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Os tipos de textos

O gênero textual é determinado pela intenção que orienta o autor do


texto (oral ou escrito) e não pelo próprio assunto desse texto. O mesmo
assunto pode ser desenvolvido em textos de tipos diferentes e é de acordo
com a intenção, com o objetivo do autor, que aquele assunto será estrutu-
rado de uma certa maneira, observar-se-á determinado vocabulário etc.

Entretanto, conforme lembram Faraco e Tezza (2003, p. 155):


É muito difícil classificar todos os tipos de texto pela sua intencionalidade, porque há
sempre uma série de fatores envolvidos na sua produção, que também podem interferir
no resultado final: o momento histórico (dia, mês, ano), a influência dos assuntos desse
momento (a Copa do Mundo ou a eleição do presidente – observe como o “assunto
do momento” envelhece rapidamente!), o destinatário (Escrevo para quem? Qual
a linguagem dele?) etc. Isto é, nada do que se fala e se escreve consegue escapar a
essas circunstâncias, e as circunstâncias são infinitas, como infinito é o potencial da
linguagem.

A indicação de uma tipologia de discursos ou de textos depende do


elemento que se toma como critério para uma classificação. Por outro
lado, nem sempre os textos apresentam uma ou outra característica iso-
lada, ocorrendo frequentemente a mescla de características comuns a
outros tipos de textos. Deste modo, a tipologia se funda mais em algumas
características predominantes que exclusivas. Isto explica, em parte, o fato
de que os autores mais respeitados divergem em suas propostas de clas-
sificação. Levando tais questões em consideração e lembrando que qual-
quer quadro classificatório é, neste caso, passível de contestação, vamos
indicar algumas taxionomias presentes na literatura contemporânea.

Texto literário e não-literário


Uma primeira classificação distingue textos literários e não-literários.
Embora não seja possível traçar uma fronteira absoluta entre ambos, é pos-
sível distingui-los pela predominância de alguns aspectos. Nesse sentido,
podemos classificá-los observando a predominância dos seguintes traços:

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Texto literário: Texto não-literário:

 prevalência da função estética;  prevalência da função utilitária;

 relevância do plano da expressão;  relevância do plano da informa-


ção;
 intangibilidade (caráter intocá-
vel da organização linguística do  tangibilidade (permite alterar a
texto); organização linguística);

 prevalência da conotação;  prevalência da denotação;

 plurissignificação.  unidade de sentido.

Narrativo, descritivo e dissertativo


Quanto ao desenvolvimento do tema, os textos podem ser classificados em
narração, descrição e dissertação. Cabe, novamente, lembrar que essa classifi-
cação se refere à característica predominante no texto, não sendo comum um
texto exclusivamente narrativo ou descritivo.

 Narrativo: é o texto em que predomina a sucessão de fatos, imagens ou


acontecimentos, numa sequência ordenada, temporal ou causal. Apre-
senta um narrador, personagens e caracterização do espaço. São textos
narrativos: a) ficcionais – romance, conto, crônica, fábula, lenda, parábola,
anedota, poesia e poema épico; b) não-ficcionais – memorialismo, notí-
cias, relatos, história da civilização.

 Descritivo: quando predomina a descrição, isto é, a sequência de aspectos


ou características de algo existente ou imaginário.

 Dissertativo: consiste na sequência de ideias, opiniões acerca de um deter-


minado assunto. A dissertação pode ser expositiva ou polêmica, ou ainda,
mesclar ambas as formas.

Elementos do texto narrativo


Observe a seguinte narrativa:

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O homem entrou, lastimável. Trazia o chapéu numa das mãos e a carteira


na outra. O senhor, sem se levantar da mesa, exclamou vivamente:

– Ah! É a minha carteira. Onde a encontrou?

– Na esquina da Rua Sarandi. Junto da calçada.

E, com um gesto ao mesmo tempo satisfeito e servil, entregou o objeto.

– Leu o meu endereço nos cartões de visita, não é?

– Sim senhor. Veja se falta alguma coisa...

O senhor revistou minuciosamente os papéis. As marcas dos dedos sujos


o irritaram: – “Como é que você amarrotou tudo!” Depois, com indiferença
contou o dinheiro: mil duzentos e trinta; sim, não faltava nada.

Nesse trecho podemos perceber um narrador – alguém que conta a histó-


ria. Observamos, também, que há dois personagens: um identificado como “o
homem” e outro como “o senhor”. Há, ainda, uma sequência de ações, que se
desenrolam em determinado lugar e tempo, envolvendo esses personagens.

– Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita viajava de escoteiro, com a guaia-


ca empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por
me ficar mais perto da estância da Coronilha, onde devia pousar.

Parece que foi ontem!... Era por fevereiro; eu vinha abombado da


troteada.

– Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato,


que está nos vendo, na beira do passo, desencilhei; e estendido nos pele-
gos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada
morruda.

Neste outro trecho, observa-se apenas um personagem. Além disso, o pró-


prio personagem é o narrador da história. Tal como no texto anterior, há uma
sequência de ações envolvendo o personagem.

Apesar do personagem único e da identidade entre o personagem e o nar-


rador, em ambos os textos podemos identificar todos os elementos que consti-
tuem uma narrativa: personagens, ações ou enredo, narrador.

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São, portanto, elementos da narrativa:

 Personagens – são os seres fictícios ou reais que atuam na história.

 O narrador – aquele que conta a história. A narrativa pode se dar de dife-


rentes pontos de vista: o ponto de vista de um narrador que participa da
história (como no segundo texto acima) e que, portanto, é um dos per-
sonagens; um narrador que não participa da história (como no primei-
ro texto acima). O foco narrativo pode, portanto, ser na primeira pessoa
(quando o narrador participa da história) ou na terceira pessoa (quando o
narrador não é partícipe da história).

 Enredo ou trama – é a ordenação dos fatos que serão narrados, de forma


a garantir um nexo causal suficiente para o desenvolvimento da trama.
Geralmente, envolve conflito, que é a oposição entre duas forças ou dois
personagens. O desfecho é a solução do conflito.

 Caracterização do espaço – situa a trama em determinado espaço e tempo.

Discurso argumentativo
Tomando-se como critério a argumentação, podemos encontrar a seguinte
classificação textual:

 Discurso deliberativo – objetiva o aconselhamento.

 Discurso judiciário – objetiva a acusação ou defesa.

 Discurso epidítico – tem como objetivo a loa ou a censura.

 Discurso crítico – visa ao acordo ou à contestação.

Orlandi (1983) propõe, ainda levando em conta a argumentação – ou persu-


asão – a seguinte classificação:

 Discurso lúdico – é a forma mais aberta e democrática de discurso. Ofe-


rece um menor grau de persuasão, tendendo mesmo à quase anulação da
posição comprometida com o imperativo e a verdade única. É o discurso
marcado pelo jogo das interlocuções.

 Discurso polêmico – o grau de persuasão é tensionado entre os interlocu-


tores. Expressando um embate de ideias, o texto polêmico tende a ser me-
nos polissêmico, posto orientar-se pelo desejo de um interlocutor afirmar a
sua verdade ao outro e, deste modo, fixar-se em sentidos mais objetivos.
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 Discurso autoritário – a persuasão atinge o grau máximo e se instauram


condições para o exercício da dominação. É um discurso exclusivista, im-
positivo, que não permite ponderações.

Classificação quanto ao objetivo


Quanto ao objetivo, os textos podem classificar-se em:

 Jornalísticos – os textos jornalísticos apresentam os fatos momentaneamen-


te mais relevantes. Neles predomina a função informativa da linguagem. Den-
tro deste tipo incluem-se: a notícia, o artigo de opinião e a reportagem.

 De informação científica – são os textos cujo conteúdo provém dos vá-


rios campos científicos. Podem ser desenvolvidos em uma linguagem
mais técnica, quando dirigido a interlocutores do mesmo campo ou nível,
ou em uma linguagem mais acessível, quando objetiva a divulgação de
informações científicas a leigos.

 Instrucionais – são textos que recorrem predominantemente à função


apelativa e objetivam orientar a realização de determinadas atividades. É
o caso dos manuais de instrução, das receitas etc.

 Epistolares – este tipo reúne as correspondências formais e informais:


cartas, convites, bilhetes etc.

 Humorísticos – são textos que objetivam despertar o riso mediante o uso de


recursos linguísticos e/ou iconográficos que alteram ou quebram a ordem
natural dos fatos. Pertencem a este tipo: a sátira, a caricatura, a paródia.

 Publicitários – característicos da sociedade de consumo, estes textos


apoiam-se na função apelativa, pois seu objetivo é convencer o interlocu-
tor a adquirir alguma mercadoria. Os textos publicitários podem ser orga-
nizados na forma de propaganda, folheto, cartaz, anúncio ou classificados.

 Contratuais – são textos que estabelecem explicitamente obrigações e


deveres. A sua circulação irrestrita – atingindo todas as classes sociais – é
característica específica da sociedade contemporânea. Os textos desta na-
tureza são aparentemente calcados na igualdade – pois prescrevem, su-
postamente, direitos e deveres igualitários ou, quando não, ao menos acor-
dados entre os signatários. Entretanto, posto que estes signatários, via de
regra, encontram-se em condições sociais e de poder desiguais, um dos sig-
natários acaba por impor seus interesses ao outro, oficializando o ­“acordo”
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de forma documental. Inscrevem-se neste conjunto as constituições, as leis,


resoluções, normas, contratos, cheques, notas promissórias etc.

O importante, no ensino da língua, é que o professor atente para o fato de


que cada tipo de discurso ou texto vai requerer preferencialmente o emprego de
determinados recursos como mecanismo de constituição do sentido, tendo em
vista o objetivo do autor. Daí a importância do trabalho com o texto como arti-
culador da prática pedagógica, pois é no contexto do texto que determinados
conteúdos podem ser analisados e entendidos.

Texto complementar

Variedades da narração
(BECHARA, 1974, p. 92)

A narração pode constituir um romance, uma novela, um conto, uma crôni-


ca, um esboço biográfico, um perfil, uma anedota, entre outras variedades.

O romance e a novela apresentam uma estrutura complexa...

O conto é a essência de um assunto que mais ampliado pode produzir


uma novela ou um romance. Lembremo-nos de que o conto “Civilização” de
Eça de Queiroz se desenvolve no romance A Cidade e as Serras, do mesmo
autor. Limita-se a episódios essenciais e evita os pormenores.

A crônica é uma composição breve relacionada com um fato da atualidade.

O esboço biográfico e o perfil fazem um relato da vida do personagem.


Quando o personagem é o próprio narrador temos uma autobiografia. O
esboço biográfico relata a vida do personagem, a sua obra ou atividade, en-
quanto o perfil – de menor extensão que a variedade anterior – ressalta os
traços marcante da personalidade do biografado.

A anedota versa um assunto que se caracteriza pela sua originalidade,


pelo seu pouco conhecimento, por parte do leitor ou ouvinte (anedota
significa, na origem, assunto “inédito”). Posteriormente passou a designar
também uma breve narrativa de intenção humorística.

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