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As teorias sobre o que é correcto ou errado dividem-se

habitualmente em duas categorias: as teleológicas e as


não teleológicas. As teorias teleológicas são as que
identificam primeiro o que é bom nos estados de
coisas, caracterizando depois os actos correctos
apenas em termos desse bem. O exemplo
paradigmático de uma teoria teleológica é, assim, uma
teoria consequencialista imparcial, como o
utilitarismo hedonista; defendido por John Stuart
Mill (1969) e Henry Sidgwick (1907), afirma que a
acção correcta é sempre aquela cujas consequências
implicam a maior soma possível de prazer. Porém, a
noção de ética teleológica é normalmente considerada
mais ampla que o consequencialismo, podendo existir
teorias teleológicas que não sejam consequencialistas,
o que pode ser entendido de diferentes maneiras.
O utilitarismo hedonista apresenta três aspectos
fundamentais. Em primeiro lugar, identifica os
estados de coisas bons independentemente de
considerações sobre o que é correcto ou não, de modo
que até mesmo o prazer proporcionado por um acto
errado, por exemplo o prazer sádico obtido pela
tortura, é considerado intrinsecamente bom; e estes
bens são sempre consequência dos actos que os
produzem, isto é, estados de coisas independentes que
se seguem dos actos. Em segundo lugar, ao avaliar as
consequências, o utilitarismo considera
imparcialmente os prazeres de todas as pessoas, de
modo que, para qualquer um, o prazer de um
estranho conta tanto como o de um filho ou, até, o seu
próprio prazer. Finalmente, o utilitarismo caracteriza
as acções correctas exclusivamente em termos da
promoção do bem e, mais especificamente, da sua
maximização, de modo que a acção correcta é sempre
a que promove o maior bem possível.
Apesar de as teorias teleológicas terem de identificar o
bem independentemente do que é correcto ou não,
reconhecem muitos bens distintos do prazer. Alguns
dos bens possíveis, por exemplo o conhecimento e a
criatividade artística, são, tal como o prazer, estados
de pessoas individuais. Outros envolvem padrões de
distribuição entre pessoas, de modo a terem prazeres
equivalentes ou, de outro ponto de vista, prazeres
proporcionais ao seu mérito. No entanto, outros bens,
como a existência de beleza ou de ecossistemas
complexos, são independentes das pessoas.
(Os consequencialismos ideais, de G. E. Moore (1903)
e de Hastings Rashdall (1907), admitem bens destes
três tipos). Estes bens são todos, tal como o prazer,
consequências dos actos que os produzem, mas outros
bens não o são. Imagine-se que uma teoria valoriza as
actividades difíceis por serem difíceis. Então,
empenhar-se numa actividade difícil, jogar xadrez por
exemplo, promoverá o valor não apenas por produzi-
lo como uma consequência externa, mas também por
ser um caso particular do valor ou por ter a
dificuldade como propriedade intrínseca. O mesmo se
pode dizer se a teoria valorizar a acção que procede de
uma motivação virtuosa, como o desejo benevolente
relativo ao prazer de outrem. Neste caso, um acto de
benevolência contribuirá para o valor em parte por
causa de uma propriedade intrínseca — o facto de ser
benevolente. Eis uma primeira forma de uma teoria
poder ser teleológica sem ser consequencialista: se o
consequencialismo apenas pode valorizar as
consequências externas dos actos, como se presume
em algumas definições, então uma teoria que valoriza
propriedades intrínsecas dos actos está conforme com
o sentido mais amplo de ética teleológica, mas não
com o sentido mais estrito. Pode ainda avaliar os actos
com base no estado global do mundo que resulta da
sua execução, mas algumas propriedades relevantes
desse estado são intrínsecas aos actos.
Uma teoria teleológica pode também abandonar o
segundo aspecto do utilitarismo — a imparcialidade
relativamente ao bem. Assim, uma teoria teleológica
pode ser egoísta, aconselhando os agentes individuais
a promoverem apenas o seu próprio prazer,
conhecimento, ou outros bens, ou, pelo contrário,
pode afirmar que devem promover exclusivamente o
bem de outrem e não o próprio. Pode ainda adoptar o
que C. D. Broad (1971) chamou “altruísmo auto-
referencial”, que diz que, apesar de as pessoas
deverem dar algum peso ao bem de todos, deveriam
importar-se mais com o daqueles que lhes estão
próximos, por exemplo a família e os amigos. Estas
teorias podem ainda identificar o bem
independentemente do que é correcto e afirmar que
os actos correctos são os que maximizam o bem, mas,
se a imparcialidade for essencial no
consequencialismo, como alguns pressupõem, são
teleológicas mas não consequencialistas.
Estas duas primeiras possibilidades integram-se
num grupo de teorias frequentemente classificadas
como teleológicas mas não consequencialistas — as
teorias eudemonistas de Aristóteles e outros filósofos
antigos. Derivam todas as exigências morais de um
fim último ou bem a que chamam a eudemonia da
pessoa, o que significa felicidade ou plena realização
da pessoa. São pois, formalmente, teorias egoístas já
que o fim último de cada pessoa mais não é do que a
eudemonia própria dessa pessoa. Mas defendem que
uma componente principal da eudemonia é a virtude
moral, que se expressa em actos virtuosos tais como
ajudar os outros por motivos benevolentes. As teorias
eudemonistas podem, em princípio, admitir os
mesmos deveres substanciais que o utilitarismo,
exortando as pessoas a imparcialmente maximizar o
prazer. Mas os seus argumentos não se baseiam na
relação causal que é essencial no utilitarismo,
defendendo antes que os actos que visam ajudar os
outros são exemplos da virtude moral que, por sua
vez, é uma parte da eudemonia.
Finalmente, uma teoria pode ainda abandonar o
terceiro aspecto do utilitarismo: a maximização do
bem. Este aspecto é extremamente exigente uma vez
que implica que sempre que não fazemos tudo o que
podemos para beneficiar os outros, o que inclui todas
as vezes que descansamos ou nos divertimos, agimos
erradamente. Uma possibilidade, proposta por
Michael Slote (1985), seria substituir o princípio de
maximização por um princípio da satisfação do
suficiente que afirmasse que um acto é correcto desde
que as suas consequências sejam suficientemente
boas, quer em termos absolutos quer porque realizam
uma proporção razoável da máxima melhoria que o
agente pode promover nas circunstâncias. Muitos
autores consideram que esta posição é consistente
com o consequencialismo, mas, se a este último é
essencial ser maximizante, como está implícito em
algumas definições, um princípio da satisfação do
suficiente está, também ele, na base de uma teleologia
não-consequencialista. Outra possibilidade, proposta
por Samuel Scheffler (1982), seria conservar o
princípio de maximização mas, simultaneamente,
admitir que os agentes tivessem a opção de dar, de
algum modo, um peso maior ao seu próprio bem.
Assim, se preferirem um benefício menor para si
próprios a um maior benefício para outrem, não agem
erradamente, como também não agiriam erradamente
se preferissem o maior bem. Esta perspectiva resulta
provavelmente numa teoria não-consequencialista,
uma vez que não contém apenas princípios sobre a
promoção do bem; mas pode defender-se que é
teleológica uma vez que todos os seus princípios, de
algum modo, dizem respeito ao bem.
São possíveis desvios mais radicais do princípio
de maximização. É habitual opor-se as teorias
teleológicas às deontológicas, que defendem que um
acto pode ser errado mesmo se tiver as melhores
consequências. Assim, uma teoria deontológica pode
afirmar que é errado matar um inocente mesmo se tal
impedir que morram cinco outros inocentes, uma vez
que fazê-lo viola uma restrição moral contra o acto de
matar; do mesmo modo, pode ainda incluir restrições
contra o acto de mentir ou de quebrar uma promessa
e outras. Uma teoria deontológica é claramente não-
consequencialista, e é também não teleológica se as
suas restrições forem independentes do bem, por
exemplo, se contiver proibições independentes, não
derivadas, de matar ou mentir. Mas alguns
deontologistas, que classificam como tomista a sua
perspectiva, não relacionam as restrições com o bem.
Começam por identificar certos estados de coisas
como intrinsecamente bons, por exemplo o prazer, o
conhecimento e a liberdade. Mas, depois, pretendem
que, juntamente com o dever de promover esses bens,
há um dever independente e superior de os respeitar,
o que implica nada escolher que os contrarie ou que
os destrua intencionalmente. Este segundo dever é a
base de restrições contra matar, que destrói o bem
que é a vida humana; contra mentir, que visa o oposto
do conhecimento, e assim por diante.
Porém, os tomistas tal como John Finnis (1980)
classificam a sua perspectiva como teleológica uma
vez que se centra nos bens que podem e devem ser
promovidos. O mesmo não se poderia dizer das
deontologias de inspiração kantiana que baseiam as
restrições no respeito por um valor que se encontra
nas pessoas e não nos estados de coisas e que não é
para ser promovido uma vez que não há um dever de
aumentar o número de pessoas virtuosas. Mas a
deontologia tomista partilha com as teorias
teleológicas típicas um número suficiente de posições
para que possa ser classificada como tal, ainda que
isso não seja incontroverso. (A ser assim, as éticas
deontológicas opõem-se ao consequencialismo mas
não necessariamente à teleologia.)
As teorias morais teleológicas relacionam todos os
deveres morais com o bem dos estados de coisas.
Assim, serão rejeitadas por quem pensa que as
afirmações sobre valor intrínseco são ininteligíveis ou
por quem defende, com Kant (1998), que o valor
fundamental é o da pessoa. Estas perspectivas são, no
entanto, minoritárias. A maioria dos filósofos aceitam
como não deriváveis as afirmações de que a dor é um
mal e o conhecimento um bem, de modo que há, pelo
menos, algum dever moral de evitar a primeira e
promover o segundo. A questão crucial no que diz
respeito às éticas teleológicas é, pois, se todos os
deveres podem ser relacionados com o bem. Ao tratar-
se esta questão deve ter-se em conta as múltiplas
formas de éticas teleológicas. Estas podem valorizar
não apenas o prazer mas também, por exemplo, a
distribuição equitativa e a acção virtuosa; podem
permitir, ou mesmo exigir, que os agentes dêem um
peso maior ao bem de certas pessoas; e podem não
requerer a maximização do bem. Permanece, porém, a
questão de saber se as éticas teleológicas podem ou
não admitir restrições morais que tornem errado fazer
aquilo que promoveria os melhores efeitos. Os
consequencialistas em sentido estrito rejeitam essas
restrições ou alegam que admiti-las só se justifica no
caso de terem boas consequências. Mas os que
pensam que as restrições se impõem por si
perguntarão se as éticas teleológicas podem
comportar restrições, como procuram fazer as teorias
tomistas, e, em caso afirmativo, se as explicam de
modo satisfatório. Se a resposta a ambas as questões
for afirmativa, então a abordagem teleológica da ética
pode abarcar um largo espectro de fenómenos morais.
No caso contrário, essa abordagem torna-se
inaceitável para aqueles que pensam que, por vezes, é
errado fazer o que promove o maior bem.

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