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EDIÇÃO 01 | SETEMBRO 2019

Formamos um corpo único através de nossa obra.


Um corpo que é muito mais que um punhado
de palavras misturadas numa panela de cores.

Somos, nós mesmos, o caminho para a propagação da nossa arte pulsante.


Tinta negra em nossas veias que corre de encontro a esse papel
que se traveste em pixels.

Venha percorrer esse caminho e fazer parte desse corpo você também!

Boa jornada.

Rodrigo Cairo
IDEALIZAÇÃO / CAPA / PROJETO GRÁFICO SUMÁRIO
Rodrigo Cairo

Poesias 04
CONSULTORIA
Nathalia Ouro Crônicas 25

SOCIAL MEDIA Contos 35


Ivy Cairo

Artigos 43
SUGESTÕES E CONTATO
contato@caminhoseditora.com.br Músicas 50
Poesias

Lethicia Ouro
Copo de Leite
Aquarela
PARTICIPANTES
Adelina Carrilho

Davi Roballo

Anita Santana

Lis Pereira

Victor Guerra

J. Brandão

Luciana Quintão de Moraes

Pacífico

Simone Moura

Miguel Chammas

Nathalia Ouro
Iria Alves

José Ribamar Mitoso


Eu sou como o vento, ora uma brisa suave que entra devagarinho
por qualquer brecha, ora uma rajada bem forte que levanta
qualquer coisa e espalha tudo pelo chão.

Sombra minha, esse vento forte, rajada, ventania, na pior


das hipóteses, tufão.

Hoje sei a minha essência e posso perceber de imediato


o vento que irá soprar.

Vento meu, vento meu... tenho gostado de permanecer mais


na brisa suave ou então naquele ventinho rápido que passa
como uma sensação de alegria, um vento que brinca com as
folhas das árvores, com os cabelos de quem passa, com as saias,
com a fogueira e com as bandeirinhas de São João
e brinca e brinca e brinca.

Eu sou como o vento... tenho asas nos tornozelos e a cabeça no céu...

Adelina Carrilho
Meu barco, meu rio

Meu barco, meu remo, meu rio, meu destino o mar, senhor
imponderável, imensidão de águas que engole homens,
rios e segredos.

Meu barco vai singrando as águas de meu destino, quase sempre


é um navio, às vezes uma pequena jangada, em outras vezes,
sou apenas náufrago dos sonhos que não dei vida me afogando
na covardia de não ter tentado, sonhos que me atormentam nas
torrentes das madrugadas sem estrelas.

Meu barco, meu rio, meu destino, abordo: uma criança recém-nascida,
um menino caçador de estrelas com o bolso cheio de sonhos, um
adolescente ansioso, um adulto ambicioso e um velho que mais pensa
que fala, visto que, deu a todos sua vitalidade, sua voz e sua garra.

No meu barco, no meu rio, a criança recém-nascida chora,


quer retornar ao conforto do útero da mãe, enquanto o menino
sonhador a consola contando estrelas, na proa o adolescente quer
saber a que horas o rio vai encontrar com o mar, o adulto ambicioso
deseja saber o quanto de riqueza há por lá, enquanto isso, o velho
desenha um sorriso em seu rosto beijado por uma brisa suave que
balança seus cabelos.

Meu rio, meu barco, meu remo, meu destino o mar no qual
desaparecerão todos os meus medos.
Estranho eu

Um dia dei-me conta que por cá estava de volta e em outro corpo


flutuava, outro nome, outra identidade, uma profusão em minha
meninice confusa se estabeleceu, havia um desconhecido em mim,
eu desconhecido de mim mesmo.

Olhava-me no espelho, tocava-me os olhos, o nariz, a boca, observava


meus dentes, causava-me espanto minha própria voz, visto que,
naquele momento eu era estranho de mim mesmo.

Um outro eu pairava sobre mim, parecia me alcançar, mas quando


eu lhe estendia as mãos ele esvaecia no ar e eu não o pude pegar.
Os minutos passaram, a normalidade se restabeleceu, mas em meu ser
até hoje resta a certeza de que já fui muitos rostos sendo apenas eu.

Tempestades da vida

A vida, este fenômeno que chamamos de existência é na verdade uma


constante tempestade, para entendê-la é preciso ter um caos dentro
de si mesmo, é preciso sem um bom alpinista é um bom timoneiro.

É preciso dançar corajosamente entre as vagas do medo, mas,


nos passos de dança em uma tempestade, um péssimo bailarino
é arrasado por seus raios e fúria do vento.

O bom bailarino equilibra-se entre o sim e o não, o mau bailarino que


pende definitivamente de um lado para outro, não dança, é arrastado
pela intempérie que há dentro de si mesmo.

Davi Roballo
Fotografia:
Anita Santana

Ausência

Faltam casais de namorados


E conversas bobas, confidências sérias;

Faltam beijos roubados mesmo


Em manhãs ou tardes de sol;

Faltam segredos contados


Ao pé do ouvido ou risadas
Como canções embaladas
Em leves ventanias.

Paisagem imóvel aguarda surpresas


Chegada de amores esquecidos!

Anita Santana
… Amanhã ele muda!

Mas eu estou tão cansada que ele do nada expluda!


Será que este amor só termina com uma arma pontiaguda?
A cova que me rodeia … quer que eu depressa me iluda!

Amanhã ele muda…

Mas eu estou tão farta desta dor tão profunda!


Será que não há ninguém aqui que me acuda?
A cova que me rodeia … está cada vez mais funda.

Amanhã ele muda?

Mas eu estou exausta de viver nesta assustadora barafunda


Será que mais vale isolar-me, ficar inerte num canto e muda?
A cova que me rodeia espera-me … e já se tornou tão imunda!

Amanhã? … Ele muda?

Eu nunca beijei outro homem e ele chama-me vagabunda!


Será que ninguém vê esta perseguição que nunca desgruda?
A cova que me rodeia … chama-me e diz que lá a paz me saúda.

Quem me disse que ele mudava?

Eu … morri!!! Ele…
ficou impune para caçar outra no seu jogo da moribunda

Será que algum dia se vão unir as vozes revoltadas e haverá mais entreajuda?

A cova que me abraçou … hoje até chorou! Pois eu era só uma miúda!!!

Lis Pereira
Minha alma ferina blasfema de ódio
e pragueja contra a criação divina

meu mundo podre me obriga a gritar


contra o asfalto que oprime
a massa mórbida
de gentes sem nome

rasgados meus pulmões


de fumaça de aço
eclode o brado rouco
de minha traqueia cortada
é chuva ainda
o berro surdo se ouve
e o sol hoje não saiu
eu um ou dois passantes
meu corpo se confunde com as águas
mas reverbera em estruturas
amalgamados em piche e barro
de concreto exposto
não há mais sol
respiro o fedor
nem mais ar pra gritar
que sobe dos bueiros
e a chuva encobre meu choro
moradas de dejetos
humanos quem ousará falar sobre a tristeza
quando se ostentam poemas
sorvo a podridão
de raiva e de força
de sacolas de lixo
molhadas de chuva meu corpo é negado
ácida em meio a hordas abstratas
que vociferam ódio e estupidez
ando pelas ruas
como um pássaro um cigarro cai de meus dedos
que passa rasteiro eu uma poça de água
por entre fios elétricos fuliginosa

atravessando sete infernos seu caldo escorre pela rua


adquirindo sete chagas pisado por pedestres
como a morte caminha apressada fundindo meu ser com a cidade
por um campo de batalha que chora chorume

Victor Guerra
Pássaro cretino
Cretino pássaro
(que pousou no encosto do banco que é nosso)

Pássaro cretino
Cretino pássaro
(quase agourento por anunciar a tempestade vindoura)

Pássaro cretino
Cretino pássaro
(que vomita essa torrente de obscenidade
enquanto pensamos ouvir canção de amores)

Pássaro cretino
Cretino pássaro
(por ti não morro nem de ódio nem de amores,
por ti não canto nem choro nem derramo minhas dores)

Pássaro cretino
Cretino pássaro
(que descobriu o sentido da vida e agora, escabreado,
almeja a ignorância de antes)

Pássaro cretino
Cretino Pássaro
(que agora viaja ao longe para morrer entre os seus,
em terra conhecida, em terra amiga, findar os seus dias)

Pássaro falecido
Falecido pássaro
Desarranjo

A bifurcação do hálito
(...que é meu)

O fenecer de um copo sobre a mesa


(...que eu usei...)

A queda do pássaro no abismo


(...que voa, mas se recusa a fazê-lo)

Um abismo de vozes no escuro


(desespero)

Uma doença qualquer estampada no negro dos teus olhos


(sandice)

Aversão felina à luxúria do corpo


(...que eu não explico)

A putrefação da carne
(que não é minha)

Ao silêncio berrante dos teus lábios


(...quando eu oro)

A complexidade genuína dos teus emaranhados cabelos


(enfraquecidos...)

A história contada no meio da página


(...que eu esqueço)

A página arrancada brutalmente


(obra minha)

Ao menos eu penso assim


(...)
Casos

Um lápis que rabisca, uma folha amassada


Uma blusa manchada, uma xícara quebrada
Da antiga vida, não restou nada.

O peso da pena, a leveza da pedra


A fluidez da água, a solidez da terra
O canto do pássaro, a indecisão do passo
Da tua desistência já estou farto...

J. Brandão
Hoje / Capital do sonho invisível

Nem simples nem difícil


Apresentamos supostas princesas
À nossa leal bruxa

O pensado nem sempre é verídico


E realmente nem o que vês
É sempre o princípio
A aurora da vida redesenha
Mas alavançamos em alta quilometragem Sua forma-cor
Quebrando espelhos, saltando com rãs Assim que olhamos
pelos lagos de gelo, retornando à época De novo
Em que o arroz no Nilo abastecia mais Quando se busca o Ser
sentimentos que as naus do moderno Não há um modo reto de avaliação
Talvez A nossa música mira por variados cantos
: O que permanece é o sentido
E avançamos _ imbuídos de Horizontes
e o Elo quer
Que adormecemos
Dentro do pote Anônimo Nossas crianças nos carregaram ontem
Que já é hoje passando amanhãs
Ação sintomática jogada ao mar
Nas águas marotas, praticamente o fim
revivendo
últimas e outras infâncias Porque elas sabem
Apagando muros de diversos O que é lembrar do
Caminhos distantes Que ainda deve existir

Luciana Quintão de Moraes


Soneto

Solidão sim, mas não por tanto tempo;


Meu negócio é viver de passarinho.
Se te amo, ora a todo momento,
Ora é só andorinha de verão

Se me assolam o frio e o vento,


E fico tertuliando sozinho;
Eu confabulo neste apartamento
Curtindo, convicto, minha solidão.

Mas, se me procurares algum dia


- Por saudade, solidão, ou acaso -
Nos meus braços, eterna, te amaria

Se dessa paixão fizer pouco caso


- Não por ser deselegante mania -
Será por medo do seu desamparo

3x4 Seca Fluxo


Fique tranquila outra seca vem o verso flui
Molhar-se faz mandacarus sob o sol fluido fluxo
Parte da vida nada no céu segue o curso
fluvial
já dizia um grego
ou outro, não sei,
que um rio nunca é o mesmo
tal como o verso
que eu já esqueci

e se chegou até aqui


é porque o verso correu
nunca mais será o mesmo
nem ele nem eu

Pacífico
Alma apaixonada

A paixão faz o homem voltar a ser menino


Transforma-se em um viajante peregrino
Que procura incessante o carinho

Faz o forte, fraco ficar.


Ilude, engana, trai...
O que está de pé, cai!

Sentimento traiçoeiro
Que arranca o sentido
Transforma juiz em mendigo
Implorando ser atendido

Mas é passageira
Apaga logo sua chama
Até que outro a incendeia...

Simone Moura
O Baile

Antes a valsa
Alegre rodada, Te olho
Ligeira, marcada Me olhas,
Íamos os dois Sorrio
A rodopiar. Sorris.
Ouvidos alertas Te chamo
Os corpos eretos, Tu vens.
Os pés mui atentos Recomeça a música
Corações palpitantes Reconheço o ritmo
E a valsa a tocar. Nada mais sugestivo Voamos com as pernas
Acordes finais, Bolero. Corremos com afã,
A valsa acabou. Quiçás, quiçás, quiçás... Buscamos a alcova,
Pares desfeitos Te enlaço e Dos nossos delírios
Olhares refeitos Bailamos, Dos nossos desejos
Posturas, Aos sonhos nos entregamos Te dispo,
Mesuras Quiçás, quiçás, jamais! Me dispo,
Todos perfeitos Te beijo, Te abraço,
Num canto afastado Me beijas. Me abraças,
Olhar estudado os olhares se cruzam, Sinto teu peito arfar,
Instinto aguçado os lábios unidos Vejo teus seios
Me sinto enlevado não podem falar. Subirem e descerem
As mãos aloucadas No ritmo de tua respiração.
Em busca frenética, Minhas mãos percorrem,
Te apalpam, Sem rumo ou nexo
Me apalpam, Teu corpo, tuas pernas.
Com força, E então fazemos amor,
Sem meta, Nos consagramos ao sexo.
Instintos acesos, Depois,
extenuados,
Num abraço apertado,
Dormimos apaixonados

Miguel Chammas
Sobre a construção do Amor

Sempre achei que o amor viria,


Assim descarado,
Como em sonho ou em filme
Que ele vinha sem ser anunciado
E que tomaria conta e as rédeas minhas.

Mas foi tudo diferente, difuso e nada claro.


Veio disfarçado. E eu que achava que sabia tudo...
Me via sem saber nada. Me via descontruída.

E foi o que precisei fazer para encontrar você.


Mostrar minha cara, meu verdadeiro eu.
Me mostrar pura, inteira, imperfeita.
E você aceitar. Me entregar sem sorrisos, em choros.
Nos conhecendo na dor
E na dor nasceu o amor.

Porque antes não sabíamos que não é só de amor que se vive uma vida.
E como o amor parece fácil, ninguém valoriza.
Mas de fácil nada ou tudo pode ser.
É só a maneira da gente ver.

Nunca achei que seria assim.


Que poderia gostar mais a cada dia.
Antes sempre foi o inverso.
Gostava muito e depois diminuía.
E então o tempo foi passando
E eu acostumando com o contato, entrega, abraço e companhia.
Foi preciso humildade, num primeiro passo.
Respeito e cumplicidade.
Descobri a imperfeição em mim, no outro, em tudo.
Aceitação. Mais uma vez e sempre, respeito.

Cuidar, querer bem, sempre estar.


Admirar e preservar.
Crescer junto.
Gostar.

Dar espaço.
Às vezes grito, é raro, mas você continua e faz o almoço.
Muitas vezes você se estressa e briga com os cachorros.
E eu sigo, acalmando todos.
São momentos que constroem
O nosso se relacionar,
E que é como o de todos.
Há como aprender e conseguir.
Escolher e viver enfim
Se deixando perder a razão
Para então encontrar o verdadeiro modelo de amar o cotidiano
e transformar o seu dia-a-dia sempre no maior dia que há.

Nathalia Ouro
A liberdade!
Todos procuram a sonhada liberdade!
Mas, afinal o que é liberdade?
O que te prende?
Nada, nem ninguém pode impedir o homem de ser livre! De sonhar!
De projetar o seu futuro. De ampliar o seu horizonte!
No entanto, as pessoas são livres e dizem que estão se sentindo presas,
angustiadas, sem liberdade!
Viajei pra dentro do meu interior...parei em cada estação que percorri
e encontrei uma infinidade de emoções e sensações: vi muitas flores
das mais variadas. Cada uma com a sua cor específica... borboletas
pequenas, grandes, voando sem destino. Pássaros, sim alguns
cantavam despreocupados, outros voavam aqui e ali, uns namoravam
e outros comiam.
Em algumas estações havia sol e céu azul, em outras nuvens negras
encobriam a luz natural.
Analisando os meus sentimentos em relação ao que aconteceu
em cada estação, percebi que existe todo um universo à nossa volta
cheio de coisas boas ou não!
E que a liberdade está com quem não se prende a pequenos acontecimentos.
A liberdade está com quem não se frustra diante dos desejos não satisfeitos.
A liberdade está com quem sente, sofre, entende o seu sentimento
e caminha pra frente!
Com quem não perde tempo e entende que a vida tem muito mais
para oferecer!
A liberdade está com quem usa a sua energia para fazer o bem!
Soltemos as nossas amarras imaginárias!
Voemos!
Cantemos no sol, na chuva!
SOMOS LIVRES!!! Iria Alves
Florestal

Serei eu um mito europeu?

Um filho de uma amazona transplantada da Grécia


e importada do panteão de Zeus?

Serei eu o fígado doce e castigado de Prometeu?

Quantos corvos ainda adoçarão seus bicos imundos na glicose cristal


do fogo do conhecimento proibido em meu fígado?

Ou serei eu um peixe Tikuna pescado no igarapé Evare?

Ou um sopro da Vó Ye’pá ...na casa do vento no alto Rio Negro ?

Serei eu uma invenção Aruak Mandi-oca?

Serei um Baré-mira iupirungá filho de Tipa e Mira-Boia?

Serei um encantado máwalis?

Um Baniwa de Niãpirikoli?

Um Manaó/Manaú, Manaus “ Mãe de Deus” ?

Serei uma gota gotejada da estrela Uanana?

Serei uma gota desviada do sangue Tariano do trovão bipó diroá masí?

Serei uma nota ancestral de uma flauta caliço na festa cerimonial


para Jurupari?

Serei um sorriso Macunaíma de Poronominari?

Serei Diétiro saindo do buraco no lago do leite na floresta Amazônica?

Ou serei eu um afrodescendente na Amazônia?

Um Estranho em terra alheia? Um estrangeiro Djeje?


Serei um Jeje-Nagô?

Fon? Fanti? Mina ? Ewe? Axântis?

Yorubá?

Itans de Ifá?

Um Maranõn ? Um Maranhão?

Um simples São José de Ribamar?

Ou serei um filtro mestiço filtrado e filtrador?

Antropofagia devorada, deglutida e incorporada?

Posso ser tudo isso, se quiser.

Mas tudo que não sou e não posso ser é o que você deseja que eu seja.

Então deixa!

Como alguém pode saber mais de mim do que eu mesmo?

Um sopro de Yepá?

Um estrangeiro Jeje-Nagô?

O fígado doce e castigado de Prometeu?

Guardem os bicos!

José Ribamar Mitoso


(Escritor, dramaturgo, Professor da Universidade Federal do Amazonas
e Doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia)

Nota do autor: Um poema mítico-ontológico


dos mitos indígenas, afrodescendentes
e europeus que formatam o eu profundo
do imaginário Amazônico.
minha busca
se alimenta de um desejo
uma vontade ardente
que me assalta o peito
me invade a mente
clamando por momentos
a busca
é motivo de translação
a chegada
é um pretexto

Descubra a eterna busca do Outono

LIVRO DIGITAL ou LIVRO IMPRESSO


Crônicas

Lethicia Ouro
Cactos
Aquarela
PARTICIPANTES
Vítor Burity da Silva

Miguel Chammas

Aline Freitas Paiuilino


Ilustração:
Rodrigo Cairo

CAPITAL
DOS OLÍSIPOS
Um recanto brando diriam, mas nada a sério. Aqui, a voz mais grossa
reina com despudor enviando cartas de Deus aos amachucados no que
resta da festa.

E a festa é a mesa azul onde só cantam os guitarristas daqueles ditos fados


que não se usam mais, como diria Amália, estás armado em rocker?

Ainda bem ao fundo a alma nem cansada, quem cansa afinal os déspotas
que apenas se benzem para congratular a voz mais grossa?

Talvez a toalha estampada para decorar o momento e esse, tipo fim de


tudo adormece como um santo.

Há sonos provocados pelos olísipos quando se granjeiam déspotas e nem


Deus sobre a sua serenata de selos para cartas ao infinito da sapiência,
a gente ali como sacerdotes resignados ouvindo nadas que apenas flo-
rescem fantasias como aquelas conversas, lembro-me tão bem de tantas,
soldados enjaulados na caserna de torpedos nos ombros do general que
findara apenas por se convencer a si mesmo e nada mais do que isso, a
gente ali, nada mais do que isso, rendidos apenas pela alteridade desse
general já sem farda que guerra terminada.

“leste tudo mãe?”


Ninguém esquece o seu santo jardim em que ilha a vida, um mar à volta
sem revolta encanta enquanto debruçado na vida decoro o seu ritual e sa-
bores para dentro a boca aberta e calo, é uma sensação de antiguidades nas
vozes que, entretanto, me surgem da gaveta meio destruída a voz grossa

“apenas eu aqui e nada mais!”

e tudo num sono de sargaço tal o bagaço desse entretanto tão nada
apenas e só,

“de que te ris?”

colapso de ninguém eram entretanto todos num ai de cansaço cansa de


facto sentir como se enervam os santos e uma vénia, é a entrada da igre-
ja e o supremo ali obriga

“sentem-se!”

como tinha ouvido algures na patagónia um vampiro suspirar para que


ninguém mais se fizesse ouvir.

Essa capital fica aqui ao lado, abrindo os olhos apenas e deslumbrados lá


encantam o seu próprio silêncio para que nada mais brilhe, isso de ver o
brilho dos outros é uma resma de argamassa que me cansa e nem Deus
me fará, garanto, sorrir mais que vocês, obriguem as fadas a escrever nos
seus diários ao sacerdote da capela onde só eles moram a vida inteira.

Na era dos calados apenas os olísipos suspiravam, dizem.

Vítor Burity da Silva


Ilustração:
Rodrigo Cairo

MEMÓRIAS
DECLARATORIAS
É verdade sim. Do alto dos meus 78 anos de vida bem vividos, posso declarar,
sem medo de erros ou omissões, sem qualquer pudor ou constrangi-
mento, sem meias palavras, sem sussurros, de peito aberto e em dó de
tenor o que segue:

“todas as noites, mesmo que à duras penas, sou obrigado a concretizar,


às vezes com a discordância da companheira que pretende conciliar no
sono dos justos, uma ação assas perigosa, ou seja, todas as noites este
que lhes escreve dá, em média, três trepadas completas.’

Por que o espanto? Para que essa careta de dúvida? E esse sorriso amarelo
de escarnio?

Acha que estou divulgando alguma mentira? O que? Propaganda enganosa?

Nada disso prezado leitor, posso, perfeitamente, explicar a frase decla-


ratória objeto de suas dúvidas ou desconfianças e assim procederei nos
parágrafos seguintes.

De uns anos para esta data, buscando dar uma melhor qualidade de vida
aos nossos momentos de sono, adquirimos (eu e a companheira) uma
cama Box e um colchão top de linha, produzido com fibras de bambu
indiano. O conjunto, bonito de se ver, ficou -para mim- quase impraticá-
vel de tão alto. Além do que, as tais fibras de bambu tornam o colchão,
mercê de suas vibrações, um torturante instrumento sonoro executado
a cada movimento meu com os pés ou com o corpo (sofro da Síndrome
das Pernas Irrequietas), além desse insolúvel problema, tenho, também,
em consequência da idade, pequeno problema da próstata que me obri-
ga várias visitas ao sanitário.

Imaginem essa situação prolongando-se noites a fio por quase cinco


anos. É dose de mamute, não é?

Bem, já resolvemos, assim que sobrar uma graninha vamos trocar o colchão.

Ah, com relação ao termo “trepada” utilizado também no início desta


crônica, nada de imoral ou de segundas intenções foi sequer aventado.
Apenas constatei que trepada era o melhor termo para designar as 4 ou
5 escaladas noturnas que sou obrigado a praticar à cada noite.

Como fecho desta narrativa, não encontrei nada melhor do que a expressão:

Durma-se com um barulho desses!

Miguel Chammas
Ilustração:
Aline Freitas Paiuilino

CORAÇÃO
DE CETIM
Não, não se trata de uma
historinha romântica.
Eu diria que se trata de algo
triste e melancólico e por esta
razão, desaconselho quem
anda triste e melancólico,
a seguir leitura.

Um dia desses alguém me perguntou


se tenho algum livro escrito, respondi
que sim, tenho 12 livros escritos, e até então,
nenhum publicado. Um de crônicas, um de contos,
um roteiro para teatro, dois romances e sete volumes de
poesias. Acrescentei que pretendo publicar ao menos um destes antes
de morrer e que certamente não escolheria nenhum dos volumes de
poesia. Fortes candidatos para publicação seriam um dos romances (não
necessariamente românticos). Finalizei que apesar de serem centenas,
poucas das minhas poesias me agradavam e que as demais, eu jogaria
fora se tivesse coragem.

Daí me foi perguntado a razão de não ter coragem de jogá-las fora. Nesse
ponto, como a criadora que fala sobre suas criaturas, respondi que: “se-
ria como atirar crianças no lixo”. Esse é o ponto, o processo de criação
literária, pelo menos para mim, atribui à criatura literária alguma aura
viva, como se fosse um senciente capaz de ressentir-se dos nossos atos.
Essa conversa e a (estranha) atribuição de senciência às minhas poesias,
me fez lembrar uma tarde, dentre várias da minha infância. Minha mãe
estava sentada no sofá da sala ajustando o comprimento de uma blusa
que havia ficado muito longa para sua estatura mediana.
Pedaços de pano branco listrado de azul-celeste rolavam pelo piso en-
quanto eu observava atentamente o processo. Terminado o trabalho de
recorte diligentemente executado por minha mãe, cheguei perto, catei
os retalhos, e depois de me certificar que não seriam mais úteis a ela, me
afastei sentando-me no chão do canto da mesma sala.

Infância pobre é um bom estimulante para a criatividade, pelo menos


no meu tempo. Tinha o hábito de fazer minhas próprias bonecas, pois
meus pais não detinham condições de comprá-las e eu compreendia
isso não pedindo nada a eles. Sentia prazer em fazer meus próprios brin-
quedos reciclando uma variedade de materiais que minha mãe tentava
descartar em vão, pois eu catava tudo e escondia numa caixa para apro-
veitar depois.
Eu tinha oito anos naquela tarde na qual consegui interessantes tiras de
pano, peguei agulha, linha e tesoura e observei longamente os retalhos
na minha mão, matutando o que faria com eles.

Outras meninas poderiam pensar numa roupinha para sua boneca, mas
minha mente passou bem longe do óbvio vestidinho e visualizou um
cachorrinho de pano listrado!

Decisão tomada, cortei o formato das patinhas, do rabo, cabeça e tronco.


Vi que o pano não daria para as orelhas, então varri a sala com os olhos
em busca de mais um pedacinho de pano, não tinha mais nenhum lis-
trado, mas havia outras cores, então catei um pedaço preto que ficou
ótimo para as orelhinhas. Costurei, enchi as peças e comecei a montar.

Quando, na finalização, tive que costurar o peito aberto do cãozinho,


eu parei. Faltava algo na minha criatura, olhei novamente para onde
minha mãe tinha recortado roupas e me agradei de um retalhinho de
cetim vermelho muito vivo. Peguei-o, recortei um coração e o localizei
no lado esquerdo do peito do cachorro e em seguida fechei. Pronto, ele
estava completo!

Minha felicidade naquela tarde gerou um grande problema para mim


nos anos seguintes. Por mais que o bichinho de pano tivesse velho e pu-
ído, eu não tinha coragem de jogá-lo fora, afinal, ele tinha um “coração”.
De fato, é um pensamento maluco, mas nenhum argumento racional
me tirava da consciência a ideia de que o bicho se sentiria desprezado
e abandonado ao ser atirado no lixo e isso era doloroso de pensar. Eu o
guardei por muito tempo, nunca joguei fora considerando o vibrante
coração de cetim que ele carregava no peito, mas o perdi numa noite de
tempestade em São Luís.
As chuvas na ilha são torrenciais, e na noite em que perdi meu cachor-
ro de pano, as cordas d’água haviam despencado por horas, fazendo o
volume de água na rua aumentar rápido e consideravelmente a ponto
de invadir as casas. Eu e minha família acordamos de madrugada com
objetos boiando a altura da cama.

Quando tudo passou, descobri que, entre outros tantos objetos, meu
cachorrinho de pano havia descido na enchente, indo para bem longe,
perdendo-se para sempre em algum bueiro escuro e úmido para nunca
mais ser visto. Pobre cachorrinho de pano listrado.

Aline Freitas Paiuilino


Contos

Lethicia Ouro
Ave-do-paraíso
Aquarela
PARTICIPANTES
Tânia Tonelli

Miguel Chammas
Ilustração:
Rodrigo Cairo

REVIRAVOLTAS NA ESCOLA
Em uma escola pública de uma cidade moderna, Vicente em vez de
prestar atenção na aula de matemática, estava se divertindo com os jo-
gos do seu telefone celular. Este adolescente tinha 12 anos e estudava na
6º série. Enquanto o professor estava explicando a matéria, percebeu
que alguns meninos não prestavam atenção nas suas explicações. Então
aproximou-se deles e pediu para Vicente lhe entregar o telefone celular.
No começo ele recusou, mas depois o entregou ao professor. O homem
virou-se para frente e começou a caminhar em direção a lousa. Bravo,
Vicente falou que o professor era chato e mostrou-lhe a língua.

Todos os alunos da classe riram. Furioso, o professo mandou Vicente sair


da sala de aula, mas o menino continuou sentado na carteira. O profes-
sor repetiu sua ordem. Cinco amigos de Vicente comentaram que eles
eram unidos, de modo que se um deles saísse da sala de aula, então toda
turma o acompanharia.

O professor ficou confuso e um dos adolescentes contou uma piada. En-


quanto os alunos riam, o homem pediu para eles ficarem quietos, pois
queria continuar dando aula. Rindo, Vicente disse que ele não tinha neces-
sidade de aprender matemática, porque quando crescesse seria um cantor
rico e famoso. Nervoso o professor, que se chamava Fábio, retrucou, como
é que ele poderia ter dinheiro se não sabia fazer cálculos matemáticos.
Vicente levantou-se da carteira, desfilou pela classe falando que, como
era lindo, as mulheres pagariam para beijarem a sua boca. A opinião das
alunas da classe ficou dividida: algumas o aplaudiram, enquanto outras
vaiaram. Neste momento, bateu o sinal. Como o professor detestou a
brincadeira, comentou que no outro dia teria uma séria conversa com
o diretor da escola e puniria os alunos mal-educados.

Quando os alunos saíram da escola, os amigos de Vicente disseram que


ele estava com sérios problemas com o professor. De repente o adoles-
cente teve uma ideia! Sorrindo, comentou que resolveria facilmente
esse problema. Assim que chegou em casa, dirigiu-se ao quarto de sua
mãe. Em cima da penteadeira havia um quartzo que pertenceu a seu
bisavô, Pedro. Ele o ganhou de presente de um velho índio. Segundo co-
mentavam, este quartzo tinha poderes mágicos, pois o seu bisavô apai-
xonou-se pela filha de um fazendeiro. Como ela nunca o notava, com a
ajuda dos poderes do quartzo o seu espírito alojou-se no corpo do na-
morado dela. Passadas vinte e quatro horas, o seu espírito voltou ao seu
corpo. A moça encantou-se com a gentileza do homem, terminou o rela-
cionamento com o seu namorado e envolveu-se com Pedro.

Escondido, no dia seguinte, Vicente pegou o quartzo e dirigiu-se à esco-


la. Quando entrou na sala de aula, seus amigos contaram que o profes-
sor Fábio estava conversando com o diretor. O menino pegou o quartzo
e pensou que gostaria de estar no corpo do professor. De repente, sentiu
uma tontura, fechou seus olhos e no momento que os abriu, percebeu
que o seu espírito estava no corpo do professor.

Sorrindo, ele elogiou Vicente e a sua classe. Quando saiu da sala do di-
retor, o espírito do professor Fábio, estando no corpo deste menino,
quase chorando, comentou que gostaria de voltar ao seu corpo. Rindo,
Vicente explicou como eles haviam trocado de corpos, mas dentro de
vinte e quatro horas os espíritos retornariam aos seus corpos originais.
Neste momento bateu o sinal, Vicente, no corpo do professor, foi dar
aula na 7º série. Quando ele entrou, os alunos estavam conversando e
brincado. Em vez de dar aula, começou a brincar com os adolescentes.
Passados uns dez minutos, entrou na sala a supervisora, que ficou as-
sustada vendo o comportamento do professor. A mulher lhe deu uma
bronca, comentou que um professor deve ter responsabilidades, pois
deve ensinar a matéria aos alunos e não ficar brincando com eles.

Vicente ficou confuso porque tinha pouco conhecimento de matemáti-


ca. Para evitar confusão, começou a ensinar um jogo aos adolescentes,
dizendo que as regras dessas jogadas usavam cálculos matemáticos.

Passados cinquenta minutos, terminou a aula. As duas próximas aulas


foram na sala em que Vicente estudava. Depois que entrou, sentou-se na
cadeira defronte à mesa do professor, chamou Fábio, envergonhado, fa-
lou que não sabia o que tinha de ensinar aos alunos. Rindo, o menino
respondeu que mostraria ao professor os seus conhecimentos matemáticos.

Fábio fez várias contas na lousa, impressionou a garota que Vicente pa-
querava. Terminada essas duas aulas, o professor deveria voltar a sua
casa. O menino e o professor conversaram. Eles voltariam as suas resi-
dências para ninguém perceber que haviam trocado de corpos.

O professor morava em um bairro afastado do centro da cidade. Enquan-


to ele passava em frente de uma lanchonete, paquerou uma bela moça.
No momento em que entrou na casa do professor, a esposa dele o abra-
çou e beijou a sua boca. A mulher segurava um bebê no colo. Como a
criança chorava, ela pediu para seu marido o segurar no colo enquanto
iria verificar se o leite estava quente. Desanimado, Vicente olhava para a
senhora e pensava: “Eu nunca beijei nenhuma garota, este beijo foi hor-
rível, pois ela é uma mulher feia”.
Passados uns dois minutos, tocaram a campainha da residência. A mu-
lher abriu a porta. Um homem furioso entrou neste local, quando viu o
professor gritou que iria bater nele porque paquerou a sua namorada.
E deu um soco no rosto do Fábio. Vicente acordou assustado, era
04h15min, ele estava deitado na sua cama. Então percebeu que toda esta
aventura foi apenas um sonho, e começou a refletir, pois sempre criti-
cou os adultos, mas às vezes essas pessoas são chatas porque possuem
muitas responsabilidades.

Assim que chegou à escola o menino procurou o professor Fábio e pediu


desculpas por ter sido mal-educado. Sorrindo, prometeu que a partir deste
dia seria um bom aluno, pois precisava aprender os cálculos matemáti-
cos para, quando terminar o ensino médio, poder prestar o vestibular
para estudar na faculdade dos seus sonhos.

Tânia Tonelli
PALAVRA DO DIA: MÚSICA
Sua vida foi sempre pautada por alguma música. Tinha as festivas, as tristes,
mas tinha-as. Era tão musical que deixava este desejo em todos os locais:
“quando eu me for, quero festa, quero grupo de pagode cantando du-
rante o velório”.

Morreu como indigente, enterrado em vala comum.

Que pena!

PALAVRA DO DIA: OUTONO


Olhou as mãos de pele enrugada. Sentiu as dores das pernas, nos pés
e no resto do corpo. Olhou sua imagem no espelho e reparou os poucos
cabelos totalmente desbotados, as linhas de expressão do rosto cada vez
mais marcantes, os olhos esmorecidos, sem brilho e teve certeza,
o outono da vida chegara.

#microcontofatimaflorentino

Miguel Chammas
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COMO ESCREVER CONTOS


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sua jornada como escritor!

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Nathalia Ouro

Diogo Fernando
Inspirações da Nath
Por: Nathalia Ouro | Consultora Pessoal e de Negócios

TUDO PODE ACONTECER


PARA VOCÊ
Em um curto espaço de tempo tudo pode acontecer para você. Pode ser
tudo de bom ou pode ser também tudo de ruim. Mas muitas vezes a
gente só sabe mesmo como vai ser, vivendo. E não pense que foi o acaso.
Sempre foram escolhas. Pode ser que a gente não se sinta responsável.
Mas quando a gente percebe, a gente pode mudar o rumo desse barco.
Quanto tempo a gente passa sem perceber? Sem ver que estamos indo
pelo caminho errado? Quantos dias, meses, anos, uma vida seguindo
uma trilha que não era a nossa vida? Ou era? A verdade é que a gente
não aceitava e continuava a caminhada fingindo não saber e ainda sem
querer ver. É difícil olhar para dentro. É tão difícil quanto olhar para fora
e ver o quanto envolvidos estamos com aquela realidade que envergo-
nha e que ainda, ao mesmo tempo que entristece, nos conforta. Sempre
digo e reforço que é um passo de cada vez. Olha com calma, traz para a
consciência, pense, reflita, analise e decida. Quando digo não para algo,
digo sim justamente para o oposto. É o poder do não junto com o poder
do sim. Quero, não quero. Gosto, não gosto. Decido, ou deixo decidi-
rem por mim. É tudo tão difícil de saber quando estamos imersos nas
nossas próprias questões. Olhando para nosso umbigo, não temos visão
para o universo inteiro. O mundo é grande, bem maior do que a nossa
vila. Tem mais pessoas do que as do nosso trabalho e família. Abra seus
olhos, mire o horizonte, ultrapasse o limite que te impuseram. Seja ob-
servador do seu próprio dia-a-dia e me diz, o que você constrói enquanto
passa pela vida?

ACESSE AQUI
E venha se inspirar mais
você também!
Por: Diogo Fernando

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA
NO CERRADO
A Biblioteca Comunitária no Cerrado, localizada em São Tiago – M.G.
Vem á quatro anos interagindo com toda cidade, comunidade, povoados,
através de projetos gratuitos. A biblioteca é totalmente sem fins lucrati-
vos! Ela existe pela graça de Deus.

Seu surgimento foi através de uma foto que divulguei nas redes sociais,
dando incentivo o meu irmão e sobrinha na leitura. Uma amiga viu e
de cara ofereceu 500 livros para que eu continuasse o incentivo a lei-
tura em minha casa. Por graças de Deus, nesta época, tínhamos uma
casa disponível, onde partiu de meus pais o empréstimo do local para
guardar os livros.

Naquele momento se formava a biblioteca e junto à ideia de disponi-


bilizar LIVROS para a comunidade. Depois dos livros endireitados em
uma estante feita com resto de madeiras de um guarda roupa velho.
Não deu outra, no dia 01/06/2015 com a permissão de meus pais, eu abri
as portas da minibiblioteca para todos. Hoje com um acervo de quase
10.000 livros e também conseguimos abrir uma segunda biblioteca em
um povoado próximo. Assim com o tempo criei projetos para que pu-
desse ficar mais interativa. Hoje com quatro anos, criei e executo mais
de dez projetos gratuitos para todos da cidade e brasil. Um desses grandes
projetos é o Concurso literário. Este ano de 2019 estamos na 2° edição,
que com muito sucesso e aceitação, foi muito bem-sucedido.

Agradeço a Editora Caminhos, pela boa vontade e disponibilidade de um


espaço para divulgação do ganhador da 2° edição do Concurso Literário.

ACESSE AQUI
E conheça mais sobre a biblioteca
e seus projetos!
Conto Ganhador da 2° edição do Concurso Literário

CAFEZAL
(Autor: Regiss José de Campos)

Sentado na beira do fogão em sua pequena fazenda, meio a um campo


gramado, Mauro aguardava todos os dias pela manha, sua mulher Rosália
preparar café da manhã, para ele começar seus afazeres do dia. Eles leva-
vam uma vida simples, e tiravam seu sustento do cultivo do café.

Vindo de famílias pobres os dois viviam juntos á cinco anos, tinham Joana
de apenas três anos, moravam em uma velha casa que Rosália ganhou
de seus pais. A mulher ajudava o marido pelos menos duas vezes na se-
mana na colheita de café enquanto a filha ficava com sua mãe, e o resto
da semana ela cuidava da casa e ficava com a pequena. Mauro, com o
pouco que ganhava na venda do café, pagava as despesas da casa e o res-
tante guardava em um caixote de madeira que ficava trancado e escon-
dido no paiol da fazenda.
Rosália pegou uma caneca esmaltada branca, com café fresco, entregou
a Mauro que em duas goladas bebeu o café todo. Antes de sair de casa,
uma notícia ruim chegou a eles, por meio de um cavaleiro, “Seu Chico”,
passou avisando que seu vizinho e compadre, Pedro Antônio, teria morri-
do em um acidente na madrugada. Rapidamente se arrumaram e foram
velar o amigo morto, um dia triste para todos, pois era um homem que
ajudava os moradores da região.

Passado alguns meses, Mauro viu a oportunidade de expandir suas terras.


A esposa de seu amigo que faleceu, colocara a venda a fazenda onde eles
viveram muitos anos. Como preferiam guardar todo seu dinheiro em
casa, sua mulher e ele, foram ate o paiol e com muita dificuldade carregaram
o caixote ate a sala da fazenda. Foram algumas horas juntando as milha-
res de notas, contaram e recontaram todo o dinheiro. Com seus esfor-
ços pagaram pelo preço que pediam na fazenda vizinha e ainda sobrou
um pouco de dinheiro para que eles comprassem um carrinho velho.

Mauro, Rosália e Joana mudaram para a fazenda maior. Precisaram contratar


mais pessoas para ajudar na colheita de café. Com muita persistência,
depois de quatro anos de trabalho árduo, tornaram um dos maiores
produtores do grão da região. A fazenda foi aumentando, e suas terras
se multiplicando, os que eram simples pessoas, agora com a mesma hu-
mildade de sempre, viam a riqueza vir de onde eles menos imaginavam.
Com todo seu sucesso, ele também investiu em uma pequena fábrica,
onde os grãos eram selecionados por uma inovação tecnológica, fazendo
se destacar no mercado competitivo.

O café que Mauro bebia ainda naquela caneca velha e judiada pelo tempo,
agora era reconhecido por todo país.
r m ar
n s f o
a t ra n to
ira r im e
n s p h e c
s t ei e c o n
e m o d e k. ro
u e r i d a o o l i v
Q r i a tiv e e -b a r seu
u a c t o d b l i c
s r m a e p u
fo o d
em s o n h
s i vo!
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