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Julho de 2010
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MÓDULO I:
DEMOCRÁTICOS
Jorge Sampaio, in Educar para a Cidadania, Maria de Lourdes L. Paixão, Lisboa Editora
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Mas este é um dos lados da moeda.
Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão deve ter consciência das
suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo
organismo que é a colectividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento
todos têm de dar sua parcela de contribuição.
Somente assim se chega ao objectivo final, colectivo: a justiça em seu
sentido mais amplo, ou seja, o bem comum (Estado Natureza vs Estado Civil).
Ser cidadão é:
• ter e exercer a cidadania;
• gozar dos direitos civis e políticos;
• cumprir os deveres que temos para com o Estado e a comunidade.
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A moderna concepção da cidadania liberal assenta na igualdade de todos os
homens perante a lei. Os direitos serão, nesta concepção de cidadania, perspectivados
como direitos do indivíduo em sua defesa perante a eventual prepotência do Estado.
Porém, na prática, revelaram-se essencialmente reservados à burguesia, porque
assentava em direitos cívicos (de liberdade de expressão, de livre opinião, de
propriedade) não extensíveis a todos. Esta concepção remonta à Revolução Francesa
e à Declaração Universal dos Direitos do Homem e do cidadão de 1789.
Assim, se for considerado o conceito de cidadania da antiguidade clássica,
veremos que contrasta com a moderna concepção de cidadania liberal.
A concepção grega de cidadania fazia a distinção entre o cidadão e o
súbdito, considerando-os desiguais e dando primazia ao cidadão-homem, reservando à
cidadania direitos como o de participação na vida da cidade, a possibilidade de ser eleito
para cargos públicos, e excluindo do direito de cidadania as mulheres, os escravos e os
estrangeiros. Na Roma antiga, o cidadão romano gozava de privilégios que lhe eram
atribuídos por estatuto legal.
No séc. XX, o conceito de cidadania como que se alarga, podendo até, talvez,
falar-se em democratização da cidadania.
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O Estado fragilizou-se e tornou-se mais necessária a intervenção dos
cidadãos com objectivos sociais, não só prevenindo o aumento dos excluídos,
como contribuindo para a sua eliminação, ainda que gradual, se necessário.
Uma definição taxativa de Cidadania não parece fácil, nem será porventura o
mais importante neste contexto.
Para Barbalet (1989: 12) a “cidadania poderá ser descrita como participação
numa comunidade ou como a qualidade de membro dela”.
Podemos desde já considerar que a cidadania pressupõe a existência de uma
comunidade política, isto é, um conjunto de indivíduos com uma autoridade política
comum, que gozam de igual estatuto definido em leis gerais previamente estabelecidas e
que participam no governo dessa comunidade.
Esta definição está no entanto incompleta porque não especifica que tipo de
participação nem a qualidade de integração.
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1 • Existência de leis gerais e de órgãos políticos que as executem e façam
cumprir (tribunais, parlamento, governos), bem como de instituições públicas que
concretizem as políticas definidas (organismos públicos, hospitais, escolas e outras
instituições e serviços públicos de implementação das políticas adoptadas),
O Estado tem obrigações relativamente aos cidadãos, mas estes não têm
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Alguns destes direitos começaram a vigorar ainda antes da existirem direitos
políticos, mas a sua plena concretização exige um regime democrático, isto é, poder
político livremente eleito pelos cidadãos. De facto, os cidadãos terão mais garantias de
verem respeitados os seus direitos fundamentais na medida em que lhes seja
reconhecido o direito de elegerem os poderes políticos que elaboram as leis e as fazem
cumprir. Surgiram, assim, os direitos políticos.
Estes últimos direitos são mais recentes e de natureza diferente. A sua plena
realização depende dos recursos disponíveis do Estado. Terão que ser concretizados
à medida que cresça a economia do país e, consequentemente, os recursos do Estado
para aplicar nas políticas sociais.
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“privi-leges”, isto é, só se aplicam a certos grupos ou indivíduos. As situações são aceites
com base na tradição.
Exemplo: nas sociedades medievais aos membros da nobreza não podiam ser
aplicados castigos ou penas corporais, que eram usualmente aplicados aos estratos
sociais mais baixos.
À conquista dos direitos cívicos sucedeu-se a reivindicação dos direitos políticos, que se
concretizam na possibilidade de os cidadãos participarem, directamente ou através dos
representantes eleitos, nos poderes que geram as leis e a sua aplicação. A estes direitos
estão associadas as liberdades políticas: de associação nomeadamente em partidos e
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sindicatos, de expressão pública de ideias políticas, incluindo a comunicação social, etc.
(ver Constituição da República, Princípios Fundamentais).
Exemplo prático:
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Questões a reflectir:
1 • o RMG não é uma dádiva de caridade, que sempre existiu nas sociedades
tradicionais, mas um direito conferido aos cidadãos que implica também deveres,
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6 • Liberdade de expressão, de reunião e de escolha de religião (ver
Constituição Portuguesa).
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Os Direitos e Liberdades do Campo Político
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O direito à vida, reconhecido pelo Estado, tinha de prolongar-se no direito ao
trabalho, direito à saúde e segurança social, direito à protecção social relativamente aos
cidadãos mais dependentes, quer por deficiência, quer pela idade.
Em primeiro lugar esses direitos assentam em valores fundamentais que terão de
ser assegurados a todos os cidadãos. Em segundo lugar, sem estarem assegurados
esses direitos dificilmente os cidadãos poderão integrar-se socialmente e terem
participação política.
Também já se disse que estes direitos têm uma natureza diferente. Em alguns
casos, como no direito à saúde e à segurança social, a sua plena realização depende dos
recursos financeiros do Estado. Daqui advêm também deveres para os cidadãos e as
empresas de contribuírem financeiramente, de acordo com a lei, para os sistemas sociais
que gerem e distribuem esses benefícios.
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6 • Direito à educação e cultura - incumbindo ao Estado assegurar o ensino básico
universal e gratuito, democratizando e alargando os outros graus de ensino.
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O acesso ao ensino é fundamental como condição base de cidadania. Em
primeiro lugar porque os conhecimentos aí adquiridos conferem competências
indispensáveis para a participação social e política. Em segundo lugar, porque esses
conhecimentos são cada vez mais indispensáveis para que os homens e as mulheres
adquiram posições no mercado de trabalho e por via disso, ganhem autonomia
económica e reconhecimento social.
A nossa sociedade assenta cada vez mais no conhecimento científico e técnico, em grande
parte adquirido no sistema de ensino, cabendo ao Estado a responsabilidade pela
democratização do acesso dos indivíduos a esse meio de valorização dos cidadãos.
Esses objectivos estão bem expressos no art.º 74 da Constituição, quando diz
que “todos têm direito ao ensino como garantia do direito à igualdade de oportunidades
de acesso e êxito escolar”. Assim “incumbe ao Estado a) assegurar o ensino básico e
universal, obrigatório e gratuito; b) criar um sistema público e desenvolver o sistema geral
de educação pré-escolar; c)...”.
Neste campo dos direitos culturais também se incluem o “direito à fruição e
criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património
cultural (art.º 77º).
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respeitar a igualdade de oportunidades e apoiar os mais fracos ou em situações de
maior vulnerabilidade.
As regras de cidadania impõem, assim, limites ao funcionamento do mercado no
sentido do respeito por valores fundamentais (direito ao trabalho e consequentes regras
no referente aos despedimentos e condições de trabalho, por exemplo) ou para
assegurar direitos económicos e sociais de base (salário mínimo, rendimento mínimo
garantido, pensões e reformas, etc.).
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TEMA III – A DEMOCRACIA
Democracia vem da palavra grega “demos” que significa povo. Nas democracias,
é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo.
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A democracia sujeita os governos ao Estado de Direito e assegura que
todos os cidadãos recebam a mesma protecção legal e que os seus direitos
sejam protegidos pelo sistema judiciário.
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Este pode parecer ser o melhor dos mundos mas, não era bem assim. Ser um
cidadão ateniense não era uma condição de que usufruíam todos os habitantes de
Atenas. Naquela sociedade, as mulheres, os escravos e os estrangeiros não eram
considerados cidadãos. Por isso, estavam totalmente excluídos das grandes decisões.
Desse modo, somente 10% do povo de Atenas estavam aptos a participar da
democracia.
As ideias liberais conduziram à revolta contra a ordem aristocrática que vinha da Idade
Média, quando o poder político e a propriedade tinham transmissão hereditária: os
herdeiros do rei e dos nobres recebiam não só as terras e os bens de seus
antepassados, como também o poder sobre os homens que viviam nas suas
propriedades.
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O direito ao poder, para Locke, depende de um mandato popular. Nesse
sentido, a representação política só adquire legitimidade se tiver surgido da vontade
dos cidadãos, expressa pelo voto. Os cidadãos elegem representantes para defender
seus interesses junto ao governo.
Mas nem sempre o interesse de um coincide com o de outro, pois muitas vezes
o que beneficia uma pessoa em particular pode ser prejudicial ao interesse colectivo.
Nesses termos, aprender a ser cidadão é justamente saber distinguir qual é a vontade
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geral, típica do interesse de todos, mesmo que à revelia dos seus próprios interesses
pessoais/particulares.
DEMOCRACIA
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2º - Em 1949, temos eleições presidenciais. O candidato da oposição, Norton
de Matos, desiste;
3º - No ano de 1958, de novo eleições presidenciais. O candidato da oposição,
General Humberto Delgado, obtém largo apoio da população mas é derrotado.
Humberto Delgado conhecido como o General Sem Medo (1906 — 1965) foi
um general português da Força Aérea que corporizou o principal movimento de
tentativa de derrube da ditadura salazarista através de eleições, tendo contudo sido
derrotado nas urnas em 1958, num processo eleitoral fraudulento que desta forma deu
a vitória ao candidato do regime, Américo Tomás.
Em 1959, na sequência da derrota, vítima de represálias por parte da polícia
política, pede asilo político na Embaixada do Brasil, seguindo depois para o exílio na
Argélia.
Engrossando clandestinamente a Portugal, ao seu encontro, na fronteira Espanhola, é
enviado um comando da PIDE que o assassinou a tiro, bem como à sua secretária.
Morre assim na fronteira, sem ter conseguido regressar a Portugal, no dia 13 de
Fevereiro de 1965.
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território: em Angola o MPLA (1956), a FNLA (1962) e a UNITA (1966), na Guiné o
PAIGC (1960) e em Moçambique a FRELIMO, desencadearam acções de guerrilha.
Do confronto entre 1961 e 1974, resultaram cerca de 10 mil mortos (de 900 mil
mobilizados), elevado número de deficientes e prejuízos económicos consideráveis.
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26 (de Abril) foram libertados os presos políticos, da Prisão de Caxias e de Peniche.
Os líderes políticos da oposição no exílio voltaram ao país nos dias seguintes.
Passada uma semana, o 1º de Maio foi celebrado legalmente nas ruas pela
primeira vez em muitos anos.
Portugal passou por um período conturbado que durou cerca de 2 anos,
referido como PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado pela luta entre a
esquerda e a direita.
No dia 25 de Abril de 1975 realizaram-se as primeiras eleições livres, para a
Assembleia Constituinte que foram ganhas pelo PS.
Na sequência dos trabalhos desta assembleia foi elaborada uma nova
Constituição que estabelecida uma democracia parlamentar de tipo ocidental. A guerra
colonial acabou e as colónias africanas tornaram-se independentes.
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exigia que andassem fardados, marchassem como soldados e fizessem a
saudação nazi.
A Resistência: Como estavam proibidos os partidos políticos,
lutava-se na clandestinidade pela liberdade. A oposição democrática
participou em eleições, mas os resultados eram falsificados e os candidatos
presos.
A Guerra Colonial: Os territórios de Angola, Guiné e
Moçambique, para alcançarem a sua independência, foram obrigados a
fazer a guerra a Portugal. Em consequência, morreram milhares de
africanos e portugueses em África.
O Poder Autoritário: Quem nomeava os presidentes das
Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia eram os governantes, que
não ouviam a opinião das populações, nem tinham de cumprir um
programa.
Portugal Isolado do Mundo: O nosso país era conhecido por
organizações internacionais como a ONU, que não aceitava que
continuássemos a colonizar os territórios que tinham exigido a sua
independência.
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O Regresso dos Exilados: Após o 25 de Abril, os exilados
regressaram a Portugal, podendo integrar-se na sociedade democrática e
contribuindo para a construção de um “novo país”.
Escola para Todos: A escolaridade obrigatória até ao 9º ano e a
proibição do trabalho infantil permitem a todos os jovens darem o devido
valor à escola e aos estudos, preparando-se melhor para a vida activa.
A Democracia: As eleições passaram a ser livres e os partidos
políticos podem divulgar os seus programas eleitorais para a eleição de
deputados à Assembleia da República. O Povo também elege o Presidente
da República.
O Nascimento de Novos Países: O MFA acabou com a guerra
colonial, o que originou novos países: Angola, Cabo Verde, Guiné,
Moçambique e São Tomé e Príncipe. Timor começa agora a dar os
primeiros passos.
O Poder Local: As Câmaras Municipais e as Juntas de
Freguesia são eleitas pelas populações locais, que podem fiscalizar o
cumprimento das propostas eleitorais dos respectivos autarcas.
Portugal na União Europeia: A Democratização de Portugal e a
Independência das ex-colónias foram bem recebidas pelas organizações
internacionais e abriram-nos as portas para integrarmos a EU.
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A União Europeia (UE) foi criada originalmente por 6 Estados fundadores em
1958, cresceu até aos actuais 27 Estados membros. Houve cinco alargamentos
sucessivos, o maior ocorreu em 1 Maio, de 2004, quando 10 estados aderiram.
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A UE (União Europeia) é um bloco económico, político e social de 27
países europeus que participam de um projecto de integração política e
económica. Os países integrantes são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária,
Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França,
Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda,
Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia e Suécia. Estes
países são, tendencialmente, politicamente democráticos, com um Estado de
Direito.
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Fig.1: Indicação da UE no mapa mundial
Cidadania Europeia:
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O Direito à Transparência
A Protecção dos Dados
Arbitrar conflitos,
Impedir a resolução de problemas de relacionamento entre estados
pelo recurso às armas,
Garantir a igualdade entre os estados,
Fazer respeitar os direitos humanos.
Todos estes objectivos, que eram uma reedição dos propósitos que haviam
norteado a criação da Sociedade das Nações após a Primeira Guerra Mundial,
estavam consignados numa Carta, aprovada em Outubro de 1945 na Conferência de
S. Francisco.
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É grande o prestígio de que estas ramificações da organização desfrutam,
particularmente em países do Terceiro Mundo que têm beneficiado de programas
educacionais, de promoção económica e social das suas populações ou de
campanhas de erradicação de doenças, de educação sanitária ou de combate a
epidemias.
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Apesar da organização enfrentar situações difíceis, todo o esforço e todo
o trabalho desenvolvido nos últimos anos para a conservação da paz e dos
direitos humanos proporcionaram-lhe o prémio Nobel da Paz em 2001, prémio
partilhado com Kofi Annan (secretário-geral da organização de 1997 a 2007) que
demonstrou sempre uma grande dedicação ao trabalho desempenhado pela
organização. Esta atribuição da Academia das Ciências sueca serve não só para
valorizar o desempenho como também para dar a devida importância à maior
organização internacional de apelo à paz e estabilidade mundial.
SOCIAL
Não se trata apenas de gerir interesses particulares dos cidadãos, mas entre
estes e as formas organizadas de trabalho, mercado, segurança, direito.
Tratava-se de reconstruir a Europa a todos os níveis.
Se num Estado democrático os cidadãos tem direitos iguais de acesso é, na
falta desta igualdade, obrigação do Estado (Estado Providência) prover que as
condições sejam equilibradas.
Assiste-se a uma crescente desresponsabilização de outras instituições no
projecto comum de uma sociedade estável e solidária.
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Desta fragmentação social, tanto a nível geral como local, nascem
problemas acumulados, aos quais o Estado não consegue dar respostas
adequadas no tempo.
Uma vez mais, e desde o início da década de 70, com o agravamento e a
mundialização dos fenómenos que afectam os Estados, a Solidariedade é insultada e
relegada para um plano muito na retaguarda das prioridades político económicas.
Os cidadãos são embalados nesse processo e durante as duas últimas
décadas do séc. XX não encontramos grandes movimentos sociais solidários, no
mundo ocidental.
Contudo, para fazer face a esta lacuna do Estado, tem vindo a formar-se
associações com diversos objectivos, que resultam da comunhão de atitudes e de
sentimentos, visando constituir uma unidade sólida, capaz de resistir às forças
exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais forte e defender os interesses de um
determinado grupo, causa, ou minoria. São as chamadas Instituições Particulares de
Solidariedade Social (IPSS).
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A criação da Casa Pia nos finais do século XVIII pode ser considerada como
uma referência para o lançamento da assistência social com origem pública/estatal em
Portugal.
A Lei 2120 de 19 de Julho de 1963 instituiu as Instituições Particulares de
Assistência, que eram consideradas Pessoas Colectivas de Utilidade Pública
Administrativa (PCUPA) e assumiam as formas de Associações de Beneficentes,
Institutos de Assistência (religiosos ou não) ou Institutos de Utilidade Local
(Fundações).
Foi com a Constituição de 1976 (artigo nº 63) que surgiu pela primeira vez
o termo IPSS, Instituição Particular de Solidariedade Social.
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milhões de activos imobiliários dentro e fora do País, em 1993 empregava mais
de 800 pessoas e movimentava anualmente mais de 25 milhões de euros. A
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) não foi incluída neste estudo por
ainda não estar totalmente clarificada a sua forma jurídica. A SMCL foi criada
como associação privada, sendo como todas as SCM vindouras apoiada
inicialmente pela Igreja. Em 1919 passou para a tutela do Estado, tendo em
1991 assumido o estatuto de PCUPA. Presentemente a SCM de Lisboa é uma
entidade privada, nomeadamente na gestão do pessoal e na gestão financeira,
embora tenha características de instituição pública nos planos estrutural,
orgânico e administrativo (SCML, 1998).
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o As Associações de Solidariedade Social de iniciativa privada ou associativa
surgiram depois de 1974 como resultado do impulso de participação na
democratização da sociedade portuguesa.
o São estas novas IPSS que estão melhor preparadas e mais vocacionadas para
lidar com os novos problemas sociais (toxicodependência, exclusão social)
enquanto as IPSS mais antigas estão bastante ligadas às respostas
tradicionais (Pré-escolar, Centros de Dia, Lares).
o Há em Portugal um défice de mobilização das principais forças
impulsionadoras do movimento das instituições particulares para os novos
domínios da luta contra a exclusão.
o Isto deve-se não só à inércia institucional das IPSS, principalmente das mais
antigas, como ao Estado que tem privilegiado a instalação das valências
tradicionais.
o As principais respostas sociais onde as IPSS trabalham, além das respostas
vocacionadas para idosos (Centro de Convívio, Centro de Dia, Serviço de
Apoio Domiciliário, Lares, etc.), são na área da infância e juventude (Creche,
Estabelecimento de Ensino Pré-escolar, Centro de Actividades de Tempos
Livres, Lares de jovens, etc.); na área da deficiência (Lares e Centros de
Actividades Ocupacionais); na área da família (Centro Comunitário, etc.); na
área da toxicodependência; dos sem-abrigo e outras (Cuidados Médicos,
Ensino, etc.).
o Actualmente são 53 as respostas sociais reconhecidas pela DGSS e praticadas
pelas IPSS que assistem diariamente 438.556 pessoas e onde trabalham perto
de 20.000 voluntários e 45.000 empregados.
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para prosseguir, entre outros, os seguintes objectivos, mediante a concessão de
bens e a prestação de serviços:
Apoio a crianças e jovens;
Apoio à família;
Protecção dos cidadãos na velhice e invalidez e em todas as
situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade
para o trabalho;
Promoção e protecção da saúde, nomeadamente através da
prestação de cuidados de medicina preventiva, curativa e de reabilitação;
Educação e formação profissional dos cidadãos;
Resolução dos problemas habitacionais das populações
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As associações de solidariedade social. São, em geral associações com fins de
solidariedade social que não revestem qualquer das formas das associações a seguir
indicadas:
As associações de voluntários de acção social;
As associações de socorros mútuos ou associações mutualistas;
As irmandades da Misericórdia.
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o Por acto entre vivos, através de escritura pública do acto
de instituição;
o Por testamento ou “mortis causa” - As fundações,
qualquer que seja a forma como se constituem, só adquirem
personalidade jurídica pelo reconhecimento, da competência do
ministro da tutela, que pressupõe, nomeadamente, a verificação da
suficiência do património afectado à realização dos seus fins.
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A palavra justiça refere-se, antes de mais, a um princípio de equidade, de
igualdade proporcional; um princípio de sabedoria que deveria ser utilizado pelo
Governo em todas as áreas e, principalmente, pelo Poder Legislativo.
A maioria dos cidadãos conhece apenas duas situações: ser beneficiado ou ser
prejudicado. Infelizmente, muitas vezes não sabemos discernir entre estes extremos e
a adoptar situações intermediárias. É no ponto intermédio, entre o benefício e o
malefício, que encontramos o que é justo para todos.
Em linhas gerais, ser justo é não oprimir nem privilegiar, não menosprezar nem
endeusar, não subvalorizar nem sobrevalorizar. Ser justo é saber dividir correctamente
sem subtrair e sem adicionar (sem roubar ou subornar). Ser justo é não nos
apropriarmos de pertences alheios e dar o correcto valor a cada coisa e a cada
pessoa. Ser justo é estabelecer regras claras sem beneficiar uns em detrimento de
outros. Ser justo é encontrar o equilíbrio que satisfaz ou sacrifica, por igual, sem deixar
resíduos de insatisfação que possam resultar em desforras posteriores.
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década de 60, a partir da qual se verificaram importantes mudanças, algumas das
quais se contam entre os factores que deram origem à revolução. É o caso da
emigração, por exemplo. A sua evolução foi multifacetada, registando, por vezes,
acelerações bruscas.
A emigração acompanha a História portuguesa como um factor estrutural. À
grande emigração dos anos 60, sobretudo em direcção a França, seguiu-se um
abrandamento. Nos anos 80 os portugueses migraram muito menos e os destinos
alteram-se: emigraram em direcção aos EUA, Venezuela, Canadá e Austrália.
Contudo, o movimento mais espectacular, após o 25 de Abril, foi o do
regresso dos portugueses das ex-colónias africanas; é este aspecto que
caracteriza a imigração dos meados da década de 70, entrando em Portugal mais de
meio milhão de pessoas.
A zona do litoral - Lisboa e Vale do Tejo - recebeu quase metade dos
retornados, mas alguns distritos do centro e interior, como Viseu, Vila Real e Guarda,
acolheriam também muitos dos portugueses das ex-colónias.
Este fenómeno gerou algum mal-estar social, mas, globalmente, saldou-se
como integração pacífica. Esta integração ficou a dever-se, por um lado, ao facto da
maioria dos retornados ter ido recentemente para as colónias (anos 60), e, por outro, a
sociedade portuguesa estar ainda muito ligada à agricultura, bem como às práticas
que se lhe associam, nomeadamente a solidariedade familiar. Importante também foi o
facto da maioria destas pessoas serem jovens, em idade activa e escolarizadas.
Desta forma, os retornados contribuíram para o crescimento e o
rejuvenescimento da população em geral, da qualificação média da população activa,
das iniciativas empresariais (sobretudo médias e pequenas empresas) e para a
difusão de novos valores.
Um outro movimento a destacar é o regresso contínuo de emigrantes da
Europa, mas este fenómeno, com início mesmo antes de 74 e que a partir de 80 atinge
valores mais significativos, teve muito menos impacto, quer pelo número de pessoas
que regressaram, quer pelo facto de ser gradual.
Da mesma ordem de importância foram os fluxos de africanos, migrações
sazonais, e os de fixação definitiva. Trata-se de um movimento que se iniciou nos anos
60, ganhando mais intensidade nos anos 80.
Portugal tornou-se, assim, recentemente, um país receptor de imigrantes, não
só de africanos dos PALOP, mas também (desde 80) do Zaire, Senegal, Brasil, Índia e
China. É a emigração clássica de força de trabalho não qualificado.
Nos trinta anos que se situam entre 1971 e 1991, registou-se um aumento da
população portuguesa (a residir em Portugal) de cerca de 1 milhão de pessoas, para
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depois, entre 1981 e 1991, se verificar uma estabilização da população, em torno dos
10 milhões.
Portugal apresentou, na década de 70, uma taxa de crescimento médio anual
da ordem dos 1,30%. Este forte crescimento ficou a dever-se, em grande medida, ao
regresso de portugueses das colónias, e, em menor escala, ao regresso de nacionais
da Europa. A década seguinte caracterizou-se, sobretudo, por uma situação de
estagnação, que espelha o real envelhecimento da população.
A evolução registada entre 60-91 revela, pois, um progressivo envelhecimento
da população no topo e na base da pirâmide etária. Entre 1970 e 1991, verifica-se
uma diminuição do grupo etário situado entre os 0 e os 15 anos, um aumento do grupo
etário entre os 15 e os 64, bem como um aumento do número de pessoas com mais
de 65 anos. Isto é, verificou-se um duplo envelhecimento, que traduz a quebra da
natalidade e da fecundidade, e também o aumento da esperança de vida (entre 74 e
91, verificou-se um aumento da esperança de vida de cerca de 3 anos para ambos os
sexos).
É de referir, ainda, a extraordinária evolução da taxa de mortalidade infantil
que, em 1974, era da ordem dos 58% e que passou para os 10% em 1991. As taxas
brutas de nupcialidade desceram (9% em 1971 para 7,3% em 1991), tendo-se
verificado um aumento das taxas de divórcio e de separação (0,12% em 1974 para
1,03% em 1991), como também um aumento da taxa de nascimentos fora do
casamento.
Contudo, é necessário considerar que as taxas aqui apresentadas têm
variações regionais que se relacionam com os fenómenos de urbanização e
litoralização da população.
No que respeita à evolução dos níveis de escolaridade, refira-se que em 1960
a maioria da população portuguesa não havia ultrapassado o nível básico de
escolaridade (nem sequer 5% da população atingia o ensino secundário e apenas 1%
o ensino médio ou superior), andando a taxa de analfabetismo pelos 30%. Contudo, a
partir dos anos 60, assiste-se à duplicação das percentagens de indivíduos que vão,
sucessivamente, atingindo os vários graus de ensino, sobretudo no que diz respeito ao
ensino médio e superior. Este fenómeno está na origem de um processo complexo de
recomposição social.
Novas lógica sociais encontram expressão na procura e frequência de novos
cursos profissionais e especializações que o sistema actual de ensino passou a
proporcionar. O nível de ensino da população em geral e o aumento de mulheres no
ensino superior cresceu de forma acelerada, embora a taxa de analfabetismo seja
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ainda elevada, comparativamente aos países da União Europeia. Contudo, o sistema
de ensino tem alguns problemas graves, como, por exemplo, certa ineficácia do ensino
experimental e a alta taxa de abandonos.
A procura de instrução e formação é actualmente considerada normal, mas é
um fenómeno relativamente recente.
As transformações que referimos envolveram processos complexos de
recomposição social e socioprofissional. A taxa de actividade global subiu no últimos
dez anos, mas um dos aspectos que mais transformaram e continuaram a transformar
a sociedade portuguesa é a crescente participação da mulher na actividade
profissional, que alterou o seu estatuto, a par da alteração das relações conjugais e da
quebra da natalidade. O crescimento da taxa de actividade feminina em Portugal
duplicou nos últimos 20 anos, sendo maior do que nos outros países europeus (a taxa
média de mulheres na população activa, em 1990 e em Portugal, era da ordem dos
64%, e na Comunidade pouco ultrapassava os 60%). É a procura de realização
profissional e independência pessoal por parte das mulheres.
Este processo gera um movimento de recomposição socioprofissional onde a
mulher tem cada vez mais um papel importante, e só ao nível dos dirigentes e
operários é que ainda permanece um desequilíbrio a favor dos homens. Contudo, à
mulher cabe ainda a maioria do trabalho doméstico.
Acompanhando as alterações, ou melhor, a redistribuição nos diferentes
sectores da actividade económica, vai-se operando uma reestruturação das exigências
de qualificação, das características e pesos relativos entre as diversas actividades
profissionais.
A litoralização e a urbanização são processos que em Portugal já se
começaram a desenvolver há algum tempo, e que na época contemporânea passam
por um reforço e intensificação. Dos anos 60 em diante acentuam-se as assimetrias
regionais. O litoral urbaniza-se e industrializa-se, enquanto o interior se desertifica. Em
1991, 80% da população concentrava-se no litoral - entre o Minho e o Algarve (à
excepção do Alentejo) - 15% no interior - de Bragança a Beja. Esta dualidade expressa
e reproduz desigualdades regionais, que se referem ao envelhecimento populacional,
a níveis de escolaridade, qualificação, industrialização e actividades profissionais.
Uma das grandes alterações sociais dos últimos 30 anos é o crescente peso
dos profissionais que desenvolvem a sua actividade no sector terciário. A agricultura,
tradicionalmente o sector mais produtivo e que empregava a maioria da população,
subalternizou-se em relação à indústria e serviços. A indústria reorganiza-se, mas não
mostra grande capacidade para oferecer mais emprego, ao passo que o sector
terciário absorve actualmente mais de metade da população activa portuguesa.
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Assim, verifica-se uma diminuição do peso de profissionais dedicados à agricultura e à
pesca, e um aumento, sobretudo a partir dos anos 80, quer dos directores e cargos
dirigentes, quer dos profissionais da ciência e técnica. Este crescimento foi muito
acelerado nos últimos decénios, e refira-se que o grupo dos profissionais da ciência e
da técnica constitui o grupo com maior capacidade de protagonismo social.
A mobilidade social, isto é, o conjunto de alterações das possibilidades dos
indivíduos e famílias, tomando como ponto de referência a classe social de origem, é
um dos aspectos positivos da evolução da sociedade portuguesa. A evidência de
trajectos de mobilidade social ascendente (23% dos empresários dirigentes são
oriundos da classe operária) não pode, contudo, fazer-nos esquecer outras evidências,
como a persistência da pobreza e o aumento do número de excluídos.
A sociedade portuguesa está a passar por transformações, por um lado,
aceleradas e, por outro, complexas, mas que se inserem em dinâmicas que
ultrapassam as fronteiras nacionais.
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