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Este estudo tem por objetivo observar os aspectos aristotélicos que foram
resgatados por autores contemporâneos do Direito, principalmente aqueles que se
voltaram para as teorias da argumentação, a exemplo de Perelman e Viehgweg. A
inquietação inicial resulta de uma incoerência pedagógica observada em escolas de
graduação jurídicas onde o ensino destaca a aplicação subsuntiva da imputação e
aplicação, entre outras, de casos concretos às normas como fórmula lógica
avalorativa para se entender o Direito, forma esta, proposta pelo positivismo
normativista. Logo, perquire se a lógica formal não resta suficiente para a
compreensão dos fenômenos jurídicos. O estudo é ancorado em referenciais
teóricos que, entre outros, considera as teorias de interpretação de Perelman e
Viehweg. É uma pesquisa bibliográfica e documental indireta de cunho qualitativo
explicativo sobre as formas de raciocinar em Aristóteles, notadamente nos textos da
Tópica e da Retórica, nas teorias de interpretação de autores que tem influenciado
consideravelmente os modos de pensar o Direito. Assim, a proposta é reconhecer,
identificar e expor os principais elementos resgatados pelas teorias contemporâneas
de argumentação nos textos aristotélicos como forma auxiliar de compreensão das
formas do pensar jurídico.
Mas, esse modo de entender esse processo não explicou como atuavam as
interferências dos juízos de valor.
para os convencimentos que, no Direito, resultam nas decisões judiciais, como será
visto adiante. Por ora, ainda é necessário perceber como a principal fonte da
interpretação clássica, Aristóteles, estabeleceu os fundamentos do pensar, do
raciocinar humano já na Antiguidade.
É nesse conjunto das obras sobre lógica que podem ser encontrados os
vários modos de raciocinar aristotélicos. Na obra Analíticos Anteriores, que também
é chamada de Primeiros Analíticos, Aristóteles, em 2 livros, trata sobre o raciocínio
em geral, que em grego se dá o termo silogismo (συλλογισμός), e continua nos
Analíticos Posteriores, que também são chamados de Segundos Analíticos, com
mais 2 livros, mas provavelmente compondo uma só obra com os Primeiros, a tratar
do raciocínio “científico” também chamado de demonstração ou silogismo
demonstrativo. Ressalte-se que é na obra Tópicos ou Tópica, que Aristóteles, em 8
livros: apresenta a argumentação baseada em opiniões aceitas pela sociedade, o
que ele denomina de silogismo dialético. Assim, dentre os modos básicos de
raciocinar em Aristóteles os principais são o silogismo analítico e a argumentação
dialética.
A expressão "lógica" nunca foi utilizada por Aristóteles, que preferia o termo
"analítica". "Lógica", no sentido usualmente empregado, só surgiu, pela primeira
vez, com os filosóficos estóicos e por Alexandre de Afrodisia (Órganon – sec. II).
Para Aristóteles, "analytikós" correspondia ao ato de dissolução para busca dos
elementos, causas ou condições. As proposições evidentes são as proposições que
por si mesmas garantem a própria certeza. Ou seja, um juízo analítico é aquele no
qual o predicado já está contido no próprio sujeito. Tal juízo visa explicitar o
significado do que já se contém no sujeito, ainda que isto repouse desconhecido.
inclusive, em sua Nova Retórica, percebem que esta aplicação irracional do direito
só levaria os seres humanos à violência, então eles propõem um projeto teórico de
pesquisa de uma "lógica dos julgamentos de valor" (2005, p. 66-70).
A ideia de Jurisprudência trazida no título de sua obra não diz respeito apenas
aos precedentes e sentenças dos tribunais, mas a algo mais amplo. Jurisprudência
ali está no sentido de todo o Direito, da assim também chamada ciência jurídica. O
termo ciência jurídica é visto por Viehweg como impróprio, pois, para ele, o Direito
não seria uma ciência, mas seria uma prudência. Isso porque para Aristóteles, a
ciência trata do universal, isto é, daquilo que é idêntico em todos os lugares, sempre
se comportando da mesma forma. Seriam verdades necessárias, e nesse sentido
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Por sua vez, a prudência é a reta razão no agir, a recta ratio agibilium,
enquanto a arte é a reta razão no fazer, a recta ratio factibilium. Ou seja, a prudência
é a virtude que aperfeiçoa a razão humana, para que esta oriente convenientemente
as operações ou ações dos agentes. Por meio dela, o ser humano pode realizar atos
virtuosos, porque sua inteligência ilumina a vontade e mostra a esta o caminho para
se alcançar o bem ético. A prudência apresenta dois momentos: a deliberação e a
eleição. A razão pesa as razões para agir de uma determinada forma, e no final
indica a opção por um caminho específico (AUBENQUE, 1999, p. 123-163). Tanto a
prudência quanto a técnica são saberes práticos, relacionados ao contingente e ao
comportamento humano. Porém, conforme visto anteriormente, a prudência diz
respeito ao agir, à praxis, enquanto a técnica regula o fazer, a poiesis. Tendo essas
diferenças em conta, torna-se fácil concluir que o direito é principalmente uma arte,
porque ele não garante que o jurista ou as partes interessadas ajam de uma maneira
correta interiormente. Ele se limita ao aspecto exterior, a algo produzido; é uma
técnica que permite descobrir qual é o justo no caso concreto, aquilo que é devido
para os envolvidos em uma relação em torno de bens externos.
Referências
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. trad. J. Cretela Jr. e Agnes Cretela. 9. ed.
rev. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.
Abstract: The subject of this article is the language and the nature of arguments in
Law. From the concern that educational centers emphasize the study of judicial
syllogistic reasoning as part of its formal logic, this paper questions which elements
were rescued by contemporary theories of argumentation within the Aristotelians
formulas. The study recognizes that within the logic of Law not only formal logic of
Aristotle was established as a means of interpretation in Law today, but also the
dialectic logic of Aristotle was rescued by the main theories of argumentation, once
that is a first-order philosophical th ought, forgotten for a long time, which determined
new directions for interpretation and legal argument. The study makes a review of
qualitative nature especially on the theories of Perelam and Viehgweg.