O conceito de Histeria, iniciou-se com Hipócrates no período
Helenístico, mas foi com Sigmund Freud que o termo começou a se popularizar para fora do mundo acadêmico. A palavra Histeria tem suas raízes no Grego, Hystéra (ὑστέρα, útero). Termo derivado da cultura Helenística cunhado por Hipócrates. O Termo, posteriormente foi traduzido para o Francês como Hystérie. Como sua própria etimologia sugere, a palavra Histeria relacionava-se com afecções do útero. Para a medicina Grega, mais especificamente para Hipócrates, os sintomas Histéricos tinham origem no mau funcionamento do útero. Hipócrates acreditava que os sintomas eram decorrentes do excesso de sangue e Linfa expulsados pelo útero que chegavam com violência ao cérebro, por causa do movimento bruto dele dentro do corpo, causando assim os mais variados tipos de sintomas. Até o Início da Psicanálise, e dos estudos de Charcot, Breuer e Freud, a Histeria tinha um papel central na etiologia dos fenômenos sintomatológicos psíquicos. A Histeria era um manto conceitual o qual abarcava diversos tipos de fenômenos de ordem Motora/Sensorial, como por exemplo, os distúrbios da visão, da audição, do paladar e do tato; excesso de sensibilidade ou anestesia geral; dores intensas, sem nenhuma origem orgânica. As motoras abrangeriam desde a paralisia completa, os tremores, os tiques nervosos, até contrações e convulsões. Outros sintomas histéricos são a perda completa ou parcial da voz, tosse, enjoos, vômitos e soluços. CORPO O corpo, capturado pelo excesso, surge como a superfície na qual o sintoma se aloja e desliza: temos, assim, as paralisias de partes do corpo, perda de sensibilidade (à dor, ao tato), suspensão de funções (visão, audição, olfato, locomoção), etc. Isto deixava este corpo renegado à dupla posição de enigma e farsa, obstaculizando o sofrimento histérico (esta espécie de sofrimento sem adoecimento) a ser assumido clinicamente Este ‘encontro’ de Freud com as histéricas é composto por várias cenas:
(Une leçon clinique à la Salpêtrière – André Brouillet, 1887)
A HISTERIA COMO POSIÇÃO SUBJETIVA:
O sujeito se apresenta dividido - em
conflito, em dúvida, aprisionado em uma encruzilhada amorosa, profissional, familiar, etc. - e, tipicamente, se dirige à alguém investido de uma posição especial/privilegiada (reconhecido, na abordagem lacaniana, como um Mestre/Senhor). DISTINGUIR A DEMANDA DO DESEJO Lacan, vai nos dizer que a histeria é a estrada real pela qual se pode compreender algo de fundamental para o homem em geral. Trata-se da distinção a se fazer entre a questão do desejo e da demanda. Assim, o desejo da histérica se constitui quase totalmente a partir do desejo do Outro. Mas há uma outra pista: em uma mulher histérica um desejo insatisfeito lhe permitiria imitar um Outro incompleto, não provido de tudo, em suma, incapaz de satisfazê-la. SINTOMAS EDIPIANOS Lacan, a histeria é marcada pela pergunta “o que é ser uma mulher”. “É a prevalência da Gestalt fálica que, na realização do complexo edípico, força a mulher a tomar emprestado um desvio através da identificação com o pai, e portanto a seguir durante um tempo os mesmos caminhos que um menino”. A histeria é ocasionada por um forte recalcamento das pulsões sexuais numa menina cuja experiência de castração não foi tolerada, ou seja, ela não aceita seu ser em falta e se mantém fixada nessa fase fálica. Cresce insatisfeita, infeliz e invejosa, pois se sente humilhada e injustiçada, mantém sua demanda numa via de reivindicação daquilo que julga que foi privada e seu discurso é marcado por queixas e lamentações infinitas. As conseqüências da neurose histérica são manifestas através dos sintomas que são um retorno do recalcado e deixam pistas importantes a respeito do desejo inconsciente, uma vez que essa neurose é caracterizada por muito sofrimento, angústia e infelicidade, pois a insatisfação é o que há de mais próprio no sujeito histérico que o mesmo impregna em sua vida como um triste destino. REFERÊNCIAS FREUD, Sigmund. A Dissolução do Complexo de Édipo. In: Edição Standard Brasileira das obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, v.XX, 1924. ________. Psicanálise. In: Edição Standard Brasileira das obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, v.XX, 1926. ________. Sexualidade Feminina. In: Edição Standard Brasileira das obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, v.XXI, 1931. LACAN, Jacques. A significação do falo. Escritos. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 1998.