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Segundo Raymond Aron, As formas elementares da vida religiosa podem ser estudadas
a partir de três pontos de vista, pois a obra durkheiminiana comporta três aspectos de estudos.
O primeiro aspecto analisa e faz uma descrição minuciosa do sistema de clãs e do totemismo
de certas tribos australianas, e com algumas referências a algumas tribos americanas. Em um
segundo aspecto, Durkheim apresenta uma teoria da essência da religião, fundamentada em
uma análise do totemismo australiano. No terceiro aspecto, é realizada uma interpretação
sociologia de várias formas do pensamento humano.
Durkheim começa por definir o fenômeno religioso, para em seguida refutar as teorias
diferentes. A essência da religião comporta uma dupla divisão no mundo: fenômenos sagrados
e profanos. A religião não pode ser definida pela crença num deus transcendente, pois há
religiões superiores, como é o caso do Budismo que não professam a crença num deus pessoal
e transcendente. A definição de religião também não se dar simplesmente por conceitos de
mistério e sobrenatural. O sobrenatural só pode ser pensado com referência ao natural.
Durkheim faz uma análise das noções de clã e totem encontrados nesta religião simples.
O clã não é formado por laços de consanguinidade, mas é constituído por algo que exprime
sua identidade mediante a ligação com uma planta ou animal. Cada tribo australiana possuía
seu totem que figurava como um emblema ou brasão. Um símbolo atual que assemelhasse ao
totem australiano seria a bandeira. Segundo a concepção durkheiminiana, a origem do
totemismo clãnico está vinculado a “prioridade e anterioridade do culto que os indivíduos
prestam a sociedade”. O princípio do totemismo é reconhecimento do sagrado. Para os
australianos existe no mundo das coisas profanas uma força anônima e impessoal,
representada em algum animal ou planta. A estes objetos é que são dirigidos os cultos.