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Guias de Onda:
Fibras Ópticas
Prof. Lucas Heitzmann Gabrielli
Geometria
núcleo
2𝑎 casca
Perfis de índices
Monomodo degrau (125 µm) Multimodo degrau (140 µm) Multimodo gradual (125 µm)
≈ 8 µm
≈ 100 µm ≈ 50 µm
𝑛 𝑛 𝑛
𝑛1
𝑛1 𝑛1
𝑛2 𝑛2 𝑛2
𝑟 𝑟 𝑟
√
𝑛2 = 𝑛1 (1 − Δ) 𝑛2 = 𝑛1 (1 − Δ) 𝑛2 = 𝑛1 1 − 2Δ
𝑛1 ≈ 1,46 Δ ≈ 0,005 𝑛1 ≈ 1,47 Δ ≈ 0,01 𝑛1 ≈ 1,47 Δ ≈ 0,01
• Baixa distorção
Monomodo
• Transmissão por longas distâncias
• Fibras plásticas
Custo
𝑛2
𝑛0
𝜋
− 𝜃𝑡 𝑛1
𝜃𝑖 𝜃𝑡 2
𝑛2
𝜋 𝑛 𝜋 𝑛
− 𝜃𝑡 ≥ 𝜃crit = arcsin 2 ⇔ sin − 𝜃𝑡 = cos 𝜃𝑡 ≥ 2 ⇔
2 𝑛1 2 𝑛1
Calculamos os modos completos do guia circular dielétrico (com perfil degrau) utilizando os
mesmos métodos que para os guias já estudados. Escolhemos soluções para as componentes
longitudinais da forma:
⎧ cos(𝑚𝜑) ⎧ sin(𝑚𝜑)
𝐸1 J𝑚 (𝑘𝑡1 𝑟)sin(𝑚𝜑) , 𝑟 ≤ 𝑎
𝐻1 J𝑚 (𝑘𝑡1 𝑟)cos(𝑚𝜑),
𝑟≤𝑎
𝐸𝑧 = ⎨ 𝐻𝑧 = ⎨
cos(𝑚𝜑) sin(𝑚𝜑)
𝐸2 K𝑚 (𝛼𝑡1 𝑟)sin(𝑚𝜑) , 𝑟 ≥ 𝑎 𝐻2 K𝑚 (𝛼𝑡2 𝑟)cos(𝑚𝜑), 𝑟≥𝑎
⎩ ⎩
∇ × ∇ × 𝐄 = 𝜔 2 𝜇𝜀𝐄 ⇔
⇔ ∇(∇ ⋅ 𝐄) − ∇2 𝐄 = 𝜔 2 𝜇𝜀𝐄 ⇔
∇𝜀
⇔ ∇2 𝐄 + 𝜔 2 𝜇𝜀𝐄 = ∇ ⋅ 𝐄
𝜀
No lado esquerdo dessa igualdade as componentes vetoriais retangulares não se misturam umas
às outras; o lado direito é responsável pelo acoplamento entre componentes.
Caso ∇𝜀
𝜀 ≈ 0 o campo elétrico tenderá a manter sua polarização. O mesmo ocorre com o campo
magnético em relação a ∇𝜇
𝜇 .
Aproximação de guiamento fraco
Consideramos que 𝑛1𝑛−𝑛2 ≪ 1. Nesse caso os modos guiados pela fibra óptica serão (na nossa
1
aproximação) linearmente polarizados. Considerando o campo elétrico transversal polarizado em
𝐮𝑦 (análogo para 𝐮𝑥 ):
𝐄𝑡 = 𝐸𝑦 𝐮𝑦
Como vimos nos guias laminares, um guia dielétrico em condição de guiamento fraco 𝑛1 ≳ 𝑛2
suporta um modo similar a uma onda plana. Neste caso:
1 𝐸𝑦 𝐸𝑦
𝐇𝑡 ≈ 𝐮𝑧 × 𝐄𝑡 = − 𝐮𝑥 = 𝐻𝑥 𝐮𝑥 ⇒ 𝐻𝑥 = −
𝜂 𝜂 𝜂
⎧ cos(𝑚𝜑)
𝐴J𝑚 (𝑘𝑡1 𝑟)sin(𝑚𝜑) ,
𝑟≤𝑎
𝐸𝑦 = ⎨ (𝛼𝑡2 = 𝑗𝑘𝑡2 )
cos(𝑚𝜑)
𝐵K𝑚 (𝛼𝑡2 𝑟)sin(𝑚𝜑) , 𝑟≥𝑎
⎩
O termo em Y𝑚 (𝑘𝑡1 𝑟) que apareceria na região 𝑟 ≤ 𝑎 diverge em 𝑟 = 0, sendo portanto
eliminado da solução. Similarmente, I𝑚 (𝛼𝑡2 𝑟) diverge em 𝑟 → ∞, não representando solução
fisicamente aceitável.
Notamos aqui que, assim como ocorreu para os guias metálicos circulares, há a existência de 2
famílias de soluções geradas pela escolha entre seno ou cosseno.
Componentes longitudinais
⎧ 𝑗 cos(𝑚𝜑) − sin(𝑚𝜑)
′
cos 𝜑 − 𝑚
𝜔𝜇1 𝐴 𝑘𝑡1 J𝑚 (𝑘𝑡1 𝑟) 𝑟 J𝑚 (𝑘𝑡1 𝑟) sin 𝜑 , 𝑟≤𝑎
sin(𝑚𝜑) cos(𝑚𝜑)
𝐻𝑧 =
⎨ cos(𝑚𝜑) − sin(𝑚𝜑)
𝑗
𝜔𝜇 𝐵 𝛼𝑡2 K𝑚 ′
(𝛼 𝑟) cos 𝜑 − 𝑚
K (𝛼 𝑟) sin 𝜑 , 𝑟 ≥ 𝑎
2 𝑡2
sin(𝑚𝜑)
𝑟 𝑚 𝑡2
cos(𝑚𝜑)
⎩
⎧ cos(𝑚𝜑) − sin(𝑚𝜑)
− 𝑗 𝐴 𝑘𝑡1 J ′ (𝑘𝑡1 𝑟) sin 𝜑 + 𝑚
J (𝑘 𝑟) cos 𝜑 , 𝑟≤𝑎
𝜔𝜀 𝜂 𝑚 𝑟 𝑚 𝑡1
1 1
sin(𝑚𝜑) cos(𝑚𝜑)
𝐸𝑧 =
⎨ cos(𝑚𝜑) − sin(𝑚𝜑)
− 𝜔𝜀𝑗 𝜂 𝐵 𝛼𝑡2 K𝑚
′
(𝛼𝑡2 𝑟) sin 𝜑 + 𝑚 K𝑚 (𝛼𝑡2 𝑟) cos 𝜑 , 𝑟 ≥ 𝑎
2 2
sin(𝑚𝜑)
𝑟
cos(𝑚𝜑)
⎩
Onde usamos:
∂ d𝑟 ∂ d𝜑 ∂ ∂ 1 ∂ ∂ ∂ 1 ∂
= + = cos 𝜑 − sin 𝜑 = sin 𝜑 + cos 𝜑
∂𝑥 d𝑥 ∂𝑟 d𝑥 ∂𝜑 ∂𝑟 𝑟 ∂𝜑 ∂𝑦 ∂𝑟 𝑟 ∂𝜑
Condições de contorno
Aplicamos as condições de contorno em 𝑟 = 𝑎 considerando que 𝜀1 ≈ 𝜀2 , 𝜇1 ≈ 𝜇2 e 𝜂1 ≈ 𝜂2 :
′ ′ J (𝑢) K (𝑤)
𝐴𝑘𝑡1 J𝑚 (𝑘𝑡1 𝑎) = 𝐵𝛼𝑡2 K𝑚 (𝛼𝑡2 𝑎)
⇒ 𝑢 𝑚−1 = −𝑤 𝑚−1
𝐴J𝑚 (𝑘𝑡1 𝑎) = 𝐵K𝑚 (𝛼𝑡2 𝑎) J𝑚 (𝑢) K𝑚 (𝑤)
onde usamos:
′ 𝑚 ′ 𝑚
J𝑚 (𝑧) = − J (𝑧) + J𝑚−1 (𝑧) K𝑚 (𝑧) = − K (𝑧) − K𝑚−1 (𝑧)
𝑧 𝑚 𝑧 𝑚
e as grandezas 𝑢 e 𝑤 são definidas como:
Quando 𝑚 ≠ 0 a existência das famílias de soluções com seno e cosseno resulta em modos de
dupla degenerescência em 𝜑.
Além disso, a escolha da polarização do campo elétrico transversal é livre. Apesar de termos
partido do campo polarizado em 𝐮𝑦 , uma rotação de 90° resultaria em um campo polarizado
em 𝐮𝑥 para qualquer um dos modos encontrados.
Assim, usando 𝜒𝑚𝑛 para representar a 𝑛-ésima raíz de J𝑚 excluindo o zero (como fizemos para
os guias metálicos circulares) teremos:
⎧0 𝑚 = 0, 𝑛 = 1
𝑣𝑐𝑚𝑛 = 𝜒1(𝑛−1) 𝑚 = 0, 𝑛 > 1
⎨
𝜒 𝑚≥1
⎩ (𝑚−1)𝑛
0,8 11
21
02
0,6
𝑛𝑒2 −𝑛22
𝑛12 −𝑛22
31
𝑏=
0,4 12
41
0,2
22
03
51
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
𝑣
Potência
Das condições de contorno podemos determinar o valor da constante 𝐵:
J𝑚 (𝑘𝑡1 𝑎)
𝐵= 𝐴
K𝑚 (𝛼𝑡2 𝑎)
Substituindo esse valor na expressão para 𝐸𝑦 e trocando 𝐴 por 𝐸0 , obtemos a seguinte
expressão para a componente 𝐮𝑧 do vetor de Poynting:
Conhecer o perfil da densidade de potência dos modos da fibra pode ser útil na identificação dos
mesmos em laboratório.
Modo LP01
𝑎 𝑎
𝑣 = 1,0 𝑣 = 7,0
Modo LP02
𝑎 𝑎
𝑣 = 4,3 𝑣 = 8,0
Modo LP11
𝑎 𝑎
𝐸𝑦 ∝ cos(𝜑) 𝐸𝑦 ∝ sin(𝜑)
Modo LP21
𝑎 𝑎
𝐸𝑦 ∝ cos(2𝜑) 𝐸𝑦 ∝ sin(2𝜑)
Modo LP??
𝑎 𝑎
𝐸𝑦 ∝ cos(𝑚𝜑) 𝐸𝑦 ∝ sin(𝑚𝜑)
Perdas
• 1966: Charles K. Kao propôs o uso de sílica de alta pureza para diminuir as perdas (Nobel
em 2009)
1ª janela
rapidamente na sílica acima de 1,7 µm
e devido à presença de ligações O-H
ℜ 𝑓(𝑡) 𝐹 (𝜔)
𝜔0 𝜔
Propagação
Após a propagação até um ponto 𝑧 o pulso no tempo será dado por:
∞
1
𝑔(𝑡, 𝑧) = 𝐹 (𝜔)𝑒 −𝑗𝛽𝑧 𝑒 𝑗𝜔𝑡 d𝜔
2𝜋
−∞
d𝛽 (𝜔 − 𝜔0 )2 d2 𝛽 (𝜔 − 𝜔0 )2
𝛽(𝜔) ≈ 𝛽(𝜔0 ) + (𝜔 − 𝜔0 ) + = 𝛽0 + (𝜔 − 𝜔0 )𝛽1 + 𝛽2
d𝜔 2 d𝜔 2 2
𝜔0 𝜔0
𝛽2 𝑧 2
𝜏 ″ = 𝜏 2 +
𝜏
𝛽2 𝑧 𝑡 − 𝛽1 𝑧 2 1 𝛽 𝑧
𝜃= 2 ″
− arctan 22
2𝜏 𝜏 2 𝜏
Essa derivação resulta em 3 importantes conclusões:
• O pico do pulso move-se segundo 𝑧 = 𝛽1 ,
𝑡
resultando na definição da velocidade de grupo:
d𝛽 −1 1
𝑣𝑔 = d𝜔 = 𝛽1
2𝜋𝑐0 𝜆02
Δ𝜏 = Δ𝜔𝛽2 𝑧 ≈ − Δ𝜆0 − 𝐷 𝑧 = Δ𝜆0 𝐷𝑧
𝜆02 2𝜋𝑐0
Dispersão cromática
Para a dispersão material consideramos uma onda não guiada (onda plana) propagando-se em
um material de índice de refração homogêneo que varia com o comprimento de onda.
Qual é esse índice e como determinar sua variação com o comprimento de onda?
No caso da dispersão de guia de onda consideramos os materiais não dispersivos (não variam
com a frequência) e calculamos o efeito do guia baseado nas curvas universais.
Dispersão (material)
1,46 60
d2 𝛽 1 d𝑛 d2 𝑛
= 2 + 𝜔 ⇔
d𝜔 2 𝑐0 d𝜔 d𝜔 2
𝜆0 d2 𝑛𝑒
𝐷=− 1,442 −120
𝑐0 d𝜆02
𝜆0 d2 𝑛
𝐷mat = −
𝑐0 d𝜆02
1,436 −180
0,7 1 1,3 1,6 1,9
Δ𝜏mat = Δ𝜆0 𝐷mat 𝑧
Comprimento de onda [µm]
Dispersão de guia de onda
Escrevemos a solução 𝛽 em função de 𝑏
1,6 introduzindo a variável Δ𝑛 = 𝑛1 − 𝑛2 :
LP01
1,2 𝛽 = 𝑘0 𝑛22 + 𝑏(𝑛12 − 𝑛22 ) ≈ 𝑘0 (𝑛2 + 𝑏Δ𝑛)
Assim:
0,8
𝑣 dd𝑣(𝑣𝑏)
2
d2 𝛽 1 d2
2
= [𝑘 (𝑛 + 𝑏Δ𝑛)] ⇔
d𝜔 2 𝑐02 d𝑘02 0 2
0,4
Δ𝑛 d𝑣 d2 (𝑣𝑏) Δ𝑛 d2 (𝑣𝑏)
⇔ 𝛽2 = = 𝑣 ⇒
𝑐02 d𝑘0 d𝑣 2 𝑐0 𝜔 d𝑣 2
0 Δ𝑛 d2 (𝑣𝑏)
⇒ 𝐷wg = − 𝑣
𝑐0 𝜆0 d𝑣 2
0 1 2 3 4 5
𝑣
Temos então que Δ𝜏wg = Δ𝜆0 𝐷wg 𝑧.
Dispersão intermodal
A dispersão intermodal é provocada pelas diferentes velocidade de grupo de cada modo.
Uma aproximação aceitável para a máxima dispersão intermodal pode ser obtida considerando o
comportamento de onda plana dos modos fracamente guiados em um meio de índice 𝑛𝑒 .
Como o valor de 𝑛𝑒 é limitado entre 𝑛1 para modos distantes do corte e 𝑛2 para modos
próximos do corte, podemos utilizar esses valores para determinar o máximo atraso possível entre
sinais propagando-se em modos distintos:
𝑟
𝑎
𝑛
𝑛1
𝑛2
−𝑎
Exercícios
1 Suponha que queremos projetar um enlace óptico para a transmissão de dados por uma
distância de 1 km. Escolhemos uma fonte LED de 850 nm com 1,0 mW de potência e largura
espectral típica de 50 nm. Os dados serão enviados por uma fibra multimodo de índice degrau.
Assumiremos uma perda de fonte para a fibra de 12 dB. Na extremidade detectora consideramos
uma perda de 1,5 dB da fibra para o detector. Finalmente, adotamos conectores ópticos em cada
extremidade (0,7 dB cada) conectando a fibra à fonte e ao detector. A margem de potência
desejada para o sistema é de 8 dB. Deseja-se utilizar um fotodiodo PIN com −35 dBm de
sensibilidade como detector.
Dados da fibra:
• Tipo: multimodo (índice degrau) • Atenuação: 4 dB/km
• Diâmetro do núcleo: 50 µm • Dispersão cromática: 0,1 ns/nm/km
• NA: 0,24 • Dispersão modal: 15 ns/km
2 Uma fibra multimodo com núcleo de 50 µm de diâmetro é projetada para limitar sua
dispersão intermodal em 10 ns/km. Qual é a abertura numérica da fibra? Qual é o limite de
taxa de bits para transmissão de 10 km em 880 nm? Considere o índice da casca 1,45, a largura
espectral da fonte 50 nm e a dispersão cromática da fibra 0,1 ns/nm/km.
3 Uma fibra óptica monomodo de índice degrau é projetada para operar com corte em 1,1 µm.
O índice de refração da casca é 1,445 e do núcleo 1,450. Determine o raio do núcleo dessa fibra
e seu índice efetivo em 1,5 µm.
4 Uma fibra de perfil degrau com casca de sílica (SiO2) e núcleo com índice 1% acima da casca
é projetada para apresentar corte em 1,2 µm. Quantos e quais modos propagantes suportará essa
fibra em 900 nm? Considere que, apesar do índice da sílica variar para cada frequência, o degrau
de 1% é constante (i.e., o índice do núcleo acompanha a variação relativa da casca).
5 Uma medida feita em uma fibra monomodo resultou em um valor de 0,02 para o parâmetro
2 em 0,8 µm. Calcule o valor de 𝛽2 e da dispersão 𝐷.
d2 𝑛
𝜆02 d𝜆
0
7 Uma fibra com núcleo de 5,1 µm de diâmetro e índices 1,447 na casca e 1,454 no núcleo
é alimentada por um laser em 1,3 µm com pulsos de 3 nm de largura espectral. Calcule o
alargamento e a largura dos pulsos após 1 km de propagação devido somente à dispersão de guia
de onda.