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- Problema: a tabela acima é uma forma muito simplificada de classificar todos os regimes
políticos existentes
. Ela ignora os diferentes graus de participação e de liberdade em cada um deles:
variáveis extremamente relevantes
- Solução: distribuir os regimes políticos existentes no mundo em um gráfico, considerando
os diferentes graus de “participação dos governados na escolha dos governantes” e de
“liberdade civil dos governados em relação aos governantes”
Autocracia Auto: referido a si próprio
Cratos: poder
Democracia Demos: povo
dos governados em relação aos governantes
Grau de liberdade civil (ou independência)
1 Hannah Arendt: foi uma cientista política germânica de origem judia. É considerada um dos grandes nomes do
pensamento político contemporâneo por seus estudos sobre os regimes totalitários e sua visão crítica da questão judaica.
2 Raymond-Claude-Ferdinand Aron: sociólogo, filósofo e jornalista francês, notabilizado sobretudo por sua posição crítica
Durante alguns anos, foi professor na Suíça e funcionário do partido em Trento, na época território austríaco.
- Nazismo: Alemanha hitlerista (1933-1945)
- Regimes Comunistas: União Soviética (1917-1991), China (1949– ), Coréia do
Norte (desde 1954) e Cuba (desde 1959) + os demais países do mundo onde
houve regimes autodenominados comunistas
. Regimes totalitários que tenham “partidos únicos que monopolizam o poder” () – geralmente
também são portadores de “ideologia revolucionária4” () – ela serve para orientar a ação do
Estado e conquistar o apoio das massas
- Ingrediente fundamental das ideologias:
. Nazistas e fascistas: racismo
. Comunismo: luta de classes
- Ideologia nazista: a revolução da sociedade alemã se faria com a extirpação do seu interior das
raças inferiores (sobretudo judeus e ciganos) e com a purificação da raça ariana (considerada
superior)
. 1a Fase: os judeus foram privados dos direitos civis e proibidos de se casarem com alemães
. 2a Fase: foram confinados em guetos
. 3a Fase: foram levados aos campos de concentração – para trabalho escravo, cobaia de
experiência científica ou morte
- Foram enviados aos campos de concentração todos aqueles que representavam um
empecilho à revolução pretendida (judeus, ciganos, comunistas e liberais)
- Ideologia comunista: ao contrário da ideologia revolucionária nazista, a comunista nunca teve
qualquer viés racista ou genocida – embora defendesse uma modificação radical da sociedade
existente que poderia talvez incluir uma tentativa de depuração
. A 1a Fase da revolução comunista na Rússia tinha como objetivo depurar a nascente “União
das Republicas Socialistas e Soviéticas” da burguesia existente – a depuração não incluía a
eliminação física dos burgueses, mas a expropriação dos seus bens
. Em todos os países que tiveram revoluções comunistas, o objetivo principal era acabar com a
propriedade privada (em contrapartida, com as classes sociais que exploravam a maioria
trabalhadora) – portanto, a ideologia comunista nunca objetivou exterminar indivíduos
pertencentes a determinados grupos étnicos
- Conclusão: apesar das grandes diferenças, as ideologia comunista e nazifascista mantinham a
semelhança ao objetivar “criar uma nova sociedade e um homem novo” – ou seja, em ambas a
ideologia revolucionária foi um ingrediente presente – e portanto, distintivo dos regimes totalitários
. O exame agora irá recair sobre a característica – combinação entre ideologia e terror
- Nos regimes totalitários não é admitida nenhuma divergência da linha ideológica adotada
pelo partido único: todo crítico ou opositor do regime é considerado inimigo
. Aron: os regimes totalitários consideram o “inimigo ideológico” como mais culpado que
o “criminoso do direito comum”
- A intimidação e a ameaça a quem esboçar a menor divergência é uma das características
distintivas do totalitarismo
- Antes de tomarem o poder:
. Os grupos fascistas e nazistas usavam milícias organizadas dentro do partido único para
intimidar os opositores (usavam, inclusive, a força física)
- Itália: os fascistas organizaram a milícia paramilitar “camisas negras” (camicie nere)
- Alemanha: o Partido Nazista formou a SA (Sturmabteilung) – tropa de assalto
- América Latina: existiram organizações paramilitares semelhantes e inspiradas nos
mesmos princípios e ideologias
. Brasil: “camisas verdes” ligados ao Partido Integralista de Plínio Salgado (anos 1930)
. O Partido Comunista, na Rússia, não formou milícias paramilitares para intimidar os opositores
antes da tomada do poder.
5 Ainda hoje, os cidadãos de Moscou dizem que, nos tempos da União Soviética, das janelas do prédio da antiga KGB, que
fica no centro de Moscou, avistava-se a Sibéria – alusão ao risco de quem para lá fosse chamado para ser interrogado, ser
depois deportado para os campos de concentração na Sibéria (reservado aos críticos e dissidentes do regime)
. As diferenças entre nazifascistas e comunistas são enormes: é impossível confundi-los.
. Por outro lado, existe um mesmo traço marcante entre eles: a pretensão do Estado em
controlar totalmente a sociedade – por isso, apesar das diferenças, ambos são classificados
como totalitários
6 Mao Tsé-tung: (1893-1976) Chefe de Estado e do Partido Comunista na China. Fundador da República Popular da China.
Foi um dos fundadores do Partido Comunista chinês em 1921. Teve especial aceitação nos países do Terceiro Mundo como
teórico da guegrra popular revolucionária.
7 Frase de Alexander Soljenítsin, escritor russo, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1970 e conhecido por suas
ferozes críticas ao regime soviético, e em especial às prisões e aos campos de trabalhos forçados em que eram confinados
os dissidentes, denunciados em sua célebre obra Arquipélago Gulag.
8 Den Xiaoping – Teng Hsiao-ping: (1904-1997) Político e líder comunista chinês, foi o principal inspirador da reação contra
o maoísmo e da introdução das últimas grandes reformas políticas e econômicas na China. Ligado ao Partido Comunista
desde a juventude, participou da Longa Marcha comandada por Mao Tsétung.
- Autoritários: como o monopólio do acesso ao controle do governo associado a alguma
liberdade de mercado
. As ditaduras pessoais (sobretudo as ditaduras militares) são os casos mais típicos de regimes
autoritários durante o século XX
Foi ditador por 37 anos. O salazarismo, regime autoritário por ele
Antônio Salazar
Portugal instituído, se estendeu até 1974, quando a Revolução dos Cravos
(1889-1970) pôs fim a mais longa ditadura da Europa Ocidental.
Francisco Franco Foi ditador por 34 anos. O franquismo, regime autoritário por ele
Espanha
(1892-1975) instituído, acabou somente após a sua morte.
. América Latina: diversos regimes autoritários foram implantados nas décadas de 1960 e 1970 -
por meio de golpes militares
- Esses regimes foram chamados “regimes de exceção”: exceção às regras democráticas e
ao Estado de Direito
- Argentina, Uruguai e Chile: as ditaduras militares suspenderam de imediato a vigência das
constituições nacionais, fecharam os parlamentos e acabaram com os partidos políticos
. As ditaduras militares combatiam a “subversão comunista” promovida por grupos
guerrilheiros revolucionários:
- Uruguai: Tupamaros
- Argentina: Montoneros
. Esses regimes autoritários não hesitaram em sequestrar, prender, torturar e matar
aqueles que julgavam ser subversivos
- Entre 1976 (ano do golpe militar na Argentina) e 1982 (quando caiu a junta militar
que governava o país, em decorrência da derrota na Guerra das Malvinas), as
forças repressivas militares e paramilitares tenham deixado um saldo de até 30 mil
mortos e desaparecidos.
. Apesar da brutalidade da repressão, o regime chinês e as ditaduras militares não são
considerados regimes totalitários.
- Motivo: eles não possuem as características básicas dos regimes totalitários:
. Nos regimes autoritários dos países do Cone Sul da América Latina, não foi
implantado um “sistema de partido único” () como via exclusiva de acesso ao
governo
- A atividade dos diferentes partidos anteriormente em funcionamento foi suspensa
e a escolha dos governantes dava-se exclusivamente dentro das forças armadas
. Esses regimes não agiam movidos por qualquer “ideologia revolucionária” ()
- Eles eram contrarrevolucionários: queriam impedir que se promovesse qualquer
mudança na ordem social capitalista instituída
- Eles não mobilizavam as massas populares por meio de uma ideologia
revolucionária (assim como faziam os regimes totalitários): os regimes autoritários
latino-americanos pretendiam desmobilizá-las, reprimindo qualquer tentativa de
manifestação popular
. É inegável que as ditaduras militares mais violentas do continente chegaram a instituir
um regime de terror de Estado, mas este não se encontrava combinado com qualquer
ideologia revolucionária ()
. Nenhum regime autoritário pretendeu controlar totalmente a sociedade: esta era uma
característica marcante do totalitarismo ()
- Regime militar no Brasil: de 1964 a 1985 – classificado como um regime autoritário
. Ao contrário dos regimes autoritários da América Latina, a atividade dos partidos políticos no
Brasil não chegou a ser suspensa:
- De 1964 a 1966: os mesmos partidos que haviam sido criados em 1945 encontravam-se
em atividade
- Em 1966: sistema de partidos foi dissolvido para dar origem a um sistema bipartidário:
. ARENA: Aliança Renovadora Nacional – partido de sustentação do governo
. MDB: Movimento Democrático Brasileiro – partido de oposição
- Em 1979: sistema bipartidário foi extinto para dar lugar a um sistema multipartidário
. Surgiram alguns dos partidos hoje em atividade
- Partido dos Trabalhadores (PT)
- Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)
- Partido Democrático Trabalhista (PDT)
- Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)
- Considerando que a ausência de um sistema multipartidário é característica dos regimes
totalitários, o regime militar brasileiro não pode ser assim classificado.
. O regime autoritário no Brasil, ao contrário dos países vizinhos, também conviveu com uma
ordem constitucional e com um parlamento em funcionamento.
- Em 1967: a Constituição de 1946 foi substituída pela Constituição de 1967 que, dois anos
mais tarde foi reformada – gerando a Constituição de 1969
. Esta última veio adequar a ordem constitucional ao endurecimento do sistema político
promovido pelo Ato Institucional No 5
- Os outros governos militares governaram o Brasil sob a égide da Constituição de 1969 –
até a transmissão do poder para um presidente civil, em 1985
- O Congresso Nacional foi mantido aberto e em funcionamento durante praticamente todo o
período do regime militar - as eleições para deputados federais e senadores ocorreram
regularmente a cada quatro anos
. Exceções:
- 1968: fechamento do Congresso, com a edição do AI-5
- 1977: para promoção de reformas constitucionais (“pacote de abril”), que
introduziram mudanças nos processos eleitorais9
. Ao contrário do regime militar brasileiro, na Argentina não havia eleições, partidos, constituição
e a repressão política foi muito mais violenta
- Então, podemos classificar os dois regimes em autoritários? Sim. Independentemente do
grau de violência e de repressão política empregados, em ambos regimes:
. a escolha dos governantes era autocrática: independente da expressão da vontade
popular e decidida exclusivamente pelo alto escalão das forças armadas
. ambos os regimes, em maior ou menor medida, desrespeitavam as regras básicas do
Estado de Direito
- Império da lei: significa que em uma sociedade, todos se encontram submetidos
ao ordenamento legal
- Hierarquia legal: no topo da qual se encontra a constituição
- Divisão e equilíbrio dos poderes do Estado
- Garantia dos direitos fundamentais dos indivíduos
. O regime militar brasileiro não respeitava nenhuma das regras básicas do Estado de Direito
- AI-5: instituído em 13 de dezembro de 1968, conferiu poderes excepcionais ao Presidente
da República, não previstos pela Constituição de 1967, subvertendo, assim, a hierarquia
das leis
- Executivo preponderava, de fato, sobre os demais poderes constituídos, comprometendo o
equilíbrio dos poderes do Estado
9 Foi instituindo a eleição de um dos três senadores por estado pelas assembleias legislativas, e não por votação popular.
Estes senadores foram chamados de “senadores biônicos”. Cargos biônicos são aqueles cujos titulares foram investidos
mediante a ausência de sufrágio universal e cujo parâmetro para escolha era a sanção das autoridades de Brasília nos
tempos da Ditadura Militar de 1964. O termo "biônico" foi popularizado no Brasil graças ao seriado O Homem de Seis
Milhões de Dólares. Nele o protagonista da série recebeu implantes cibernéticos que salvaram-lhe a vida após um grave
acidente e passou a trabalhar como agente do governo americano usando para isso suas capacidades ampliadas.
Transposta para o universo político, tal designação serviu para apontar quem ascendeu ao poder sem o desgaste de uma
campanha eleitoral.
- O próprio Estado violava os direitos fundamentais dos indivíduos ao impor censura aos
meios de comunicação, prender indivíduos sem ordem judicial e praticar a tortura
. Independentemente do grau de violência utilizado pelo Estado, as ditaduras militares do Brasil,
Argentina, Uruguai e Chile devem ser classificadas como regimes autoritários
- TIPOS DE DEMOCRACIAS:
. A democracia moderna difere da democracia dos antigos: devido à forma como o povo
participa da vida política
. Democracia dos antigos: o povo exercia o seu poder diretamente e sem intermediários ou
representantes, votando em praça pública as questões do Estado que estavam em discussão e
sobre as quais cabia a ele deliberar – a democracia dos antigos é chamada de democracia
direta
- Os antigos consideravam a “eleição de representantes” um método aristocrático – já que
implicava na seleção de uns poucos (os melhores11) dentre o grande número
12 Joseph Schumpeter: destaque da Teoria Econômica Moderna. Famoso pela Teoria do Desenvolvimento Econômico.
Considerava que as crises conjunturais não obedeciam apenas a fatores externos (guerras, más colheitas), mas estavam
igualmente relacionadas com a atividade empresarial, com o sistema de créditos e com a tecnologia que, em sua opinião,
eram causas diretas do desenvolvimento econômico.
13 Samuel Huntington: Aos 23 anos, iniciou sua admirável carreira de professor na Universidade de Harvard,
interrompendo-a após 58 anos de atividade, com o respeito da sociedade americana e dos governantes pela sua
contribuição intelectual às questões do Estado.
- Ocorreu após a Segunda Guerra Mundial
- Alemanha e Itália: os regimes totalitários sucumbiram, abrindo espaço
para a implantação de novos regimes democráticos
América Latina e em outras partes do mundo: novas democracias
2a onda -
floresceram – o Brasil teve a sua primeira experiência democrática (1946-
democrática 1964)
- Novamente houve períodos de refluxo da democracia – várias das novas
democracias deram lugar a regimes autoritários (praticamente toda a América
Latina)
- Teve início nos anos de 1970: queda dos últimos regimes autoritários da
Europa Ocidental (Portugal, Espanha e Grécia)
- Década de 1980: ditaduras militares na América Latina foram dando
paulatinamente lugar a regimes democráticos
- Década de 1990: regimes totalitários da Europa Central e Oriental foram
3a onda
substituídos por regimes democráticos – se espalhou por diversos países da
democrática África e da Ásia14
- Após queda do muro de Berlim e dissolução da União Soviética
- Queda do Regime racista da África do Sul
- Esta onde não foi sucedida por um refluxo, ao contrário, manteve-se constante
por três décadas
- A 1a e a 2a onda geraram regimes democráticos liberais. A 3a onda, ao contrário das ondas
anteriores, gerou regimes democráticos não liberais
14 Observando esse novo fenômeno político, o cientista político americano de origem indiana Fareed Zakaria escreveu, em
1997, um artigo sob o instigante título “O surgimento da democracia iliberal”. A democracia "liberal" não pressupõe apenas
eleições livres e justas, mas também a proteção constitucional dos direitos dos cidadãos. A democracia "iliberal" ocorre
quando eleições livres e justas associam-se à refutação sistemática de garantias constitucionais.
. Semelhanças entre Dahl e Schumpeter:
- Eles concordam que uma série de procedimentos adotados nos regimes liberais
democráticos são centrais e essenciais para considerá-los
. Democracia: para Schumpeter
. Poliarquia: para Dahl
- Dalh também enumera uma série de condições e características para que se possa
considerar um regime poliárquico:
. A maioria dos adultos em uma sociedade deve ter direito a voto e o exerça livre de
coerção
. Os votos de cada membro da comunidade eleitora devem possuir o mesmo peso, e
não pesos diferentes conforme a renda e a educação do eleitor (como as sociedades
liberais do século XIX)
. As autoridades não eleitas do Estado encontrem-se subordinadas aos líderes eleitos, e
que esses, por sua vez, estejam subordinados aos não líderes – à votação popular
. Que existam fontes alternativas de informação disponíveis para a população e livres de
constrangimento
. Que seja garantido o direito de oposição àqueles que aceitarem e respeitarem todas
essas regras
. Diferenças entre Dahl e Schumpeter:
- Schumpeter: põe em destaque o caráter elitista da competição eleitoral
- Dahl: põe em relevo o caráter pluralista do exercício do poder
. O termo “poliarquia” designa que o poder encontra-se distribuído nas mãos de várias
pessoas e não concentrado nas mãos de um só (caso da monarquia) ou igualmente
distribuído pelo povo (caso da definição clássica de democracia)
. Observando as modernas sociedades capitalistas (ditas democráticas), Dahl constatou
que, apesar da extrema desigualdade na distribuição do exercício e do controle do
poder, nenhuma liderança exerce um alto grau de controle sobre as demais, donde se
retira a definição desse sistema como uma poliarquia (poli = vários, arquia = poder)
. Análise das duas principais “formas de organização do governo” nos regimes liberais
democráticos: presidencialismo e parlamentarismo
- Diferenças principais:
. Papéis de chefia
. Relações entre Executivo e Legislativo
. Duração dos mandatos dos parlamentares e governantes
. Presidencialismo: papéis de chefe de Estado e chefe de governo são exercidos pelo presidente
. Parlamentarismo:
- Papel de chefe de Estado:
. Monarquias parlamentares: Espanha, Grã-Bretanha, Holanda e Suécia – o papel de
chefe de Estado é exercido pelo rei (somente protocolar)
. Repúblicas parlamentares: Portugal, Itália, Alemanha e Áustria – as atribuições de
chefe de Estado cabem ao presidente
- Papel de chefe de Governo: sempre exercida pelo primeiro-ministro (necessariamente um
parlamentar)
. Errado – No presidencialismo, o governo é mais forte do que sob o parlamentarismo
- O fato de o presidente ser eleito diretamente pelo povo e o primeiro-ministro ser eleito pelo
parlamento, nada diz a respeito da força de um governo
. Governos parlamentares fortes: Margaret Thatcher (1979-1990) na Grã-Bretanha -
teve força necessária para implementar suas políticas
. Governos presidenciais fracos: Raúl Alfonsín (1983-1989) na Argentina – acabou
transferindo o governo ao seu sucessor eleito (Carlos Menem) antes do fim do seu
mandato
. Conclusão: a força ou a fraqueza de um governo não derivam da sua forma
. Errado – Governo forte é um governo de força
- Governos fortes: são aqueles que têm capacidade governativa
- Governo de força: são aqueles que se utilizam da força física para governar
. Errado – No parlamentarismo, Poderes Executivo e Legislativo encontram-se fundidos
- Apesar da separação entre Poder Executivo e Legislativo ser mais clara sob o
presidencialismo, isso não significa que sob o parlamentarismo essa separação é menor
. No parlamentarismo, é a maioria dos parlamentares que indica entre os seus pares o
chefe de governo (primeiro-ministro)
. Entretanto, uma vez no governo, o primeiro-ministro exerce suas funções
completamente separado do parlamento – tal como um governo presidencial
- Não se deve confundir governo parlamentar com governo de assembleia
. Governo parlamentar: as funções executivas e legislativas encontram-se claramente
separadas
. Governo de assembleia: as funções encontram-se fundidas
- Exemplo mais trágico de governo de assembleia: Convenção Nacional (1792-
1795), o período do terror da Revolução Francesa
. A assembleia acumulava o Poder Executivo e o Legislativo
. Não havia uma instituição separada incumbida de governar e prestar contas à
assembleia: instaurou-se a ditadura revolucionária
. Os líderes revolucionários (Danton, Robespierre, Saint-Just15) tomavam as
decisões e agiam ditatorialmente pela assembleia – a ela somente cabia
referendar os atos executados em seu nome
- Presidencialismo: os mandatos do presidente e dos parlamentares são fixos e não há
possibilidade de um Poder intervir na duração do mandato do outro
. Existe uma rígida separação entre Executivo e Legislativo
. O presidente não tem o poder de dissolver o parlamento e convocar novas eleições
. O parlamento não pode destituir o presidente do seu cargo, exceto no caso de
impeachment por crime de responsabilidade
- Parlamentarismo:
. O governo e os parlamentares não têm mandatos rigidamente definidos
- Primeiro-ministro: a duração do governo não se encontra previamente definida,
durando o seu governo enquanto a maioria do parlamento lhe der sustentação
. Não há limite temporal para um primeiro-ministro exercer o governo
- Parlamentares: eles possuem mandato com duração máxima estipulada, mas não
rigidamente estabelecida
. É facultado ao governo dissolver o parlamento e convocar novas eleições:
quando o plenário não for capaz de formar uma maioria e dar sustentação ao
seu governo
. A separação entre os Poderes Executivo e Legislativo é flexível
- Qual é melhor?
. Teoricamente: um sistema de governo mais flexível é sempre melhor do que um mais
rígido. Portanto, a forma parlamentar de governo seria superior à presidencial
. Na prática: não existe um modelo melhor do que o outro e tudo depende,
fundamentalmente, da cultura e da experiência política de cada sociedade
- Estados Unidos: impensável trocar a forma presidencial de governo pelo
parlamentarismo
- Inglaterra: ninguém cogita trocar o parlamentarismo pelo presidencialismo
- Brasil: já teve as duas experiências – na Assembleia Nacional Constituinte de
1987-1988, a divisão entre parlamentarismo e presidencialismo foi tão forte que os
constituintes resolveram convocar um plebiscito (realizado em 1993) para que os
- REPRESENTAÇÃO POLÍTICA:
. Objetos clássicos de estudo da Ciência Política:
- Formas de representação política
- Sistemas eleitorais e de partidos
. Futuro administrador público: é essencial entender as relações entre sistema eleitoral de um
país e o seu sistema de partidos, e como ambos influenciam a ação do Estado (campo de ação
profissional)
. Estudo do tema: análise do caso brasileiro e, partindo dele, análise das teorias e estudos mais
gerais que tratam dos sistemas eleitorais e partidários
- Restrição: comparações apenas com sistemas eleitorais e partidários de regimes
democráticos – os regimes totalitários e autoritários serão deixados de lado, apesar deles
também possuirem partidos e processos eleitorais (frágeis, quando comparados com os
existentes nas democracias)
- Inicialmente será analisada a questão da representação política, para depois examinarmos
como o sistema eleitoral brasileiro processa a representação política e influencia o sistema
partidário do País
. Democracias contemporâneas: são baseadas em mecanismos de representação popular
- Por meio deles os votos individuais dos cidadãos, dados a um determinado candidato ou
partido, resultam em representantes eleitos para exercer as funções e os Poderes
Executivo e Legislativo do Estado
- A representação popular no Brasil, e nas demais democracias representativas do mundo,
baseada nas seguintes regras:
. Sufrágio universal: todo cidadão tem direito de eleger e ser eleito, independentemente
do sexo, raça, língua, renda, propriedade, classe social, religião ou convicção política
- Essa regra não é incompatível com algumas exigências
. idade mínima para votar e ser eleito
. estar em pleno gozo das suas faculdades mentais
. não ter limitações jurídicas ou criminais ao exercício dos seus direitos civis e
políticos
- Sociedades liberais do século XIX: vigorava o voto censitário – condicionado à
renda e à propriedade do indivíduo
- Nas democracias atuais não existe este tipo de limitação.
. Sufrágio igual: peso igual para o voto de todo eleitor
- Cada eleitor tem direito a apenas a um voto, independentemente da sua condição
social, educação, sexo, raça ou qualquer outra diferença natural ou social
- Antes do advento da democracia representativa: vigorava o voto plural – atribuía
aos eleitores um número de votos diferente conforme a sua educação, riqueza e
propriedade
. Sufrágio secreto: garante o sigilo da escolha do eleitor, protegendo-o de pressões
externas e permitindo que o seu voto expresse apenas a sua vontade
. No Brasil, essas três regras básicas só passaram a existir a partir da legislação eleitoral
estabelecida em 1932
- Primeira República: não havia o sufrágio secreto – o voto era aberto, o que acaba coibindo
a livre expressão da vontade dos eleitores
- Império: não havia o sufrágio universal – o voto era censitário, dependente da renda do
eleitor
. O sufrágio universal foi progressivamente se ampliando ao longo do tempo, no Brasil e
no mundo – o seu marco inicial foi a concessão do direito de voto a todos os homens,
independentemente da sua renda ou classe social
. Sufrágio universal masculino: introduzido na Primeira República, mas ainda reservado
aos indivíduos alfabetizados, em uma sociedade composta por uma alta proporção de
analfabetos
- A exclusão dos analfabetos do sistema eleitoral manteve-se até a CF de 1988
. Extensão do sufrágio às mulheres: ocorreu no Brasil (1932), muito antes de vários
países desenvolvidos
- França e Itália: após a Segunda Guerra Mundial (1946)
- Suíça: 1971
. Apesar da observância das três regras democráticas, a legislação eleitoral brasileira apresenta
certas distorções na representação dos seus cidadãos, dependendo dos Estados da federação
onde moram e votam
- Essas distorções resultam de dois fatores:
. adoção de um número mínimo de 8 e máximo de 70 deputados por Estado
. adoção de um quantitativo fixo para as bancadas estaduais, independentemente da
variação do seu eleitorado ao longo do tempo
- Casos gritantes:
- Sub-representação: habitantes de São Paulo
- Sobrerrepresentação: Estados da região Norte, sobretudo dos habitantes de
Roraima
. É como se o sufrágio igual não estivesse em vigência, uma vez que o voto de um
habitante de Roraima pesa 14 vezes mais do que o de um habitante de São Paulo
. A expressiva sub-representação de São Paulo na Câmara dos Deputados tem razões
históricas – remetem ao predomínio de São Paulo sobre os demais Estados da
federação durante a Primeira República
- Naquela época, a representação na Câmara era estritamente proporcional e a
bancada paulista (aliada a de Minas Gerais) se sobrepunha a todas as demais
- Apesar das diferenças, as distorções foram mantidas no sistema eleitoral
tradicional.
- Conclusão: nas democracias representativas, os sistemas eleitorais procuram manter a
igualdade entre os cidadãos, embora isso não seja sempre garantido
. Brasil: existe uma combinação de pleitos regidos pelo princípio majoritário + pleitos regidos
pelo sistema proporcional
- Sistema majoritário de representação: cargos executivos (presidente, governadores de
Estado e prefeitos) + Senado Federal
- Sistema de representação proporcional: cargos legislativos da Câmara dos Deputados,
Assembleia Legislativa, Câmara Distrital e Câmara de Vereadores
16 Robert Michels: sociólogo alemão nascido em 1876, marcou a história da sociologia com a publicação, em 1911, de um
trabalho intitulado Sociologia dos Partidos Políticos, no qual procurava relacionar a crescente burocracia das instituições
com as tendências oligárquicas nas sociedades modernas.
- Ocorre exclusão da representação de algumas minorias e a sobrerrepresentação
da maioria
. Vantagem: governabilidade
- Ao ampliar a representação da maioria eleitoral no parlamento, o sistema
majoritário garante ao governo um amplo apoio parlamentar para governar – ao
contrário do sistema proporcional, em que, raramente, o governo escolhido nas
urnas dispõe de maioria parlamentar
- Brasil: o Presidente é eleito por maioria absoluta dos votos, mas o partido e as coligações
não conseguem conquistar a maioria das cadeiras nas duas casas do parlamento: Senado
+ Câmara dos Deputados
. O governo é obrigando a fazer uma ampla negociação pós-eleitoral com as lideranças
dos diversos partidos representados no Legislativo – o intuito é formar uma maioria
que dê sustentação às ações do governo
. Sérgio Abranches chama esse sistema de articulação pós-eleitoral entre Executivo e
Legislativo de “presidencialismo de coalizão” – para ele, o governo é, de fato, exercido
pelo Presidente, mas a sua “governabilidade” está ancorada em uma ampla coalizão
de partidos formada após as eleições
- A dificuldade de formar maiorias para dar sustentação ao governo atinge regimes
presidenciais baseados em eleições proporcionais para o parlamento e regimes
parlamentaristas baseados em eleições proporcionais
. Israel: todo partido que tenha conquistado 2% dos votos tem garantida a sua
representação no parlamento
- A formação dos governos se dá após as eleições e longas e complicadas
negociações entre os partidos
. Grã-Bretanha: o sistema eleitoral é majoritário de turno único
- Após apurados os votos, os eleitores sabem qual será o governo e quem será o
primeiro-ministro
. Se vencedor for o “partido conservador”, então todo governo será composto
pelos conservadores – e o primeiro-ministro (chefe do governo) será o líder do
partido majoritário que por sua vez também foi eleito parlamentar pela sua
circunscrição
. Se vencedor for o “partido trabalhista”, então todo governo será composto
pelos trabalhistas – e o primeiro-ministro será o líder do partido no parlamento
- A maioria eleita tem sempre ampla representação em relação à minoria
- A terceira força eleitoral (Partido Liberal-Democrata) raramente consegue
representação no parlamento
- Desvantagem dos sistemas de representação majoritária: exclusão das minorias
- Vantagem dos sistemas de representação proporcional: representação parlamentar das
minorias
. Brasil: sistema de representação proporcional lista aberta
- Permite a representação das minorias no parlamento – desde que elas estejam
organizadas dentro de um partido, financiem o seu candidato e trabalhem pela sua
eleição
- Em SP (70 cadeiras na Câmara dos Deputados), uma minoria equivalente a 2% do
eleitorado tem condições de eleger um deputado, desde que se organize e
trabalhe para isso
. Diante de tantos prós e contras dos sistemas eleitorais (proporcional de lista aberta ou de lista
fechada ou majoritário de turno único ou de dois turnos) é que tanto se discute – e nunca se
faz – uma reforma política no Brasil – uma reforma do sistema eleitoral
- E olha que entre as formas básicas de representação (majoritária e proporcional) ainda
existe um meio termo
. Alemanha: sistema misto
- 50% das cadeiras do parlamento são preenchidas conforme o sistema majoritário
- 50% pelo sistema proporcional
. A forma híbrida alemã seria uma alternativa a ser adotada pelo Brasil, mas ela não tem
encontrado respaldo na opinião pública e entre os parlamentares (quem aprova
mudanças dessa envergadura)
- Existem dois sistemas básicos de representação parlamentar, utilizados nos diversos
países democráticos do mundo:
. Proporcional
. Majoritário (ou distrital)
- Cada um desses sistemas se subdivide em dois:
. Sistema proporcional de lista aberta e de lista fechada
. Sistema majoritário de eleição em único turno e em dois turnos
- Existe ainda um sistema misto (Alemanha)
. Os sistemas eleitorais guardam relações diretas com o sistema de partidos em cada sociedade
– ambos exercem influência um sobre o outro
- O sistema eleitoral influencia o sistema de partidos
- O sistema de partidos influencia o sistema eleitoral
- SISTEMAS DE PARTIDOS
. Nos regimes democráticos existem dois sistemas de partidos:
- Sistema Bipartidário: comum nos países anglosaxões
. Estados Unidos: democratas e republicanos
. Grã-Bretanha e Austrália: conservadores e trabalhistas
- Sistema Pluripartidário: no restante dos países democráticos
. Três ou mais partidos encontram-se em disputa
. Maurice Duverger17: em 1950, empreendeu um grande e detalhado estudo sobre os partidos
políticos no mundo
- Ele estabelecer relações de causa e efeito entre os sistemas eleitorais e os sistemas
partidários – as chamadas “três leis sociológicas de Duverger”
. Lei : a representação proporcional tende a um sistema de partidos múltiplos, rígidos,
independentes e estáveis (salvo o caso de movimentos passionais)
- Caso típico do Brasil
- 19 partidos encontravam-se representados na Câmara dos Deputados em
setembro de 2009
. O senso comum costuma desprezar os partidos políticos brasileiros,
classificando-os como organizações inorgânicas e indiferenciadas. Ao
contrário, enaltece a coesão, disciplina e coerência do partidos de países
desenvolvidos
- O autor acha que os partidos brasileiros são agremiações bastante
consolidadas e estáveis.
- Desde a CF de 1988, os partidos são basicamente os mesmos
. Ao final da Assembleia Nacional Constituinte, havia 13 partidos
representados na Câmara dos Deputados, 12 dos quais ainda
continuam atuantes no parlamento
- Todos os grandes partidos (mais de 50 deputados) já existiam e eram
importantes há 20 anos
- Todos os partidos médios (mais de 20 e menos de 50 deputados) já
tinham atuação na Câmara dos Deputados no final dos anos de 1980
- Entre os quatro pequenos partidos (possuem mais de 10 e menos de 20
deputados) apenas o PV não existia ao tempo da Constituinte
17 Cientista político francês.
- Existem seis partidos “nanicos” (menos de dez deputados): juntos, eles
não reúnem mais do que 16 dos 513 deputados federais
. A existência de 19 partidos em exercício reflete a pluralidade econômica,
social e política do Brasil contemporâneo – esse número não compromete a
governabilidade no País
- Todos os governos conseguiram costurar acordos partidários,
assegurando uma base parlamentar capaz de aprovar os projetos do seu
interesse
- Exceção: governo Collor – ele não se esforçou para montar uma maioria
parlamentar para dar lhe sustentação no Poder Legislativo
. Lei : o escrutínio majoritário de dois turnos tende a um sistema de partidos múltiplos,
flexíveis, dependentes e relativamente estáveis (em todos os casos)
- Caso da França contemporânea (não da França de Duverger, que adotava o
sistema proporcional)
- Existem vários partidos de esquerda, de centro e de direita que disputam entre si
os votos no 1o turno – para o 2o turno, eles acabam se associando em um grupo
mais à esquerda e outro mais à direita
. Lei : o escrutínio majoritário de turno único tende a um sistema dualista, com
alternância de grandes partidos independentes
- Precisamente o caso dos países anglo-saxões:
. Presidencialistas: Estados Unidos (republicanos e democratas)
. Parlamentaristas: Grã-Bretanha, Austrália e Nova Zelândia (conservadores e
trabalhistas)
- As forças políticas organizaram-se e consolidaram-se em torno de duas
agremiações independentes que se alternam no poder
- Por isso, o sistema majoritário de turno único impôs-se como o mais adequado à
dinâmica política daqueles países
- Por que as três regras foram consideradas “leis sociológicas” e não regras jurídicas que
determinam a formação dos sistemas partidários
. Não existe uma arquitetura política que seja a mais desejável em qualquer
circunstância e aplicável a todas as sociedades
. Cada sociedade (com base em sua experiência, costumes e valores) acaba
desenvolvendo um conjunto de instituições políticas (que englobam o sistema de
governo e o sistema eleitoral) mais adequado à sua dinâmica
- EUA: criaram o presidencialismo há dois séculos e hoje não conseguem se
imaginar vivendo sob outra forma de governo
- Grã-Bretanha: o parlamentarismo foi-se desenvolvendo ao longo de muitas
décadas em um processo de transferência gradativa do poder do rei para o
parlamento – se cogita acabar com a monarquia, mas não com o regime
parlamentar
. As diferenças institucionais originam-se, portanto, da dinâmica histórica e política das
sociedades
- Dúvida: mesmo excluindo os 6 partidos nanicos (3% das cadeiras da Câmara dos
Deputados), os 13 partidos restante não são demais, quando comparados à vida partidária
americana (dominada por dois partidos que se alternam no poder)?
. Para o autor, 13 partidos nacionais não são muitos
- A sociedade americana é bem mais homogênea do que a brasileira: não há
grandes disparidades econômicas, sociais e culturais entre os Estados – a vida e a
dinâmica partidária não varia muito de um Estado para outro
. A dispersão partidária no Brasil é mais aparente do que real
- 4 grandes partidos reúnem 57% dos deputados
- 5 partidos médios detêm 30% das cadeiras da casa
- 4 partidos pequenos reúnem 10% dos deputados
. Não podemos, verdadeiramente, falar em dispersão eleitoral, atomização partidária e
problemas de governabilidade no Brasil
- Uma vez que 13 partidos conseguem:
. Reunir 97% dos deputados federais
. Representar a diversidade de 5.565 municípios, distribuídos por 27 Estados
em um território de 5,5 milhões de quilômetros quadrados
. A abordagem do autor sobre o sistema político partidário brasileiro é um tanto quanto otimista
em relação àquilo que se fala nas redes de televisão e se escreve nos jornais
- Estudos mostram que a vida e dinâmica partidárias no Brasil são bem mais consistentes e
estáveis do que se imaginava
. No Brasil (como em todos os regimes democráticos), a vida política se organiza e gravita em
torno de dois polos – que aglutinam os diferentes partidos e expressam posições políticas
opostas
- Duverger, ao se referir ao caráter dual das democracias, disse que:
. Opções políticas se apresentam sob a forma dualista
- Pode não haver dualismo dos partidos, mas quase sempre há dualismo das
tendências
. Toda política implica escolha entre dois tipos de soluções:
- As soluções intermediárias se relacionam umas com as outras – ou seja, não
existe centro em política
. Existe partido de centro, mas não tendência ou doutrina de centro
. Centro é o lugar geométrico em que se juntam os moderados das tendências
opostas, moderados da direita e moderados da esquerda
- Todo centro está dividido contra si mesmo, todo ele se separa em duas metades:
centro-esquerda e centro-direita
. O centro não é mais que o agrupamento artificial da parte direita da esquerda
e da parte esquerda da direita
. A polarização e oposição entre direita e esquerda é inerente aos regimes democráticos. Esses
regimes têm:
- Nos partidos políticos: os veículos de acesso dos diferentes grupos em disputa na
sociedade ao exercício do poder do Estado
- Nos diferentes sistemas eleitorais: os métodos de seleção daqueles que exercerão,
temporariamente, o poder político
- Mesmo que as noções de esquerda e direita tenham perdido o significado e clareza que
tinham décadas atrás, a polarização política permanece
. Importância dos temas aqui desenvolvidos:
- São essenciais para todos, principalmente para os futuros administradores públicos
. Atuando nas relações de poder e exercendo poder político – irá depender da
colocação funcional na estrutura hierárquica
. A alternância de grupos no poder é a regra: temos que estar preparados para atuar
sob a orientação de diferentes governos