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Os dilemas da sociologia da técnica: do construtivismo social à teoria do actor-rede

José Pinheiro Neves

CECS - Centro de Estudos Comunicação e Sociedade

e CICS – Centro de Investigação das Ciências Sociais (Universidade do Minho)

Resumo

A palavra “técnica” tem origem no grego techné cuja tradução é arte. No ser humano,

distinguindo-se dos animais, a técnica surge da sua relação com o meio e caracteriza-se por ser

consciente, reflexiva e inventiva (Wikipedia, 2008). Na sociedade industrial, acontece uma

intensificação da exteriorização iniciada pelo homem pré-histórico com o uso do sílex e o

surgimento da técnica da linguagem. Como é que os pensadores e cientistas sociais têm pensado a

técnica? Em primeiro lugar, olhando-a como um mero instrumento de progresso. Em segundo,

alguns autores optam por fazer um exorcismo da técnica como se ela fosse desumana. E finalmente,

numa terceira óptica, o mundo da técnica e do humano entram numa espécie de fusão por vezes

contraditória e difícil de compreender. Na fase actual da história da humanidade, as ligações

“livres”, modernas e racionais sublinhadas pelo determinismo tecnológico e as ligações atractivas

do romantismo ligadas aos poetas e aos revoltados contra a técnica desumana, que nos aparecem

como aparentemente opostas, são, de acordo com esta terceira visão, duas faces da mesma moeda

que tornaram as ligações técnicas quase invisíveis e por isso mais eficazes e alienantes.

Palavras chave: sociologia da técnica, construtivismo social, teoria do actor-rede

Abstract

The word "technique" is based on the Greek techné whose translation was art. In humans,

1
distinguishing themselves from the animals, the technique is a relationship with the environment

and it is characterized as conscious, reflexive and inventive (Wikipedia, 2008). In industrial society,

happens an intensification of exteriorization started by prehistoric man with the use of flint and the

emergence of the technique of language. How did the thinkers and social scientists have thought the

technique? First, looking at it as a mere instrument of progress. Second, some authors choose to do

somekind of exorcism of the technique as it were inhumane. And finally, third view argues that the

world of the technical and the human is a kind of fusion sometimes contradictory and difficult to

understand. At this stage of human history, the free links, underlined by the modern and rational

technological determinism and the links related to the romantic poets against inhumane technique,

which appear as seemingly opposite, are, in this third approach, two sides of the same coin that

made the connections techniques almost invisible and therefore more effective and alienating.

Keywords: sociology of technique, social constructivism, actor-network theory

Introdução

A palavra ''técnica'' tem origem no grego techné cuja tradução é arte. A técnica, portanto,

confundia-se com a arte tendo sido separada desta ao longo dos tempos. A técnica consiste

actualmente nos procedimentos ou no conjunto de procedimentos que têm como fim atingir um

resultado específico na área da Ciência, da Tecnologia, das Artes ou em outra actividade humana tal

como no trabalho. A técnica não é específica da espécie humana, pois também se manifesta, com

formas muito rudimentares, na actividade de todo ser vivo como um factor essencial para a sua

sobrevivência. No ser humano, contudo, a técnica surge da sua relação com o meio e caracteriza-se

por ser consciente, reflexiva e inventiva (Wikipedia, 2008). Na sociedade industrial, acontece uma

intensificação da exteriorização iniciada pelo homem pré-histórico com o uso do sílex e o

surgimento da técnica da linguagem. A principal transformação situa-se num aspecto aparentemente

inofensivo: o homem portador do objecto-ferramenta, que era acima de tudo um prolongamento da

mão, começa a desaparecer sendo substituído por agrupamentos de conjuntos técnicos e humanos
2
com objectos cada vez mais concretos, mais atravessados pela intencionalidade que antes era um

privilégio quase total do animal homem. Este deixa de ser o portador intencional da ferramenta para

passar a fazer parte de um conjunto sócio-técnico (Stiegler, 1994 e 2004).

Quadro-síntese do pensamento acerca da técnica

Características Realismo ligado ao Construtivismo social dos Simétria do humano e não


das teorias determinismo tecnológico humanistas humano (teoria do actor-rede,
pós-feminismo, etc.)
Níveis de análise Individual, grupo limitado ou Nível macro e também meso Rede/agenciamento que envolve
mais focalizados redes de inovação técnica. Mas (níveis intermédios e humanos e não-humanos(um nível
o papel decisivo é reservado ao organizacionais ligados às beyhond/above grupo social)
índividuo empresas e instituições). repensando a dicotomia
micro/macro. Visão ecológica.
Importância das redes baseadas na
Internet.
Posição Predominantemente positivista Mista: positivista nalguns Interpretativa ou interpretativa/crítica
epistemológica e defendendo o modelos das aspectos e interpretativa nos valorizando a ontologia e
ontológica ciências exactas. Domínio do outros. Defendem a ideia que se desmontando o papel da ciência.
racional. deve resistir ao técnico Valorização da investigação/acção.
valorizando o papel do humano. Importância dos saberes práticos
dos actores sociais.
Conceptualização Desenvolve-se principalmente Através de modificações nas A mudança implica processos de
geral do processo através de decisões racionais. relações de poder e nos tradução/deslocação e inscrição
de mudança Estas decisões são afectadas aspectos culturais. durante a evolução e estabilização
por factores contextuais ligados de um actor-rede. O processo de
ao processo: psicológicos, tradução/deslocação [translation]
sociais e organizacionais leva à criação de um novo actor-
rede durável que corporiza
objectivos e intenções. Os aspectos
racionais e irracionais aparecem
misturados em que as emoçoes têm
um papel importante.

Fonte: Mähring e outros (2004) [inspirado num quadro destes autores com profundas modificações].

De que forma os pensadores e cientistas sociais têm pensado a técnica? Em primeiro lugar,

olhando-a como um factor determinante e refugiando-se em fronteiras bem definidas entre social e

não social, vendo a técnica de uma foma realista como um mero instrumento de progresso. Em

segundo, alguns autores das ciências sociais e da filosofia optam por fazer um exorcismo da técnica

como se ela fosse, nalguns casos, algo de maligno e desumano que nos pode mesmo destruir, ou,

numa versão mais elaborada, como sendo atravessada pelo social, como um constructo das

interacções humanas. E finalmente, numa terceira óptica, existem os que defendem que estamos
3
perante um fenómeno complexo, que cresceu exponencialmente nas últimas décadas, em que se

estabelece entre o mundo da técnica e o humano uma espécie de fusão por vezes contraditória e

difícil de compreender. Esta perspectiva sublinha o peso cada vez maior das ligações de carácter

atractivo e irracional das novas técnicas em detrimento das relações contratuais do tipo racional e

voluntário. Opondo-se ao pensamento de muitos defensores da modernidade e da magia

racionalizadora das novas técnicas digitais, estes autores argumentam que não estamos perante uma

valorização do subjectivo no seu sentido emancipador e humanista, mas sim perante uma "'fusão'

das ligações racionais e das ligações atractivas, que constitui um elemento essencial da ligação

técnica" na actualidade (Miranda, 2002: 274). Na verdade, abandonam-se cada vez mais as relações

concretas do face-a-face, tanto na vida pessoal como no trabalho, em que a relação política é um

elemento fulcral, para se assistir a uma "profusão de metáforas como as de interactividade, conexão,

conectividade, on-line, links, etc.". Estas novas ligações constituem o melhor sinal da emergência

de uma euforia da ligação mediada pela técnica com aspectos ameaçadores, ao mesmo tempo que

criam condições para novas possibilidades de interrogação e de criação, abrindo assim as portas a

ligações humanas mais belas, livres e justas (Miranda, 2002: 277).Vejamos em detalhe cada uma

destas três sensibilidades teóricas: determinismo tecnológico; humanismo do social; simetria

humano/não humano.

O determinismo tecnológico

Encontramos uma narrativa mítica grega que se assemelha à primeira solução, a uma ambição

moderna: a história de Prometeu – Deus do fogo. Prometeu revoltou-se contra o Deus dos Deuses e

roubou o fogo do céu para dar vida ao homem de barro por ele esculpido. Zeus, evidentemente, não

gostou deste gesto de rebeldia e prendeu-o no Cáucaso onde um abutre lhe devorava o fígado que se

refazia indefinidamente. Por fim, o herói Hércules matou o abutre e libertou-o. Celebra-se a vontade

de domínio do homem em relação à natureza, a vontade de ter o poder dos deuses.

4
Esta vontade mítica atravessa a forma como se encara a técnica tanto na Filosofia, como na

Sociologia, como no discurso dos cientistas e políticos.. Nas palavras de Hermínio Martins, "a

tradição Prometeica liga o domínio técnico da natureza a fins humanos e sobretudo ao bem humano,

à emancipação da espécie inteira e, em particular, das «classes mais numerosas e pobres»" (1996:

200). De facto, a primeira resposta, denominada de determinisno tecnológico, afirma que, de uma

forma geral, a técnica, em si, é neutral e instrumental - uma visão naturalizada defendida por

engenheiros, cientistas, políticos, divulgadores científicos – exemplo, Carl Sagan – e por alguns

filósofos e sociólogos da técnica. Defendem que a técnica só pode ser pensada em termos técnicos,

ou, como se costuma fazer nas escolas universitárias de engenharia como uma questão de

tecnologias. Valoriza-se a técnica (vista no seu significado material) como um logos neutral. Nesta

perspectiva, as novas formas da técnica inserem-se numa grande meta narrativa moderna que as

apresenta como a continuação de um progresso, de uma linha contínua de aumento de

produtividade. Esta metanarrativa impõe-se e legitima-se através da "optimização das performances

do sistema" (Lyotard, s/data). Estas novas tecnologias podem mesmo produzir uma espécie de

totalitarismo relacional: "se repararmos na generalização das linguagens binárias, no apagamento da

diferença entre aqui-agora e ali-então, que resulta da extensão das tele-relações, no esquecimento

dos sentimentos em benefício das estratégias, concomitantes à hegemonia do comércio,

concluiremos que as ameaças que pesam por causa desta situação, a nossa, sobre a escrita, sobre o

amor, sobre a singularidade, são, na sua natureza profunda, parentes das que foram descritas por

Orwell" (Lyotard, 1993: 114). Desta forma, quando são colocados em causa – nomeadamente pela

história – reagem com um "terrorismo doce" baseado na performance, de tal forma que, "quando

surgem as «razões técnicas», deparamos com um campo que está vedado à discussão" (Cordeiro,

1994: 68). Na verdade, a visão tradicional de encarar a técnica apresenta algumas características

semelhantes. Primeiro, sublinha o carácter instrumental da tecnologia como um conjunto de

conhecimentos práticos que resulta da ciência: a tecnociência. Desta forma, a tecnologia, como uma

mera aplicação, não seria atravessada por valores. Numa segunda característica, a tecnologia seria

5
uma simples ferramenta ou artefacto para desempenhar um determinado conjunto de tarefas. Por

essa razão, os artefactos técnicos podem ser mal ou bem usados mas isso não releva da própria

natureza do objecto técnico. Esta posição remete para uma lógica realista em que os factores sociais

são considerados como aspectos encarados negativamente. Na perspectiva realista, as questões

técnicas são "uma tarefa técnico-científica para especialistas, na qual os factores sociais

(percepções, crenças, interesses, poder, influências culturais e contextuais) envolvidos são tidos

como deformadores da solução ideal e, portanto, devem ser minimizados ou excluídos" (Neto e

outros, 2002: 59-60). Finalmente, em terceiro lugar, a evolução da tecnologia é considerada como

autónoma e imparável numa lógica de uma cada vez maior eficácia. "Há um processo teleológico

que, partindo da energia animal, passa pelos motores a vapor e acaba nos reactores nucleares"

(Garcia e outros, 1996: 132); e, ao nível dos artefactos técnicos há um processo semelhante que,

partindo da pedra lascada da pré-história, desemboca nos computadores modernos da era digital.

Numa palavra, esta posição tradicional apresenta muitas afinidades com o determinismo técnico, ou

seja, o progresso tecnológico é o factor principal de transformação (Garcia e outros, 1996: 129-

136).

A reacção humanista: o construtivismo social

O ponto de vista construtivista social tende a acentuar a noção de construção social, seja no

campo da ciência, seja na inovação tecnológica. "Para as escolas construtivistas da tecnologia, a

mudança tecnológica é contingente e, para dar conta dessa transformação, rejeitam-se as

explicações em termos de lógica interna. Também o social e o económico são, como a tecnologia,

heterogéneos e emergentes. As relações sociais são constituídas e configuradas através de meios

económicos e técnicos. Não existe nenhum nível que, em última instância, dirija a mudança

histórica (quer seja em relação ao tecnológico, ao económico ou ao social). As tecnologias nascem

do conflito, da diferença ou da resistência entre promotores e afectados. Tais diferenças podem

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constituir ou não conflitos ou desacordos abertos" (Pareja e Cazorla, 1998: 8). Segundo alguns

autores marxistas, a tese de Karl Marx iria, inicialmente, no sentido do determinismo tecnológico

sublinhando esta sua afirmação: “adquirindo novas forças produtivas, os homens mudam o seu

modo de produção, e mudando o seu modo de produção, a maneira de ganhar a sua vida, eles

mudam todas as suas relações sociais. O moinho baseado na força humana dará origem à sociedade

com um soberano; o moinho a vapor, à sociedade com o capitalista industrial” (Marx, 1965: 79). No

entanto, não se pode afirmar que Marx seja tão determinista pois, mais à frente, diz: “o moinho

baseado na força humana supõe uma visão do trabalho diferente da do industrial” (1965: 99).

Segundo Bragança de Miranda, Karl Marx, em alguns dos seus textos, já acentua o carácter

complexo desta sociedade embora de uma forma ambivalente como se viu atrás. Segundo Bragança

de Miranda, « a teoria marxista da técnica pressupunha que, à medida que o trabalho era substituído

pelas máquinas, caberia aos humanos a função de «controlo» dos processos. O desenvolvimento dos

computadores veio mostrar que mesmo as funções de controlo podem ser quase integralmente

automatizadas. (Miranda, 2008: 11) Marx, devido ao contexto histórico da técnica centrada na era

da energia a vapor, não pode ter em conta o carácter híbrido das técnicas digitais recentes

remetendo assim para o peso do social na técnica numa lógica construtivista.

Muitas das reflexões da sociologia da técnica inspiram-se na, relativamente recente, filosofia

da técnica. De facto, ao contrário da filosofia e da sociologia da ciência que se iniciou três séculos

atrás, a filosofia e a sociologia da técnica é muito mais jovem. Distinguem-se duas grandes

abordagens. A primeira caracteriza-se pela lógica da tradição analítica: a tecnologia resume-se à

aplicação da ciência, sendo por isso essencialmente neutral. A segunda, com um forte pendor

humanista, efectua quer uma crítica cultural ao domínio tecnológico - Lewis Mumford (1998) e

Jacques Ellul (1990), quer uma aproximação fenomenológica à técnica – Heidegger (1966),

Marcuse e Habermas (1973). Esta abordagem de Heidegger e Habermas ainda pensa a técnica como

algo exterior ao homem. A leitura sociológica de Habermas assenta também nesse dualismo

homem/técnica. Partilhando deste desencantamento com as novas tecnologias, Habermas defende

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que nas sociedades capitalistas avançadas há uma tendência da dimensão técnica para se sobrepor à

dimensão institucional comunicativa. Assim, a legitimação da estrutura classista e do poder político

passa pela ciência e pela técnica como portadoras de uma nova tecnologia. O desenvolvimento

tecnológico originou um novo tipo de dominação social que é legitimado pela técnica. Partindo da

tradição da Escola de Frankfurt (Horkheimer, Adorno, Marcuse) Habermas fornece pistas para uma

crítica da absolutização da razão técnica na nossa sociedade (1973). Também será interessante ver o

trabalho desenvolvido na filosofia da técnica (acentuando a sua autonomia) por autores alemães tais

como Ernst Kapp (finais do século XIX), Heinrich Beck, Arnold Gehlen e Alois Nedoluha (século

XX)1.

Por outro lado, os estudos sociais sobre a técnica começaram no âmbito da sociologia do

conhecimento científico que, ao adoptar uma estratégia etnográfica, começa a sublinhar a

importância dos artefactos, das mediações técnicas, das inscrições, o que permitiu uma maior

articulação com um outro domínio – os estudos sociais sobre a técnica. Na medida em que se

começou por abrir a caixa negra da ciência e se descobriu o seu carácter de mediação técnica,

também no estudo do desenvolvimento técnico se adoptou a mesma estratégia, descobrindo-se que

os seus objectos não eram nem apenas técnicos, nem apenas sociais.

É possível, contudo, distinguir dois grandes grupos nos estudos de Ciência, Tecnologia e

Sociedade: a visão construtivista social numa versão mais forte: os programas SCOT – Social

Construction of Technology – e SCOST – Social Construction of Science and Technology; e um

construtivismo fraco, uma visão que valoriza a componente cultural específica da tecnologia: a

abordagem culturalista norte-americana e alguns autores que estudam a relação entre tecnociência e

a sua compreensão pública. Vejamos detalhadamente o que distingue estes dois enfoques. A

corrente construtivista social forte encara o artefacto técnico como significando problemas e

soluções que diferentes grupos tentam impor uns aos outros. Por outro lado, desenvolve-se um

construtivismo social fraco – a corrente culturalista. Como primeiro exemplo, temos a escola

americana culturalista. A sociologia da técnica, em vez de se preocupar tanto com o processo


1
Ver Michel Tibon-Cornillot (2002: 214).

8
teórico de construção da tecnologia, deve antes centrar-se nas formas de acção que favorecem uma

maior democratização dos projectos tecnológicos (Winner, 2003: 88; 1991). Um outro defensor

duma perspectiva culturalista da tecnologia tem sido o sociólogo inglês Brian Wynne. A sua

abordagem, com um carácter reflexivo, sublinha a importância da percepção pública dos riscos

tecnológicos, não a considerando como irracional, mas integrando-a de forma a contextualizar as

tecnologias. Baseando-se na teoria cultural de Mary Douglas, "a reflexividade da aprendizagem

social implicaria a exposição, investigação e debate sistemático dos modelos sociais implícitos e

dos pressupostos que estruturam as análises «factuais» da tecnologia" (Pareja e Cazorla, 1998: 11).

Nos dois casos, os autores pretendem ultrapassar o sócio-centrismo anterior valorizando o aspecto

cultural que atravessa o artefacto técnico ou a construção dos factos tecnocientíficos. Interessam-se,

acima de tudo, pelos efeitos práticos envolvendo assim a investigação numa lógica pragmática. No

entanto, ao produzirem uma reflexão pouco aprofundada sobre o carácter cultural da tecnologia

muito centrada na dimensão social, tornam-se incapazes de entender o carácter ambivalente da

técnica, ou seja, de abrir a caixa negra em que ela se transformou.

Uma visão simétrica e complexa do papel da técnica

Não negando a existência de uma assimetria que torna dominante um discurso baseado na

neutralidade social da técnica, a solução, para um terceiro grupo de autores, passa antes por

repensar essa dicotomia. De facto, alguns investigadores e pensadores predominantemente europeus

têm, a partir dos anos 70, tentado sair desta lógica dicotómica. Entre muitos outros, salientámos: os

autores que trabalham no âmbito dos estudos em ciência, tecnologia e sociedade que deram origem

à Teoria do Actor-Rede (latour, 1998); a sociologia alemã na linha de Ulrich Beck (1997), que

estuda o risco nas sociedades modernas; o pós-estruturalismo francês – Foucault (1971) e Deleuze

(Deleuze e Guattari, 1972) – que tem afectado vários sociólogos britânicos tais como Scott Lash

(2002); o pós-feminismo de Donna Haraway (1994); algumas correntes dos "estudos culturais"

9
[Cultural Studies] anglo-saxónicos; paleoantropologia da técnica de André Leroi-Gourhan (1964 e

1965); o pensamento original de Gilbert Simondon sobre a individuação técnica (Simondon, 1989;

Neves, 2007).

Estes autores comungam da mesma preocupação que consiste em defender que o mundo não-

humano – sejam os artefactos técnicos, sejam os outros organismos biológicos, para lá do homem –

interage de uma forma complexa com o social. E estas interacções não podem ser reduzidas a

construções sociais. Isto é,“as acções humanas, certamente as mais relevantes no seu impacto

social, são hoje predominantemente co-acções de homens e máquinas (no sentido lato da palavra

“máquina”, pois um microchip pode ser suficiente), ou coacções técnico-humanas” (Martins e

Garcia, 2006: 942).

Um dos exemplos mais fecundos tem sido a teoria do actor-rede, ao conseguir articular a

tradição fenomenológica das ciências sociais (com origem em Max Weber, Alfred Schütz e na

Etnometodologia2) com a tradição dos estudos sociais da ciência e tecnologia, de forma a resolver

alguns dos bloqueios do estudo dos fenómenos técnicos (Latour, 1998). De facto, esta perspectiva,

ao evitar a dicotomia entre o domínio do social e do técnico, permitiu que as características que

tradicionalmente se imputavam a actores humanos, apareçam agora relacionadas com elementos

não-humanos através do estudo "das maneiras através das quais os actores criam e tentam impor uns

aos outros versões tanto do mundo natural como do social. Isto é, dirige-se para a análise dos

processos de «tradução» nos quais os actores (incluídas as colectividades) combatem para impor a

outros versões da realidade que definem (a) o número desses outros, tanto naturais como sociais,

que pode dizer-se que existem no mundo, (b) as suas características, (c) a natureza das suas inter-

relações, (d) os seus respectivos tamanhos e (e) as suas posições em relação ao actor que intenta

fazer a tradução. [...] Tanto a realidade natural como a estrutura social têm de ser contempladas

como o produto cambiante final de intentos mútuos de tradução" (Law, 1998: 68-69).

Na sua primeira fase de tipo estratégico, com o desenvolvimento teórico em torno de

2
Também um dos clássicos da sociologia, Georg Simmel, apresenta uma reflexão muito próxima destes autores tal
como defende José Luís Garcia (2003).

1
conceitos como tradução e rede, esta teoria poderá ter uma conotação simplista. Tradução e rede

são conceitos que, embora pareçam ser facilmente descritos, têm por detrás um conjunto de opções

epistemológicas e teóricas bastante complexas. Por isso, alguns autores salientaram a necessidade

de aprofundar estes conceitos numa linha ontológica recusando a matriz demasiadamente

estratégica dos primeiros estudos3.

Surge então, numa segunda fase, a conversão ontológica desta corrente, o que foi designado

por pós-teoria actor-rede mostrando, ao mesmo tempo, as suas afinidades com o trabalho

desenvolvido por autores como Gilles Deleuze e Gilbert Simondon (Law e Hassard, 1999: Law,

2002). Segundo Pickering, esta mudança passou por sugerir categorias menos normativas e

abstractas permitindo, ao mesmo tempo, um descentramento do humano, uma recusa da visão

antropocêntrica. Ora, estas duas sugestões tornam mais relevante o problema do papel da técnica

nas ligações humanas. Uma proposta é avançada por Bowers que sugere a defesa do princípio da

simetria entre humanos e não-humanos não como um a priori mas como um efeito, algo que se

torne visível após estudar contextos e situações concretas, cartografando as ligações técnicas. Um

outro grupo sugere actores-rede que ligam o técnico com o humano como uniões inconsistentes e

ambivalentes. Cussins parte da ideia de descrições que se baseiam numa metáfora da dança: os

actores-rede como coreografias ontológicas. Por outro lado, Singleton (1998) fala-nos de ontologias

inconsistentes e ambivalentes. Por fim, John Law (2002) utiliza a ideia de mosaicos em que

convivem similitudes e diferenças atravessadas pelo esforço de conexão (Domènech e Tirado, 1998:

42-43; . Mol, 1999). De facto, os trabalhos mais recentes da teoria do actor-rede sublinham a

componente ontológica inspirando-se em duas outras formas de pensamento que atravessaram a

sociologia do conhecimento científico e da tecnologia: os autores mais inspirados em Gilles

Deleuze – Michael Lynch (1994) – e os estudos do pós-feminismo, principalmente Donna Haraway.

O trabalho da bióloga Donna Haraway marcou profundamente os estudos sobre a técnica nos anos

90. De facto, o seu manifesto sobre o cyborg introduziu três temas radicalmente novos: "a

3
No entanto, o primeiro estudo de Latour – A vida no Laboratório – tinha paradoxalmente uma matriz ontológica mais
próxima da segunda fase da Teoria do actor-rede (Latour e Woolgar, 1986).

1
transgressão da fronteira entre humano e não humano; a quebra da distinção entre organismo

humano e máquina; o apagamento dos limites entre o físico e o não físico" (Santos, 2003: 154). Mas

simultaneamente aponta para uma nova visão da dominação exercida através da tecnociência

moderna. Ou seja, para além de uma dimensão que remete para um novo olhar epistémico, há

também efeitos políticos: "o problema não é só que a tecnociência está transformando o homem em

cyborg; além disso, a transformação obedece a um projecto inédito de dominação. Nesse sentido, o

Manifesto busca nos consciencializar — a nós, mas sobretudo às mulheres e às feministas — que

não basta reconhecer o que fizeram connosco: a nossa desconstrução e reprogramação; é preciso,

ainda, buscar em nossa nova condição uma saída não planeada, é preciso nos transformarmos em

cyborgs de oposição ao que Haraway intitula «informática da dominação»" (Santos, 2003: 155). Os

fundamentos que atravessam esta dominação assentes nas ciências da comunicação e nas biologias

modernas pretendem traduzir o mundo através da codificação, "uma linguagem comum na qual toda

a resistência, ao controle instrumental, desapareça e toda a heterogeneidade possa ser submetida à

desmontagem, à remontagem, ao investimento e à troca. […] Os fundamentos desta tecnologia

podem ser condensados na metáfora do C3I, comando-controle-comunicação-inteligência, o

símbolo militar para a sua teoria das operações" (Haraway, 1994: 262). Estamos desta forma

perante um processo de dominação em que a transformação/tradução dos seres vivos e do mundo,

em termos de informação, não pode ser vista como neutral.

Concluindo, a terceira visão entende as ligações entre seres e humanos e objectos técnicos

com um longo e complexo processo. Nega a ideia de uma oposição entre a individuação técnica e a

individuação humana. Esse tem sido o leitmotiv do tipo de discurso humanista e tecnofóbico sobre a

técnica. Ora, esse discurso conduz, de acordo com esta perspectiva, a um pensamento bloqueado em

lógicas dicotómicas e, como tal, a um não-pensamento. De facto, não se trata de uma ruptura, o

fenómeno produzido pela cada vez maior peso da técnica que atravessa as ligações actuais. Trata-se

antes de algo que tende a crescer acelerando-se, invadindo cada vez mais o geo-gráfico, criando um

número cada vez maior de agrupamentos tecno-humanos em vez dos paleo-antropo-técnicos

1
estudados por Leroi-Gourhan (1964 e 1965). Não se trata de uma luta dicotómica entre o humano e

o não-humano, como nos aparece na antropologia humanista de Rousseau, mas antes o acentuar de

uma tendência técnica que constitui o humano. O que há de preocupante na era actual não é

propriamente o domínio da técnica pois ela é uma característica intrínseca ao humano – ela cria o

humano – que acentua a diferença entre os primatas humanos e outros animais, mas antes a forma

como se inter-relacionam o ser biológico e a matéria orgânica organizada. O maior perigo passa por

uma aceleração desta tendência técnica, criando uma nova zoologia tecno-humana muito

semelhante ao que se passa nos agrupamentos totalitários de animais (ver o exemplo das colmeias)4.

Por isso, o problema segundo este ponto de vista não está na técnica em si mas na mobilização

técnica, como dizia Ernst Jünger, que se acelerou vertiginosamente nas últimas décadas (Cordeiro,

1994: 68-69). O perigo está numa cada vez maior individuação técnica que empobrece a própria

experiência do mundo, de ligação entre humano e não-humano, como muito bem previu Walter

Benjamim na primeira metade do século XX. Não se trata de acabar com a técnica em direcção a

uma pureza humana natural, mas antes de estar atento aos híbridos e às mega-etnias tecno-

geográficas desterritorializadas que nos rodeiam e, muitas vezes, nos capturam e quase escravizam.

E esta eficácia deve-se, por mais paradoxal que possa parecer, ao seu aspecto sedutor e viciante. Na

fase actual da história da humanidade, as ligações livres, modernas (racionais) sublinhadas pelo

determinismo tecnológico e as ligações atractivas do romantismo ligadas aos poetas e aos

revoltados contra a técnica desumana, que nos aparecem como aparentemente opostas, são, de

acordo com esta terceira visão alternativa, como duas faces da mesma moeda que tornaram as

ligações técnicas quase invisíveis e por isso mais eficazes. Tal como diz Bragança de Miranda, "as

ligações técnicas criam assim, um bloco alucinatório ultra-denso de ligações, ao mesmo tempo

4
Esta hipótese de um devir atrópodo da sociedade (esta assemelha-se cada vez mais a uma sociedade de insectos) "irá
permitir evocar as questões críticas dos modos de regulação induzidos pela transformação tecnológica e industrial dos
meios pré-individuais num contexto hiper-industrial e, correlativamente, pela exteriorização generalizada das funções
motrizes [automóvel], simbólicas e mentais nas próteses que encerram cada vez mais os corpos vivos" (Stiegler, 2004:
150). Trata-se de um conjunto de redes em que a individuação (cada vez mais pobre) se aproxima mais de processos
reactivos (próximos dos insectos) do que activos. De facto, "na medida em que o sistema cardino-calendário integrado
conduz os indivíduos a viverem cada vez mais em tempo real e no presente, a des-individuar-se perdendo as suas
memórias — tanto a do eu como a do nós a que ele pertence —, tudo se passa como se estes agentes «cognitivos», que
nós ainda somos, tendessem a tornar-se agentes «reactivos», isto é, puramente adaptativos — e não mais inventivos,
singulares, capazes de adoptar comportamentos excepcionais e nesse sentido imprevisíveis ou «improváveis», ou seja
radicalmente diacrónicos, em suma: activos" (Ibid.: 155).

1
absolutamente compulsivas e puramente livres e aleatórias" (Miranda, 2002: 272).

Importa por isso sublinhar o peso cada vez maior das ligações de carácter atractivo e

irracional, que nos parece paradoxal tendo em conta o discurso racionalizador tecnocrata, em

detrimento das relações contratuais do tipo racional e voluntário. Ao contrário do que pensam

muitos defensores da modernidade e da magia racionalizadora das novas técnicas digitais, não

estamos perante uma valorização do subjectivo no seu sentido emancipador e humanista, mas sim

perante uma "'fusão' das ligações racionais e das ligações atractivas, que constitui um elemento

essencial da ligação técnica" na actualidade (Miranda, 2002: 274). Na verdade, abandonam-se cada

vez mais as relações concretas do face-a-face, tanto na vida pessoal como no trabalho, em que a

relação política é um elemento fulcral, para se assistir .a uma "profusão de metáforas como as de

interactividade, conexão, conectividade, on-line, links, etc.". Estas novas ligações constituem, por

outro lado, o melhor sinal da emergência de uma euforia da ligação mediada pela técnica com

aspectos ameaçadores, ao mesmo tempo que criam condições para novas possibilidades de

interrogação e de criação, abrindo assim as portas à emergência de ligações humanas mais belas,

livres e justas (Miranda, 2002: 277).

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