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PROGRAMA INTEGRADO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (PIC)

PERÍODO DE AGOSTO/2015 A AGOSTO/2016

RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES

Cenários Sustentáveis para a Macrometrópole Paulista.

Braulio Fabiano, RA 12048617

Faculdade de Engenharia Ambiental

Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Demanboro

Faculdade de Engenharia Ambiental

Modalidade: (X) PIBIC/CNPq

( ) FAPIC/Reitoria

( ) Outra Agência: _____________

Grupo de pesquisa: Sustentabilidade Ambiental das Cidades

Linha de pesquisa: Sustentabilidade Ambiental

Campinas (SP), Setembro de 2015.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo Pressão-Estado-Resposta .................................................................................. 10


Figura 2 - Perímetro da Macrometrópole Paulista........................................................................... 15
Figura 3 - São Paulo e a concentração do PIB brasileiro no ano de 2006 ................................. 19
Figura 4 - Uso e ocupação do solo na Macrometrópole Paulista. ................................................ 21
Figura 5 - Demanda de água da UGRHI 3 – Litoral Norte (*) ....................................................... 26
Figura 6 - Demanda de água da UGRHI 2 – Paraíba do Sul (*) ................................................... 26
Figura 7 - Demanda de água da UGRHI 05 - PCJ (*)..................................................................... 26
Figura 8 - Demanda de água da UGHRI 06 - Alto Tietê ................................................................ 26
Figura 9 - Demanda de água da UGRHI 09 - Mogi Guaçu (*) ...................................................... 26
Figura 10 - Demanda de água da UGHRI 07 - Baixada Santista ................................................. 26
Figura 11 - Demanda de água da UGRHI 11 - Ribeira de Iguape/Litoral Sul (*)....................... 27
Figura 12 - Demanda de água da UGHRI 10 - Tietê/Sorocaba.................................................... 27
Figura 13 - Localização dos Reservatórios Pedreira e Duas Pontes .......................................... 35
Figura 14 - Zonas de Demanda. ......................................................................................................... 38
Figura 15 - Determinação do nível eficiente de perdas em um sistema de abastecimento de
água potável............................................................................................................................................ 44
Figura 16 - Síntese das ações para o controle e a redução de perdas reais ............................ 45
Figura 17 - Índices de perda na distribuição Estadual.................................................................... 46
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Rios principais das UGRHIs Inseridas (total ou parcialmente) no Território


Socioeconômico. .................................................................................................................................... 17
Tabela 2 - População da MMP, por UGRHI, no ano de 2008 ....................................................... 18
Tabela 3 - Padrões de Uso e Ocupação do Solo, por UGRHI. ..................................................... 20
Tabela 4 - Área Total e de Cobertura vegetal de cada URGHI inserida na Macrometrópole
Paulista. ................................................................................................................................................... 22
Tabela 5 - Índices de Atendimento médio por serviços de Água e Esgoto, por UGRHI.......... 23
Tabela 6 - Demanda total por tipo de uso da água e somatória da demanda da
Macrometrópole para os horizontes de projeto................................................................................ 24
Tabela 7 - Sistema Integrado de Abastecimento da RMSP - Disponibilidades Hídricas Atuais
................................................................................................................................................................... 28
Tabela 8 - Vazões com Permanência de 95% no Tempo e Vazões Médias de Longo Período
no ano de 2007....................................................................................................................................... 30
Tabela 9 - Disponibilidade hídrica para as Bacias PCJ.................................................................. 31
Tabela 10 - Balanço hídrico para as principais UGHRI's da MMP ............................................... 37
Tabela 11 - Prioridades de Demanda ................................................................................................ 39
Tabela 12 - Balanço hídrico proposto pelo IWA............................................................................... 40
Tabela 13 - Perdas reais por subsistemas: Origens e Magnitudes ............................................. 41
Tabela 14 - Perdas aparentes: Origens e Magnitudes ................................................................... 42
Tabela 15 - Principais características das perdas reais e aparentes .......................................... 43
Tabela 16 - Municípios mais populosos da RMPS e seus índices de perdas na distribuição
de água .................................................................................................................................................... 47
Tabela 17 - Demandas de água para o ano de 2035 ..................................................................... 48
Tabela 18 - Índices de perda na distribuição nas principais UGRHIs na MMP ......................... 49
Tabela 19 - Demandas de água para o ano de 2035 - Cenário Conservação .......................... 52
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 6
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 9
3. METODOLOGIA............................................................................................................................. 10
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................ 13
4.1. Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) ................................ 13
4.3. Demografia ..................................................................................................................... 18
4.4. Economia ........................................................................................................................ 18
4.5. Uso e Ocupação do Solo e Cobertura Vegetal ........................................................ 19
4.6. Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário.................................................. 23
4.7. DEMANDAS DE ÁGUA ............................................................................................................ 24
4.8. DISPONIBILIDADE HÍDRICA.................................................................................................. 27
4.8.2. DISPONIBILIDADES FUTURAS ............................................................................ 32
4.9. BALANÇO HÍDRICO ..................................................................................................... 36
4.10. CONTROLE DE PERDAS ....................................................................................... 39
5. ELABORAÇÃO DE CENÁRIOS.................................................................................................. 48
5.1. CENÁRIO TENDENCIAL ............................................................................................. 48
5.1.1. QUALIDADE DA ÁGUA ........................................................................................... 50
5.1.2. ÁREAS FLORESTADAS.......................................................................................... 50
5.2. CENÁRIO CONSERVAÇÃO ....................................................................................... 50
5.2.1. QUALIDADE DA ÁGUA ........................................................................................... 52
5.2.2. ÁREAS FLORESTADAS.......................................................................................... 53
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 54
7. AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 57
RESUMO

A atual criticidade das bacias hidrográficas, tanto em aspectos quantitativos como


qualitativos evidencia a urgência no planejamento e gestão das mesmas. A
Macrometrópole Paulista compreende três Regiões Metropolitanas do Estado de São
Paulo: a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), a Região Metropolitana de
Campinas (RMC) e a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), além de
suas áreas de influência. Buscou-se a elaboração de cenários no âmbito das
principais bacias que compõe a Macrometrópole Paulista, Alto Tietê, Piracicaba,
Capivari, Jundiaí, Sorocaba e Paraíba do Sul. A metodologia utilizada baseou-se no
modelo Pressão-Estado-Resposta proposto pela OECD (1993; 2003), com base na
seleção de indicadores, considerando a relevância política, utilidade aos usuários,
confiabilidade e mensurabilidade de cada indicador. Para a execução do diagnóstico
ambiental foram selecionados indicadores, permitindo a representação das bacias e
subsidiando a elaboração dos cenários. Dessa forma, foi possível propor ações que
busquem garantir a sustentabilidade das bacias que compõem a Macrometrópole
Paulista.
1. INTRODUÇÃO

É inegável que as expansões urbanas alteram o meio natural, causando


mudanças, na maioria das vezes, irreversíveis. Assim, torna-se necessário em um
planejamento físico-territorial que medidas sejam tomadas para a determinação de
critérios para a utilização racional dos espaços, além da prevenção de conflitos, já que
estes são responsáveis pela deterioração dos recursos naturais e da qualidade de
vida da população. Contudo, é a ausência de planos físico-territoriais nas áreas
urbanas a maior responsável pelo agravamento de enchentes ou de
escorregamentos, alteração da qualidade e quantidade de mananciais hídricos e
extinção ou afastamento da fauna e flora, além de outros impactos ao meio natural
(OLIVEIRA, 2004).

A urbanização produz grandes impactos no ciclo hidrológico, afetando direta e


indiretamente. Alterações nas drenagens, problemas de saúde, enchentes,
deslizamentos e desastres são consequências de um menor escoamento de água
provocado pelas altas taxas de urbanização (TUNDISI, 2003).

É notório que várias ações antrópicas, realizadas no período pós-revolução


industrial, causaram grandes impactos no meio ambiente. O despejo de efluentes
agrícolas, industriais e domésticos nos cursos de água, sem tratamento prévio, poluiu
rios e lagos. Além disso, o desmatamento da mata ciliar acarreta em erosões nas
margens, assoreando os leitos, o que diminui o escoamento dos rios. Vê-se ainda que
dos 227 maiores rios do mundo, 60% do total possuem algum desvio, barragem ou
canal, o que afeta em seus cursos naturais, capacidade de escoamento e de irrigação
natural, sendo que muitos deles nem chegam ao mar, já que a urbanização em suas
margens drena seu curso e volume de água. O problema se estende na precipitação,
já que devido à poluição, possuem grandes quantidades de óxidos de enxofre e
nitrogênio, tornando a água mais ácida e corrosiva (JOHN; MARCONDES, 2010).

As mudanças climáticas são capazes de alterar o ciclo da água, alterando em


sua quantidade e qualidade. As mudanças podem ocorrer em quaisquer etapas,
sendo tanto aceleradas como desaceleradas, dependendo da região do planeta. O
aquecimento da água, por exemplo, afetará a biodiversidade marinha, a eutrofização
de águas continentais ocorrerá mais rapidamente, além do aumento de substâncias
6
tóxicas e poluentes. Na América Latina, tais fatores podem alterar radicalmente o
clima e os recursos hídricos existentes, como a maior frequência de enchentes e
secas, degradando a qualidade da água; aumento na intensidade dos ciclones
tropicais, aumentando o risco de morte, sem contar os riscos às propriedades e
ecossistemas, devido ao aumento de chuvas pesadas, tempestades, enchentes e
ventos fortes (TUNDISI, 2003).

Projeções de impacto e comprometimento da vida são preocupantes, a partir


da escassez e mau uso da água. Se as gestões dos recursos hídricos se manterem,
prevê-se que somente 25% da população mundial terá água para suas necessidades
em 2050 (JOHN e MARCONDES, 2010).

De acordo com o World Water Council (WWC), se alguns princípios fossem


utilizados, uma gestão mais produtiva da água poderia ser reestabelecida, bem como
reverteria o comprometimento da água existente. Seria necessário limitar a expansão
da agricultura irrigada (atividade com maior drenagem de água), incrementar a
produtividade da água (aumento de número de alimentos por volume de água
utilizada), incrementar a armazenagem, modificar a gestão do uso da água,
incrementar a cooperação em bases internacionais, valorizar as funções dos
ecossistemas (compreender a função dos ecossistemas na renovação da água), e
estimular a inovação (incrementar a produtividade da água). Com essas medidas,
seria possível reverter o estresse hídrico em que o Planeta se encontra, além de
estimular a conservação da Natureza (JOHN; MARCONDES, 2010).

É claro de que um dos recursos naturais com maior variedade de uso é a água.
Tal fato ocorre devido aos vários progressos sociais e industriais alcançados pelas
atividades humanas, dentre as quais: abastecimento público; consumo industrial;
matéria prima para indústria; irrigação; recreação; dessedentação de animais;
geração de energia elétrica; transporte; diluição de despejos e preservação da flora e
fauna. Nos quatro primeiros usos, é necessário um manancial para a retirada de água.
Por outro lado, a diluição de despejos é uma atividade que tem sido abandonada, já
que as exigências legislativas são maiores em relação à emissão de efluentes
(TUCCI; SILVEIRA, 2013).

7
No Brasil, os usos múltiplos dos recursos hídricos variam de acordo com a
região e a concentração da população humana, o seu desenvolvimento econômico
regional a intensidade de uso das bacias hidrográficas. As produções agrícola e
industrial, juntamente com o consumo humano, são responsáveis por
aproximadamente 90% dos recursos hídricos utilizados no país, sendo as principais
atividades: abastecimento público em áreas urbanas, irrigação a partir de águas
superficiais e subterrâneas, uso industrial, aquicultura, hidroeletricidade, entre outros
(TUNDISI, 2003).

8
2. OBJETIVOS

Propor cenários alternativos que visem o planejamento ambiental integrado


das bacias que compõem a Macrometrópole Paulista, possuindo como objetivos
específicos:

- Realizar o diagnóstico físico e ambiental da bacia;

- Selecionar indicadores ambientais relevantes no cenário atual;

- Desenvolver cenários alternativos para a situação dos recursos naturais na


Macrometrópole Paulista.

9
3. METODOLOGIA

Será utilizado o modelo Pressão-Estado-Resposta, elaborado pela


Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tanto para
determinação como para seleção dos indicadores ambientais. Para a OCDE (2003),
as atividades humanas realizam pressões, tanto diretas como indiretas sobre o
ambiente, causando impactos quantitativos e qualitativos no ambiente (estado). A
resposta ocorre através da sociedade, que se mostra atenta à tais e impactos e realiza
intervenções através de políticas ambientais, setoriais e econômicas, buscando
mitigar os impactos.

Figura 1 - Modelo Pressão-Estado-Resposta

Fonte: OCDE (2003) apud Laurentis (2008).

Os indicadores ambientais são essenciais para os processos de tomada de


decisão, uma vez que fornecem uma visualização dos dados do diagnóstico, além de
ferramentas para a construção de cenários, podendo realizar a análise das condições
do meio e observar as consequências da decisão tomada. Além disso, propiciam
analisar as mudanças ocorridas no ambiente, o que permite ao planejador a
capacidade de realizar medidas preventivas baseadas nos cenários futuros e nas
10
ações consideradas primordiais estabelecidas pelos objetivos do planejamento
(LAURENTIS, 2008).

A quantidade de indicadores utilizados em um estudo é proporcional a


escala de trabalho utilizada, além de também estar relacionado às características do
local. Outro fator é a quantidade de informações disponíveis sobre o local passíveis
de interpretação, estando estes diretamente ligados ao grau de generalização do
planejamento (SANTOS, 2004).

Sánchez (2008) afirma que a previsão das mudanças no ambiente natural


está contida na etapa de avaliação no processo de planejamento, servindo de base
para o prognóstico de situações futuras. Através da identificação dos potenciais,
vulnerabilidades e limitações disponibilizados pelo diagnóstico ambiental, é possível
prever as consequências no ambiente nas mais variadas escalas, o que permite a
avaliação de impactos a longo prazo, além da antecipação de ações que possam
minimizar os impactos das atividades que viriam a degradar o ambiente.

Segundo Santos (2004), o planejamento ambiental nada mais é do que a


interpretação contínua de processos das atividades antrópicas no ambiente, enquanto
que este possui leituras estáticas. Além disso, alega que os impactos individuais não
é o fator principal para a degradação de um ecossistema – mas sim um conjunto de
ações responsáveis pela degradação ou conservação de determinada área de estudo
em um intervalo de tempo.

Em um planejamento ambiental, é a escala temporal que norteia a análise


de um espaço estudado, bem como a criação de modelos futuros de situação,
indicando as mudanças ocorridas durantes o tempo analisado. Assim, é possível notar
os tipos de modificações e identificar os causadores, podendo ser observado tanto em
um meio natural como antropizado, o que favorece no processo de tomada de decisão
(SANTOS, 2004).

Normalmente, a representação temporal é realizada através da construção


de cenários, os quais contextualizam a paisagem em determinados momentos da
escala de tempo, o que fornece aos planejadores um melhor entendimento das ações
exercidas sobre a área e os impactos ambientais resultantes. Assim, os tomadores de

11
decisão podem modelar com maior eficiência a maneira a relação espaço, tempo e
meio, possuindo um olhar mais fiel sobre as fragilidades da área analisada (SANTOS,
2004).

Os cenários, em alguns casos, devem conter não só as análises técnicas


obtidas pelo diagnóstico, mas também as propostas realizadas pelos órgãos
governamentais, bem como a opinião da população que habita o local. Dessa forma,
engloba-se os pontos de vista técnico, político e social, o que fornece diferentes visões
de um mesmo local. Para Santos (2004) e Sánchez (2008), são as ideias opostas a
base da elaboração de cenários, além da variação de ações de planejamento ou suas
ausências, restrições e limitações, bem como condições para preservação do
ambiente e melhoria na qualidade de vida da população.

12
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI)

As Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos não podem ser


consideradas bacias hidrográficas, já que são uma área territorial que permite o
gerenciamento dos recursos hídricos de forma descentralizada. Além disso, em uma
UGRHI existem várias bacias, podendo ser compartilhadas com outros estados ou
não. Existem no estado de São Paulo 22 Unidades de Gerenciamento, divididas por
área de bacia. A seguir, mostra-se suas especificações, de acordo com o DAEE
(2007):

1) Bacia do Rio Tietê (Área: 72.391 km²): Composta pelas UGRHI’s 05


(Piracicaba/Capivari/Jundiaí), 06 (Alto Tietê), 10 (Tietê/Sorocaba), 13
(Tietê/Jacaré), 16 (Tietê/Batalha) e 19 (Baixo Tietê);

2) Região Hidrográfica da Vertente Paulista do Rio Grande (Área: 56.961


km²): Composta pelas UGRHI’s 01 (Mantiqueira), 04 (Pardo), 08
(Sapucaí/Grande), 09 (Mogi-Guaçu), 12 (Baixo Pardo/Grande) e 15
(Turvo/Grande);

3) Bacia do Rio Paraíba do Sul (Área: 14.444 km²): Composta pela UGRHI 02
(Paraíba do Sul);

4) Região Hidrográfica da Vertente Litorânea (Área: 21.834 km²): Composta


pelas UGRHI’s 03 (Litoral Norte), 07 (Baixada Santista) e 11 (Ribeira do
Iguape e Litoral Sul);

5) Região Hidrográfica da Vertente Paulista do Rio Paranapanema (Área:


51.833 km²): Composta pelas UGHRI’s 14 (Alto Paranapanema), 17 (Médio
Paranapanema) e 22 (Pontal do Paranapanema);

6) Região Hidrográfica Aguapeí/Peixe (Área: 23.965 km²): Composta pelas


UGRHI’s 20 (Aguapeí) e 21 (Peixe);
13
7) Região Hidrográfica de São José dos Dourados (Área: 6.783 km²):
Composta pela UGRHI 18 (São José dos Dourados).

4.2. MACROMETRÓPOLE PAULISTA

A região denominada Macrometrópole Paulista compreende a área de principal


polo produtivo e densidade urbana do País durante o século XX. Localiza-se em tal
região três Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo: a Região Metropolitana
de São Paulo (RMSP), a Região Metropolitana de Campinas (RMC) e a Região
Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), bem como suas áreas de influência.
Fazem parte ainda das regiões metropolitanas municípios localizados na UGRHI 05
(Piracicaba, Capivari e Jundiaí), considerando também os munícipios pertencentes ao
Estado de Minas Gerais; os munícipios integrantes da UGRHI 10 (Sorocaba e Médio
Tietê); municípios paulistas localizados na UGRHI 02 (Paraíba do Sul). Os municípios
continentais do Litoral Norte também fazem parte da Macrometrópole Paulista, já que
possuem elevada atividade turística, além de seu potencial crescimento econômico,
devido às melhorias sendo realizadas e projetos futuros, principalmente os
relacionados à infraestrutura ao porto de São Sebastião (COBRAPE, 2013).

A figura 2 indica a região compreendida pela Macrometrópole Paulista –


totalizando 180 municípios, inseridos total ou parcialmente. Estão inseridas na
Macrometrópole 8 UGRHIs (02 – Paraíba do Sul; 03 – Litoral Norte; 05 –
Piracicaba/Capivari/Jundiaí; 06 – Alto Tietê; 07 – Baixada Santista; 09 – Mogi Guaçu;
10 – Tietê/Sorocaba; 11 – Ribeira de Iguape/Litoral Sul). Contudo, as UGRHIs
02,03,09 e 11 não estão totalmente inseridas. Quanto aos munícipios pertencentes a
mais de uma UGRHI, foi considerada a que possuir maior parcela de área urbana do
município. Ressalta-se ainda a presença de quatro municípios mineiros, integrantes
das Bacias PCJ (URGHI – 05) (SÃO PAULO, 2013).

14
Figura 2 - Perímetro da Macrometrópole Paulista.

Fonte: DAEE, 2013.

A Macrometrópole Paulista é estabelecida como a principal concentração


urbana nacional, possuindo uma estrutura de produção complexa e bem diversificada,
sendo caracterizada por sua estrutura heterogênea. Sua rede urbana é diferenciada
em relação ao porte populacional, configuração e perfil funcional, já que se trata de
uma região que possui um intenso fluxo na troca de consumo de bens e serviços,
somado a relação pendular moradia-trabalho (RQA, 2015).

Vê-se a grande importância da região ao notar-se que a mesma abriga,


atualmente, mais de 30 milhões de habitantes, o que representa 75% da população
paulista, além de ser responsável por mais de 80% do PIB estadual (RQA, 2015).

A Macrometrópole insere-se em sua maior parte na bacia formada pelo Rio


Tietê, estando a Barragem de Barra Bonita a montante da região. As UGRHIs
compreendidas são a do Alto Tietê (06), Sorocaba (10) e Piracicaba/Capivari/Jundiaí
(05). Destaca-se a relação hidráulica da UGTHI Alto Tietê com a UGRHI
Piracicaba/Capivari/Jundiaí pelo Sistema Cantareira – o qual fornece 31 m³/s de suas
cabeceiras visando o abastecimento da RMSP e da UGRHI Baixada Santista, que
15
através do Sistema Billings obtém águas do Alto Tietê para a vertente marítima
gerando energia na Usina Hidrelétrica Henry Borden, sendo tais águas posteriormente
utilizadas para abastecimento público na Baixada Santista e em Cubatão, em sua área
industrial. Há ainda duas transposições de pequeno porte: nas cabeceiras do rio
Capivari (1 m³/s) e do rio Guaratuba (0,5 m³/s), ambas reforçando o abastecimento da
RMSP (COBRAPE, 2013).

A Tabela 1 indica os principais rios integrantes do Território Socioeconômico


do Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole
Paulista, de acordo com os planos de bacias (COBRAPE, 2013).

16
Tabela 1 - Rios principais das UGRHIs Inseridas (total ou parcialmente) no Território Socioeconômico.

Fonte: Cobrape, 2013.

17
4.3. Demografia
Segundo a Cobrape (2013), a Macrometrópole Paulista possuía em 2008 uma
população de aproximadamente 30 milhões de habitantes, sendo a maior
concentração na Região Metropolitana de São Paulo, com vários municípios com
população superior à 500 mil habitantes. A tabela 2 indica as populações, por UGRHI.

Tabela 2 - População da MMP, por UGRHI, no ano de 2008

População da MMP por UGRHI (2008)


UGRHI População (hab)
2 1.948.520
3 242.331
5 5.050.428
6 19.533.758
7 1.664.929
9 535.798
10 1.801.145
11 45.617
TOTAL 30.822.526
Fonte: Cobrape, 2013, adaptado por autores.

4.4. Economia

Apesar de não ser a grande evidência de outrora, a Macrometrópole ainda


possui destaque na matriz econômica nacional, mas agora inserido em um cenário
geográfico maior (COBRAPE, 2013).

Com o aumento do desenvolvimento nacional e consequentemente das regiões


por todo o país, houve uma mudança na dinâmica econômica. Contudo, a RMSP ainda
possui importância, com uma elevada produção industrial, mas com a alteração de
um maior setor terciário, bem como maior concentração de atividades financeiras,
estando também diretamente ligada com a economia mundial (COBRAPE, 2013).

Vê-se na figura 3 a distribuição do PIB no Estado de São Paulo, evidenciando,


claramente, a importância da Macrometrópole e da Região Metropolitana, cuja
localização está mais próxima da capital.

18
Figura 3 - São Paulo e a concentração do PIB brasileiro no ano de 2006

Fonte: Cobrape, 2013.

4.5. Uso e Ocupação do Solo e Cobertura Vegetal

As mudanças ocorridas na área de cobertura da vegetação nativa evidenciam


a dinâmica do uso dos recursos naturais pelas atividades antrópicas, além de indicar
a evolução do uso e ocupação do solo em uma determinada área (RQA, 2015).

Assim, esses parâmetros são aspectos importantes para a avaliação da


intensidade das atividades humanas em uma determinada área. De acordo com a
Cobrape (2013), a figura 3 indica as áreas potenciais a maiores e menores impactos
devido às intervenções de engenharia previstas, tanto positivos quanto negativos, em
ecossistemas terrestres e aquáticos, sobre áreas urbanizadas ou rurais. Além disso,
indicou-se o grau de impacto, indicando a necessidade de ações para evitar, mitigar
ou compensar tais efeitos. Já na Tabela 2, é possível identificar os dados obtidos a
partir da figura 3, resultantes da quantificação dos padrões de uso do solo, bem como
a cobertura vegetal existente para cada região e UGRHI.

19
Tabela 3 - Padrões de Uso e Ocupação do Solo, por UGRHI.

Fonte: Cobrape (2013) apud Mapa de uso e ocupação do solo de PERH (2004).

É possível observar na tabela 2 que as UGRHIs com maiores quantidades de


cobertura vegetal são: Litoral Norte, Baixada Santista e Ribeira do Iguape,
respectivamente. Nas outras, destaca-se o grande uso da área para culturas e
atividades agrícolas. Há ainda a particularidade da UGRHI 06 (Alto Tietê): apesar de
sua grande área urbana (32%), possui uma quantidade considerável de cobertura
vegetal (24%) (COBRAPE, 2013).

Entretanto, para as UGRHIs em que a cobertura vegetal não ocupa grandes


áreas, há, em alguns corpos d’água, a presença de mata ciliar, mesmo que esta não
esteja totalmente preservada. Assim, é necessário que medidas compensatórias
sejam realizadas caso haja intervenções em tais áreas, sendo necessário o replantio
de espécies nativas, medida de elevado custo, podendo estar acompanhada de
aquisição de parcelas rurais e reassentamento de populações (COBRAPE, 2013).

20
Figura 4 - Uso e ocupação do solo na Macrometrópole Paulista.

Fonte: Cobrape, 2013.

De acordo com a Reserva Legal, são necessários no mínimo 20% de cobertura


vegetal no estado, porcentagem muito superior em algumas UGHRI’s, porém distante
na maioria das Unidades inseridas na macrometrópole, como se pode observar na
tabela 4.

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Tabela 4 - Área Total e de Cobertura vegetal de cada URGHI inserida na Macrometrópole Paulista.

Área Cobertura Cobertura Vegetal Déficit Superávit


UGRHI (km²) Vegetal (km²) Mínima (km²) (km²) (km²)

02 - Paraíba do Sul 14444 1271 2888,8 -1617,8 -


03 - Litoral Norte 1948 1899 389,6 - 1509,4
05 - PCJ 14178 1911 2835,6 -924,6 -
06 - Alto Tietê 5868 1397 1173,6 - 223,4
07 - Baixada Santista 2818 2669 563,6 - 2105,4
09 - Mogi Guaçu 15004 1598 3000,8 -1402,8 -
10 - Tietê/Sorocaba 11829 2104 2365,8 -261,8 -
11 - Ribeira do
Iguape/Litoral Sul 17068 14388 3413,6 - 10974,4
13 - Tietê/Jacaré 11779 1106 2355,8 -1249,8 -
14 - Alto
Paranapanema 22689 2995 4537,8 -1542,8 -
TOTAL 117625 31338 23525 -6999,6 14812,6

Fonte: SigRH (2015), elaborado por autores.

Vê-se na tabela 4 que as maiores quantidades de cobertura vegetal estão no


litoral do estado, que somados, representam 60% da vegetação remanescente.
Assim, nota-se não apenas a pouca área com vegetação nativa restante, mas também
que sua localização é heterogênea, com um cenário interiorano oposto ao visualizado
no litoral, fato evidenciado pelos grandes déficits nas UGRHI’s. Grandes áreas
necessitam ser revegetadas para se atingir a meta mínima, medida que é de caráter
de longo prazo e de alto valor de investimento, porém essencial para a recuperação
das bacias hidrográficas.

Dessa forma, a ausência de cobertura vegetal é uma das causas da


degradação das bacias hidrográficas do estado de São Paulo, já que impacta
diretamente na qualidade e quantidade de água disponível, que somada à grande
demanda da macrometrópole estadual, possui oferta cada vez menor.

22
4.6. Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário

Os valores utilizados para os índices de atendimento de água, bem como os de


coleta e tratamento de esgotos para os municípios inseridos na Macrometrópole
Paulista foram baseados nos dados referentes ao ano de 2007 do Sistema Nacional
de Informações sobre o Saneamento (SNIS), além de dados obtidos da SABESP
(sendo informações válidas para o ano de 2008), ou ainda, dados obtidos pelos Planos
de Bacias Hidrográficas, sendo adaptados, já que avaliavam apenas em relação à
população urbana (COBRAPE, 2013).

A tabela 5 indica o Índice de Atendimento médio por serviços de Água e Esgoto


em cada UGRHI, a partir dos dados disponibilizados.

Tabela 5 - Índices de Atendimento médio por serviços de Água e Esgoto, por UGRHI
Índice de Tratamento de
Esgotos (%)
(Sobre o (Sobre o
Índice de atendimento Índice de Coleta esgoto esgoto
UGRHI total de água (%) de Esgotos (%) coletado) gerado)
2 79,0 73,6 42,7 34,9
3 94,0 39,3 100,0 39,3
5 84,0 71,0 36,6 29,5
6 88,3 55,3 32,1 19,0
7 91,9 41,8 95,4 40,4
9 89,6 81,9 30,2 25,7
10 76,7 72,4 57,0 41,8
11 38,2 17,0 100,0 17,0
MÉDIA 80,2 56,5 61,8 31,0
Fonte: Cobrape (2013), adaptado por autores.

Nota-se que em toda a MMP, o abastecimento de água e tampouco a coleta de


esgotos são realizados em sua totalidade, o que evidencia a precariedade deste
serviço. Os maiores índices de atendimento de água ocorrem nas regiões litorâneas,
enquanto que a coleta de esgoto ocorre na Bacia do Mogi Guaçu (9) e Paraíba do Sul
(2), respectivamente. Ressalta-se, porém, que as nas duas UGRHIs mais populosas
(Alto Tietê – 6 e PCJ – 5), e consequentemente com maior lançamento de esgotos,
os índices de coleta e tratamento estão longe dos ideais, o que mostra que são
necessárias melhorias nestes serviços, já que afetam a qualidade não só do meio
ambiente, mas também da saúde pública.

23
4.7. DEMANDAS DE ÁGUA

De acordo com a Cobrape (2009), as demandas de recursos hídricos foram


baseadas no ano de 2008, realizando as projeções para os anos de 2018, 2025 e
2035. As únicas exceções estão no setor de agropecuária, no qual foram utilizados
dados do 10° Censo Agropecuário do IBGE de 2009 e no industrial, pelas vazões
inseridas pela Usina Termoelétrica Piratininga, no município de São Paulo.

As projeções realizadas indicam um aumento de 60,11 m³/s, o que resulta em


um aumento de 27% quando comparado com o de 2008. Destaque para irrigação,
com maior incremente de 40,5%, bem superior ao da indústria (24,4%) e
abastecimento urbano (23,2%). Em valores totais, a participação da irrigação sofre
aumento de 2,1%, chegando a 21,8%, enquanto que os outros dois segmentos
seguem caminho contrário, com decréscimo em suas demandas globais.

Tabela 6 - Demanda total por tipo de uso da água e somatória da demanda da Macrometrópole para os horizontes de
projeto

Fonte: Cobrape, 2009.

De acordo com o cenário tendencial, vê-se que a demanda por água aumentará
em todos os setores e em toda a macrometrópole, com exceção para a irrigação nas
UGRHIs 03,06,07 e 11, além da ausência de demanda industrial na UGRHI
11.Ressalta-se, no entanto, que determinadas regiões tendem a crescer fortemente,
como é o caso do PCJ, da Baixada Santista e Tietê/Sorocaba, abrangendo todos os
setores, com destaque para a irrigação e indústrias (principalmente transporte e
comunicação). O consumo de água das bacias PCJ só não supera a da RMSP (Alto
Tietê), e se tal tendência se confirme, a demanda total necessária será 45% superior
24
à constatada em 2008. Quanto ao litoral, a sazonalidade deve ser considerada,
principalmente durante as festas de fim de ano, no qual há um aumento populacional
que implica em maiores demandas de água.

Se desde o começo do século, com uma demanda 25% menor, algumas


regiões da MMP já sofriam com a escassez hídrica, este cenário tende a ser ainda
mais crítico em 2035, com muitas áreas sofrendo de estresse hídrico.

Nota-se ainda um crescimento elevado nas bacias litorâneas, principalmente


para o uso urbano, já que são áreas vistas pelo governo estadual com potenciais
turísticos. Contudo, o consumo de água nessas regiões é pequeno quando
comparado com as outras regiões da MMP. A exceção está na Baixada Santista, a
qual ocupa destaque no consumo de água devido às suas atividades econômicas e
proximidade com a capital, tendo seu consumo praticamente nulo de irrigação
compensado pelas altas demandas urbanas e industriais.

Apesar de não estarem totalmente inseridos, a bacias Paraíba do Sul e Mogi


Guaçu também apresentam cenário de crescimento elevado para os próximos anos
em todos os segmentos, com destaque para a irrigação na UGRHI 09 e demanda
industrial no Paraíba do Sul.

Ainda que a bacia do Alto Tietê apresente taxas de crescimento de demanda


de água mais modestos quando comparado com as outras bacias, vê-se que é a
responsável por praticamente metade da demanda total atual, cenário que deverá se
manter. Isso se deve, sobretudo, à demanda urbana, que é muito superior às outras
e deve ter aumento de aproximadamente 20%, diferentemente a irrigação, que deve
estagnar e a industrial aumentar apenas 5% até 2035.

As figuras 5 a 12 mostram o comportamento do crescimento das demandas por


recursos hídricos, além de tornar aparente a sua divisão setorial para o horizonte
analisado.

25
Figura 6 - Demanda de água da UGRHI 2 – Figura 5 - Demanda de água da UGRHI 3 –
Paraíba do Sul (*) Litoral Norte (*)
Demanda de água da UGRHI 2 - Paraíba do
Demanda de água da UGRHI 3 - Litoral Norte(*)
Sul(*)
2,5
25,0
Demanda (m³/s)

2,0

Demanda (m³/s)
20,0 0,1
6,6 0,1
6,4 6,5 0,1 0,6
15,0 6,2 1,5 0,1 0,5
Irrigação 0,5 Irrigação
7,0 0,4
10,0 6,2 6,5 1,0 Industrial
5,5 Industrial
1,1 1,2 1,3 Urbana
5,0 Urbana 0,5 1,0
6,4 7,1 7,5 7,8
- -
2008 2018 2025 2035 2008 2018 2025 2035

(*) UGRHI parcialmente inserida na macrometrópole (*) UGRHI parcialmente inserida na macrometrópole

Fonte: Cobrape, 2010. Fonte: Cobrape, 2010.

Figura 7 - Demanda de água da UGRHI 05 - Figura 8 - Demanda de água da UGHRI 06 -


PCJ (*) Alto Tietê

Demanda de água da UGRHI 5 - PCJ(*) Demanda de água da UGRHI 6 - Alto Tietê


70,0 140,0

60,0 120,0 4,5 4,5


4,5
Demanda (m³/s)

4,5
Demanda (m³/s)

50,0 19,2 100,0 39,0 39,6


16,6 38,6
40,0 15,1 37,4
Irrigação 80,0 Irrigação
12,4
30,0 15,1 17,1
13,9 Industrial 60,0 Industrial
10,5
20,0 Urbana
Urbana 40,0 76,9 80,1 82,8
10,0 20,2 21,4 22,4 69,2
17,4
20,0
-
2008 2018 2025 2035 -
2008 2018 2025 2035
(*) incluindo-se os quatro municípios de Minas Gerais

Fonte: Cobrape, 2010. Fonte: Cobrape, 2010.

Figura 9 - Demanda de água da UGRHI 09 -


Figura 10 - Demanda de água da UGHRI 07 - Mogi Guaçu (*)
BaixadaDemanda
Santista
de água da UGRHI 7 - Santista
Demanda de água da UGRHI 9 - Mogi Guaçu(*)
25,0
20,0
18,0
20,0 0,0 16,0
Demanda (m³/s)
Demanda (m³/s)

0,0
0,0 14,0
15,0 0,0 10,8
9,5 10,1 Irrigação 12,0 9,7 10,1
9,1 10,0 Irrigação
7,9 Industrial 6,3
10,0 8,0 Industrial
Urbana 6,0
4,3 4,5 4,9 Urbana
5,0 9,3 4,0 3,6
7,0 8,4 8,9
2,0 2,4 2,4
2,0 2,2
-
-
2008 2018 2025 2035
2008 2018 2025 2035
(*) UGRHI parcialmente inserida na macrometrópole

Fonte: Cobrape, 2010. Fonte: Cobrape, 2010.

26
Figura 12 - Demanda de água da UGHRI 10 - Figura 11 - Demanda de água da UGRHI 11 -
Tietê/Sorocaba Ribeira de Iguape/Litoral
Demanda Sul
de água da UGRHI 11 (*)
- Ribeira de
Demanda de água da UGRHI 10 -
40,0
0,2
35,0 0,0
0,0

Demanda (m³/s)
30,0 0,0
Demanda (m³/s)

0,2
25,0 20,5
19,0 Irrigação
18,2 0,1 Irrigação
20,0 0,2 0,2
14,5 Industrial 0,0 0,2 Industrial
15,0
Urbana 0,1
6,7 7,6 0,1 Urbana
10,0 6,2
4,5
5,0 -
6,1 7,1 7,6 8,1
2008 2018 2025 2035
-
2008 2018 2025 2035 (*) UGRHI parcialmente inserida na macrometrópole

Fonte: Cobrape, 2010. Fonte: Cobrape, 2010.

4.8. DISPONIBILIDADE HÍDRICA

4.8.1. DISPONIBILIDADES HÍDRICAS ATUAIS

Alto Tietê

A tabela 7 mostra a disponibilidade hídrica dos mananciais utilizados no


Sistema Integrado da RMSP em 2008. Na época, a SABESP (Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo) possuía como metas o aproveitamento
do Rio Juquiá (4,7 m³/s). Constava ainda no HIDROPLAN obras para o
aproveitamento do rio Pequeno (2,2 m³/s), ampliando assim a retirada da Billings (de
4,8 m³/s para 7,0 m³/s), cuja implantação estava prevista para 2020. O aumento da
retirada do Sistema Alto Tietê se deu em 2008, para 15,6 m³/s pelo fechamento de
Taiaçupeba e a Operação Otimizada (responsáveis pelo acréscimo de 3,4 m³/s). Para
o Sistema Guarapiranga, o aumento de 1,7 m³/s ocorreu pela otimização do
Guarapiranga – Taquacetuba em 2006, fazendo com que a retirada no sistema
chegasse a 16 m³/s (COBRAPE, 2009).

27
Tabela 7 - Sistema Integrado de Abastecimento da RMSP - Disponibilidades Hídricas Atuais

Fonte: COBRAPE, 2009.

Sistema Cantareira

O Sistema Cantareira é o responsável por abastecer mais de 8 milhões de


pessoas na RMSP. Inaugurado em 1974, o Sistema é composto por seis
reservatórios, sendo que quatro deles realizam a transposição do potencial hídrico da
Bacia do Rio Piracicaba para a Bacia do Alto Tietê (WHATLEY & CUNHA, 2007).
Jaguari-Jacareí (conectados por um canal), Cachoeira e Atibainha, tendo como vazão
total regular de 31 m³/s, além de garantir uma vazão mínima no Rio Piracicaba (15
m³/s no município de Paulínia e 40 m³/s na cidade de Piracicaba). As vazões mínimas
efluentes são de 1 m³/s nos reservatórios de Jaguari e Atibainha, e 2 m³/s no
reservatório de Cachoeira. Essa vazão, somada à do reservatório Paiva Castro – de
2 m³/s na bacia do rio Juqueri – garantem originalmente 33,0 m³/s visando o
abastecimento da RMSP (COBRAPE, 2009).

Apesar da existência de alguns planos de gestão do Sistema caso houvesse


mudanças climáticas, buscando garantir o abastecimento da RMSP, este não foi bem
executado. Nos últimos anos, têm-se constatado um aumento na escassez de água,
visualizado pela queda significativa da pluviosidade no Estado de São Paulo. A
principal ineficiência do planejamento esteve na ausência de ações visando a

28
economia e uso racional da água, já que o risco de racionamento já era possível ao
observar as médias pluviométricas recentes. O ano de 2014 foi deficitário em 520 mm
no ano, sendo os meses de Janeiro e Fevereiro onde houveram os maiores déficits –
172 mm e 130 mm, respectivamente - o que representa aproximadamente 45% da
precipitação média histórica no manancial (LEMES, 2014).

Sistema Guarapiranga/Billings/ Rio Grande

De acordo com a outorga, a vazão transposta do braço da Taquacetuba – da


represa Billings – para a represa do Guarapiranga é de 4,0 m³/s em períodos de
estiagem. O braço do rio Pequeno também pode ser aproveitado, tendo suas águas
transferidas para o braço do rio Grande, cuja vazão prevista de 2,2 m³/s faz com que
outras alternativas de abastecimento de outros braços da Billings não sejam mais
possíveis (COBRAPE, 2009). Recentemente, de acordo com Mayara (2015), a
SABESP declara não ser necessária tal transposição, já que tal obra seria de caráter
emergencial.

O Sistema Guarapiranga-Billings, no entanto, possui outros usos além do


abastecimento urbano, sendo também utilizado para recreação, preservação
ambiental, controle de cheias e geração de energia. Dessa forma, foi necessária uma
análise integrada para a Bacia do Alto Tietê – PAT. Além disso, o sistema está ligado
à Baixada Santista através das disponibilidades hídrica no reservatório Rio das
Pedras, bem como da adução no litoral, tanto para abastecimento quanto para
geração de energia elétrica pela usina Henry Borden (COBRAPE, 2009).

Bacia do Paraíba do Sul

As disponibilidades hídricas superficiais da Bacia do Paraíba do Sul foram


calculadas através da Q95%, sendo esta obtida de equações formuladas através de
estudos. Na tabela 6 há as vazões disponíveis nos locais que são de interesse,
principalmente nas que possuem estações fluviométricas (AGEVAP, 2011).

29
Tabela 8 - Vazões com Permanência de 95% no Tempo e Vazões Médias de Longo
Período no ano de 2007.

Fonte: PSR-012-R1-2007, 2008 apud AGEVAP, 2011.

Outros estudos foram feitos pelo PDAA para analisar a possibilidade de utilizar
as águas do Paraíba do Sul com o objetivo de abastecer a Região Metropolitana de
São Paulo. Foram esboçadas três alternativas, sendo uma delas uma transposição
para o Sistema Cantareira e outras duas para o Sistema Alto Tietê. Em todas as
alternativas, as vazões a serem transferidas seriam de 5 e 10 m³/s (COBRAPE, 2009).

A primeira alternativa passou a ser implantada em outubro de 2015. Para as


águas serem transpostas para o Sistema Cantareira, a captação prevista de 5,1 m³/s
ocorrerá na Represa Jaguari, em Igaratá, sendo levada até a Represa Atibainha,
localizada em Nazaré Paulista, através de dutos acompanhando estradas vicinais e
também túneis passando por áreas de preservação (GOMES, 2015).

30
Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

Apesar de a maior parte de suas águas abastecer a RMSP, as águas do


Sistema Cantareira provêm do PCJ. Assim, a maior parte das águas da bacia são
transpostas para a bacia do Alto Tietê, sendo a vazão total de descarregamento para
o PCJ de 5 m³/s, sendo 3 m³/s de vazão primária e 2 m³/s de vazão secundária. O
total dessa vazão será distribuída de forma igualitária, sendo um terço para cada
reservatório (Atibainha, Cachoeirinha e Jacareí) (COBRAPE, 2009).

Para as bacias PCJ, a disponibilidade superficial foi calculada pela vazão de


referência Q7,10. Destacam-se as transposições realizadas para o rio Jundiaí-Mirim (o
qual recebe 1,2 m³/s do rio Atibaia para o abastecimento público do município de
Jundiaí. Há, ainda, uma transposição para a outra bacia, já que 0,1 m³/s do Rio
Camanducaia vão para a bacia do rio Mogi Guaçu, uma vez que o município de Serra
Negra lança seus efluentes em tal bacia (COBRAPE, 2010b).

Já para as sub-bacias dos rios Atibaia e Jaguari, vê-se na tabela 6 a


disponibilidade hídrica real dessas bacias, incluindo também as vazões enviadas para
o Sistema Cantareira, calculando-se através da subtração da Q7,10 relativa à área
contribuinte localizada a montante dos reservatórios (COBRAPE, 2010b).

Tabela 9 - Disponibilidade hídrica para as Bacias PCJ

Fonte: Cobrape, 2010.

31
4.8.2. DISPONIBILIDADES FUTURAS

Vertente Marítima

Tanto os estudos realizados no Plano Integrado de Aproveitamento e Controle


dos Recursos Hídricos das Bacias do Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista pela
HIDROPLAN/DAEE (1995) e do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região
Metropolitana de São Paulo – 2025 (Consórcio HIDROCONSULT-ENCIBRA, 2004)
indicavam que obras de transposição das águas de bacias da vertente marítima
seriam uma alternativa para a um aumento da produção do Alto Tietê, dando-se
através da utilização dos rios Itapanhaú e Itatinga. Suas vazões seriam encaminhadas
para os reservatórios Biritiba e Jundiaí, respectivamente, sendo necessárias para uma
regularização plurianual (5,65 m³/s) – ou barramentos para uma compensação anual
(vazão total de 4,95 m³/s) (COBRAPE, 2009).

O PDAA também realizou outro estudo de aproveitamento na vertente


marítima. Trata-se do aproveitamento do rio Capivari, no qual o seu trecho de
montante no planalto e vertente marítima faz parte da bacia do rio Branco, cujo
manancial abastece os municípios de Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande e Peruíbe
(COBRAPE, 2009).

Já o rio Branco, através do Sistema Produtor Rio Branco, produz 1,6 m³/s de
água tratada, através de duas estações de bombeamento, além da criação de um
centro de reservação, aumentando a quantidade de água tratada em mais de 25
milhões de litros. Tal obra foi realizada pensando nas demandas futuras da região nas
próximas décadas. Na região Metropolitana da Baixada Santista, o sistema de
captação ocorre de maneira integrada, fazendo com que o abastecimento entre
municípios seja interdependente, o que estimula um consumo racional das
populações fixas da região, além da garantia de água potável no verão, já que há um
grande aumento populacional na área (SABESP, 2013).

Bacia do Rio Juquiá

Há na porção paulista do rio Ribeira do Iguape (bacia do Rio Juquiá) usinas


hidrelétricas da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), estando seis localizadas no
Rio Juquiá, uma no rio do Peixe e uma no rio Iporanga (COBRAPE, 2009).

32
Quanto ao abastecimento urbano, a construção de um Sistema Produtor na
bacia – Sistema Produtor São Lourenço – consiste em uma das melhores alternativas
para suprir parte da demanda de água na Região Metropolitana de São Paulo. O SPSL
utilizar-se-á das águas da Alta Bacia do Juquiá, sendo sua média de vazão anual de
4,7 m³/s. Tal vazão será captada no Braço do Ribeirão Laranjeiras, afluente ao
reservatório Cachoeira do França, podendo abastecer até 1,5 milhão de pessoas na
zona oeste da RMSP, sendo interligado ao Sistema Integrado Metropolitano da
SABESP (CAVALCANTI, 2012).

Bacia do Paranapanema

Segundo a Cobrape (2009), foi realizado um estudo pela SABESP em 2008 no


qual avaliava preliminarmente aproveitar os recursos hídricos da represa Jurumirim, a
qual localiza-se no Alto Paranapanema. Tal estudo possuía como o intuito estudar
alternativas para o abastecimento dos municípios localizados ao longo da Rodovia
Castelo Branco, bem como do extremo oeste da RMSP. Basicamente, haveria um
Sistema de Adução Principal (SAP), o qual realizaria a captação na represa Jurumirim
e ao longo da Rodovia Castelo Branco derivaria através de ramais para atender as
cidades em questão (a distância entre a captação e a região metropolitana seria de
220 km).

Neste mesmo estudo, foram considerados diversos cenários e alternativas,


além de considerar uma projeção de demanda para o ano de 2035 destes municípios
- neste ano, as demandas totais seriam da ordem de 4,7 m³/s. Portanto, baseados
em tais estimativas, além de um atendimento complementar para a Região
Metropolitana, a vazão total de adução compreenderia entre 6,0 e 8,0 m³/s
(COBRAPE, 2009).

Aquífero Guarani

Foi elaborado pela SABESP em 2004 um estudo simplificado para analisar a


possibilidade de retirada de 5 m³/s para o abastecimento da RMC E RMSP. O foco foi
para o atendimento para a região de Campinas, devido à maior proximidade com o
aquífero. Ainda de acordo com o estudo, em 2020 a demanda para o município de

33
Campinas será de 4,62 m³/s; a adução direta para o município teria um alto
investimento, superior a R$ 650 milhões (COBRAPE, 2009).

Bacia Médio Tietê

De acordo com a Cobrape (2009), foi cogitado pelo PDAA da Sabesp o


aproveitamento do reservatório de Barra Bonita para abastecer a RMSP, com estudos
iniciais de dimensionamento, além de custeio para captação de 10, 20 ou 30 m³/s.
Contudo, o estudo também encontrou problemas, como a má qualidade da água em
Barra Bonita, além das condições precárias de abastecimento público, alta
eutrofização e presença de cianobactérias. Somente à jusante do Reservatório de
Promissão seria possível o aproveitamento da água do Rio Tietê, o que tornaria a
captação 450 km distante da Região Metropolitana de São Paulo. Se realizada uma
adução de 30 m³/s, esta vazão seria dividida em suas partes iguais nas imediações
de Barueri, sendo metade levada até a estação de tratamento do Alto da Boa Vista
(Sistema Guarapiranga) e outra para o Sistema Cantareira, no reservatório Jaguari.

Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí

Localizada nos Rios Jaguari e Camanducaia, respectivamente, as barragens


Pedreira e Duas Pontes estão localizadas na bacia PCJ. Enquanto a barragem
Pedreira se localiza nos municípios de Pedreira e Campinas (estando à apenas 3 km
do núcleo urbano de Pedreira) e com capacidade de armazenamento de 32 bilhões
de litros, a barragem Duas Pontes está localizada de forma integral no município de
Amparo, sendo sua capaz de armazenar até 53 bilhões de litros de água
(HIDROSTUDIO; THEMAG, 2016).

34
Figura 13 - Localização dos Reservatórios Pedreira e Duas Pontes

Fonte: HidroStudio; Themag, 2016.

Devido ao intenso crescimento econômico na região, oriundo das atividades


industriais e agropecuárias, a justificativa de tal obra é feita pela falta de oferta de
água, uma vez que as bacias PCJ já se encontram com uma disponibilidade crítica de
água, necessitando, assim, de uma maior segurança hídrica. Há ainda o intuito de
diminuir ainda mais a dependência do Sistema Cantareira, já que são garantidos, por
outorga, 5,0 m³/s (podendo ser até 9,0 m³/s, já que os Comitês PCJ negociam o
aumento) (HIDROSTUDIO; THEMAG, 2016).

Quanto à regularização da vazão dos rios, serão incrementados 9,0 m³/s


(totalizando 17,2 m³/s) para suprir as demandas de abastecimento das Bacias PCJ
(HIDROSTUDIO; THEMAG, 2016).

35
4.9. BALANÇO HÍDRICO

A disponibilidade de água e sua qualidade depende das condições existentes


na atmosfera, solo e subsolo, além do seu tempo de permanência. Ou seja, sua
qualidade e disponibilidade está atrelada ao local em que é precipitada, infiltrada e
que permanece (TAGNIN, 2015). Para Drew (2010), o solo é o pivô do ciclo
hidrológico, uma vez que funciona como tampão entre os sistemas atmosféricos e
aquático, e que mudanças ocorridas nele são perpetuadas para os dois sistemas.
Assim, para a água ser, de fato, considerada um “recurso renovável”, várias de suas
condições devem ser mantidas, além da manutenção dos biomas que são seus
reguladores, mantendo o equilíbrio (TAGNIN, 2015).

Como praticamente tudo que está no caminho da água é fator determinante


nas suas condições, vê-se que as atividades antrópicas interferem diretamente na
qualidade deste recurso, o que ameaça a sua renovação natural. O crescimento
populacional, somado ao aumento dos territórios ocupados, tanto de áreas urbanas
como atividades agrícolas, bem como maior retirada de água, devastação da
cobertura vegetal, alteração dos regimes dos cursos d’água e poluição dos mesmos
são algumas das atividades que comprometem sua qualidade (TAGNIN, 2008).

Para o cálculo do Balanço Hídrico nas grandes bacias hidrográficas, é


consenso utilizar como referência uma vazão, normalmente a Q 7,10 ou 50% de Q7,10,
tendo ainda um acréscimo de vazão para regularização, a qual equivale aos
reservatórios em operação e utilizado como indicador de disponibilidade hídrica.
Dessa forma, subtrai-se as vazões que correspondem às demandas, além da adição
das vazões de lançamento de efluentes estimados.

A Tabela 10 indica as disponibilidades e demandas hídricas atuais, bem como


o balanço hídrico.

36
Tabela 10 - Balanço hídrico para as principais UGHRI's da MMP

Balanço hídrico para as principais UGRHI's da MMP

Demanda
UGRHI (m³/s) Disponibilidade (m³/s) Balanço (m³/s)
2 - Paraíba do
Sul 232,0 311,9 79,9
5 - PCJ 37,0 38,0 1
6 - Alto Tietê 111,1 70,3 -40,8
10 - Sorocaba 31,5 39,00 7,5
Fonte: Cobrape (2013), adaptado por autor.

Nota-se que todas as UGRHI’S avaliadas estão em situação crítica de


disponibilidade, exceto a UGHRI 02, que, atualmente, possui um balanço hídrico
positivo alto. Contudo, a UGRHI Alto Tietê é a que apresenta pior situação, já que o
déficit constatado é alto (40,8 m³/s). Em um cenário recente, a pressão pelos recursos
hídricos será ainda mais intensa na RMSP, com as outras UGRHI’s analisadas
seguindo a mesma tendência, uma vez que os valores do Balanço Hídrico estão
praticamente equilibrados.

No caso da Macrometrópole Paulista, devido à grande área analisada, foi


desenvolvido para o Plano Diretor um Sistema de Suporte à Decisão (SSD). Tal
sistema se baseia em uma rede hídrica que integra todas as UGRHIs em estudo,
separadas em Zonas de Demanda. Assim, é possível realizar a simulação de cenários
de demandas não só considerando a vazão de referência, com também uma série
hidrológica de 70 anos de valores mensais de vazão, considerando ainda os
reservatórios operados e suas respectivas restrições. A divisão em 73 Zonas de
Demanda também facilita a análise de regiões com maior criticidade a longo prazo,
sendo necessário a essas regiões um planejamento diferenciado.

Foi realizado pelo SSD o balanço hídrico para os anos de 2008, 2018, 2025,
2030 e 2035 em toda a área delimitada como macrometrópole, considerando uma
série de 76 anos (1931 a 2006) de vazões médias mensais.

Os agrupamentos de municípios foram feitos de acordo com as seguintes


características:

37
 Valores de demanda – As com maiores demandas hídricas formam uma Zona
de Demanda isolada;
 Fontes de abastecimento – Municípios que compartilham o mesmo manancial
foram agrupados;
 Proximidade geográfica – Municípios foram agrupados de acordo com sua
proximidade geográfica.

O município de São Paulo foi abordado de forma diferenciada devido à sua grande
demanda, além de um sistema de abastecimento complexo, possuindo sua divisão
em 4 Zonas de Demanda. A figura 3 indica a divisão da MMP em Zonas de Demanda.

Figura 14 - Zonas de Demanda.

Fonte: Cobrape, 2013.

De acordo com a demanda, o SSD atribuiu um valor de prioridade, baseado


nos cálculos de alocação de água simulados pelo Acquanet. Foram abordados pelo
simulador outros aspectos relacionados aos recursos hídricos, como vazões a jusante

38
de reservatórios e demandas, sendo estas também ponderadas. As demandas
classificadas com menores valores de prioridade possuem preferência em relação às
de maiores.

Tabela 11 - Prioridades de Demanda

Fonte: Cobrape, 2013.

4.10. CONTROLE DE PERDAS

O abastecimento de água ocorre, basicamente, por redes de distribuição, o que


aumenta a ocorrência de perdas de recursos hídricos por diversos fatores, entre eles:
vazamentos, consumos não autorizados e erros nas medições. Consequentemente,
há impactos não só ambientais, mas também sociais e econômicos, principalmente
para as empresas de saneamento. Uma rede de distribuição sem perdas não é algo
que possui viabilidade técnica e econômica, mas deve haver um limite para a
diminuição dos volumes perdidos (ABES, 2013).
39
A utilização de recursos limitados – como a água – e a crescente demanda de
tal recurso, principalmente para o abastecimento público, evidencia que a
administração adequada desse recurso é de suma importância, para que suas perdas
sejam as menores possíveis. Assim, as perdas na distribuição é um problema
complexo, já que possui diversas causas, envolve vários aspectos ambientais, sociais
e econômicos (CARVALHO et al., 2004).

Apesar da existência de vários procedimentos para a avaliação de perdas em


sistemas de distribuição, é comumente utilizada a metodologia proposta pela
International Water Association (IWA). Basicamente realiza-se uma matriz onde são
esquematizados todos os processos que o recurso hídrico realiza a partir do momento
em que é inserido no sistema – chamado de Balanço Hídrico (OLIVEIRA et al., 2015).

O Balanço Hídrico possui como parâmetro inicial o volume de água produzido e


inserido no sistema, e no processo de distribuição pode ser classificado como
consumo autorizado ou perdas. No primeiro, indica o consumo do recurso hídrico
fornecido a clientes autorizados (podendo ser medido ou não), sendo as perdas a
diferença constatada entre o volume inserido e o consumo autorizado (OLIVEIRA et
al., 2015).
Tabela 12 - Balanço hídrico proposto pelo IWA

Fonte: Oliveira et al., 2015.


40
De acordo com Oliveira et al. (2015), o consumo autorizado pode ser considerado
como faturado ou não faturado, podendo ainda ser dividido ainda:

 Consumo faturado medido: Volume de água indicado nos hidrômetros,


contabilizado também o volume de água exportado;
 Consumo faturado não medido ou estimado: Volume indicado por meio de
consumos médios históricos e em caso de inexistência de hidrômetros, é
faturado um volume mínimo de água;
 Consumo autorizado não faturado medido: volume de água utilizado para
atividades operacionais especiais pela empresa;
 Consumo não faturado não medido: volume de uso de caráter social, como
as realizadas pelo serviço de bombeiros, não incluindo as perdas oriundas
das áreas irregulares.

A IWA ainda classifica as perdas em relação à sua natureza, podendo ser reais
(físicas) – consideradas as extraviadas durante os processos de produção (captação,
tratamento, armazenamento e distribuição) antes do recebimento pelo consumidor
final ou aparentes (SABESP, 2005). A tabela 13 indica as principais causas e impactos
das perdas reais pelos processos de produção.

Tabela 13 - Perdas reais por subsistemas: Origens e Magnitudes

Fonte: Oliveira et al., 2015.

41
As perdas reais impactam diretamente nos custos da produção e na demanda
hídrica. Dessa forma, um índice elevado de perdas reais leva a um maior aumento na
produção, maiores do que o demandado, o que gera conflitos na produção, já que se
terá aumento nos insumos químicos, energia (bombeamento), manutenção na rede e
nos equipamentos e maiores custos pela utilização de outras fontes de qualidade
inferior e de acesso difícil. Há ainda os problemas ambientais gerados, como a
pressão desnecessária sobre as fontes de abastecimento (recursos hídricos) e
também pelo aumento de ações mitigadoras dos impactos negativos causados, o que
aumenta ainda mais os custos (SABESP, 2005).

Já as perdas aparentes indicam os volumes de agua consumidos, mas que não


foram autorizados e tampouco faturados, sendo também chamados de perdas
comerciais. Basicamente são as perdas por leituras erradas de hidrômetros, seja por
falhas nos equipamentos ou leituras mal realizadas, além de fraudes, ligações
clandestinas ou até cadastros não efetuados (SABESP, 2005).

Tabela 14 - Perdas aparentes: Origens e Magnitudes

Fonte: Oliveira et al., 2015.

Vê-se que as perdas aparentes impactam diretamente na receita das empresas,


já que seus custos de produção são superiores aos faturados. Assim, a capacidade
financeira das empresas prestadoras de serviços é reduzida, o que prejudica sua
qualidade de serviços, impede a ampliação da oferta e deixa de realizar obras de
manutenção e reposição de infraestrutura. A tabela 14 ilustra as principais causas e
consequências das perdas reais e aparentes em um sistema de abastecimento de
água devido à ausência de reparos.

42
Tabela 15 - Principais características das perdas reais e aparentes

Fonte: GO associados, 2013 apud Oliveira et al., 2015.

Oliveira et al. (2015) constata que a possibilidade de reduzir completamente as


perdas de água é nula. O IWA possui como proposta estabelecer limites eficientes
para a redução de perdas, olhando sobre duas vertentes:

Limite econômico: Volume definido no qual os custos para reduzir perdas são
maiores do que o valor do volume a ser recuperado. Tal valor varia de acordo com a
cidade, disponibilidade hídrica e custos de produção;

Limite Técnico: São as perdas inevitáveis, já que a redução da perda está limitada
às tecnologias atuais, bem como materiais, equipamentos e logística.

No Brasil, o cenário de saneamento apresenta diversos problemas, já que as


perdas reais e aparentes são de aproximadamente 40%, podendo em algumas
regiões do país chegar a 60% (ABES, 2013).

A figura 15 ilustra o “nível econômico ótimo” de vazamentos, bem como o “nível


mínimo de vazamentos.

43
Figura 15 - Determinação do nível eficiente de perdas em um sistema de abastecimento de água potável

Fonte: EPA, 2010 apud Oliveira et al., 2015.

Vê-se na figura 15 que há uma relação proporcional entre o custo da água e o


intervalo de tempo entre o início e fim dos reparos. Quando a fiscalização das
empresas em detectar vazamentos é falha ou de baixa frequência, a probabilidade de
vazamentos existirem e não serem detectados é maior, o que acarreta em custos
maiores – indicado pela curva do custo da água. Analogamente, o custo de detecção
também é proporcional à frequência de inspeções, o que encarece tal custo,
diferentemente de uma empresa que realiza uma menor taxa de detecção (indicado
pela curva do custo da detecção e do reparo).

Portanto, o nível econômico de vazamentos está estritamente relacionado ao


volume de água subtraído no qual o seu custo é igual ou menor que o custo da
inspeção e do reparo, sendo indicado pelo ponto mínimo da curva de custos totais.
Quanto ao nível mínimo de vazamento, este está ligado ao volume de perdas que,
pelo nível tecnológico atual, é impossível de ser reduzido, o que mostra que nem
mesmo os sistemas de distribuição mais eficientes estão suscetíveis às perdas
mínimas de água.

44
Figura 16 - Síntese das ações para o controle e a redução de perdas reais

Fonte: Tardelli Filho, 2006 apud ABES, 2013.

As perdas de água no Brasil têm diminuído nos últimos anos, chegando a 38,8%
em 2011. Contudo, apesar do decaimento, trata-se de um cenário preocupante, já que
muitas empresas no país não realiza a medição de suas perdas de água de forma
consistente, distorcendo a realidade (ABES, 2013). Este elevado nível de perdas se
dá principalmente pelo baixo investimento em manutenção e reabilitação das redes;
tecnologias obsoletas no monitoramento das redes e da produção; ausência de
incentivos na melhoria de gestão; preços incompatíveis com a disponibilidade do
recurso hídrico e custo das externalidades negativas (OLIVEIRA et al., 2015).

As perdas na distribuição pelos Estados brasileiros não são homogêneas, sendo


a maior, no ano de 2013, no estado do Amapá (76,5%), e as menores no Distrito
Federal (27,3%) e Goiás (28,8%). No caso do Estado de São Paulo, o índice se
encontra na casa dos 35% (OLIVEIRA et al., 2015).

45
Figura 17 - Índices de perda na distribuição Estadual

Fonte: Oliveira et al., 2015.

No caso da RMSP, os dados divergem de acordo com a fonte. No Relatório de


Administração da SABESP (2015), o índice de perdas em 2013 era de 31,2%; em
outras ocasiões, afirmou-se que o índice era de apenas 25%. Entretanto, para o
município de São Paulo, no ano de 2013, o índice era de 35,8%. Se somados os
índices de perdas na distribuição dos municípios mais populosos da RMSP, o índice
médio de perdas chegou a 41%, de acordo com os dados disponibilizados pelo
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), indicado na tabela 16.

46
Tabela 16 - Municípios mais populosos da RMPS e seus índices de perdas na distribuição de água

População Índice de perdas na


Municípios (hab) distribuição (%)
Carapicuíba 387788 32,86
Diadema 406718 44,04
Guarulhos 1299249 35,00
Itaquaquecetuba 344558 51,44
Mauá 444136 48,22
Mogi das Cruzes 414907 56,42
Osasco 691652 51,51
Santo André 704942 23,74
São Bernardo do
Campo 805895 41,92
São Paulo 11823871 35,79
Suzano 279520 36,13
Taboão da Serra 264352 34,93
Total 17867588 -
Média - 41,00
Fonte: SNIS, 2013, adaptado por autores, 2016.

47
5. ELABORAÇÃO DE CENÁRIOS

Têm-se a seguir os cenários elaborados para a Macrometrópole Paulista,


baseando-se nas informações disponíveis sobre demanda, disponibilidade e
qualidade da água, com destaque para as UGRHIs 02 (Paraíba do Sul), 05 (PCJ), 06
(Alto Tietê) e 10 (Sorocaba), devido à maior criticidade de tais bacias hidrográficas.

5.1. CENÁRIO TENDENCIAL


Espera-se no ano de 2035 (horizonte utilizado para o planejamento) que a
demanda de água aumente de acordo com as taxas recentes, de 1,00888% ao ano.
Dessa forma, ter-se-á uma demanda total de água de 312,05 m³/s para tais UGRHIs,
como demonstra a tabela 17.

Tabela 17 - Demandas de água para o ano de 2035

Demandas de água para o ano de 2035 (m³/s)


UGRHI Urbano Irrigação Industrial Soma
02 - Paraíba do Sul 23,40 53,16 13,66 90,22
05 - PCJ 22,36 19,23 17,13 58,72
06 - Alto Tietê 82,84 4,54 39,56 126,94
10 - Tietê/Sorocaba 8,10 20,48 7,59 36,17
Total 136,70 97,41 77,94 312,05
Fonte: Autores, 2016.

Vê-se que as demandas superarão as ofertas de água existentes na Bacia do Alto


Tietê, a qual possui demanda estimada de 126,94 m³/s e disponibilidade de apenas
70,30 m³/s. As bacias PCJ possuem situação semelhante, já que a demanda de 58,72
m³/s é muito maior do que a disponibilidade existente, de 38,0 m³/s. O Tietê/Sorocaba
possui demanda de 36,17 m³/s, próximo à disponibilidade de 39,0 m³/s.

Já a situação da bacia do rio Paraíba do Sul é bastante complexa, pois é


necessário avaliá-lo no contexto de toda a bacia hidrográfica, que abrange os estados
de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Neste contexto, a demanda total prevista
é de 295,22 m³/s, para uma disponibilidade total de 311,0 m³/s na sua foz. Entretanto,

tal disponibilidade corresponde a vazão regularizada (Q95) pelos reservatórios


existentes ao longo do rio Paraíba do Sul e não sua vazão firme (Q 7,10), que é mais
restritiva que sua vazão firme. Assim, na extensão do rio Paraíba do Sul entre São

48
Paulo e sua foz, no estado do Rio de Janeiro, há trechos em que a demanda supera
a disponibilidade. Existe ainda a elevada vazão para o Sistema Guandu (205 m³/s),
sendo parte do escoamento utilizado para a diluição de esgoto.

No caso da Bacia do Paraíba do Sul, mesmo o aumento de 20% no setor industrial


não será o grande contribuinte para pressionar os recursos, mas sim a reversão de
água para o Sistema Guandu, chegando até 205 m³/s. Essa vazão elevada é utilizada
para a diluição de esgoto, prática já existente e que pode continuar sendo realizada
nos próximos anos, o que indica uma utilização praticamente pelena dos recursos
existentes. Na Bacia do Sorocaba, a demanda total de água (36,17 m³/s) corresponde
a aproximadamente 93% da Q95. Contudo, em períodos de estiagem, a vazão
disponível não supera os 22 m³/s, o que evidencia a supressão do recurso, sendo este
praticamente utilizado de forma plena.

Quanto ao índice de perdas na distribuição, estes permanecerão com os valores


atuais, sendo em média, para a MMP, de 38%, conforme indicado pela tabela 18.

Tabela 18 - Índices de perda na distribuição nas principais UGRHIs na MMP


Índice de perdas na distribuição de água
UGRHI IPD (%)
02 - Paraíba do Sul 39,00
05 - PCJ 32,80
06 - Alto Tietê 35,80
10 - Tietê/Sorocaba 45,00
Média 38,15
Fonte: SNIS, 2013, elaborado por autores, 2016.

Portanto, se tal índice se mantiver, do total demandado (312,05 m³/s),


aproximadamente 118,6 m³/s serão perdidos entre a captação nos mananciais até ao
consumidor final. A diminuição do volume de água perdido durante a distribuição
reduziria a quantidade demandada, bem como a pressão pelos recursos existentes e
a necessidade da construção de novos reservatórios e transposições de água, que
além de maiores impactos ambientais, também envolvem maiores investimentos.

49
5.1.1. QUALIDADE DA ÁGUA
A qualidade da água, neste cenário, mantém a tendência atual, sem a
universalização da distribuição de água (média de 80% na Macrometrópole Paulista).
Quanto ao esgoto, este ainda não possui níveis de coleta adequados, tampouco
tratados, já que nenhuma UGRHI analisada coleta até 75% do esgoto gerado (média
de 57%), enquanto apenas na UGRHI 10 trata-se mais da metade do esgoto coletado.
Assim, não há expectativa de grandes investimentos em saneamento básico, o que
leva a uma maior deterioração da qualidade da água na MMP, tal como ocorre na
hodiernamente.

5.1.2. ÁREAS FLORESTADAS

Baseado nos valores disponíveis e expostos na Revisão Bibliográfica, apesar de


na totalidade a MMP possuir mais de 20% de área florestada, ela não ocorre de forma
homogênea, sendo necessário que cada bacia hidrográfica possua a quantidade
adequada de Reserva Legal. Dessa forma, é necessário a recuperação de 1617 km²
de florestas na Bacia do Paraíba do Sul, 925 km² na Bacia do PCJ e 262 km² na Bacia
do Tietê/Sorocaba; para as bacias com menores áreas compreendidas na MMP, são
necessárias a recuperação de 1400 km² na Bacia do Mogi Guaçu, além de 1250 km²
na Bacia do Tietê/ Jacaré e de 1540 km² na Bacia do Alto Paranapanema. No total
seriam necessários reflorestar 6994 km², o que não deve ocorrer neste cenário
tendencial.

5.2. CENÁRIO CONSERVAÇÃO

No cenário conservação, espera-se que as demandas de água diminuam nas


UGRHI’s, através de ações a serem desenvolvidas nas Bacias que compõem a
Macrometrópole Paulista.

No caso da Bacia do Paraíba do Sul, faz-se necessário uma diminuição na


demanda de água para irrigação, incentivando o uso de outras formas que promovam
a economia de água, como a irrigação por gotejamento, por exemplo. Um cadastro
com maior fiscalização das retiradas de água pelo setor agropecuário deve ser
realizado pelo Estado, a fim de diminuir as retiradas abusivas.

Para o Setor Urbano, a diminuição das perdas também é uma ação válida para
redução da quantidade demandada de água, já que um índice de perdas reduzido
50
para 25% resultaria em uma economia de 3,27 m³/s de água. Outra ação a ser tomada
é a ampliação do sistema de coleta e tratamento de esgotos, já que a vazão do
Sistema Guandu aumenta demasiadamente para a diluição do mesmo. Melhorando a
qualidade da água, a reversão do Sistema Guandu reduziria de 205 m³/s para 160
m³/s. No caso das residências e locais de grande circulação de pessoas, a adoção de
dispositivos poupadores de água pode trazer grandes economias de água, com
redução de 40% da quantidade de água utilizada.

No Setor Industrial, o cenário pouco se alterará, já que medidas buscando um


menor consumo de água já vem sendo realizadas, indicando que a demanda de água
permanecerá a mesma para os próximos anos (13,66 m³/s).

Ações semelhantes devem ser tomadas nas Bacias PCJ, uma vez que a demanda
de água futura é grande, com situação similar à bacia Paraíba do Sul. No entanto,
maiores ações devem ser realizadas no segmento urbano e industrial, já que a oferta
de água de qualidade é cada vez menor, sendo também necessário altos
investimentos na área de saneamento básico. A diminuição das perdas de água para
25%, bem como a utilização de equipamentos economizadores de água são
essenciais para a diminuição do consumo de água, tanto na área urbana como
industrial.

Para a Bacia do Alto Tietê, é de suma importância a redução de água no Setor


Urbano, já que é o setor responsável por mais da metade da água consumida. A meta
de perdas de distribuição de 25% acarretaria em grandes economias de água,
superiores a 8 m³/s, que somados à economia por dispositivos poupadores, pode
sofrer diminuições ainda maiores. Medidas parecidas devem ser tomadas no Setor
Industrial, principalmente no investimento de tecnologias que utilizem menores
quantidades de água e que sejam passíveis de reuso. Para a demanda agropecuária,
pouco pode ser realizado, destacando-se uma maior fiscalização para evitar a
poluição de mananciais por tais atividades.

Na Bacia Hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê, as medidas devem ser voltadas


principalmente para o setor agropecuário, uma vez que é o responsável pelo maior
consumo. Alternativas para irrigação, bem como maior controle da retirada de água
são imprescindíveis para a redução da demanda de água, sendo necessária sua

51
redução para 7,9 m³/s, para que a segurança hídrica da região seja garantida. No
segmento urbano, por possuir perdas na distribuição ainda maiores (45%), a redução
do mesmo em 20% diminuirá consideravelmente a demanda de água urbana. O setor
industrial possui o menor consumo, e espera-se que sua demanda se mantenha
constante. Dessa forma, com tais reduções, a UGRHI 10 teria sua demanda total
próxima à vazão Q7,10, de 22,0 m³/s.

A tabela 19 indica as demandas de água para 2035, se tais medidas de redução


forem tomadas.

Tabela 19 - Demandas de água para o ano de 2035 - Cenário Conservação

Demandas de água para o ano de 2035 (m³/s)


UGRHI Urbano Irrigação Industrial Soma
02 - Paraíba do Sul 20,12 31,90 13,66 65,68
05 - PCJ 20,62 11,54 17,13 49,29
06 - Alto Tietê 73,89 2,72 35,36 111,97
10 - Tietê/Sorocaba 6,48 7,90 7,59 21,97
Total 121,11 54,06 73,74 248,91

Fonte: Autores, 2016.

5.2.1. QUALIDADE DA ÁGUA


Espera-se maiores investimentos na área de Saneamento Básico, o que levará a
melhores índices de qualidade das águas, uma vez que o esgoto é o maior contribuinte
em todas as UGRHIs para a deterioração da qualidade dos recursos hídricos.

Verifica-se uma ausência de planejamento, tanto das empresas de Saneamento


quanto de órgãos do Governo para universalizar os serviços de coleta e tratamento
de esgoto. De acordo com Ferrari (2009), até 2035, seguindo recomendações da
ONU, é necessário investir 251 dólares por habitante para que tal serviço seja
plenamente implementado. Baseado nas estimativas de população, que seria de
aproximadamente 37 milhões de pessoas, apenas 56,5% da população já teria acesso
aos serviços de saneamento, sendo necessário o investimento para cerca de 16,1
milhões de habitantes, totalizando um montante na ordem de 13 bilhões de reais,
utilizando como referência o preço do dólar a R$ 3,25 (Julho/2016). Dessa forma,
seriam necessários investimentos somados pelas empresas de saneamento na ordem
de 691 milhões de reais anuais pelos próximos 19 anos, para que o serviço de
esgotamento sanitário seja universalizado na Macrometrópole Paulista. Necessita-se,
52
assim, que as empresas de Saneamento Básico cumpram suas funções e realizem
ações para atingir tal objetivo.

5.2.2. ÁREAS FLORESTADAS


É esperado que a cobertura vegetal na Macrometrópole Paulista atinja os 20%
requisitados pela Reserva Legal em todas as suas Unidades de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. Destaca-se uma maior recuperação de vegetação natural nas
bacias PCJ e Paraíba do Sul, já que possuem elevado déficit de Cobertura Vegetal
(925 e 1618 km², respectivamente). Além disso, deve-se garantir a cobertura vegetal
dos reservatórios que abastecem toda a MMP, bem como investir na criação de
corredores ecológicos, para que os fragmentos ainda remanescentes sejam
conectados. Buscou-se a elaboração de cenários

Entretanto, a alteração no Código Florestal ameaça a tendência de preservação


das UC’s, já que a lei passou a prever a proteção apenas de áreas cuja declividade é
superior a 25º e 100 metros de altura, diferentemente da anterior, que previa a
proteção para áreas de 17º e 50 metros de altura. Assim, é de suma importância um
maior monitoramento e manutenção das Unidades de Conservação, uma vez que
serão essenciais para a garantia da proteção dos remanescentes florestais.

53
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Macrometrópole Paulista possui diversos problemas ambientais, sendo um


grande desafio solucioná-los nos próximos anos. Tais problemas afetam diretamente
as demandas e disponibilidades de águas existentes, expondo os conflitos entres os
setores que demandam pelo recurso, bem como os Estados que os gerem.

É primordial que a vegetação nativa seja recuperada, buscando garantir os 20%


previstos pela Reserva Legal, tendo as Bacias PCJ e Paraíba do Sul os maiores
desafios de tal recuperação, uma vez que possuem déficits de vegetação elevados e
sua presença é essencial não só pelo aumento da qualidade da água, mas também
sua quantidade. Um maior monitoramento das Unidades de Conservação também se
faz necessário, erradicando-se completamente as devastações. O novo Código
Florestal, contudo, acaba sendo mais um obstáculo para a concretização desses
objetivos.

Quanto à qualidade da água, em toda a MMP devem ser realizados investimentos


em saneamento básico, uma vez que o despejo de esgotos é um problema crônico
constatado em todas as bacias que compõem a Macrometrópole. Destaque para a
Bacia do Paraíba do Sul, que utiliza grande volume de água para a diluição de esgoto
e para a Bacia do Alto Tietê, onde a maior parte da população está concentrada e com
índices baixos de coleta e tratamento de efluentes urbanos.

Em relação às quantidades demandadas, indubitavelmente é preciso reduzir a


quantidade utilizada de água, através de medidas sócio ambientais que tornem o uso
da água racional. A utilização de tecnologias economizadoras de água também possui
função importante na economia de água, o que indica a necessidade de sua utilização
em larga escala. Já as empresas de Saneamento devem agir de forma mais intensa
na redução de perdas na distribuição, já que os valores constatados na MMP são
alarmantes e acabam realizando pressão ainda maior sobre os recursos hídricos.

Por fim, faz-se necessário que órgãos do Estado, como a ANA (Agência Nacional
de Águas) ajam de forma mais ativa nas bacias hidrográficas que formam a MMP,
participando ativamente nos Planos de Bacias Hidrográficas realizadas pelos Comitês
de Bacias, além de realizar a gestão da forma correta quando houver dupla

54
dominialidade dos recursos hídricos, buscando garantir uma gestão eficiente não só
dos recursos naturais, mas também dos econômicos.

55
7. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico


(CNPq) pelo apoio financeiro e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas pela
oportunidade em desenvolver habilidades na pesquisa.

56
REFERÊNCIAS

ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental). Perdas em


Sistemas de Abastecimento de Água: Diagnóstico, Potencial de ganhos com a
sua redução e propostas de medidas para o efetivo combate. ABES, Rio de
Janeiro, 2013. Disponível em: <http://abes-sp.org.br/arquivos/perdas.pdf>. Acesso
em: 17/06/2016.

AGEVAP (Agência da Bacia do Paraíba do Sul). Relatório Técnico – Bacia do


Paraíba do Sul – Subsídios às ações de melhoria da gestão 2011. Resende, RJ,
Dezembro de 2011. Disponível em: <
http://www.agevap.org.br/downloads/Relatorio%20Geral%20versao%20para%20site
%2029dez11.pdf>. Acesso em: 06/04/2016.

CAVALCANTI, J.E. O Sistema Produtor São Lourenço: A Sabesp poderia ter


ousado mais. Brasil Engenharia, São Paulo, 15 out. 2012. Ano 70 – N.° 611, p. 130.

CARVALHO, F.S. et al. Estudos sobre perdas no sistema de abastecimento de água


da cidade de Maceió. In: VII SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS DO
NORDESTE, 30 Novembro-03 Dezembro,2004, São Luiz-MA. Anais... São Luís:
ABRH, 2004.

CEIVAP. Plano de Recursos Hídricos Consolidado – Resumo – Relatório Contratual


R10 – PSR-012-R1, COPPETEC, Rio de Janeiro, dezembro de 2007. Disponível em:
<www.ceivap.org.br>. Acesso em: 08/04/2016.

COBRAPE (Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos). Relatório Final


- Volume I. Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a
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COBRAPE (Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos). Relatório


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