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Microgeração, o Planeta nas suas Mãos!

Microgeneration, the Planet in your Hands!

N. Leite Sáa; J. Ramalhob


a
Departamento de Saúde Ambiental da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra
Rua 5 de Outubro, Apartado 7006, 3046 – 854 Coimbra, Portugal
nelsonsa@estescoimbra.pt
b
Aluno da unidade curricular de Energia e Ambiente do Departamento de Saúde Ambiental da Escola
Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra
Rua 5 de Outubro, Apartado 7006, 3046 – 854 Coimbra, Portugal
JoanaFRamalho.SA@estescoimbra.pt

RESUMO
O objectivo principal deste artigo passa por explorar as várias tecnologias disponíveis e aplicáveis à
microgeração, percebendo qual a sua dimensão no mundo e qual ou quais aquelas que podem ser mais
rentáveis em Portugal. Para cumprir este objectivo foi realizada uma pesquisa teórica sobre as
especificidades de cada sistema de microgeração analisando as vantagens e desvantagens de cada um, e
sobre a proporção que estas têm vindo a ter não só em Portugal como no mundo. Foram também
abordados alguns estudos encontrados na pesquisa bibliográfica importantes na aplicabilidade das
tecnologias de microgeração em Portugal. De um modo geral pretende-se sensibilizar a população para a
importância de se tornar microprodutor de energia, não só ao nível individual em termos de custos/lucros,
como também ao nível colectivo no contributo para a diminuição da degradação do ambiente. Através da
pesquisa realizada percebeu-se que as tecnologias de microgeração são economicamente rentáveis e
ambientalmente mais correctas, sendo que a rentabilidade varia consoante a tecnologia, o local de
instalação e a empresa à qual se compra a tecnologia e o serviço de instalação.

Palavras-chave: Energias renováveis, microgeração, microprodução, microprodutores, Portugal

ABSTRACT
The main purpose of this article is explore the various technologies available and applicable to
microgeneration, realizing that its size in the world and which of those can be more profitable in Portugal. To
perform this objective has been developed a theoretical research on the specifics of each system of
microgeneration, analyzing the advantages and disadvantages of each one, and their proportion not only in
Portugal but also in the world. Had been also discussed some important articles found in bibliographic
research vital to the applicability of microgeneration technologies in Portugal. In generally, we want to
increase the importance of becoming an energy microproducer on the population, not only at the individual
level in terms of costs and profits, but also at the collective contribution to reducing environmental
degradation. Through the research, has been noticed that microgeneration technologies are economically
viable and environmentally correct, and their profitability is variable, acording the technology, the firm where
you buy the same one and installation service, as well the installation location.

Keywords: Renewable energy, Microgeneration, microproducing, microproducers, Portugal

1. INTRODUÇÃO

Principalmente nos países em desenvolvimento, o contínuo aumento da população verificado traduz-se num
aumento exponencial das exigências ao nível de energia e de matérias-primas. Estes bens são essenciais
(1)
para garantir a sobrevivência do homem e um desenvolvimento sustentável . As questões que se levantam
relativamente a este aspecto dizem respeito não só escassez e limitação de recursos, como também à
emissão de gases de efeito de estufa (ex. CO2) associada aos processos de produção de energia através
de fontes não renováveis, ao custo da energia com origem nestas mesmas fontes, às preocupações com a
(2)
segurança do abastecimento e às dificuldades na construção de infra-estruturas .
Segundo dados da Agência Internacional de Energia, a emissão de CO2 irá aumentar 53% até 2030,
alcançando um valor superior a 40 biliões de toneladas de CO2. Estes dados não são mais animadores
quanto às emissões associadas à produção de energia, pois prevê-se um aumento de 44% até ao mesmo
(3)
ano, atingindo os 18 biliões de toneladas de CO2 .
É principalmente devido a estas questões que surge a urgência de criar e adoptar estratégias adequadas
para colmatar todas as necessidades quanto a matérias-primas e energia, de uma forma mais eficiente e
ambientalmente correcta, não pondo em risco aquilo que é chamado de “herança para as gerações futuras".
Por isso deve perceber-se que a noção de sustentabilidade deve ser entendida como relativa e não
absoluta, pois não se pode afirmar efectivamente que há fontes de energias sustentáveis e que outras que
não o são, mas sim que existem fontes mais sustentáveis ou menos insustentáveis que outras (4).
Devido aos estudos realizados sobre o impacte ambiental causado pela exploração de combustíveis fósseis,
o possível esgotamento destes recursos e sobre o facto de muitos países terem de depender de outros para
a sua sobrevivência energética (como o caso de Portugal que em 2007 dependia 82,9%) impulsionou as
sociedades a adoptar formas alternativas de produção de energia eléctrica cada vez mais limpas e mais
eficientes, como por exemplo tecnologias de produção de energia descentralizada.
Foi por isso que para fazer face ao problema originado pelo aumento dos custos de gás a ser importado
para a Europa, a União Europeia (UE) concebeu um plano ambicioso que visa o aumento da produção de
energia a partir de fontes renováveis. Para o ano 2020 foi estabelecido que 20% do consumo de energia
seja proveniente de energias renováveis (5).
É aqui que entra o princípio da descentralização. Este está relacionado com a produção de energia
privilegiando a instalação de pequenos centros produtores o mais próximo possível dos locais de consumo
final, sendo dada aos consumidores a possibilidade técnica e económica de produzirem energia para a
satisfação das suas próprias necessidades e com a hipótese de executar uma ligação bidireccional à rede
pública de transporte de electricidade.
A microgeração vai permitir às empresas e às famílias venderem o excedente de energia à rede eléctrica,
evitando assim novos investimentos em grandes centrais de produção e em infra-estruturas de distribuição,
diminuindo assim a emissão de gases que aumentam o efeito de estufa. No entanto, os principais motivos
que levam à sua aceitação por parte das empresas e das famílias são principalmente as alterações das
condições económicas e ambientais. Cada vez mais as pessoas estão sensibilizadas para adoptarem aquilo
(6)
a que se chama de Responsabilidade Social .
O presente artigo visa explorar os tipos de energia renovável e as tecnologias possíveis no âmbito da
microgeração, tanto no mundo como especificamente em Portugal, percebendo qual ou quais as mais
viáveis economicamente.

2. A Energia e a Microgeração

Segundo dados da BP em “Statistical Review of World Energy 2009”, a produção mundial da energia ainda
é feita em grande parte através do uso do petróleo, sendo que a fatia menor está relacionada com as
energias renováveis. No entanto, verifica-se que a fatia da produção mundial de energia através de fontes
(1)
renováveis tem vindo a aumentar progressivamente .
Em média nos 27 países da UE, o maior consumo de energia é feito no sector dos transportes em que a
maior quantidade da energia usada advém do petróleo. Já o maior consumo de energias renováveis é feito
em média nas habitações familiares, o que leva a que se pondere a hipótese destas habitações poderem
estar a usar sistemas de microprodução de energia; apenas em países como a Bélgica, Irlanda, Eslovénia,
Finlândia, Portugal e Suécia é que a energia renovável é consumida em maioria no sector industrial
(segundo dados do Eurostat, 2006). De acordo com os dados lançados pela Comunidade Europeia em “The
Renewable Energy Progress Report”, esta
energia aumentou mais de 55% em 2006
comparativamente com o ano de 1997. Apesar
de não serem apresentados dados mais
recentes, espera-se actualmente que o
consumo de energia proveniente do petróleo
tenha diminuído substancialmente e em
contrapartida a energia produzida através de
fontes renováveis tenha aumentado ainda
mais.
Quanto às várias tecnologias de produção de
energia renovável é apresentado um gráfico
(gráfico 1) onde se verifica que é a energia
eólica é a mais desenvolvida tendo a produção
triplicado desde o ano 2000 até 2006. Já a
energia produzida através da biomassa e de Gráfico 1 - Evolução das tecnologias de produção (Fonte:
resíduos apenas aumentou cerca de 63 e 39% Pincante, 2007).
(7)
no mesmo período .
Como já referido as fontes de energia renováveis têm uma taxa inferior de emissão de gases que aumentam
o efeito de estufa, nomeadamente o CO2, variando entre si tal como pode ser observado no gráfico 2:
Gráfico 2 - Taxa de emissão de CO2 quanto às várias tecnologias de produção de electricidade (g/kWh) (Fonte: ERSE,
2000).

Acompanhar o desenvolvimento das tecnologias de microgeração torna-se um pouco difícil já que este é um
tema relativamente recente e em constante evolução pelo menos quanto a Portugal, pois noutros países da
Europa a microgeração já tem cerca de 16 anos de experiência. O interesse demonstrado nesta área por
muitos especialistas leva a que, a todo o momento, surjam novas tecnologias de microgeração ou novas
adaptações àquelas que já existem.
A disponibilidade de várias tecnologias em vez de uma standartizada permite ao produtor optar por uma ou
pela conjugação de várias, sendo essa escolha determinada pela eficiência da tecnologia no local a ser
instalada, pelo investimento/custo de manutenção necessário e pelo tempo de retorno desse investimento.
Dentro das soluções de produção de energia disponíveis no mercado mundial existem algumas diferenças
quanto à fonte usada na produção. As tecnologias mais conhecidas são de seguida apresentadas.

2.1. Painéis Solares Fotovoltaicos


Este sistema converte a luz solar em energia eléctrica através de materiais semicondutores, com campos
eléctricos internos capazes de acelerar os electrões
criados pela incidência dos fotões solares, tornando assim
uma corrente eléctrica que alimenta um circuito eléctrico
exterior.
A constituição de um sistema microprodutor fotovoltaico
encontra-se presente na figura 1. Para aumentar a
produção de energia em aproximadamente 25%, o sistema
pode ser instalado sobre um seguidor solar.
Os painéis solares fotovoltaicos apresentam uma grande
fiabilidade, simplicidade de montagem e são adaptáveis a
várias necessidades energéticas, podendo ser
dimensionados para aplicações de alguns miliWatts ou Figura 1 - Constituição de um sistema microprodutor
kiloWatts variando também na qualidade energética. fotovoltaico (8).
Na sua colocação deverá ser tida em conta a maior exposição solar possível para a produção ser mais
maximizada. A inclinação do painel solar também é importante devendo esta ser de 40º superior ao plano
de instalação. No entanto, consoante a existência ou não de ligação à rede, a inclinação deve ser 15º
superior à latitude do local da instalação se não for ligado à rede, uma vez que nestes casos o fornecimento
de energia no Inverno é fundamental; Por outro lado, nos sistemas ligados à rede, a inclinação
recomendada é de 10º abaixo da latitude do local de instalação, porque nestes casos o objectivo principal é
mesmo a maximização da produção anual de energia.
Os painéis fotovoltaicos têm como desvantagens o elevado custo de fabrico, o fraco rendimento de apenas
um módulo, a não competitividade económica e o elevado custo quando se pretende armazenar energia em
(8)
baterias .
Segundo a EPIA (Associação Europeia da Indústria Fotovoltaica) em 2008, a UE controlava o mercado
fotovoltaico com 81%, seguindo-se os Estados Unidos da América (EUA) com 6%, a Coreia do Sul com 5%,
o Japão e o Resto do Mundo com 4%. A tendência parece manter-se no corrente ano, ajudada pela
expansão do mercado espanhol, o crescimento do mercado alemão (um pouco em menor escala) e pela
disseminação dos mercados da Itália, Républica Checa, Portugal, Bélgica e França (7).
2.2. Painéis Solares Térmicos
Um painel solar térmico transforma a energia solar directamente
em energia térmica e é constituído por três componentes: uma
caixa hermética transparente, uma placa negra de absorção
com tubos de cobre e isolamento térmico para reduzir ao
máximo as perdas de calor (9).
Também os painéis solares térmicos podem ser de dois tipos:
com circuito aberto, isto é, a água flui do colector solar para o
tanque de armazenamento; com circuito fechado, ou seja, o
líquido de aquecimento flui nos colectores, sendo a água
aquecida a por permutação de calor. Este ultimo tipo tem a
vantagem de estar preparado para geadas, isto porque o fluído
utilizado tem uma temperatura de solidificação inferior à da
água. Figura 2 - Painel solar térmico em sistema
(8)
Também podem ser usados dois tipos de sistemas (passivo e passivo .
activo) em que o que difere é a localização do tanque de armazenamento e consequentemente a forma de
como a água chega ao tanque (figura 2).
Um sistema solar térmico consegue cobrir, na totalidade, as necessidades de aquecimento de água em
condições de níveis de insolação altos. Assim, apesar da aquisição e instalação de um painel solar ser mais
dispendioso quando comparado com os sistemas de aquecimento a gás ou eléctrico, a poupança de
energia que se consegue alcançar rentabiliza o investimento em pouco tempo (10).

2.3. Micro-aerogeradores ou micro-eólicas


Desde 2004 que se assiste ao aumento exponencial do mercado da energia eólica, sendo que no final de
2007 se verificou uma capacidade global instalada de 93 864 MW. Este desenvolvimento foi liderado pelos
EUA, China e Espanha e envolveu um aumento de 31% do mercado, relativamente ao ano 2006. Importa
salientar que mais de 1 000 MW instalados pertencem somente a oito países europeus, entre os quais a
Alemanha, Espanha, Dinamarca, Itália, França, Reino Unido, Portugal e os Países Baixos. Perante este
cenário, no final de 2007, a Europa representava 60% da capacidade mundial instalada (11). Contudo, estes
valores são pouco expressivos no que respeita ao aproveitamento da energia eólica em edifícios, para fins
de microgeração.
Este sistema de microgeração transforma a energia cinética do vento em energia mecânica e
consequentemente em energia eléctrica. A utilização doméstica de micro-aerogeradores não passa de
produção de energia eólica em pequena escala. O uso de micro-turbinas eólicas está mais associado a
sistemas isolados, estando concebidas para carregar um sistema de baterias. Normalmente a potência das
turbinas ronda o 1kW, mas as turbinas podem ter uma grande variedade de potências.
Uma turbina eólica é constituída por várias componentes: um mastro que eleva a turbina ate ao limite da
atmosfera onde os ventos são mais regulares; uma nave onde se encontra o sistema mecânico; um veio
que permite a rotação das pás e transmite a energia mecânica ao gerador eléctrico; e as pás que permitem
"absorver" a energia cinética do vento.
Este sistema está condicionado à intensidade do vento que nem sempre é regular e a sua disponibilidade
depende do local, daí a importância de ser feito um estudo de viabilidade tendo em conta, naturalmente, o
relevo do terreno. Ao contrário do que se pode pensar não é no máximo da velocidade do vento que nem
sempre atinge o pico da potência, pois as velocidades muito elevadas causam problemas de resistência do
material, de segurança e travagem da maquinaria. O que normalmente os fabricantes fazem é limitar
mecanicamente a velocidade. Quanto à dimensão das turbinas esta depende da potência que o produtor
deseja, quanto maior a dimensão, maior será a potência produzida.
Existem vários inconvenientes que podem interferir na produção de energia eólica: a presença de
obstáculos que reduzem o caudal consequentemente a velocidade do vento e o aumento da turbulência do
vento que tira rendimento à turbina. Mesmo assim, este sistema de produção de energia é capaz de gerar
entre 1500 a 3000 kWh de energia eléctrica por ano (nas condições meteorológicas típicas do território
(8)
português) .

2.5. Mini-hídricas
Sem que seja causado um grande impacte em pequenos ribeiros de água, são criados pequenos sistemas
de produção de energia eléctrica através da construção de açudes ou pequenas barragens que desviam
uma parte do caudal do rio para depois lho devolver num local desnivelado, onde são instaladas as turbinas.
A limitação deste sistema esta relacionada com a dependência que tem da chuva, pois quanto maior a
precipitação mais electricidade é produzida.
Existem diferentes tipos de centrais mini-hídricas, nomeadamente quanto à potência instalada e quanto à
altura de queda. Uma outra classificação que existe, diz respeito à existência ou não de capacidade de
regularizar o caudal, dividindo-se em dois tipos: centrais a fio de água (não têm capacidade de regularizar o
caudal) e as centrais com regularização (possuem uma albufeira que lhe permite adaptar o caudal afluente).
As mais comuns são as centrais de fio de água.
Como nos outros sistemas já vistos, também estas podem ser ligadas à rede ou contribuir para sistemas
isolados como fonte de alimentação local.
Com um declive de 15 a 20 metros e um caudal de 5 litros por segundo é possível garantir um consumo
(8)
eléctrico de uma habitação .

2. 6. Pilhas de combustível
São equipamentos estáticos que convertem energia química contida no combustível directamente em
energia eléctrica. O seu funcionamento é similar ao de uma bateria e usam como combustível,
preferencialmente o hidrogénio.
A pilha é composta por um ânodo e um cátodo, sendo que cada um é revestido por uma camada
catalisadora de platina e separados por um electrólito. Durante o processo de conversão da energia química
em energia eléctrica gera-se calor, o que significa que a energia química não é toda transformada em
energia eléctrica, logo o processo não tem 100% de rendimento. O rendimento de uma pilha de combustível
varia de forma inversa à potência, mas para obter uma potência mais elevada podem-se associar várias
células em série, resultando naquilo que se chama pilha de combustível.
Mesmo tendo as pilhas o mesmo princípio de funcionamento, existem várias diferenças entre elas,
nomeadamente quanto à temperatura (8).

2.7. Combustão de biomassa


Do ponto de vista ambiental, a utilização da biomassa para produção de energia é favorável à redução da
emissão de CO2, pois verifica-se um ciclo fechado do carbono, uma vez que o dióxido de carbono a emitir é
absorvido no processo de fotossíntese aquando da regeneração da biomassa. Também é importante referir
que a biomassa contém, normalmente menos agentes poluentes (ex. metais pesados) do que os
combustíveis fósseis (12).
A utilização de pellets é uma das formas de aproveitar a energia
renovável à base da biomassa. As pellets referidas são obtidas por
compactação de varias matérias vegetais como resíduos de
limpezas das florestas, resíduos agrícolas e resíduos de manutenção
em jardins e árvores.
Além da redução da emissão de CO2, este sistema permite também
minimizar os riscos de incêndio através da valorização energética da
biomassa florestal, reduzindo assim a importação de combustíveis
fósseis.
Os sistemas de aquecimento por biomassa assentam na combustão
das pellets referidas para a produção de calor podendo ser utilizados
em habitações, edifícios ou indústrias (ver figura 3). Este sistema de
pode ser implementado para complementar o recurso à energia
solar.
As desvantagens associadas a esta tecnologia estão relacionadas
com os elevados custos da própria e da aquisição, transporte e
(8)
acondicionamento da biomassa . Figura 3 - Sistema de combustão de biomassa
(8)
para a produção de electricidade .
2.8. Cogeração e Trigeração
A cogeração é a produção simultânea de múltiplas formas de energia útil, normalmente de energia eléctrica
(13)
e térmica, num sistema integrado a partir de uma única fonte primária . A energia térmica proveniente de
uma instalação de cogeração pode também ser aproveitada para produzir frio, através de ciclo de absorção.
Este processo alargado da "cogeração" é denominado de trigeração, ou por outras palavras, produção
(14)
combinada de electricidade, calor e frio .
Em muitos dos processos de produção de energia, é dissipada uma parte desta. Através da aplicação de
sistemas de cogeração e trigeração é possível aproveitar a energia dissipada para produzir energia útil,
aumentando assim a eficiência do processo de produção de electricidade (15). Existem várias soluções
tecnológicas que podem ser aplicadas em sistemas de cogeração, encontrando-se divididas em dois
grandes grupos: tecnologias convencionais (turbinas de gás, motores de combustão e turbinas de vapor
contra-pressão) e as tecnologias emergentes (microturbinas e pilhas de combustíveis).
Para a trigeração, os tipos de tecnologia mais aplicados são os motores de combustão interna e as turbinas
(14)
de gás .
As vantagens que a cogeração/trigeração apresenta são: o aumento da eficiência energética, a contribuição
para reduzir o aquecimento global, redução do consumo de combustível e o alívio das redes dos sistemas
eléctricos. As desvantagens são menores mas interessam referir: o tempo de vida útil relativamente curto, o
transporte de calor só é viável para distâncias inferiores a 5 km (em termos económicos) e dificuldade de
transporte.
Relativamente à cogeração e trigeração é
apresentado um gráfico (gráfico 3) onde se
pode ver que países como a Dinamarca,
Bélgica, Holanda e Finlândia apresentam
contribuições superiores a 30% na estrutura
nacional de produção energética. Também se
verifica que a evolução da cogeração na
produção global de energia eléctrica na União
Europeia desde 1995 tem aumentado
significativamente, sendo expectável que
apresente valores na ordem dos 21% em 2020.
A Directiva Europeia 2004/8/CE define unidade
de micro-cogeração como “unidade de
cogeração cuja capacidade máxima seja
inferior a 50 kWe”. A micro-cogeração é
aplicada a instalações com uma potência
inferior a 1 MW, geralmente utilizada em
Gráfico 3 - Peso da cogeração o sector energético na UE e edifícios de escritórios, residências, centros
perspectivas de evolução, (Fonte: EUROSTAT, 2009). comerciais, hospitais, hotéis, entre outros.
Segundo o Engenheiro João Salema, da Equipa Técnica Self Energy, é feita a distinção entre instalações
de micro-cogeração doméstica, para instalações de potência inferior a 10 kW (apartamentos, moradias,
piscinas, etc.), e não doméstica, para instalações de potência superior a 10 kW. Defende ainda, que o
reaproveitamento do calor residual permite uma eficiência de 80% dos sistemas de cogeração (16).

2.9.Sistemas híbridos
Um sistema híbrido é qualquer sistema de produção de electricidade que engloba mais do que um tipo de
tecnologia. O exemplo mais comum dentro desta categoria é o sistema eólico/fotovoltaico (8).

2.10. Best Practice União Europeia


Associada à microgeração e em sistemas com ligação à rede existe um sistema de tarifas que varia
consoante a legislação do país onde se realiza a produção de energia. Geralmente, as tarifas na Europa
são baseadas nos custos actuais de produção de energia a partir das diferentes fontes renováveis,
oferecendo assim um lucro razoável. Outras características consideradas como essenciais para o sucesso
das tarifas na Europa são os contratos a longo prazo que disponibilizam, assim como os processos de
registo e licenciamento curtos e simplificados. As tarifas incluem também um elevado nível de diferenciação
de preço tornando os investimentos em opções viáveis e lucrativas para diferentes tecnologias, projectos,
tamanhos e localizações. Estas inúmeras características tornam as tarifas europeias mais sofisticadas que
as existentes noutros países como os EUA e o Japão o que levou a que alguns especialistas as
(17)
começassem a distinguir por tarifas avançadas .
Países como Alemanha e Espanha são líderes no que diz respeito à legislação a partir de tarifas (7),
contudo, além destes dois países, França e Itália têm registado também um grande aumento no que diz
respeito à capacidade instalada de sistemas integrados em edifícios, nomeadamente painéis fotovoltaicos
(18)
. Este facto deve-se à recente alteração da legislação existente nos mesmos.
A Alemanha foi um dos primeiros países a adoptar um sistema de tarifa como mecanismo de promoção de
energias renováveis, lançando a sua primeira tarifa em 1991. Contudo, foi com o lançamento da chamada
Lei das Energia Renováveis (EEG), em 2000, que os investimentos começaram a surgir. Inicialmente a
electricidade gerada a partir de painéis fotovoltaicos era remunerada a 0,51€/kWh. Posteriormente foram
introduzidas tarifas diferenciadas consoante a localização do sistema (telhado, fachada e solo). A tarifa base
aumentou assim para os 0,57€/kWh, sendo que com a revisão do decreto em 2004 os sistemas menores
recebem uma maior remuneração, pois o objectivo principal da EEG é fornecer a mesma margem de lucro
para os diferentes sistemas (quanto mais reduzido o sistema mais custos a instalação). A remuneração para
a energia eólica não depende da potência que é instalada mas sim da data de instalação e quanto às
instalações de co-geração apenas são abrangidas pelo regulamento os sistemas que usem biomassa como
combustível, sendo diferenciadas pela capacidade que é instalada e pelo facto ou não de se produzir calor
(19)
juntamente com a produção de electricidade .
O enquadramento espanhol é composto por dois decretos-lei, um que regula a produção de energia solar
fotovoltaica e outro que regula as restantes tecnologias, estes permitem que o produtor escolha entre um
preço fixo e um prémio adicionado ao preço normal de mercado da electricidade. A escolha é válida por um
ano, findo esse período o produtor pode escolher entre manter a fórmula ou mudar para a alternativa. Este
decreto-lei define: a) Sistemas de cogeração: tarifa máxima de 0,1329€/kWh, durante o tempo de vida do
sistema; b) Sistemas fotovoltaicos: 0,2694€/kWh para os primeiros 25 anos; c) Sistemas eólicos: até 0,0732
€/kWh nos primeiros 20 anos; d) Mini-hídrica: 0,078€/kWh nos primeiros 25 anos; e) Biomassa: até
(19)
0,1306€/kWh nos primeiros 15 anos .
O mercado francês das energias renováveis é dominado pelos sistemas fotovoltaicos integrados em
edifícios para aplicações comerciais e residenciais. Contudo em 2008, 105MW estavam instalados mas
(20)
apenas 46MW estavam ligados à rede devido aos longos processos de registo e licenciamento , o que de
resto também sucedeu com Portugal. O esquema aplicado em França dá relevo a outro aspecto bastante
importante, o da correcção da tarifa pela inflação. O facto de a tarifa não evoluir de acordo com a inflação
pode ser a razão pela qual um projecto deixa de ser economicamente viável, pelo que em França a tarifa é
revista anualmente para todos os sistemas – novos e existentes – de acordo com a inflação ocorrida.
Quanto a tarifas, para a energia solar fotovoltaica as tarifas variam entre 0,328€ (sistemas no solo) e 0,602€
(sistemas integrados em edifícios).
A Itália introduziu pela primeira vez uma legislação para as energias renováveis em 2005, contudo, foi em
2007 que foi lançado o decreto que revolucionou o mercado fotovoltaico. Este decreto permitiu que o
mercado italiano crescesse até uma capacidade instalada de 430 MW no fim de 2008, sendo que 338MW
foram instalados no mesmo ano. Além da alta radiação solar, o país oferece um esquema que mistura
tarifas à base de prémios com esquemas onde os produtores podem vender o que não consomem. As
tarifas para a energia solar fotovoltaica variam consoante a integração ou não nos edifícios e a potência dos
sistemas, isto é, entre 0,3528€ e 0,4802€. Deste Janeiro de 2009, o governo italiano estendeu o sistema
chamado de ligação por contador a sistemas com potências até 200 kW e modificou o método de cálculo
baseado no equilíbrio entre o valor da energia entregue à rede e o valor que os consumidores pagam por
ela. Se existir um excesso de electricidade entregue à rede, o dono do sistema obtém um crédito
correspondente ao valor do excesso da electricidade. O exemplo Italiano é também de grande interesse
para Portugal, uma vez que os dois países têm grandes semelhanças, tanto a nível de radiação como em
termos culturais (19).

3. APLICABILIDADE EM PORTUGAL

Nos últimos anos o sector da energia alterou-se de forma considerável, não só no mundo mas também em
Portugal, surgindo assim um novo paradigma energético. As evidências deste novo paradigma são
facilmente visíveis: hoje a energia e o ambiente são dois temas indissociáveis, as preocupações com a
utilização racional de energia aumentaram e a sua produção passou a ser mais descentralizada. Assim, a
energia passou a ser um veículo para o desenvolvimento económico permitindo a cada economia adoptar o
seu “mix” sustentável.
Portugal é um país que muito depende das importações de combustíveis fósseis devido ao facto de não ter
poços de petróleo, nem minas de carvão e muito menos depósitos de gás natural viáveis. Por outro lado,
quanto a fontes de energia renováveis, o país tem um grande potencial que cada vez mais tem vindo a ser
explorado, não só com o intuito de reduzir a dependência energética do estrangeiro mas também para não
aumentar e reduzir o consumo de energias que envolvem emissões de gases com efeito de estufa,
contribuindo assim para o combate às alterações climáticas.
Portugal apresenta uma rede hidrográfica relativamente densa, uma elevada exposição solar média anual e
dispõe de uma vasta frente marítima onde os ventos são predominantes. Todos estes factores conferem a
possibilidade de se aproveitar o potencial energético da água, luz solar, das ondas e do vento. Como visto,
Portugal encontra-se numa posição privilegiada que lhe permite colocar-se na vanguarda da demanda de
(12)
um desenvolvimento sustentável . Apesar disso, é curioso observar como países que considerados frios e
aos quais associamos mais chuva e neve apresentem uma capacidade instalada de painéis solares muito
superior a Portugal, como é o caso da Alemanha e Dinamarca.
O Governo Português, a fim de conseguir que as energias renováveis representassem 60% da potência
instalada para a produção de energia eléctrica, definiu três metas energéticas e ambientais, onde uma delas
(10)
faz referência à instalação de 50 000 unidades de microprodução eléctrica e criou legislação nesse
sentido. Em Março de 2009 já podiam ser contabilizadas 4 000 centrais de microprodução sendo que os
mais optimistas esperam que se atinja as tais 50 mil instalações referidas até 2015, com uma potência total
de 165MW (21).
Em Portugal, a legislação actual que regulamenta a microprodução de energia é o Decreto-Lei nº 363/2007,
de 2 de Novembro, atribuindo-lhe o nome de Renováveis à Hora. Este caracteriza-se principalmente pela
existência de dois regimes bastantes diferentes, geral e bonificado, sendo que o primeiro possibilita a
ligação de sistemas até 5,75 kW enquanto o outro define os 3,68kW como potência máxima de ligação.
Para o regime geral, a tarifa de venda de electricidade é igual à que é aplicada pelo comercializador de
último recurso no fornecimento à rede (normalmente EDP) tendo como condição serem unidades de
produção de electricidade monofásica. Já para o regime bonificado existem outras condições a serem
respeitadas: 1) além da potência máxima de ligação já referida (que corresponde a 50% da potência
contratada) o produtor pode utilizar fontes de energia renovável como a solar, eólica, hídrica, cogeração a
biomassa ou pilhas de combustível, com base em hidrogénio proveniente de microprodução renovável; 2) A
limitação dos 50% não é válida para condomínios, sendo que estes necessitam de realizar uma auditoria
energética ao edifício; 3) os produtores que instalem unidades de micro-eólicas em locais de acesso público
têm de possuir um seguro de responsabilidade civil; 4) quando instaladas unidades de cogeração a
biomassa, estas deverão estar integradas no aquecimento do edifício; 5) as unidades de microprodução
renovável abrangidas por este regime, com a excepção das unidades de cogeração a biomassa, só poderão
ser instaladas desde que a entidade produtora disponha de colectores solares térmicos para aquecimento
2
de água na instalação de consumo, com um mínimo de 2m de área de colector; 6) cada produtor terá uma
tarifa única garantida nos primeiros cinco anos após a instalação, sendo a tarifa sucessivamente reduzida
nos 10 anos seguintes. Após este período é aplicada a tarifa do regime geral de remuneração; 7) a tarifa de
referência é de 650 €/MWh para os primeiros 10 MW de potência instalada, após a qual a tarifa decresce
5%, e varia segundo o tipo de tecnologia de produção, em que é 100% para a solar fotovoltaica, 70% para a
eólica, 30% para a hídrica e cogeração a biomassa, no caso pilhas de combustível com base em hidrogénio
a percentagem é igual àquela aplicada à fonte renovável utilizada para a produção de hidrogénio e para os
casos de sistemas mistos, esta tem uma fórmula especificada no DL; 8) a potência instalada tem um
máximo anual de 10 MW para o ano 2008 sendo que este valor aumenta anual e sucessivamente em 20%;
9) a venda de electricidade produzida através de tecnologia fotovoltaica é limitada a 2,4 MWh/ano, e a 4
MWh/ano, no caso das restantes fontes renováveis (6).

3.1.Comparação entre Microgeração e duas Barragens


Num estudo em que se compara a microgeração (10%, 20% e 30% de integração nas redes de baixa
tensão) com duas barragens (Baixo Sabor e Foz Tua), os resultados mostram que o sistema de
microgeração fornece mais energia anual e evita mais a emissão de CO2, apesar de ocupar uma menor
área, independentemente da percentagem e integração nas redes de baixa tensão (22).

3.3. Comportamento das componentes energéticas ao longo do dia


Se for analisado o comportamento do consumo energético, residencial e comercial, ao longo do dia, pode
observar-se que a procura da energia varia bastante, existindo picos de utilização da rede entre as 14-16h e
entre as 19-22h. A produção descentralizada (microgeração), ao contrário da centralizada, permite fazer
face aos elevados pedidos à rede, nomeadamente nos picos. No entanto, como esta se faz recorrendo a
variáveis energéticas, os
cenários variam consoante
a estações do ano e entre
si (gráfico 4).
Como se pode ver, a
energia hídrica não é
rentável na
Primavera/Verão, sendo
que a mais rentável é a
solar fotovoltaica. Já no
Outono/Inverno, a energia
hídrica consegue produzir
durante todo o dia cerca de
50%, e a produção de
energia eólica e de energia
proveniente da cogeração
aumenta. A energia solar
fotovoltaica diminui a sua
percentagem e o tempo de Gráfico 4 - Diagrama de geração de energias renováveis em Portugal na Primavera/Verão
produção .
(5) (% do valor de pico) (Fonte: Garrido, 2008).

3.2. Análise financeira de um sistema fotovoltaico


Admitindo a instalação de um sistema típico de microgeração solar fotovoltaica (25 anos de tempo de vida),
com uma potência de ligação adequada aos consumidores com 6,49kVA de potência contratada, podendo
apenas ter 3,45kW de potência de ligação (50% da contratada) e 3,45kWp de potência-pico instalada
(potência nominal do painel fotovoltaico em condições de referência), o investimento total rondará os 20 700
€ em que 6 000€ corresponderão aos custos de ligação à rede e do contador de telecontagem.
Partindo do princípio que o sistema foi instalado no primeiro ano de implementação, a remuneração da
energia eléctrica produzida será de 0,65€/kWh (actualmente é de 0,6175€/kWh) nos primeiros 5 anos,
sendo depois reduzida segundo a legislação aplicada. Anualmente, com uma produtividade anual de 1500
kWh/kW, o microprodutor receberá cerca de 3 360€. Assim, o retorno do investimento será feito no fim de 9
anos e a viabilidade do investimento é garantida por uma Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) de 11,5%. De
referir que consoante a empresa à qual se faz a compra da tecnologia, que também fará a instalação, e a
(21)
localização geográfica do local de instalação, o retorno poderá ser feito em mais ou menos tempo .
3.4. Análise de rentabilidade económica dos sistemas fotovoltaicos e eólicos
O estudo de caso apresentado por Agostinho, A. e Jorge, H. apresenta uma análise de rentabilidade
económica para sistemas fotovoltaicos e eólicos em três localidades do país: Coimbra, Lisboa e Faro para
os sistemas fotovoltaicos, e Coimbra, Penhas Douradas e Faro para os sistemas eólicos. Neste estudo
foram tidas em conta as tarifas reguladas pelo Decreto-Lei 363/2007, de 2 de Novembro e as unidades de
microgeração foram instaladas em 2008. Foram adoptados os valores de 5,5€/Wp instalado para os
sistemas solares fotovoltaicos e 4,5€/W para os sistemas eólicos (tabela 1).
Pela análise dos resultados obtidos, a maior produção de energia anual advém de Faro, seguindo-se Lisboa
e por fim Coimbra quanto aos sistemas fotovoltaicos, estes resultados podem ser facilmente percebidos ao
analisar a figura 4. Quanto à energia eólica, a sua produção é Tabela 1 - Dados Utilizados nas simulações
maior nas Penhas Douradas, seguindo-se Faro e por fim, de sistemas microprodutores solares
Coimbra. fotovoltaicos e eólicos, respectivamente
Para a análise da rentabilidade foi utilizada a (Fonte: Huberto&Agostinho, 2009).
TIR numa duração temporal de 15 anos. Nos
sistemas fotovoltaicos verificou-se que a TIR
é maior em Faro, seguindo-se Lisboa e por
fim Coimbra, como já seria de esperar. Nos
sistemas eólicos, Coimbra continua a ser a
localização com a menor taxa, seguindo-se
Faro e com maior TIR Penhas Douradas.
Comparando as duas tecnologias, aquela
que tem maior TIR é o sistema eólico com
Figura 4 - Média 35,45% nas Penhas Douradas,
anual de radiação contrapondo os 8,34% do sistema
solar disponível em fotovoltaico em Faro.
Portugal continental Foi utilizado um outro indicador económico, Período de Retorno do Investimento (PRI),
(10)
. que mostra de acordo com o que já se viu, que o menor período de retorno é de 3 anos
e 6 meses para o sistema eólico nas Penhas Douradas, seguindo-se 4 anos e 11 meses para o mesmo
sistema mas em Faro, 6 anos e 6 meses para o sistema fotovoltaico em Faro e 8 anos e 3 meses para o
mesmo sistema em Lisboa. Coimbra é a localização em que o período de retorno é menor em ambos os
sistemas, com 8 anos e 9 meses para o sistema fotovoltaico e 7 anos e dois meses para o sistema eólico,
isto porque Coimbra é aquela que apresenta índices de radiação e velocidade média do vento mais
reduzidos. Assim verifica-se que a produção eólica se torna mais vantajosa, apesar de ter tarifas de venda
mais reduzidas, porque o investimento inicial é menor, o potencial eólico do país é forte e porque esta
energia pode ser produzida ao longo de 24h. A grande dificuldade da implementação deste sistema prende-
se com a dificuldade de acondicionar no local adequado para o aerogerador, principalmente em zonas
urbanas.
Analisando também os sistemas mistos destas duas tecnologias, em Coimbra e Faro, percebeu-se que
estes são mais rentáveis em Faro porque a capacidade de produção através das duas fontes é mais
elevada nesta cidade. Também se concluiu que qualquer sistema misto é mais rentável que os sistemas
fotovoltaicos para a cidade de Coimbra. No caso de Faro, apenas um dos sistemas mistos analisados
supera a taxa de rentabilidade obtida para um sistema unicamente eólico. Assim, os sistemas mistos são
uma boa hipótese de implementação porque produzem de uma forma mais contínua o que também leva a
uma remuneração mais contínua (9).

4. CONCLUSÕES

A microgeração é uma forma muito importante para reduzir a factura energética, contribuir para a redução
das emissões de gases que contribuem para o efeito de estufa, reduzir a dependência energética do país,
reduzir os gastos em novas infra-estruturas para a produção centralizada de energia e ainda tirar algum
lucro aquando da venda da energia à rede.
Como se pode constatar ao longo do artigo, a produção de energia a partir de fontes renováveis consegue
satisfazer grande parte das necessidades de consumo de uma forma mais eficiente e ambientalmente mais
aceitável. Resta a cada microprodutor escolher a ou as tecnologias que mais lhe convêm, tendo em conta
tudo o que aqui foi referido.
Através da análise feita das tarifas nos países referidos, conclui-se que em Portugal as tarifas no regime
bonificado são superiores aos restantes países. Apesar do investimento inicial que se verifica, é certo que a
microgeração é uma área com enorme potencial de crescimento, quer a nível nacional, quer a nível mundial,
devendo ser implementada em larga escala. Mas não é só o investimento que se deve ter em conta, pois
mesmo que este seja recuperado em 9 anos (aproximadamente) existe o risco de abrandamento do
interesse por parte dos potenciais microprodutores, não só devido à actual crise financeira como também
devido à revisão progressiva da tarifa (-5%) por cada pacote de 10MW de potência registada. A tendência
será para piorar esta situação se os custos dos equipamentos não acompanhar a evolução da tarifa de
referência. Isto também se verifica no último estudo apresentado, sobre a análise de rentabilidade dos
sistemas solares fotovoltaicos e eólicos, em que é premente que o valor o investimento baixe de modo a
oferecer menor risco e maior rentabilidade. Em ambos os sistemas analisados no estudo referido, os valores
obtidos para os períodos de retorno e para as taxas de rentabilidade não foram tão satisfatórios para
localidades em que os níveis de produção das variáveis energéticas são médios. Prova-se assim que para a
implementação de tecnologias de microgeração serem vantajosas como já referido, é necessário ainda
fazer alguns ajustes, nomeadamente quanto aos preços praticados pelo mercado de instalação destes
sistemas, face ao decréscimo proveniente da actualização das tarifas de remuneração, constituindo assim
uma barreira à adesão da microgeração. Este ajuste tem sido gradual mas espera-se que se intensifique
brevemente como aconteceu em Espanha, onde o menor custo na instalação de sistemas microprodutores
tem levado a uma adesão significativa.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Porto : s.n.,
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Departamento de Engenharia do Ambiente, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
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Faculdade de Ciências Tecnologia - Universidade Nova de Lisboa. Monte da Caparica : s.n., 2008. Dissertação do
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