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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS


FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

TRABALHO DE ESTUDOS REGIONAIS (EUA)


Uma análise comparativa dos perfis comportamentais de presidentes estadunidenses

Arthur Porto Alegre - RA00167981


Disciplina de Estudos Regionais (EUA) ministrada
pelo Professor Carlos Gustavo

São Paulo
2017
Resumo
Este trabalho, baseado no artigo “The Mind of Donald Trump” de Dan. P. McAdams para o
The Atlantic, parte da análise de cinco traços fundamentais da personalidade humana para
estabelecer relações, e propor eventuais questionamentos no que tange a análise
comportamental de chefes de estado, tendo como foco principal a comparação do atual
presidente Donald Trump com seus antecessores. A partir disso, é possível evidenciar por
meio da Psicologia Política, a particularidade do governo Trump em relação ao de outros
presidentes dos Estados Unidos, e sobretudo o estilo de tomada de decisão do atual
presidente, o que é decorrente de suas altas taxas de extroversão, e baixas taxas de
amabilidade enquanto características únicas de sua figura.

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Introdução

Na medida que o campo das Relações Internacionais se desenvolveu, sobretudo no contexto


de globalização advindo do pós década de 1990, estabeleceu-se progressivamente o diálogo
acadêmico para com outros campos de estudo, tais como a Antropologia, a Linguística, a
Sociologia, e a Psicologia. Decorrente da expansão e diversificação dos objetos de pesquisa, a
análise do perfil comportamental de chefes de estado mostra-se um objeto de pesquisa
proeminente, ao passo em que nos possibilita dialogar Psicologia e Política em âmbito
internacional, de maneira a contemplar a realidade global da segunda década do século XXI.

A Psicologia Política, nesse sentido, é descrita como:

uma encruzilhada de campos de conhecimento, apoiando-se na interdisciplinaridade


como um de seus aspectos centrais e debruçando-se sobre distintos objetos tais como:
preconceito social; diferentes formas de racismo, xenofobia e homofobia; ações
coletivas e movimentos sociais; intersubjetividade e participação; socialização
política e saúde pública; relações de poder e instituições totais; valores democráticos
e autoritarismos, participação social e políticas públicas. (EACH/USP, 2012)

Seu estudo ocupa um papel central na discussão proposta por este trabalho, dado que oferece
recursos necessários para fundamentar e refletir sobre o perfil comportamental de chefes de
estado, o qual insere o indivíduo no primeiro plano de análise. A partir disso, pautando-me
sobretudo no artigo The Mind of Donald Trump, publicado em Junho de 2016 no The
Atlantic, busco por meio deste trabalho estabelecer relações entre o perfil comportamental de
presidentes dos Estados Unidos, tendo como referência importante o trabalho de Steven J.
Rubenzer e Thomas R. Raschingbauer intitulado Personality, Character, and Leadership In
The White House: Psychologists Assess the Presidents, e partindo do atual presidente Donald
Trump como figura central a ser utilizada para as comparações.

Os cinco principais traços da psicologia da personalidade a serem utilizados para estabelecer


as comparações propostas acima são os seguintes:

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Neuroticismo: associado ao termo “Estabilidade Emocional”, o neuroticismo
contempla traços comportamentais tais como a tensão, a alta e rápida variabilidade
no humor, e a ansiedade.
Extroversão: o conceito de extroversão, para além do sentido atribuído no diálogo
cotidiano, é associado ao comportamento verbal exagerado, a assertividade e a
indivíduos energéticos.
Amabilidade: enquanto traço, a amabilidade é associada a simpatia, a generosidade,
bondade, e a afetuosidade.
Consciencialidade: a consciencialidade relaciona-se diretamente com o controle dos
impulsos por parte do indivíduo, favorecendo comportamentos pautados no
cumprimento de metas e/ou objetivos delimitados.
Abertura (para experiência): corresponde a disposição do indivíduo em sair de sua
zona de conforto, colocar-se em situações de vulnerabilidade, e praticar a abstração.
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O Perfil Comportamental de Trump

Donald John Trump nasceu no ano de 1946 em Nova York. Formou-se em economia no ano
de 1968, e logo após a saída da universidade começou a trabalhar na companhia de seu pai, na
The Trump Organization. Ao longo de sua carreira, Trump atuou sobretudo no mercado
imobiliário, ao passo em que paralelamente construiu uma imagem de impacto tanto no
mundo dos negócios, como no mundo do entretenimento, a exemplo de sua participação em
diversos filmes, e na co-produção do reality show The Apprentice da rede de televisão norte-
americana NBC. Sua eleição enquanto presidente dos Estados Unidos foi - e vem sendo - um
fenômeno ímpar, dada a conjuntura particular de sua retórica se comparada a de outros líderes
ocidentais, e a ideologia política que representa, o que acaba sendo amplamente documentado
e discutido a partir do grande fluxo de informações característico dos dias de hoje.

O campo da Psicologia Política vem demonstrando que o temperamento de um indivíduo,


bem como suas motivações, objetivos e concepções internas sobre si mesmo são indicadores
importantes a respeito do que aquela pessoa pode vir a sentir, pensar e fazer. Para além disso,
no que tange a política, a psicologia demonstra como traços fundamentais da personalidade
humana, a exemplo da extroversão e do narcisismo, permeiam os processos de tomada de
decisão. Para além de fatores externos tais como a conjuntura política internacional de uma
determinada época, os traços de personalidade de um chefe de estado estão diretamente
relacionados a sua maneira de liderar.

De acordo com a pesquisa de Rubenzer e Faschingbauer, Trump demonstra ter um perfil de


traços comportamentais pouco esperados para um presidente norte-americano: alta
extroversão combinada a um baixíssimo grau de amabilidade. É válido mencionar também
que a extroversão é associada a comportamentos compulsivos predominantemente pautados
na busca por recompensas, seja na forma de aprovação social, fama ou bens. É possível
evidenciar a prevalência da alta extroversão e do baixo grau de amabilidade na retórica e na
figura de sí que Trump projeta para a mídia, como por exemplo a partir de suas publicações
no Twitter:

“Happy New Year to all, including to my many enemies and those who have fought me
and lost so badly they just don't know what to do. Love!”
5:17 AM - 31 Dec 2016

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“Barney Frank looked disgusting--nipples protruding--in his blue shirt before
Congress. Very very disrespectful.”
12:36 PM - 21 Dec 2011

A pouca amabilidade, de acordo com McAdams, leva indivíduos a serem vistos como pouco
confiáveis. O presidente Donald Trump encaixa-se perfeitamente nesse contexto, vide a
pesquisa do PolitiFact que estima que 42% de suas afirmações são falsas, para além da página
Trump’s Lies do New York Times, que se ocupou em registrar as falácias do presidente ao
longo de seus seis primeiros meses de mandato.

Ademais, de acordo com o artigo de McAdams, seus traços de personalidade “sugerem um


mandato presidencial potencialmente explosivo, que pode vir a ser conduzido por um
presidente enérgico e ativo que desconsidera, em diversos momentos, a verdade”. Ainda, dada
a análise de seu perfil comportamental, sugere-se que Trump possa ser um “tomador de
decisão irreverente e agressivo, que desesperadamente deseja conquistar os mais diversos
resultados e aprovação, e que em contrapartida não reflete a respeito das consequências que
suas atitudes possam ter”.

Por fim, no que tange especificamente o perfil comportamental de Trump, para além da
análise dos cinco principais traços de personalidade, vale ressaltar a alta propensão que o
presidente tem ao autoritarismo, quando analisado por via da psicologia. Uma personalidade
autoritária é aquela que apresenta padrões apoiados em normas sociais tradicionais, e
consequentemente demonstra submissão a lideranças que personificam ou reforçam estes
valores. Em contrapartida, existe a apatia com relação a grupos ou indivíduos que ameacem
e/ou não partilhem destes valores. Nos Estados Unidos, indivíduos com personalidade
autoritária são frequentemente associados a casos de violência para com minorias, rigidez
cognitiva, e fundamentalismo cristão.

Trump em Contraste a Seus Antecessores

Assim como George W. Bush, Bill Clinton e Teddy Roosevelt (caracterizado enquanto
detentor de um alto índice de extroversão), Trump assume o papel de um chefe de estado
descontraído, exuberante, e socialmente dominante, o que pode ser atribuído a sua alta taxa de

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extroversão. Paralelamente, nota-se que o atual presidente dos Estados Unidos manifesta
maior agressividade se comparado a seus antecessores mencionados acima. De maneira um
pouco mais semelhante, Donald Trump compartilha de certos traços - propensão ao
autoritarismo, agressividade e narcisismo - com Andrew Jackson, o qual é descrito enquanto
“um populista autoritário e agressivo que conseguiu canalizar medos e inseguranças das
massas”. McAdams descreve em seu artigo que na “medida que indivíduos com
personalidades propensas ao autoritarismo vêm seu estilo de vida ameaçado, eles se voltam a
lideranças que prometem os manter a salvo”, a exemplo do que fez Trump.

No que tange a baixa amabilidade, Trump assemelha-se a Nixon, sendo dentre todos os seus
antecessores o presidente norte-americano menos amável de acordo com a pesquisa de
Rubenzer e Faschingbauer. Desta forma, na tentativa de prever seu estilo de tomada de
decisão, pode-se arriscar dizer que o mesmo se assemelha ao de Nixon e de seu Secretário de
Estado Henry Kissinger, no sentido de priorizar atitudes práticas em detrimento de
ideológicas. A baixa amabilidade, por outro lado, pode trazer vantagens na barganha com
outras nações, ao passo em que no âmbito internacional, Nixon é visto como uma liderança
pragmática e racional.

Para além dos traços de personalidade, é importante reforçar a importância das identidades
narrativas quando se trata de um chefe de estado, sobretudo porque esta construção atribui
significado para as atitudes que um indivíduo toma no decorrer de sua história:

Like all of us, presidents create in their minds personal life stories—or what
psychologists call narrative identities—to explain how they came to be who they are.
This process is often unconscious, involving the selective reinterpretation of the past
and imagination of the future. A growing body of research in personality,
developmental, and social psychology demonstrates that a life story provides adults
with a sense of coherence, purpose, and continuity over time. Presidents’ narratives
about themselves can also color their view of national identity, and influence their
understanding of national priorities and progress. (McAdams, 2016)

McAdams faz uma comparação clara da análise das identidades narrativas de Bush, Obama e
Trump no trecho a seguir, reiterando a relevância dos aspectos psicológicos na idéia que se

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tem de nação, política, e explorando as noções básicas e fantasias decorrentes das distintas
histórias individuais:

Our narrative identities typically begin with our earliest memories of childhood.
Rather than faithful reenactments of the past as it actually was, these distant
memories are more like mythic renderings of what we imagine the world to have been.
Bush’s earliest recollections were about innocence, freedom, and good times growing
up on the West Texas plains. For Obama, there is a sense of wonder but also
confusion about his place in the world. Donald Trump grew up in a wealthy 1950s
family with a mother who was devoted to the children and a father who was devoted to
work. Parked in front of their mansion in Jamaica Estates, Queens, was a Cadillac for
him and a Rolls-Royce for her. All five Trump children—Donald was the fourth—
enjoyed a family environment in which their parents loved them and loved each other.
And yet the first chapter in Donald Trump’s story, as he tells it today, expresses
nothing like Bush’s gentle nostalgia or Obama’s curiosity. Instead, it is saturated with
a sense of danger and a need for toughness: The world cannot be trusted. (McAdams,
2016)

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Conclusão

Tendo em vista o que foi elencado no decorrer do trabalho, fica claro o potencial desse objeto
de pesquisa tanto para o campo das Relações Internacionais, como para o campo da
Psicologia. Apesar da subjetividade inerente aos diversos conceitos do universo da Psicologia,
a análise comportamental de chefes de estado e o reflexo que esta tem sobre seus respectivos
estilos de tomada de decisão, nos permite analisar exclusivamente o indivíduo, e observar os
reflexos de sua história nos processos de tomada de decisão.

Donald Trump, especificamente, assim como outras lideranças de impacto no decorrer da


história, demonstra a importância de se analisar o indivíduo em certos contextos, o que vem
se tornado mais fácil nos dias de hoje, dada a ampla cobertura que a mídia faz destas figuras.
A partir disso, McAdams classifica Trump enquanto um presidente com altas taxas de
Extroversão e poucas taxas de Amabilidade, o que não pode ser completamente
fundamentado ao passo em que o atual presidente dos EUA não se submeteu oficialmente a
realizar um teste específico. No entanto, a partir da classificação feita por Rubenzer e
Faschingbauer, ficam claras as diversas relações entre lideranças com perfis comportamentais
similares no que diz respeito a seus respectivos mandatos, sobretudo entre Donald Trump,
Andrew Jackson e Nixon.

Concluo este trabalho, portanto, sugerindo que deve-se aprofundar os mecanismos a partir dos
quais se analisa e avalia psicologicamente figuras públicas no contexto em que vivemos hoje,
ao passo em que é de grande riqueza, no que tange a política e a sociedade em geral, utilizar
desse recurso para explorar e debater eventuais possibilidades de um futuro que não deixa de
ser incerto, mas que pode se tornar um pouco mais previsível.

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Bibliografia

1) Psicologia políca: debates e embates de um campo interdisciplinar / organizadores,


Marco Antonio Betttine de Almeida, Alessandro Soares da Silva, Felipe Corrêa. – São
Paulo: Escola de Artes, Ciências e Humanidades – EACH/USP, 2012. 247p. Modo de
acesso ao texto: http://www.each.usp.br/edicoes-each/psicologia_politica.pdf
2) McAdams, Dan. P; The Mind of Donald Trump, 2016, The Atlantic. Modo de acesso ao
texto:https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2016/06/the-mind-of-donald-
trump/480771/
3) John, P. Oliver; Naumann, Laura P.; Soto, Christopher J.; Paradigm Shift to the
Integrative Big Five Trait Taxonomy; Berkley, . Modo de acesso:
https://www.ocf.berkeley.edu/~johnlab/pdfs/2008chapter.pdf
4) RUBENZER, Steven J.; FASCHINGBAUER, Thomas R. Personality, character, and
leadership in the White House: Psychologists assess the presidents. Potomac Books, Inc.,
2004.

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