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Olá André,

Homofobia é algo reprovável, não se discute. Também está à prova de discussão


que agressões e assassinatos de homossexuais, travestis e transexuais
precisam ser devidamente apurados pelo poder público. O código penal
brasileiro sempre previu punição para casos do gênero — se a agressão for
motivada por ódio à orientação sexual da vítima, existe o agravante “motivo
torpe”. Mesmo assim, este ano o Supremo Tribunal Federal achou que era
necessário criar mais um tipo penal e criminalizar a “homofobia”.

Um dos maiores temores das pessoas contrárias à lei da criminalização da


homofobia é seu caráter autoritário. Embora o adjetivo “orwelliano” esteja cada
vez mais gasto, a lei criada pelo STF se encaixa perfeitamente no tipo capaz de
criminalizar o pensamento, criminalizar ideias que sejam incômodas.

Um dos maiores temores das pessoas contrárias à lei da criminalização da


homofobia é seu caráter autoritário. Embora o adjetivo “orwelliano” esteja cada
vez mais gasto, a lei criada pelo STF se encaixa perfeitamente no tipo capaz de
criminalizar o pensamento, criminalizar ideias que sejam incômodas.

Mesmo que o STF tenha feito a tentativa de abrir uma exceção para as
denominações religiosas que reprovam o comportamento homossexual — e a
crítica ao comportamento nunca foi cerceada por lei em nenhum lugar
minimamente civilizado — existem militantes que gostariam de calar qualquer
tipo de dissidência.

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Embora a lei ainda não esteja em vigor, já existem movimentos para aplicá-la de
forma a calar os religiosos — e quaisquer pessoas — que não concordem com
ela. Como a Gazeta do Povo reportou , no último dia 30 de junho, ao final de
uma missa dominical na capela São João Batista, na zona oeste de Recife, o
padre Rodrigo Alves de Oliveira Arruda pediu que os fiéis assinassem um abaixo-
assinado para que o Senado aprovasse um projeto de lei limitando a decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) que criminaliza a homofobia.

A resposta veio na terça-feira, 15 de outubro. O Ministério Público de


Pernambuco abriu um inquérito civil que, segundo a decisão divulgada no Diário
Oficial, tem o objetivo de “apurar os fatos e circunstâncias reveladores de
possíveis violações dos direitos da população LGBT”.

É válido perguntar ao MP de Pernambuco: como é possível que a convocação


para um mero abaixo-assinado contestando uma lei que ainda não está em vigor
pode violar os direitos da população LGBT?
A resposta legítima seria: “Não é possível”. Mas é de supor que o interesse por
trás dos promotores que abriram o inquérito seja justamente o de eliminar
qualquer tipo de contestação. Ao ameaçar um sacerdote que estava exercendo
sua liberdade religiosa, o recado do MP é o de que ninguém está a salvo do
apetite estatal por censura. Se um sacerdote católico pode ser perseguido,
qualquer um que expresse a mínima contrariedade está em risco.

Mais uma vez é importante ressaltar que não se deseja aqui fazer uma defesa
da humilhação dos homossexuais, que merecem ter sua integridade e dignidade
plenamente protegidas. Mas, como frisa o editorial da Gazeta do
Povo intitulado “Homofobia no STF, ativismo judicial e liberdade de expressão” :

“Isso não significa que essas escolhas e a defesa que se faz delas devam ser
juridicamente blindadas de qualquer crítica, embora muitos estejam dispostos a
confundir os dois conceitos, criminalizando todo discurso que desagrade certa
militância.”

Ninguém deseja passe livre para ofender homossexuais. Mas esta lei pode se
tornar um instrumento para calar toda crítica, chegando ao absurdo de colocar
pessoas na cadeia por praticar o saudável hábito do debate civilizado.

A Gazeta do Povo é o único grande veículo de comunicação do Brasil que se


posicionou contra a lei de criminalização da homofobia. Os motivos estão
expostos nos vários editoriais a respeito. Se você concorda com esta posição,
ou considerada que o livre debate deve ser defendido, clique no botão abaixo e
assine o jornal.

Confira a seguir o que defende a Gazeta do Povo:

“Homofobia no STF, ativismo judicial e liberdade de expressão”, editorial de 13


de fevereiro: “A única decisão que o Supremo pode tomar e que respeita a
independência entre poderes é o reconhecimento de que não cabe à suprema
corte legislar em matéria penal, deixando que o Congresso Nacional resolva o
tema como achar mais conveniente, por meio da discussão entre os
representantes eleitos pelo povo”.

“Criando um tabu”, editorial do dia 09 de março: “Quando se vai além da


criminalização do preconceito para estabelecer uma categoria de “crimes de
opinião”, ignora-se completamente o fato de que, em todas as democracias
sérias, não há comportamento humano que esteja imune ou blindado à crítica.
O entendimento universal é o de que mesmo as condutas humanas mais nobres
e quase que universalmente aceitas podem ser alvo de discordância, de crítica
e de uma apreciação negativa, desde que não se caia no insulto, na agressão
ou na violência.”

“A melhor maneira de criminalizar a homofobia”, editorial de 31 de maio : “Faz


sentido que sejam punidas atitudes como a de negar matrículas, emprego, ou
recusar atendimento em estabelecimentos pelo simples fato de alguém ser
homossexual ou transexual. São ações de discriminação que não têm lugar em
uma sociedade civilizada e pautada na tolerância. Mas, uma vez estabelecido o
que são os crimes de homofobia, um bom projeto de lei sobre o tema também
deve definir com muita precisão as condutas que não são crime, para
salvaguardar as liberdades de expressão e religiosa.”
O STF legisla e coloca em risco a liberdade de expressão, editorial de 14 de
junho: “Apesar de positiva, a proteção do discurso religioso não é suficiente. E
aqui reside uma enorme contradição na decisão do Supremo, uma omissão
perigosíssima. Afinal, quando decidiram proteger o discurso religioso, os
ministros reconheceram que é possível fazer uma crítica e promover um debate
sobre tais temas sem recorrer à violência, à hostilidade e à discriminação. Então,
chega a ser inacreditável que a corte tenha percebido tal realidade no caso do
discurso religioso, mas não a tenha visto nas demais situações.”

Escute

Na edição 92 do podcast Ideias, os colunistas da Gazeta do Povo Rodrigo


Constantino, Guilherme Fiuza, Gustavo Nogy e Paulo Cruz debatem como a
criminalização da homofobia vai piorar a sociedade. Escute aqui

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