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4 2.  Almeida Garrett

Roteiro de leitura de Frei Luís de Sousa

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Ato I (Palácio de D. Manuel)

Logo no primeiro ato, sabemos que a ação se produz num espaço interior, num palácio,
numa câmara de habitação nobre, arejada e humanizada, uma divisão luminosa que constitui,
como a leitura comprova, o centro de uma vida familiar estável.
Trata-se de um espaço íntimo e familiar. Nesta sala, para além de elementos que apontam
para um certo luxo e elegância, destaca-se um objeto de considerável valor simbólico: um
quadro, com um retrato masculino, um retrato de um cavaleiro da Ordem de Malta, o dono da
casa, Manuel de Sousa Coutinho.
A descrição minuciosa deste espaço de intimidade vem contribuir também para a integra-
ção da ação num período histórico preciso, o século XVII, bem como para radicar as persona-
gens numa determinada classe social: a aristocracia.
DELGADO, Isabel Lopes, 2005. Para uma leitura de “Frei Luís de Sousa” de Almeida Garrett.
2.ª ed. Barcarena: Presença (p. 32) (1.ª ed.: 1998)

Assunto Indícios trágicos

Cena I Apresentação de D. Madalena e do estado de  A associação das vivências de


espírito atormentado em que vive. D. Madalena ao episódio trágico de
Inês de Castro de Os Lusíadas.

Cena II Longa conversa entre D. Madalena e Telmo,  A simbologia do número 7 associado
durante a qual é dado a conhecer o presente e o ao tempo – mistério e fatalismo.
passado das personagens, de forma a enquadrar  O sebastianismo de Telmo, ligado à
a ação que irá desenvolver-se a partir daqui. figura de D. João de Portugal.
Apresentam-se características de personagens
ainda ausentes, como Maria, Manuel de Sousa
Coutinho e D. João de Portugal. D. Madalena pede
a Telmo que modere a profundidade e o alcance
dos assuntos que trata com Maria, considerando
a influência que tem sobre ela e as consequências
nefastas que daí podem advir.

Cena III Diálogo entre Maria e D. Madalena sobre o  A crença sebastianista de Maria
possível regresso de D. Sebastião e apresentação (que pressupõe a vida de D. João de
das diferentes perspetivas sobre o assunto. Portugal).
 A doença de Maria (tuberculose).

Cena IV Diálogo entre D. Madalena e Maria acerca das  A imaginação prodigiosa de Maria.
preocupações de ambas.  As flores que murcham.

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Frei Luís de Sousa 5

Assunto Indícios trágicos

Cena V Anúncio, por Frei Jorge, da intenção dos  O ouvido muito apurado de Maria
governadores espanhóis de se instalarem em (sintoma da sua grave doença).
casa de Manuel de Sousa Coutinho e
consequentes reações de Maria e D. Madalena.

Cena VI Chegada de Manuel de Sousa, anunciada por  A audição sensível de Maria
Miranda. caracterizada por Frei Jorge
como um “terrível sinal”.

Cena VII Comunicação da decisão de Manuel de Sousa  O terror de D. Madalena.


Coutinho de se mudar com a família para o  A instalação (no palácio de D. João)
palácio de D. João de Portugal. “quase debaixo dos mesmos telhados”
de Frei Jorge (prenúncio da tomada
do hábito).

Cena VIII Diálogo entre Manuel e D. Madalena  A preparação da mudança para o
marcado pelas dicotomias passado/presente palácio de D. João de Portugal,
e coração/razão. símbolo do reviver dos fantasmas
do passado.

Cena IX Anúncio, por Telmo, da chegada dos governadores


espanhóis a Almada e início das movimentações
destinadas à saída de casa e mudança de palácio.

Cena X Partida das damas e verificação dos preparativos


para a mudança por Manuel.

Cena XI Monólogo de Manuel de Sousa e incêndio do  A possibilidade de morte de Manuel


palácio pelo cavaleiro. de Sousa por causa do incêndio que
ele próprio ateia e o reconhecimento
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da fragilidade da vida humana.

Cena XII Incêndio no palácio e fuga das personagens.  A destruição do retrato de Manuel de
Sousa, consumido pelas chamas.

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Ato II (Palácio de D. João de Portugal)

Para impedir que a sua casa fosse ocupada pelos governantes espanhóis [...], Manuel de
Sousa Coutinho, homem bravo, corajoso, destemido e bom português, num gesto de coragem
e patriotismo lança fogo à sua habitação.
[...] Aquele gesto de patriotismo e de heroísmo vai revelar-se de uma maldade imensa, já
que vai obrigar à mudança para um novo espaço: o Palácio de D. João de Portugal.
Há nesta mudança de espaço qualquer coisa de simbólico e claramente fatal: ao regressar
ao palácio do seu primeiro marido, D. Madalena está a dar um passo para reencontrar o pas-
sado. E é Manuel de Sousa Coutinho que a lança nesse encontro com o passado. E é Manuel de
Sousa Coutinho que, imbuído de desmedido patriotismo, acaba por acelerar o desfecho trágico.
Ao calor, afeto e luminosidade que se desprendiam do primeiro cenário, sucedem-se a
frieza e a austeridade de um salão despido, pouco confortável, escuro, sem qualquer marca de
humanização. Também aqui, um paralelo que reside nos retratos, figurações simbólicas de
Camões, D. João de Portugal e D. Sebastião [...].
O palácio de D. João de Portugal revela-se um espaço opressivo, um espaço que propicia a
partilha de inquietações interiores a Maria e a Telmo, um espaço que faz avolumar o clima
trágico que se sente pairar sobre aquela família desde o primeiro momento. Espaço de confi-
dência, não deixa de ser também um espaço de revelação e de reencontro com o passado,
contribuindo para o avolumar do “pathos”, sofrimento, que atinge o seu ponto culminante com
o reconhecimento do Romeiro.
DELGADO, Isabel Lopes, 2005. Para uma leitura de “Frei Luís de Sousa” de Almeida Garrett.
2.ª ed. Barcarena: Presença (p. 32) (1.ª ed.: 1998)

Assunto Indícios trágicos

Cena I Diálogo entre Maria e Telmo sobre a situação de  A referência aos versos de Menina e
D. Madalena, durante a última semana, a forma Moça, de Bernardim Ribeiro.
como reagiu ao incêndio e à visão do retrato de  Os presságios de D. Madalena,
D. João de Portugal, os retratos de D. Sebastião perturbada com a perda do retrato
e Camões e a situação de Manuel de Sousa, de Manuel de Sousa no incêndio
(ainda escondido, temendo represálias dos (“prognóstico fatal de uma perda maior
governadores). que está perto”) e pela presença do
retrato de D. João de Portugal.
 Os agouros de Maria (“há grande
desgraça a cair sobre meu pai…
decerto! e sobre a minha mãe
também, que é o mesmo.”)

Cena II Revelação a Maria, por Manuel de Sousa,  O estado febril de Maria;
da identidade do retrato desconhecido:  A designação de “feiticeira” atribuída
D. João de Portugal. por Manuel à filha.

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Frei Luís de Sousa 7

Assunto Indícios trágicos

Cena III Conversa entre Manuel de Sousa e Maria sobre o  A visão do palácio, por Manuel, como
palácio, a proximidade do convento e o retrato de um convento: “para frades não nos
D. João, sem qualquer constrangimento em falta senão o hábito…”.
relação ao passado de Madalena.  As referências de Manuel à morte.

Cena IV Anúncio, por Frei Jorge, do apaziguamento dos  O exemplo de Joana de Castro
governadores. Decisão de Manuel de Sousa de ir (Soror Joana), que, com o marido,
a Lisboa, ao convento do Sacramento, viagem em D. Luís de Portugal, Conde de
que Maria quer acompanhá-lo para visitar Soror Vimioso, seguiu a vida religiosa.
Joana.

Cena V Reação de terror de Madalena perante a  As alusões à “sexta-feira”.


possibilidade de ficar sem Manuel de Sousa e
Maria naquele dia.

Cena VI Preparação da ida a Lisboa e pedido de


D. Madalena a Manuel de Sousa para que Telmo
acompanhe a comitiva.

Cena VII Despedida emotiva de D. Madalena, com grande  A sugestão do carácter definitivo da
cuidado relativamente à saúde da filha. despedida de D. Madalena e Manuel:
“Vão, vão… adeus! Adeus, esposo do
meu coração!”

Cena VIII Continuação da despedida, hiperbolicamente  A referência ao caso dos Condes de
comparada por Manuel de Sousa a uma partida Vimioso, que optaram pela vida
para a Índia, com a alusão ao caso de Soror religiosa.
Joana, tragicamente comentado por Madalena.

Cena IX Monólogo de Frei Jorge em que o mesmo revela  O comentário de Frei Jorge:
a sua apreensão face ao ambiente e presságios “o coração lhes adivinha desgraça”.
envolventes.

Cena X Desabafos de Madalena a Frei Jorge sobre as  O tempo da ação: aniversário de
razões do seu desespero em relação ao dia em todas as desgraças (“Hoje é o dia da
que decorre a ação e o seu sentimento de pecado minha vida que mais tenho receado…”)
em relação ao amor por Manuel de Sousa.

Cena XI Anúncio da visita de um peregrino que vem da  O secretismo e a importância


Terra Santa com um recado para Madalena e que do recado que o Romeiro traz.
apenas a ela o dará. Decisão de D. Madalena de
receber o romeiro.

Cena XII Reflexão e comentário de Frei Jorge sobre o


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comportamento de muitos falsos peregrinos que


se aproveitam da caridade dos fiéis.

Cena XII Encontro do Romeiro com D. Madalena.  A resposta do Romeiro: “A mesma.”

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Assunto Indícios trágicos

Cena XIV Desvendamento, por meio de alusões e  Clímax da ação trágica: a revelação
referências indiretas, da identidade do Romeiro e de que D. João de Portugal está vivo.
revelação de que D. João está vivo, confirmando
todos os presságios de desgraça de D. Madalena.

Cena XV Identificação do Romeiro através da fala  Identificação de D. João de Portugal.


“Ninguém!” e do bordão apontado ao retrato de
D. João de Portugal.

Ato III (Palácio de D. João de Portugal)

Se a situação dramática do incêndio do palácio de Manuel de Sousa Coutinho originou a


mudança de espaço que ocorre do Ato I para o II, o que origina a mudança de cenário que se
verifica agora é este reconhecimento de um passado que surge num presente, a interpor-se à
realização de um futuro.
É, assim, num espaço marcadamente religioso ainda mais austero, fechado, frio e noturno
do que o anterior que nos encontramos no início do terceiro e último ato. A presença da cruz,
símbolo do sacrifício de Jesus Cristo, aponta desde o princípio para um sacrifício, neste caso o
de toda uma família e para a ideia cristã de remição [...].
Ao contrário do que fora hábito nos dois atos anteriores, no último ato assistimos ainda
mais a uma diminuição do espaço que nos é indicada pela didascália da cena X [...].
Podemos concluir que o fechamento do espaço acompanha, em Frei Luís de Sousa, o avo-
lumar da tragédia e que, à medida que esta se vai revelando, os elementos profanos vão sendo
progressivamente substituídos pelos religiosos.
DELGADO, Isabel Lopes, 2005. Para uma leitura de “Frei Luís de Sousa” de Almeida Garrett.
2.ª ed. Barcarena: Presença (pp. 34-36) (1.ª ed.: 1998)

Assunto Indícios trágicos

Cena I Diálogo entre Frei Jorge e Manuel, em que este  A preocupação de Manuel com a
assume a desgraça que se abateu sobre a sua sobrevivência de Maria: “a filha do
família, a sua preocupação com a situação de meu pecado… não vive, não resiste,
Maria, que chegou doente de Lisboa e, ao ver o não sobrevive a esta afronta.”
estado da mãe, piorou ainda, e a sua decisão de
receber o hábito, juntamente com D. Madalena,
morrendo, desta forma, para o mundo e
recebendo o castigo do seu pecado.

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Assunto Indícios trágicos

Cenas Chegada de Telmo com notícias sobre o estado


II e III de saúde de Maria.

Cena IV Monólogo de Telmo, no qual se revela dividido  As dúvidas de Telmo sobre a
entre o passado e o presente. A fidelidade a seu capacidade de resistência de Maria:
velho senhor, troca-a pelo amor que tem por “Se ela me viverá, se escapará desta
Maria, que vê perder-se com a notícia da vida crise terrível?”
de D. João de Portugal.

Cena V Encontro entre Telmo e D. João, durante o qual


o velho escudeiro denuncia a sua divisão interior
e a opção pelo amor por Maria em detrimento da
lealdade a D. João. Sugestão do Romeiro de que
Telmo associe a história do peregrino a um
embuste criado pelos inimigos de Manuel de
Sousa, numa tentativa de corrigir a desgraça
causada pelo seu regresso.

Cena VI Ilusão de D. João ao ouvir a voz de D. Madalena,


à porta, chamando pelo marido. Desfeito o
encantamento, sai de cena, mantendo a resolução
que tinha assumido com Telmo.

Cenas Encontro entre D. Madalena e Manuel, no qual


VII e VIII se revelam as dúvidas em relação às palavras
do Romeiro, por parte da esposa, e a atitude
determinada do marido, motivada pelo
conhecimento da verdadeira identidade do
Romeiro. Revelação de Telmo a Frei Jorge da
solução proposta por D. João, que o irmão de
Manuel rejeita perentoriamente.

Cena IX Resignação (revoltada) de D. Madalena à decisão  Referência a Maria como elemento


assumida por Manuel de Sousa. sacrificial: “Tomai, Senhor, tomai
tudo… A minha filha também?...
também essa vos dou, meu Deus.”

Cena X Início da cerimónia de tomada de hábito de


Manuel de Sousa e de D. Madalena.

Cena XI Entrada de Maria na igreja, “em estado de


completa alienação”, e interrupção da cerimónia
com um longo discurso de revolta e indignação.

Cena XII Morte de Maria, após ouvir as palavras de D. João,  Consumação da catástrofe, com a
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que incita Telmo a pôr em prática o seu plano de morte física e espiritual das
reversão da tragédia. “Morte para o mundo” de personagens.
Manuel e de D. Madalena, com a aceitação do
escapulário e a assunção da vida religiosa.

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