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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE DIREITO

CIÊNCIA POLÍTICA E DIREITO CONSTITUCIONAL

FICHA DE LEITURA Nº 1

CONCEITO E OBJECTO DA CIÊNCIA POLÍTICA

A designação da nossa disciplina resulta da conjugação dos vocábulos: “Ciência” e “Política”,


por conseguinte a definição do conceito de Ciência Política pressupõe que se responda às
perguntas o que é “ciência” e o que é “política”?

Segundo Marcolini, o vocábulo “ciência” significa, em sentido lato, simplesmente


“conhecimento” e, em sentido estrito, refere-se não a um conhecimento qualquer, mas àquele
conhecimento que, além de apreender e registar os factos os demonstra por suas causas
constitutivas ou determinantes. (Metodologia Científica, 4ª ed., Atlas, São Paulo, 2004, p. 23).

Por sua vez, Ander-Egg define a ciência como “um conjunto de conhecimentos racionais, certos
ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis que fazem referência a
objectos de uma mesma natureza”. (Introducción a las técnicas de investigación, 1978:15).

A análise desta definição permite caracterizar a ciência como um conhecimento:

a) Racional – exige método e está constituído por uma série de elementos básicos:
conceitos, hipóteses e definições;

b) Certo ou provável – não se pode atribuir à ciência a certeza indiscutível;

c) Obtido metodicamente – não se adquire ao acaso ou na vida quotidiana, mas mediante


regras lógicas e procedimentos técnicos;

d) Sistematizado – não se trata de conhecimentos dispersos e desconexos, mas de um saber


ordenado logicamente constituindo um sistema de ideias ou teoria;

e) Verificável – as afirmações que não podem ser comprovadas não fazem parte da ciência.

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f) Relativo ao objecto de uma mesma natureza – objectos pertencentes a determinada
realidade que guardam entre si certos caracteres de homogeneidade.

Quanto ao vocábulo “política”, este admite diversos significados, dos quais se pode destacar os
seguintes:
 Política como gestão – busca das escolhas possíveis para resolver um problema face aos
meios existentes (ex. “política da educação”, “política da saúde”, “política do
trabalho”, “política do ambiente”).
 Política como estratégia – escolhas efectuadas por certos sujeitos para resolver um
problemas (ex. "política do partido”, “política do governo”).
 Política como conjunto de factos específicos do domínio político.
Estes significados aparecem com maior clareza na língua inglesa através dos seguintes vocábulos:
 “policy” – para designar a política como gestão ou como estratégia.
 “politics” – para exprimir a ideia de campo ou sector da realidade onde diversas
concepções ou programas se entrechocam, se combatem ou se destroem ou se
compatibilizam.
O sentido de política (politcs) é o que interessa à Ciência Política e pressupõe a existência de
factos com certas características que integram o universo político.
Duas acepções de Ciência Política.

Em sentido restrito, a Ciência Política é a disciplina que estuda as manifestações, as formas e as


regularidades dos factos políticos em si mesmo ou através do comportamento dos indivíduos
mediante métodos de observação.

Em sentido amplo, a Ciência Política engloba todos os conhecimentos, independentemente do


método da sua obtenção, relativos à compreensão, explicação e fundamento racional dos factos
políticos, ordenados e sistematizados em função do seu objecto.

O facto político ou política

O facto político é um evento social, porque produz-se como consequência da interacção dos
homens vivendo em sociedade.

Algumas definições de política

“ (...) a actividade social que tem como objectivo garantir, pela força, geralmente
apoiada no direito, a segurança exterior e a concórdia interna de uma unidade política
particular, salvaguardando a ordem no meio de lutas que têm origem na diversidade e
divergência das opiniões e interesses”. (Freud).

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“Todo o acontecimento ligado à instituição, existência e exercício do poder político”.
(Marcello Caetano).

“Todo o facto social relacionado com o acesso, a titularidade, o exercício e o controlo


do político”. (Marcelo Rebelo de Sousa).

“Actividade humana de tipo competitivo, que tem por objecto a conquista e o exercício
do poder”. (Diogo Freitas do Amaral).

Nota-se nestas definições que a luta pelo poder constitui a essência da política. Luta
para conquistar, exercer, controlar e manter o poder.

CONCEPÇÕES SOBRE A POLÍTICA

 A política tem a ver essencialmente com o Estado, ou seja, com a conquista e o exercício
do poder político no Estado. (Marcel Prélot).

o Esta concepção não ignora a existência de fenómenos de poder fora do Estado


(v.g. na sociedade internacional, nas comunidades municipais, nas igrejas, nos
sindicatos, etc.)

o Mas nega que tais fenómenos sejam, por sua natureza, políticos.

 A política abrange todo o fenómeno de poder em qualquer sociedade humana. (Maurice


Duverger).

o Assim, o carácter político é aquele que se prende a todo o facto, acto ou


situação enquanto traduzem a existência, num grupo humano, de relações de
autoridade e de obediência estabelecidas em vista a um fim comum.

Qual das duas concepções é mais adequada?

Para Freitas do Amaral é a primeira, porquanto é conforme ao significado etimológico da


palavra política.

 Política vem de Polis, palavra que, na Grécia antiga, queria dizer cidade.

 Para os gregos Cidade significava colectividade política ou cidade-Estado e não


o aglomerado urbano, que aí se chamava vila.

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Assim podemos definir o facto político ou política como:

“Actividade humana de carácter competitivo que tem por objecto a conquista, a


manutenção, o controlo e o exercício do poder no âmbito do Estado.

5. O Poder Político e seu Fundamento

A vida em sociedade comporta sempre conflitos de interesses – patentes ou latentes – que


resultam da concorrência permanente entre os indivíduos no aproveitamento utilização de bens
sempre escassos e insuficientes para a satisfação de necessidades múltiplas.

A exacerbação dos conflitos de interesses sem qualquer controlo social poderia colocar
em risco a sobrevivência da própria sociedade. Por isso se torna necessário encontrar mecanismos
de regulação desses conflitos, reduzindo-os a níveis que permitam uma certa harmonia social.

Vai daí a necessidade de instituir uma instância de arbitragem com a missão de definir os
rumos da colectividade e garantir uma distribuição equilibrada dos bens escassos.

Para a prossecução desta missão, a instância de arbitragem carece de poder.

Define-se poder como:

Possibilidade de impor eficazmente aos outros o respeito da própria conduta ou de


traçar a conduta alheia.

Capacidade de obrigar os outros a se comportarem de certa maneira de modo a


subordinar os interesses particulares ao interesse geral.

Assim, existe poder sempre que alguém tem a possibilidade de fazer acatar pelos outros
a sua própria vontade, afastando qualquer resistência exterior àquilo que quer fazer ou
obrigando os outros a fazer o que ele queira.

PODER POLÍTICO - poder de injunção dotado de coercibilidade material, isto é, um


poder de natureza vinculativa marcado pela susceptibilidade, quer do uso da força física, quer da
supressão, não resistível, de recursos vitais.

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Coercibilidade material significa a susceptibilidade do uso da força física ou da pressão
material. Distingue-se da coacção material que é a plena efectivação da força física ou da pressão
material.

O fundamento da existência e do exercício do poder político pode encontrar-se na


necessidade de encontrar mecanismos destinados à resolução de conflito de interesses resultantes
do acesso a bens finitos.

Portanto a função do poder político é resolver os conflitos de interesses que podem surgir
entre aqueles que concorrem na utilização de bens finitos.

A LEGITIMIDADE DO PODER POLÍTICO

O poder político não se exerce apenas pelo uso da força. Os que exercem o poder político
necessitam de obter consentimento, pelo menos passivo, dos destinatários do poder. O poder tem
de se revestir em autoridade.

O poder político, enquanto autoridade, carece de legitimidade ou consentimento os que


estão sujeitos a esse poder e que resulta da convicção de que o detentor do poder é o titular
adequado e de que o exerce para o bem comum.

Assim, a legitimidade pode ser analisada segundo duas perspectivas:

 Legitimidade de título que resulta do modo de designação dos titulares do poder


político.

 Legitimidade de exercício que resulta do modo como é exercido o poder político


pelos governantes.

A legitimidade tem, assim, em consideração a forma como os governantes:


 ascenderam ao poder político;
 se comportam no exercício do poder político, tendo como ponto de referência da
actuação um conjunto de valores..

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LEGITIMIDADE E LEGALIDADE
Com estas características, a legitimidade se distingue da legalidade que tem a ver com a
actuação do poder político de acordo com as normas jurídicas vigentes.
Nesta perspectiva, pode acontecer que uma decisão política se apresente ao mesmo tempo
como legal e como ilegítima.
A decisão é legal porque está de conformidade com as regras em vigor num determinado
ordenamento jurídico, criadas em obediência aos procedimentos de criação das normas jurídicas.
A decisão é ilegítima porque as regras jurídicas ao abrigo das quais a decisão política foi
tomada não traduzem, nem respeitam a vontade da comunidade a que se destinam.

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OS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE EM CIÊNCIA POLÍTICA

1. Aproximação ao conceito de método científico

Em geral entende-se por método “o caminho pelo qual se chega a determinado resultado,
ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo reflectido e deliberado”
(Hegenberg).
Método científico é o “conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior
segurança e economia, permite alcançar o objectivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –
, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista
(Maria de Andrade Marconi).

2. O Problema dos Métodos de Ciência Política

Colocação do problema:
 A Ciência Política tem métodos próprios, diferentes dos métodos de outras ciências
sociais, ou emprega apenas as perspectivas e as técnicas destas ciências?
Diversidade de respostas:

Primeira tese: a Ciência Política utiliza exclusivamente os métodos das outras ciências
sociais.
 Marcel Prélot (1974): o politicólogo não tem de recorrer a outros
métodos senão aos comummente utilizados pelas ciências sociais.

 Grawitz (1964): A Ciência Política não possui um método próprio, mas


sim o método que é comum às outras ciências sociais.

Segunda tese: a Ciência Política pode desenvolver métodos próprios para uma análise
aprofundada do seu objecto de investigação.

 Maurice Duverger: nada impede que a Ciência Política desenvolva os


seus próprios métodos, ao lado dos que toma emprestados às outras

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ciências sociais, e que estas utilizem, por seu lado, as técnicas
aperfeiçoadas pelos politicólogos.

 Ronald Cohen: a Ciência Política ampliou o âmbito do seu objecto para


além do sistema governamental formalmente instituído (exemplos:
grupos de pressão, comportamento eleitoral, movimentos sociais,
socialização da política).

Isto tornou cada vez mais necessário, para os cientistas políticos, o


estudo do meio sócio-cultural da vida política, seguindo-se uma
orientação sócio-científica mais genérica.

Assim, a Ciência Política recorreu às disciplinas afins, especialmente à


sociologia e à psicologia.

Estas disciplinas já estavam equipadas com um corpo de teoria e


técnicas dirigidas para as novas variáveis que passaram cada vez mais a
serem incluídas na esfera de pesquisa da Ciência Política.

Posição adoptada
 A Ciência Política, como ciência social que estuda os factos e os acontecimentos
políticos que ocorrem num determinado contexto social e, ainda, os fenómenos políticos
das conjunturas nacionais e internacionais, não pode dispensar os métodos
desenvolvidos e aplicados por outras ciências sociais.

 Porém, a autonomia de que goza a Ciência Política em relação às demais ciências sociais
exige que ela desenvolva métodos próprios que lhe permitam aperfeiçoar e aprofundar o
estudo do seu objecto.

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As perspectivas básicas de investigação e análise

O porquê da diversidade de perspectivas básicas?


 O campo da CP é muito variado, pois:
 o poder se exerce a diversos níveis (ex. central, regional e
autárquico).
 a conquista e manutenção do poder interessa a diversos grupos
 os investigadores e analistas provêm de quadrantes diferentes
(juristas, sociólogos, antropólogos, etc.) possuindo uma
concepção do mundo e da vida diferenciada.
Resulta daí a existência não de uma mas de várias perspectivas de investigação e
análise dos factos políticos.

As Perspectivas básicas:
 a das tendências individuais
 a racionalista
 a funcionalista, e
 a sistémica

A perspectiva das tendências individuais

 Fundamento – princípio de que a acção política tem sempre origem em homens


individualmente considerados.

 Estratégia de investigação e análise:

a. averiguar a posição do agente político em relação aos problemas do


domínio da Ciência Política;
b. e explicar e prever as suas decisões e intervenção a partir dessa
averiguação.

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 Tendência predominante – estudar o comportamento dos agentes individuais da
política, com ajuda de conceitos psicológicos e sociais.

Kornies: desenvolveu uma teoria sobre o papel dominante da personalidade


individual na vida política, procurando concretizar o tipo do homem de Estado:
“Consciência de vocação, cuja essência é o ideal político, energia inquebrantável da
vontade, consciência da responsabilidade, força sugestiva, sentido do dever,
conhecimento da alma humana”.

Evolução da perspectiva das tendências individuais

As tendências dos grupos

 Possibilidade de tendências típicas comuns a grupos maiores ou menores de pessoas.

 Possibilidade de interpretar o comportamento não só do indivíduo mas também do


grupo. (Agnus Campbell).

 Passagem da análise do comportamento individual para a análise do comportamento dos


grupos identificados pelo denominador comum das tendências individuais, tomando
esse denominador comum como base da explicação do comportamento político.
(comportamento da burguesia, do operariado, do campesinato, dos cristãos, dos
budistas, etc.).

A perspectiva racionalista

A perspectiva das tendências defende que pelo menos grande parte do comportamento
político é emociaonal (instintivo)

Ou seja, não se baseia numa escolha consciente dos objectivos a alcançar através da
acção política.

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A perspectiva racionalista, pelo contrário, procura explicar o comportamento político
em função dos objectivos racionalmente seleccionados.

Todo o pensamento liberal assenta neste pressuposto:


Hobbes partiu do princípio hedonístico (hedonismo= (fil)sistema moral que considera o
prazer como o bem supremo que a vontade deve atingir; (psic) tendência para agir de maneira a
evitar o que é desagradável e atingir o que é agradável) que descreve o homem como procurando
realizar, com menor custo, aquilo que considera seu interesse.

Lock explicou a passagem do Estado da natureza (sociedade civil) ao estado político pelo
objectivo de encontrar protecção para os direitos naturais.
Bentham entendeu o processo político como o resultado de um cálculo utilitário sobre os
melhores meios para alcançar a satisfação dos objectivos prioritários dos indivíduos.

A perspectiva racionalista:
 Não exclui a importância das tendências individuais ou dos grupos;
 Inclui estas tendências na definição dos motivos (todos os factores que entram na
ponderação da escolha do comportamento político);
 É totalizante – toma em consideração a personalidade básica do indivíduo (ou
dos grupos) e os objectivos conscientemente seleccionados (Futurologia a
curto, médio e longo prazos).

 A análise dos fenómenos políticos em função do binómio razões-objectivos deu


origem a desenvolvimentos metodológicos conhecidos como:

 Processo de formação de decisões


 Teoria de jogos

O processo de formação de decisões

Pressuposto básico
 O processo político se analisa em decisões que finalmente alguém toma.

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 Estas decisões se traduzem sempre num juízo final sobre a maneira de conseguir
certos resultados numa conjuntura concreta.

 A conjuntura concreta representa o ambiente de decisão, ou seja:


todos os elementos que constituem factores dados pela conjuntura e
que não estão dentro da capacidade de alteração ou de intervenção
que o agente possa possuir.

Exemplos:
 A situação geográfica
 A composição étnica do grupo
 As fronteiras físicas
 pirâmide etária
 O peso da história
 As decisões tomadas por centros de poder diferentes

 Nenhum centro de decisão pode ignorar a existência de factores inerentes à


própria conjuntura e o facto de a própria decisão final ser tomada por homens,
vários ou um, e que todos estão condicionados pela sua concepção do mundo e
da vida (perspectiva das tendências individuais)

Método de análise da formação das decisões


 As decisões são tomadas segundo um princípio racionalista ou de razoabilidade.

 Ou seja, o decisor, em face de uma conjuntura concreta, pondera os meios


existentes relativamente aos fins que visa alcançar.

 A decisão tomada será, nestes termos, a que for mais adequada a atingir os
objectivos que forem projectados, tendo em consideração os constrangimentos
existentes no momento em que se decide.

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A teoria de jogos

Pressuposto :
 Numa situação de jogo ou conflito, os intervenientes procurarão maximizar os
ganhos e minimizar as perdas e tomarão decisões que correspondam a essa
economia.

 Por isso é preciso estudar as expectativas racionais do comportamento que será


adoptado pelo adversário, dado fundamental no processo de tomada de decisão.

 A razoabilidade determina que se estabeleça um plano de execução (estratégia)


que define o movimento racional a fazer para obter a vitória, tendo em conta o
movimento que racionalmente se espera do adversário.

 Daqui resulta que a decisão tomada deve ponderar as reacções de todos aqueles
que podem ser relevantes para a sua concretização e a possibilidade relativa de as
poder enquadrar em padrões de comportamentos típicos.

Perspectiva funcionalista

Procura explicar a função desempenhada por uma entidade ou órgão numa determinada
estrutura social e os termos em que essa entidade ou órgão correspondem às expectativas e às
necessidades fundamentais do respectivo grupo humano organizado.

Merton contribuiu para esta perspectiva relativamente:


 À possibilidades de um elemento da estrutura desempenhar várias funções e
vários elementos substituírem-se reciprocamente no exercício da mesma função.
 À existência de funções manifestas e de funções latentes.
 Ao conceito de disfunção.

Perspectiva sistémica

Procura explicar o fenómeno político tendo por base o conceito de sistema, isto é, um
conjunto de elementos inter-relacionados e em interacção, e põe em destaque:

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 O meio ambiente, interno e externo, em que são formulados os imputs e os
autputs.
 Os imputs que são objecto de expressão no sistema e que se consubstanciam nos
dados que são tidos em consideração pelos decisores políticos.
 Os autputs que são objecto de expressão no sistema e que se consubstanciam nas
respostas aos imputs que são expressos no sistema.
 A consequência que os autputs na expressão de imputs através de um sistema de
retroacção.

8. Técnica de pesquisa dos factos políticos

a) Análise documental
É feita com base em documentos: escritos, filmes, fotografias, gravações, material usado
na vida política e na propaganda política e partidária.
Os documentos podem ser:
 Directos – quando emitidos por intervenientes no processo de decisão do poder político.
 Indirectos – quando, não sendo emitidos por intervenientes no processo de decisão,
testemunham a actividade do poder político de forma intencional ou acidental.
b) Observação directa
 Extensiva – estudo de um grupo humano numeroso através de métodos como as
sondagens de opinião.
 Intensiva – apuramento de uma forma mais aprofundada das atitudes e os
comportamentos e determinadas pessoas ou de determinados grupos de pessoas, usando
a entrevista, os testes, e a observação participada.

9. Ciência Política e Ciências Sociais afins.

a) Sociologia Política – parte da Sociologia em geral que estuda as relações entre os


factos políticos e outros tipos de factos sociais (formas de sociedade em que em que a política se
desenrola, a influência das classes sociais na vida política, a representação das diferentes classes
sociais nos partidos políticos e nos órgãos de soberania, a origem social dos governantes, a
influência do dinheiro na vida política, as relações entre a economia e a política, etc.

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b) Antropologia Política – ramo da antropologia cultural que estuda a organização e o
poder nas sociedades primitivas (pré-estaduais.).

d) História Política ou História dos Factos Políticos – ramo da História que estuda os
factos políticos no passado. Estuda, por exemplo, o que foi a evolução política de um
determinado país – as suas instituições, os seus dirigentes, os problemas que teve de enfrentar e
como os resolveu.

e) História das Ideias Políticas – ramo da história política que estuda a evolução das
ideias políticas no passado, isto é, estuda a política na perspectiva não dos factos ou
acontecimentos, mas na perspectiva das ideias, doutrinas e teorias que foram sendo expostas por
pensadores ou preconizadas por homens de acção e que exerceram ou ainda exercem uma
determinada influência no modo de entender e aplicar a política, de organizar o Estado, de
encarar ou exercer o poder, etc.
Os homens não se movem apenas por interesses ou ambições e as sociedades não
evoluem apenas em virtude de factores geográficos ou económicos.
A força das ideias é um dos elementos mais poderosos motores da vida humana e uma
das causas mais intensas e frequentes dos fenómenos políticos.

f) Filosofia Política – ramo da filosofia que estuda os problemas políticos. (o que é o


poder? Qual o seu fundamento? Como se explica que num Estado uns tenham a possibilidade de
mandar e outros a necessidade de obedecer? O poder deve ou não ser limitado? Em função de que
princípios e critérios? Qual o valor fundamental numa comunidade política – o Estado ou o
homem? O poder ou a liberdade? Como conciliar os poderes do Estado e os Direitos dos cidadãos
A filosofia questiona os pressupostos e os consequentes da própria Ciência Política:
 as formas de conhecimento dos factos políticos (Gnosologia Política);
 a natureza dos factos políticos (Ontologia Política);
 a valoração dos factos políticos (Axiologia Política).

g) Teoria Geral do Estado – disciplina que estuda cientificamente o Estado, ocupando


de definir o conceito de Estado, os seus elementos, as suas formas e os seus fins, as suas funções,
os seus órgãos, os seus poderes e, ainda, a tipologia dos regimes políticos e dos sistemas de
governo. Nesta perspectiva, a Teoria Geral do Estado é um dos ramos da Ciência Política.

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10. Ciência Política e Direito Constitucional
O Direito Constitucional, definido materialmente, é o conjunto de normas jurídicas
fundamentais que regulam a estrutura, os fins e as funções do Estado, a organização, a
titularidade e o exercício do poder político do Estado.
Doutra forma, o Direito Constitucional é um ramo da Ciência do Direito Público que
estuda as normas constitucionais vigentes num país. O Direito Constitucional não estuda
directamente a política como tal, mas as normas jurídicas que enquadram e regulam a actividade
política,

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