! !
9. L E I S DA MAGNETOSTÁTICA
Nesse capítulo, estudaremos as leis
fundamentais da magnetostática, segundo a
concepção de campo, isto é, as leis que regem o
campo magnetostático, a saber, a lei de Ampère e
a lei de Gauss.
Essas duas leis são expressas em termos da
circulação e do fluxo do campo magnético,
respectivamente. Esses conceitos, talvez sejam
novos pra você. Por isso mesmo, requerem
atenção.
Os exercícios distribuídos ao longo do texto
são todos obrigatórios e devem ser feitos
imediatamente. Note, inclusive, que praticamente
só há exercícios de cálculo de circulação e de
fluxo ao longo do texto. Na lista proposta ao fim
do capítulo, o foco está na aplicação das leis.
Tanto a lei de Ampère quanto a lei de Gauss
são escritas matematicamente por meio de
integrais. Por isso, a apresentação dessas leis
nesse capítulo é chamada de formulação integral.
Numa formulação mais avançada, chamada de
formulação diferencial, essas mesmas duas leis
são escritas em termos do rotacional e da
divergência do campo magnético. Num primeiro
estudo, recomendo que essa formulação seja
ignorada, a menos, claro!, que você esteja
suficientemente motivado... Ou então que você
seja aluno do curso técnico de eletrônica ou de
eletrotécnica ou de telecomunicações...
As leis que regem o campo eletrostático
também são apresentadas, embora não sejam
muito exploradas. No futuro, cuidarei melhor
dessa lacuna.
A seção de encerramento desse capítulo (9.7
Teoremas), por enquanto, é apenas um ensaio e
deve ser ignorada.
9.1 CIRCULAÇÃO
Definição provisória
Por definição, a circulação de um campo
! !
vetorial ( F ) ao longo de uma curva orientada (C) é
o produto entre a componente (Ftg) do campo que
é tangente à curva e o comprimento (ℓ) da curva,
desde que essa componente seja
constante ao longo da curva.
WF = Ftg ℓ
A curva (ou caminho) C é orientada, de modo
que a componente Ftg pode ser positiva ou
negativa, conforme esteja no mesmo sentido ou no
sentido oposto ao da orientação da curva. Logo, a
circulação pode ser positiva ou negativa.
Em particular a curva pode ser
um segmento de reta. Nesse caso,
se θ for o ângulo entre o campo e o
segmento, a componente tangencial
será Ftg = F cos θ. E teremos:
WF = F ℓ cos θ
!
Podemos introduzir o vetor ℓ que
tem módulo ℓ, a mesma direção do
segmento de reta e o mesmo sentido da
orientação do segmento. Assim, nesse caso, a
! !
circulação de F ao longo de ℓ é obtida pelo
produto entre os módulos desses dois vetores e o
cosseno do ângulo entre eles, tendo os vetores a
mesma origem. Tal produto é chamado de produto
escalar entre esses dois vetores e é indicado por
um pontinho à meia altura entre eles:
! !
F ⋅ ℓ = F ℓ cos θ.
! !
Lemos “ F escalar ℓ é igual a F ℓ cos θ”. Assim:
WF = F ⋅ ℓ
Note que, de acordo com a definição, a
circulação F ℓ cos θ é calculada pelo produto entre
!
ℓ e F cos θ (que é a componente de F na direção
de ℓ ). Mas essa conta também pode ser encarada
como o produto entre F e ℓ cos θ (que é a
!
!
componente de ℓ na direção de F )!
Sobre o produto escalar:
Por definição, o produto escalar entre dois
vetores quaisquer é o produto entre o módulo do
primeiro vetor, o módulo do segundo vetor e o
cosseno do ângulo entre eles.
Note que é o produto entre o módulo de um
dos vetores e a componente do outro vetor na
direção do primeiro. Essa componente pode ser
positiva ou negativa, conforme tenha ou não a
mesma direção do primeiro vetor.
1
Sobre a unidade de circulação:
A unidade de circulação é o produto entre as
unidades do campo e da área. No SI, será a
unidade do campo vezes metros quadrados (m2).
Exercícios obrigatórios
1) Calcule a circulação de um campo de forças
uniforme, de 80 N, ao longo de um segmento de
reta orientado, de 50 cm, sabendo que o ângulo
entre eles vale 60º. (20 J)
2) Considere um campo de forças uniforme, no
plano, no qual o módulo da força é F = 30 N, a
direção é horizontal e o sentido é para a direita.
Calcule a circulação desse campo ao longo de um
segmento de reta orientado, de comprimento
ℓ = 2,0 m, caso o segmento:
(a) faça um ângulo de 60º com a horizontal, no
sentido do ciclo trigonométrico, e esteja
orientado para cima: ä;
(b) faça um ângulo de 60º com a horizontal, no
sentido do ciclo trigonométrico, e esteja
orientado para baixo: å;
(c) faça 60º com a horizontal, no sentido oposto
do ciclo trigonométrico, e esteja orientado para
baixo: æ;
(d) faça 60º com a horizontal, no sentido oposto
do ciclo trigonométrico, e esteja orientado para
cima: ã;
(e) seja horizontal e para a direita: →;
(f) seja horizontal e para a esquerda: ←;
(g) seja vertical e orientado para cima: ↑;
(h) seja vertical e orientado para baixo: ↓;
(30 J, -30 J, 30 J, -30 J, 60 J, -60 J, 0, 0)
!
3) Como você bem sabe, o campo gravitacional g ,
nas proximidades da superfície da Terra, vale
cerca de 10 m/s2, é vertical e orientado para
baixo. Calcule a circulação do campo gravitacional
ao longo de um segmento de reta que mede 40 cm
orientado para cima e que faz um ângulo de 30º
acima do plano horizontal. (-2,0 J/kg, ou -2,0 m2/s2)
4) Considere um campo elétrico uniforme,
vertical e para cima, com intensidade de 20 V/m.
Calcule a circulação desse campo ao longo de um
segmento de reta de 2,0 m, na mesma direção e
sentido do campo. Qual seria a resposta, se
apenas o sentido do campo fosse invertido? E se o
sentido do segmento de reta também fosse
invertido? (40 V; -40 V; 40 V)
5) Um campo elétrico uniforme de 60 V/m, é
horizontal e orientado para a esquerda. Os pontos
A, B, C e D são os vértices de um quadrado de
50 cm de lado, que está disposto como mostra a
figura.
Calcule a circulação desse campo ao longo de um
segmento de reta partindo do ponto A e chegando
ao ponto: (a) B; (b) C e (c) D. (0; 30 V; 30 V)
Observação óbvia:
Se o sentido da curva for invertido, o sinal da
circulação também será invertido.
Comentários:
Se você for mais ou menos esperto, já deve
! horizontal e na vertical (por exemplo, se o
ter percebido que, se F for um campo de forças,
! retângulo da figura fosse girado) o resultado
a circulação de F ao longo de uma curva C é o
trabalho realizado pela força ao longo dessa
curva.
Creio que está plenamente justificada a
escolha da letra W para representar a circulação,
uma vez que ela também é usada para representar
o trabalho (work, em inglês). Você nem pensaria
mais em usar a letra C, né?
Outro detalhe: eu suponho que você ficou ao
menos desconfiado de que a circulação do campo
elétrico entre dois pontos fornece a ddp entre
esses pontos. Pois é isso mesmo...
Nos casos em que a componente tangencial Ftg
não for constante, temos que dividir a curva em
pedaços sobre os quais Ftg seja constante. É o que
temos que fazer no próximo exercício.
Mais um exercício obrigatório
6) Calcule a circulação do campo gravitacional ao
longo de um retângulo de altura a e base b,
situado num plano vertical, nas proximidades da
superfície da Terra, e orientado no sentido
horário, como ilustrado na figura.
Após fazer esse exercício, responda:
— Se o campo gravitacional não fosse uniforme,
o resultado seria o mesmo?
— Se os lados desse retângulo não estivessem na
seria o mesmo?
— Se ao invés de ao longo do retângulo, 2
quiséssemos calcular a circulação ao longo de um
triângulo (ou de uma circunferência), o resultado
seria o mesmo?
Atenção: É para responder às perguntas
anteriores antes de prosseguir!
Rumo à definição geral de circulação
Você já sabe que, “nos casos em que a
componente tangencial Ftg não for constante,
temos que dividir o caminho C em pedaços sobre
os quais Ftg seja constante”.
Só que, em alguns casos, como, por exemplo,
quando o campo varia continuamente ao longo de
toda a curva, é necessário dividir a curva em um
número muito grande de pedaços, cada um deles
muito pequeno. Mas tão pequeno, que o campo
possa ser considerado constante em cada pedaço.
Sendo o comprimento da curva muito pequeno,
ele é representado por dℓ. Nesse caso, a B! ! no campo de uma carga puntiforme. Pense em
WF = ∫A F ⋅ dℓ
circulação também é muito pequena e outros campos eletrostáticos (como o do dipolo
escreveremos: quando se quer destacar os pontos inicial (A) e elétrico, o do capacitor de placas paralelas, etc).
dWF = Ftg dℓ final (B) da curva. Note que eu não lhe perguntei qual o significado
ou Só pra ficar claro: Não estou nem um pouco disso. Mas, se você quiser pensar a respeito, fique
dWF = F dℓ cos θ preocupado com o cálculo dessas integrais! Você à vontade...
"
vai aprender a fazer essas contas quando cursar
Definindo o vetor d ℓ com módulo igual ao
uma disciplina chamada Cálculo Diferencial e 9) Calcule a circulação do campo magnético
comprimento dℓ, direção tangente à curva e
Integral (mais provavelmente, na faculdade). Para produzido por um fio vertical e muito longo,
orientado no sentido positivo da curva, a
mim, basta que você reconheça a definição geral conduzindo corrente i, para cima, no
circulação fica:
! ! de circulação nessa integral. vácuo, ao longo de uma
dWF = F ⋅ d ℓ
Dizemos que uma curva é fechada, quando os circunferência centrada no fio,
Nesse caso, a circulação ao longo de cada pedaço
seus pontos inicial e final coincidem. Nesse caso, é localizada num plano horizontal e
será:
" " costume (mas não é obrigação!) colocar uma orientada no sentido trigonométrico para quem
dWF = F ⋅ d ℓ bolinha no meio do sinal de integral. Assim, ao olha de cima. A figura mostra a vista superior.
A circulação ao longo de toda a curva será a escrevermos
soma das circulações em todos os pedaços. Assim, ! ! Esse último é tão importante que eu vou fazer pra
se a curva for dividida em N pedaços,
∫# F ⋅ d ℓ
c você:
! !
identificados pelos índices 1, 2, 3, ..., N, com estamos indicando que a curva C é fechada. Queremos calcular # ∫ B ⋅ dℓ
! ! ! ! c 3
vetores associados d ℓ1 , d ℓ2 , d ℓ3 , ..., d ℓN , e se Os exercícios obrigatórios mais importantes: O campo magnético é tangente à
! ! ! ! circunferência e tem módulo constante em todos
F , F , F , ..., F forem os campos em cada 7) Calcule a circulação do campo elétrico
1 2 3 N os pontos da circunferência, logo a componente
pedaço, a circulação será: produzido por uma carga elétrica puntiforme ao
Btg é constante e igual ao módulo do campo do fio:
WF = dW1 + dW2 + dW3 + ... + dWN longo de uma circunferência que tem a
Btg= Bfio = µoi/2πr.
! ! ! ! ! ! ! ! carga no seu centro, como mostra a
WF = F ⋅ d ℓ + F ⋅ d ℓ + F ⋅ d ℓ + ... + F ⋅ d ℓ O comprimento da circunferência é: ℓ = 2πr.
1 1 2 2 3 3 N N figura. ! !
Chamamos de integral de linha à soma de Então: #
c∫ B ⋅ d ℓ = Btgℓ = µo i
8) Calcule a circulação do campo elétrico
todos esses termos, ao longo da curva.
produzido por uma carga elétrica puntiforme ao 10) Repita o exercício anterior, invertendo:
Escrevemos a definição geral da circulação de um
longo da curva fechada da figura, (a) apenas a orientação da curva; (b) apenas a
campo vetorial, ao longo de uma curva C, como:
! ! composta por raios e arcos de orientação da corrente; (c) tanto a orientação da
WF = ∫c F ⋅ dℓ circunferências centradas na carga. curva quanto a da corrente. (-µoi; -µoi; µoi)
Lemos: “dáblio-éfe é igual à integral de éfe Fique esperto. Repare que os valores da
Um desafio entre os exercícios:
escalar dê-éle”. A letra cê dependurada sob o circulação nos exercícios 9 e 10 não dependem do
símbolo de integral informa que o cálculo da soma — Você consegue descobrir um caminho fechado comprimento da circunferência (uma vez que não
é feito ao longo da curva C. no qual a circulação de algum campo eletrostático depende do raio). A circulação depende apenas do
Essa integral de linha também pode ser seja diferente dos resultados obtidos nos últimos valor da corrente envolvida pela circunferência.
escrita assim: exercícios? Pense em outros caminhos fechados
 Agora que você já fez esses exercícios, tente
responder às duas perguntas que se seguem. Não
há problema algum, se você não chegar a uma
conclusão definitiva. Mas é importante que você
pense nessas questões:
— A circulação do campo magnético produzido
pelo fio seria diferente se o fio não passasse
exatamente no centro da circunferência?
— Se ao invés de uma circunferência,
tivéssemos outra curva fechada (como uma elipse,
por exemplo), a circulação do campo magnético
seria diferente?
E o último exercício dessa seção:
11) Calcule a circulação do campo
magnético produzido por um fio
vertical e muito longo, conduzindo
corrente i, para cima, no vácuo, ao longo da curva
fechada da figura, toda ela num plano horizontal,
composta por raios e arcos de circunferência que
tem o fio passando pelo seu centro.
Rumo ao conceito de circulação
O significado da circulação de um campo
vetorial surge naturalmente, se você analisar o
resultado dos últimos cálculos de circulação,
todos ao longo de curvas fechadas.
A circulação de um campo uniforme, ao longo
de uma curva fechada, é sempre nula. A circulação
do campo elétrico de uma carga puntiforme, ao
longo de uma curva fechada, também é nula. A
circulação do campo magnético de um fio reto
conduzindo corrente, ao longo de uma curva
fechada que envolve a corrente, não é nula! É
positiva, se os sentidos da curva e da corrente
estiverem conectados pela regra da mão direita.
Caso contrário, é negativa.
Para evidenciar ainda mais o significado da
circulação, imagine que a gente resolvesse
mostrar alguns desenhos de campos vetoriais a um
garoto qualquer, bem mais novo que você e que
nem deve saber o que é um campo vetorial (e que,
certamente, não teve acesso a essas mal traçadas
linhas).
Suponha que mostrássemos a ele os quatro
desenhos a seguir, que você claramente identifica
como um campo uniforme, o campo elétrico de uma
carga puntiforme positiva, o campo magnético de
uma corrente entrando no plano do papel e o
campo magnético de uma corrente saindo.
Em seguida, perguntaríamos a ele em qual (ou
quais) desenho(s) existe circulação. O que você
acha que ele iria responder?
Acredito que, agora, você ache que circulação
! !
é um bom nome para a integral ∫ F ⋅ d ℓ , né?
c envolvida pela curva (apenas variando o sinal). A
No máximo, assim como eu, talvez, você achasse
melhor usar o nome circulação apenas quando a
integral fosse calculada ao longo de uma curva
fechada...
Circulação do campo eletrostático
Por mais que a gente procurasse, não
encontraríamos nenhuma curva fechada ao longo
da qual a circulação de um campo eletrostático
não se anule. Qualquer que seja o caminho
fechado escolhido, a circulação do campo
eletrostático será sempre nula. Este é um fato
fundamental e é umas das leis que regem o campo
eletrostático.
Lei
“A circulação do campo eletrostático, ao longo
de qualquer curva fechada, é sempre nula.”
! !
#∫ E ⋅ d ℓ = 0
c
Essa lei diz que o campo eletrostático é
conservativo, ou seja, que haverá conservação da
energia. Se a circulação do campo eletrostático
não fosse nula, poderíamos obter corrente num
circuito, sem necessidade de fonte alguma!
Releia o parágrafo anterior. Duvide. Tente
entender melhor. Se for o caso, peça ajuda,
porque o que escrevi foi pouco.
4
Uma pista: pense em como deveria ser o
campo elétrico em uma espira condutora para
produzir e manter uma corrente elétrica nessa
espira.
Circulação do campo magnetostático
Nos exercícios de cálculo da circulação do
campo magnético, ao longo de curvas fechadas, o
resultado foi sempre proporcional à corrente
circulação foi igual à constante µo multiplicada
pela corrente envolvida; e foi nula quando a curva
não envolvia corrente. A circulação foi positiva
quando a orientação da curva e da corrente
estavam conectadas pela regra da mão direita; e
foi negativa se a orientação era contrária.
Embora não seja óbvio, esses resultados não
dependem da curva fechada particular usada para
calcular a circulação. Trata-se de um resultado
geral.
A circulação do campo magnético estacionário
depende apenas do saldo de corrente envolvida
pela curva (ou, o que dá no mesmo, depende
apenas da corrente que atravessa uma superfície
limitada pela curva). A circulação é sempre nula,
se a curva não envolver corrente; é positiva, se
envolver corrente no sentido relacionado com a
orientação da curva pela regra da mão direita; é
negativa, se envolver corrente no sentido oposto.
Esse resultado, obtido por Maxwell, é
fundamental e será elevado à categoria de lei.
Nós a chamamos de lei de Ampère.
9.2 LEI DE AMPÈRE1 Exercícios:
!
“A circulação do campo magnetostático B , ao 12) Três fios retos e
longo de qualquer curva fechada C, é proporcional paralelos conduzem a
à corrente elétrica ienv envolvida pela curva (ou, mesma corrente i.
em outras palavras, a corrente que atravessa Determine a circulação
qualquer superfície limitada pela curva)”. do campo magnetostático
! ! ao longo de cada uma das
∫# B ⋅ d ℓ = µo i env
c curvas fechadas a, b, c, e d indicadas no desenho,
A lei de Ampère nos diz que há campo todas orientadas no sentido trigonométrico, para
magnético em volta de corrente elétrica e que quem as olha de cima. Observe, no desenho, que as
esse campo envolve a corrente, isto é, circula em curvas são interrompidas quando passam por trás
torno dela. do fio. (µoi, 0, - µoi, 2µoi)
Não é preciso ser nenhum gênio para perceber
13) Repita o exercício anterior, trocando apenas o
que a lei de Ampère traduz, de modo
sentido da primeira corrente. (3µoi, 2µoi, µoi, 2µoi)
matematicamente elegante, a descoberta de
Oersted. Aviso amigo:
A lei de Ampère, entretanto, vai mais além. Numa primeira leitura, vá direto para a seção
Ela permite que a gente obtenha as expressões 9.4. A menos que você pense em fazer física na
dos campos magnéticos produzidos por faculdade ou que você seja aluno dos cursos 5
distribuições de correntes que tenham simetria, técnicos de eletrônica, eletrotécnica ou
como é o caso de um fio reto e infinito, de um telecomunicações, pode ignorar a próxima seção.
solenoide infinito, de um toroide, etc. Essa tarefa Ainda assim, pra você entender bem o título
é a parte mais árdua da lista de exercícios. E está “Cálculo”, você precisa conhecer um pouco de
reservada, principalmente, aos alunos dos cursos Cálculo Avançado.
técnicos de eletrônica, eletrotécnica e
telecomunicações e ainda àqueles que farão física
na faculdade.
Observação boba: Algumas vezes, a curva
fechada sobre a qual se calcula a circulação do
campo magnético é chamada de amperiana.
1 A lei de Ampère vale apenas na magnetostática.
9.3 O ROTACIONAL ! ∂Fy ∂Fx então enunciamos: “O rotacional do campo
(rot F )z = −
∂x ∂y eletrostático é o vetor nulo.“ Essa é a forma
Definição diferencial da lei que diz que “a circulação do
! Então a expressão do rotacional é:
O rotacional de um campo vetorial F é outro campo eletrostático, ao longo de uma curva
! ⎛ ∂F ∂Fy ∂Fx ∂Fz ∂Fy ∂Fx ⎞ fechada, é nula”. Escrevemos:
campo vetorial assim definido: Em um ponto, a rot F = ⎜ z − , − , − ⎟ ! !
⎜ ∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y ⎟⎠
componente do rotacional numa dada direção é a ⎝ rot E = 0
razão entre a circulação (dWF) ao longo de uma ou, o que é equivalente:
Simbolicamente, o rotacional pode ser ! ! !
curva fechada na vizinhança do ponto e contida no ∇x E = 0
plano cuja normal é essa direção e a área (dA) da representado por um determinante:
superfície plana delimitada pela curva. Tanto o î ĵ k̂ Rotacional do campo magnetostático
comprimento da curva quanto a área por ela ! ∂ ∂ ∂
rot F = O rotacional do campo magnetostático pode
delimitada são muito pequenos (ou melhor, tendem ∂x ∂y ∂z ser obtido a partir da lei de Ampère. A
a zero). As orientações da curva e da normal Fx Fy Fz
componente do rotacional é:
estão conectadas pela regra da mão direita. ! !
Introduzindo o vetor simbólico nabla:
Matematicamente, escrevemos: ! ∂ ∂ ∂
!
(rot B) n =
#∫ c B ⋅ d ℓ
! dWF ∇≡( , , ) dA
(rot F) n = ∂x ∂y ∂z
dA Usando a lei de Ampère, vem:
o rotacional pode ser reescrito como o produto
ou vetorial entre o nabla e o campo: ! µ di 6
! ! ! ! (rot B) n = o
! #∫ c F ⋅ dℓ ∂ ∂ ∂
rot F = ( , , )×F dA
(rot F) n = ∂x ∂y ∂z Mas di/dA é a componente normal do vetor
dA
ou simplesmente: densidade de corrente. Então:
! ! ! !
Interpretação rot F = ∇ × F (rot B )n = µo Jn
Se as componentes do rotacional e do vetor
O rotacional em um ponto indica a existência !
Rotacional do campo eletrostático
de circulação do campo ao longo de um caminho em µ oJ são iguais, então esses vetores são iguais.
torno da vizinhança do ponto considerado. O rotacional do campo eletrostático pode ser
Então enunciamos a forma diferencial da lei
facilmente obtido. A componente do rotacional no
de Ampère:
Cálculo eixo n é:
! ! ! “O rotacional do campo magnetostático é
Considere o campo vetorial F , expresso em
!
!
(rot E) n =
#∫ c E ⋅ d ℓ proporcional ao vetor densidade de corrente.
coordenadas cartesianas por F = (Fx, Fy, Fz). A Matematicamente, escrevemos:
dA ! !
aplicação direta da definição do rotacional Como a circulação do campo eletrostático é rot B = µ o J
fornece as suas componentes: sempre nula, temos: Ou, o que é equivalente:
! ∂Fy ! ! ! !
∂F (rot E )n = 0 ∇ × B = µoJ
(rot F )x = z −
∂y ∂z
Se uma componente qualquer do rotacional é
! ∂F ∂F
(rot F )y = x − z nula, então o vetor rotacional é o vetor nulo. E
∂z ∂x
9.4 FLUXO
Definição provisória
Por definição, o fluxo (ΦF) de um campo
! F
vetorial ( F ), através de uma superfície (S), é o
produto entre a componente do campo que é
normal à superfície (Fn) e a área (A) dessa
superfície, desde que essa componente seja
constante. Assim:
ΦF = Fn A.
A superfície S é orientada2, de modo que a
componente Fn pode ser positiva ou negativa,
conforme esteja no mesmo sentido ou no sentido
oposto ao da orientação positiva da superfície.
Logo, o fluxo pode ser positivo ou negativo.
Dizemos que uma superfície é fechada, quando
ela não tem fronteira, ou melhor, ela não é
limitada por uma curva e, naturalmente, divide o
espaço em duas partes: o exterior e o interior da
superfície.
As superfícies fechadas são orientadas do seu
interior para o seu exterior. Assim, a orientação
positiva é “para fora” ou “saindo” (da região
envolvida pela superfície).
As superfícies abertas costumam ser
orientadas da face côncava para a convexa. No
caso de superfícies planas, esse critério não pode
ser usado e a escolha é livre.
Se a fronteira da superfície (isto é, sua
borda) tiver uma orientação conhecida, a
superfície é orientada de acordo com a regra da
mão direita. De modo semelhante, uma vez
2 Estáclaro que a superfície deve ser orientável S. Não vou
falar nada aqui, mas tenho certeza que você vai gostar de
saber que existem superfícies que não são orientáveis, como a
faixa de Möbius, por exemplo. escoando no interior de uma tubulação, o fluxo Φv
orientada a superfície, orienta-se a borda pela
mesma regra.
Superfícies no plano do papel costumam ser
orientadas “para fora” do papel, uma vez que as
curvas fechadas costumam ser orientadas no
sentido anti-horário, observando a conexão
estabelecida pela regra da mão direita.
Superfície plana
Em particular, a superfície pode ser plana,
como ilustra a figura abaixo:
!
Sendo θ o ângulo entre o campo ( F ) e o vetor
unitário normal à superfície ( n̂ ), escrevemos:
ΦF = F cos θ A
Observando que F cos θ é o produto escalar
! Weber (1804-1891). Assim:
entre os vetores F e n̂ , temos:
! 1 Wb = 1 T⋅m2.
ΦF = F ⋅ n̂ A
! Decorre daí que Wb/m2 também é uma unidade do
Introduzindo o vetor área A , cujo módulo é a
área A da superfície plana, a direção e o sentido
são os mesmo do vetor unitário normal n̂ , temos
! campo é densidade de fluxo magnético.
que A = A n̂ e, assim, escrevemos:
! !
Φ = F⋅A
F
Note que, ao escrevermos o produto escalar
acima, o fluxo F A cos θ pode ser visto como o
produto entre A e F cos θ (que é a componente
Fn). Mas essa conta também pode ser encarada
como o produto entre F e A cos θ (que é An, a
!
projeção da área A no plano perpendicular a F )!
Se a superfície tiver uma área dA muito
!
pequena, definimos o vetor dA = dA n̂ , de modo
que o fluxo será:
! !
dΦ = F ⋅ dA
Nos casos em que a componente normal do
campo não for constante sobre toda a superfície,
devemos dividi-la pedaços onde isso ocorra e
somar os fluxos através de cada pedaço.
Unidades de fluxos
A unidade de fluxo de um campo vetorial
qualquer é a unidade desse campo vezes a unidade
de área. No SI, será a unidade do campo vezes
metros quadrados (m2).
A unidade de fluxo do campo elétrico no SI
pode ser volt-metro (V⋅m) ou newton-metro
quadrado por coulomb (N⋅m2/C).
A unidade de fluxo magnético no SI pode ser 7
o tesla-metro quadrado (T⋅m2). Porém, devido ao
seu vasto uso, recebe um nome especial: weber
(Wb), em homenagem ao físico alemão Wilhelm E.
!
campo B e, aliás, é bastante usada. Convém
lembrar que uma das denominações oficiais desse
Exercícios obrigatórios:
14) A velocidade média da água escoando numa
tubulação é 5,0 m/s. A área da seção transversal
da tubulação é 20 cm2. Calcule o fluxo da
velocidade através da seção transversal da
tubulação (também chamado de vazão). (10 L/s)
Comentário: Se v for a velocidade de um líquido

de v através de uma superfície S fornece o
volume de líquido que atravessa a superfície na
unidade de tempo.
15) Calcule o fluxo do campo elétrico através de
um quadrado, com 20 cm de lado, mergulhado em
um campo elétrico uniforme de 2,5 kN/C. O
campo forma um ângulo de 60º com o vetor normal
à superfície. (50 V⋅m)
16) Calcule o fluxo magnético através de uma
superfície plana de 0,20 m2 que é colocada
normalmente a um campo magnético uniforme de
40 mT. (8,0 mWb)
17) Considere um campo de forças uniforme, no
plano, no qual o módulo da força é F = 30 N, a
direção é horizontal e o sentido é para a direita.
Calcule o fluxo desse campo através de uma
superfície plana de área A = 2,0 m2, caso o ângulo
entre o campo e o vetor normal ao plano seja:
(a) 0º; (b) 60º; (c) 90º; (d) 120º; (e) 180º.
(60 N⋅m2, 30 N⋅m2, 0, -30 N⋅m2, -60 N⋅m2)
18) Calcule o fluxo do campo gravitacional, nas
proximidades da superfície da Terra, através de
um retângulo de lados 1,0 m e 2,0 m, disposto:
(a) horizontalmente; (b) 60° acima da horizontal;
(c) verticalmente. (20 m3/s2; 10 m3/s2; 0)
19) Na superfície da Terra, um cubo com 20 cm
de aresta tem sua base no plano horizontal.
Calcule o fluxo do campo gravitacional através de
cada face desse cubo e o fluxo total. (0; 0; 0; 0;
+6,4 m3/s2; -6,4 m3/s2; 0)
20) Calcule o fluxo do campo gravitacional, nas
proximidades da superfície da Terra, através de
um cilindro circular reto, cujo eixo está: (a) na
vertical; (b) na horizontal; (c) inclinado. (0; 0; 0)
Rumo à definição geral
Já sabemos que, nos casos em que a
componente normal do campo não é constante
sobre a toda a superfície, devemos dividi-la em
pedaços onde isso ocorra e somar os fluxos em
cada pedaço. A figura seguinte mostra uma
superfície dividida em pedaços.
Em alguns casos, pode ser necessário dividir a
superfície em um número muito grande de
pedaços muito pequenos. Imagine que nem a
superfície seja plana nem o campo seja constante.
Nesse caso, devemos dividir a superfície em um
número tão grande de pedaços, mas tão grande,
que cada pedaço fique tão pequeno, mas tão
pequeno, que ele possa ser considerado plano e o
campo constante em cada pedaço. Nesse caso, o
fluxo em cada pedaço será:
! !
dΦ = F ⋅ dA
F "∫ F ⋅ dA
O fluxo através de toda a superfície será a
soma dos fluxos em todos os pedaços. Assim, se a
superfície for dividida em N pedaços,
identificados pelos índices 1, 2, 3, ..., N, com
! ! ! !
vetores área associados dA1 , dA2 , dA 3 , ..., dA N
! ! ! !
, e se F1 , F2 , F3 , ..., FN forem os campos em
cada pedaço, o fluxo será:
ΦF = dΦ1 + dΦ2 + dΦ3 + ... + dΦN
! ! ! ! ! ! ! !
WF = F1 ⋅ dA1 + F2 ⋅ dA2 + F3 ⋅ dA 3 + ... + FN ⋅ dA N
Chamamos essa soma de integral de superfície
e escrevemos a definição geral de fluxo de um
campo vetorial, através da superfície S, como:
! !
Φ = ∫ F ⋅ dA
F s
Lemos “fi-éfe é igual à integral de éfe escalar
dê-a”. A letra S dependurada sob o símbolo de
integral informa que o cálculo da soma é feito
através da superfície S.
Embora a gente vá usar apenas um sinal de
integral para representar o fluxo, alguns livros
usam dois e escrevem assim:
! !
Φ = ∫∫ F ⋅ dA
F s
Isso porque, normalmente, precisamos efetuar
duas somas (em duas direções diferentes) para
calcular a integral de superfície.
Só pra ficar claro: Não estou nem um pouco
8
preocupado com o cálculo dessas integrais! Para
mim, basta que você reconheça a definição geral
de fluxo por meio dessas integrais.
É costume (mas não é obrigação!) colocar uma
bolinha no meio do sinal de integral para indicar
que o fluxo é calculado através de uma superfície
fechada. Assim, ao escrevermos
! !
s
estamos indicando que a superfície S é fechada.
Exemplos de fluxos
Algumas vezes, o fluxo é interpretado como
sendo a razão entre alguma quantidade que
atravessa uma dada superfície e o intervalo de
tempo gasto para atravessá-la.
No estudo dos fluidos, o fluxo de volume
d’água (ou vazão volumétrica ou simplesmente
vazão) é a razão entre o volume d’água que

atravessa a seção transversal de uma canalização
e o tempo gasto para atravessá-la. Por exemplo,
um fluxo de 10 L/s em uma dada canalização,
significa que dez litros de água atravessam a
seção transversal da canalização a cada segundo.
dV
ΦV =
dt
Em termodinâmica, é usual falar em fluxo de
calor através de uma barra cilíndrica. Um fluxo de
5 kcal/min, significa que cinco quilocalorias
atravessam a seção transversal do cilindro a cada
minuto.
dQ
ΦQ =
dt
A corrente elétrica também é um fluxo, o
fluxo de cargas elétricas através de uma dada
superfície. Uma corrente de 2 A em um fio
condutor, significa que dois coulombs atravessam
a seção transversal do fio a cada segundo.
dq
i=
dt
Fluxo dos campos elétrico e magnético
Veremos agora que existe uma interpretação
geométrica simples para o fluxo de um campo
vetorial que varia com o inverso do quadrado da
distância, como é o caso dos campos gravitacional,
elétrico e magnético.
Lembrando que, sobre cada pequeno pedaço da
superfície, o fluxo é o produto entre o módulo do
campo e a área normal do elemento. No caso do
campo elétrico, teremos:
! !
E ⋅ dA = E dA cos θ = E dAn.
Porém o módulo do campo está associado à
densidade das linhas de campo:
nº de linhas
E↔
área normal
! !
Então o fluxo elementar E ⋅ dA está associado
ao número de linhas de campo que atravessam
cada elemento de superfície.
As linhas que atravessarem a superfície no
sentido do vetor unitário normal são contadas
positivamente e as que atravessarem no sentido
contrário, negativamente.
Concluímos que o fluxo total
! !
Φ = ∫ E ⋅ dA
E s
está associado ao saldo de linhas de campo que
atravessam a superfície.
Agora, observe a figura seguinte, na qual
temos um campo uniforme, horizontal e para a
direita, e três superfícies planas de mesma área,
porém em direções diferentes. Vemos apenas o
traço de cada superfície e o seu respectivo vetor
unitário normal.
Responda a pergunta seguinte para você
verificar se entendeu essa interpretação do
fluxo:
— Através de qual das superfícies o fluxo é
maior? E menor?
Mais exercícios obrigatórios:
21) Uma carga puntiforme de 17,7 pC está
localizada no centro de uma esfera. Calcule o
fluxo do campo elétrico através dessa esfera,
sabendo que o seu raio vale: (a) 2,00 m; (b) 0,50 m.
Sugestão: Lembre que o módulo do campo elétrico
gerado pela carga puntiforme é E = koq/r2 e que a
área da esfera é A = 4πr2. (2,0 V⋅m)
Perguntas para reflexão:
− O valor do fluxo depende do raio da esfera?
− O valor do fluxo mudaria, se a carga não
estivesse exatamente no centro da esfera?
22) Uma carga puntiforme q está localizada no
centro de uma esfera. Calcule o fluxo do campo
elétrico através dessa esfera. Escreva sua
resposta em função de q e da constante εo,
definida pela relação ko = 1/4πεo. (q/εo)
Pergunta para reflexão:
− O valor do fluxo seria o mesmo, se o campo da
carga não variasse com o inverso do quadrado da
distância?
Exercícios fundamentais (ou seja, não vá para a 9
próxima seção sem fazê-los!):
23) Determine o sinal do fluxo do campo elétrico
através de diversas superfícies fechadas
localizadas em configurações de linhas típicas do
campo elétrico. Exemplos: campos de uma carga
puntiforme positiva e negativa; campo de um
capacitor de placas paralelas, campo de um dipolo
elétrico, etc...
24) Determine o sinal do fluxo do campo
magnético através de diversas superfícies
fechadas localizadas em configurações de linhas
típicas do campo magnético. Exemplos: campos de
um ímã em barra, campos de fios conduzindo
correntes para dentro e para fora do plano do
papel; campo de um solenoide, de um toroide,
etc...
9.5 LEIS DE GAUSS3
Resposta do exercício fundamental:
Por inspeção, verificamos que o fluxo do
campo elétrico através de uma superfície fechada
é:
(i) sempre nulo, se a superfície não envolver
carga;
(ii) positivo, se a superfície envolver carga
positiva, e é tanto mais positivo quanto maior for
a carga positiva envolvida;
(iii) negativo, se a superfície envolver carga
negativa, e é tanto mais negativo quanto maior for
a carga negativa envolvida.
Assim, intuímos que o fluxo do campo
elétrico, através de uma superfície fechada, é
proporcional à carga elétrica envolvida pela
superfície:
! !
"∫ s E ⋅ dA = k Q INT
A constante de proporcionalidade k pode ser
descoberta simplesmente calculando o fluxo do
campo elétrico produzido por uma carga
puntiforme através de uma esfera centrada sobre
a carga. Mas esse cálculo você já fez, já que esse
é o penúltimo exercício obrigatório... Então, já
sabemos que essa constante é o inverso da
permissividade elétrica do vácuo. Escrevemos:
! ! 1
∫"s E ⋅ dA = Q int
ε magnético não possui fontes. Então, enunciamos a
o
Esse resultado é conhecido como lei de Gauss
para o campo elétrico ou simplesmente lei de
Gauss (na forma integral).
3
Karl Friedrich Gauss (30/04/1777 - 23/02/1855),
matemático, astrônomo e físico alemão.
Lei de Gauss para o campo elétrico
! não existem estruturas magnéticas que tenham,
"O fluxo do campo elétrico ( E ), através de
qualquer superfície fechada (S), é proporcional à
carga elétrica (QINT) contida no interior da
superfície."
! ! 1
"∫ s E ⋅ dA = ε Q int
o
A lei de Gauss decorre do fato de que as
cargas elétricas são as fontes do campo elétrico
(isto é, são os pontos onde as linhas de campo
nascem ou morrem). Se não existissem as cargas,
o fluxo seria sempre nulo, pois cada linha de
campo atravessaria a superfície fechada nos dois
sentidos (contando uma vez negativamente na
entrada e outra vez positivamente na saída). Em
síntese, a lei de Gauss diz que as cargas elétricas
são as fontes do campo elétrico.
A lei de Gauss é uma das leis fundamentais do
Eletromagnetismo. Sua validade não é restrita
apenas à Eletrostática. Ela é uma das chamadas
"Equações de Maxwell", que é o conjunto das
quatro leis fundamentais do Eletromagnetismo.
Observação boba: A superfície fechada da lei
de Gauss é usualmente chamada de gaussiana.
Lei de Gauss para o Magnetismo
Ao contrário do campo elétrico, o campo
lei de Gauss para o magnetismo (na forma
integral):
“O fluxo do campo magnético, através de
qualquer superfície fechada, é sempre nulo.”
! !
"∫ s B ⋅ dA = 0
A lei de Gauss para o Magnetismo nos diz que
para o campo magnético, papel análogo ao que as
cargas elétricas têm para o campo elétrico. Não
existem cargas magnéticas.
Se você ainda não percebeu, devo chamar sua
atenção para o fato de que a lei de Gauss para o
Magnetismo expressa de forma elegante a
inseparabilidade dos polos magnéticos.
Se existirem cargas magnéticas, elas nunca
foram observadas livres. Até onde sabemos, não
há monopolos magnéticos livres e, se eles
existirem, são inseparáveis (pelo menos, até hoje,
enquanto escrevo). Podemos afirmar que a
estrutura magnética mais simples é o dipolo
magnético.
Por fim, cabe a mim ressaltar que a lei de
Gauss para o magnetismo não vale apenas na
magnetostática. Ela tem validade geral no 10
Eletromagnetismo, tratando-se, portanto, de mais
uma das quatro equações de Maxwell.
Aviso amigo (2):
Numa primeira leitura, salte as duas próximas
seções e vá direto para o 9o Roteiro de Estudos. A
menos que você pense em fazer física ou que você
seja aluno dos cursos técnicos de eletrônica,
eletrotécnica ou telecomunicações, pode ignorar a
próxima seção. Ainda assim, pra você entender
bem o título “Cálculo”, você precisa conhecer um
pouco de Cálculo Avançado.
9.6 DIVERGÊNCIA Cálculo ! 1
div E = ρ
Na terceira edição do seu Tratado sobre Com alguns desenvolvimentos matemáticos, é εo
eletricidade e magnetismo, James Clerk Maxwell, possível mostrar que, em coordenadas ! ρ
após analisar o comportamento das linhas de um cartesianas, a divergência de um campo vetorial é div E =
! ! εo
campo vetorial, batizou o termo −∇ ⋅ F , surgido calculada pela expressão:
em seus desenvolvimentos matemáticos, de ! ∂Fx ∂Fy ∂Fz Ou, usando o nabla:
convergence. Mais tarde, o sinal de menos div F = ∂x + ∂y + ! ! ρ
∂z
∇⋅E =
desapareceu e o termo passou a ser chamado de que pode ser escrita como um produto escalar ε o
divergence., corretamente traduzido por simbólico
4 Essa última expressão é a chamada forma
divergência . ! ∂ ∂ ∂ !
div F = ( , , ) ⋅ F diferencial da lei de Gauss para o campo elétrico.
∂x ∂y ∂z
Definição
! ∂ ∂ ∂ Divergência do campo magnético
Por definição, a divergência de um campo Sendo nabla ∇ = ( , , ) , escrevemos:
∂x ∂y ∂z De forma semelhante, a divergência do campo
vetorial é o campo escalar que, em cada ponto, ! ! !
div F = ∇ ⋅ F magnético pode ser calculada com o auxílio da lei
fornece a razão entre o pequeno fluxo (dΦF)
de Gauss para o Magnetismo:
através de uma superfície fechada que contém o Em coordenadas cilíndricas e em coordenadas ! !
ponto e uma vizinhança do ponto e o pequeno esféricas, as expressões da divergência não são
!
div B = S
" ⋅ dA
∫ B
volume (dV) envolvido pela superfície. Assim: tão simples. dV
11
! dΦ Porém, de acordo com a lei de Gauss para o
F
div F = Divergência do campo elétrico Magnetismo, o fluxo magnético através de uma
dV
A divergência do campo elétrico pode ser superfície fechada se anula sempre. Logo:
ou !
! ! obtida com o auxílio da lei de Gauss:
! F ⋅ dA ! ! div B = 0
div F = "∫ s
dV
!
div E = S
" ⋅ dA
∫ E Ou, usando o nabla:
! !
dV ∇ ⋅B = 0
Interpretação QINT Essa última expressão é a chamada forma
! diferencial da lei de Gauss para o Magnetismo.
É fácil verificar que a divergência é positiva div E =
εo
em pontos onde nascem linhas de campo (fontes); dV
é negativa onde morrem linhas (sumidouros); e é Sendo o volume muito pequeno, a carga
nula nos demais pontos. Essa é a interpretação contida no interior da superfície também será
geométrica dada à divergência de um campo. muito pequena: QINT = dQ. Então:
! 1 dQ
div E =
εo ΔV
Mas a razão ρ = dQ/dV é a densidade
4
Alguns autores chamam a divergência de divergente. Parece
ser apenas o caso de um erro de tradução (talvez contaminada volumétrica de carga, logo:
pela sonoridade de gradiente). Para mais detalhes, veja:
Lemos, RBEF, V.25, N.4, Dez, 2003.
9.7 TEOREMAS
Caro aluno, essa seção ainda não existe. Ela
está em construção. Portanto não a leia. Vá direto
para o Roteiro de estudos.
Nessa seção são apresentados três teoremas
de matemática que são muito importantes para o
eletromagnetismo.
Os teoremas de Stokes e de Gauss-
Ostrogradski permitem obter as formas
diferenciais das leis que regem os campos
eletrostático e magnetostático a partir das
formas integrais (e vice versa).
O teorema de Helmholtz, num certo sentido,
justifica o uso do formalismo diferencial
apresentado nesse capítulo.
A demonstração desses teoremas exige
conhecimentos de Cálculo Avançado e está
totalmente fora das possibilidades do ensino
médio regular. A apresentação desses teoremas
já é uma ousadia... Os teoremas de Stokes e da
divergência, como mostrarei no futuro, são
bastante intuitivos.
Teorema de Stokes5 ou Teorema da decomposição de Helmholtz8
Teorema de Kelvin-Stokes “Se o rotacional e a divergência de um campo
vetorial são conhecidos em todo o espaço, então
“A circulação de um campo vetorial, ao longo
esse campo vetorial existe e é único, desde que o
de uma curva fechada, é igual ao fluxo do
campo, o seu rotacional e a sua divergência caiam
rotacional desse campo através de qualquer
a zero suficientemente rápido no infinito”.
superfície cuja fronteira é essa curva”.
! ! ! ! O teorema de Helmholtz assegura que, para
#∫ F ⋅ d ℓ = ∫ rot F ⋅ d A
c s conhecermos um campo, basta conhecermos o seu
rotacional e a sua divergência. Portanto, está
justificada a apresentação das leis fundamentais
do eletromagnetismo em termos do rotacional e
da divergência dos campos elétrico e magnético
ou, por extensão, em termos da circulação e do
Teorema da divergência ou fluxo desses campos.
Teorema de Gauss6-Ostrogradski7
“O fluxo de um campo vetorial através de uma
superfície fechada S é a integral da divergência
desse campo, calculada sobre a região do espaço 12
cuja fronteira é essa superfície (ou seja, do
interior de S)”.
! ! !
"∫ F ⋅ d A = ∫ div F dV
s v
5
É assim chamado em homenagem ao físico e matemático
irlandês George Gabriel Stokes (13/08/1819-01/02/1903),
embora a primeira referência conhecida desse resultado tenha
sido feita por William Thomson (Lord Kelvin) e apareça em uma
carta dele para Stokes, de 2 de julho de 1850.
6
Karl Friedrich Gauss (30/04/1777 - 23/02/1855),
matemático, astrônomo e físico alemão.
7
Mikhail Vassiliovich Ostrogradski (24/09/1801-1°/01/1862)
8
foi um matemático ucraniano. A demonstração do teorema da É assim chamado em homenagem ao médico e físico alemão
divergência foi publicada em 1831. Hermann von Helmholtz (31/08/1821 – 08/09/1894).
9º ROTEIRO DE ESTUDOS:
LEIS DA MAGNETOSTÁTICA
Parte 1: Perguntas básicas
1) Sobre a circulação de um campo vetorial,
responda: (a) Qual o seu conceito? (b) Qual a sua
definição? (c) Qual a sua unidade no SI?
2) Sobre a lei de Ampère, responda: (a) Qual é o
seu enunciado? (b) Qual a sua formulação
matemática? (c) Qual o seu significado físico?
3) Sobre o fluxo de um campo vetorial, responda:
(a) Qual o seu conceito? (b) Qual a sua definição?
(c) Qual a sua unidade no SI?
4) Sobre a lei de Gauss para o magnetismo,
responda: (a) Qual é o seu enunciado? (b) Qual a
sua formulação matemática? (c) Qual o seu
significado físico?
5) (a) O que é eletrostática? (b) O que é
magnetostática?
6) Diga quais são as leis fundamentais da
eletrostática, segundo a concepção de: (a) ação à
distância; (b) campo.
7) Diga quais são as leis fundamentais da
magnetostática, segundo a concepção de: (a) ação
à distância; (b) campo.
Parte 2: Questionário
1) Você já sabe que um campo eletrostático não
pode manter uma corrente elétrica em um circuito
fechado. O que isto tem a ver com o fato da
circulação do campo eletrostático, em um caminho
fechado, ser sempre nula?
2) Geometricamente falando, o que significa
! ! ! !
∫ E ⋅ d ℓ = 0 e (b) #∫ B ⋅ d ℓ = µ i ?
dizer que (a) #
c c o
3) Geometricamente falando, o que significa
! ! 1 ! !
∫ s E ⋅ dA = Q e (b) "∫ s B ⋅ dA = 0 ?
dizer que (a) "
o
ε 3) MM A partir da definição geral de circulação,
4) Quais são as simetrias e as assimetrias
existentes entre as leis fundamentais da
eletrostática e da magnetostática, segundo a
concepção de campo?
5) O que mudaria na lei de Gauss para o
magnetismo, se os monopolos magnéticos fossem
descobertos?
6) Essa é pra viajar: Se as cargas magnéticas
fossem detectadas, seria razoável admitir a
existência de correntes magnéticas, de acordo?
Nesse caso, que outra alteração poderíamos
esperar nas leis fundamentais do
eletromagnetismo? Sendo mais explícito, essas
correntes magnéticas deveriam produzir que
campo em torno delas?
Parte 3: Problemas
Circulação
1) Calcule a circulação de um campo elétrico
uniforme de 5,0 V/cm, ao longo de um segmento
de reta de 4,0 cm que faz um ângulo de 60o com o
campo. (10 V)
2) Um fio reto e muito comprido conduz 2,0 A.
Calcule: (a) o módulo do campo magnético a 5,0 cm
deste fio; (b) o módulo da circulação do campo do
fio ao longo de uma circunferência de 5,0 cm de
raio que envolve normalmente esse fio. (8,0 µT; 2µo)
mostre que a circulação de um campo é dada pelo
produto entre a componente do campo tangente à
curva e o comprimento da curva, desde que essa
componente seja constante ao longo da curva.
4) MM A partir da definição geral de circulação,
13
mostre que a circulação de um campo uniforme, ao
longo de um caminho qualquer, é o produto escalar
entre o campo e o vetor que liga o ponto inicial ao
ponto final.
5) MM A partir da definição geral de circulação,
mostre que a circulação de um campo uniforme, ao
longo de um caminho fechado qualquer, é sempre
nula.
6) MM Mostre que a força eletromotriz é a
circulação do campo elétrico
Lei de Ampère
7) Você vê normalmente uma elipse orientada no
sentido trigonométrico. Um fio conduz 2 A para
perto de você e outro fio conduz 5 A para longe,
ambos envolvidos por essa elipse. Qual a
circulação do campo magnético ao longo dessa
elipse? (-3µo)
8) Se uma curva fechada não envolve corrente
alguma, qual o fluxo magnético ao longo dela?
9) (HW29.42) A figura abaixo mostra duas
curvas fechadas e duas espiras quadradas que
conduzem correntes i1 = 5,0 A e i2 = 3,0 A.
Determine a circulação do campo magnético ao
longo das curvas (a) 1 e (b) 2. (-2µo, -13µo)
10) Repita o exercício anterior, trocando apenas o
sentido da corrente: (a) i1; (b) i2. (8µo, 7µo; -8µo, -7µo)
Em todos os próximos exercícios deste grupo,
você deverá utilizar a lei de Ampère para obter o
campo magnético produzido por alguma
distribuição estática de corrente. Em cada caso,
você deverá escolher uma curva fechada que, em
razão da simetria, permita que você calcule a
circulação do campo magnético ao longo da curva
escolhida (mesmo sem saber integrar).
11) Considere um fio reto e infinito, de seção
transversal desprezível, conduzindo corrente
constante i, no vácuo. Determine o campo
magnético produzido por esse fio num ponto a uma
distância r do fio. Faça um esboço do gráfico do
módulo B do campo magnético versus a distância r.
9 conduzindo corrente i, no
(µoi/2πr)
12) Considere uma casca cilíndrica infinita, de raio
a, conduzindo corrente i, uniformemente
distribuída por toda a seção da casca, no vácuo.
9 fio, no vácuo. Determine o campo magnético
Você deverá usar esse resultado para resolver os problemas
do próximo grupo: Campo do fio.
Determine o campo magnético produzido por esse
fio num ponto a uma distância r do eixo da casca,
nos casos: (a) r < a (dentro da casca); (b) r > a
(fora da casca). Faça um esboço do gráfico do
módulo do campo magnético (B) versus a distância
(r) e compare com o do exercício anterior. (0,
µoi/2πr)
13) Considere um par de cascas cilíndricas
coaxiais e infinitas, de raios a e b, com a < b,
conduzindo a mesma corrente i, uniformemente
distribuída por toda a seção de cada casca, porém
em sentidos opostos, no vácuo. Determine o campo
magnético produzido por esse par de cascas num
ponto a uma distância r do eixo das cascas, nos
casos: (a) r < a; (b) a < r < b; (c) r > b. (0, µoi/2πr, 0)
Pergunta boba: “O que mudaria nas respostas do
último exercício, se as correntes não fossem
iguais”?
14) Considere um fio reto e infinito, de seção
transversal desprezível, conduzindo corrente i,
disposto no eixo de uma casca cilíndrica de raio a,
também infinita, conduzindo corrente i,
uniformemente distribuída pela seção da casca e
em sentido oposto ao da corrente no fio, no vácuo.
Determine o campo magnético produzido por esse
conjunto fio-casca, num ponto a uma distância r
do fio, nos casos: (a) r < a (dentro da casca);
(b) r > a (fora da casca). (µoi/2πr, 0)
A mesma pergunta boba: “O que mudaria nas
respostas do último exercício, se as correntes não
fossem iguais”?
15) M M Considere um fio cilíndrico, infinito, de
seção normal circular, de raio a, conduzindo
corrente i, uniformemente distribuída na seção do
produzido por esse fio num ponto a uma distância
r do eixo do fio, nos casos: (a) r < a (dentro do
fio); (b) r > a (fora do fio). Faça um esboço do
gráfico do módulo B do campo magnético versus a
distância r e compare com o campo do fio de
seção desprezível. (µoir/2πa2, µoi/2πr)
16) M Considere um solenoide compacto, reto e
infinito, com n espiras por unidade de
comprimento, conduzindo corrente i, no vácuo. A
figura abaixo, do solenoide em corte, ilustra a
situação e sugere a escolha da amperiana.
Determine o campo magnético: (a) dentro e (b)
fora do solenoide. (µoni, 0) 10
17) M Plano infinito constituído por n fios 14
paralelos por unidade de comprimento do plano
(medido transversalmente aos fios) e conduzindo
corrente i, no vácuo. Determine o campo
magnético produzido por esse plano. (µoni/2)
18) M M Considere um
enrolamento compacto de
fio, com N voltas, em
forma de um toroide
(vulgo pneu), com raios
interno a e externo b,
vácuo. A figura ao lado
ilustra a situação (a menos por ter poucas voltas)
e sugere a escolha da amperiana. Determine o
campo magnético produzido por esse toroide num
10
Você deverá usar esse resultado para resolver os problemas
de um dos próximos grupos: Campo do solenoide.
ponto a uma distância r do centro do toroide, nos
casos: (a) r < a; (b) a < r < b; (c) r > b. (0, µoNi/2πr, 0)
Campo do fio
O campo do fio é dado por Bfio = µoi/2πr.
19) (H29.71) Um fio de cobre descoberto, com
2,5 mm de diâmetro, pode transportar uma
corrente de até 50 A sem superaquecimento. Para
esta corrente, qual é o módulo do campo
magnético na superfície do fio? (8,0 mT)
20) (H29.1) Um topógrafo está usando uma
bússola cerca de 4 m abaixo de uma linha de
transmissão na qual existe uma corrente
constante de 100 A. (a) Calcule o campo magnético
no local em que está a bússola, devido à linha de
transmissão. (b) Sabendo que a componente
horizontal do campo magnético da Terra no local é
de 20 µT, diga se a leitura da bússola é confiável.
Justifique. (5 µT; não)
21) (H29.7) Dois fios longos e paralelos estão
separados por uma distância de 8,0 cm. Que
correntes iguais devem passar pelos fios para que
o campo magnético à meia distância entre eles
tenha módulo de 30 µT? (3,0 A)
22) Dois fios muito compridos, retos e paralelos,
separados por uma distância d transportam
correntes i e 3i no mesmo sentido. (a) Calcule a
força por unidade de comprimento entre os fios.
(b) Calcule o campo magnético a meia distância
dos fios. (c) Localize o ponto onde o campo
magnético é nulo. (1,5µoi2/πd; 2µoi/πd; entre os
fios, a d/4 de i)
23) (H29.29) Quatro fios muito compridos, retos
e paralelos, conduzem 20 A, cada um. A seção
reta do conjunto forma um quadrado de 20 cm de
lado. Os fios diagonalmente opostos possuem
correntes também opostas. Qual o módulo do
campo magnético no centro do quadrado? (80 µT)
24) (H29.3) Em uma região das Filipinas, o campo
magnético da Terra vale 40 µT, é horizontal e
aponta para o norte. Exatamente 8,0 cm acima de
um fio retilíneo longo, que transporta uma
corrente constante, o campo resultante é nulo.
Quais são a intensidade e o sentido da corrente?
(16 A, oeste para leste)
25) (H29.78) Um fio longo transportando uma
corrente de 100 A é colocado num campo
magnético externo de 5,0 mT. O fio é
perpendicular ao campo. A que distância do fio, o
campo magnético resultante pode ser nulo?
(4,0 mm)
26) Um fio longo e retilíneo conduz 5,0 A. Um
próton é lançado a 1,5 x 105 m/s, paralelamente ao
fio e a 2,0 cm de distância. Determine a força
magnética que age sobre o próton neste instante.
(1,2 x 10 -18
N)
Campo do solenoide
O campo do solenoide é dado por Bsol = µoni.
27) (H29.50) Um solenoide de 1,00 m de
comprimento tem um raio de 2,00 cm, um
enrolamento de 1.200 espiras e transporta uma
corrente de 3,60 A. Calcule o módulo do campo
magnético no interior do solenoide. (5,43 mT)
28) (H29.52) Um solenoide de 1,20 m de
comprimento e 3,00 cm de diâmetro transporta
uma corrente de 1,50 A. O módulo do campo
magnético no interior do solenoide é 2,50 mT.
Determine o comprimento do fio que constitui o
solenoide. (150 m)
29) M Um solenoide foi construído com apenas
uma camada de um fio cujo diâmetro é 0,50 mm.
Sabendo que o solenoide é percorrido por uma
corrente de 20 mA, calcule: (a) o número de
espiras por metro; (b) a intensidade do campo
magnético no interior do solenoide. (2000; 16π µT)
Fluxo
30) Uma superfície plana de 1,5 m2 está imersa
em um campo magnético uniforme de 20 mT.
(a) Calcule o maior fluxo magnético que pode ser
estabelecido através dessa superfície. (b) Qual o
ângulo entre o campo e plano, para que isso
aconteça? (30 mWb, 90°)
31) MM A partir da definição geral de fluxo,
mostre que o fluxo de um campo uniforme,
através de uma superfície plana, é o produto
escalar entre o campo e o vetor área.
32) MM A partir da definição geral de fluxo,
mostre que o fluxo de um campo uniforme,
através de qualquer superfície fechada, é sempre 15
nulo.
33) MM A partir da definição geral de fluxo
através de uma superfície, mostre que o fluxo do
campo é dado pelo produto entre a componente
normal do campo e a área da superfície, desde que
essa componente seja constante em toda a
superfície.
Lei de Gauss para o magnetismo
34) (H32.1) Calcule o fluxo magnético através da
face com seis pontos de um dado, sabendo que o
fluxo através das outras cinco faces, em webers,
é igual ao número de pontos da face, sendo
negativo nas faces com pontos ímpares e positivo
nas pares. (3 Wb)
35) (H32.3) Uma superfície gaussiana em forma
de cilindro circular reto tem um raio de 12,0 cm e
um comprimento de 80,0 cm. Na base, existe um
fluxo magnético de 25,0 µWb para dentro. Na nos casos: (a) r = 0; (b) r = 3,0 cm e (c) r = 6,0 cm.
tampa, existe um campo magnético uniforme de (0, 0, 10 kV/m)
1,60 mT, normal à superfície e orientado para 41) MMM A partir das leis que regem o campo
fora. Determine o fluxo magnético através da eletrostático, deduza: (a) a lei de Coulomb; (b) a
superfície lateral do cilindro. (47,4 µWb) lei de conservação da carga (na eletrostática).
Lei de Gauss para o campo elétrico
(Atenção: Não é preciso fazer nenhum desses!!!)
36) Calcule o fluxo do campo elétrico através da
superfície de um cubo com 12 cm de aresta,
supondo que há uma carga puntiforme de 53,1 pC
localizada no centro do cubo. (6,0 V⋅m)
37) Considere o problema anterior e calcule o
fluxo elétrico através de cada uma das faces do
cubo. (1,0 V⋅m)
38) M Usando a lei de Gauss, deduza a expressão
do campo elétrico gerado por uma carga
puntiforme q, num ponto a uma distância r da
carga. (koq/r2) 16

39) Sabendo que todo o excesso de cargas de um

condutor fica localizado sobre a sua superfície, a
partir da lei de Gauss, obtenha o campo elétrico
gerado por uma esfera condutora, de raio a,
carregada com carga Q, em um ponto a uma
distância r do centro da esfera, nos casos:
(a) r < a; (b) r > a. (0, koQ/r2)
Comentário: Matematicamente, prova-se que o
campo elétrico sobre a superfície do condutor é a
média entre os campos imediatamente fora e
imediatamente dentro do condutor. Mas esse
conhecimento é irrelevante, uma vez que o campo
só poderá ser medido fora ou dentro do condutor.
40) Uma esfera condutora de 4,0 cm de raio, está
carregada com 8,0 nC. Calcule o campo elétrico
num ponto a uma distância r do centro da esfera,