nos orgãos sexuais, especialmente na glande, directa ou indirec-

tamente.
52
A RESPOSTA SEXUAL A ESTES ESTÍMULOS É

-a excitação - dependente do sistema nervoso autónomo.

- fisicamente manifesta-se por

o a erecção do pênis provocada pelo aumento de volume dos corpos

cavernosos e esponjoso que se enchem de sangue.

- psiquicamente manifesta-se por

* um progressivo aumento de prazer


* o desejo de prolongar e aumentar o prazer.

- o orgasmo - dependente doutra parte do sistema nervoso autónomo

- fisicamente manifesta-se por

o contracções da vesícula seminal, próstata e uretra interna, numa

primeira fase, e contracções rítmicas do pênis numa segunda fase.

- psiquicamente manifesta-se por

* um prazer intenso
* um alívio da tensão pela satisfação do desejo.

Ao contrário da mulher, o homem não pode ter dois orgasmos seguidos. A seguir a um
orgasmo tem uma fase de diminuição de desejo e de excitação -

fase refractária - após a qual pode voltar a excitar-se e então ter novo orgasmo.

Também no homem o processo de excitação e orgasmo é acompanhado por alterações no


organismo tais como:

* aumento de frequência respiratória


* aumento de frequência cardíaca
* aumento de tensão arterial.
53
Início e fim do funcionamento dos órgãos sexuais

É na puberdade que os órgãos sexuais masculinos começam em funcionamento pleno por


estimulação hipofisária.

Assim só a partir da puberdade há:

- formação de espermatozóides
- produção significativa de testosterona.

Ao contrário do que sucede na mulher, este funcionamento perdura durante toda a vida do
homem, que assim mantém, embora sujeito ao processo gradual de envelhecimento de todo
o organismo, não só a sua capacidade sexual (como a

mulher) mas também a sua capacidade de reprodução.

Conclusões

COM 0 QUE JÁ SABEMOS, PODEMOS CONCLUIR SOBRE A REPRODUÇÃO

que é possível pela união da célula sexual masculina - o espermatozóide - com a célula sexual
feminina - o óvulo -que essa união é, da parte do homem, sempre possível a partir da

puberdade, pois produz continuadamente espermatozóides. -que a emissão de


espermatozóides está ligada à excitação e orgasmo do

homem.

E PODEMOS CONCLUIR SOBRE A SEXUALIDADE

que o orgasmo masculino é, a partir da puberdade. sempre acompanhado de emissão de


esperma -que a resposta sexual masculina se mantém ao longo de toda a vida -

embora sujeita ao processo normal de envelhecimento de todo o organismo. Não existe assim
paragem de produção da hormona que estimula o desejo sexual masculino - a testosterona -
produzida principalmente nos testículos.

54
v
A GRAVIDEZ E 0 PARTO

Gravidez é o estado de uma mulher que aguarda o nascimento de um


bebé.

- dura habitualmente cerca de nove meses


- começa com a fecundação e nidação
- termina com o parto.

Fecundação - é a união do óvulo com o espermatozóide Nidação - é a implantação


do ovo, assim formado, na parede do

útero Parto - é a saída do bebé para o exterior.


55
Fig. 9 - A fecundação

Quando a célula sexual masculina, isto é, um espermatozóide (1), encontra uma célula sexual feminina, isto é, um óvulo
(2), pode dar-se a fecundaçã o (3). 0 óvulo fecundado vai fixar-se na parede do útero (4), começando então a formar-se o
embrião, isto é, o novo ser.

Para se dar a fecundação é preciso que:

- A mulher tenha relações sexuais na altura da ovulação


- Os espermatozóides depositados na vagina pela ejaculação

* entrem no útero pelo canal endo-cervícal, ajudados pelo muco cervical


* subam pelo interior do útero
* atinjam a trompa
* encontrem o óvulo e nele penetrem.

Após a penetração do espermatozóide, o ovo assim formado

- espessa a sua membrana exterior impedindo a penetração de outro esper-


matozóide
- vai-se dividindo e subdividindo passando rapidamente de uma célula a

várias dezenas de células


- é arrastado para o útero através da trompa
- vive durante a primeira semana à custa das reservas alimentares que

existem no óvulo
- fixa-se, como se fizesse ninho - por isso se chama nidação - na

parede do útero.
56
Progressivamente, o ovo vai-se transformando, e a certa altura temos:

- um saco cheio de líquido, chamado líquido amniótico


- um feto dentro desse saco e portanto mergulhado no líquido amniótico
- uma zona de união desse saco com a parede do útero, mais espessa e

cheia de vasos sanguíneos chamada placenta, através da qual o ovo recebe o oxigénio e
alimentos do sangue da mãe, que corre nos vasos do útero
- um cordão - cordão umbilical - constituído por duas artérias e uma

veia que fazem a ligação entre a placenta e o feto, dando-lhe oxigénio e alimentos e
recebendo dióxido de carbono e produtos a eliminar.
Fig. 10 -A criança no útero materno

0 desenvolvimento do feto segue uma progressão mais ou menos certa.

- até aos 3 meses é o período de formação de todos os esboços dos órgãos

e é o período mais sensível do feto a todos as influências externas doenças da mãe, tomada
de medicamentos, etc.
- aos 4 meses todos os esboços dos órgãos estão já formados, o feto mede

aproximadamente 12 em e a mãe pode sentir os seus movimentos


- aos 5 meses o feto mede aproximadamente 20 em e é possível ouvir o

bater do seu coi-@icio


- A partir dos 7 meses o feto tem aproximadamente 35 em e se nascer nessa

altura pode sobreviver, embora necessite de cuidados especiais - é um

bebé prematuro.

57
Quando uma mulher engravida, há um conjunto de transformações no
seu corpo, algumas das quais lhe permitem perceber esse facto

-deixa de haver menstruação - é o primeiro sinal -deixa de haver


ovulação -a produção de horirrionas sexuais e hipofisárias altera-se e,
dado que a

sua acção se exerce em todo o corpo através do sangue, há


habitualmente vários outros sintomas, entre os quais o aumento de
volume dos seios e o aumento de volume do útero.

Ao longo de toda a gravidez a futura mãe deve ser assistida por um médico e
deve procurar

evitar contactos com portadores de doenças contagiosas, especialmente


rubéola - em relação à qual seria bom que todas as raparigas se vacinassem
- e tomar medidas preventivas em relação à toxoplasmose, pois são doenças
que podem provocar malformações no feto evitar tomar medicamentos,
salvo por indicação expressa do médico, porque muitos medicamentos são
prejudiciais ao feto não fumar, pois o tabaco é responsável pelo nascimento
de crianças de baixo peso não tomar, fumar ou injectar quaisquer drogas,
pois podem fazer mal ao feto evitar beber álcool que pode também causar
perturbações no desenvolvimento do feto evitar traumatismos, quedas,
pancadas, etc., pelo perigo de aborto e de prejuízo no desenvolvimento do
feto ter uma alimentação e um repouso equilibrados.

Mas, salvo em casos especiais, pode continuar a fazer a sua vida normal e
pode continuar a ter relações sexuais
Fig. 11 - Posição habitual da mãe durante o parto.

58
0parto dá-se habitualmente ao rim de nove meses e é bom que o pai
possa estar presente:

É desencadeado pelas contracções dos músculos da parede do útero que provocam:

o a rotura da zona inferior do saco em que o bebé está contido


40 a dilatação do colo do útero
* a passagem da cabeça do bebé (se, como de costume, o bebé sai de

cabeça) pelo colo do útero


* a saída da cabeça e depois - com a ajuda da parteira - do corpo do

bebé pela vagina e vulva.

1 - A criança está dentro do útero

2 - Começou a dilatação do colo do útero

3 - A cabeça prepara-se para sair

4 - As setas indicam as contracções do

útero

Fig. 12 - 0 parto.

59
Após a saída do bebé, este continua ligado à placenta (que se encontra ainda no
interior do útero) pelo cordã o umbilical. Deve-se então:

* cortar o cordão umbilical


* provocar a saída da placenta.

A preparação da mulher para o parto, pela explicação dos seus mecanismos e pelo
treino da descontracção e respiração, ajuda muito a que o parto decorra bem, sem
aflição e sem dores exageradas. É o que se chama « o parto sem dor».

0 parto deve ser realizado num hospital, maternidade ou clínica em que haja
possibilidade de evitar:

- partos demasiado prolongados


- traumatismos da cabeça do bebé
- acidentes imprevistos com o bebé ou com a mãe.
5 - última fase do parto

7 - Saída da placenta

8 - 0 útero volta ao tamanho habitual

60
Imediatamente após o parto o bebé deve ser colocado junto da mãe e
deve permanecer junto à cama da mãe durante toda a estadia na
maternidade.

Está provado que uma relação carinhosa entre a mãe e o bebé, com
contacto pele a pele e a amamentação ao peito desde a altura do
nascimento favorecem uma boa relação futura entre a mãe e o filho.

Nem sempre o nascimento do bebé se pode fazer como foi descrito

Por vezes, por a cabeça do bebé não passar na bacia da mãe ou por o bebé
se encontrar em perigo, é necessário fazer urna cesariana - extracção do
bebé por intervenção cirúrgica através da parede do abdónien.

Nem sempre que uma mulher engravida o processo continua até ao parto. A
gravidez pode ser interrompida

Involuntariamente

* por o útero não ter boas condições


* por alterações hormonais
* por traumatismos.

Voluntariamente

a Através de intervenções específicas, geralmente feitas por um médico ou

urna parteira.

À interrupção da gravidez chama-se normalmente aborto. 0 aborto voluntário, em


Portugal só é permitido em determinadas situações.

61
vi

A CONTRACEPÇÃO

Chamamos contracepção ao conjunto de processos que procuram


evitar que a mulher fique grávida quando tem relações sexuais. A
contracepção é utilizada no planeamento familiar, permitindo a uma
mulher e a um homem escolher:
- quando querem ter um filho
- o número de filhos que querem ter
- o espaçamento entre os filhos.

É também utilizada - ou deveria ser - sempre que uma mulher e um homem têm relações
sexuais, sem estarem interessados em constituir, em conjunto, uma família.

Em princípio, os adolescentes que têm relações sexuais, não estão em condições de constituir
uma família e por isso é fundamental que utilizem um método eficaz de contracepção.
62
Para compreender os vários métodos de contracepção é preciso lembrar que:

- só durante alguns dias em cada mês a mulher tem um óvulo fecundável


- o ovo se forma pela união do espermatozóide com o óvulo
- que essa união se dá nas trompas
- que o ovo fecundado se fixa na parede do útero, especialmente preparado

para o efeito

Portanto os vários métodos contraceptivos procuram interferir neste processo


a níveis diferentes

- sobre o espermatozóide:

o PRESERVATIVO MASCULINO («camisa de Vénus») - Espécie de

dedeira que se enfia no pênis no início das relações sexuais e que impede o
contacto dos espermatozóides com o aparelho sexual feminino.

o COITO INTKROMPIDO - 0 homem, ao sentir aproximar-se o or-


gasmo, retira o pênis da vagina, ejaculando fora. Impede, embora com muitas falhas, o
contacto dos espermatozóides com o aparelho sexual feminino. É habitualmente considerado
pouco satisfatório, quer para o homem, quer para a mulher.

63
0 DIAFRAGMA - «rodela» de borracha que a mulher aprende a

colocar no fundo da vagina para revestir o colo do útero, antes da relação sexual. Impede a
passagem dos espermatozóides da vagina para o útero.

ESPERMICIDAS - Existem em espuma, creme, geleia, sprays, cones ou velas. Diminuem a


vitalidade dos espermatozóides, procurando impedir a fecundação.

LAQUEAÇÃO DOS CANAIS DEFERENTES - Intervenção cirúrgica, em princípio definitiva, que


corta ou interrompe os canais deferentes, impedindo a passagem dos espermatozóides. Há
ejaculação de esperma sem espermatozóides.
64
sobre os óvulos:

o PíLULA E INJECÇÃO - são comprimidos ou injecções de hõrmonas

que impedem a formação de óvulos.

o LAQUEAÇÃO DAS TROMPAS - Intervenção cirúrgica, em princípio

definitiva, que corta ou interrompe as trompas, impedindo a passagem dos óvulos.

- sobre o encontro do óvulo e do espermatozóide:

MÉTODO DAS TEMPERATURAS - permite determinar o dia da ovulação pela medição


diária da temperatura da mulher. Há alterações de temperatura ao longo do ciclo
menstrual e a partir do seu registo num gráfico identifica-se a alteração provocada
pela ovulação.

.1
65
MÉTODO DO MUCO - permite determinar a altura da ovulação pela alteração da
consistência do muco cervical, que passa para a vagina e que a mulher pode
aprender a reconhecer.

sobre o ovo:

DISPOSITIVO INTRA-UTERINO, DIU, OU «APARELHO» - Pequeno aparelho de plástico ou metal


que é introduzido no útero e que impede a nidação do ovo. Há também DIUS que actuam de
outra forma, impedindo o encontro entre o óvulo e o espermatozóide. É colocado pelo médico
e pode ser retirado pelo médico em qualquer altura.

1
Nem todos os métodos podem ser usados por todas as pessoas. Deve-se
escolher o método que mais convém a cada caso.

Os métodos contraceptivos podem ser utilizados isolados ou combinados e só


resultam se forem usados correctamente.

0 seu grau de eficácia é variável. Os mais eficazes são a pilula, o DIU e o


preservativo masculino combinado com espermicidas. A sua escolha deve ser
objecto duma reflexão cuidada na qual participam a mulher, o home@i e um
técnico de planeamento familiar. Para isso existem nos Centros de Saúde,
Maternidades, alguns Hospitais, etc., consultas de Planeamento Familiar.

Os adolescentes quando têm relações sexuais habitualmente não utilizam


meios contraceptivos, o que tem como consequência:

* o aumento do número de mães adolescentes


* o aumento do número de abortos em adolescentes.

É importante que os adolescentes que têm relações sexuais saibam que:


- é mau fazer um aborto
- é também mau ser mãe na adolescência
- a gravidez pode dar-se quando houve apenas:

* uma única relação sexual


* uma relação sexual incompleta, sem penetração total
* uma relação sexual com coito interrompido.

E assim os adolescentes que têm relações sexuais devem procurar uma consulta de
Planeamento Familiar ou um médico que os ajude a escolher um método contraceptivo que
possam utilizar.

67
k\

Vil

AS DOENÇAS
Tal como os outros aparelhos do corpo humano, também o aparelho sexual e reprodutivo pode
ser atingido por doenças ou perturbações do seu funcionamento.

Entre esses problemas consideram-se:

- perturbações da função sexual


- perturbações da função reprodutora
- doenças transmitidas sexualmente.

68
As perturbações da função sexual podem ser:

perturbações da fase de excitação, impossibilitando portanto também o


orgasmo

- na mulher:

o FRIGIDEZ - não há lubrificação das paredes da vagina.

- no homem:

o IMPOTÊNCIA - não há erecção.

perturbações da fase orgásmica:

- na mulher:

o INCAPACIDADE OU DIFICULDADE ORGÁSMICAS - há excita-

ção mas nunca atinge o orgasmo ou só o atinge algumas vezes.


- no homem:

* EJACULAÇÃO PRECOCE - ejaculação demasiado rápida e sem

possibilidade de qualquer controlo, podendo surgir antes da penetração do


pênis na vagina, na altura da penetração, ou após alguns movimentos.
* EJACULAÇÃO RETARDADA - ejaculação surgindo demasiado

tarde, podendo mesmo não surgir devido à ansiedade que o atraso pode
provocar.

Na mulher existe ainda uma outra perturbação da função sexual:

o VAGINISMO - em que pode haver excitação e orgasmo, mas em que

há impossibilidade de penetração do pênis, por contracção espasmódica dos


músculos da vagina.

Estas perturbações da função sexual

- norrnalmente não têm causa orgânica


- correspondem na maior parte dos casos a causas psicológicas
- podem tratar-se.

As perturbações mais frequentes são:

- a ejaculação precoce no homem


- a dificuldade de a mulher atingir o orgasmo.

69
As perturbações da função reprodutora que causam, portanto, esterilidade
podem ser:

- na mulher:

* inexistência de formação de óvulos


* entupimento das trompas, por infecções, especialmente provocadas por

aborto ou tuberculose
* mal formação do útero - impedindo a nidação do ovo
* maior ou menor acidez das secreções vaginais, que diminuem a vitali-

dade dos espermatozóides.

- no homem:

* inexistência de espermatozóides
* espermatozóides anormais, que não têm vitalidade suficiente para atin-

gir a trompa e penetrar no óvulo


* espermatozóides em número reduzido. Numa ejaculação há normal-

mente 50 a 100 milhões de espen-natozóides e pensa-se que uma ejaculação com


menos de 20 milhões de espermatozóides tem poucas possibilidades de ser
fecundante
* impotência - não havendo orgasmo não há ejaculação e portanto

emissão de espermatozóides.

Os casos de esterilidade

- devem ser investigados


- podem algumas vezes ser tratados medicamente ou cirurgicamente
- podem algumas vezes ser resolvidos por inseminação artificial.

É importante notar que a esterilidade, tanto na mulher como no homem não implica
necessariamente nenhuma perturbação sexual. Um homem ou uma mulher podem
ser estéreis e terem uma função sexual normal.
70
As doenças transmitidas sexualmente

- são muito numerosas e de gravidade muito diferente, podendo nalguns casos

até causar malformações no feto


- aumentam com as más condições higiénicas
- têm hoje quase sempre tratamentos fáceis se diagnosticadas e tratadas a

tempo
- têm aumentado, preocupantemente, nos últimos anos

* por diminuição de precauções, por se considerar que o seu tratamento é

fácil
* pela maior frequência das relações sexuais com diferentes parceiros

Entre as muitas doenças transmitidas sexualmente podemos citar

- a sífilis
- a blenorragia ou gonorreia («esquentamento»)
- as vaginites por triconomas ou por cândidas
- o herpes
- os piolhos do púbis («chatos»)
- o SIDA (Síndroma de Imuno-Deficiência Adquirida).

Deve-se suspeitar de doença transmitida sexualmente quando há:

- um corrimento vaginal na mulher ou uretral no homem


- comichão nos órgãos sexuais
- um ardor ao urinar ou nas relações sexuais
- uma ferida nos órgãos sexuais
- uma borbulha ou inchaço nos órgãos sexuais.

Quando uma pessoa tem, ou pensa ter, uma doença transmitida sexualmente deve:

- ir rapidamente ao médico
- não ter relações sexuais
- prevenir as pessoas com quem teve relações sexuais recentemente.
71
VIII

A SIDA

por Laura Ayres-Grupo de Trabalho da Sida

0 que é a SIDA?

SIDA significa ---Síndrorna de Imunodeficiência Adquirida”. É urna doença


transmissível que resulta de uma falha do sistema imunitário do organismo
que, em situações normais, permite ao ser humano defender-se contra
bactérias, vírus, parasitas e fungos presentes no meio ambiente.

A SIDA só recentemente foi identificada. Propwou-@c p@)o mundo inteiro em


menos de 8 anos, tendo os primeiros casos sido detectados em 1981, nos
Estados Unidos da América.

Actualmente, pensa-se que há entre 5 a 10 milhões de pessoas infectadas


pelo vírus HIV, causador da doença e de que se conhecem dois tipos (HIV1 e
HIV2).

Como se manifesta a doença? A história da infecção HIV não é ainda


suficientemente conhecida. Todavia, a experiência adquirida indica que o seu
período de incubação pode ser de 7 a 10 anos, ou ainda mais,

Os seropositivos, ou seja, pessoas portadoras do vírus da SIDA, mas isentas


de sintomas, podem vir ou não a desenvolver a doença.

72
Normalmente, os primeiros sintomas são:

- aumento do volume dos glânglios linfáticos


- suores nocturnos
- febre
- diarreia -perda rápida de peso
- fadiga invulgar e prolongada.

Mas atenção, só um exame médico completo poderá confirmar se se trata de SIDA ou não,
visto que todos estes sintomas acima descritos são comuns a outras doenças.

Há tratamento para a SIDA?


Não há ainda tratamento para a SIDA. Também não existe ainda nenhuma vacina e a maior
parte dos investigadores considera que uma vacina eficaz e facilmente disponível não será
possível nos próximos 5 anos.

Como se transmite a SIDA?

* vírus HIV é transmissível, embora menos que o da Hepatite B.


* vírus HIV só sobrevive nos líquidos orgânicos, tais como:

- sangue
- esperma
- fluido vaginal.

A sua transmissão faz-se, principalmente, por:

- contacto sexual
- injecção endovenosa com agulhas e seringas contaminadas
- transfusão de sangue contaminado ou administração de derivados do

sangue não tratados


- passagem do vírus de mães contaminadas para os filhos, durante a gra-

videz ou parto.

Não existem provas de transmissão da SIDA através de:

- carícias e abraços sanitários


- saliva piscinas
- beijo picadas de insectos
- roupas contactos sociais e de trabalho
- louças e talheres transportes públicos.

73
Quem pode contrair a SIDA?

Embora a doença possa afectar qualquer pessoa, ela manífesta-se mais frequentemente nos
grupos populacionais que a seguir se indicam:

- homossexuais do sexo masculino, sobretudo os que têm mais do que

um parceiro sexual
- heterossexuais, principalmente os que têm vários parceiros sexuais
- consumidores de droga que se injectam
- prostitutas/os
- parceiros sexuais de todos os grupos acima mencionados
- crianças nascidas de mães infectadas
- hemofílicos (que foram sujeitos a transfusões de sangue infectado, an-

tes de se ter identificado o vírus da SIDA).

Estudos recentes indicam que o consumo prolongado de haxixe ou marijuana enfraquece o


sistema imunitário, pelo que os consumidores habituais destas drogas, que sejam expostos
ao contágio do vírus HIV, têm mais probabilidades de serem infectados.

Como evitar que a SIDA se propague?


Se pensas que estás infectado:

- procura o teu médico que te indicará um serviço adequado onde o exame

pode ser feito com segurança e confidencíalídade


- diz ao teu parceiro sexual
- usa sempre um preservativo (as pessoas infectadas não necessitam de

abster-se de ter relações sexuais)


- não dês sangue
- se fores tox icodepen dente procura tratamento urgente e nunca uses seringas

e agulhas de outros.

Como evitar contrair a SIDA?


A SIDA não deve constituir motivo de pânico. Viver a sexualidade de uma forma saudável não
é só prevenir a SIDA, mas também prevenir as outras doenças de transmissão sexual, uma
gravidez indesejada, o aborto; é sentir-se bem consigo próprio e com a outra pessoa.

0 conhecimento dos parceiros e o uso de preservativos (também chamados camisas de


vénus) são os meios mais seguros de evitar o contágio, quer da SIDA, quer de outras doenças
de transmissão sexual.

Mas, antes de usares o preservativo verifica se está em boas condições. Utiliza-o só uma vez
e a seguir deita-o fora.
74
Não partilhes escovas de dentes, lâminas de barbear, seringas e agulhas bem como outros
objectos cortantes.

Exige a máxima higiene em qualquer local onde se utilizem objectos susceptíveis de provocar
o aparecimento de sangue. E atenção: podes dar sangue, uma vez que isso não constitui
qualquer perigo de contágio para ti.

A SIDA não deve constituir motivo de pânico; no entanto, não penses que a SIDA só pode
acontecer aos outros.

Face aos seropositívos e doentes de SIDA, que fazer?

0 contacto social (abraçar, acariciar, apertar a mão, etc.) com uma pessoa seropositiva ou
doente com SIDA não é contagioso, pelo que não se deve evitar. Pelo contrário, esse contacto
é importante para que a pessoa não se sinta marginalizada.

A SIDA ein Portugal


Em Portugal, o primeiro caso de SIDA foi diagnosticado em 1983. Até 30 de Junho de 1990
tomou-se conhecimento de 455 casos, dos quais 398 são homens e 57 são mulheres, com
idades compreendidas, na sua maioria, entre os 20 e os 49 anos, Embora 45% dos doentes
correspondam a homossexuais tem-se observado um nítido aumento de casos de doentes
heterossexuais.

75
4

Ix
A TOXICODEPENDÊNCIA

Os que se tornam dependentes de uma droga tambem se tornam doentes. E por


droga queremos significar toda a substância que quando consum ‘da 1

i - fumada, ‘nalada, engolida, injectada - desencadeia alterações psíquicas,


sentidas como agradáveis. A sua acção diminui com o uso, pelo que para obter o
mesmo efeito é necessário ir aumentando progressivamente as

doses; e quando se interrompe o seu consumo surge um conjunto de alterações


psíquicas ou mesmo físicas desagradáveis, mais graves em relação a umas drogas e
menos graves em relação a outras.

Há ainda que ter presente que uma das formas de transmissão do vírus que provoca
a SIDA é por injecção na veia com seringas já contaminadas por outros
toxicodependentes.

E o tabaco é ou não é uma droga?

0 tabaco pode ser considerado uma droga porque causa dependência e prejudica a saúde.
Mas quando falamos de droga referimo-nos normalmente a substâncias que tendem a tornar-
se o centro da vida de uma pessoa, o seu único objectivo, desejo, interesse. Os fumadores de
tabaco não vivem para fumar. Os toxicodependentes vivem para a substância de que são
dependentes.
76
0 álcool é também uma droga?

0 álcool é uma substância que tem todas as características apontadas em

relação às drogas. Há, como todos sabemos, consumidores de bebidas alcoólícas,


em todos os graus, desde os que bebem sem procurar nenhuma alteração psíquica
até aos que, deliberada ou acidentalmente, experimentam, por vezes, as alterações
psíquicas do álcool e há ainda os alcoólicos graves, completamente dependentes e
para quem o álcool é, de facto, uma droga, ou seja, para quem o álcool é o centro
da sua vida. E podemos mesmo dizer que o alcoolismo é a toxicodependência.’ mais
frequente no nosso país e responsável por inú meros casos de doença, de invalidez,
de acidente e mesmo de niorte. É, neste sentido, a mais grave das
toxicodependências em Portugal.

As drogas leves fazem mal à saúde?

Essa distinção entre drogas leves e drogas duras é uma distinção pouco clara e pelo
menos discutível. Parece ser uma distinção que parte da ideia de que certas drogas
não dão dependência, ou dão uma dependência tão ligeira que é compatível com o
seu uso ocasional. Ora, se é verdade que há pessoas que consomem
ocasionalmente certas drogas, como o haxixe, também há pessoas profundamente
dependentes do haxixe e que não vivem para outra coisa e que, apesar do haxixe
não dar dependência física, organizam toda a sua vida à volta do consumo desta
substância.

Mas entio a droga é isso!?

É. Muitas vezes os meios de comunicação social e alguns adultos falarn de droga em


termos pouco esclarecidos.

Ou seja, como sendo uma coisa cujo único inconveniente é fazer mal à saúde.

Mas quem contacta e conversa com toxicodependentes percebe que o

principal problema não é esse, mas o da escravidão e da progressiva diminuição dos


outros prazeres e interesses. É assim que os amigos, a conversa, o desporto, a
leitura, as viagens, a praia, o cinema, tudo vai perdendo significado.

A curiosidade, a sensibilidade, a ternura, a amizade, a sexualidade, tudo vai


progressivamente desaparecendo.

Aliás, é talvez esta a dificuldade principal do tratamento dos toxicodependentes. A


dificuldade principal não é ultrapassar o sofrimento da «ressaca»
- consequência da dependência física. É reaprender a viver, a reencontrar todos os
seus interesses e prazeres, incluindo o desejo e prazer sexual.

Só há uma forma de dizer não à dependência: é dizer não ao consumo!


77
iNDICE

Nota Prévia ...................................................................... 3


Introdução ...................................................................... 5

1- A Adolescência ......................................................... 6
11- A Afectividade .......................................................... 17
111- A Sexualidade ........................................................... 19 IV - Os órgãos
Sexuais ...................................................... 35 V - A Gravidez e o Parto ....................................................
55 VI - A Contracepção ......................................................... 62 VII - As
Doenças ............................................................. 68 VIII- A SIDA .................................................................
72

IX - A Toxicodependência ................................................... 76
Para mais informação sobre sexualidade, contracepção, SIDA ou
toxicodependência fala para a:

11'*nha , berta
Tel. 7267766 de Lisboa e 491212 do Porto

Todos os dias, das 12.00 h às 24.00 h e pelo Apartado 4294- 1507 Lisboa
Coclex

PARA UMA VIDA COM PROJECTOS

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