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3) O art. 5º, IV, da Constituição Federal garante que ''é livre a manifestação do
pensamento, sendo vedado o anonimato''. É o último trecho do enunciado que dá
acesso ao lado adverso do exercício deste direito. Ao explicitar que o reconhecimento
do autor da manifestação se faz necessário, o dispositivo já indica que o referido direito
possui ressalvas. Tal necessidade decorre da possível responsabilização na órbita
jurídica, que pode advir do exercício da liberdade de pensamento. Ademais, é preciso
lembrar da evidência de que os direitos fundamentais, ao menos em nossa ordem
constitucional, não são absolutos, uma vez que encontram seus limites nos demais
direitos igualmente consagrados na Magna Carta. Todavia, tais limitações também
possuem limites e a doutrina especializada tem sugerido um rol de pressupostos a
serem observados: princípio da legalidade, princípio da generalidade e abstração,
observância da máxima proporcionalidade, respeito ao núcleo essencial do direito
fundamental, etc.
4) A questão abordada possui diversas variáveis, que vão desde evidentes antinomias que
possui o nosso ordenamento até a velha questão de alguns direitos positivados - no caso
em apreço, as leis de execução penal - que acabam não se mostrando eficazes. O
primeiro ponto a ser levantado é o seguinte: pelo ordenamento, há determinados bens
jurídicos fundamentais que são penalmente tutelados. A violação de qualquer um deles
representará uma conduta profundamente lesiva à vida social. O autor do atendado à
essa classe de bens jurídicos incorrerá em uma sanção penal, visando tanto proteção do
corpo social, quanto à satisfação do sentimento de justiça por parte da vítima lesada.
Aqui, o réu terá seu direito à liberdade parcial ou totalmente suspenso, dentre outras
sanções, o que contraria alguns dispositivos constitucionais.
É sabido que, para a harmonia do sistema jurídico, nenhum direito fundamental é
irrestrito, havendo casos em que a segurança do Estado poderá sobrepor-se a um direito
fundamental, tendo em vista a proteção da sociedade como um todo.
Mas a questão central não é em si o poder coercitivo do Estado, que dá e tira um direito
ao mesmo tempo. É como ele intervém sobre alguns direitos fundamentais do indivíduo
quando este é posto em seu sistema penitenciário. A Lei 7.210/84 (Lei de Execução
Penal) tem como objetivo, ''proporcionar condições para a harmônica integração social
do condenado e do internado''. Há também o princípio da Humanização da Pena (Artigo
5º, inciso LVII, CF), que procura afastar a forma primitiva de punir. Admitido o fato de
que a privação da liberdade não configura outra coisa senão tratamento degradante,
faz-se preciso atenuar o máximo possível tal aviltamento, reunindo as condições
materiais necessárias isso.