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MANUAL DE APOIO

ÍNDICE

ÍNDICE .....................................................................................................................................................2
OBJETIVOS DO CURSO .........................................................................................................................3
Objetivo Geral .......................................................................................................................................3
Objetivos Específicos ...........................................................................................................................3
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS .........................................................................................................4
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................5
Técnicas de expressão e atividades práticas em creches e jardins-de-infância .................................5
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DO MATERIAL ......................................................................6
O ESPAÇO NA INSTITUIÇÃO .................................................................................................................6
OS RECURSOS MATERIAIS ..................................................................................................................7
ACESSIBILIDADE DOS MATERIAIS ......................................................................................................8
SEGURANÇA DO ESPAÇO E DOS MATERIAIS ...................................................................................9
Atividades e rotina das creches ............................................................................................................9
Atividades e rotina dos jardins-de-infância ........................................................................................ 10
RELAÇÕES EDUCADOR/AGENTE DE AÇÃO EDUCATIVA/CRIANÇAS/PAIS ................................. 10
INCLUSÃO DO CONHECIMENTO FAMILIAR NO TRABALHO EDUCATIVO .................................... 11
ACOLHIMENTO DAS FAMÍLIAS E DAS CRIANÇAS NA INSTITUIÇÃO............................................. 12
FUNCIONAMENTO E ASPETOS ORGANIZATIVOS .......................................................................... 12
PESSOAL TÉCNICO E AUXILIAR........................................................................................................ 13
CAPACIDADE E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS ................................................................................. 13
Horário do estabelecimento .................................................................................................................. 13
Alimentação ........................................................................................................................................... 14
Condições de Saúde e Higiene ............................................................................................................. 14
EXPRESSÃO DRAMÁTICA .................................................................................................................. 15
EXPRESSÃO DRAMÁTICA E O DESENVOLVIMENTO PESSOAL .................................................... 16
Tipos de jogos dramáticos .................................................................................................................... 18
EXPRESSÃO DRAMÁTICA E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA ........................... 21
A IMPORTÂNCIA DO JOGO SEGUNDO PIAGET: .............................................................................. 23
EXPRESSÃO DRAMÁTICA E A FUNÇÃO SIMBÓLICA ...................................................................... 24
Propostas de atividades para as diferentes fases de desenvolvimento: .............................................. 26
EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM ................................................................................................ 27
BIBLIOGRAFÍA ........................................................................................... Error! Bookmark not defined.
OBJETIVOS DO CURSO

Objetivo Geral

Enunciar os princípios da expressão dramática


Aplicar a expressão dramática como área de outras expressões. Utilizar a expressão dramática como forma de superar as
dificuldades sociais e cognitivas da criança.
Utilizar a expressão dramática como forma de superar as dificuldades sociais e cognitivas da criança.

Objetivos Específicos

- Relacionar-se e comunicar com os outros.


- Explorar diferentes formas e atitudes corporais.
- Explorar maneiras pessoais de desenvolver o movimento.
- Explorar diferentes tipos de emissão sonora.
- Aliar gestos e movimentos ao som.
- Reconhecer e reproduzir sonoridades.
- Explorar, individual e coletivamente, diferentes níveis e direções no espaço.
- Utilizar, recriar e adaptar o espaço circundante.
- Orientar-se no espaço através de referências visuais, auditivas e táteis.
- Utilizar e transformar o objeto, através da imaginação.
- Explorar o uso de máscaras, fantoches e marionetas.
- Mimar atitudes, gestos e ações.
- Realizar improvisações e dramatizações a partir de histórias ou situações simples.
- Participar na criação oral de histórias.
- Observar, escutar e apreciar o desempenho dos outros.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

 Expressão dramática na prática


 Liberdade de expressão
 Desenrolar de uma atividade
 Jogos dramáticos
 Preparação dos materiais
 Improvisação
 Imitação
 Expressão dramática e desenvolvimento integral da criança
 Desenvolvimento cognitivo
 Desenvolvimento psicomotor
 Desenvolvimento socio afetivo
INTRODUÇÃO

Técnicas de expressão e atividades práticas em creches e jardins-de-infância

Vivemos numa sociedade em que os empregos são cada vez mais absorventes, visto que existe uma maior competitividade,
bem como um alargamento da carga horária, o que origina uma redução do tempo passado em família e, por consequência,
um afastamento das crianças do seio familiar desde uma idade muito precoce (creche).
As crianças da atualidade nascem em hospitais (instituição). Ainda na idade latente, vão para o jardim-de-infância (instituição),
na infância continuam a frequentar o infantário e o ensino básico (instituições). Podemos concluir que, na sociedade atual, as
crianças tem uma vivência em permanente afastamento de laços e afetos e, desde muito cedo, passam por sistemas
agressivos de grande competitividade, tendo que provar que são detentoras de diversas competências, pois, socialmente,
são-lhe impostas exigências.
Neste contexto torna-se urgente não só encarar a educação como algo mais que um meio de proporcionar/transmitir
conhecimentos, mas também e acima de tudo como um meio de ligação do indivíduo à comunidade, um meio para comunicar,
para promover a expressividade, a criatividade e a confiança.
Na atual sociedade, onde a educação deve ser permanente e comunitária, o processo educativo rejeita o modelo de
escola/armazém, valorizando a partilha de saberes entre os diferentes contextos de aprendizagem, assim como a interação
com o meio envolvente.
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DO MATERIAL

A escolha de materiais é importante, podendo colocar em causa o sucesso de todo um trabalho, por isso, sugerimos uma
reflexão prévia sobre os materiais mais adequados em cada atividade.
Quando falamos em materiais adequados falamos também na sua qualidade. Há, geralmente, a tendência para comprar para
as crianças menores materiais de fraca qualidade, o que está completamente errado. Frases como estas: “o bico do meu lápis
está sempre a partir”; “a minha pintura está cheia de pêlos do pincel”; “esta cartolina parece papel”; frequentemente usadas
pelas crianças podem causar aborrecimentos, frustrações, insatisfações à criança e de alguma forma colocar em causa o seu
gosto pelas expressões artísticas, já que contraria a sua satisfação de criar.
Acredita-se que, melhor do que assistir, ouvir e memorizar, é jogar, pintar, desenhar, modelar, dançar, cantar, tocar música,
dramatizar, correr e saltar. É neste sentido, que se torna imperioso analisar os equipamentos, espaços e materiais em termos
da segurança que se apresentam para a criança.
Outro aspeto a ter aqui em conta, são os diversos espaços que deveriam ser criados com os materiais adequados às diferentes
atividades incluídas no dia-a-dia da criança.

A estruturação do espaço, a forma como os materiais estão organizados, a qualidade e adequação dos mesmos são
elementos essenciais de um projeto educativo. Espaço físico, materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e mobiliários não
devem ser vistos como elementos passivos, mas como componentes ativos do processo educacional que refletem a conceção
de educação assumida pela instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares da aprendizagem. A sua presença desponta
como um dos indicadores importantes para a definição de práticas educativas de qualidade em instituição de educação infantil.
No entanto, a melhoria da ação educativa não depende exclusivamente da existência destes objetos, mas está condicionada
ao uso que fazem deles os professores junto às crianças com as quais trabalham. Os professores preparam o ambiente para
que a criança possa aprender de forma ativa na interação com outras crianças e com os adultos.

O ESPAÇO NA INSTITUIÇÃO
O espaço na instituição de educação infantil deve propiciar condições para que as crianças possam usufruí-lo em benefício
do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto, é preciso que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito às
modificações propostas pelas crianças e pelos educadores e auxiliares em função das ações desenvolvidas.
Deve ser pensado e rearranjado, considerando as diferentes necessidades de cada faixa etária, assim como os diferentes
projetos e atividades que estão sendo desenvolvidos. Particularmente, as crianças de zero a um ano de idade necessitam de
um espaço especialmente preparado onde possam gatinhar livremente, ensaiar os primeiros passos, brincar, interagir com
outras crianças, repousar quando sentirem necessidade etc. Os vários momentos do dia que demandam mais espaço livre
para movimentação corporal ou ambientes para aconchego e/ou para maior concentração, ou ainda, atividades de cuidados
implicam, também, planear, organizar e mudar constantemente o espaço. Nas salas, a forma de organização pode comportar
ambientes que permitem o desenvolvimento de atividades diversificadas e simultâneas, como, por exemplo, ambientes para
jogos, artes, faz-de-conta, leitura etc.
Pesquisas indicam que ambientes divididos são mais indicados para estruturar espaços para crianças pequenas ao invés de
grandes áreas livres. Os pequenos interagem melhor em grupos quando estão em espaços menores e mais aconchegantes
de onde podem visualizar o adulto. Os elementos que dividem o espaço são variados, podendo ser prateleiras baixas,
pequenas casinhas, caixas, biombos baixos dos mais diversos tipos etc. Esse tipo de organização favorece à criança ficar
sozinha, se assim o desejar.
Na área externa, há que se criar espaços lúdicos que sejam alternativos e permitam que as crianças corram, balancem,
subam, desçam e escalem ambientes diferenciados, pendurem-se, escorreguem, rolem, joguem bola, brinquem com água e
areia, se escondam etc.

OS RECURSOS MATERIAIS
Recursos materiais entendidos como mobiliário, espelhos, brinquedos, livros, lápis, papéis, tintas, pincéis, tesouras, cola,
massa de modelar, argila, jogos os mais diversos, blocos para construções, material de sucata, roupas e panos para brincar
etc. devem ter presença obrigatória nas instituições de jardim-de-infância e nas creches, de forma cuidadosamente planeada.
Os materiais constituem um instrumento importante para o desenvolvimento da tarefa educativa, uma vez que são um meio
que auxilia a ação das crianças. Se de um lado, possuem qualidades físicas que permitem a construção de um conhecimento
mais direto e baseado na experiência imediata, por outro lado, possuem qualidades que serão conhecidas apenas pela
intervenção dos adultos ou de parceiros mais experientes. As crianças exploram os objetos, conhecem suas propriedades e
funções e, além disso, transformamo-nos nas suas brincadeiras, atribuindo-lhes novos significados.
Os brinquedos constituem-se, entre outros, em objetos privilegiados da educação das crianças. São objetos que dão suporte
ao brincar e podem ser das mais diversas origens materiais, formas, texturas, tamanho e cor. Podem ser comprados ou
fabricados pelos professores e pelas próprias crianças; podem também ter vida curta, quando inventados e confecionados
pelas crianças em determinada brincadeira e durar várias gerações, quando transmitidos de pai para filho. Nessa perspetiva,
as instituições devem integrá-los ao acervo de materiais existentes nas salas, prevendo critérios de escolha, seleção e
aquisição de acordo com a faixa etária atendida e os diferentes projetos desenvolvidos na instituição.

ACESSIBILIDADE DOS MATERIAIS


Outro ponto importante a ser ressaltado diz respeito à disposição e organização dos materiais, uma vez que isso pode ser
decisivo no uso que as crianças venham a fazer deles.
Os brinquedos e demais materiais precisam estar dispostos de forma acessível às crianças, permitindo o seu uso autónomo,
a sua visibilidade, bem como uma organização que possibilite identificar os critérios de ordenação.
É preciso que, em todas as salas, exista mobiliário adequado ao tamanho das crianças para que estas disponham
permanentemente de materiais para o seu uso espontâneo ou em atividades dirigidas. Este uso frequente ocasiona,
inevitavelmente, desgaste em brinquedos, livros, canetas, pincéis, tesouras, jogos etc. Esta situação comum não deve ser
pretexto para que os adultos guardem e tranquem os materiais em armários, dificultando o seu uso pelas crianças. Usar,
usufruir, cuidar e manter os materiais são aprendizagens importantes nessa faixa etária. A manutenção e reposição destes
materiais devem fazer parte da rotina das instituições e não acontecer de forma esporádica .

SEGURANÇA DO ESPAÇO E DOS MATERIAIS

Para as crianças circularem com independência no espaço, é necessário um bom planeamento que garanta as
condições de segurança necessárias. É imprescindível o uso de materiais resistentes, de boa qualidade e testados pelo
mercado, como vidros e espelhos resistentes, materiais elétricos e hidráulicos de comprovada eficácia e durabilidade. É
necessária, também, proteção adequada em situações onde exista possibilidade de risco, como escadas, varandas, janelas,
acesso ao exterior etc. Os brinquedos devem ser seguros (seguindo as normas do Inmetro10), laváveis e necessitam estar
em boas condições. Os brinquedos de parque devem estar bem fixados em área relvada ou coberta com areia e não sobre
área cimentada.

Atividades e rotina das creches


 Acolhimento;
 Momento de tapete;
 Momento de atividades direcionadas/exploração livre;
 Momento de Exterior;
 Higiene (lavar mãos);
 Almoço;
 Higiene (lavar mãos e mudar a fralda);
 Repouso/Sesta;
 Preparação para o lanche;
 Lanche;
 Higiene (lavar mãos e mudar a fralda);
 Exploração livre/Saída

Atividades e rotina dos jardins-de-infância

 Acolhimento/Motivação;
 Atividade Orientada;
 Atividades livres (áreas);
 Arrumar a sala;
 Higiene (lavar mãos);
 Almoço;
 Acolhimento/Sesta;
 Hora do conto/música;
 Atividade Orientada;
 Higiene;
 Lanche;
 Exploração livre/Saída.

RELAÇÕES EDUCADOR/AGENTE DE AÇÃO EDUCATIVA/CRIANÇAS/PAIS


A comunicação mais individualizada entre as famílias e as instituições de educação infantil deve ocorrer desde o
início de forma planeada. Após os primeiros contactos, a comunicação entre as famílias e os professores pode-se tornar uma
rotina mais informal, mas bastante ativa. Entrar todos os dias até na sala onde a criança está, trocar algumas palavras com o
educador/auxiliar, pode ser um fator de tranquilidade para muitos pais. Quanto menor a criança, mais importante essa troca
de informações. Este contacto direto não deve ser substituído por comunicações impessoais, escritas de maneira burocrática.
Oportunidades de encontros periódicos com os pais de um mesmo grupo por meio de reuniões, ou mesmo contactos
individuais fazem parte do quotidiano das instituições de educação infantil.
Em geral a troca de informações é diária com as famílias, principalmente quando há cuidados especiais que a criança esteja
a precisar. Assim, para que o educador não fique sobrecarregado pela necessidade de dar atenção às famílias e crianças ao
mesmo tempo, o planeamento deste momento — em conjunto com os pais e a ajuda de outros funcionários — é fundamental
para o relacionamento de todos os envolvidos.
É preciso combinar formas de comunicação para trocas específicas de informações, como uso de medicamentos, que
precisam ser dados em doses precisas, de acordo com receita do médico, ou eventos ligados à saúde e alimentação. Isso
evita esquecimentos que podem ser prejudiciais para a saúde da criança e facilita a vida do professor e da família.
Com as famílias de crianças maiores, a comunicação é de natureza diferente. As informações entre as famílias e a instituição
podem ser mais esporádicas, ocorrendo somente à medida das necessidades. As reuniões para discussão sobre o andamento
dos trabalhos com as crianças são sempre bem-vindas e se constituem em um direito dos pais.
No entanto, a participação das famílias não deve estar sujeita a uma única possibilidade. As instituições de jardim-de-infância
e as creches, precisam pensar em formas mais variadas de participação de modo a atender necessidades e interesses
também diversificados.

INCLUSÃO DO CONHECIMENTO FAMILIAR NO TRABALHO EDUCATIVO


É possível integrar o conhecimento das famílias nos projetos e demais atividades pedagógicas. Não só as questões
culturais e regionais podem ser inseridas nas programações por meio da participação de pais e demais familiares, mas
também as questões afetivas e motivações familiares podem fazer parte do quotidiano pedagógico. Por exemplo, a história
da escolha do nome das crianças, as brincadeiras preferidas dos pais na infância, as histórias de vida etc. podem tornar-se
parte integrante de projetos a serem trabalhados com as crianças.

ACOLHIMENTO DAS FAMÍLIAS E DAS CRIANÇAS NA INSTITUIÇÃO

O ingresso das crianças nas instituições pode criar ansiedade tanto para elas e para os seus pais como para os educadores
e os auxiliares. As reações podem variar muito, tanto em relação às manifestações emocionais quanto ao tempo necessário
para se efetivar o processo.
Algumas crianças podem apresentar comportamentos diferentes daqueles que normalmente revelam no seu ambiente
familiar, como alterações de apetite; retorno às fases anteriores do desenvolvimento.
Podem, também, adoecer; isolar-se dos demais e criar dependência de um brinquedo, da chupeta ou de um paninho. As
instituições de creche e jardim-de-infância, devem ter flexibilidade diante dessas singularidades ajudando os pais e as crianças
nestes momentos.
A entrevista de matrícula pode ser usada para apresentar informações sobre o atendimento oferecido, os objetivos do trabalho,
a conceção de educação adotada. Esta é uma boa oportunidade também para que se conheça alguns hábitos das crianças
e para que o educador estabeleça um primeiro contacto com as famílias e que vai entretanto partilhar com o/a auxiliar, para
estarem todos muito bem informados sobre cada criança.
Quanto mais novo o bebé, maior a ligação entre mãe e filho. Assim, não é apenas a criança que passa pela adaptação, mas
também a mãe. Dependendo da família e da criança, outros membros como o pai, irmãos, avós poderão estar envolvidos no
processo de adaptação à instituição. A maneira como a família vê a entrada da criança na instituição de educação infantil tem
uma influência marcante nas reações e emoções da criança durante o processo inicial. Acolher os pais com suas dúvidas,
angústias e ansiedades, oferecendo apoio e tranquilidade, contribui para que a criança também se sinta menos insegura nos
primeiros dias na instituição. Reconhecer que os pais são as pessoas que mais conhecem as crianças e que entendem muito
sobre como cuidá-las pode facilitar o relacionamento. Antes de tudo, é preciso estabelecer uma relação de confiança com as
famílias, deixando claro que o objetivo é a parceria de cuidados e educação visando ao bem-estar da criança. Quando há um
certo número de crianças para ingressar na instituição, pode-se fazer uma reunião com todos os pais novos para que se
conheçam e discutam conjuntamente suas dúvidas e preocupações.

FUNCIONAMENTO E ASPETOS ORGANIZATIVOS


O funcionamento é o conjunto de todas as atividades que se desenvolvam num estabelecimento, envolvendo todo o seu
pessoal e as crianças em ligação permanente com os pais e o meio onde se encontra inserido.
Dentro do funcionamento a gestão e a organização interna do estabelecimento são aspetos fundamentais para assegurar a
qualidade do atendimento à criança.

PESSOAL TÉCNICO E AUXILIAR

Deverá ser em número suficiente, convenientemente selecionado e preparado para assegurar, no período de funcionamento
e em estreita cooperação com as famílias, os cuidados necessários às crianças, a manutenção da higiene e limpeza do
estabelecimento, bem como o funcionamento dos restantes serviços.

CAPACIDADE E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS

1 Tendo em vista a prestação de um atendimento correto e tão individualizado quanto possível nos estabelecimentos de 1ª.
Infância, torna-se necessário optar por capacidades reduzidas, pelas consequências benéficas que daí advêm para as
crianças.
2 As crianças deverão ser distribuídas por grupos constituindo unidades organizadas, cada um dos quais será confiado a uma
unidade técnica, sem impedimento de estimular a intercomunicabilidade dos grupos/espaço.
3 Os grupos a constituir não deverão ultrapassar os seguintes limites:
a) Dos 3 meses e meio à aquisição da marcha - até 8 crianças;
b) Da aquisição da marcha aos 24 meses - até 10 crianças;
c) Dos 24 aos 36 meses - até 15 crianças.
d) Dos 3 aos 6 anos de idade – até 25 crianças
4 O agrupamento por idades não constitui uma diretriz rígida, devendo a sua distribuição ser feita de acordo com o respetivo
desenvolvimento, a orientação pedagógica e as condições físicas do estabelecimento.
5 No caso do estabelecimento receber crianças com deficiência, o número das mesmas não deve ser superior a uma criança
por grupo, prevendo-se a sua redução quando o nível da deficiência o justifique.

Horário do estabelecimento
1 O horário de funcionamento do estabelecimento será fixado de acordo com as carências e condicionalismos locais, não
devendo a permanência de cada criança no estabelecimento ser superior ao período estritamente necessário, devendo
coincidir com o horário de trabalho dos pais, acrescido do tempo indispensável para as deslocações.
2 Durante o período de funcionamento da creche/jardim de infância, deverá estar garantida a permanência de 2 elementos
de pessoal sendo um deles técnico.

Alimentação

1 Nas creches e jardim-de-infância o regime alimentar deverá ser estabelecido, tendo em conta as necessidades relativas às
diferentes fases do desenvolvimento das crianças.
A alimentação deverá ser variada bem confecionada e adequada quantitativa e qualitativamente à idade das crianças.

2 Conforme a organização e recursos humanos existentes, as ementas deverão ser elaboradas por pessoal técnico de
formação adequada.

3 As ementas deverão ser afixadas semanalmente em local bem visível de modo a poderem ser consultadas facilmente pelos
pais.

4 A existência de dietas especiais terá lugar em caso de prescrição médica.

Condições de Saúde e Higiene

1 Não deve ser permitida a entrada no estabelecimento de crianças que apresentem sintomas de doença.
2 Em caso de doença grave ou contagiosa a criança só poderá regressar ao estabelecimento mediante a apresentação de
declaração médica da inexistência de qualquer perigo ou contágio.
3 Em caso de acidente ou doença súbita, deverá a criança ser assistida no estabelecimento ou recorrer ao hospital mais
próximo, avisando de imediato a família.
4 Os medicamentos que a criança tenha de tomar, deverão estar devidamente identificados e guardados em local adequado
e administrados segundo prescrição médica.
5 Todo o pessoal afeto aos estabelecimentos, deverá prestar serviço em perfeitas condições de saúde, comprovada por
documento atualizado anualmente.
6 O estabelecimento deve ter um programa de higiene e limpeza das instalações e material em uso, de forma a permitir o
funcionamento de todos os serviços em perfeitas condições.
7 Os objetos para os cuidados de higiene das crianças devem ser individuais, identificados e mantidos em perfeito estado de
limpeza, conservação e arrumação.

EXPRESSÃO DRAMÁTICA
Segundo a definição clássica, expressão significa “espremer, reproduzir, expor” por outras palavras, exteriorizar do interior
para o exterior. No caso da Expressão Dramática, trata-se de expressar sentimentos e ideias, num contexto de jogo, através
do uso da linguagem dramática.
A expressão dramática é um dos recursos mais valiosos e completos de educação. É uma área artística que abrange quase
todos os aspetos importantes do desenvolvimento da criança. É uma prática que põe em ação o desenvolvimento do indivíduo
aferido na sua totalidade, favorecendo, através de atividades lúdicas, o desenvolvimento de uma aprendizagem global
(cognitiva, afetiva, sensorial, motora e estética). Através dela incentiva-se a criação e a observação; possibilitam-se variados
meios de expressão; liberta-se sentimentos; desenvolve-se hábitos, atitudes e habilidades; desenvolve-se a expressividade
a partir da capacidade de imaginação; aprende-se a improvisar, a usar a representação corporal, brincando; e, através dela,
incentiva-se a utilizar e a coordenar a atividade motora.
Na expressão dramática, o aluno (re)descobre a incontornabilidade do jogo dramático nas relações interpessoais e de grupo,
progredindo para formas de expressão para-teatrais como os fantoches, as sombras e as máscaras e para o domínio dos
códigos e convenções teatrais.
As atividades dramáticas permitem que os alunos desenvolvam progressivamente as possibilidades expressivas do corpo —
unindo a intencionalidade do gesto e/ou a palavra, à expressão, de um sentimento, ideia ou emoção. Nestas atividades, as
crianças desenvolvem ações ligadas a uma história ou a uma personagem que as colocam perante problemas a resolver:
problemas de observação, de equilíbrio, de controlo emocional, de afirmação individual, de integração no grupo, de
desenvolvimento de uma ideia e de progressão na ação.
Pretende-se, fundamentalmente, que as crianças experimentem, através de diferentes meios, expressar a sua sensibilidade
e desenvolver o seu imaginário.

EXPRESSÃO DRAMÁTICA E O DESENVOLVIMENTO PESSOAL


Como já referido, o objetivo central da expressão dramática consiste no desenvolvimento natural da criança, a partir de
situações da experiência individual e coletiva, trabalhadas a partir de jogos e improvisações.
Estas atividades devem ser progressivamente complementados por propostas que contribuam para o desenvolvimento da
capacidade de relação e comunicação com os outros.
No desenrolar das propostas ou projetos desenvolvidos em pequenos grupos, deve haver espaço para a improvisação.
As crianças gostam de apresentar as suas criações aos companheiros e aos pais. Estes momentos de partilha são, também,
um enriquecimento da experiência pessoal e do grupo, desde que mantenham o carácter de jogo lúdico e não se transformem
em representações estereotipadas.
Em interação, as crianças irão desenvolvendo pequenas improvisações explorando, globalmente, as suas possibilidades
expressivas e utilizando-as para comunicar. A utilização simultânea da dimensão verbal e gestual ganha, aqui, o seu pleno
significado.

Sugestões de atividades I:

•Improvisar palavras, sons, atitudes, gestos e movimentos ligados a uma ação precisa: em interação com o outro e
em pequeno grupo;
•Improvisar palavras, sons, atitudes, gestos e movimentos, constituindo sequências de ações — situações recriadas
ou imaginadas, a partir de: objetos um local uma ação personagens um tema;
•Improvisar situações usando diferentes tipos de máscaras;
•Utilizar diversos tipos de sombras (chinesas,…);
•Inventar, construir e utilizar adereços e cenários;
•Elaborar, previamente, em grupo, os vários momentos do desenvolvimento de uma situação.

Em expressão dramática, a concretização das atividades é designada por “jogo dramático” – na sua conceção os elementos
voz, espaço, corpo, tempo, texto e situação dramática, constituem a linguagem dramática. A utilização destes elementos
permite a quem joga, comunicar com os outros através de papéis, expressando as suas criações do mundo interior, pela ação
corporal e pela produção de uma ficção. O trabalho efetuado no jogo dramático proporciona momentos de criação, cujos
principais objetivos são a reflexão sobre as emoções e a interpretação do mundo. Para se jogar não são necessários adereços
ou cenários especiais, já que um objeto do quotidiano pode assumir diversas funções. Sendo uma atividade coletiva, o ritmo
de cada um deve ser respeitado, assim como a disponibilidade para jogar, uma vez que uma das características do jogo é a
recetividade e a fruição, no desempenho da atividade.

Sugestões de atividades II:


•Exercícios de conhecimento da voz (como respirar, projetar a voz, timbres de voz, perceção da extensão vocal);
•Leitura expressiva, em voz alta;
•Exercícios de coordenação de formas (improvisação através de linguagem gestual e corporal);
•Jogo Dramático (interpretação) – dramatização individual e coletiva;
•Jogos de Quebra-Gelo, Integração, Toque/Confiança, Criatividade, Concentração, Relaxamento e Reflexão;
•Representação de personagens conhecidas e criadas Expressão de emoções através da representação;
•Criação de histórias.

Metodologia para Sugestões de Atividades I e II:

As atividades devem ser orientadas de modo a serem desenvolvidas por todos os alunos, evitando-se, ao máximo,
comportamentos passivos ou desinteressados, ou seja, ausência de colaboração nas atividades, falta de atenção, entre
outros, ou comportamentos que coloquem em causa o bom funcionamento da sessão, nomeadamente, a perturbação.
A metodologia escolhida não pode ser centrada em ensinamentos, exposições orais, mas em experiências práticas
e vivências através de atividades lúdicas artísticas, ou seja, jogos expressivos e criativos. O jogo deve ser um meio privilegiado
nas sessões, de modo a fortalecer o processo de conhecimento e de expressão.

Tipos de jogos dramáticos


•Jogos livres: Têm por objetivo funcionar como abordagem imediata para a motivação e predisposição para a
integração e para o trabalho de grupo;

•Jogos dirigidos: Como meio de superar as carências individuais, atrás referidas (e que relembramos algumas:
inibição, timidez, receio…), e do grupo;

•Jogos de improvisação: Mediante o estímulo à improvisação, os alunos são conduzidos a explorar a imaginação,
procurando uma resposta espontânea perante o inesperado e a desenvolver a “habilidade” para obter soluções. No final de
cada sessão, tenta-se promover pequenos momentos de reflexão do grupo a respeito dos “caminhos” seguidos, dos
problemas surgidos e das oportunidades de melhoria.

•Jogos do faz-de-conta: São atividades que devem ser propostas diariamente. Para que isso aconteça, o espaço
da sala deve estar organizado por áreas que contemplam zonas para a criança brincar, imitando e reinventando os papéis
sociais que observa no seu quotidiano. Exemplos das brincadeiras de faz-de-conta: “família”, “médico”, “ bombeiros”, etc.

•Jogos de desenvolvimento da imaginação: As crianças, de olhos fechados, (ou abertos), imaginam situações,
lugares (exemplo: reproduzir o passeio ou a visita efetuada. Como foram, o que viram, etc.)

•Jogos de desenvolvimento de habilidades físicas e vocais: para estimular as crianças a representarem os


movimentos e gestos dos personagens da história, ou de pessoas, animais ou coisas que observam e vocalizarem os seus
sons, ruídos ou vozes.

•Jogos de desenvolvimento da expressão corporal: Como por exemplo o jogo da estátua, jogo da máscara
muda, jogo de reflexos, etc.

•Jogos de mímica: Podem ser realizados com ou sem música. Por exemplo, a criança faz a mímica de ações,
como coser, martelar, pintar, etc. e as outras adivinham.

•Dramatização de histórias: É uma atividade que só deve ser realizada quando as crianças já dominarem os jogos
dramáticos mais simples e se realmente se mostrarem interessadas em representar determinada história. As histórias
escolhidas devem ser bem simples, curtas, mas com muita ação e o(a) educador(a) deverá exercer a função de orientador(a)
de toda a atividade, começando por relembrar:
· o enredo da história;
· os factos mais importantes e a sua sequência;
· as personagens (suas características físicas e personalidades);
· o local (ou locais) onde se passa a história.
A seguir será necessário decidir quem serão as personagens. Outras crianças podem transformar-se em objetos do
cenário: árvores, flores, desde que tenham oportunidade de aparecer também na história.
Depois de tudo combinado, o(a) educador(a) inicia a narrativa, ao estimular os “artistas” a criarem as suas falas,
que ele (a) deve anotar num bloco. Com dois ou três ensaios, a peça pode ser representada para os pais ou outros grupos,
se esta for a vontade das crianças.
Deverá caber às crianças a preparação das “fantasias” e a criação dos cenários, o que as levará a realizarem
atividades de expressão plástica. Tudo pode ser feito por elas com papel, lã, fitas, tintas, tesouras, etc.

• Representação com fantoches: É uma das modalidades do teatro infantil que proporciona o prazer de dar vida
e voz a animais e bonecos. Através de um fantoche pode ser superada uma timidez que dificultava a comunicação. Podem
ser expressos sentimentos antes difíceis de exprimir, porque o fantoche passa a ser o foco da atenção, em vez da criança
que o manipula.
O processo criativo que envolve a manipulação de fantoches estimula o desenvolvimento da linguagem e do
pensamento e faz com que a criança aprenda a tomar decisões, a expressar-se, para além de:
· canalizar a imaginação infantil;
· descarregar tensões emocionais;
· resolver conflitos de ordem afetivo - emocional;
· ampliar as experiências;
· ampliar o vocabulário;
· desenvolver a atenção, a observação, a imaginação, a perceção da relação entre causa e efeito, a perceção do
BEM e do MAL, de outros valores e o interesse por histórias e teatro.
Quando os adultos manipulam os fantoches, têm nas mãos um recurso mágico de fácil comunicação com a criança.

Tipos de fantoches:
. fantoche de saco de papel,
. fantoche de pano, meia ou massa;
. fantoche de diferentes tipos de bonecos (boneco de dedo, boneco de vara, bonecos de copos, objetos e elementos
da natureza).

Sugestões para o(a) educador(a):

• Fornecer diferentes tipos de materiais e adereços que as crianças poderão usar para as brincadeiras de
representação de papéis e faz-de-conta. Poderão fazer os seus próprios adereços – máscaras, chapéus, etc. e ainda os
bilhetes, para a peça.
• Apoiar a brincadeira do faz-de-conta que munda de sítio para sítio. É comum a brincadeira do faz-de-conta começar
na “área da casa”. É frequente, as crianças, depois de iniciarem as suas brincadeiras, precisarem de locais adicionais para
“irem à escola”, “irem à loja”, etc.
• Observar e ouvir com atenção os elementos da brincadeira do faz-de-conta (as crianças fazem de conta que são
outra pessoa, animais ou personagens de ficção; usam um objeto como se fosse outro).
• Participar em brincadeiras do faz-de-conta com respeito, atendendo às “deixas” das crianças. Depois de ter
observado e ouvido a brincadeira e compreendido tanto quanto possível o seu conteúdo e linhas gerais, poderá juntar-se-
lhes, porque as crianças convidam-no(a) certamente, a participar, podendo apoiar e até enriquecer a brincadeira seguindo o
tema e o conteúdo definido pelas crianças . Assim, poderá dar sugestões, respeitando as respostas das crianças.
É importante que o(a) educador(a) dê tempo e dinamize contactos e experiências com o exterior para que a
Brincadeira do faz-de-conta das crianças desabroche e se desenvolva.
EXPRESSÃO DRAMÁTICA E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA

"O Homem não é completo senão quando joga" (Schiller)


Piaget advogou uma prática pedagógica e educacional construtivista e libertadora, na qual a criança constrói o conhecimento
a partir da sua relação e na experiência realizada com o meio, através da observação, manipulação e interação com os
objetos, pessoas e com o mundo que edifica, à medida que elabora as suas hipóteses e constrói o seu conhecimento sobre
tudo o que a rodeia. Quando a criança sustenta as suas hipóteses, cria algo no seu mundo interior, que vai modificar em maior
ou menor grau a estrutura já existente.

Na experiência artística a criança conhece e constrói-se enquanto um ser integral, face a um mundo repleto de significados e
valores, com o qual se relaciona por meio de todos os seus sentidos, sentimentos e razão.
Piaget defende que o ensino deve centrar-se na atividade da criança, em que esta deve agir e envolver-se ativamente nas
várias experiências com que se defronta, para que a partir de um processo de construção possa realizar aprendizagens
significativas e estimular o seu envolvimento nos processos de descoberta, com base na sua espontaneidade e motivação,
provenientes de um desejo interior.

É essencial a realização de um trabalho pedagógico e educacional com atividades lúdicas, onde estão presentes as áreas
artísticas como a Expressão Dramática, para que possa contribuir de forma expressiva para o desenvolvimento das
habilidades mentais dos alunos, sobretudo subsidiar, através da relação corpo e movimento, uma melhor qualidade de vida,
bem como a fixação de aspetos importantes das áreas afetivo-emocional e cognitiva em sala de aula.
A utilização das práticas artísticas promove o desenvolvimento dos processos psíquicos, dos movimentos, contemplando o
domínio do corpo e da linguagem, bem como a aprendizagem de conteúdos, não só de áreas específicas mas também das
que satisfazem as situações vividas no quotidiano.

Quanto ao educador, cabe-lhe a organização dos espaços de modo a permitir a realização de atividades que exijam
mobilidade e expansão de movimentos. O mesmo deve ter em atenção o nível etário e as capacidades dos seus alunos para
selecionar e deixar à disposição materiais adequados e motivadores, de forma a favorecer elementos que contribuam para a
criatividade das crianças. Deve estar atento às alterações que surgirão em função do grau de desenvolvimento da criança,
tendo em conta o conhecimento das características psicofísicas das crianças na idade em que se encontram, com vista a
refletir sobre quais as atividades que as mesmas podem desenvolver. Deve alimentar o imaginário das crianças, com vista a
que as atividades sejam mais enriquecedoras, ao mesmo tempo que se tornam mais complexas.

As pesquisas de Piaget, no domínio da psicologia da criança, sugeriram um desenvolvimento progressivo do conhecimento,


através dos diferentes estádios, que denominou: sensório-motor, pré-operatório, operações concretas e operações formais.
Os fundamentos da teoria de Piaget assentam na ideia de que:
• Cada estádio constitui uma sequência estável e definida no processo de crescimento;
•Quando uma criança atravessa uma destas etapas numa área do conhecimento, está, necessariamente, no mesmo
estádio nas outras áreas;
•A criança só alcança uma fase quando domina as operações lógicas da fase anterior, de modo a que o pensamento
se desenvolva progressivamente rumo à complexidade e equilíbrio.

A IMPORTÂNCIA DO JOGO SEGUNDO PIAGET:

Para Piaget, o jogo é essencial na vida da criança, pois prevalece a assimilação de novas informações e a sua
acomodação às estruturas mentais da mesma.
No jogo, a criança apropria-se daquilo que percebe da realidade. Este autor defende que o jogo não é determinante
nas alterações das estruturas, mas pode transformar a realidade.

Piaget classifica os jogos segundo a sua evolução, em três grandes estruturas: jogos de exercício, simbólicos e de
regras.

Jogo de exercício: A principal característica deste estágio consiste na obtenção da satisfação das suas
necessidades. Com a ampliação dos esquemas, a criança torna-se cada vez mais consciente das suas potencialidades,
colocando em ação um conjunto de práticas, sem modificar as estruturas, onde as ações são dirigidas somente para atingir o
seu maior objetivo que é o prazer.
Como exemplo, o bebé mama não apenas para sobreviver, mas porque descobre o prazer de mamar, à medida que
satisfaz a sua fome. É isso que o faz chupar a chupeta, mesmo que não saia alimento nenhum, esse exercício dá-lhe um
enorme prazer.
O jogo de exercício é essencialmente sensório-motor. Aparece até, mais ou menos, aos dois anos de idade. Este
jogo estará presente em todos os estágios da nossa vida, inclusive a fase adulta, pois o prazer deve estar sempre presente
em tudo que fazemos.

Jogo simbólico: Segundo Piaget, estes jogos fazem parte da fase pré-operatória (dos dois aos sete anos de idade),
onde a criança, além do prazer, começa a utilizar a simbologia. O jogo simbólico permite-lhe a aquisição de uma linguagem
própria, construída a partir de símbolos/imagens mentais, cuja mutação decorre consoante as suas necessidades, e permite
a sua adaptação ao mundo dos adultos e à complexidade das regras e relações já existentes.
Como exemplo, a criança tem a possibilidade de vivenciar aspetos da realidade, muitas vezes difícil de elaborar: a
chegada de um irmãozinho, a mudança de escola ou situações boas como ser um super-homem, imitar a mãe ou o pai.

Jogo de regras: De acordo com Piaget, este jogo acontece a partir dos sete anos de idade, no período operatório
concreto. A criança aprende a lidar com as delimitações no espaço e no tempo, o que pode e o que não pode fazer. Ao invés
do símbolo, a regra pressupõe relações sociais, porque a regra é imposta pelo grupo e a sua falta, significa ficar de fora do
jogo. Como exemplo, lidar com perdas e ganhos, estratégias de ação, tomadas de decisão, análise dos erros, replanificar as
jogadas em função dos movimentos dos outros. Deixa de haver um chefe e passa a haver uma lei: a regra. É ela que promove
a coesão do grupo que apenas existe com uma finalidade: a realização de um determinado jogo.

Cada estádio do desenvolvimento descrito por Piaget tem uma sequência que depende da evolução da criança, do
nascimento até ao final da vida.
Uma fase interliga-se com a outra de forma que o final de uma se confunda com o começo de outra.
A evolução começa com a fase puramente reflexiva, passando pela assimilação, pelo simbolismo até chegar à
acomodação.

EXPRESSÃO DRAMÁTICA E A FUNÇÃO SIMBÓLICA


Nas atividades de expressão dramática a criança descobre-se a si mesma e descobre formas de se relacionar com os outros;
o que implica aprender a lidar com situações sociais. O jogo simbólico é, assim, uma atividade muito importante.
O "fazer-de-conta" permite vivenciar experiências.
É igualmente importante que se disponibilizem objetos variados e possíveis de ser explorados livremente. As situações
recriadas podem ser muito diferentes:
- uma viagem
- uma festa de aniversário
- um almoço especial
- uma ida às compras
- uma conversa telefónica
- ir ao médico
- ir ao cabeleireiro

O educador deve: apresentar sugestões que ampliam as propostas das crianças. Estas atividades são igualmente importantes
no desenvolvimento da linguagem oral, na aquisição de vocabulário, na melhoria da articulação das palavras e na construção
de frases.
O educador deve proporcionar às crianças as condições para elas poderem desenvolver todos os aspetos da sua
personalidade, nomeadamente nos campos social, intelectual, físico e emocional, não obstante a consciência de que existem
ritmos diferentes de desenvolvimento em cada criança que importa respeitar.
A criança entre os 2 e os 3 anos encontra-se num período pré-conceitual em que começa a encarar os estímulos como
representativos de objetos. Começa a desenvolver-se a função simbólica, que será a base para a aquisição da linguagem. É
hoje conhecida a importância que a primeira infância tem no correto desenvolvimento da criança

A brincadeira tem sempre duas funções: uma função lúdica, na qual a criança encontra prazer ao brincar, e uma função
educativa, através da qual a brincadeira ensina alguma coisa, ajuda a desenvolver o conhecimento da criança e a sua
apreensão do mundo. Para ser auxiliar da aprendizagem, precisa de conciliar a função lúdica e educativa, sabendo que o
facto de brincar não anula totalmente a dimensão educativa, nem esta se deve converter na única razão de utilizar o jogo na
escola. Tudo isto põe ao educador a responsabilidade da planificação e seleção das atividades na escola.

Como proceder?

Pelo menos, quatro critérios devem ser levados em conta:

- Em primeiro lugar, o valor experimental do jogo, isto é, o que ele permite à criança desenvolver como experiência,
como manipulação;

- Em segundo lugar, o valor da estruturação, contribuição para a construção e estruturação da personalidade da


criança;

- Em terceiro lugar, o valor da relação; de que maneira a brincadeira permite à criança relacionar-se com os outros
e com o meio ambiente;
- Em quarto lugar, o valor lúdico como tal: que prazer, alegrias e emoções a brincadeira vai causar às crianças que
brincam.

A estes critérios deve-se acrescentar a adequação da atividade lúdica aos gostos, à capacidade das crianças que,
por sua vez, devem ser conciliadas com as aprendizagens que se desejam concretizar.
Dentro de uma metodologia da utilização pedagógica convém respeitar o nível de desenvolvimento da criança.

Propostas de atividades para as diferentes fases de desenvolvimento:

Crianças dos 0 aos 2/3 anos


- Brincadeiras, que promovam o desenvolvimento do jogo simbólico;
- Exploração do seu próprio corpo com fim à comunicação através de gestos, sons, movimentos e expressões
faciais.

Crianças de 3 aos 4 anos


- Brincadeiras que exploram atividades de equilíbrio do corpo como subir, correr, transportar objetos, etc;
- Exploração ativa do meio ambiente, descoberta da novidade e do mundo exterior;
- Exploração das brincadeiras de imitação e iniciação das atividades de socialização;
- Intensificação de atividades de grafismo e colagem;
- Jogos do "porquê", para atender à necessidade da curiosidade da criança.

Crianças de 5 aos 6 anos


- Exploração de jogos para enriquecer o vocabulário;
- Exploração do imaginário: contar e inventar histórias; improvisação e teatro infantil;
- Jogos de desenvolvimento da memória;
- Brincadeiras de observação de detalhes;
- Atividades de criação de hábitos de respeito às regras;
- Jogos coletivos de intensificação de atitudes e de integração, visando a adaptação da criança à realidade.

Crianças acima dos 6 anos


- Jogos de concentração, precisão, de resistência e perseverança;
- Brincadeiras de grupo e de desafio;
- Jogos de aperfeiçoamento de habilidades;
- Jogos de classificação e organização;
- “Jogo de exercício”;
- “Jogo de regras”, onde estão inseridos os jogos tradicionais;
- “Jogo simbólico”;
- Jogos dramáticos.

O jogo dramático
É forma de expressão do real e do imaginário, ganha assim estatuto privilegiado na formação da criança no que respeita ao
desenvolvimento de parâmetros psico-motores e sócio afetivos. Não se sujeita a balizas comportamentais demasiado rígidas,
o que flexibiliza e facilita o mundo da fantasia sem esperar em troca compensações, nem recear insucessos provocados por
reforços positivos ou negativos e evitando aspetos competitivos ou de mero treino de outro tipo de jogos.
A atividade de jogo dramático descrito não resulta de regras, não resulta da vontade de produzir uma obra nem de nenhuma
expressão estética determinada. Antes resulta da vontade da criança em exprimir os seus sentimentos, emoções e interesses
face a uma realidade que deseja viver e reviver através da ação, bem como o desejo de compreensão de todo esse mundo.
Mas a criança, neste processo de jogo dramático, deseja comunicar com o outro o que sente. Para sua afirmação e para
exteriorização do Eu, tem necessidade que outro jogue também.
Importa ainda referir que esta atividade necessita de uma matriz planificadora; necessita igualmente de uma
observação sistematizada e de intervenção.
O jogo dramático atinge o seu expoente máximo no Jardim de Infância.

Função Simbólica e os seus elementos constituintes:

Imitação Diferida – de comportamentos;


Jogo do faz-de-conta – a criança vive a situação como ela quer;
Desenho - A imitação gráfica é feita como a criança pensa que o mundo é;
Imagem mental - componente da ação (imitação interiorizada);
Linguagem verbal - Capacidade de utilizar signos para representar o significado do objeto em si; Ainda tem
necessidade de fazer um grande esforço de acomodação; Componente lúdica: a criança tende a brincar com as palavras
quando as aprende.

EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM

Nas atividades dramáticas os alunos deverão desenvolver uma série de competências, físicas, pessoais, relacionais,
cognitivas, técnicas, de forma que possam expressar-se criativamente, improvisando e interpretando pela forma dramática.
No processo de aprendizagem os alunos devem desenvolver continuamente a utilização do corpo, voz e imaginação
enquanto veículos de expressão e comunicação.

Procura-se desenvolver competências individuais alicerçadas e sustentadas no seio do desenvolvimento do grupo, através
de atividades de:

- Exploração dos instrumentos expressivos: corpo, voz, espaço.

- Exploração temática pela improvisação.

- Criação de dramatizações.

- Pesquisa ativa e criativa baseada na interação com pessoas, espaços, vivências diferenciadas que permitam o
aprofundamento da criação dramática.

- Pesquisa documental (bibliográfica, videográfica, sonora...) que estimule o crescimento criativo.

- Exploração das potencialidades interdisciplinares na criação de um projeto dramático.

- Alargamento de referências através da assistência a espetáculos.

- Concretização de projetos com público.

- Promoção e participação em iniciativas de intercâmbio de experiências, tais como mostras, encontros ou festivais de teatro
com e para jovens.

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