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I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
De fato, diante de tal situação, apenas restou à autora três opções, duas
das quais pouco razoáveis e bem mais dispendiosas: desembolsar cerca de
alguns milhares de reais pelas passagens aéreas de volta, desistir da viagem
uma vez que apenas havia obtido êxito em adquirir um único trecho do
percurso total desejado ou, opção feita pela parte autora, realizar a
transferência dos pontos necessários para conta mantida pelo seu cunhado,
que, conforme averiguado na ocasião, encontrava-se apta a realizar a
transação desejada. Frise-se que tal operação de transferência custou à Sra.
Fulana o equivalente a R$960,00 (novecentos e sessenta reais), valor
considerável, mas ainda inferior à quantia que seria despendida acaso optasse
por concluir a compra fora da plataforma, uma vez que tal valor apenas
correspondeu à taxa cobrada pela transferência, sendo as passagens aéreas
adquiridas com suas milhas. Fica clara, pois, a boa-fé da autora, ao escolher
minimizar os danos para si por meio da alternativa menos onerosa disponível.
Destaque-se que é do consumidor o direito de decidir acerca da
conveniência de quando e por que adquirir determinado produto ou serviço,
cabendo àquele arcar unicamente com o ônus econômico-financeiro decorrente
de sua escolha, em virtude das variações de mercado em função de questões
de oferta e demanda. À empresa, por sua vez, incumbe disponibilizar o serviço
de forma ininterrupta através de seu sítio eletrônico, não havendo que se falar
em inconveniência da decisão do consumidor quanto a datas ou quaisquer
outras variáveis abarcadas pela proposta a que aderiu por meio de contrato.
Com efeito, a própria empresa, por meio de mensagem de e-mail,
reconhece o retardo na solução do problema e o transtorno causado:
1 https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/da-responsabilidade-pelo-fato-do-produto-e-do-
servico-03022016. Acesso em 01/12/2018.
Ante todo o exposto, requer a autora:
a) Conceder os benefícios da justiça gratuita;
b) a citação das empresas demandadas para, querendo, responder à presente,
sob pena de revelia;
c) a inversão do ônus da prova em favor da parte autora, nos moldes do
Código de Defesa do Consumidor;
d) ordenar, por se tratar de relação de consumo e, por conseguinte, de
interesse social, a intimação do Parquet;
e) JULGAR PROCEDENTE a presente ação, condenando solidariamente as
rés a pagar à autora:
1) a restabelecer o funcionamento de sua conta na plataforma Multiplus;
2) a ressarcir a consumidora pelos 16.000 (dezesseis mil) pontos extraviados,
além de eventuais outras quantias que poderão ser reveladas no decorrer do
processo (art. 286, II, do CPC), acrescidas de correção pelo IGP-M, a contar do
arbitramento, com juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação;
3) uma indenização por dano moral (art. 5º. CF/88 c/c arts. 6º, inciso VI, e 14
do CDC), em montante a ser arbitrado por este juízo, apontando-se, com base
na capacidade financeira das partes e no grau e extensão do dano, o valor
mínimo correspondente a XX salários-mínimos;
4) bem como ao ressarcimento pelo dispêndio da quantia relativa à
transferência de pontos indesejada, mas necessária, a saber, R$ 960,00
(novecentos e sessenta reais); tudo isso sob pena de multa diária por
descumprimento;
f) condenar as rés nas cominações de direito e nas verbas sucumbenciais;
g) a não realização da audiência de conciliação.
Dá-se à causa o valor de R$ 20.000 (vinte mil reais), para fins procedimentais.
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Cidade, data.
ADVOGADO
OAB