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U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

Impressão
e
Editoração

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SUMÁRIO

UNIDADE 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3


UNIDADE 2: RELIGIÃO ..................................................................................................................................... 6
UNIDADE 3: FILOSOFIA ................................................................................................................................. 11
UNIDADE 4: SOCIOLOGIA ............................................................................................................................. 41
PALAVRAS FINAIS ........................................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 54

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UNIDADE 1: INTRODUÇÃO

A globalização do mundo atual, dentre outras exigências e imposições, nos


desafia a ser competitivos e eficientes!

Para tanto, não podemos apenas desenvolver habilidades técnicas e adquirir


conhecimentos científicos específicos. É preciso desenvolver uma visão generalista
e ao mesmo tempo, crítico-reflexiva que nos leve a ser criativos, autônomos e
flexíveis e repassar igualmente aos nossos alunos, para que eles tenham as
mesmas condições de reflexão, crítica, sobrevivência e desenvolvimento.

Assim, tendo este curso o objetivo de capacitar profissionais da educação que


atuam ou que desejam atuar na área de Ensino Religioso, despertando o interesse e
novas vocações para as atividades de pesquisa no campo do conhecimento do
ensino religioso, esta apostila vem colaborar, juntamente com as disciplinas História
das Religiões e Religiões no Brasil, no sentido de apresentar, conceituar, discutir e
analisar as nuances filosóficas e sociológicas do Ensino Religioso.

Na ótica da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei nº


9.394/96), os conhecimentos de Filosofia e Sociologia são justificados como
“necessários ao exercício da cidadania” (artigo 36, § 1 o, inciso III). Como os demais
componentes da Educação Básica, devem contribuir para uma das finalidades do
Ensino Médio, que é a de “aprimoramento como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento
crítico” (art. 35, inciso II, da LDB). E devem, ainda, mais especialmente, seguir a
diretriz de “difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e
deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática” (art. 27,
inciso I, da LDB) (BRASIL, 2006).

Não somente para o Ensino Médio, mas para as mais diversas compreensões
nas mais variadas áreas do conhecimento e graduações diversas, a Filosofia e a
Sociologia encontram aplicação.

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A formação integral do cidadão e sua inserção no mundo social têm suas


bases na Filosofia, cabendo a ela, possibilitar o desenvolvimento da consciência
crítica do homem e a integração de todos os saberes por ele produzidos.

A Filosofia da religião nos permite compreender dentre outras questões, a


problemática contemporânea de relações entre filosofia e fé cristã; ou seja, Deus, a
criação, o mal, a redenção, o amor, o sofrimento, a possibilidade de uma ética cristã,
bem como são elaborados os discursos religiosos.

Já a Sociologia da Religião busca explicar empiricamente (baseando na


observação da realidade, das experiências), as relações mútuas entre a religião e a
sociedade. Seus estudos fundamentam-se na dimensão social da religião e na
dimensão religiosa da sociedade (ARON, 2000).

Ambas, Filosofia e Sociologia nos levam a desenvolver as mais variadas


competências e habilidades, tais como:

 Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a


realidade: as explicações das Ciências Sociais, amparadas nos vários
paradigmas teóricos, e as do senso comum;

 Construir instrumentos para uma melhor compreensão da vida


cotidiana, ampliando a “visão de mundo” e o “horizonte de expectativas”, nas
relações interpessoais com os vários grupos sociais;

 Compreender e valorizar as diferentes manifestações culturais


de etnias e segmentos sociais, agindo de modo a preservar o direito à
diversidade, enquanto princípio estético, político e ético que supera conflitos e
tensões do mundo atual;

 Debater, tomando uma posição, defendendo-a


argumentativamente e mudando de posição face a argumentos mais
consistentes;

 Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos e


modos discursivos nas Ciências Naturais e Humanas, nas Artes e em outras
produções culturais;

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 Contextualizar conhecimentos filosóficos, tanto no plano de sua


origem específica, quanto em outros planos: o pessoal-biográfico; o entorno
sócio-político, histórico e cultural; o horizonte da sociedade científico-
tecnológica (BRASIL, 2008).

Passaremos por definições, conceitos e análises da filosofia, sociologia e


religião de modo geral para na sequência, apresentarmos e discutirmos o
pensamento de filósofos e sociólogos que marcaram o tempo e as gerações.

Concordando com Sponville (2002, p. 11) filosofar é pensar por conta própria;
mas só se consegue fazer isso de um modo válido, apoiando-se primeiro no
pensamento dos outros, em especial dos grandes filósofos do passado. A filosofia
não é apenas uma aventura; é também, um trabalho, que requer esforços, leituras,
ferramentas.

Ressaltamos que o assunto não se esgota e tanto por isso, ao final da


apostila são oferecidas bibliografias complementares para sanar dúvidas que, por
ventura venham surgir no decorrer do estudo, possíveis lacunas e para
aprofundamento dos senhores.

Desejamos a todos uma boa leitura e um estudo proveitoso!

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UNIDADE 2: RELIGIÃO

Etimologia e história

Para adentrarmos os campos da filosofia e sociologia da religião, que é o


objetivo desta apostila, torna-se necessário discorrer um pouco sobre a origem tanto
da palavra religião e seus significados quanto das abstrações que a cercam.

Portanto, Religião é:

Um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que a humanidade


considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental. Um conjunto de
rituais e códigos morais que derivam dessas crenças. Derivada do latim “re-ligare”
que significa ‘ligar com” ou “ligar novamente” ou de “religio”, cujo sentido primeiro
indicava um conjunto de regras, observâncias, advertências e interdições, sem fazer
referência a divindades, rituais, mitos ou quaisquer outros tipos de manifestação
que, contemporaneamente, entendemos como religiosas (SILVA, 2004).

Histórica e culturalmente no Ocidente, o conceito de religião foi sendo


construído adquirindo um sentido ligado à tradição cristã. O vocábulo “religião” -
nascido como produto histórico de nossa cultura ocidental e sujeito a alterações ao
longo do tempo – não possui um significado original ou absoluto que poderíamos
reencontrar. Ao contrário, somos nós, com finalidades científicas, que conferimos
sentido ao conceito. Tal conceituação não é arbitrária: deve poder ser aplicada a
conjuntos reais de fenômenos históricos suscetíveis de corresponder ao vocábulo
“religião”, extraído da linguagem corrente e introduzido como termo técnico (SILVA,
2004, p. 4).

Acadêmica e cientificamente o conceito de religião não pode ser vago ou


ambíguo como, por exemplo, “visão de mundo”, porque seríamos levados a
entender que todas as visões de mundo são religiosas, o que não é verdade, bem
como dizer que religião é “sagrado”, pois teríamos que definir sagrado e o seu
oposto, profano. O seu conceito também não pode ser restrito como “acreditar em

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Deus”, pois deixaríamos de fora o Budismo e os politeísmos, que acreditam em uma


realidade sobrenatural ou transcendental técnico (SILVA, 2004).

Partindo das inferências acima, Silva (2004) nos propõe que a definição mais
aceita pelos estudiosos, para efeitos de organização e análise, tem sido a seguinte:
religião é um sistema comum de crenças e práticas relativas a seres sobrehumanos
dentro de universos históricos e culturais específicos.

A religião além de ser um fenômeno individual é um fenômeno social, como


por exemplo, a igreja (povo judeu) e o partido comunista, que na realidade, são
doutrinas, ou seja, mais que uma fé individual, é a adesão a um certo grupo social.

Para Pauli (1997), a religião é uma consideração que trata de maneira


sistemática a realidade como um todo. É pela visão do todo, por onde importa
começar.

Nesse contexto, aos sociólogos, cabe analisar as religiões como fenômenos


sociais. Eles procurando desvendar a influência dela na vida do indivíduo e da
comunidade.

E no tocante aos filósofos, o que lhes interessa na realidade, é saber se a


visão religiosa do universo é ou não verdadeira e, por conseguinte, a questão é
saber se Deus existe!

Nesse sentido são vários os argumentos a favor da existência de Deus,


muitos deles apresentados na Idade Média. Por exemplo, só da autoria de S. Tomás
de Aquino há cinco argumentos a favor da existência de Deus, dentre eles os três
mais importantes e que discutiremos adiante são:

O argumento ontológico;

O argumento cosmológico;

O argumento do designo.

Estes argumentos ganharam um novo fôlego nas mãos de teístas


contemporâneos como Alvin Plantinga1 e Richard Swinburne, que defendem
versões mais sofisticadas de alguns deles, como a “teologia natural” que

1
Ver filósofos contemporâneos – capítulo 2.

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corresponde ao estudo racional de Deus e a “teologia revelada” que é o estudo de


Deus baseado na fé e na revelação.

Mas voltando à Idade Média, ela viveu mundos distintos:

O mundo ocidental e cristão, com novas nações;

O mundo bizantino, também cristão, mas em declínio;

O mundo árabe, emergente;

O remoto oriente, com um mínimo de contato (PAULI, 1997).

A índole religiosa medieval era altamente proselitista. Era também fanática,


ao ponto de criar guerras religiosas e sacros impérios, além da pena de morte por
heresia. O poder político era considerado como vindo do alto, de sorte a haver uma
conceituação teocrática da vida civil (PAULI, 1997).

A unidade religiosa era considerada de importância para a segurança do


Estado, além de se colocar o Estado a serviço da entidade religiosa instalada
(PAULI, 1997).

No século XVI, mais precisamente em 1513, pós Idade Média, encontramos


Maquiavel. No seu entendimento o que confere valor a uma religião não é a
importância de seu fundador, o conteúdo dos ensinamentos, a verdade dos dogmas
ou a significação dos mistérios e ritos. Importa não a essência da religião e sim sua
função e importância para a vida coletiva. A religião ensina a reconhecer e a
respeitar as regras políticas a partir do mandamento religioso (AMES, 2006).

Essa norma coletiva pode assumir tanto o aspecto coercivo exterior da


disciplina militar ou da autoridade política quanto o caráter persuasivo interior da
educação moral e cívica para a produção do consenso coletivo.

Segundo Ames, Maquiavel se tornou conhecido pelo propósito, firmado em ‘O


Príncipe’, de considerar “mais conveniente seguir a verdade efetiva da coisa do que
a imaginação desta” (Il Príncipe, capítulo XV). Na análise do fenômeno religioso, ele
constata a utilização deste “método”: a religião é examinada a partir de seus efeitos
práticos, ou seja, pela capacidade de despertar tanto o medo quanto o amor dos
cidadãos a favor do vivere civile. Em outras palavras, “seguir a verdade efetiva da

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coisa” implica em privilegiar a “causa eficiente”. Tratando-se da religião, consiste


num determinado procedimento metodológico que analisa esse fenômeno por sua
capacidade de cumprir a tarefa cívica de mobilizar os homens a favor do
fortalecimento do Estado. Em semelhante modo de considerar as coisas, as
questões teológicas perdem importância. Deste modo, para Maquiavel, a religião é
de origem puramente humana e possui, como toda instituição, fundadores e chefes.

Ao chegarmos à história moderna da religião, o neocristianismo2 se torna o


principal fenômeno, sendo neocristão, aquele que batiza ao modo de expressão
religiosa meramente cultural, sem, todavia, acreditar no efeito purificatório deste
cerimonial, que deve retirar do indivíduo batizado os efeitos do pecado original.

Embora sejam muitas as religiões, competindo mesmo com grandes


expressões numéricas, - como é o caso do islamismo e do budismo, - deve-se
reconhecer a expressividade mantida ainda pelo cristianismo, sobretudo se a ele se
somarem diferentes formas de neocristianismo (PAULI, 1997).

O neocristianismo tem, digamos, várias ramificações:

O unitarianismo que nega a Trindade das pessoas divinas, é um dos mais


antigos neocristianismo porque lhe retirou um elemento que ordinariamente costuma
ser admitido pelo anterior cristianismo (PAULI, 1997).

O espiritismo, como é praticado por muitos, é também um neo-cristianismo


(PAULI, 1997).

Mais especificamente, é também possível falar em neo-catolicismo, neo-


protestantismo, e similares. Já o deísmo pode aceitar a bíblia cristã, mas sem os
milagres, sem ritos de efeito sobrenatural, sem visões e sem revelações. Neste
sentido, o deísmo é um neocristianismo. Sobre o agnosticismo, que suspende a
opinião frente à impossibilidade de provar sobre Deus, é uma decorrência coerente
da filosofia positivista, ou empirista. Pode também resultar de uma posição idealista,
sobretudo quando reduz os princípios universais (ou axiomas) à pura

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Ocorre o neo- quando se alteram partes essenciais, mesmo que seja somente por exclusão, como
por exemplo, o neoplatonismo é um neo- em relação ao platonismo, do qual excluiu algo e
acrescentou outro algo.

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conceptualidade e afasta outras vias como a intuicionista e a misticista (PAULI,


1997).

Quanto ao misticismo, não se pode simplesmente declará-lo um


neocristianismo, porque ele foi uma característica das velhas religiões, em cujo
contexto nasceu o cristianismo. E foi o misticismo um fenômeno presente em todas
as épocas do cristianismo. Entretanto, pode um místico dar ao seu misticismo um
rumo não ortodoxo, e então ingressar na faixa dos neo-cristãos (PAULI, 1997).

As diferentes formas de neocristianismo tendem progressivamente a crescer,


apesar dos esforços em contrário das igrejas oficiais em favor de sua ortodoxia
tradicional, isto porque, segundo Pauli, a tendência do homem de hoje é pensar com
a própria cabeça, e é estimulado a isto, porque, mais do que em outras épocas, tem
acesso a muitas fontes de informação sobre o mesmo tema. Acontece também hoje,
que os pregadores das religiões nem sempre sabem tanto quanto aqueles que
eventualmente os ouvem. Por causa da prosperidade do pensamento crítico,
prospera o número dos ‘neo-‘ em todas as religiões.

A título de resumo, embora tenhamos uma apostila voltada para a história das
religiões e as religiões no mundo, encontra-se abaixo um quadro resumo com as
concepções das principais religiões:

DEFINIÇÃO/CARACTERÍSTICA RELIGIÃO
É a negação da existência de Budismo - Confucionismo –
Ateísmo qualquer tipo de deus e da veracidade Taoísmo
de qualquer religião teísta.
É a dúvida sobre a existência de deus
e sobre a veracidade de qualquer
Agnosticismo
religião teísta, por falta de provas
favoráveis ou contrárias.
É a crença num deus que só pode ser
Deísmo conhecido através da razão, e não da
fé e revelação.
Acreditam na existência de um único Judaísmo – Cristianismo –
Monoteístas
Deus. Islamismo - Espiritismo
Acreditam na existência de mais de Xintoísmo – Hinduísmo -
Politeístas
um deus. Xamanismo

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UNIDADE 3: FILOSOFIA

Conceitos, história e fundamentos

Num primeiro momento e numa definição bem simplista, poderíamos dizer


que a filosofia busca dar respostas precisas a perguntas diversas que se relacionam
com as coisas do universo tais como: de onde viemos e para onde vamos.

Na realidade, a filosofia quer explicar o universo e a natureza. Ela estuda os


problemas gerais, enquanto as demais ciências estudam os menos gerais, mas
sempre dependendo e se apoiando nas ciências.

Esses problemas gerais ou abstratos do mundo podem ser entendidos: como


a mente (que é o pensar), a matéria, a razão, a demonstração e a verdade.

Etimologicamente a palavra Filosofia vem do grego philos (amigo) + sophia


(sabedoria). Significa, portanto, amizade, amor e respeito pelo saber, pela
sabedoria. O filósofo seria aquele que ama e busca a sabedoria.

De acordo com Chauí (2003) os historiadores da Filosofia dizem que ela


possui data e local de nascimento: final do século VII e início do século VI a.C, nas
colônias gregas da Ásia Menor (particularmente as que formavam uma região
denominada Jônia), na cidade de Mileto, sendo considerado, Tales de Mileto,
primeiro filósofo. O seu conteúdo ao nascer foi a cosmologia3. Assim, a Filosofia
nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da Natureza.

Chauí expõe em suas análises que existe um problema que, durante séculos,
vem ocupando os historiadores da Filosofia: o de saber se a Filosofia - que é um fato
especificamente grego - nasceu por si mesma ou dependeu de contribuições da
sabedoria oriental (egípcios, assírios, persas, caldeus, babilônios) e da sabedoria de
civilizações que antecederam à grega, na região que, antes de ser a Grécia ou a
Hélade, abrigara as civilizações de Creta, Minos, Tirento e Micenas.

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Cosmo (mundo ordenado e organizado) + logia (pensamento ou discurso racional, conhecimento)

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Durante muito tempo e de acordo com afirmações de Platão e Aristóteles, a


Filosofia nascera por transformações que os gregos operaram na sabedoria oriental.
Os gregos, diziam eles, povo comerciante e navegante, descobriram, através das
viagens, a agrimensura dos egípcios (usada para medir as terras, após as cheias do
Nilo), a astrologia dos caldeus e dos babilônios (usada para prever grandes guerras,
subida e queda de reis, catástrofes como peste, fome, furacões), as genealogias dos
persas (usadas para dar continuidade às linhagens e dinastias dos governantes), os
mistérios religiosos orientais referentes aos rituais de purificação da alma (para livrá-
la da reencarnação contínua e garantir-lhe o descanso eterno), etc. (CHAUÍ, 2003, p.
29).

Dessa forma, da agrimensura, os gregos fizeram nascer duas ciências: a


aritmética e a geometria; da astrologia, fizeram surgir também duas ciências: a
astronomia e a meteorologia; das genealogias, fizeram surgir mais uma outra
ciência: a história; enfim, dos mistérios religiosos de purificação da alma, fizeram
surgir as teorias filosóficas sobre a natureza e o destino da alma humana.

Os pensadores judaicos, como Filo de Alexandria, e os Padres da Igreja,


como Eusébio de Cesaréia e Clemente de Alexandria defendiam a filiação oriental
da Filosofia porque ela tornara-se, em toda a Antiguidade clássica, e para os
poderosos da época, os romanos, a forma superior ou mais elevada do pensamento
e da moral (CHAUÍ, 2003).

Os judeus, para valorizar seu pensamento, desejavam que a Filosofia tivesse


uma origem oriental, dizendo que o pensamento de filósofos importantes, como
Platão, tinha surgido no Egito, onde se originara o pensamento de Moisés, de modo
que havia uma ligação entre a Filosofia grega e a Bíblia (CHAUÍ, 2003).

Os Padres da Igreja, por sua vez, queriam mostrar que os ensinamentos de


Jesus eram elevados e perfeitos, não eram superstição, nem primitivos e incultos, e
por isso mostravam que os filósofos gregos estavam filiados a correntes de
pensamento místico e oriental e, dessa maneira, estariam próximos do cristianismo,
que é uma religião oriental.

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No entanto, nem todos aceitaram a tese chamada “orientalista”, e muitos,


sobretudo no século XIX da nossa era, passaram a falar na Filosofia como sendo o
“milagre grego” (CHAUÍ, 2003, p. 30).

Com a palavra “milagre” queriam dizer várias coisas:

 Que a Filosofia surgiu inesperada e espantosamente na Grécia, sem


que nada anterior a preparasse;

 Que a Filosofia grega foi um acontecimento espontâneo, único e sem


par, como é próprio de um milagre;

 Que os gregos foram um povo excepcional, sem nenhum outro


semelhante a eles, nem antes e nem depois deles, e por isso somente eles
poderiam ter sido capazes de criar a Filosofia, como foram os únicos a criar as
ciências e a dar às artes uma elevação que nenhum outro povo conseguiu, nem
antes e nem depois deles (CHAUÍ, 2003).

Mas como enfatizou a autora, nem oriental, nem milagre!

Desde o final do século XIX da nossa era e durante o século XX, estudos
históricos, arqueológicos, linguísticos, literários e artísticos corrigiram os exageros
das duas teses, isto é, tanto a redução da Filosofia à sua origem oriental, quanto o
“milagre grego”.

Retirados os exageros do orientalismo, percebe-se que, de fato, a Filosofia


tem dívidas com a sabedoria dos orientais, não só porque as viagens colocaram os
gregos em contato com os conhecimentos produzidos por outros povos (sobretudo
os egípcios, persas, babilônios, assírios e caldeus), mas também porque os dois
maiores formadores da cultura grega antiga, os poetas Homero e Hesíodo,
encontraram nos mitos e nas religiões dos povos orientais, bem como nas culturas
que precederam a grega, os elementos para elaborar a mitologia grega, que, depois,
seria transformada racionalmente pelos filósofos.

Assim, os estudos recentes mostraram que mitos, cultos religiosos,


instrumentos musicais, dança, música, poesia, utensílios domésticos e de trabalho,
formas de habitação, formas de parentesco e formas de organização tribal dos
gregos foram resultado de contatos profundos com as culturas mais avançadas do

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Oriente e com a herança deixada pelas culturas que antecederam a grega, nas
regiões onde ela se implantou (CHAUÍ, 2003).

Esses mesmos estudos apontaram, porém, que, se nos afastarmos dos


exageros da ideia de um “milagre grego”, podemos perceber o que havia de
verdadeiro nessa tese. De fato, os gregos imprimiram mudanças de qualidade tão
profundas no que receberam do Oriente e das culturas precedentes, que até
pareceria terem criado sua própria cultura a partir de si mesmos. Dessas mudanças,
podemos mencionar quatro que nos darão uma ideia da originalidade grega:

1. Com relação aos mitos: quando comparamos os mitos orientais, cretenses,


micênicos, minóicos e os que aparecem nos poetas Homero e Hesíodo, vemos que
eles retiraram os aspectos apavorantes e monstruosos dos deuses e do início do
mundo; humanizaram os deuses, divinizaram os homens; deram racionalidade às
narrativas sobre as origens das coisas, dos homens, das instituições humanas
(como o trabalho, as leis, a moral);

2. Com relação aos conhecimentos: os gregos transformaram em ciência (isto


é, num conhecimento racional, abstrato e universal) aquilo que eram elementos de
uma sabedoria prática para o uso direto na vida. Assim, transformaram em
matemática (aritmética, geometria, harmonia) o que eram expedientes práticos para
medir, contar e calcular; transformaram em astronomia (conhecimento racional da
natureza e do movimento dos astros) aquilo que eram práticas de adivinhação e
previsão do futuro; transformaram em medicina (conhecimento racional sobre o
corpo humano, a saúde e a doença) aquilo que eram práticas de grupos religiosos
secretos para a cura misteriosa das doenças. E assim por diante;

3. Com relação à organização social e política: os gregos não inventaram


apenas a ciência ou a Filosofia, mas inventaram também a política. Todas as
sociedades anteriores a eles conheciam e praticavam a autoridade e o governo.
Mas, por que não inventaram a política propriamente dita?

Nas sociedades orientais e não-gregas, o poder e o governo eram exercidos


como autoridade absoluta da vontade pessoal e arbitrária de um só homem ou de
um pequeno grupo de homens que decidiam sobre tudo, sem consultar a ninguém e
sem justificar suas decisões para ninguém.

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Os gregos inventaram a política (palavra que vem de polis, que, em grego,


significa cidade organizada por leis e instituições) porque instituíram práticas pelas
quais as decisões eram tomadas a partir de discussões e debates públicos e eram
adotadas ou revogadas por voto em assembléias públicas; porque estabeleceram
instituições públicas (tribunais, assembléias, separação entre autoridade do chefe da
família e autoridade pública, entre autoridade político-militar e autoridade religiosa)
e, sobretudo, porque criaram a ideia da lei e da justiça como expressões da vontade
coletiva pública e não como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em
nome de divindades.

Os gregos criaram a política porque separaram o poder político e duas outras


formas tradicionais de autoridade: a do chefe de família e a do sacerdote ou mago;

4. Com relação ao pensamento: diante da herança recebida, os gregos


inventaram a ideia ocidental da razão como um pensamento sistemático que segue
regras, normas e leis de valor universal (isto é, válidas em todos os tempos e
lugares.

Assim, por exemplo, em qualquer tempo e lugar 2 + 2 serão sempre 4; o


triângulo sempre terá três lados; o Sol sempre será maior do que a Terra, mesmo
que ele pareça menor do que ela, etc. (CHAUÍ, 2003, p. 31).

Embora os historiadores lhe atribuam data, local de nascimento e primeiro


filósofo, atribui-se a Pitágoras a criação da palavra Filosofia, que foi gerada ao longo
da história da humanidade em decorrência da curiosidade e inquietação do próprio
ser humano que, ao querer compreender todas as coisas, questionava os valores e
interpretações que a maioria dos homens aceitava com sendo sua realidade.

Parece que fugimos um pouco do tema chave que é a filosofia da religião,


entretanto, é preciso deixar claro que conhecer a história, o passado, é ponto de
partida, é a base, o alicerce para a compreensão do presente e para que possamos
construir um futuro, se necessário, mais esclarecedor.

Antes, porém, de voltarmos nosso pensamento para a atualidade, quando já


conseguimos entender que a Filosofia é uma disciplina ou área de estudo que
envolve a investigação, análise, discussão, formação e reflexão de ideias em

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situação geral, vejamos alguns conceitos de filósofos famosos de vários tempos, os


quais serão analisados a posteriori quando de interesse dessa apostila.

Plantão (428-347 a.C.) afirma que a filosofia é o uso do saber em proveito do


homem, o que implica posse de um conhecimento que seja o mais amplo e válido
possível e o uso desse conhecimento em benefício do homem.

Para René Descartes (1596-1650), significa estudo da sabedoria.

Thomas Hobbes (1588-1679) entende como o conhecimento causal e a


utilização desse em benefício do homem.

Para Immanuel Kant (1724-1804) é ciência da relação do conhecimento à


finalidade essencial da razão humana, que é a felicidade universal; portanto, a
Filosofia relaciona tudo com a sabedoria, mas através da ciência.

John Dewey (1859-1952) pontua que é a crítica dos valores, das crenças, das
instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os
bens.

Sucintamente Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) define como a ciência da


ciência em geral.

Auguste Comte (1798-1857) conceitua como a ciência universal que deve


unificar num sistema coerente os conhecimentos universais fornecidos pelas
ciências particulares.

Para Chauí (2003) e Oliveira (2008), a Filosofia é um modo de pensar, é uma


postura diante do mundo. Ela não é um conjunto de conhecimentos prontos, um
sistema acabado, fechado em si mesmo. É, antes de mais nada, uma prática de vida
que procura pensar os acontecimentos além de sua pura aparência. Pode pensar a
ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos; pode pensar a religião; pode
pensar a arte; pode pensar o próprio homem em sua vida cotidiana.

Quando começamos a colocar em questão tudo que sabemos (ou que


pensamos saber) a filosofia nos apresenta como algo negativo, entretanto, a
possibilidade de questionarmos, de transformarmos os valores e as ideias mostra o
seu lado positivo.

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Devido sua natureza, ou seja, dentro do seu modo questionador, investigador,


o pensamento crítico apresentado pela filosofia, gera, a cada resposta, uma nova
pergunta e assim, sucessivamente.

Segundo Chauí (2003), ao filósofo é mais importante perguntar do que


responder, sendo três as perguntas básicas que rodeiam o pensamento do filósofo:

1º. Perguntar ‘o que’ é a coisa, o valor ou a ideia. A filosofia pergunta qual


é a realidade ou a natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importando
qual;

2º. Perguntar ‘como’ é a coisa, a ideia ou o valor. A Filosofia indaga qual é


a estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma ideia ou um
valor;

3º. Perguntar ‘por que’ a coisa, a ideia ou o valor, existe e é como é. A


Filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma ideia, de um
valor.

A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo,


interrogando a si mesmo para conhecer-se, para indagar como é possível o próprio
pensamento (CHAUÍ, 2003).

Ainda no entendimento de Chauí (2003) “a filosofia não é um ‘eu acho que’ ou


um ‘eu gosto de’. Não é pesquisa de opinião à maneira dos meios de comunicação
de massa. Não é pesquisa de mercado para conhecer preferências dos
consumidores e montar uma propaganda”. Ela é mais do que um refletir. Ela é
refletir sobre o refletir, surgindo quando a própria capacidade de refletir é posta em
questão e tanto por isso que, para Sócrates, o ponto de partida do filosofar é o
reconhecimento da própria ignorância. A afirmação “só sei que nada sei” só pode
ser feita por alguém que já exerceu uma autocrítica, que já se debruçou sobre as
bases de seus conhecimentos e os avaliou de modo adequado (CHAUÍ, 2003).

Pontualmente a reflexão filosófica questiona:

 Os motivos, as razões e as causas de pensarmos o que pensamos,


dizermos o que dizemos e fazermos o que fazemos;

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 O conteúdo ou o sentido do que pensamos, do que dizemos ou


fazemos;

 A intenção e a finalidade do que pensamos, dizemos ou fazemos


(SILVA NETO, 2008).

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Três formas de se conceber a Filosofia

Segundo Chauí (2003), Politzer (2001) e outros autores, existem três formas
de concebermos a filosofia, sendo elas: a forma metafísica, a positivista e a crítica.

A forma metafísica prevaleceu na Antiguidade e na Idade Média, tendo como


característica principal, a negação de que qualquer investigação autônoma fora da
Filosofia tivesse validade.

Naqueles tempos, um conhecimento era filosófico ou não era conhecimento.


As demais ciências eram apenas parte da Filosofia, sendo esta, o saber único
possível.

Para Politzer (2001) a metafísica só tem importância na filosofia burguesa,


uma vez que se ocupa de Deus e da alma.

Tudo aí é eterno. Deus é eterno, não mudando, permanecendo igual a si


mesmo; a alma também. O mesmo acontece com o bem, o mal, etc., estando tudo
isso nitidamente definido, definitivo e eterno. Nessa parte da filosofia que se
chama metafísica, vêem-se, pois, as coisas como um conjunto congelado, e
procede-se, no raciocínio, por oposição: opõe-se espírito à matéria, o bem ao mal,
etc., isto é, raciocina-se por oposição das contrárias entre elas (POLITZER, 2001, p.
99-100).

Ainda segundo Politzer, chama-se metafísica a essa maneira de raciocinar,


de pensar, porque trata das coisas e das ideias que se encontram fora da física,
como Deus, a bondade, a alma, o mal, etc. Metafísica vem do grego meta, que quer
dizer além, e de física, ciência dos fenômenos do mundo. Portanto, metafísica
ocupa-se de coisas situadas além do mundo.

Na segunda forma, Positivista, o conhecimento cabe às ciências e à Filosofia


cabe coordenar e unificar os resultados.

Os positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos


externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais
práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais
e da ética.
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A filosofia positivista de Comte, surgida no século XIX, nega que a explicação


dos fenômenos naturais, assim como sociais, provenha de um só princípio. Tem
como base teórica os três pontos seguintes:

1) Todo conhecimento do mundo material decorre dos dados "positivos" da


experiência, e é somente a eles que o investigador deve ater-se;

2) Existe um âmbito puramente formal, no qual se relacionam as ideias, que é


o da lógica pura e da matemática; e,

3) Todo conhecimento dito “transcendente” - metafísica, teologia e


especulação acrítica - que se situa além de qualquer possibilidade de
verificação prática, deve ser descartado (CHAUÍ, 2003).

Na terceira forma, a crítica, a Filosofia é juízo sobre a ciência e não


conhecimento de objetos. Sua tarefa é verificar a validade do saber, determinando
seus limites, condições e possibilidades efetivas. Segundo essa concepção, a
Filosofia não aumenta a quantidade do saber, portanto, não pode ser chamada
propriamente de “conhecimento” (CHAUÍ, 2003).

Segundo Ewing (2008), recentemente, a filosofia crítica tem sido


frequentemente contraposta à metafísica (que nesse caso é às vezes denominada
filosofia especulativa). A filosofia crítica analisa e critica os conceitos pertencentes
ao senso comum e às ciências. As ciências pressupõem certos conceitos que não
são suscetíveis de investigação por meio de métodos científicos, de modo que
passam a integrar o âmbito da filosofia. Nesse sentido, todas as ciências, com
exceção da matemática, pressupõem de alguma forma a concepção de lei natural;
cabe à filosofia, e não a qualquer das ciências particulares, examinar tal concepção.

Enfim, a parte da filosofia crítica que trata da investigação da natureza e dos


critérios de verdade, assim como da maneira pela qual obtemos conhecimento, é
chamada de epistemologia (teoria do conhecimento).

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Filosofia da Religião

Para Martins (1994) a Filosofia da Religião é uma das disciplinas que se


constitui numa das divisões da filosofia. Tem por objeto o estudo da dimensão
espiritual do homem desde uma perspectiva filosófica (metafísica, antropológica e
ética), indagando e pesquisando sobre a essência do fenômeno religioso: "o que é
afinal, a religião?".

Para o seu estudo são usados os métodos: histórico-crítico comparativo, o


filológico e o antropológico. O primeiro deles compara as várias religiões no tempo e
no espaço, em busca de seus aspectos mais comuns e suas diferenças, para
verificar o que constitui a essência do fenômeno religioso. O segundo faz o estudo
comparativo das línguas, visando encontrar as palavras utilizadas para descrever e
expressar o sagrado e suas raízes comuns e o terceiro método procura reconstruir o
passado religioso tendo por base a etnologia (estudo dos povos primitivos e atuais,
suas instituições, crenças, rituais e tradições) (PAULI, 1997).

Na realidade, a Filosofia da Religião precisa conjugar adequadamente os


métodos para obter a melhor soma de elementos para chegar à conclusão mais
correta sobre a essência da religião e suas características universais.

Para estudar a filosofia da religião, Pauli sugere sua divisão em duas partes,
sendo a primeira, o estudo dos seus fundamentos e a segunda, o estudo da mesma
enquanto culto, isto porque, todos os indivíduos se ocupam com religião o que
acaba por envolver um fenômeno cultural.

Em termos de fundamentos encontramos no monismo pré-socrático, o


surgimento paulatino do conceito de Deus, como causa externa do mundo.

A ideia filosófica sobre Deus, - como ente ao lado ou acima do mundo, mas
sem se confundir com os deuses mitológicos surgidos do caos, - principiou com as
razões filosóficas que apelam à causa eficiente do mundo (sobretudo para operar o
movimento e estabelecer a ordem das coisas).

Ainda continuando o pensamento de Pauli, os pré-socráticos conceberam as


causas como intrínsecas ao mundo, e por isso não reclamavam um ser exterior para

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estabelecer a ordem e o movimento. E por isso eram monistas, e somente neste


plano falavam do divino. A crescente preocupação com as causas gerou finalmente
a filosofia da divindade, ainda que em termos de monismo. Embora os pré-
socráticos não chegassem a ideia de um Deus transcendente, pertence já a eles a
ocupação com o divino nas causas.

Entretanto, os tempos atuais, marcado pelo saber científico e pelo uso


exagerado das técnicas não deixa espaço para que seja dada a devida importância
à Filosofia da Religião devida importância.

Outro fator contribuinte, segundo Zilles (2006) se relaciona com a Teologia


que está muito pulverizada nos dias atuais, ou seja, sobrou quase que somente a
Bíblia para análises e discussões.

Para ele, a racionalidade ocidental é uma cultura de reflexão, orientada pelo


paradigma do monoteísmo, desde Platão até Hegel. Os movimentos críticos contra o
pensamento religioso e o próprio ateísmo só se compreendem dentro do paradigma
monoteísta. A referência à questão de Deus, também ex negativo e indiretamente,
permanece determinante até Marx, Nietzsche e Freud.

Como diz ele: a filosofia da religião não se limita a descrições neutras de


costumes da linguagem religiosa, nem fixa normas arbitrárias para o uso religioso da
linguagem. Sua missão consiste em mostrar sentido e profundidade da religião, na
vida humana, de maneira crítica. Vale usar a razão, para completar a fé, e crer, para
aprofundar a razão, enfim, humanizar mais o homem e a humanidade [...]. A filosofia
da religião pensa criticamente o fenômeno religioso como fenômeno que diz respeito
ao homem e à humanidade, tornando-se uma expressão de liberdade.

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Quatro grandes períodos da Filosofia voltada para a Religião

A Filosofia da Religião passou por quatro grandes períodos que foram:

1. Filosofia antiga (do século VI a.C. ao século VI d.C);

2. Filosofia patrística (século I ao século VII);

3. Filosofia medieval (do século VIII ao século XIV);

4. Filosofia da Renascença (do século XIV ao século XVI)

A filosofia patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais


(Paulo e João) e pelos primeiros Padres da Igreja para conciliar a nova religião - o
Cristianismo - com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois somente
com tal conciliação seria possível convencer os pagãos da nova verdade e convertê-
los a ela. Tal filosofia se liga à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da
religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos, sendo
obrigada a introduzir ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a ideia
de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade una, de
encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos
mortos, etc. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, já que
tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade.

Com Santo Agostinho e Boécio, introduziu a ideia de “homem interior”, isto é,


da consciência moral e do livre-arbítrio, pelo qual o homem se torna responsável
pela existência do mal no mundo.

Para impor as ideias cristãs, os Padres da Igreja as transformaram em


verdades reveladas por Deus (através da Bíblia e dos santos) que, por serem
decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e inquestionáveis. Com isso,
surge uma distinção, desconhecida pelos antigos, entre verdades reveladas ou da fé
e verdades da razão ou humanas, isto é, entre verdades sobrenaturais e verdades
naturais, as primeiras introduzindo a noção de conhecimento recebido por uma
graça divina, superior ao simples conhecimento racional.

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A Filosofia medieval abrange pensadores europeus, árabes e judeus. É o


período em que a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e coroava reis,
organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as primeiras
universidades ou escolas, onde passou a ser ensinada (daí sua também
denominação – Escolástica).

Sofreu influências de Platão e Aristóteles e ainda conservando e discutindo os


mesmos problemas que a patrística, a Filosofia medieval acrescentou outros -
particularmente um, conhecido com o nome de Problema dos Universais – passando
a sofrer uma grande influência das ideias de Santo Agostinho (PAULI, 1997).

É desse período que remonta a Filosofia cristã, que é, na verdade, a teologia,


que tinha como tema constante, provar a existência de Deus e da alma, isto é,
demonstrar racionalmente a existência do infinito criador e do espírito humano
imortal.

Os grandes temas da filosofia medieval foram: a diferença e separação entre


infinito (Deus) e finito (homem, mundo), a diferença entre razão e fé (a primeira deve
subordinar-se à segunda), a diferença e separação entre corpo (matéria) e alma
(espírito), o Universo como uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam e
governam os inferiores (Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais,
minerais), a subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder espiritual de
papas e bispos.

Uma característica marcante da Escolástica foi o método inventado para


expor as ideias filosóficas, conhecida como disputa: apresentava-se uma tese e esta
devia ser ou refutada ou defendida por argumentos tirados da Bíblia, de Aristóteles,
de Platão ou de outros Padres da Igreja e, dependendo da força dos argumentos,
poderia ser considerada falsa ou verdadeira.

Dentre os teólogos medievais mais importantes temos: Abelardo, Santo


Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham,
Roger Bacon, São Boaventura. Do lado árabe: Avicena, Averróis, Alfarabi e Algazáli.
Do lado judaico: Maimônides, Nahmanides, Yeudah bem Levi (CHAUÍ, 2003).

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A Filosofia na Renascença foi marcada pela descoberta de obras de Platão


desconhecidas na Idade Média, de novas obras de Aristóteles, bem como pela
recuperação das obras dos grandes autores e artistas gregos e romanos.

Predominam as seguintes linhas de pensamento:

1. A ideia da Natureza como um grande ser vivo; o homem fazendo parte


da Natureza como um microcosmo (como espelho do Universo inteiro) e
podendo agir sobre ela através da magia natural, da alquimia e da
astrologia, pois o mundo é constituído por vínculos e ligações secretas (a
simpatia) entre as coisas; o homem pode, também, conhecer esses
vínculos e criar outros, como um deus.

2. A valorização da vida ativa, isto é, a política, e a defesa dos ideais


republicanos das cidades italianas contra o Império Romano-
Germânico, isto é, contra o poderio dos papas e dos imperadores. Na
defesa do ideal republicano, os escritores resgataram autores políticos da
Antiguidade, historiadores e juristas, e propuseram a “imitação dos antigos”
ou o renascimento da liberdade política, anterior ao surgimento do império
eclesiástico.

3. Aquela que propunha o ideal do homem como artífice de seu próprio


destino, tanto através dos conhecimentos (astrologia, magia, alquimia),
quanto através da política (o ideal republicano), das técnicas (medicina,
arquitetura, engenharia, navegação) e das artes (pintura, escultura,
literatura, teatro).

As grandes descobertas marítimas da época garantiram ao homem novos


conhecimentos, permitindo-lhes ter uma visão crítica de sua própria sociedade,
principalmente críticas profundas à Igreja Romana, culminando na Reforma
Protestante, baseada na ideia de liberdade de crença e de pensamento. À Reforma
a Igreja respondeu com a Contra-Reforma e com o recrudescimento do poder da
Inquisição.

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Os nomes mais importantes desse período são: Dante, Marcílio Ficino,


Giordano Bruno, Campannella, Maquiavel, Montaigne, Erasmo, Tomás Morus, Jean
Bodin, Kepler e Nicolau de Cusa (CHAUÍ, 2003).

Chauí discorre ainda sobre outros grandes períodos da Filosofia, que não se
voltaram tanto para a religião como os anteriores, mas merecem algumas
considerações. Dentre eles, o período que vai do século XVII a meados do século
XVIII, conhecido como o Grande Racionalismo Clássico, marcado pelo surgimento
do sujeito do conhecimento, ou seja, as reflexões da filosofia partem da indagação
de qual é a capacidade do intelecto humano para conhecer e demonstrar a verdade
dos conhecimentos, para depois responder à questão das coisas exteriores.

Predomina nesse período, a ideia de conquista científica e técnica de toda a


realidade, a partir da explicação mecânica e matemática do Universo e da invenção
das máquinas, graças às experiências físicas e químicas, existindo também a
convicção de que a razão humana é capaz de conhecer a origem, as causas e os
efeitos das paixões e das emoções e, pela vontade orientada pelo intelecto, é capaz
de governá-las e dominá-las, de sorte que a vida ética pode ser plenamente
racional.

Os principais pensadores desse período foram: Francis Bacon, Descartes,


Galileu, Pascal, Hobbes, Espinosa, Leibniz, Malebranche, Locke, Berkeley, Newton,
Gassendi (CHAUÍ, 2003).

Em meados do século XVIII e começo do século XIX predomina o Iluminismo,


período em que a Filosofia crê nos poderes da razão e através dela, o homem pode
conquistar a liberdade e a felicidade social e política, é capaz de evoluir e progredir,
sendo um ser perfectível. Nesse sentido, ele pode liberar-se dos preconceitos
religiosos, sociais e morais, da superstição e do medo, graças as conhecimento, às
ciências, às artes e à moral (CHAUÍ, 2003, p. 58).

Nesse período há grande interesse pelas ciências que se relacionam com a


ideia de evolução e, por isso, a biologia terá um lugar central no pensamento
ilustrado, pertencendo ao campo da filosofia da vida (CHAUÍ, 2003).

Os principais pensadores do período foram: Hume, Voltaire, D’Alembert,


Diderot, Rousseau, Kant e Fichte (CHAUÍ, 2003).
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Enfim chegamos ao período da Filosofia contemporânea que vai de meados


do século XIX até os dias atuais, definido por Chauí como o mais complexo e difícil
de definir devido às várias posições filosóficas.

Grandes Filósofos e suas concepções acerca da religião

A nossa porta de entrada para o mundo dos filósofos se dará em Aristóteles


(384-322 a.C.) embora possamos citar antes dele, Thales de Mileto (considerado o
primeiro filósofo), Anaxímenes, Pitágoras, Heráclito de Éfeso, Sócrates, Platão e
outros, pelo simples motivo que nos interessa nesta apostila especificamente,
analisar a filosofia da religião e não as demais, digamos, vertentes ou áreas.

Aristóteles possuía um conceito de Deus coerente com a veneração que ele e


os gregos em geral tinham pela razão e pelo intelecto. Posteriormente, essas ideias
foram de grande influência para o desenvolvimento racional de uma psicologia e
teologias cristãs.

Para Aristóteles, todas as coisas estão em movimento, sendo impossível


conceber tanto o começo quanto o fim do movimento, portanto, deve existir um
primeiro motor produzindo o movimento eterno e esse motor deve, por sua vez, ser
imóvel, caso contrário, outro motor seria necessário para movê-lo. Deus é esse
primeiro motor, eterno, imortal, não-material e perfeito (COLLINSON, 2006, p. 49).

Já Santo Agostinho (354-430 a.C.) também conhecido como Agostinho de


Hippo, expõe uma filosofia cristã que postula uma combinação entre fé e razão.
Segundo ele “entendimento é busca da fé. Busque, portanto, não compreendê-la da
maneira como você pode acreditar, mas acreditar de maneira que você possa
compreendê-la”. Entretanto, a fé isoladamente é apenas um tipo de aprovação cega,
precisando ser consolidada e tornada inteligível por meio da razão.

É largamente devido à influência de Agostinho que o cristianismo ocidental


concorda com a doutrina do pecado original e a Igreja Católica sustenta que batismo
e ordenações feitos fora dela podem ser válidos (a Igreja Católica Romana
reconhece ordenações feitas na Igreja Ortodoxa Oriental e Ocidental, mas não nas

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igrejas protestantes, e reconhece batismos de quase todas as igrejas cristãs). Os


teólogos católicos geralmente concordam com a crença de Agostinho de que Deus
existe fora do tempo e no “presente eterno”; e o tempo só existe dentro do universo
criado.

O pensamento de Agostinho foi também basilar na orientação da visão do


homem medieval sobre a relação entre a fé cristã e o estudo da natureza. Ele
reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha
restaurar a condição decaída da razão humana, sendo, portanto, mais importante.
Afirmava, ainda, que a interpretação das escrituras deveria ser feita de acordo com
os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural.

Santo Agostinho coloca a filosofia a serviço da teologia, adotando ideias


platônicas e neoplatônicas, moldando de acordo com sua própria abordagem.

Maimônides (Moisés Ben Maimon, 1135-1204) foi o mais proeminente filósofo


judeu. Como Aristóteles, ele afirma que Deus é puro intelecto e confirma também
que o intelecto humano tem uma semelhança com o de Deus. Seus
posicionamentos influenciaram a filosofia ocidental do século XIII, influenciando os
debates que cresceram e floresceram por aproximadamente duzentos anos após
sua morte (COLLINSON, 2006, p. 60).

A filosofia de São Tomaz de Aquino (1225-1274), chamado de “Doutor


Angélico” pelo papa Pio V entrelaça com a sua teologia. Ele procurou estabelecer
uma coexistência harmoniosa entre fé e razão, demonstrando em primeiro lugar, que
os princípios da fé não contradizem as conclusões da filosofia e, segundo, que eles
não se afastam dela e formam a base dos argumentos filosóficos (COLLINSON,
2006, p. 61).

Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do


mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na
escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base
filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Em suas duas
“Summae”, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: são
elas a “Summa Theologiae”, a “Summa Contra Gentiles” (MARTINS FILHO, 1997).

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A partir dele, a Igreja tem uma teologia (fundada na revelação) e uma filosofia
(baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: fé
e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia
não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não
pode haver contradição entre fé e razão (MARTINS FILHO, 1997).

Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do
ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a
privação ou ausência do bem (MARTINS FILHO, 1997).

Guilherme de Ockham (1285-1349) foi acusado de heresias e excomungado


da Igreja pelo Papa XXII. Seu empirismo tinha como base a crença de que tudo no
mundo é contingente para o livre arbítrio de Deus. Sua doutrina nominalista reforça a
alegação de que somente coisas individuais são reais. Isso quer dizer que, uma vez
que todo conhecimento deriva de uma consciência intuitiva imediata das coisas
particulares, sugere-se que ele condena toda possibilidade de conhecimento de
Deus.

Guilherme de Ockham faz uma clara separação entre revelação e fé por meio
do conhecimento sensível e abstrato, produzindo impactos de longo alcance no
pensamento filosófico. Contudo, como sua concepção de universo era dependente,
em última instância, da contingência de uma vontade divina, tal estaria além da
apreensão humana, sendo imutável. Enfim, para ele Deus não pode ser objeto de
análises (COLLINSON, 2006).

René Descartes (1591-1650) foi considerado o primeiro pensador moderno,


além de grande matemático. A famosa declaração “penso logo existo” (conhecida
como ‘cogito’) é a prova significativa de sua existência como um ser pensante e o
ponto de partida de sua pesquisa para obter a certeza.

Essa certeza fornece a ele a base requerida para a construção do seu edifício
do conhecimento. Ele oferece dois argumentos para a existência de Deus. O
primeiro argumento parte do reconhecimento de si mesmo como ser existente, que,
em virtude de suas dúvidas, é imperfeito, já que é capaz de conceber a ideia de
Deus como um ser perfeito. No seu entendimento essa ideia perfeita só poderia ser

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oriunda de um ser perfeito, portanto, Deus deve existir como sendo a origem desta
ideia.

Essa versão do argumento cosmológico, apóia-se quase que inteiramente no


princípio escolástico de que há, pelo menos, tanta realidade na causa quanto no
efeito, isto é, se a ideia é perfeita, então sua causa é igualmente perfeita.

O argumento ontológico é o segundo argumento de Descartes para a


existência de Deus, argumentando que a ideia de um ser supremamente perfeito é a
de um ser que contém toda a perfeição, e assim, contém a perfeição em todos os
seus graus (COLLINSON, 2006, p. 102).

Para Benedictus ou Bento de Espinoza (1632-1677) pertencente ao grupo de


pensadores do século XVII, que além de filósofos eram matemáticos e cientistas,
incluindo Descartes, Leibniz e Hobbes, afirmava que existe somente uma substância
e que esta seria Deus. Existem comentários de que era obcecado por Deus,
principalmente porque em seus argumentos filosóficos, ele utilizava formas
geométricas e fornecia definições e axiomas baseados em proposições, provas e
corolários.

Sua intenção em todos os escritos era utilizar a razão para descobrir a


verdade pura, e deste modo, “possuir um gozo contínuo e supremo para toda a
eternidade” (COLLINSON, 2006, p. 106).

Seu pensamento era de que conhecendo a verdade sobre as coisas que


estão no mundo, seria capaz de aprender a agir corretamente e obter bem-
aventurança.

O conceito de substância era a base de sua busca pela verdade, sendo a


substância conceituada como aquilo que existe em si mesmo e é concebida por
meio de si mesma; é aquilo que não depende de nada mais para a sua existência.
Ao que ele nomeou em sua Parte 1 da Ética, como Deus ou natureza.

Essa identificação de Deus com o universo físico chocou os contemporâneos,


mas Espinosa insiste que o criador e toda sua criação devem ser uma única
substância. Deus e natureza são um; Deus é imanente e não transcendente;

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considerados como um todo, Deus ou Natureza são auto-criados e, portanto,


completamente livres (COLLINSON, 2006, p. 108).

Na doutrina de Leibniz (1646-1716) encontramos restrições não somente à


liberdade dos indivíduos, mas também à de Deus, partindo do seu pressuposto de
que o conceito de indivíduo envolve tudo o que poderá acontecer a ele. A liberdade
de Deus está, também, restrita àquilo que, uma vez decretado na existência de um
indivíduo, aquela existência irá seguir: um curso implacável, ou seja, que Deus não
estaria apto para alterar, e a liberdade do indivíduo seria completamente inexistente,
visto que os eventos de sua vida estariam predestinados (COLLINSON, 2006, p.
125).

Joseph Butler (1692-1752), bispo de Durham já associa sua filosofia moral


muito mais à teologia natural do que à teologia da revelação. Ele postula que o que
é ensinado na religião está de acordo com o que o governo natural nos outorgou por
meio dos reconhecimentos preparados pela Providência.

Faz dentre outras, analogias entre a natureza e a religião revelada. Todas as


criaturas, sugere ele, vieram ao mundo e foram nutridas por outras. Do mesmo
modo, Deus governa o mundo por mediação e Jesus Cristo é o nosso mediador. As
escrituras não explicam a eficácia desta mediação, mas o fato de ser misteriosa não
deve ser utilizado como um argumento contra ela, visto que a mediação não é senão
uma das muitas matérias que ficam além do alcance natural das nossas faculdades.
Ele argumenta ainda, que há muitas evidências históricas para apoiar o cristianismo;
o todo é perfeitamente crível, e o corpo das evidências positivas para tal não pode
ser destruído, ainda que partes destas possam ser questionadas (COLLINSON,
2006, p. 138).

Dentro da filosofia moderna, Butler faz parte de um movimento que conduz da


confiança na religião revelada para o estudo da natureza humana e da ideia da
consciência individual como o guia para a conduta moral.

Para George Berkeley (1685-1753) a matéria não existe! Ele assegurava que
todos os objetos que percebemos e que tomamos ordinariamente como existentes
no mundo exterior a nós, constituem simples coleções de ideias presentes apenas

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nas nossas mentes. Assegura ainda que Deus implanta as ideias em nós, de
maneira ordenada e que, na sua mente, tudo existe em todos os tempos.

Para ele tudo depende da vontade de Deus, sendo Deus quem mantém a
comunicação entre os espíritos, por meio da qual eles estão aptos para perceber a
existência um dos outros.

Em relação ao seu discurso sobre os espíritos, encontra dificuldade para


manter sua coerência, uma vez que as ideias são somente ideias dos sentidos,
então não poderia existir a ideia de um espírito. Ele diz que as ideias são passivas e
inertes e os espíritos, seres ativos e não podem, portanto, ser ideias.

Berkeley é um empirista ao colocar a experiência como a medida do


significado e da realidade. Para Collinson (2006, p. 133) na realidade, Berkeley
espana a sujeira para debaixo dos nossos pés, ou seja, ele funde os conceitos de
matéria e ideia, mas ao final, não convence.

Emanuel Kant (1724-1804) apresentou um trabalho muito original, que lhe


reservou enorme receptividade, além de colocá-lo como um dos mais importantes
filósofos ao lado de Platão e Aristóteles. Suas produções aconteceram num período
em que a filosofia passava por um momento crucial, em que pesava uma tensão
entre a aliança do pensamento racional que florescia no continente europeu e o
empirismo adotado da Grã-Bretanha.

Reconheceu as reivindicações dos empiristas quanto à experiência ser a


origem de todas nossas crenças, no entanto, não aceitou a conclusão cética de que
estas mesmas crenças não poderiam ser justificadas.

Tomou como tarefa para si, descobrir a existência de um conhecimento


metafísico, isto é, o conhecimento relacionado a problemáticas tais como a
existência de Deus, da imortalidade da alma e sobre a possibilidade dos seres
humanos possuírem livre arbítrio.

O seu livro “Crítica da Razão Pura” articula temas tão diferentes quanto
filosofia da religião, moral, arte, história e ciência, bem como epistemologia e
metafísica.

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Kant argumenta que podemos ter o conhecimento da causalidade no mundo


das aparências, devido ao conceito puro de causalidade, ser exemplificado para nós
na observação dos fenômenos do mundo e dos nossos julgamentos realizados de
acordo com estes serem universalmente válidos. O que nós não podemos conhecer
são as coisas em si mesmas, o que ele chamou de aspecto noumenal dos
fenômenos.

Nós também não podemos conhecer a verdade de preposições metafísicas


tais como “Deus existe”, ou, “os seres humanos possuem almas imortais”, isto
porque conceitos do tipo “Deus” e “alma” são exemplificados pela experiência. Kant
denomina estes conceitos de Ideias ou Razão, os quais podem ser pensados,
todavia não podem ser objetos do conhecimento, pois somente podemos conhecer o
que é passível de ser objeto de uma experiência possível (COLLINSON, 2006, p.
159).

Segundo Hegel (1770-1831), a Filosofia faz com que a religião seja superada,
quando esta se apropria do seu conteúdo, tendo a capacidade de reconciliação do
ser humano com Deus e do finito com o Infinito, ao mesmo tempo. Importante frisar
que, para Hegel, Deus não é transcendente ao mundo. Ele tem uma visão monista,
ou seja, diviniza o mundo e a história.

Segundo Collinson (2006, p. 169) Hegel sustentava que a filosofia, a religião e


a arte constituíam meios de compreensão do Absoluto.

Enquanto pastor, a principal preocupação de Hegel eram os problemas


religiosos do cristianismo. Atacou sempre a ortodoxia, não a doutrina propriamente.
Acreditava na doutrina do Espírito Santo. Para ele, o espírito do homem, sua razão,
são uma vela do Senhor. Essa fé de base religiosa na Razão é o fundamento de
todo o trabalho de Hegel.

Sua obra “O espírito do cristianismo e seu destino, fado” mostra que os


judeus eram escravos da Lei de Moisés, vivendo uma vida sem amor em
comparação com a dos gregos antigos. Jesus ensinou algo inteiramente diferente. O
homem não deve ser escravo de comandos objetivos: a lei é feita para o homem,
porém, fica acima da tensão da experiência moral entre a razão e a inclinação
porque a lei é para ser cumprida com amor a Deus (COBRA, 2008).

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O Reino, no entanto, não pode realizar-se neste mundo: o homem não é


somente espírito, mas também carne. Igreja e Estado, adoração e vida, piedade e
virtude, ação espiritual e mundana nunca podem se dissolver em uma coisa só. É a
partir desse pensamento religioso que começa a aparecer sua ideia de uma síntese
de pólos opostos, no amor, - um pré-figuramento do espírito como a unidade na qual
as contradições, tais como infinito e o finito, são abraçadas e sintetizadas. As
contradições do pensamento no nível científico são inevitáveis, mas o pensamento
como uma atividade do espírito ou "razão" pode elevar-se acima delas para uma
síntese na qual as contradições são resolvidas. Este pensamento, escrito em textos
religiosos, está nos manuscritos de Hegel do final de sua estada em Frankfurt
(COBRA, 2008).

Ainda de acordo com os estudos de Cobra acerca do pensamento de Hegel,


há pressuposições de que a história da humanidade é um processo através do qual
a humanidade tem feito progresso espiritual e moral e avançado seu auto-
conhecimento. A história tem um propósito e cabe ao filósofo descobrir qual é.
Alguns historiadores encontraram sua chave na operação das leis naturais de vários
tipos. A atitude de Hegel, no entanto, apoiou-se na fé de que a história é a
representação do propósito de Deus e que o homem tinha agora avançado longe
bastante para descobrir o que esse propósito era: ele é a gradual realização da
liberdade humana.

Em muitos pontos o pensamento de Hegel serviu aos fundamentos do


marxismo, e um deles é sua concepção de que os Estados têm que ser encontrados
por força e violência, pois não há outro caminho para fazer o homem curvar-se à Lei
antes dele ter avançado mentalmente tão longe suficiente para aceitar a
racionalidade da vida ordenada. Alguns homens aceitarão as leis e se tornarão
livres, enquanto outros permanecerão escravos. No mundo moderno o homem
passou a crer que todos os homens, como espíritos, são livres em essência, e sua
tarefa é, assim, criar instituições sob as quais eles serão livres de fato (COBRA,
2008).

Henri Bergson (1859-1941) acreditava que o homem fosse capaz de superar


o domínio da inteligência e de guardar o impulso criador, superando o nível estático

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da moral e da religião até transcender plenamente o élan vital, o impulso vital, que,
definitivamente, é de Deus, se não é o próprio Deus.

De acordo com Bochenski (2008) Bergson faz uma divisão: há uma religião
estática e uma religião dinâmica. A religião estática consiste numa reação defensiva
da natureza contra os efeitos da atividade da inteligência, que ameaçam oprimir o
indivíduo ou dissolver a sociedade. A religião estática prende o homem à vida e o
indivíduo à sociedade mediante fábulas que se assemelham a canções de berço. A
religião é obra da “função fabuladora” da inteligência. A inteligência, em sentido
estrito, ameaça desfazer a coesão social, e a natureza não pode opor-lhe o instinto,
cujo lugar foi precisamente substituído no homem pela inteligência. Mas a natureza
ajuda-se mediante a produção da função fabuladora. Se o homem sabe, pela
inteligência, que tem de morrer, coisa que o animal não sabe, e se a inteligência lhe
ensina que entre a tentativa e o êxito desejado existe o espaço desanimador do
insondável, a natureza volta a ajudá-lo a suportar este conhecimento amargo,
fabricando, graças a sua função fabuladora, deuses. O papel da função fabuladora
nas sociedades humanas corresponde ao do instinto nas sociedades animais.

A religião dinâmica, o misticismo, é algo inteiramente diferente. Resulta de um


retorno na direção donde procede o élan vital, e nasce da pressentida captação do
inacessível a que a vida aspira. Este misticismo é próprio somente de homens
extraordinários. Não se manifestou ainda entre os velhos gregos, como nem em
forma perfeita na Índia, onde não deixou de ser puramente especulativo. Contudo
surgiu entre os grandes místicos cristãos, que possuíam uma saúde espiritual que
se pode qualificar de perfeita. A religião cristã aparece como a cristalização deste
misticismo, mas, por outro lado, constitui o seu fundamento, porque os místicos são
todos imitadores originais, embora imperfeitos, daquele que nos deixou o Sermão da
Montanha (BOCHENSKI, 2008).

A experiência dos místicos permite-nos defender não só a probabilidade das


concepções relativas à origem do élan vital, como também a afirmação da existência
de Deus, que não se pode provar com argumentos lógicos. Os místicos ensinam
também que deus é o amor, e nada impede que os filósofos desenvolvam a ideia,

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sugerida por eles, de o mundo não ser mais do que um aspecto palpável deste amor
e da necessidade divina de amor (BOCHENSKI, 2008).

Bertrand Russell (1872-1970) exerceu grande influência no desenvolvimento


da filosofia do século XX. Embora tenha se voltado para vários tópicos dentro da
Filosofia, suas maiores contribuições acontecem no campo da lógica matemática e
da filosofia da lógica.

Russell era cético no que se referia à argumentação relacionada com a


existência de Deus, dizendo que não observava nenhuma razão para acreditar numa
deidade, o que podemos encontrar no seu livro “Porque não sou cristão” onde critica
e examina os argumentos sobre a existência de Deus. Igual criticidade encontramos
a respeito da prática e da teologia cristã (COLLINSON, 2006, p. 235).

Como expoente do Existencialismo Ateísta, encontramos Jean-Paul Sartre


(1905-1980). Segundo Sartre, o homem está abandonado; Deus não existe e, para
Sartre, a não-existência de Deus tem implicações extremadas. Aliás, alguns dos
problemas principais que se levantam do abandono parecem também levantar-se
meramente do fato de nós não podermos saber se Deus existe. Se Deus realmente
existe, nós “não estamos abandonados”. O problema do abandono levanta-se
meramente do fato de nós não podermos saber se Deus existe. Sua existência em
tais condições equivale, para Sartre, em uma não-existência efetiva, que tem
implicações drásticas. Primeiro, porque não há Deus, não há nenhum criador do
homem e nem tal coisa como um concepção divina do homem de acordo com a qual
o homem foi criado. Segundo, diz ele, louvando-se em Dostoiévski (na fala de Ivan
Karamazov, na famosa novela daquele escritor russo): Se Deus não existe, então
tudo é permitido. Terceiro, “Não há um sentido ou propósito último inerente à vida
humana; a vida é absurda” (COBRA, 2008).

Isto significa que o indivíduo, foi jogado de fato na existência sem nenhuma
razão real para ser. “Simplesmente descobrimos que existimos e temos então de
decidir o que fazer de nós mesmos.” (COBRA, 2008).

Resta como o único valor para o existencialismo ateu, a liberdade. Afirma que
não pode haver uma justificativa objetiva para qualquer outro valor.

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Porque não há nenhum Deus, não há nenhum padrão objetivo dos valores.
Com o desaparecimento dele desaparece também toda possibilidade de encontrar
valores. Não pode, então, haver qualquer bem a priori porque se nós não sabemos
se Deus existe, então nós não sabemos se há alguma razão final porque as coisas
acontecem da maneira que acontecem; não há nenhuma razão final porque
qualquer coisa tenha acontecido ou porque as coisas são da maneira que elas são e
não de alguma outra maneira e nós não sabemos se aqueles valores que
acreditamos que estão baseados em Deus têm realmente validade objetiva.
Consequentemente, porque um mundo sem Deus não tem valores objetivos, nós
devemos estabelecer ou inventar, a partir da liberdade, nossos próprios valores
particulares. Na verdade, mesmo se nós soubéssemos que Deus existe e
aceitássemos que os valores devessem basear-se em Deus, nós ainda poderíamos
não saber que valores estariam baseados em Deus, nós poderíamos ainda assim
não saber quais seriam os critérios e os padrões absolutos do certo e do errado. E
mesmo se nós sabemos quais são os padrões do certo e do errado (critérios),
exatamente o que significam ainda seria matéria da interpretação subjetiva. E assim
o dilema humano que resultaria poderia ser muitíssimo o mesmo como se não
houvesse Deus (COBRA, 2008).

Em Alvin Plantinga (1932- ), filósofo americano da modernidade, encontramos


trabalhos que giram em torno da epistemologia da religião cristã. Ele apresenta uma
crítica detalhada do fundacionalismo4 clássico, das diversas formas de coerentismo
e de confiabilismo, e fornece uma defesa impressionante da racionalidade do teísmo
cristão, incluindo não somente a crença em Deus como também as doutrinas
clássicas do cristianismo. Além disso, apresenta uma refutação importante do
naturalismo filosófico, procurando mostrar que a crença no Darwinismo pressupõe
uma confiança epistemológica coerente com a visão teísta do homem e dos
processos cognitivos (embora o Darwinismo seja considerado contrário ao teísmo),
mas incoerente com as suas pressuposições naturalistas. Isso o projetou como o
principal filósofo cristão evangélico no mundo contemporâneo.

4
O fundacionalismo baseia-se na observação de que boa parte das crenças que alguém sustenta
baseia-se em outras crenças, ou seja, funda-se nelas, mas isso não pode ser verdade para todas as
crenças; pelo menos algumas delas são aceitas sem base em outras (PLANTINGA, 1992 apud
CARVALHO, 2006).

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Segundo Carvalho (2006) Plantinga inspirou-se, para a construção de sua


proposta, em elementos teológicos oriundos da tradição calvinista –
especificamente, na concepção reformada do sensus divinitatis (ou “senso da
divindade”) e de seu significado epistemológico.

Citando o teólogo reformador holandês Herman Bavinck, Plantinga (1983)


distingue cinco pontos a respeito da crença em Deus: (1) o crente típico não crê em
Deus com base em argumentos; (2) argumentos não são sempre necessários para a
justificação racional; (3) os argumentos da teologia natural não funcionam; (4) na
Bíblia a existência de Deus é simplesmente pressuposta, sem argumentação; (5)
“Bavinck aponta que a crença em Deus faz lembrar, de modo relevante, a crença na
existência do eu e do mundo externo” (CARVALHO, 2006, p. 64-65).

Já Nicholas Paul Wolterstorff (1932 - ), também nascido no EUA, é um dos


principais filósofos analíticos da religião na atualidade. Na epistemologia, é,
juntamente com Plantinga, Alston e Mavrodes, fundador do assim chamado
movimento da “Epistemologia Reformada” (reformed epistemology), que sustenta
uma compreensão externalista do processo de constituição do conhecimento, e
defende que a crença em Deus é uma crença básica, de modo que é racional
mesmo que o fiel não possa apresentar uma justificação no sentido “fundacionalista”
do termo (CARVALHO, 2006).

Na linha do pensamento filosófico moderno, ainda encontramos Roy A.


Clouser, um dos maiores divulgadores da filosofia reformacional com o livro (“O Mito
da Neutralidade Religiosa: Um Ensaio sobre o Papel Oculto da Crença Religiosa nas
Teorias"), lançado em 1991 pela University of Notre Dame Press.

Nesse livro, Couser argumenta que toda teoria científica ou filosófica


pressupõe algo como sendo divino, no sentido de ser a realidade absoluta e não
dependente. Nesse sentido, todo pensamento teórico seria “religiosamente
regulado”. A crença em certa divindade regula internamente as teorias, de modo que
a compreensão das entidades postuladas pela teoria é determinada pela natureza
da “divindade” pressuposta. Clouser argumenta ainda que essa regulação não se
deve a uma mera influência histórica ou social, mas é parte necessária e integrante
do próprio ato de teorização, sendo portanto “universal e inevitável”. Clouser

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apresenta o estudo de alguns casos em matemática, física e psicologia para ilustrar


seu ponto, e apresenta uma proposta alternativa: essa regulação produziria um
resultado bastante diferente, se a crença religiosa controladora do processo teórico
fosse a crença em Deus (CARVALHO, 2006).

Embora não sejam ligados diretamente à filosofia da religião, não podemos


deixar de mencionar o famoso Círculo de Viena que reuniu informalmente na
Áustria, entre 1922 e 1936, filósofos do porte de Moritz Schlick, Rudolf Carnap, Otto
Neurath, Herbert Feigl, Philipp Frank, Friedrich Waissman, Hans Hahn, os quais
ficaram conhecidos pelo “Positivismo lógico”5.

A filosofia religiosa chinesa – existe?

No Oriente encontramos o “Tao Te Ching” ou Dao de Jing, traduzido no


Ocidente como “O Livro do Caminho e da sua Virtude”, um dos antigos escritos
chineses mais conhecidos e importantes, escrito segundo as tradições, em cerca de
600 a.C. por Lao Tzi (velho mestre em chinês) como um livro de provérbios
relacionados com o Tao (algo que só pode ser aprendido por intuição) e que acabou
servindo como obra inspiradora para diversas religiões e filosofias, em especial o
Taoísmo chinês e o Budismo japonês (CAPRA, 1999).

O livro das Mutações, conhecido como I Ching introduziu os princípios


fundamentais da filosofia chinesa, sendo que os conceitos de união com a natureza,
os opostos (yin/yang) do taoísmo são elementos capitais na filosofia chinesa,
caracterizada pela ênfase à benevolência, justiça, retidão e respeito à autoridade.

No Ocidente o Tao pode significar uma escola de pensamento filosófico


chinês ou um movimento religioso chinês ou ainda manifestações religiosas de
caráter popular.

5
Posição filosófica geral, também denominada empirismo lógico, baseada no pensamento empírico
tradicional e no desenvolvimento da lógica moderna. Restringiu o conhecimento à ciência e utilizou o
verificacionismo para rejeitar a Metafísica não como falsa, mas como destituída de significado.

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Existem milhares de interpretações diferentes ao sentido do Tao Te Ching


que passa longe do conceito de Deus, sendo baseado em um princípio inimaginável,
eterno e absoluto, que não pode ser compreendido e ainda diz que, por não poder
manipulá-lo, os seres devem viver uma vida simples, sem grandes questionamentos
morais ou filosóficos (CAPRA, 1999).

Uma filosofia deste tipo, logicamente quebra todos os conceitos e tentativas


do homem controlar seu destino e demonstra que toda tentativa de se criar uma
religião, uma sociedade política ou moral acaba sempre sendo infrutífera.

Resumidamente Chauí (2003, p. 20) infere que o pensamento chinês toma


duas características (masculino e feminino) existentes em alguns seres (os animais
e os humanos) e considera que o Universo inteiro é feito da oposição entre
qualidades atribuídas a dois sexos diferentes, de sorte que o mundo é organizado
pelo princípio da sexualidade animal ou humana.

São diferenças desse tipo, além de muitas outras, que nos levam a dizer que
existe uma sabedoria chinesa, uma sabedoria hindu, uma sabedoria dos índios, mas
não há filosofia chinesa, filosofia hindu ou filosofia indígena, muito menos uma
filosofia religiosa.

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UNIDADE 4: SOCIOLOGIA

Conceitos, fundamentos e importância

As transformações econômicas, políticas e culturais que eclodiram no século


XVII, principalmente devido às revoluções industrial e francesa, contribuíram para o
surgimento da Sociologia, além, evidentemente, da ascensão do sistema capitalista
(rápida industrialização e urbanização que elevaram o quadro de prostituição,
alcoolismo, criminalidade e violência em geral) (MARTINS,1994).

Segundo Martins, a visível divisão entre a classe operária e os donos dos


instrumentos de trabalho também foram motivos que contribuíram para o
desenvolvimento da Sociologia porque à medida que foram surgindo “problemas”
entre as classes sociais, notou-se a importância em se reformar ou modificar a então
presente sociedade.

A Sociologia não tem como objetivo descrever normas, mas sim, explicar o
comportamento humano. Desse modo, o compromisso de um sociólogo como
qualquer outro cientista não é construir ou manter um objeto de estudo próprio, mas
com a verdade.

Para Martins (1994) ela é o resultado de uma tentativa de compreensão de


situações sociais radicalmente novas, criadas pela sociedade capitalista e que se
acentuaram após a segunda guerra mundial. Mas, desde o início, foi além de uma
reflexão sobre a sociedade moderna.

Em relação aos fenômenos religiosos, a sociologia enquanto ciência social


que é, tem o dever de estudá-los cientificamente, sem preconceitos, explicando
tanto eles quanto as relações com a sociedade de maneira empírica, ou seja, do
ponto de vista científico, não priorizando, por exemplo, teorias ideológicas de
secularização. Isto porque, as sociedades, as culturas e os tempos são diversos e
os diversos grupos sociais bem como seus indivíduos inserem-se de maneira
diversa.

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Segundo Oliveira (2008) a sociologia da religião, da mesma forma que a


sociologia do direito, estuda os comportamentos humanos que, de acordo com o
ponto de vista “normativo” em sentido kelseniano, isto é, de acordo com o ponto de
vista jurídico ou religioso, são comportamentos jurídicos ou religiosos. A sociologia,
enquanto tem a ação humana como objeto de estudo, não é capaz de apreender o
sentido objetivo dos fenômenos sociais, e não existe qualquer outro sentido, senão o
insondável sentido subjetivo que, quando expresso, se torna objetivo.

Ao falarmos de sociologia da religião, principalmente em tempos de mudança,


de globalização, se considerarmos que estamos vivendo a transição da
modernidade para a pós-modernidade é preciso entrar, mesmo que brevemente, nas
questões de secularização6 ou dessecularização da religião.Na realidade a questão
gira em torno de teorias que discutem o declínio ou não da religião.

Para Tait (2008), a secularização é um conceito surgido na própria Igreja para


designar coisas que são deste mundo, não pertencem ao mundo milenar ou
sagrado. As ciências humanas acabaram se apropriando do termo para designar um
processo de dessacralização que acontece na modernidade. De maneira geral a
secularização acontece em três níveis: institucional, cognitivo e comportamental. No
nível institucional ocorre a transferência do poder das instituições que têm alguma
referência religiosa para as instituições que operam segundo outros critérios como
os racionais e pragmáticos. O poder passa das instituições religiosas para as
instituições laicas. No âmbito cognitivo, as pessoas deixam de explicar o mundo
através da religião e passam a explicá-lo, fundamentalmente, pela razão e pela
ciência. E, finalmente, em termos comportamentais ocorre a privatização da própria
experiência religiosa. A religião não é mais institucionalizada de forma tradicional, se
desloca para a esfera do indivíduo, já que o sujeito passa a ter uma autonomia
religiosa.

6
Entendido como um processo pelo qual a religião deixa de ser o aspecto cultural agregador,
transferindo para uma das outras atividades desta mesma sociedade este fator coercitivo e
identificador. Ela faz com que tal sociedade já não esteja mais determinada pela religião.
Em outras palavras, trata-se da temporalidade deste mundo, a dimensão mundana da vida humana,
associada à dimensão do pecado. Compreende-se assim, que a expressão “retornar ao século”
significa retornar ao mundo profano, identificando-se desta forma, com a laicização (DAMÁSIO,
2005).

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Na Europa, as mudanças ocorridas nos séculos XVII e XVIII, no sentido


epistemológico, filosófico, político e social, levaram a religião a se tornar um objeto a
ser pensado, podendo ser representada como uma realidade positiva, relativa,
histórica, como uma construção institucional ligada a um conjunto doutrinal abstrato,
controlando as práticas, impondo normas (DAMÁSIO, 2005).

Esse processo desenrolou-se lentamente, com elementos que influenciaram


desde o século XIV, relativizando valores que caracterizam nosso universo racional
e intelectual no qual as religiões – na Europa, sobretudo o cristianismo – foram
perdendo sua credibilidade (DAMÁSIO, 2005).

Segundo o sociólogo D. Hervieu-Léger, a secularização é o impacto da


modernidade – em diferentes níveis: econômico, social, político, intelectual,
simbólico, etc. – sobre a religião ou mais exatamente, sobre a configuração
tradicional das relações entre a religião e a sociedade (DAMÁSIO, 2005).

Ela envia, primeiramente, a um fenômeno jurídico-político: a separação das


Igrejas e do Estado. Com todas as transformações, o Estado moderno, temendo
perder a soberania, não tolera o domínio da instância religiosa, mas quer estreitar
juridicamente, suas relações com ela, a fim de proteger sua independência. A
secularização designa igualmente, a localização da religião fora da esfera pública, e
seu limite ao domínio privado. Enfim, ela remete a um processo de laicização pelo
qual as diversas instituições sociais conquistam sua autonomia dotando-se de
ideologias, referências e regras próprias.

Não importa em que domínio, a religião entra em concorrência com uma nova
visão do lugar do homem num mundo a conquistar e a organizar. Como a Igreja, que
era a peça mestra do dispositivo de socialização e do controle social das sociedades
do passado, perde essa função, aí, o conceito de secularização pode,
extensivamente, designar a perda de influência da religião na sociedade (DAMÁSIO,
2005).

Com isso, foram-se criando movimentos religiosos, que se desvinculavam,


total ou parcialmente, dos grandes sistemas religiosos tradicionais. Pois, houve uma
liberação formal de profissões da fé. Juntamente com o enfraquecimento da
religiosidade clássica veio o retorno ao sagrado, por essas novas correntes que ao

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invés de contradizer o movimento geral de secularização das sociedades vêm atuar


como seu prolongamento: exprime ao mesmo tempo um protesto contra a incerteza
devida à crise da mudança, e um tipo de religiosidade compatível com a nova
sociedade (DAMÁSIO, 2005).

Para Tavares (2002) o que acontece na realidade é que o homem moderno e


urbano, quer seja ele de uma sociedade avançada ou periférica vem realizando
novos experimentos em busca do seu Deus, de uma forma muito mais complexa do
que simplesmente converter-se a uma religião específica.

Novamente observamos o papel do sociólogo que vem pesquisar e analisar


esse movimento de modernidade religiosa o qual encerra no seu bojo, rupturas e
rearranjos dos modelos da sociedade vigente.

Na sequência, ao abordarmos o pensamento de alguns dos sociólogos que


direcionaram parte de sua obra para a sociologia da religião, quando teremos
oportunidade de observar mais detalhes sobre essa questão da secularização.

Auguste Comte e sua religião positivista

Nos estudos de Auguste Comte (1798-1857), encontramos três temas


básicos, sendo o primeiro, uma filosofia de história com o objetivo de mostrar as
razões pelas quais uma certa maneira de pensar deve imperar entre os homens (sua
filosofia positiva); segundo, uma fundamentação e classificação das ciências
baseadas na sua filosofia positiva e terceiro, uma sociologia que determinando a
estrutura e os processos de modificação da sociedade permitiria a reforma prática
das instituições. E nesse terceiro tema é que se acrescenta a forma religiosa
assumida pelo seu plano de renovação social (COMTE, COLEÇÃO OS
PENSADORES, 1983).

A Revolução Francesa destruiu as instituições sociais levando à necessidade


de uma reorganização de toda a sociedade. Segundo Comte, essa destruição era
necessária porque as antigas instituições sociais e políticas eram ainda teológicas,

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não correspondendo, portanto, ao estado de desenvolvimento das ciências da


época.

Com relação ao principal problema social de sua época – o crescimento do


proletariado industrial –, a posição de Comte não foi uma posição revolucionária
como a de Marx (1818 – 1883). Comte considerava que todas as medidas sociais
deveriam ser julgadas em termos de seus efeitos sobre a classe mais numerosa e
mais pobre. Para ele, os capitalistas deveriam ser moralizados e não eliminados: a
propriedade privada deveria ser mantida. A bem da verdade, Comte foi um
conservador e manteve seus elogios à ordem católica e feudal da Idade Média.
Dentro de uma linha de revalorização do catolicismo, típica de sua época, atacou o
protestantismo, considerando-o uma religião negativa e anárquica intelectualmente
(COMTE, COLEÇÃO OS PENSADORES, 1983).

Segundo Aron (2000) Auguste Comte é filosofo, enquanto sociólogo, e


sociólogo, enquanto filósofo. Ele quer convencer que as guerras são anacrônicas, e
as conquistas coloniais, absurdas, tendo como tarefa fazer com que todos se tornem
positivistas; mostrar a todos que a organização positivista é racional para a ordem
temporal, ensinar-lhes o altruísmo e o amor na ordem espiritual ou moral. O
sociólogo é uma espécie de profeta pacífico, que instrui os espíritos, congrega as
almas e, secundariamente, atua como grande sacerdote da religião sociológica.

Comte é o fundador de uma religião, e assim se considerava. Acreditava que


a religião da nossa época pode e deve ter inspiração positivista. Não pode ser mais
a religião do passado, que implica um modo de pensar ultrapassado. O homem de
espírito científico não pode crer na revelação, no catecismo da igreja, ou na
divindade, de acordo com a concepção tradicional.

A religião que puder atender as necessidades constantes da humanidade,


que busque o amor e a unidade, será a religião da humanidade. O Grande Ser que
Comte nos convida a amar é o que os homens tiveram ou fizeram de melhor, aquilo
que nos homens ultrapassa os homens, ou pelo menos o que a humanidade
essencial realizou (ARON, 2000).

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Karl Marx - a religião vai desaparecer!

Estudos de Martelli (1995) nos mostram que Karl Marx (1818-1883) e


Friedrich Engels, iniciaram a corrente da teoria do conflito (materialismo dialético),
afirmando com veemência que a religião desapareceria, junto com a alienação na
sociedade socialista. Mas os acontecimentos do leste europeu (mais precisamente
década de 90 do século XX) nos deixam claro que a certeza de ambos foi por terra.

Observamos constantemente nos escritos de Marx, a superação da religião


numa utopia de uma sociedade liberta do mal, da propriedade privada e da divisão
de classes sociais que se inspirava na concepção gnóstica, aquela que traz a
salvação baseada no conhecimento e na prática revolucionária, elevando o
marxismo ao patamar de religião secular.

Como Comte, Marx coloca a religião em contraposição às demais religiões,


principalmente ao Cristianismo, muito por eles acreditarem (em particular Marx e
Engels) que o Cristianismo se comportava como um sustentáculo para as classes
dominantes (MARTELLI, 1995).

Numa atitude extremamente radical, Lênin, citado por Martelli (1995, p. 48)
compara a religião católica a “uma espécie de ‘cachaça espiritual’, na qual os
‘escravos do capital’ anulam a própria dignidade.”

Ainda sobre o pensamento de Marx nunca é demais frisar que a religião é um


elemento de grande importância (embora a maioria das pessoas pense no marxismo
como uma total falta de religião), pois ela é ideologia (consciência invertida da
realidade), é uma espécie de “teoria geral de explicação do mundo”, e sua
funcionalidade para a sociedade está em justificar a realidade de opressão. Marx
(1989) afirma que o homem cria a religião e não o inverso e a partir do momento em
que a religião fosse superada, questões como a busca de um sentido para a vida e
para a história perderiam a razão de ser (OLIVEIRA, 1995).

Nos tempos atuais podemos inferir que a religião parece ter perdido muito do
seu caráter aglutinador e moralizador da sociedade, transformando-se, segundo
Pierucci (2000) em uma atitude pragmática (OLIVEIRA, 1995).

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Entretanto, contrapondo-se às visões que apontam para a perda de valores


éticos e morais das religiões na atualidade, existe uma corrente de pensamento na
Sociologia da Religião que defende o retorno do sagrado, afirmando que a
emergência do pluralismo religioso representa um processo de ressacralização,
dessecularização ou mesmo reencantamento do mundo, negando o suposto declínio
e afirmando, com base no surgimento de novos movimentos religiosos, a
importância da religião no mundo atual (OLIVEIRA, 1995).

Émile Durkheim, entre o sagrado e o profano e as formas


elementares da vida religiosa

Segundo Rodrigues (2008) citando Thomas Ó Dea (1969) Durkheim (1858-


1917) é um autor que estudou a religião em sociedades pequenas, considerando a
religião como uma “coisa social”, preocupando-se basicamente com as diferenças
entre o sagrado e o profano.

No livro “As regras do método sociológico” Durkheim é bem explícito ao


afirmar que: “o sagrado e o profano foram sempre e por toda a parte, concebidos
pelo espírito humano como gêneros separados, como dois mundos entre os quais
nada há em comum (…) uma vez que a noção de sagrado é no pensamento dos
homens, sempre e por toda a parte separada da noção do profano (…) mas o
aspecto característico do fenômeno religioso é o fato de que ele pressupõe uma
divisão e bipartida do universo conhecido e conhecível em dois gêneros que
compreendem tudo o que existe, mas que se excluem radicalmente. As coisas
sagradas são aquelas que os interditos protegem e isolam; as coisas profanas,
aquelas às quais esses interditos se aplicam e que devem permanecer à distancia
das primeiras.” (DURKHEIM, COLEÇÃO OS PENSADORES, 1983).

É possível constatar que a participação na ordem sagrada, como o caso dos


rituais ou cerimônias, dão um prestígio social especial, ilustrando uma das funções
sociais da religião, que pode ser definida como um sistema unificado de crenças e
de práticas relativas às coisas sagradas. Estas unificam o povo numa comunidade

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moral (igreja), um compartilhar coletivo de crenças, que por sua vez, é essencial ao
desenvolvimento da religião. Dessa forma, o ritual pode ser considerado um
mecanismo para reforçar a integração social. Durkheim conclui que a função
substancial da religião é a criação, o reforço e manutenção da solidariedade social.
Enquanto persistir a sociedade, persistirá a religião (TIMASHEFF, 1971 apud
RODRIGUES, 2008).

Em outras palavras, no pensamento durkheimiano a religião é definida


enquanto um sistema de crenças e práticas em relação ao sagrado, que unem em
uma mesma comunidade moral todos os que a ela aderem (Formas Elementares da
Vida Religiosa, 1983, p. 79). Assim, não há como negar que a religião funciona
como um forte aspecto moral. E como para Durkheim só pode haver moral se a
sociedade possuir um valor superior a de seus membros, um ato só será moral se
tiver por objeto algo que não o seu autor. Essa realidade superior só pode ser, na
visão de Durkheim, Deus ou a sociedade, o que para ele são a mesma coisa, pois a
religião não passa de adoração da sociedade transfigurada. A religião tem, portanto,
a função de agregar os indivíduos à sociedade, servindo enquanto um instrumento
de controle social, de manutenção da ordem (OLIVEIRA, 1995).

Na realidade, segundo Aron (2000) “As formas elementares da vida religiosa”


representa a solução dada por Durkheim à antítese entre ciência e religião.
Descobrindo a realidade profunda de todas as religiões, a ciência não recria uma
religião, mas dá confiança na capacidade que têm as sociedades de produzir em
cada época os deuses de que necessitam.

Enfim, o objetivo da teoria da religião de Durkheim é fundamentar a realidade


do objeto da fé, sem admitir o conteúdo intelectual das religiões tradicionais,
condenadas pelo desenvolvimento do racionalismo cientifico; este permite salvar o
que parece destruir, demonstrando que os homens nunca adoraram senão sua
própria sociedade (ARON, 2000).

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Max Weber – a ética protestante e o espírito do capitalismo

Max Weber (1864-1920) foi o maior sociólogo alemão do seu tempo e de


extrema importância para compreendermos o pensamento sociológico mundial.
Seus estudos sempre partiram de uma realidade concreta que servisse de base à
teoria sociológica.

De acordo com Schilling (2008) Weber foi um dos primeiros cientistas sociais
importantes a levar em conta a importância da religião ou da mentalidade religiosa
na configuração da economia política. Tinha como objetivo refutar a tese de Karl
Marx, segundo a qual o capitalismo nascera somente da exploração do homem pelo
homem.

Para Weber, o moderno sistema econômico teria sido impulsionado por uma
mudança comportamental provocada pela Reforma Luterana do século XVI, ocasião
quando dela emergiu a seita dos calvinistas com seu forte senso de predestinação e
vocação para o trabalho.

Para o sociólogo alemão devia-se, isto sim, era rastear-se o efeito do


comportamento religioso, especialmente aquele advindo da Reforma de 1517. Nele
encontrou as sementes do que denominou de o moderno “espírito do capitalismo”.
Não que Weber considerasse Lutero, Calvino, John Knox, e tantos outros líderes
reformadores, como agentes do progresso ou tolerantes para com o lucro comercial.
Muito pelo contrário. Teologicamente desejavam um retorno ao cristianismo
primitivo, à prática das catacumbas, a uma vida completamente regulada pela
religião e obediente a um monoteísmo fechado. Portanto, estavam bem longe de
celebrarem a busca do lucro, como muita gente acreditou (SCHILLING, 2008).

Concentrou seus estudos nas grandes religiões mundiais/universais,


classificadas por ele como aquelas que conseguiram reunir à sua volta multidões de
crentes e que faziam parte do gênero “religiões de salvação”.

Estudou os processos de eticização da religiosidade, quando percebeu que a


religião, para durar, para não se volatizar, procurava colocar o adepto num estado
permanente que o tornasse interiormente imune ao sofrimento, quando os virtuoses

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religiosos procuravam incutir nos seguidores um “hábito duradouro” e ai, então, a


religião se transformava em moral. Ou seja, a religião virava ética religiosa.

Estudou então, a ética confuciana, hinduísta, budista, cristã e islamita,


encaixando nesse grande grupo, o judaísmo, por entender que continha as
condições históricas preliminares decisivas para o entendimento do cristianismo e do
islamismo e pela sua significação histórica e autônoma para a evolução da moderna
ética econômica do Ocidente (WEBER, 1979, p.309).

Dentre seus escritos e análises encontramos as rejeições religiosas do mundo


e suas direções, bem como os motivos, as tipologias e as esferas econômica,
política, estética, erótica e intelectual dessas rejeições.

A diferença histórica decisiva entre as religiosidades de salvação


predominantes no mundo oriental e no ocidental consiste em que a primeira
desemboca essencialmente na contemplação e a última no ascetismo. A atitude
religiosa ascética conduz o virtuoso a submeter seus impulsos naturais ao modo
sistematizado de levar a vida, o que pode provocar uma reorientação da vida social
da comunidade num sentido ético religioso, um domínio racional do universo
(WEBER, 1979).

Weber define igreja como uma associação de dominação que se utiliza de


bens de salvação por meio da coação hierocrática exercida através de um quadro
administrativo que pretende ter o monopólio legítimo dessa coação. O processo de
racionalização que ocorre na organização da comunidade religiosa reflete-se em
suas concepções de mundo e nas razões que são apresentadas para explicar aos
fiéis porque alguns são mais afortunados do que outros. Para atender às
necessidades dos menos afortunados, mágicos e sacerdotes passam a exercer
funções mais mundanas de aconselhamento sobre a vida.

Toda necessidade de salvação é para Weber, expressão de uma indigência e


a expressão econômica ou social é uma fonte eficiente, ainda que não exclusiva, de
seu renascimento. Para deixar de ser acessível apenas aos virtuosos, a salvação e
os meios para que os indigentes a alcancem assumirão distintas formas de acordo
com o conteúdo da religião sejam eles: a redenção e absolvição, a salvação pela fé
e a predestinação.

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Para escapar à relação tensa que sempre existira entre o mundo econômico e
uma ética de fraternidade, colocam-se duas alternativas: a ética puritana de
salvação ou o misticismo.

Na tentativa de combater as interpretações economicista ou psicologizantes


das religiões e sua evolução, Weber abordou os motivos que determinam as
diferentes formas de racionalização ética da conduta da vida per se e procurou
explicações internas à própria esfera religiosa (QUINTANEIRA, BARBOSA E
OLIVEIRA, 2002).

A autonomia da instância religiosa é o pressuposto para que se considere o


desenvolvimento das doutrinas e dos sistemas de explicação religiosos a partir da
lógica de funcionamento do seu próprio campo. Não há elementos materiais ou
psicológicos que sejam determinantes desse processo: as relações entre os
diversos agentes religiosos são o fundamento principal de toda causalidade nessa
área (QUINTANEIRA, BARBOSA E OLIVEIRA, 2002).

Segundo Max Weber (1979), a noção de lucro e vontade de ganhar, já vem


de longa data, antes mesmo do surgimento do capitalismo. Porém, a ideia de lucro,
de acúmulo de riquezas, de ganho exacerbado, como é no capitalismo
contemporâneo, surgiria mais tarde com a contribuição de vários fatores de ordem
econômica, social, política e religiosa.

No início do capitalismo, fase em que foi chamado de capitalismo comercial,


pois era praticado pela burguesia, classe social extremamente ligada ao comércio da
época, a igreja católica condenava a usura e o lucro, o que não interessava aos
anseios dos capitalistas. É nesse contexto histórico que surgem diversas
concepções religiosas, que combatem algumas ideias da igreja católica, e muitas
vezes acabam adequando a religião, forte e nítido meio de mobilização das massas
populares, aos interesses do capitalismo nascente. Dentre essas correntes
religiosas, podemos citar o protestantismo como a que mais contribuiu para o
fortalecimento do capitalismo, através dos conceitos de vocação, predestinação e,
principalmente racionalização (QUINTANEIRA, BARBOSA E OLIVEIRA, 2002).

Lutero afirmava ser a vocação uma vontade divina, ou seja, a posição do


indivíduo na sociedade e sua profissão teriam sido designadas por Deus e não

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deviam ser questionados, apenas seguidos com dedicação e responsabilidade. Os


anseios e as aspirações dos indivíduos não deveriam ir além do que essa posição
pudesse oferecer. A ideia de vocação elaborada por Lutero foi aproveitada pelos
puritanos, porém, sua concepção foi alterada, os homens, agora, deveriam acatar o
mandamento de Deus para que trabalhassem na Sua vocação, e se fosse para a
honra e glória de Deus, os mesmos poderiam melhorar sua posição no quadro social
(QUINTANEIRA, BARBOSA E OLIVEIRA, 2002).

Enfim, o capitalismo encontrou nas ideias e conceitos do protestantismo, um


meio de se fortalecer, combatendo o tradicionalismo da classe trabalhadora da
época, onde a oportunidade de ganhar mais era menos atrativa do que a de
trabalhar menos, pois o homem, por natureza, não desejava ganhar cada vez mais,
mas simplesmente ganhar o necessário para viver como estava acostumado a viver.
No combate a esse estilo de vida, o protestantismo enraizou de vez a noção de que
é preciso acumular riqueza, e mais, reinvestir essa riqueza de forma racional de
modo a gerar mais riqueza, pois dessa forma, demonstrava-se competência e
gratidão a Deus, e vivia-se de forma a alcançar a benção Divina (WEBER, 1979).

Como se observa, o estudo da religiosidade é essencial para a compreensão


das distintas formas de vida social, assim como de sua evolução, sendo a
racionalização das relações sociais a mais clara tendência presente nas sociedades
ocidentais.

Na medida em que cada religião constitui uma individualidade histórica


extremamente rica e complexa, uma profecia religiosa pode ter diversos conteúdos.
De acordo com o interesse intelectual que o move, Weber enfatiza alguns de seus
aspectos, orientando-se pelas consequências práticas da religiosidade em termos
das suas possibilidades de racionalização da conduta social.

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PALAVRAS FINAIS

Acreditamos ter alcançado os objetivos inicialmente propostos para essa


apostila e indo além do entendimento da sociologia da religião, esperamos também
que vocês tenham percebido a grande importância da Filosofia e da Sociologia em
nossas vidas! Primeiro porque a Filosofia nos ensina a pensar o mundo, a vida,
enfim, todos os fatos que nos rodeiam, de uma forma analítica e questionadora;
segundo porque a Sociologia, mesmo com objeto de estudo diferenciado, mas na
mesma direção, nos ensina a pensar o grupo social e as razões que levam estes a
tomar atitudes muitas vezes consideradas irracionais e, terceiro, porque ambas nos
levam a desenvolver as habilidades para o exercício da cidadania e as
competências para entender o mundo e influenciar nas reconstruções que se fazem
necessárias ao longo da vida.

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REFERÊNCIAS

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Martins Fontes/Editora Universidade de Brasília, 2000. 557 p.

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Parecer CNE/CEB n. 38/2006, aprovado em 07 de julho de 2006.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais


para o Ensino Médio – parte IV Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf> Acesso em: mar. 2008.

CAPRA, Fritjof. O tao da física. 19 ed. São Paulo: Cultrix, 1999.

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Alvin Plantinga: uma apresentação. Revista Horizonte, Belo Horizonte, v. 4, n. 8, p.
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CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2003.

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COLLINSON, Diané. 50 grandes filósofos. Trad. Maurício Wadman e Bia Costa. 3


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