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Algumas diferenças entre esses dois direitos são dignas de nota: enquanto que o
natural nasce da razão, sendo supostamente superior ao positivo, este tem
origem em decisões voluntárias e o Estado como agente, o qual passa a tomar
as decisões; o natural é universal e imutável ao passo que o positivo é mutável
com a mudança das leis, é temporal e tem uma base territorial, o que não ocorre
com o direito natural; finalmente, a estabilidade e a ordem na sociedade são o
fundamento do direito positivo, enquanto que o natural se liga a princípios
abstratos e que correspondem à ideia de justiça.
Se os homens fossem todos bons, a lei moral seria, por si só, suficiente
para assegurar a ordem social. Mas a tendência natural do homem é ser mau.
Daí as divergências, as lutas. Então a lei, para ter valor de verdade, precisa de
sanção, que consiste na condenação da própria consciência e na execração da
consciência dos outros. A sanção moral é: se o homem pratica o mal, em face
da própria consciência se rebaixa, sendo também condenado pela consciência
pública. Porém isto não basta, pois a maior parte dos homens não se atemoriza
com o rebaixamento na própria consciência e nem deixarão de praticar o mal
por saber serão execrados pelos outros homens. É preciso pois que venha em
auxílio da lei uma sanção material; é a significação do direito.
Define-se então o direito nos termos de a norma de conduta
estabelecida pelo poder público e assegurada coativamente por uma snção
material.
Há uma norma de conduta consagrada pela própria consciência: a
moral. E há uma norma de conduta estabelecida pelo poder público: o direito.
Não são dois sistemas diferentes de leis, pois a lei que o direito estabelece é a
lei moral.
A diferença essencial entre direito e moral: no direito, a lei moral é
assegurada coativamente pelo emprego da força: direito é força. A moral é a
ideia e o direito também é a mesma ideia mas que se manifesta externamente e
reagindo como força contra a violação da lei. Nem toda a lei moral deve ser
reduzida a direito, somente aquelas cuja violação põe em perigo a ordem
social. O direito está para a moral como a parte está para o todo.
No direto, a lei moral é assegurada coativamente pelo poder público. A
moral é um todo em que o direito é uma parte. É a parte das leis morais que o
poder público constitui a ordem jurídica, reduzindo-as a leis positivas.
Dedução do critério supremo da Conduta.