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Estudo de Caso
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................3
2. HISTÓRICO...............................................................................................3
3. LEGISLAÇÃO...........................................................................................8
4. ESTUDO DE CASO.................................................................................19
4.1 A empresa............................................................................................20
5. CONCLUSÃO..........................................................................................25
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................25
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1. INTRODUÇÃO
2. HISTÓRICO
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A primazia dos meios de produção em detrimento da própria saúde humana é fato que,
infelizmente, vem sendo experimentado ao longo da história da sociedade moderna. É
possível conciliar economia e saúde no trabalho.
Finda a Segunda Guerra Mundial, é assinada a Carta das Nações Unidas, em São
Francisco, em 26 de junho de 1945, que estabelece nova ordem na busca da preservação,
progresso social e melhores condições de vida das futuras gerações.
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ausência de afecções ou enfermidades” e que “o gozo do grau máximo de saúde que se pode
alcançar é um dos direitos fundamentais de todo ser humano.”
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Na realidade o problema da saúde do trabalhador passa a ser outra, desloca-se da
atenção dos efeitos para as causas, o que envolve as condições e questões do meio ambiente.
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A proteção à saúde do trabalhador fundamenta-se, constitucionalmente, na tutela “da
vida com dignidade”, e tem como objetivo primordial a redução do risco de doença, como
exemplifica o art. 7º, inciso XXII, e também o art. 200, inciso VIII, que protege o meio
ambiente do trabalho, além do art. 193, que determina que “a ordem social tem como base o
primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”. Posteriormente, o
Ministério do Trabalho, por meio da Portaria nº 3.067, de 12.04.88, aprovou as cinco Normas
Regulamentadoras Rurais vigentes.
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3. LEGISLAÇÃO
Nos termos dos incisos II e VIII do art. 200 da CF/88, compete ao sistema único de
saúde, entre outras coisas, executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem
como as de saúde do trabalhador; e colaborar na proteção do meio ambiente, nele
compreendido o do trabalho. O art. 225 da Magna Carta assegura o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida. O meio ambiente de trabalho
também encontra proteção jurídica nesse dispositivo constitucional, especificamente no inciso
V do §1º, que dispõe, in verbis:
A interpretação sistemática do disposto nos arts. 6º, 7º, XXII, 196 a 200 e art. 225, §1º,
V da Constituição da República não deixa dúvidas de que a saúde do trabalhador e o meio
ambiente do trabalho foram também alçados a direito social de natureza constitucional e cujo
cumprimento é imposto por lei ao empregador, conforme se verifica das prescrições dos arts.
154 a 201 da CLT (com redação dada pela Lei 6.514/77) e nas Portarias 3.214/78 e 3.067/88,
que tratam das normas regulamentares relativas à segurança e medicina do trabalho urbano e
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rural, respectivamente, sendo certo que a efetividade do direito requer a firme atuação do
Poder Público, no sentido de exigir e fiscalizar o cumprimento da lei.
Ora, a saúde, o trabalho e a segurança são direitos sociais insertos no art. 6° da Lei
Maior. O inciso XXII do art. 7° estatui que é direito dos trabalhadores urbanos e rurais a
redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Segundo a classificação de José Afonso da Silva, tal dispositivo constitucional se enquadraria
dentre as normas de eficácia limitada e aplicabilidade indireta, na medida em que depende de
uma norma integradora.
Tais normas, quando do advento da Constituição, já existiam e estão inseridas nos arts.
154 e s. da Consolidação das Leis do Trabalho, com redação dada pela Lei 6.514/77. Há ainda
regulamentando essas normas legais as Portarias n°3.214/78 e 3.067/88, emitidas com fulcro
no art. 155, I, da CLT, que aprovaram as Normas Regulamentadoras das ações e serviços em
matéria de saúde, higiene e segurança no trabalho urbano e rural - são as NRs e NRRs.
Portanto, o direito fundamental e social à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e segurança, previsto no inciso XXII do art. 7° da Magna
Carta, já está devidamente integrado e regulamentado nas normas supracitadas, e, assim, em
plena condição de aplicabilidade imediata.
Se a ação ou omissão for involuntária, mas o dano ocorre, o ato ilícito é culposo.
Culpa é uma conduta positiva ou negativa segundo a qual alguém não quer que o dano
aconteça, mas ele ocorre pela falta de previsão daquilo que é perfeitamente previsível.
Por exemplo, a empresa de transportes que deixa o veículo sair desprovido de freios e
causa acidentes. Em matéria acidentária, a culpa exclusiva do empregado é irrelevante por se
adotar, a par da teoria do risco social, também a responsabilidade objetiva ou sem culpa
(conquista dos trabalhadores) e decorrente da teoria do risco profissional, consagrada em
todas as leis acidentárias do trabalho vigentes no Brasil.
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Somente o dolo exclui a reparação por acidente do trabalho e o ônus da prova, neste
caso, incumbe ao empregador e ao INSS.
Como se sabe, tudo que diz respeito a acidente do trabalho, dentro do risco normal da
atividade laborativa é regido pela Lei de Acidentes , pois dispensa o lesado de demonstrar a
culpa do empregador.
Observe-se que a orientação é que a ação do acidente de trabalho, por ser natureza
alimentar é compensatória e a de responsabilidade civil é indenizatória, visando restabelecer a
situação existente e anterior ao dano.
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Sintetizando a evolução do fundamento da responsabilidade civil, observa-se que a
culpa ou risco consubstancia a razão por que alguém deve ser obrigado a reparar o dano. É
uma observação primária, porém é o fundamento que determina a responsabilidade civil.
O empregador poderá responder, por exemplo, em uma “Ação de Indenização por Ato
Ilícito”, ou em uma “Ação Ordinária de Indenização por Perdas e Danos”, etc.
Legislação e Jurisprudência
CONSTITUIÇÃO FEDERAL/1988
“Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a
melhoria de sua condição social:
I -.......................................................................................................................................
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança;
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XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;”
“Art. 159 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência,
violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.
´Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
“ Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Súmulas:
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“O empregador, que tem o dever de assegurar aos seus empregados as condições de
realizar o trabalho sem pôr em risco sua integridade física, age com culpa se permite que
obreiro sem a devida qualificação e treinamento execute trabalho de alto risco, vindo a sofrer
em conseqüência disso dano irreparável que o impossibilita para suas atividades normais”
(TAPR-Ac.52727900 - 5ª Câmara Civil).
“A reparação do dano moral tem natureza também punitiva, aflitiva para o ofensor,
com o que tem a importante função, entre outros efeitos, de evitar que se repitam situações
semelhantes. A teoria do valor de desestímulo na reparação dos danos morais insere-se na
missão preventiva de sansão civil que defende não só interesse privado mas também visa a
devolução do equilíbrio às relações privadas”. (2º Tribunal de Alçada Civil do Est. SP-
Apelação Civil nº 483.023).
“Uma vez que os mecanismos não são mantidos pelo empregador em perfeito estado
de funcionamento, é evidente que o patrão está contribuindo com culpa, culpa essa que pode
tornar-se grave e até gravíssima, para a produção do acidente, e tal culpa pode equiparar-se ao
dolo”. (Rev. Dos Tribunais, vol. 315, pág. 811).
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Quando a empresa não cumpre a obrigação implícita, no que diz respeito à segurança
do trabalho de seus empregados, tem o dever de indenizá-los, porque quem “cria o risco tem o
dever de eliminá-lo”.
Observe-se que as ações pessoais, prescreviam após 20 (vinte) anos, segundo nosso
Código Civil Brasileiro/ 1917:
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“Art. 342 - O pagamento pela Previdência Social, das prestações decorrentes do
acidente, a que se refere o art. 336 (mortes/acidentes) não exclui a responsabilidade civil da
empresa ou de terceiros”.
Isto é, age com culpa grave a empresa contratante e a contratada que não observam
sequer o mínimo exigível em atividades sabidamente perigosas, no que tange à segurança dos
seus empregados, ensejando, assim, a reprimenda indenizatória de caráter solidário.
O Decreto nº 3.048/99, nos artigos elencados abaixo, tratam das ações regressivas por
parte da Previdência contra os responsáveis e a responsabilidade penal das pessoas jurídicas
que deixarem de observá-las:
DECRETO nº 3.048/99
“Art. 338 - A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e
individuais de proteção e saúde do trabalhador.
“Art. 343 - Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de
cumprir as normas de segurança e saúde do Trabalho”.
Isto sem falar da NR1, item 1.7 das responsabilidades do empregador, que além de
fazer parte do rol da legislação para uma ação proposta por seu empregado, (ações estas de
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responsabilidade civil, objetivando indenização por danos patrimoniais e “morais”
decorrentes dos acidentes do trabalho e das doenças profissionais) será alvo certo de muitas
multas.
...........................................................................................................................................
III - dar conhecimento aos empregados de que são passíveis de punição, pelo
descumprimento das ordens de serviço expedidas; (explicar)
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I - os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho;
(funcionamento e manejo com máquinas/DORTs)
II - os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa;
Observe-se que tudo que ocorrer dentro do risco normal do trabalho, é matéria
puramente acidentária.
DECRETO Nº 3.048/99
“Art.283 - Por infração a qualquer dispositivo das Leis nº 8.212 e 8.213, ambas de
1991, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o
responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete
centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco
centavos), conforme a gravidade da infração, aplicando-se-lhe o disposto nos arts. 290 a 292,
e de acordo com os seguintes valores: (valores expressos em reais em 1999) II - a partir de R$
6.361,73 (seis mil, trezentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) nas seguintes
infrações:
a)........................................................................................................................................
n) deixar a empresa de manter laudo técnico atualizado com referência aos agentes
nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou emitir documentos de
comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo; e o) deixar a
empresa de elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico, abrangendo as atividades
desenvolvidas pelo trabalhador e de fornecer a este, quando da rescisão do contrato, cópia
autêntica deste documento”.
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Portanto, toda empresa que tiver a visão do conjunto, buscando profissionais
especializados, percorrendo toda uma cadeia de atos, discutindo, dirimindo dúvidas, pontos
controversos, orientando, lidando com a realidade existente, traz economia para a empresa -
objetivando custo-benefício, dentro do cenário mercadológico globalizado. Ações
desencadeadas antes de uma crise são mais significativas do que atitudes tomadas depois que
ela acontece.
4. ESTUDO DE CASO
Todo acidente acontece porque ele é provocado. Há duas razões que sempre fazem
acontecer um acidente:
a) Um ato inseguro;
Dessa forma, pode-se observar que os atos inseguros são os praticados pelos
colaboradores, expondo-os ao risco de sofrerem algum tipo de acidente no trabalho.
Sendo assim, as NRs vieram à luz de modo a evitar acidentes ou situações degradantes
aos trabalhadores. Desta forma toda norma regulamentadora possui uma gradação de multas,
para cada item das normas. Estas gradações são divididas por número de empregados, risco na
segurança e risco em medicina do trabalho.
4.1 A empresa
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técnicos de RX, já na parte administrativa, situado na parte posterior do edifício, o quadro é
formado, predominantemente, por pessoas acima de quarenta anos.
NR8 - Edificações
NR17 - Ergonomia
Todas as empresas devem possuir proteção contra incêndio; saídas para retirada de
pessoal em serviço e/ ou público; pessoal treinado e equipamentos. As empresas devem
observar as normas do Corpo de Bombeiros sobre o assunto.
Os itens das NR’s violados com seus códigos e infrações constam na Tabela 1.
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Tabela 1: Itens violados pela empresa, códigos, números de infrações e descrição.
Item da NR
Violado/ Código e Descrição
Infração
8.3.4 As rampas e escadas fixas de qualquer tipo devem ser construídas
Código: 108.020-2 de acordo com as normas técnicas oficiais e mantidas em perfeito
Infração: 3 estado de conservação.
8.4.1 As partes externas, bem como todas as que separem unidades
Código: 108.026-1 autônomas de uma edificação, ainda que não acompanhem sua
Infração: 2 estrutura, devem, obrigatoriamente, observar as normas técnicas
oficiais relativas a resistência ao fogo, isolamento térmico,
isolamento e condicionamento acústico, resistência estrutural e
impermeabilidade.
12.1.4 A distância mínima entre máquinas e equipamentos deve ser de
Código: 112.060-3 0,60m a 0,80m, a critério da autoridade competente em segurança
Infração: 2 e medicina do trabalho.
12.6.4 Nas áreas de trabalho com máquinas e equipamentos devem
Código: 112.088-3 permanecer apenas o operador e as pessoas autorizadas.
Infração: 2
17.3.3 Os assentos utilizados no posto de trabalho devem atender aos
Código: 117.046-5 seguintes requisitos mínimos de conforto: a) altura ajustável a
Infração: 3 estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; b)
características de pouca ou nenhuma conformação na base do
assento; c) borda frontal arredondada; d) encosto com forma
levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar.
17.4.2 (a) Nas atividades que envolvam leitura de documentos para
Código: 117.050-3 digitação, datilografia ou mecanografia deve: a) ser fornecido
Infração: 2 suporte adequado para documentos que possa ser ajustado
proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando
movimentação freqüente do pescoço e fadiga visual.
23.2 Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em numero
Código: 123.001-8 suficiente e dispostas de modo que aqueles que se encontrem
Infração: 3 nesses locais possam abandoná-los com rapidez e segurança, em
caso de emergência.
23.2.2 O sentido de abertura da porta não poderá ser para o interior do
Código: 123.067-0 local de trabalho.
Infração: 2
23.2.5 As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente
Código: 123.070-0 assinaladas por meio de placas ou sinais luminosos, indicando a
Infração: 2 direção de saída.
23.2.8 Os pisos, de níveis diferentes, deverão ter rampas que os
Código: 123.072-7 contornem suavemente e, neste caso, devera ser colocado um
Infração: 1 “aviso” no inicio da rampa, no sentido do da descida.
23.17.3 Deverá ser pintada de vermelho uma larga área do piso embaixo
Código: 123.057-3 do extintor, a qual não poderá ser obstruída por forma nenhuma.
Infração: 1 Essa área deverá ser no mínimo de 1,00m x 1,00m.
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Pela Tabela 1 verifica-se que as infrações estão ligadas ao espaço físico da empresa.
Por se tratar de um edifício antigo, boa parte da construção não está adequada nas normas
atuais da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Alguns cômodos são pequenos
e não possuem área de circulação adequada e não permitem o espaço necessário entre
equipamentos.
No quesito de proteção contra incêndio, a empresa não destacou a área abaixo dos
extintores e possui apenas uma saída/entrada.
Alguns itens de cunho ergonômico também não foram observados, como cadeiras
ajustáveis e apoio adequado para documentos.
A aplicação de multas no descumprimento das NR’s faz uso das bases legais conforme
a Portaria 44 do TEM de abril de 2008 e a NR 28. A definição do valor das multas aplicadas
quando o estabelecimento não se encontra em conformidade com a NR depende dos seguintes
fatores:
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Tabela 2: Gradação das multas em UFIR (NR28 – ANEXO 1)
Na Tabela 3 verifica-se que o valor em multas aplicável a esta empresa pode chegar a
R$ 23654,94, sendo este um valor alto a se pagar por infrações de fácil adequação.
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5. Conclusão
Considerando-se que as multas são relativas a infrações de fácil adequação, como uma
reforma dos ambientes, realocação dos setores favorecendo a logística do processo interno e
adequação de mobiliário conclui-se que a empresa está correndo risco desnecessário.
6. Referências Bibliográficas
http://www.omnia.com.br/boletins/treinamentos/ em 23/10/2010
http://www.bd.com/brasil/periodicos/controle/JCI67.pdf em 23/10/2010
http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articuladas.aspx?cod=28340 em 19/10/10
http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras
Camargo, Marcelo; Souza, Hamilton Edson Lopes de; Segurança do Trabalho: Um Estudo
de Caso de uma Empresa Madeireira; Revista Eletrônica Lato Sensu; Ed. 6, 2008.
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