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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA ELÉTRICA
2008
Paulo César de Melo Bernardo
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
CDU: 620.91
Dedicatória
ii
Agradecimentos
Aos professores Zélia Myriam Assis Peixoto e Lauro de Vilhena Brandão Machado
Neto, amigos e companheiros de longa data, pela orientação deste trabalho.
Ao professor Luiz Danilo Barbosa Terra pelo incentivo recebido por ocasião do meu
ingresso no Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
da PUCMINAS.
Ao meu amigo e companheiro Wilson de Paulo (Chaparral) pela força e bom humor em
todos os momentos.
Aos meus pais, Avelino e Cecília, responsáveis por eu chegar até aqui.
iii
Resumo
Este trabalho trata dos sistemas utilizados na conversão direta da energia solar em
energia elétrica, destacando três de seus principais aspectos: os dispositivos próprios
para a conversão fotovoltaica, os conversores estáticos de potência e técnicas de
controle que, aplicadas ao conversor estático de potência, permitem a melhoria da
estabilidade e aumento da eficiência do sistema. Dentre os diversos métodos de controle
disponíveis, a técnica de rastreamento do ponto de máxima potência é utilizada visando
à máxima transferência de potência entre o painel solar e a carga, considerando
variações da temperatura ambiente, irradiação solar e variações sobre a carga conectada
à saída do sistema. A análise é desenvolvida em três etapas. Em um primeiro momento,
investiga-se as células e painéis solares e o conceito do ponto de operação em máxima
potência. São apresentados os fundamentos teóricos das células e painéis solares, suas
características elétricas e comportamento dinâmico, incluindo-se os respectivos modelos
matemáticos e circuitos elétricos equivalentes. Na segunda etapa são estudados os
conversores estáticos de potência. Dentre as topologias, usualmente aplicados aos
sistemas fotovoltaicos, destaca-se a utilização do conversor Buck ou abaixador. São
apresentados os fundamentos teóricos relativos ao seu funcionamento, sua análise
matemática e em seguida, o projeto e simulação de um conversor para uma aplicação
específica em sistemas fotovoltaicos. Com base em parâmetros previamente estimados,
é realizada a associação do painel solar e do conversor eletrônico de potência
utilizando-se o algoritmo de controle para o rastreamento do ponto de máxima potência.
Para a avaliação do desempenho do sistema, são realizadas simulações sob condições de
teste padrão, incluindo-se distúrbios na irradiação e temperatura. Finalmente, é realizada
a implementação experimental do sistema, possibilitando a comparação teórico-prática
da aplicação da técnica de rastreamento do ponto de máxima potência ao conversor
projetado. Os testes realizados incluem variações sob as condições de irradiação e
temperatura aproximadamente constante. Os resultados obtidos comprovam o bom
desempenho do conversor Buck com controle através da técnica de rastreamento do
ponto de máxima potência para as aplicações em sistemas fotovoltaicos.
iv
Abstract
This paper deals with systems used for direct conversion of the solar energy into
electrical energy, emphasizing three main aspects: the devices applied to the
photovoltaic conversion, static power converters and control techniques used to the
improvement of the stability and efficiency of these energy conversion systems.
Among the several available control methods, the maximum power point tracking
technique is used in order to achieve maximum power transfer between the solar panel
and the load, considering changes in the environmental temperature, solar irradiation
and the load connected to the output of the system. The analysis is developed in three
stages. At the first stage, solar cells, solar panel and the concept of the maximum power
operation point are investigated. The theoretical concepts of cells and solar panels are
shown with their electrical characteristics and dynamic behavior, including their
respective mathematical models and equivalent electric circuits. At the second stage,
static power converters are studied. Among the topologies usually applied to
photovoltaic systems, the Buck convert converter is thoroughly studied. The theoretical
basis of its operation, mathematical analysis and the project and simulation of a
converter Buck for a specific photovoltaic application are presented. Next, based on
previously estimated parameters, it is made the association between solar panel and
electronic power converter using the control algorithm for the maximum power point
tracking. Simulations are made for evaluation of the system’s performance under
standard test conditions and including disturbance in the irradiation and temperature.
Finally, the set composed by the solar panel and Buck converter is experimentally
implemented, allowing the comparison between the theoretical and practical results in
relation to the maximum power point tracking technique. The tests are carried out
considering variations under the solar irradiation and nearly constant temperature. The
results achieved confirm the good performance of the Buck converter using the control
method based on the maximum power point tracking technique for photovoltaic system
applications.
v
Sumário
Lista de Acrônimos...................................................................................................... viii
Lista de Figuras ............................................................................................................. xi
Introdução Geral .............................................................................................................1
1.1 Descrição do trabalho ............................................................................................. 1
1.2 Justificativa e contribuições.................................................................................... 1
1.3 Objetivos................................................................................................................. 2
1.4 Organização do texto .............................................................................................. 3
1.5 Conclusão ............................................................................................................... 4
Revisão Bibliográfica.......................................................................................................5
2.1 Introdução............................................................................................................... 5
2.2 Energia Fotovoltaica: Um breve histórico.............................................................. 5
2.3 O Estado da Arte .................................................................................................... 6
2.4 Conversores estáticos de potência aplicados aos sistemas fotovoltaicos ............. 25
2.5 Conclusão ............................................................................................................. 30
vi
O Conversor Fotovoltaico com Controle MPPT ........................................................67
5.1 Introdução............................................................................................................. 67
5.2 Algoritmos MPPT ................................................................................................ 67
5.3 Simulações sob condições de teste padrão ........................................................... 72
5.4 Simulações incluindo distúrbios na irradiação e temperatura .............................. 73
5.5 Rastreamento do ponto de máxima potência........................................................ 76
5.6 Conclusão ............................................................................................................. 78
vii
Lista de Acrônimos
Id Corrente no diodo
IL Corrente da linha
IL Corrente do indutor
viii
I OP Corrente de operação ótima
K Constante de Boltzmann
ki Razão entre a corrente de curto-circuito e coeficiente de temperatura para
I cc = 0,0017 A/Cº.
k Constante de proporcionalidade
M Gradiente da curva tensão/corrente M = dV
dI
MPPT Maximum Power Point Tracker
NREL National Renewable Energy Laboratory
ns Número de células conectadas em série
Pi Potência de entrada.
Po Potência de saída.
PL Potência da linha
Rp Resistência paralela
R pv Resistência fotovoltaica
Tr Temperatura de referência
Ts Intervalo de amostragem
t on Tempo de acionamento
ix
VA Tensão do painel solar
Vb Tensão da bateria
VL Tensão da linha
Vo Tensão de saída
x
Lista de Figuras
xi
Figura 3.19: Modelo de célula solar com resistências em série e em paralelo. ........................ 45
Figura 3.20: Modelo de célula solar com dois diodos e resistências internas. ......................... 46
Figura 3.21: Modelo efetivo de uma célula solar ................................................................. 46
Figura 3.22: Modelagem matemática da célula solar utilizando o software Simulink. ............. 49
Figura 3.23: Entradas e saídas do modelo de célula solar...................................................... 50
Figura 3.24: Modelagem do painel solar. ............................................................................ 50
Figura 3.25: Simulação das curvas IV da célula solar para 5 níveis de irradiação solar e com
temperatura constante, para uma carga resistiva de 1Ω . ............................................... 52
Figura 3.26: Simulação das curvas PV da célula solar para 5 níveis de irradiação solar e com
temperatura constante, para uma carga resistiva de 1Ω . ............................................... 52
Figura 3.27 (a): Curvas IV fornecidas pelo fabricante [KYOCERA Corporation, 2007]........... 53
Figura 3.27 (b): Curvas IV geradas pelo modelo Simulink. ................................................... 53
Figura 3.28: Curvas PV geradas pelo modelo Simulink......................................................... 54
Figura 4.1: Diagrama esquemático do regulador Buck. ......................................................... 58
Figura 4.2.: Estados do conversor Buck, modo de operação contínuo. ................................... 58
Figura 4.3: Formas de onda do regulador Buck. ................................................................... 59
Figura 4.4: Modelo Simulink para o regulador Buck. ............................................................ 64
Figura 4.5: Tensão e corrente na saída para o regulador Buck simulado. ................................ 65
Figura 4.6: Potência de entrada e de saída para o regulador Buck simulado............................ 65
Figura 4.7: Delta de corrente no indutor ∆i e tensão de ondulação no capacitor ∆VC para o
regulador Buck simulado............................................................................................ 66
Figura 5.1: Algoritmo de controle P&O (Perturb & Observer). ............................................ 68
Figura 5.2: Implementação do algoritmo P&O, utilizando o MatLab/Simulink....................... 69
Figura 5.3: Detalhe do acionamento do MOSFET do conversor Buck. ................................... 69
Figura 5.4: Painel solar acoplado ao conversor c.c.- c.c.. e bloco MPPT. ............................... 70
Figura 5.5: (a) Formas de onda da potência de entrada Pi e de saída Po. (b) Detalhe do
chaveamento na potência de entrada e oscilações na potência de saída em regime
estacionário............................................................................................................... 71
Figura 5.6: Detalhe das formas de onda da tensão e corrente no MOSFET em regime
estacionário............................................................................................................... 71
Figura 5.7: Diagrama em blocos para o fornecimento das variáveis temperatura e irradiação. . 72
Figura 5.8: (a) Características elétricas de saída do painel solar com temperatura (25ºC) e foto-
corrente ( I ph = 3 A ) constantes. (b) Características elétricas na saída do chopper (carga).
................................................................................................................................ 72
Figura 5.9: Detalhe das características de tensão e corrente na carga mostrando as ondulações de
corrente no indutor ∆i e de tensão de ondulação no capacitor ∆VC . ............................ 73
Figura 5.10: Distúrbios na irradiação injetados no modelo.................................................... 73
Figura 5.11: (a) Características elétricas do painel solar com temperatura constante (25ºC) e
foto-corrente variável. (b) Características elétricas do chopper (carga). ......................... 74
Figura 5.12: Distúrbios na temperatura injetados no modelo................................................. 74
Figura 5.13: (a) Características elétricas do painel solar com temperatura variável e foto-
corrente constante ( I ph = 3 A ). (b) Características elétricas do chopper (carga)............. 75
Figura 5.14: Distúrbios na temperatura e irradiação injetados no modelo............................... 75
Figura 5.15: Características elétricas do sistema para distúrbios na temperatura e na irradiação
solar. ........................................................................................................................ 76
Figura 5.16: Variação da carga aplicada ao sistema. ............................................................ 76
Figura 5.17: (a) Características elétricas de saída do painel solar com a variação da carga com
temperatura e foto-corrente constantes. (b) Características elétricas na saída do chopper
(carga). ..................................................................................................................... 77
xii
Figura 5.18: Curvas de corrente e potência em função da potência para a condição de carga
variável. ................................................................................................................... 77
Figura 5.19: Detalhe da operação do conversor na região de potência de máxima. ................. 78
Figura 6.1: Detalhe da alimentação para o micro-controlador HC08...................................... 80
Figura 6.2: Detalhe do sistema de aquisição de sinais de tensão do painel solar. .................... 81
Figura 6.3: Detalhe do sistema de aquisição dos sinais de corrente do painel solar. ................ 81
Figura 6.4: Diagrama elétrico do conversor Buck................................................................. 82
Figura 6.5: Diagrama elétrico completo do Gerador Fotovoltaico. ........................................ 82
Figura 6.6: Foto-corrente I ph e corrente de entrada do conversor Buck................................. 84
Figura 6.7: Irradiação, Corrente e Tensão de entrada do conversor de potência. ..................... 85
Figura 6.8: Amostras de potência do painel solar. ................................................................ 85
Figura 6.9: Pontos de operação e curvas corrente-tensão do painel solar com controle de MPPT,
considerando uma carga resistiva igual a 5Ω. .............................................................. 86
Figura 6.10: Pontos de operação e curvas corrente-tensão do painel solar com controle de
MPPT, considerando uma bateria 12 V c.c. como carga................................................ 86
xiii
Capítulo 1
Introdução Geral
No momento em que são discutidas novas fontes de energia não poluente, os sistemas
de geração de energia elétrica, a partir de fontes renováveis, se destacam no cenário
mundial. A utilização da energia solar, apesar de não ser novidade, toma um grande
impulso em vários países onde vários pesquisadores se dedicam ao estudo de novas
técnicas de aprimoramento destes sistemas. Mesmo em países como o Brasil, onde
predomina a energia elétrica oriunda de recursos hídricos, combustíveis fósseis ou
biomassa, as aplicações domésticas da energia solar se tornam uma nova opção. A
energia solar fotovoltaica se apresenta como uma alternativa viável para locais onde não
há energia elétrica ou aplicações de pequeno consumo.
1
No Brasil, os processos de aproveitamento da energia solar mais usados são o
aquecimento de água e a geração fotovoltaica de energia elétrica, o primeiro se
concentra nas regiões Sul e Sudeste, devido às suas características climáticas, e o
segundo, nas regiões Norte e Nordeste, em comunidades isoladas da rede de energia
elétrica. Este quadro se encontra em ampliação sob o ponto de vista de novas aplicações
como: iluminação pública, decorativa e residencial; sistemas de emergência;
bombeamento de água; cerca elétrica; rádio, televisão, telefonia rural, fixa e celular;
carregamento de baterias (barcos e veículos em geral); náutica e embarcações;
informática (computadores e internet); telecomunicações, transmissão de dados;
sinalização; refrigeração doméstica; entre varias outras [ANEEL, 2002].
1.3 Objetivos
2
− O projeto e a análise, através de simulações em ambiente MatLab – Simulink, de um
conversor Buck;
Espera-se que este trabalho possa contribuir para uma melhor compreensão e futuros
desenvolvimentos de sistemas geradores de energia com base na energia fotovoltaica.
No capítulo 5, é feita a conexão dos modelos do painel solar e do conversor c.c. - c.c.
desenvolvidos anteriormente. Com a finalidade de controlar o fluxo de potência do
sistema para uma carga resistiva é apresentado um modelo contendo o algoritmo de
3
controle. Este algoritmo conhecido como Perturber and Observer (P&O) é baseado na
comparação da potência de entrada e de saída do conversor de potência, sendo a
diferença utilizada como referência para o ajuste do ponto de trabalho do conversor de
potência. O modelo completo, unindo a célula/painel fotovoltaico com o conversor de
potência e controle de rastreamento de máxima potência, é apresentado e simulado sob
diversas condições de operação. São apresentados os resultados obtidos.
1.5 Conclusão
Em linhas gerais, este capítulo apresentou o tema a ser abordado no trabalho, sua
relevância na atualidade, os objetivos traçados bem como a organização do texto. Pelo
exposto, espera-se contribuir para a orientação da leitura do trabalho e a simplificação
necessária ao entendimento das diversas etapas envolvidas no desenvolvimento do
tema.
4
Capítulo 2
Revisão Bibliográfica
2.1 Introdução
Segundo [CRESEB, 2000] e [ALTENER, 2004], o sol fornece à terra uma energia da
ordem de 1,5x 1018 kWh por ano, o que corresponde a pelo menos 10000 vezes o
consumo mundial de energia no mesmo período. Esta abundância vem incentivando,
cada vez mais, o estudo e desenvolvimento de sistemas de captação e conversão de
energia solar para a energia elétrica, buscando-se rigorosos critérios de desempenho.
O estudo da conversão direta da energia solar em energia elétrica teve inicio no século
XIX, sendo verificada pela primeira vez por Edmond Becquerel, no ano de 1839. Desde
esse período até meados de 1950, houve uma evolução gradual, partindo-se do
descobrimento da foto-condutividade do silício, do desenvolvimento das primeiras
células solares, de estudos sobre efeitos da radiação ultravioleta nos metais, da foto-
sensibilidade do cobre e sulfeto de cobre, a consolidação da teoria fotovoltaica (Albert
5
Einstein), a criação de novas tecnologias para enriquecimento do silício, além da
verificação da foto-condutividade do sulfeto de cádmio.
Nos dias atuais, a tecnologia de fabricação das células solares se encontra num estágio
tecnológico bem estabelecido e, paralelamente, surge uma nova preocupação relativa à
melhoria da eficiência de conversão, envolvendo a célula fotovoltaica e também o
conversor eletrônico associado. Neste sentido, vários pesquisadores investigam o
comportamento dos sistemas de conversão fotovoltaica, visando novas técnicas de
controle que permitam a operação dos sistemas no ponto de máxima potência e
rendimento.
Serão apresentadas, a seguir, algumas propostas utilizadas para o controle dos geradores
fotovoltaicos, com destaque para os trabalhos voltados aos algoritmos de rastreamento
do ponto de máxima potência (MPPT- Maximum Power Point Tracking)
6
para o controle do ciclo de trabalho (duty cycle) das chaves estáticas do conversor de
potência. O bloco relativo à técnica de controle foi indicado, genericamente por SCFC
(Sistema de Controle da Freqüência / Ciclo de trabalho). O bloco conversor de potência
faz a interface entre o painel solar e a carga do sistema, indicada por simplicidade, como
uma bateria associada a uma carga puramente resistiva.
7
q
I = I ph − I o exp (V + I A Rs ) − 1 (2.1)
AKT
onde:
T 3 qE go 1 1
I o = I or [ ] exp − (2.2)
Tr BK Tr T
Os símbolos das equações 2.1, 2.2 e 2.3 podem ser definidos como:
8
Para um conversor sem perdas e tensão de carga constante, o balanço de potência segue
a seguinte equação:
PL = VL I L = V A I A = PA (2.4)
ou
VA I A
IL = = kPA (2.5)
VL
sendo:
PL = Potência da linha;
VL = Tensão da linha;
IL = Corrente da linha;
VA = Tensão do painel solar;
IA = Corrente do painel solar;
PA = Potência do painel solar
Estas equações indicam que cada hipérbole de máxima potência corresponde à máxima
corrente de carga. A região acima do ponto de máxima potência apresenta a corrente
constante e abaixo do ponto de máxima potência, pode-se observar que a tensão
praticamente não se altera. A potência de saída do painel solar pode então ser controlada
atuando-se na condutância G (reta de carga).
Figura 2.3: Curvas características de tensão e corrente de um painel solar apresentando a relação
entre pontos de máxima potência e as hipérboles de condutância da carga para três níveis de
irradiação, com a temperatura constante.
9
No artigo[Bose et al., 1985] citado, um diagrama em blocos é apresentado como o da
Figura 2.4, onde vários aspectos são analisados, como a técnica de controle utilizada
para o balanceamento entre a potência do painel fotovoltaico e a potência utilizada, a
implementação do compensador discreto, a geração da corrente de referência através de
um critério baseado no ângulo de fase usando um dispositivo Phase-Locked Loop
(PLL), dentre outros. Basicamente, a corrente de referência IA* é gerada pelo produto da
tensão do painel, VA , e a reta de carga, G, desejada.
10
A versão discreta do compensador proporcional-integral pressupõe as variáveis
constantes durante o intervalo de amostragem, como apresentado a seguir,
Y ( s) K
= K1 + 2 (2.6)
X ( s) S
Y ( n)
Y (n + 1) − = K 2 X (n) + K1[ X (n + 1) − X (n)Ts ] (2.7)
Ts
onde n indica os instantes de amostragem. Esta equação pode ser reescrita como,
Z (n + 1) = AZ (n) + BX (n)
Y (n) = CZ (n) + DX (n) (2.9)
11
Como já mencionado, devido ao baixo rendimento das células solares sempre existiu a
preocupação de se aumentar a eficiência da conversão fotovoltaica, sendo o controle do
ponto de potência máxima dos módulos o principal alvo das pesquisas.
[Enslin e Snyman, 1992] apresentam uma técnica simplificada de controle com base no
efeito da realimentação positiva da corrente de saída de conversores MPPT de baixa
potência. Vários aspectos são abordados pelos autores, compreendendo a caracterização
e comportamento do painel fotovoltaico, análise de rendimento e projeto do conversor
Buck associado ao sistema.
Figura 2.6: Diferença entre as características ideal-real de um PV, normalizado para 25°C e 1
Sun [Enslin e Snyman, 1992].
12
As variações justificam o uso de conversores estáticos de potência, controlando-se seu
ponto de operação através da tensão de entrada e corrente de saída. Usualmente, para
um conversor abaixador de tensão (Buck) existe apenas um parâmetro de controle da
chave estática, a taxa de modulação ou ciclo (duty cycle-D). Quando um conversor
desse tipo é utilizado para controlar sistemas fotovoltaicos, a seção de entrada do
conversor é formada pelo painel solar modelado como uma fonte de corrente com
tensões abaixo do ponto de potência máxima.
13
• O ponto de máxima potência poderá ser rastreado desde que a constante de
tempo do loop de regulação de tensão seja bem menor que o período de
chaveamento da chave estática;
• Desde que o conversor é controlado como uma fonte de corrente, vários
conversores podem ser conectados em paralelo.
Esta técnica se aplica aos sistemas onde as variações mais importantes se concentram
mais na carga, em relação às variações do painel solar. Um exemplo citado diz respeito
às aplicações em acionamentos de máquinas de corrente contínua, onde as variações
elétricas e mecânicas permitem que as condições do gerador possam ser consideradas
constantes e, em conseqüência, o ponto de máxima potência.
14
Outra forma seria a interrupção momentânea da ligação do painel solar e do MPPT para
a medição da tensão de circuito aberto de tal forma a se utilizar esta tensão para ajustar
o MPPT e, então, se rastrear de forma correta o ponto de potência máxima.
Este método de controle baseia-se, portanto, em duas etapas que constituem a medição
da potência e os algoritmos de maximização.
- Medição da potência
A operação do painel em sua máxima potência pode ser determinada pelas variáveis de
saída do painel ou, preferencialmente, com base na potência real disponível, ou seja, a
potência de saída do MPPT. Ambos os casos oferecem bons resultados visto as duas
formas de medição serem bastante próximas.
A potência do painel pode ser obtida pelo produto de sua tensão e corrente, cujo cálculo
requer o uso de dispositivos digitais ou analógicos. De forma mais simplificada, pode-se
supor a tensão de saída constante (por exemplo, no caso em que a carga é uma bateria) e
maximização da corrente de saída.
− V dV
< <∞ (2.13)
I dI
- Algoritmos de maximização
15
Em geral os algoritmos para a determinação do máximo local da potência de saída
ajustam a tensão do painel solar no sentido da derivada dP dV , usando a realimentação
para forçar esta derivada a zero. Diversas variações deste método encontram-se nas
publicações sobre projetos de MPPT. Uma versão comum, usada na maioria das
referências, ignora a dependência explícita da tensão e usa diretamente algum parâmetro
de controle, tal como o duty cycle D. A derivada usada é então dP dD e, assim,
nenhuma tensão de controle do painel ou loop interno da realimentação é necessária.
Neste caso, a derivada, normalmente, usada é dIout dD .
Figura 2.8 (a): Diagrama em blocos do sistema de controle baseado no método de auto-
oscilação sem clock externo.
Figura 2.8 (b): Diagrama em blocos do sistema de controle baseado no método de auto-
oscilação com clock externo.
16
O sistema funciona da seguinte forma: a saída de corrente, ou potência do sistema
MPPT e conversor de potência, é derivada e comparada com o nível zero. O sinal do
comparador aciona a mudança de estado do flip flop JK na configuração tipo T, e a
saída do flip flop é, então integrada, gerando uma onda triangular com o sentido de
inclinação dependente do nível lógico de saída do flip flop JK. Este sinal será o sinal de
controle do duty cycle (D), estabelecendo o sinal de referência do sistema MPPT e
conversor de potência. A onda triangular é a perturbação necessária para se medir
dIout dD .
Dado que,
dIout dIout dt
=( )( ) (2.14)
dD dt dD
As normas IEEE Guide for Terrestrial Photovoltaic Power System Safety [IEEE, 1998]
estabelecem varias recomendações para a caracterização de painéis fotovoltaicos.
Dentre essas, pode-se destacar:
17
Em [Hussein et al., 1995] é proposto um novo método de rastreamento do ponto de
máxima potência, considerando a ocorrência de variações rápidas das condições
atmosféricas. O método baseia-se na comparação das condutâncias instantânea e
incremental do painel solar, denominado algoritmo de rastreamento da máxima potência
através da condutância incremental (Incremental Conductance – IncCond).
O modelo matemático usado, conforme a Figura 2.9 e com base nas equações (2.1) e
(2.3), é dado pelas expressões seguintes considerando um conjunto de n p painéis
compostos, por sua vez, através de ns células conectadas em série. Estas expressões são
escritas como:
q V
I = n p I ph − n p I or [exp( − 1)] (2.15)
KTA n s
Segundo os autores, o fator A que determina o desvio das características da junção P-N
ideal, varia dentro da faixa [1 5].
3
T qE g 1 1
I o = I or exp − (2.16)
T
r KA Tr T
18
I ph = [ I cc + k i (T − Tr ) − 1]
(2.17)
q V
P = IV = n s I phV − n p I or V exp − 1 (2.18)
KTA n s
q Vmax q Vmax I ph + I rs
exp + 1 = (2.19)
KTA n s KTA n s I rs
dP
< 0 redução da potência e redução da tensão
dV
dP
= 0 máxima potência (2.20)
dV
dP
> 0 redução da potência e aumento da tensão
dV
dP d ( IV ) VdI
= =I+ (2.21)
dV dV dV
19
Nesta forma pode-se comparar a derivada da corrente em relação à tensão com a
condutância instantânea do painel solar G = I V e então se utilizar estes parâmetros no
algoritmo como na Figura 2.10. A vantagem deste algoritmo sobre o P&O é que ele
evita oscilações em torno do ponto de máxima potência obtendo-se maior eficiência na
conversão e na transferência de potência e assim variações rápidas nas condições
atmosféricas poderão ser sentidas pelo conversor. A necessidade do cálculo de
derivadas exige uma maior velocidade no processamento dos sinais, facilmente
alcançada com os atuais processadores disponíveis.
Outra proposta de controle pode ser encontrada em [Midya et al., 1996] [Casadei et al.,
2006], que apresentam um controle MPPT discreto baseado na leitura do ripple natural
de chaveamento em substituição ao uso de perturbações externas. Segundo os autores, a
alternativa proposta supera as limitações intrínsecas ao uso de perturbações externas,
como a falta de rapidez de resposta do sistema e operação sub-ótima do conversor em
relação ao ponto de operação desejado. O método se baseia na medição dinâmica de
∂p ∂i ou ∂p ∂v , realimentando esta informação no loop PWM.
20
A proposta dos autores visa às aplicações automotivas onde uma resposta dinâmica
rápida é essencial devido às rápidas mudanças às quais o sistema está sujeito.
[Baltos et al., 1997] apresentam uma metodologia para o monitoramento analítico das
perdas de um painel solar. O método caracteriza o PV através de um único parâmetro, a
razão de performance (PR). Esta grandeza é definida como a razão entre a eficiência
medida e a eficiência nominal do painel solar.
Os autores apresentam, ainda, estudos e resultados acerca dos vários padrões relativos
aos PV tais como a razão de performance, eficiência de sistemas, características dos
inversores bem como, sobre fatores externos de influência. Por fim, apresentam
medições sobre os diversos agentes causadores de perdas nos sistemas fotovoltaicos,
como:
• Perdas no inversor;
• Perdas ôhmicas;
• Perdas por temperatura;
• Perdas por irradiação e sombreamento.
[Hua e Shen, 1997] analisam a performance de conversores c.c. - c.c. para sistemas
fotovoltaicos. Justificam o uso da técnica P&O ao invés do algoritmo IncCond
considerando que, embora ofereça boa performance para rápidas mudanças abaixo das
condições atmosféricas ideais de trabalho, o IncCond utiliza quatro sensores para
amostragem. Como os sensores e sistemas de amostragem requerem mais tempo de
conversão, isto resulta em uma grande soma de perdas em baixa potência, entretanto, se
a velocidade de execução do método P&O é aumentada, a inércia do sistema é reduzida.
Além disto, este método requer apenas dois sensores, o que implica em uma redução do
hardware.
21
Um aspecto importante considerado pelos autores é a possibilidade de utilização da
equação de tensão em simulações do painel solar, ao invés do equacionamento de
corrente, ou seja, uma fonte de tensão controlada pela irradiação solar. Este conceito se
tornou a base do modelo de célula solar desenvolvido neste trabalho.
[Enslin e Swiegers, 1998] propõem um controlador MPPT que pode ser integrado
durante a fabricação do painel. A base do controlador é constituída de um micro-
controlador de baixo custo, responsável pelo MPPT, circuitos de proteção, medição sem
o uso de sensores e ligação/desligamento inteligente em função da luz do dia. Os
autores propõe uma arquitetura modular que permite a conexão de vários sistemas e que
apresenta bons resultados experimentais.
22
O artigo apresenta ainda uma comparação do método em relação aos algoritmos de
controle tradicionais (IncCond. e P&O ), mostrando uma boa aproximação em termos
de eficiência.
[Koutroulis et al., 2001] e [Cabal et al., 2007] propõem um controle MPPT com micro-
controlador dedicado. Descrevem os tipos de controle mais utilizados e o
funcionamento do algoritmo P&O. Usam o algoritmo IncCond enfatizando, para esta
técnica, a maior necessidade de velocidade de processamento devido à utilização de
cálculos de derivadas.
I OP ( E ) = kI cc ( E ) (2.23)
23
saída do painel solar. Isto é feito de forma intermitente por 80µs, a cada 80ms, com o
propósito de se reduzir a potência do curto-circuito para 0,1% do total da potência de
saída. Um sensor de corrente é colocado para se controlar a corrente média do chopper e
detectar a corrente de curto-circuito ( I cc ) quando S1 é atuada. A corrente de saída do
painel solar fui através de um diodo Schottky introduzido para proteção contra corrente
reversa. O ripple da corrente é reduzido pelo capacitor C1 . Neste sistema a corrente
ótima de operação pode ser facilmente calculada a partir do produto de I SC e k . O
resultado do cálculo é utilizado como a corrente de comando I * para o chopper. O
regulador de corrente consiste de um compensador proporcional e integral (PI) que gera
a referência da tensão para um PWM com freqüência de modulação de 10 kHz. Além da
operação descrita, o FET S1 é utilizado como uma resistência variável para se fazer a
varredura da curva PxI , para se identificar a constante k .
Figura 2.11: Algoritmo de controle do ponto de máxima potência por amostragem da corrente
de curto-circuito do painel solar.
Para finalizar esta revisão bibliográfica é apresentada a Tabela 2.1, que mostra uma
breve síntese e comparação dos principais métodos de rastreamento de potência máxima
[Hoff, 2002].
24
Tabela 2.1: Quadro comparativo dos algoritmos de rastreamento do ponto de máxima
potência mais utilizados.
Algoritmo Idéia básica. Medições Vantagens Desvantagens
25
consumo e necessidade das cargas, tornando-se necessário adaptar ou regular a corrente
gerada pelos painéis solares.
No caso dos geradores fotovoltaicos, a fonte primária é constituída por painéis solares
que fornecem tensões contínuas à sua saída. Assim, os conversores c.c. - c.c. ou
choppers e os conversores c.c. - c.a. ou inversores têm aplicação direta nos reguladores
de tensão fotovoltaica. Se a carga final do sistema for alimentada por tensão contínua, o
conversor c.c. - c.c. deve ser utilizado de forma a se ajustar os níveis de tensão da carga
como, por exemplo, bancos de baterias, motores c.c. ou cargas resistivas. Entretanto, se
a carga final for um eletrodoméstico ou um motor de corrente alternada, a tensão
contínua deve ser transformada em tensão alternada por meio de um inversor c.c. - c.a.
[ALTENER, 2004], [Cherif e Jraidi, 2001] e [Bose et al., 1985].
26
Sendo as topologias Sepic e Zeta combinações das primeiras e a topologia em ponte
completa, uma derivação do conversor step down.
A seguir, são introduzidos alguns conceitos das três primeiras topologias citadas
anteriormente, passando-se a uma breve revisão bibliográfica sobre suas aplicações na
área fotovoltaica. No capítulo 4, o conversor Buck, a ser utilizado no trabalho, será
apresentado mais detalhadamente.
As figuras 2.13, 2.14 e 2.15 apresentam os circuitos básicos para as topologias citadas e
comumente usadas nas aplicações fotovoltaicas [Hua e Shen, 1997].
Vo t on
= =D (2.24)
Vin Τ
Vin t on
Vo = (2.25)
Τ
ou,
Vo = DVin (2.26)
27
Na Figura 2.14 tem-se a topologia de um conversor step up ou Boost. Quando a chave S
está fechada, a tensão no indutor L é a mesma tensão de entrada Vin , ou seja, VL = Vin .
Quando S está aberta, a polaridade da tensão VL se inverte levando ao aumento da
tensão de saída em relação à de entrada. Em regime permanente, a tensão média no
indutor após um período completo, deve ser igual a zero. As expressões matemáticas
para este modo de operação são dadas por:
e
Vin DΤ = (Vo − Vin )(1 − D)Τ (2.28)
levando a:
Vo 1
= (2.29)
Vin 1 − D
VL = Vin para t on
V L = Vin − Vo para t off (2.30)
Tomando,
então:
Vo − t on −D
= = (2.32)
Vin t off 1− D
28
Figura 2.15: Conversor Buck-Boost
[Hua e Shen, 1997] escreveram um artigo no qual relatam sobre o desempenho dos
conversores c.c. - c.c. aplicados a sistemas fotovoltaicos. Neste artigo, diferentes tipos
de choppers são testados, utilizando-se um compensador PI no rastreamento do ponto
de potência máxima do painel solar e um DSP para a leitura das variáveis e comando do
PWM. A eficiência das topologias Buck, Boost e Buck-Boost são comparadas e
resultados são apresentados.
A tensão de saída de um chopper pode ser aplicada a um inversor com o intuito de gerar
tensão alternada controlada, como é proposto em [Cherif e Jraidi, 2001]. Com a
finalidade de executar o bombeamento de água, utiliza-se um conversor Buck e um
inversor, sendo estes comandados por um controle PWM em que a referência é
fornecida por um microcomputador com o objetivo de exercer o controle de
29
transferência de potência. Este artigo apresenta uma aplicação para inversores pois a
carga final é um motor de indução.
2.5 Conclusão
30
Capítulo 3
3.1 Introdução
Considera-se célula solar como sendo a parcela mínima necessária para a conversão da
energia fotovoltaica em energia elétrica. A confecção de células solares utiliza materiais
semicondutores como o silício, o arseneto de gálio, telureto de cádmio ou o disseleneto
de cobre ou índio [LABSOLAR, 2000],[ALTENER, 2004]. As células de silício
cristalino são as mais comuns, sendo responsáveis por cerca de 95% do conjunto total
de utilização a nível mundial. Neste capítulo, após uma breve explanação sobre a
estrutura atômica das principais células e seus principais tipos e propriedades, são
apresentados os seus modelos elétricos e matemáticos. Este estudo fornecerá a base de
conhecimento requerida para o desenvolvimento do conversor fotovoltaico através da
técnica de controle MPPT.
Os átomos de silício formam uma estrutura cristalina estável, contendo quatro elétrons
na camada de valência onde dois deles são compartilhados com os elétrons dos átomos
vizinhos, de forma a atingir a estabilidade dos elétrons da rede cristalina. Em
conseqüência, através do estabelecimento desta ligação com quatro átomos de silício
vizinhos, obtém-se a configuração do gás inerte estável de seis elétrons. Sob a
influência da luz ou de calor, a coesão dos elétrons pode ser quebrada de forma que o
elétron possa se mover livremente deixando uma lacuna na rede conforme mostra a
Figura 3.1. Este processo é denominado autocondução [ALTENER, 2004].
31
O processo de autocondução não gera energia. Para que isto aconteça, a rede cristalina
deve ser dopada com impurezas que na verdade são átomos contendo um elétron a mais
(fósforo) ou a menos (boro) na camada de valência [Lorenzo et al., 1994]. No caso de se
utilizar o fósforo (impureza N), ficará um elétron a mais para cada átomo introduzido,
fornecendo então elétrons livres que podem transportar carga elétrica.
32
Quando uma célula PN (célula solar) é exposta à luz, os fótons são absorvidos pelos
elétrons quebrando suas ligações covalentes devido à energia adquirida. Os elétrons
liberados são conduzidos pelo campo elétrico até a região de material N, o mesmo
ocorrendo com as lacunas no material P. Este processo é a síntese do efeito fotovoltaico,
onde a difusão de portadores de cargas até os contatos elétricos produz a tensão de saída
da célula solar. Se a célula não estiver conectada a nenhuma carga, a tensão de saída
será a tensão de circuito aberto da célula solar e caso haja a conexão com uma carga, a
corrente elétrica pode fluir havendo então a transferência de energia elétrica gerada
através da luz. Parte dos elétrons não alcança os terminais e é re-combinada dentro da
própria célula. A recombinação consiste na união de um elétron livre com um átomo
destituído de um elétron de valência ou lacuna.
A célula solar pode ser entendida de acordo com o diagrama da Figura 3.4 [Lorenzo et
al., 1994],[ALTENER, 2004]:
Composta por duas camadas de silício dopadas com impurezas diferentes, a camada
dopada com fósforo fica exposta ao sol enquanto que a camada dopada com boro se
localiza na parte inferior. É gerado um campo elétrico na junção das camadas, o que
leva à separação de cargas (elétrons e lacunas) liberadas devido à luz solar. Na face
frontal e inferior são impressos contatos elétricos, ocupando a área de extensão da célula
através da aplicação de uma folha de alumínio ou prata na parte posterior da célula. Ao
contrário do que ocorre na superfície frontal, esta deverá ser translúcida ao máximo, o
que é possível com um arranjo de conexões em formato de árvore. A reflexão causada
por estes contatos pode ser reduzida com a aplicação de uma camada fina de material
anti-reflexível (AR) na parte frontal da célula solar, normalmente nitreto de silício ou
dióxido de titânio.
33
Tabela 3.0-1: Balanço energético de uma célula solar de silício cristalino
[ALTENER, 2004].
100 % Energia total irradiada
- 3,0 % Perda por reflexão e sombreamento frontal
-23,0 % Perda de energia do fóton para radiação de onda longa
-32,0 % Perda da energia excedente para radiação de onda curta
- 8,5 % Perda devido à recombinação de cargas
-20,0 % Gradiente elétrico na célula principalmente na região da barreira de potencial.
-00,5 % Perdas devido à resistência série (perdas térmicas da condução elétrica)
13 % Energia elétrica utilizável
34
metros, posteriormente desbastados em barras de seção quadrada, semi-quadrada ou
redonda e, por fim, cortados em laminas de 0,3mm de espessura. Esta pastilha com
impurezas do tipo P e uma fina camada com impurezas do tipo N é produzida com
difusão de fósforo a uma temperatura de 800º a 1200ºC. Após serem acopladas à
camada posterior, as pastilhas são equipadas com trilhas elétricas e com a camada
frontal de anti-reflexão (AR).
A Tabela 3.2 e a Figura 3.5 mostram a síntese das características e uma ilustração da
célula de silício mono-cristalino.
Tabela 3.2: Características gerais das células de silício mono-cristalino [ALTENER, 2004].
Eficiência 15 a 18%
Formato Redondo, quadrado e semi-quadrado.
Dimensões Dimensões máximas de 10 × 10cm 2 ou 12.5 × 12.5cm 2 e
espessura de 0.3mm
Estrutura e cor Estrutura homogênea e cores gama de azul escuro para
preto (com AR) ou cinza (sem AR).
Fabricantes Astro Power, BP Solar, CellSiCO, Eurosolare, GPV,
Hélios, Isofoton, RWE Solar, Sharp, Shell Solar, Solartec,
Telekom-STV , Siemens Solar.
35
A Tabela 3.3 e a Figura 3.6 mostram a síntese das características e uma ilustração da
célula de silício poli-cristalino.
36
Figura 3.7: Circuito de polarização e características IV de um diodo de silício
Figura 3.8: Característica IV de uma célula solar cristalina sem luz e iluminada.
37
característica da célula é deslocada pela magnitude da foto-corrente na direção da
polarização inversa no quarto quadrante. A área sombreada indica a região ativa da
célula solar, na qual há geração de energia elétrica. Fazendo um rebatimento da curva,
em relação ao eixo das tensões, chega-se à curva característica da célula solar. Nota-se
que a maior corrente possível é a corrente de curto-circuito que ocorre quando a tensão
é nula e esta corrente é a máxima foto-corrente I ph gerada pela irradiação solar. A
máxima tensão obtida é a tensão de circuito-aberto Voc quando não há fluxo de corrente.
Ao se observar as figuras seguintes, nota-se que o ponto de potência máxima, Pmax ,
ocorre no ponto de máximo da curva.
38
O fator de forma (FF) relaciona os valores máximos de corrente e tensão da célula solar,
respectivamente Voc e I cc , com os valores necessários à potência máxima gerada I MPP e
VMPP , segundo a equação 3.1:
VMPP I MPP
FF = (3.1)
Voc I cc
Pode-se então segundo [Lorenzo et al., 1994] estimar o valor da potência máxima
Pmax como:
O fator de forma indica a qualidade das células solares, por exemplo, para as células de
silício cristalino o fator de forma apresenta valores entre 0,75 e 0,85 [ALTENER,
2004].
O ponto de máxima potência pode ser obtido através de vários métodos, usualmente
com base no cálculo de derivadas. Calcular e tornar a derivada primeira da potência em
relação à tensão igual a zero fornece o ponto de máximo da curva de potência,
assegurando-se que a derivada segunda será menor que zero [Sullivan e Powers, 1992],
[Midya et al., 1996] e [Koutroulis et al., 2001]. Outra análise explora a reta de carga ou
de condutância em relação às hipérboles de máxima potência, onde se localiza o ponto
de melhor rendimento [Bose et al., 1985].
Segundo [ALTENER, 2004] e [Lorenzo et al., 1994], o MPP pode ser conseguido na
curva característica de corrente/tensão no ponto onde o gradiente M = dV dI é igual a 1
ou, o ângulo associado ao gradiente (ω) é igual a 45º, conforme mostra a Figura 3.11. A
equação da potência/tensão é obtida a partir do cálculo da derivada segunda da equação
da corrente/tensão. No ponto de valor máximo, o gradiente da curva de potência tem
valor igual a zero assim como seu ângulo de inclinação.
dV DV
M = = tan ω ( ) (3.3)
dI DI
d 2V
P= 2 (3.4)
dI
39
No ponto de máxima potência, um ponto de máximo da curva P(V), verifica-se que:
dP
=0 (3.5)
dV
As células solares apresentam uma alta sensibilidade à irradiação, visto ser a irradiação
responsável pelo valor I ph que provoca o deslocamento vertical na característica de
corrente x tensão. A irradiação solar altera, de forma direta, a amplitude da corrente
máxima fornecida pela célula ou painel solar I cc , atuando na potência de saída do
dispositivo. Esta dependência pode ser observada na família de curvas apresentada na
Figura 3.12 (a).
A temperatura das células solares em um painel solar é função dos níveis de irradiação,
da temperatura ambiente e da taxa de variação do resfriamento ou forma de construção
da célula. A temperatura atua sobre a tensão da célula solar, modificando a tensão de
circuito aberto Voc e a corrente de curto circuito I cc e, assim, irá interferir na potência
final do dispositivo como mostra a Figura 3.12(b).
40
Figura 3.12 (a): Variação das características da célula solar em função de variações da
irradiação.
Figura 3.12 (b): Variação das características da célula solar em função de variações da
temperatura.
41
O circuito prático para a obtenção das curvas características de uma célula ou painel
solar é composto da célula, voltímetro, amperímetro e uma resistência de carga variável,
como na Figura 3.14, apresentada a seguir, já utilizando a simbologia convencional para
células e módulos fotovoltaicos:
Figura 3.14: Circuito prático para obtenção das curvas características da célula solar.
42
Figura 3.15 (b): Simbologia de células e painéis solares em associação paralelo.
43
3.5 Modelos elétricos equivalentes para a célula solar
Os principais circuitos equivalentes da célula solar são apresentados nas Figura 3.17 a
3.20, juntamente com as equações de corrente e/ou tensão que compõem o seu modelo
matemático [ALTENER, 2004].
Vo
I = I ph − I d = I ph − I o (e AVT
− 1) (3.6)
VT = KT (3.7)
q
onde:
44
Como a tensão no diodo é Vd = Vo + R s I e a corrente de saída é I = I ph − I d então se
obtém,
+ Rs I
VoAV
I = I ph − I o (e T − 1) (3.8)
AKT I ph − I + I o
Vo = − IRs + ln( ) (3.9)
q Io
Onde:
I = I ph − I d − I p (3.10)
ou
(Vo + Rs I )
Vo + Rs I
I = I ph − I o {e AVT
− 1} − (3.11)
Rp
Onde:
45
A seguir a Figura 3.20 mostra o modelo formado por dois diodos e resistências
internas série e paralela.
Figura 3.20: Modelo de célula solar com dois diodos e resistências internas.
Vo + IRs Vo + IRs
Vo + IRs
I = I ph − I o1 (e A1VT
− 1) − I o 2 (e A2VT
− 1) − (3.12)
Rp
Vo + IR pv
I = I ph − I o (e AVT
− 1) (3.13)
46
I ph − I + I o
Vo = AVT ln( ) − IR pv (3.14)
Io
Voc I MPPVMPP V I
M = k1 + k 2 MPP + k 3 MPP + k 4 (3.16)
I cc I CCVoc Voc I cc
I cc VMPP I
R pv = − M + (1 − cc ) (3.17)
I MPP I MPP I MPP
Voc
Vo = −( M + R pv ) I cc − (3.18)
Vo
I o = ( I cc )e (3.19)
I ph = I cc (3.20)
47
Nos diversos modelos, segundo [Lorenzo et al., 1994], a resistência paralela tem
influência maior na região de baixas tensões onde a corrente que circula pelo circuito
equivalente é muito pequena. Esta resistência deve-se principalmente a fugas de
corrente na superfície da célula, atuando significativamente apenas quando a célula esta
sob baixa luminosidade. A resistência série tem origem na resistência de contatos
metálicos com o semicondutor, oferecendo influência significativa no desempenho da
célula solar.
Assim, as equações 3.8 e 3.9 podem ser utilizadas em simulações que permitem a
análise do funcionamento da célula, bem como a obtenção e/ou predição de outros
parâmetros do sistema e foram escolhidas como a base para a construção dos modelos
de simulação da célula e painel solar, apresentados a seguir.
A representação dos modelos, com base nas equações 3.8 e 3.9, é feita pela conexão de
blocos de funções pré-definidas, disponíveis na biblioteca do Simulink, dentre as quais
vale destacar as aplicações de eletrônica de potência contidas no Toolbox SimPower
Systems.
48
3.6.1 Análise do modelo por tensão da célula solar
A equação 3.9, repetida a seguir para melhor compreensão, permite o cálculo da tensão
de saída da célula solar em função das entradas ( I ph ) e das saídas ( I ), demais
parâmetros da célula e constantes relativas às condições externas de operação.
AKT I ph − I + I o
Vo = − IRs + ln( )
q Io
Os diagramas das Figuras 3.22 e 3.23 apresentam os modelos em circuito aberto, sendo
necessário a conexão de uma carga à saída de tensão para a simulação das
características da célula solar.
49
Figura 3.23: Entradas e saídas do modelo de célula solar.
O modelo da célula pode agora ser acoplado à carga para a geração das curvas
características Corrente versus Tensão (IV) e Potência versus Tensão (PV).
Com base na equação 3.9 e no modelo apresentado na Figura 3.23, pode-se desenvolver
o diagrama em blocos para a simulação de um painel solar. Este diagrama é apresentado
na Figura 3.24.
50
Essa interface é feita através de uma fonte de tensão controlada (CVS) pelos sinais de
saída do painel solar propriamente dito, que conecta essa saída a uma carga resistiva. A
partir daí, é possível o fechamento do loop de corrente e fornecimento da corrente de
saída ao modelo base da célula solar.
- Variação de carga
A variação da carga é necessária para a geração das curvas características. Esta estrutura
é conectada em série com a carga através de uma segunda fonte controlada (CVS2),
com a saída comandada por um bloco que contem uma reta de carga com inclinação
variável, ou seja, pode-se variar a condutância do sistema de acordo com a função
matemática implementada no bloco variador de carga (Signal Builder).
A célula e o painel solar foram simulados sob as condições de teste padrão CTS
comentadas na seção 3.4.2, para uma carga variável que demandasse desde a corrente de
curto-circuito que é a própria corrente I ph , até a condição de circuito aberto Voc quando
a corrente de saída é igual a zero.
A = 1,18 ; K = 1,380062 x10 −23 ; q = 1,602177 x10 −19 ; C I o = 19,5 x10 −9 A ; R s = 0,35Ω
T = 25ºC.
51
Figura 3.25: Simulação das curvas IV da célula solar para 5 níveis de irradiação solar e com
temperatura constante, para uma carga resistiva de 1Ω .
Figura 3.26: Simulação das curvas PV da célula solar para 5 níveis de irradiação solar e com
temperatura constante, para uma carga resistiva de 1Ω .
52
Para a comparação e avaliação de resultados um modelo foi simulado com as condições
padrão de um painel solar do fabricante KYOCERA. No modelo KC-50, o painel é
composto por 36 células retangulares de silício poli cristalino e apresenta uma potência
máxima de 50 W ± 5% , tensão de circuito aberto de 21,5 V, corrente de curto circuito
de 3,1 A, tensão de máxima potência de 16,7 V e corrente de máxima potência de 3 A.
Figura 3.27 (a): Curvas IV fornecidas pelo fabricante [KYOCERA Corporation, 2007].
53
A simulação apresentada tem como base a foto-corrente I ph , calculada a partir da
corrente de curto-circuito I cc , fornecida pelo fabricante do painel. Os valores foram
calculados a partir da seguinte expressão [Machado Neto, 2007]:
nλI cc
I ph = ( 3.21)
1000
onde,
A Figura 3.28 apresenta as simulações das características PV, para as mesmas condições
e parâmetros utilizados na Figura 3.27(b).
54
Tabela 3.4: Comparação entre a simulação com valores reais e estimados.
55
3.7 Conclusão
Vários modelos elétricos já propostos para a célula solar foram apresentados. Dentre
esses, o modelo a ser utilizado como a base para o trabalho compreende as expressões
3.8 a 3.9..
56
Capítulo 4
4.1 Introdução
Dentre as três topologias, a mais comum é o conversor Buck ou step down que fornece
uma tensão de saída de mesma polaridade e menor que a tensão de entrada. Da mesma
forma que as demais, não oferece isolamento saída/entrada. A corrente fornecida pelo
conversor Buck é contínua devido à combinação indutor/capacitor de saída. Ao
contrário, a corrente de entrada é descontínua. Neste trabalho, optou-se pelo modo
contínuo de operação, descrito a seguir.
57
capacitor C. Foram incluídas ainda a resistência série do capacitor ( RC ) e a resistência
c.c. do indutor ( RL ). A resistência de carga, vista pelo conversor é a resistência R.
No modo contínuo, o conversor Buck apresenta dois estados de condução por ciclo,
resumidos a seguir e representados através dos diagramas da figura 4.2.
• Estado ON: Q1 está conduzindo (ON) e o diodo CR1 está cortado(OFF);
• Estado OFF: Q1 está cortado (OFF) e o diodo CR1 Está conduzindo(ON);
58
Desconsiderando-se as perdas devido às resistências internas do MOSFET, indutor e
capacitor, os estados de operação, apresentados através dos gráficos da figura 4.3,
podem ser resumidos como:
Durante o estado ON, a corrente no indutor flui da fonte de tensão de entrada V1 através
de Q1 e da associação capacitor C e resistência de carga R. A tensão aplicada sobre o
indutor pode ser considerada constante e aproximadamente igual à diferença entre as
tensões de entrada e saída, V L = Vi − Vo , respectivamente. A corrente no indutor, nessa
condição, aumenta linearmente durante o intervalo de tempo TON . Assim, a tensão no
indutor pode ser calculada através da expressão:
LdI L V
VL = → ∆ iL = L ∆T (4.1)
dt L
V I − VO
∆ iL ( + ) = TON (4.2)
L
59
No estado OFF, quando o sinal de controle impõe o corte do MOSFET Q1, a corrente no
indutor não muda instantaneamente e, devido ao seu decréscimo, ocorre a mudança de
polaridade da tensão em seus terminais, provocando a condução do diodo CR1. A
corrente do indutor irá fluir através do diodo CR1 e da associação capacitor e resistência
de carga. Nessa condição, desprezada a queda em RL , a tensão nos terminais do indutor
assume polaridade oposta e irá decrescer da forma:
VO − V d
∆ i L ( −) = TOFF (4.3)
L
TON
D= (4.5)
TS
TON TOFF
VO = V I − Vd (4.6)
TON + TOFF TON + TOFF
ou
VO = V I D − Vd (1 − D) (4.7)
VO ≈ V I D (4.8)
60
4.2.2 Cálculo do conversor Buck.
Com base na análise anterior, podem ser obtidas as expressões para o cálculo da
indutância e do capacitor do conversor Buck, em função da tensão de entrada e da
tensão e ripple de saída [Rashid, 1993].
∆i L (+) ∆i
TON = L =L (4.10)
VI − VO VI − VO
∆ iL (−) L∆ i
'
− VO = − L =− (4.11)
TOFF TOFF
∆i
TOFF = L (4.12)
VO
onde ∆ i = ∆ iL (−) − ∆ iL (+) é a ondulação de corrente do indutor L pico a pico. Este valor
pode ser calculado a partir das equações (4.9) e (4.11), obtendo-se:
(V I − VO )TON VO TOFF
∆i = = (4.13)
L L
TON
VO = V I = DV I (4.14)
T
61
Para um circuito sem perdas (V I I I = VO I O = DV I I O ) , a corrente média de entrada será:
I I = DI O (4.15)
VO (VI − VO )
∆i = (4.17)
fLVI
ou, ainda:
V I D(1 − D)
∆i = (4.18)
fL
I L = IC + IO (4.19)
∆i
IC = (4.20)
4
1
C∫
VC = I C dt + VO (t = 0) (4.21)
Τ Τ
1 2
1 2
∆i ∆iT ∆i
∆VC = VC − VC (t = 0) =
C ∫0 I C dt = C ∫
0
4
dt = =
8C 8 fC
(4.22)
62
VO (VI − VO )
∆VC = (4.23)
8LCf 2VI
Enfim:
VI D(1 − D)
∆VC = (4.24)
8LCf 2
VO
D= 100% (4.25)
VI
12
D= 100% = 66.67%
18
- Cálculo do indutor:
VO (V I − VO )
L= (4.26)
∆ifVI
18(18 − 12)
L= = 2mH
0,075 × 40000 × 18
- Cálculo do capacitor:
63
O capacitor pode ser calculado a partir da equação (4.22), reescrita como:
∆i
C= (4.27)
8 f∆VC
0.075
C= = 469 µF ≅ 470 µF
8 × 40000 × 500 × 10 −6
O conversor Buck apresentado é formado por uma fonte c.c. de 18V , voltímetros e
amperímetros c.c. colhem as informações de tensão e corrente de entrada e de saída
enviando-as ao bloco osciloscópio (Características do chopper), estas informações ainda
são multiplicadas entre si gerando as curvas de potencia apresentadas no bloco PI PO,
respectivamente potência de entrada e de saída do conversor. O chopper propriamente
dito é formado por um MOSFET e diodo de roda livre ambos ajustados para trabalhar
64
com perdas mínimas; o indutor de 2mH e o capacitor de saída no valor de 470 µF ,
calculados anteriormente, são acoplados a uma carga resistiva de 5Ω , monitorada por
um bloco osciloscópio que mostra os valores de tensão e corrente de carga. Um gerador
de pulsos com duty cycle ajustado segundo o projeto é responsável pelos pulsos de
comando sendo acoplado a uma fonte de tensão controlada e gerador de PWM. Existem
ainda displays para visualização das grandezas durante a simulação e três blocos To
Work Space que disponibilizam a tensão de saída e potências para a área de trabalho do
MatLab.
A Figura 4.5 apresenta as formas de onda para tensão e corrente na saída do conversor.
Após o tempo de 0,008 s, ocorre a estabilização da tensão de saída em um valor de
12,04 V. Da mesma forma a corrente, após este tempo, se estabiliza em torno de 1,2 A.
65
Figura 4.7: Delta de corrente no indutor ∆i L e tensão de ondulação no capacitor ∆VC para o
regulador Buck simulado.
4.5 Conclusão
A seção 4.2 apresentou a forma de cálculo do conversor Buck, onde são deduzidas as
principais expressões matemáticas, segundo as referências citadas. Na seção 4.3 foi
apresentado o projeto a ser simulado no ambiente MatLab-Simulink após serem
estabelecidas as condições do projeto e mostrados os cálculos dos componentes.
Encerrada esta etapa o trabalho, resta mostrar o acoplamento dos modelos do painel
solar e do conversor Buck, o que será feito no capítulo seguinte.
66
Capítulo 5
5.1 Introdução
Neste capítulo, o sistema painel solar + conversor Buck + algoritmo MPPT e carga serão
simulados sob as condições de teste padrão (CTS), incluindo-se distúrbios na irradiação
solar e temperatura. Finalmente, serão apresentados os testes e os resultados
experimentais obtidos.
Na seção 3.6 foram apresentadas as simulações da célula e do painel solar. Neste item,
comentou-se brevemente a necessidade de se rastrear o ponto de máxima transferência
de potência entre o painel solar e a carga final do sistema. As variações da temperatura
ambiente e principalmente, da irradiação solar, implicam em constantes mudanças na
geração de tensão contínua do painel solar.
Como descrito no item 2.3, várias pesquisas abordam este tema considerando que o
desconhecimento instantâneo dos parâmetros do painel solar leva à necessidade de se
controlar o ponto de operação do chopper, através de técnicas que sejam robustas às
variações da temperatura e/ou irradiação presentes. A seguir, serão abordadas duas
técnicas de controle para o rastreamento do ponto de potência máxima. Nota-se que, a
partir da medição e comparação das correntes e tensões do sistema, pode-se localizar o
melhor ponto de operação do conversor [Machado Neto et al., 2004].
Uma versão bastante simples do algoritmo de controle MPPT é apresentada por [Enslin
e Snyman, 1992]. Este algoritmo baseia-se na comparação da potência de entrada e de
saída do conversor estático de potência, utilizando o resultado da comparação para o
ajuste contínuo do ponto de disparo da chave eletrônica do chopper. Este algoritmo é
chamado de Perturber and Observer (P&O). Apesar de ser de simples implementação,
67
este processo causa uma oscilação constante em torno do ponto de máxima potência
além de ser sensível às mudanças rápidas da irradiação solar. A Figura 5.1 apresenta o
fluxograma do algoritmo P&O.
Outro algoritmo muito comum é apresentado por [Hussein et al., 1995], o Incremental
Conductance (IncCond) citado na seção 2.3 e mostrado na Figura 2.10, que propõe o
controle do ponto de máxima potência incluindo mudanças bruscas nas condições
atmosféricas. Esta versão utiliza o P&O adaptado à presença de perturbações rápidas
nas condições climáticas. Consiste de um P&O clássico e um P&O que ajusta o ponto
de operação se ocorrerem mudanças nas condições de irradiação ou de temperatura.
68
Figura 5.2: Implementação do algoritmo P&O, utilizando o MatLab/Simulink.
A Figura 5.4 apresenta o diagrama em blocos do sistema painel solar + algoritmo MPPT
+ conversor Buck. Seu funcionamento, já discutido separadamente nas seções
anteriores, pode ser resumido como:
69
Figura 5.4: Painel solar acoplado ao conversor c.c. - c.c. e bloco MPPT.
- O painel solar composto por uma associação série de células solares, apresenta um
comportamento dependente das condições climáticas representadas pelos blocos de
entrada de sinal (Signal Builder). Estas condições podem ser alteradas de acordo com a
curva de funcionamento do bloco que pode ser editada e tem duração igual ao tempo de
simulação ajustado;
70
(a) (b)
Figura 5.5: (a) Formas de onda da potência de entrada Pi e de saída Po. (b) Detalhe do
chaveamento na potência de entrada e oscilações na potência de saída em regime estacionário.
Figura 5.6: Detalhe das formas de onda da tensão e corrente no MOSFET em regime
estacionário.
71
5.3 Simulações sob condições de teste padrão
Figura 5.7: Diagrama em blocos para o fornecimento das variáveis temperatura e irradiação.
(a) (b)
Figura 5.8: (a) Características elétricas de saída do painel solar com temperatura (25ºC) e foto-
corrente ( I ph = 3 A ) constantes. (b) Características elétricas na saída do chopper (carga).
72
A Figura 5.9 apresenta as características de tensão e corrente na carga. A ondulação de
corrente no indutor ∆i e o delta de tensão de ondulação no capacitor ∆VC podem ser
observados na carga e para o regulador Buck acoplado apresentaram valores de 15mA e
120 µV respectivamente, para o modelo simulado
.
Figura 5.9: Detalhe das características de tensão e corrente na carga mostrando as ondulações de
corrente no indutor ∆i e de tensão de ondulação no capacitor ∆VC .
73
(a) (b)
Figura 5.11: (a) Características elétricas do painel solar com temperatura constante (25ºC) e
foto-corrente variável. (b) Características elétricas do chopper (carga).
Analisando as formas de onda mostradas na Figura 5.11(a) e 5.8(b) vê-se que apesar da
irradiação influenciar a entrada de tensão do conversor Buck, não ocorrem grandes
variações sobre a potência média do painel solar que permanece regulada.
Analogamente, as condições de temperatura foram modificadas mantendo-se a
irradiação constante como mostrado na Figura 5.12. Novamente, ao observar a Figura
5.13(a) e 5.13(b) a ação de controle sobre a potência média de saída do painel
fotovoltaico.
74
(a) (b)
Figura 5.13: (a) Características elétricas do painel solar com temperatura variável e foto-
corrente constante ( I ph = 3 A ). (b) Características elétricas do chopper (carga).
Vistas as simulações sobre o aspecto de teste das condições padrão, resta a simulação
sob condições reais de operação, onde ambas as variáveis de entrada estão sofrendo
variação. Novamente são injetados os distúrbios sobre o modelo, agora ao mesmo
tempo segundo a Figura 5.14. Nota-se que o sistema permanece estável, mantendo a
regulação da potência do painel solar próxima da máxima potência, como mostra a
Figura 5.15.
75
Figura 5.15: Características elétricas do sistema para distúrbios na temperatura e na irradiação
solar.
76
A partir de 0,008 s, o sistema já se encontra em regime estacionário quando ocorre a
variação da carga e, conseqüentemente, a modificação do ponto de operação do
chopper. Segundo a Figura 5.17, em aproximadamente 0,03 s, o sistema está operando
na região de máxima potência do painel solar as figuras a seguir mostram a dinâmica do
sistema para esta situação.
(a) (b)
Figura 5.17: (a) Características elétricas de saída do painel solar com a variação da carga com
temperatura e foto-corrente constantes. (b) Características elétricas na saída do chopper (carga).
Figura 5.18: Curvas de corrente e potência em função da potência para a condição de carga
variável.
77
A Figura 5.19 apresenta, em detalhes a operação do sistema em máxima potência.
5.6 Conclusão
Neste capítulo foi apresentada a conexão dos modelos do painel solar e do conversor
c.c. - c.c. desenvolvidos nos capítulos 3 e 4. Com a finalidade de controlar o fluxo de
potência do sistema para uma carga resistiva, foi apresentado um modelo contendo o
algoritmo de controle.
Por fim, apresentou-se o comportamento do sistema com carga sendo variável, o que
permitiu a verificação do sistema de rastreamento de potência do algoritmo de controle.
A seguir, serão apresentados os resultados obtidos a partir da implementação experi-
mental do sistema.
78
Capítulo 6
Análise Experimental
6.1 Introdução
− Memória interna:
Memória Flash (ou Memória de Programa), RAM e ROM disponíveis no
micro-controlador permite a programação do micro-controlador diversas
vezes.
− Integração do Sistema:
Responsável pela integração da CPU com os diversos dispositivos internos.
79
− Conversor A/D de 8 bits:
Leitura de informações analógicas. Responsável pela leitura das variáveis:
Tensão e corrente do painel solar.
− Timer de 16 bits:
Contador digital de 16 bits utilizado para medir intervalos de tempo e
geração de sinais PWM.
− Monitor interno:
Firmware disponível na memória do micro-controlador que permite a
programação serial do chip.
− Oscilador interno:
Gera clock interno caso não haja clock externo disponível.
− Portas de E/S:
Interação do micro-controlador com o mundo externo.
80
Figura 6.2: Detalhe do sistema de aquisição de sinais de tensão do painel solar.
Figura 6.3: Detalhe do sistema de aquisição dos sinais de corrente do painel solar.
81
Figura 6.4: Diagrama elétrico do conversor Buck.
A Figura 6.4 apresenta a implementação do conversor Buck. O sinal gerado pelo micro-
controlador é levado a um amplificador operacional na configuração não-inversor com
ganho 2. A saída deste amplificador é conectada a um diodo de proteção do tipo rápido
na entrada de comando de chaveamento do conversor Buck. A chave estática do
conversor foi implementada com dois transistores, um com alto ganho de corrente do
tipo Darlington (TIP 122) e outro de chaveamento rápido e alta potência (TIP 36). O
conversor também é formado por um indutor de 2mH , um diodo de potência rápido e
um capacitor eletrolítico de 470 µF / 100 V. A Figura 6.5 apresenta o diagrama elétrico
completo do circuito implementado.
82
6.4 Metodologia e procedimentos de teste
− Painel Solar;
− O Protótipo do conversor Buck;
− Sistema de aquisição e medição da irradiação solar: Piranômetro Eppley 8-48, em
conjunto com o sistema de aquisição de dados National Field Point 200;
− Sistema de aquisição e medição da tensão e corrente de entrada do conversor Buck;
utilizando um medidor Fluke modelo Scope Meter 199;
− Carga resistiva de 5Ω;
− Bateria 12 V c.c.
83
6.5 Resultados experimentais
A partir das medições realizadas, os dados foram adequadamente formatados para fins
da interpretação numérica e gráfica em ambiente MatLab/Simulink.
nλI cc
I ph =
1000
84
Figura 6.7: Irradiação, Corrente e Tensão de entrada do conversor de potência.
A seguir são apresentados as curvas e pontos de operação do painel solar obtidas a partir
dos dados experimentais medidos.
85
Figura 6.9: Pontos de operação e curvas corrente-tensão do painel solar com controle de MPPT,
considerando uma carga resistiva igual a 5Ω.
Figura 6.10: Pontos de operação e curvas corrente-tensão do painel solar com controle de
MPPT, considerando uma bateria 12 Vc.c. como carga.
86
Em ambas as figuras, são apresentadas as curvas características corrente versus tensão
( I e xVe ), para níveis de irradiação iguais a 1000, 800, 600, 400 e 200 W/m2. Pode-se
observar os pontos de operação do painel solar localizados à direita dos gráficos,
próximos aos pontos de máxima potência de operação. Para a condição da bateria como
carga, conforme a Figura 6.10, o sistema se mostra estável, mesmo para níveis de
irradiação mais baixos. A localização dos pontos de operação próximos da região de
máxima potência indicam o bom desempenho do protótipo desenvolvido.
6.7 Conclusão
Por fim, pode-se concluir que a técnica de rastreamento de máxima potência utilizada
apresentou-se eficaz confirmando, com resultados experimentais, os estudos teóricos
efetuados durante o trabalho.
87
Capítulo 7
Através deste trabalho, pôde-se realizar um estudo sobre a utilização de um painel solar
em conjunto com um conversor Buck na conversão direta de energia solar em energia
elétrica, envolvendo:
88
Por se tratar de um tema atual que desperta grande interesse para a pesquisa técnico-
científica, vários aspectos podem ser destacados para a continuidade do trabalho, tais
como:
− Extensão da análise do protótipo considerando a dinâmica de variações
bruscas das condições de irradiação e temperatura;
− Análise de outros métodos de controle para o rastreamento de ponto de
máxima potência;
− Desenvolvimento de estudos comparativos das técnicas de controle que
permitam a redução de perdas no sistema devido aos fatores intrínsecos aos
conversores, como as perdas por chaveamento;
− Aprimoramento de sistemas de controle de carga de baterias para sistemas
fotovoltaicos.
− Aplicação de outras topologias de conversores de potência para a associação
aos painéis solares, tais como o conversor Boost, o inversor multinível em
cascata e o inversor de tensão conectado à rede elétrica, dentre outros.
89
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