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- QG Feminista - Medium
A generalização das escolas mistas nos anos 70, como aplicação — atrasada –, em
termos de gênero, do princípio da igualdade de oportunidades para todos os cidadãos
perante a educação, permite educar juntos meninas e meninos e comparar diretamente
os seus desempenhos. Depois de ter recuperado o atraso no que se refere à escolarização,
as meninas exibem um “melhor resultado escolar” em número de anos de estudo e essa
constatação vai incidir sobre o conceito de reprodução das desigualdades pela escola.
Alguns pesquisadores veem, acima de tudo, nessa desvalorização escolar das meninas no
momento da orientação, o efeito da socialização primária de meninos e meninas,
reforçado por comportamentos diferenciados dos professores de acordo com o sexo dos
alunos. Outros interpretam tal resultado como uma “escolha racional” das meninas, um
cálculo que antecipa os problemas postos pela difícil “conciliação” entre vida familiar e
vida profissional, conciliação cujo peso ainda repousa amplamente sobre as mulheres
devido à manutenção da divisão sexual do trabalho.
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27/09/2019 O que é socialização e o que é educação? - QG Feminista - Medium
Na Sociologia, esse termo foi inicialmente usado pela abordagem funcionalista a fim de
descrever como são inculcados os papéis de sexo. Nessa perspectiva, a sociedade
funciona com base num consenso social quanto à dualidade fundamental dos sexos. Essa
dualidade se basearia numa diferença natural, uma bicategorização de ordem biológica
que implica a complementaridade dos papéis sociais. Para manter o equilíbrio social, os
novos membros individuais da sociedade devem interiorizar as normas de
comportamentos esperados. Uma segunda abordagem critica essa perspectiva e enfatiza
o aspecto coercivo e repressivo da transmissão de modelos.
A produção do gênero
Podemos nos referir a trabalhos da Psicologia Social, da Antropologia e da Sociologia
interacionista de origem anglo-saxônica para encontrar novas abordagens à socialização
como processo ativo. Trata-se de descrever as situações de interação social nas quais a
diferença dos sexos, o gênero, é produzido e reproduzido socialmente: “A ‘socialização’
de cada nova geração de crianças pela sociedade adulta não é só o resultado do reforço e
da repressão diretamente exercidos sobre os indivíduos… mas dos materiais a partir dos
quais as crianças constroem as categorias de sexo que servem, em seguida, para guiar
seu comportamento” (Jacoby, 1990). Nessa perspectiva, acentuam-se as situações nas
quais as relações sociais de sexo se atualizam, como as escolas mistas onde os jovens
“socializados” podem aprender os comportamentos de gênero esperados nas diversas
situações e construir respostas consideradas apropriadas. Essa abordagem permite
considerar as diferentes relações sociais que estruturam uma determinada situação, e as
relações de gênero podem ser consideradas um protótipo ou uma simples reprodução
das relações entre grupos dominantes e dominados.
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Referências
Baudelot, Christian; Establet, Roger. Allez les fi lles !, Seuil, 1992, 351p.
Manassein, Michel de (Dir.). De l’égalité des sexes, Paris, CNDP, 1995, 317p.
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Mosconi, Nicole. Femmes et rapport au savoir. La société, l’école et la division sexuelle des
savoirs, Paris, L’Harmattan, 1994, 362p.
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