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REQUALIFICAÇÃO FLUVIAL: COMPILAÇÃO, ANÁLISE E PARALELOS

ENTRE CASOS DE ESTUDO NACIONAIS E INTERNACIONAIS

Veról, A. P. 1*; & Battemarco, B. P. 2; & Miguez, M. G 3; & Sousa, M. M. 4

Resumo – A requalificação fluvial é uma prática que busca recuperar características naturais
dos corpos hídricos, partindo do princípio de não piorar a situação atual seguido de quatro objetivos
pré-definidos: a melhoria da qualidade da água; a diminuição do risco hidráulico; a recuperação
geomorfológica e a melhoria dos ecossistemas fluviais, além de procurar satisfazer também
objetivos socioeconômicos. Esta prática vem ganhando um destaque crescente ao longo das últimas
décadas, tendo sido implantada com sucesso em várias cidades europeias e americanas, por
exemplo. No Brasil, cada vez mais municípios têm buscado incorporar estas ações às suas agendas
ambientais e urbanísticas, caminhando em direção a um desenvolvimento urbano mais sustentável.
Este artigo apresenta uma pesquisa com diversos estudos de caso, nacionais e internacionais, e tem
como resultado uma tabela sintética comparativa, contendo uma avaliação quanto aos objetivos e
atuações da requalificação fluvial, proporcionando aprendizado com as experiências desenvolvidas.
De forma geral, percebe-se que a maioria dos casos brasileiros tende a ter um foco maior no
controle de cheias, em vez de uma visão mais abrangente, como o conceito de requalificação fluvial
indica, diferentemente dos casos internacionais, que se preocupa mais com a melhoria do estado
ecológico do rio como um todo.

Palavras-Chave – requalificação fluvial, experiências nacionais, experiências internacionais.

RIVER RESTORATION: COLLECTION, ANALYSIS AND COMPARISONS


BETWEEN NATIONAL AND INTERNATIONAL CASE STUDIES

Abstract – The river restoration is a practice that intends to recover the natural characteristics
of the water resources. The idea is based on the principle of not worsening the current situation and
on satisfying four pre-defined objectives: the water quality improvement; the hydraulic risk
decrease; the geomorphological recovery and the fluvial ecosystems improvement, in addition to try
to meet socioeconomic objectives. This practice has been highlighted over the past decades and was
successfully implemented in many European and American cities, for example. In Brazil, more and
more cities have been incorporating these actions to their environmental and urban agenda, moving
towards a more sustainable urban development. This article presents a collection of several national
and international case studies and results in a comparative table containing an assessment of the
aims and activities of river restoration, providing a lesson from those experiences. In general, it can
be noticed that the majority of Brazilian case studies tends to have a greater focus on flood control,
rather than a broader view, as the river restoration concept indicates, unlike international case
studies, which focus on the improvement of the river ecological status.

Keywords – river restoration, national experiences, international experiences.


1
Afiliação: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/UFRJ, alineverol@fau.ufrj.br.
2
Afiliação: Escola Politécnica/UFRJ, brunabattemarco@poli.ufrj.br.
3
Afiliação: COPPE/UFRJ, marcelomiguez@poli.ufrj.br.
4
Afiliação: COPPE/UFRJ, matheus@hidro.ufrj.br.

XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1


INTRODUÇÃO

A preocupação com o conceito de requalificação fluvial, de um modo geral, e coletivamente


para as suas variações possíveis, tem sua origem na percepção de que praticamente todos os rios
sofreram algum tipo de antropização, sendo quase impossível encontrar rios em condições naturais
(HOUGH, 2004; RILEY, 1998), e que esse processo veio acompanhado da verificação de que rios
que tiveram diminuição de diversidade ecossistêmica apresentam algum tipo de degradação ou
desequilíbrio, afetam o ambiente construído e as atividades econômicas que se desenvolvem em seu
entorno e demandam obras de proteção, quase sempre em volumes crescentes. A perda de
naturalidade e a redução da qualidade do ambiente fluvial parecem vir acompanhadas, quase
sempre, de maiores custos de manutenção e de maiores prejuízos, especialmente com as cheias.

Com isso, a requalificação fluvial surge como uma proposta de, tanto quanto possível,
recuperar a qualidade ambiental dos ecossistemas fluviais, buscando resgatar valores naturais,
articulando esse processo com as comunidades que vivem em torno do rio e com as atividades
econômicas ali desenvolvidas, de uma forma harmônica e sistêmica. A requalificação propõe que
rios mais naturais demandem menos intervenções e sejam também economicamente mais viáveis,
além de proverem soluções mais sustentáveis, ao longo do tempo, para importantes problemas das
bacias hidrográficas, como o controle de cheias e a redução do risco hidráulico (VERÓL, 2013).
Assim, seus resultados podem aumentar a quantidade e a qualidade dos recursos fluviais e seu uso
potencial para a população ribeirinha (GONZÁLEZ DEL TÁNAGO e GARCÍA DE JALÓN,
2007).

Desta forma, com o reconhecimento da importância de melhorar o estado ecológico de rios


degradados, bem como de estabelecer uma aproximação entre a população e o ambiente fluvial,
foram criados diversos projetos, no Brasil e no Mundo. Entretanto, cabe ressaltar que, enquanto a
Europa, à luz da Diretiva Quadro da Água (CE, 2000), prega a necessidade de recuperar o bom
estado ecológico dos rios, de forma geral, até 2015, tendo introduzido a questão ambiental de forma
significativa nas discussões de requalificação de rios, no Brasil, a maior parte dos estudos
relacionados com o tema passa pelo controle de cheias, muitas vezes em áreas urbanas, com ações
que não necessariamente recuperam o estado ecológico dos rios.

Dentro deste contexto, o artigo tem como objetivo pesquisar casos de requalificação fluvial
realizados no Brasil e em outros países, como Estados Unidos e integrantes da Comunidade
Europeia, realizando uma compilação e estabelecendo uma comparação entre eles e aprendendo
com as experiências desenvolvidas.

O artigo tem como resultado uma tabela sintética comparativa, contendo uma avaliação
quanto aos objetivos e as atuações da requalificação fluvial, bem como uma breve discussão sobre a
adequação de termos utilizados para caracterizar cada projeto, a partir da análise da tabela.

METODOLOGIA

Foram pesquisados diversos casos nacionais e internacionais que pudessem ser enquadrados
como sendo de requalificação fluvial. Ao final da pesquisa, foram selecionados nove casos
nacionais e doze internacionais e avaliadas as suas propostas de intervenção. Tal avaliação foi feita

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levando em consideração os objetivos principais da requalificação fluvial (melhoria da qualidade da
água, recuperação geomorfológica, diminuição do risco hidráulico e melhoria dos ecossistemas
fluviais) e as ações em diferentes dimensões possíveis para a obtenção de cada um deles. Como
resultado desta avaliação, foi confeccionada uma tabela para uma melhor compreensão e
comparação entre os diversos casos. Posteriormente, foi feita uma breve discussão sobre a
adequação do termo utilizado para a caracterização de cada projeto a partir de suas ações.

DISCUSSÕES E RESULTADOS

Para que os projetos de requalificação fluvial possam ser colocados em prática, é preciso ter
em mente quais ações podem ser realizadas. Basicamente, é possível dividi-las em dois grupos:
ações estruturais e ações não estruturais. Tal classificação guarda semelhança com a lógica da
drenagem sustentável. A seguir, com base em Nardini (2011) e Selles et al. (2001), são
apresentadas possibilidades de ação em cada uma dessas tipologias, na Tabela 1.

Tabela 1: Ações para atuação na Requalificação Fluvial.


Ações estruturais Ações não estruturais
Remoção de elementos de risco Desenvolvimento de cultura fluvial (conhecimento,
sensibilidade, consciência, valores, know-how)
Restauração da vegetação
Educação ambiental participativa
Melhora do regime hídrico
Planejamento e processos decisionais compartilhados
Melhora da qualidade da água
Normas/Regulamentação
Facilitar o acesso da população à água e às margens para
efeito de lazer e recreação Incentivos/Desincentivos
Buscar a morfologia mais natural dos rios. Informação/Monitoramento
Restabelecer a continuidade dos cursos d’água para a fauna
migratória
Restabelecer locais para a desova e biótipos aquáticos
Fonte: Adaptado de Nardini (2011) e Selles et al. (2001)

A Tabela 1 permite observar que, além do objetivo comum da melhora do estado ecológico
dos rios, existem ações que remetem a objetivos específicos, podendo ser englobadas nos diferentes
objetivos da requalificação fluvial. Com essa ideia, confeccionou-se a Tabela 2, que sintetiza tais
objetivos e as respectivas atuações na requalificação fluvial empregadas nos diversos casos
estudados.

A Tabela 3 e a Tabela 4 apresentam, de forma resumida, os casos de requalificação fluvial


compilados por Battemarco (2012), sob orientação de Veról (2013), e apresentados na XXXIV
Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tanto a nível nacional quanto internacional,
respectivamente, com a descrição do nome do projeto vinculado, sua localização, quais objetivos da
requalificação fluvial estão envolvidas em cada um, bem como quais atuações na requalificação
fluvial foram empregadas.

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O leitor irá perceber que, em alguns exemplos, são utilizadas técnicas mais tradicionais de
engenharia, o que demonstra uma fase preliminar de desenvolvimento do conceito de requalificação
fluvial ou, então, que este ainda não é bem compreendido por parte dos gestores.

Tabela 2: Atuações na Requalificação Fluvial (RF) (VERÓL, 2013)


Objetivos da RF Atuações na RF

(1) Medidas relacionadas ao tratamento da água do rio


qualidade da água
(a) Melhoria da

(2) Medidas relacionadas ao tratamento e coleta de esgoto


(3) Reciclagem e industrialização dos resíduos sólidos
(4) Controle da poluição
(5) Criação de reservatórios
(6) Monitoramento da qualidade da água
(7) Remoção de singularidades
(8) Estabilização das margens e do fundo
(b) Recuperação
geomorfológica

(9) Restauração da vegetação ribeirinha


(10) Uso de biomantas
(11) Uso de geotêxteis
(12) Escavação do curso natural e/ou recriação de meandros
(13) Implantação de parque fluvial
(14) Medidas que melhorem o manejo de águas pluviais
(c) Diminuição do risco hidráulico

(15) Implantação de parques urbanos


(16) Controle da ocupação humana
(17) Criação de bacias de detenção e retenção
(18) Áreas de retenção de sedimentos
(19) Criação e ampliação de áreas de proteção ambiental
(20) Monitoramento dos níveis de água
(21) Recuperação de diques de contenção de marés
(22) Elevação das margens para evitar extravasamento
(23) Instalação de rip-raps enterrados
(24) Recomposição da vegetação
ecossistemas fluviais

(25) Criação e ampliação de áreas que protejam os habitats existentes


(d) Melhoria dos

(26) Interligação de áreas verdes às áreas de lazer


(27) Estudo de variáveis para possível recriação de habitats
(28) Implantação de parque fluvial
(29) Recriação de deltas e meandros
(30) Habilitação de barragens para passagem de peixes

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Tabela 3: Estudos de casos de Requalificação Fluvial – Brasil
Atuações na Requalificação
Rio Projeto Localização Dimensões da RF
Fluvial
Piracicaba Projeto Beira-Rio Piracicaba (SP) (a), (b), (c), (d) (2), (3), (15), (24)
Córrego do Plano da Bacia do rio (2), (4), (8), (9), (14), (17), (18),
São Paulo (SP) (a), (b), (c), (d)
Bananal Cabuçu de Baixo (26)
Parque Mangal das
Guamá Belém (PA) (d) (24)
Garças
Baixada (1), (7), (9), (13), (14), (15), (16),
Iguaçu-Sarapuí Projeto Iguaçu (a), (b), (c), (d)
Fluminense (RJ) (19), (25), (28)
Das Velhas Projeto Manuelzão MG (a), (b), (d) (2), (8), (9), (25), (27)
Programa
Das Velhas MG (a), (b), (c), (d) (2), (8), (9), (14), (17), (25)
DRENURBS
Tijuco Preto Projeto Pró-Tijuco SP (a), (b), (c), (d) (2), (10), (14), (24)
Parque Ecológico de
Barnabé SP (a), (b), (c), (d) (2), (8), (14), (24)
Indaiatuba
Projeto de
João Mendes Renaturalização do RJ (c) (15)
rio João Mendes

Tabela 4: Estudos de casos de Requalificação Fluvial – Internacionais


Objetivos da Atuações na Requalificação
Rio Projeto Localização
RF Fluvial
Plano de Revitalização Califórnia
Los Angeles (a), (b), (c), (d) (2), (7), (14), (24), (7)
do Rio Los Angeles (EUA)
Plano de Recuperação da Washington D.C.
Anacostia (a), (b), (c), (d) (1), (2), (12), (14), (21), (24)
Orla do Rio Anacostia (EUA)
Plano de Recuperação do Toronto
Don (a), (b), (c), (d) (1), (5), (12), (14), (24), (29)
Rio Don (Canadá)
Munique
Isar Plano do Isar (a), (b), (c), (d) (2), (7), (8), (14), (27)
(Alemanha)
Região da
Projeto de Restauração (2), (8), (9), (22), (23), (24),
Besòs Catalunha (a), (b), (c), (d)
Fluvial do Rio Besòs (29)
(Espanha)
Manzanares Projeto Madri Rio Madri (Espanha) (a), (c), (d) (2), (5), (14), (17), (24), (30)
Projeto do Parque do Rio
Londres
Brenta Brenta (Parque (b), (c), (d) (8), (12), (14), (27)
(Inglaterra)
Tokyngton)
Yvelines e (2), (6), (8), (9), (12), (16),
Orge - (a), (b), (c), (d)
Essone (França) (17), (21), (24)
Tirol do Sul
Aurino - (b), (c), (d) (8), (12), (14), (24)
(Itália)
Região de Friuli-
Tagliamento - Venezia Giulia (a), (b), (c), (d) (2), (15), (17), (30)
(Itália)
Projeto de Restauração Jutlândia
Skjern (b), (d) (7), (9), (12), (24), (27)
do Rio Skjern (Dinamarca)
Projeto de Restauração Seul (Coreia do
Cheonggyecheon (b), (c), (d) (13), (14), (15), (24)
do Rio Cheonggyecheon Sul)

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Com base nos dados observados, é possível perceber que a maioria dos casos brasileiros tende
a ter um foco maior no controle de cheias em vez de uma visão mais abrangente, como as bases do
conceito de requalificação fluvial indicam. É possível que, no Brasil, as medidas aplicadas busquem
soluções mais imediatas, provavelmente por conta justamente da criticidade do problema de
inundações em alguns rios e suas bacias. Percebe-se, assim, que o processo de requalificação dos
rios brasileiros precisa caminhar em paralelo com a conscientização ambiental de gestores e
população e combinar-se com projetos primários, como o de drenagem pluvial, e, considerando
também os aspectos de degradação usualmente encontrados, com projetos para ampliar a rede de
esgoto sanitário e seu tratamento.

Cabe, neste ponto, um paralelo com o caso do Rio Cheonggyecheon, em Seul, que propunha
sua restauração (e conseguiu uma grande repercussão internacional), mas que, na verdade, trabalhou
no sentido de realizar uma grande revitalização urbana, usando o rio como elemento estruturador da
paisagem. Houve certamente uma melhora ambiental, uma vez que o rio era poluído e enterrado.
Porém, a configuração final tende mais apropriadamente a um parque urbano, com valor para a
cidade e limitada melhoria dos ecossistemas fluviais. Ou seja, em uma situação de degradação
muito crítica, o processo de restauração adaptou-se e buscou atender e compatibilizar-se com
necessidades mais imediatas.

A maioria dos projetos internacionais pesquisados, porém, possui uma visão mais ampla e se
preocupa mais com a melhoria do estado ecológico do rio como um todo, tornando-o também uma
opção de lazer à população, como resultado complementar. Um exemplo é o Projeto do Parque do
Rio Brenta, que de acordo com ENVIRONMENT AGENCY (2006), na Fase 1 restaurou duas
seções deste rio por meio da “re-meandrização” do canal, antes retificado, ao longo de seu percurso
original, naturalizando as suas margens. A Fase 2 se articulou com o trabalho de requalificação
anterior, para melhorar todo o parque. A Figura 1 apresenta imagens do rio após o projeto.

Figura 1: Projeto de requalificação do Rio Brenta se preocupou com a recuperação dos meandros e
das espécies nativas ao longo do mesmo.
Fonte: ENVIRONMENT AGENCY (2006)

Outra observação que se pode fazer, a partir da análise das tabelas, se refere aos termos
utilizados na caracterização de alguns dos projetos citados. Percebe-se a utilização dos termos
“renaturalização” e “restauração”, ainda que o real objetivo do projeto não tivesse como foco
principal o resgate do ecossistema. A renaturalização se relacionaria com o retorno ao estado
natural. A restauração não necessariamente prega o retorno ao estado natural, mas trata

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obrigatoriamente de uma melhora ecossistêmica. Ressalta-se, entretanto, que, ainda que o rio não
tenha retornado para seu estado original, a melhoria obtida com as intervenções realizadas pode
agregar valor urbano (de lazer ou paisagismo) ao mesmo, ainda que com pequena melhoria
ambiental, chegando a uma condição de equilíbrio nova. Nesse caso, apesar do uso impróprio dos
termos, e da realização parcial de um projeto de requalificação, destaca-se a importância de tais
projetos, dado que proporcionaram melhor qualidade de vida do que o que se tinha antes.

CONCLUSÃO

A requalificação fluvial é uma questão que vem como uma necessidade para enfrentar a
progressiva deterioração dos ecossistemas de rios em todo o mundo. O seu objetivo global é obter
um curso d’água que seja mais natural. Isto implica, antes de tudo, evitar o agravamento do estado
atual e, em seguida, tentar melhorá-lo, tanto quanto possível. Em síntese, deve estar claro que a
requalificação não deve ser a restauração das condições naturais, mas sim um movimento no
sentido de se atingir condições desejáveis, possivelmente mais próximas àquelas pré-existentes.
Sendo assim, requalificar caracteriza-se como um objetivo ambiental, no senso que busca recuperar
características naturais dos corpos hídricos a partir da obtenção de seus objetivos pré-definidos, que
abordam não só a melhoria do seu estado ecológico (melhoria na qualidade da água e dos
ecossistemas fluviais e a recuperação geomorfológica), permitindo a preservação da natureza e da
biodiversidade, como também a diminuição do risco hidráulico, procurando satisfazer objetivos
socioeconômicos e assim, proporcionando benefícios para uso recreativo ou lazer, aspectos que
agregam valor para a sociedade.

O reconhecimento da importância de melhorar o estado ecológico de rios degradados, bem


como de estabelecer uma aproximação entre a população e o ambiente fluvial fez com que fossem
criados diversos projetos, no Brasil e no Mundo. A partir da compilação de estudos de caso de
interesse e da posterior comparação entre os mesmos, pode-se concluir que há diferenças
significativas entre os projetos nacionais e os internacionais no que diz respeito aos seus objetivos.
Enquanto no Brasil os projetos têm seu foco no controle de cheias, em sua maioria, os casos
internacionais pesquisados possuem uma maior preocupação com a recuperação de valores
quantitativos e qualitativos dos rios, ou seja, buscam de fato uma melhora ecológica do ambiente
fluvial.

Além da diferença entre os objetivos de projetos nacionais e internacionais, pode-se observar


que há uma necessidade, ainda hoje, da desambiguação de termos utilizados na caracterização de
tais projetos para se esclarecer o que se pretende alcançar com as respectivas atuações. Termos
como renaturalização e restauração foram empregados em alguns projetos, mesmo que seus
objetivos não passassem pela ideia de retorno do rio às suas condições originais.

A partir de toda a discussão apresentada, conclui-se que a requalificação fluvial possui um


conceito amplo, pois possui diferentes dimensões, relacionadas a cada um dos quatro objetivos
principais, e diversas formas de atuação para se alcançá-las. Desta forma, reconhece-se a
importância de difundir a sua ideia, principalmente no Brasil, a fim de fazer com que projetos
nacionais possuam uma vertente mais sustentável, buscando agregar valores ao estado ecológico do
rio, além da abordagem da diminuição do risco hidráulico.

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REFERÊNCIAS

BATTEMARCO, B. P. (2012). Panorama comparativo sobre a requalificação de rios no Brasil e


no mundo. Apresentação realizada na XXXIV Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica,
Tecnológica, Artística e Cultural, UFRJ em 05 de outubro de 2012.

CE – Comunidad Europea (2000). Directiva 2000/60/CE, de 23 de octubre de 2000. Establece un


marco comunitario de actuación en el ámbito de la política de aguas. Diario Oficial de las
Comunidades Europeas, Parlamento Europeo y Consejo de la Unión Europea, 2000.

ENVIRONMENT AGENCY (2006). Bringing your rivers back to life. A strategy for restoring
rivers in North London. Environment Agency, UK.

GONZÁLEZ DEL TÁNAGO, M. & GARCÍA DE JALÓN, D. (2007). Restauración de rios. Guía
metodológica para la elaboración de proyectos. Ministerio de Medio Ambiente, Madrid, España.

HOUGH, M. (2004). Cities and Natural Process: A basis for sustainability. 2nd edition. Routledge,
London and New York.

NARDINI, A. (2011). Recuperación fluvial: conceptos segun CIRF. Apresentação realizada na


UFRJ em 30 de janeiro de 2011.

RILEY, A. L. (1998). Restoring Streams in Cities, a Guide for Planners, Policymakers, and
Citizens. Washington D.C., USA: Island Press.

SELLES, I. M.; VARGAS, A. V.; RIKER, F.; BAHIENSE, G.; PAES RIOS, J.; CUNHA, L.;
CAMPAHNANI, S.; MATTA, V.; BINDER, W.; ARAÚJO, Z. (2001). Revitalização de rios –
orientação técnica. Rio de Janeiro: SEMADS. 78p.

VERÓL, A.P.(2013). Requalificação Fluvial Integrada ao Manejo de Águas Urbanas para Cidades
mais Resilientes. 2013. 367f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Programa de Pós-graduação
em Engenharia Civil, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro.

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