Vous êtes sur la page 1sur 115

CTET - CENTRO DE TREINAMENTO EDUCACIONAL E TECNÓLIGO

AUPES - Associação Unificada Pirassununguense de Ensino Superior


FEAP – Faculdade de Engenharia Agrimensura de Pirassununga

TOPOGRAFIA APLICADA AO
GEORREFERENCIAMENTO

Prof. Engº. Paulo Augusto F. Borges


Engenheiro Agrimensor

MAIO 2009
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4
2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 5
3. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TOPOGRAFIA .............................................. 6
3.1. Definições ........................................................................................................................ 6
3.2. Objetivos e o Problema da Topografia ............................................................................ 6
3.3. Divisão da Topografia ..................................................................................................... 8

4. ORIENTAÇÃO........................................................................................................ 10
4.1. Azimute ......................................................................................................................... 10
4.2. Declinação Magnética ................................................................................................... 14
4.3. Rumo ............................................................................................................................. 16

5. SISTEMA DE COORDENADAS .......................................................................... 17


5.1. Sistema de Coordenadas Geográficas............................................................................ 17
5.2. Sistema de Coordenadas Topográficas. ......................................................................... 19
5.3. Conversão de Sistemas de Coordenadas ....................................................................... 21

6. O USO DE ESCALAS E CONVENÇÕES TOPOGRÁFICAS ........................... 24


6.1. Escalas ........................................................................................................................... 24
6.2. Convenções e Normas do Incra ..................................................................................... 28

7. MEDIDAS ANGULARES ...................................................................................... 33


7.1. Classificação dos Equipamentos segundo à Precisão .................................................... 33
7.2. Métodos de Medição Angular ....................................................................................... 35

8. MEDIDAS LINEARES ........................................................................................... 40


8.1. Medida Direta de Distâncias.......................................................................................... 41
8.2. Erros nas Medidas com Diastímetros ............................................................................ 45
8.3. Medida Indireta de Distâncias ....................................................................................... 47
8.4. Medidas Lineares com Precisão .................................................................................... 56
8.5. Medida Eletrônica de Distâncias ................................................................................... 63

9. MÉTODOS DE LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS ................................. 75


9.1. Levantamentos Planimétricos ........................................................................................ 75
9.2. Métodos de Levantamentos ........................................................................................... 77
9.3. Calculo de Poligonais .................................................................................................... 80
10. PLANO TOPOGRÁFICO LOCAL ................................................................... 86
10.1. Definição do Plano Topográfico Local ..................................................................... 86
10.2. Extensão do Sistema Topográfico Local ................................................................... 87
10.3. O Sistema Topográfico Local .................................................................................... 90

11. TRANSFORMAÇÕES DE COORDENADAS ................................................. 99


11.1. Transformações de Coordenadas Geodésicas em Topográficas Locais .................... 99
11.2. Transformações de Coordenadas Topográficas Locais em Geodésicas .................. 102
11.3. Determinação do Norte geográfico a partir das coordenadas plano retangulares no
sistema topográfico local de pontos definidores dos azimutes planos (topográficos)............. 104
11.4. Exemplo de Transformação de coordenadas Geodésicas em plano retangulares no
sistema topográfico local: ........................................................................................................ 106
11.5. Exemplo de transformação de coordenadas planoretangulares - sistema topográfico
local em coordenadas geodésicas ............................................................................................ 110

12. BIBILIOGRAFIA.............................................................................................. 115


1. INTRODUÇÃO

A obtenção das coordenadas geodésicas de pontos na Superfície física da Terra, utilizando


o posicionamento por satélites, através da técnica de posicionamento global GPS, tem se tornado
uma tarefa comum em vários campos de aplicação, inclusive para fins de levantamentos
topográficos.
A prática deste tipo de posicionamento tem demonstrado que é possível obter resultados
com diferentes níveis de precisão, dependendo do equipamento utilizado, da metodologia adotada
e do processamento empregado. Com a evolução dos receptores geodésicos, melhores técnicas de
observação disponível e dos modernos e sofisticados métodos de ajustamento empregados, pôde-
se alcançar precisões (estatísticas) das coordenadas na casa de centímetros, e em alguns casos, de
milímetros, desde que o rastreamento das portadoras seja efetuado por períodos longos, e se
utilizem técnicas de pós-processamento dos dados.
Assim, o advento do uso de receptores GPS para fins de levantamentos topográficos
trouxe grandes facilidades para as práticas de georreferenciamento de glebas, que se tornou uma
tarefa comum aos engenheiros do mensuramento e profissionais de áreas afins, devido à
regulamentação da atual Lei de Registro de Terras 10.267 através do decreto 4.449 de 30 de
outubro de 2002. Segundo a nova Lei, nos casos de desmembramento, parcelamento ou
remembramento de imóveis rurais, a identificação de um imóvel rural será obtida a partir do
memorial descritivo, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis
rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro.
Com isso, tornou-se cotidiano a manipulação (transformação) de coordenadas entre
diferentes sistemas, cabendo a nós, profissionais da área do mensuramento, dominar com
desenvoltura o processo de transformação de pontos geodésicos caracterizados por suas
coordenadas geodésicas para coordenadas plano-retangulares no Sistema Topográfico Local e
vice-versa. Para tal fim, cabe salientar, portanto, que é primordial o conhecimento e o domínio
dos métodos e as técnicas convencionais aplicados aos levantamentos topográficos, uma vez que
mesmo com o avanço da tecnologia para posicionamento baseado na recepção de satélites, muitas
vezes teremos que recorrer aos métodos tradicionais da Topografia. É também de extrema
importância, dominar o Sistema de Projeção UTM, evitando-se o seu emprego generalizado, tal
como a transformação das Coordenadas Planas no Sistema UTM para Coordenadas Planas no
Sistema Topográfico Local, com aplicações das correções relativas ao fator de deformação linear
(fator K) e ao fator de elevação, porém, sem o estabelecimento de uma origem, abstraindo-se o
efeito da curvatura terrestre, o que ocasiona erros além do limite de precisão requerido pelo
levantamento topográfico.
Neste curso pretende-se apresentar os principais conceitos e fundamentos da topografia
para que os profissionais possam dominar as técnicas de medição mais utilizadas, e exigidas pela
Norma Técnica de Georreferenciamento, quando estes optarem pela execução dos levantamentos
utilizando-se da Topografia convencional.
Além de todo este estudo, pretende-se proporcionar o conhecimento e o uso na prática,
dos principais e mais modernos equipamentos utilizados para a execução dos levantamentos,
desde o uso de estações totais até as técnicas de posicionamento e processamento de dados
coletados com receptores geodésicos (GPS). Para isso o curso será complementado com aulas
práticas de campo, para que os alunos possam trabalhar na prática com estes equipamentos,
procurando simular os trabalhos e procedimentos que deverão ser executados para o
levantamento dos imóveis rurais.

2. OBJETIVOS

O objetivo desta disciplina é fornecer aos alunos do curso de Topografia Aplicada, os


conhecimentos necessários para dominar e manipular com desenvoltura os trabalhos relacionados
à execução de serviços de Levantamentos Topográficos voltados para o georreferenciamento de
imóveis rurais em atendimento à Lei 10.267. Pretende-se apresentar os conceitos e as técnicas
convencionais empregadas na Topografia bem como explorar o uso de novas tecnologias. Em
função do grande salto no desenvolvimento tecnológico das técnicas de posicionamento através
de satélites, a partir da introdução do sistema NAVSTAR-GPS, cabe aos profissionais habilitados
aos serviços de medição, demarcação e georreferenciamento conhecer os procedimentos
necessários para mesclar o uso dos levantamentos coletados com receptores Geodésicos (GPS)
com os levantamentos executados pelas técnicas convencionais de Topografia, aplicando-se as
transformações necessárias para a geração de uma representação em planta decorrente destes
levantamentos.
3. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TOPOGRAFIA

3.1. Definições
A palavra topografia deriva etimologicamente do grego TOPOS, que significa “lugar” e
de GRAPHEN, que significa “descrição”. Desta derivação surge as definições atribuídas à
Topografia:
Segundo UZEDA (1963), a Topografia “é a arte de representar em uma folha de papel,
determinada superfície do solo terrestre, com todos os detalhes naturais e artificiais que aí se
encontrem, dando, ao mesmo tempo, uma representação expressiva e rigorosa do seu relevo”.
“A Topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e posição relativa de
uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura resultante da
esfericidade terrestre” (ESPARTEL, 1987).
Cita-se ainda definições mais elaboradas como:
Topografia é “a ciência aplicada, baseada na geometria e na trigonometria plana, que
utiliza medidas de distâncias horizontais, de diferenças de nível, de ângulos e de orientação, com
o fim de obter a representação, em projeção ortogonal sobre um plano de referência, dos pontos
que definem a forma, as dimensões e a posição relativa de uma porção limitada do terreno, sem
considerar a curvatura da terra” (LOCH e CORDINI, 1995).

3.2. Objetivos e o Problema da Topografia


O objetivo final da topografia é a representação em planta de parte da superfície terrestre
visando a definição de limites naturais, dimensões e a posição relativa dos pontos e também a
representação da própria superfície topográfica (representação do relevo) realizado através das
curvas de nível.
Em função deste objetivo surge o problema da topografia, que é a representação do geóide
(uma superfície curva) em um plano.
O geóide por se tratar de uma superfície que, apesar de obedecer a certas leis topológicas,
não se aproxima de nenhum sólido geométrico regular. Sendo assim, um ponto qualquer da
superfície terrestre deveria ser representado pelas suas três coordenadas X, Y e Z, de forma que
sua representação plana se torna impossível sem que haja deformações.
Assim o artifício utilizado é a projeção ortogonal de todos os pontos da superfície sobre
uma superfície horizontal de referência e em nível. Tal superfície plana é definida pelo plano
tangente ao geóide no ponto de origem do sistema. Segundo LISTING (in GEMAEL, 1987) o
geóide é caracterizado por ser, em todos os seus pontos, normal à direção da gravidade e
coincidente com a superfície média dos mares prolongada através dos continentes.
Assim, todo ponto A na Superfície Topográfica corresponderá:

a) um ponto a que é a projeção do ponto A sobre a superfície de projeção (plano


topográfico local).
b) Um valor correspondente à distância A - a que representa a cota Z do ponto A
em relação à superfície de comparação (ver Figura 3.1).

Figura 3.1 – Superfícies de Referência: Topográfica, Geóide e Elipsóide.

Por se tratar de uma projeção ortogonal têm-se como conseqüência, a não consideração da
superfície curva da terra fazendo com que as projetantes (verticais) sejam paralelas entre si e
normais (ortogonais) a este plano tangente (LOCH e CORDINI, 1995).
3.3. Divisão da Topografia

3.1.1. Topometria:

Este segmento da Topografia procura estudar os procedimentos utilizados para


determinação de distância, ângulos e diferenças de nível com o intuito de determinar a
posição relativa dos pontos da superfície topográfica. É subdividida em Planimetria e
Altimetria.
A Planimetria estabelece os procedimentos necessários à determinação de
distância e ângulos no plano horizontal de referência que permitirá a localização
planimétrica de pontos do terreno. Essa determinação é obtida a partir da referência dos
pontos desconhecidos a um ou mais pontos do terreno já determinados (arbitrariamente ou
georreferenciados).
A Altimetria visa estabelecer a relação vertical entre pontos do terreno, ou seja, a
determinação das diferenças de nível entre eles. Para isso utiliza-se de medidas diretas
(nivelamento geométrico) ou indiretas (nivelamento trigonométrico) obtidas a partir da
medição de ângulos verticais.
Segundo LOCH e CORDINI (1995), a topometria pode alcançar seus objetivos mediante
três procedimentos distintos:

1. tomando-se medidas de grandezas angulares e lineares em relação a um plano


horizontal de referência – planimetria ou a um plano vertical de referência –
altimetria.
2. efetuando conjuntamente medidas de grandezas angulares e lineares em
relação aos dois planos de referência, possibilitando a determinação planimétrica e
altimétrica – taqueometria (ou levantamentos planialtimétricos).
3. efetuando medidas de grandezas angulares, lineares e altimétricas a partir de
fotografias de pontos do terreno – fotogrametria terrestre ou a partir de aeronaves
– aerofotogrametria.
3.1.2. Topologia:

A topologia visa o estudo das formas exteriores do terreno e os processos


empregados para representação das formas do terreno. Esta representação se dá pelas
curvas de nível ou por meio de pontos cotados.
4. ORIENTAÇÃO

4.1. Azimute

É o ângulo que um alinhamento forma com a direção norte, contado no sentido horário,
variando, portanto, de 0º a 360º. Em topografia, utiliza-se o norte verdadeiro, ou geográfico, que
é direção dada pelo meridiano que passa pelo ponto em questão, sendo que em alguns casos
admite-se o norte magnético, que é direção indicada por uma agulha imantada quando suspensa
(bússola). O problema que se apresenta é a determinação do norte verdadeiro, uma vez que uma
planta topográfica deve ser orientada nesse sentido.

4.1.1. Determinação do norte verdadeiro

Existem vários processos para determinação do azimute verdadeiro de um


alinhamento, desde processos expeditos até os mais precisos que se baseiam em
determinações astronômicas. O caso mais desejável é a utilização de vértices geodésicos
de coordenadas oficiais. Neste caso são necessários pelo menos dois vértices que
proporcionam a correta orientação do trabalho através do cálculo do azimute existente
entre os dois vértices oficiais.
Na inexistência de pontos topográficos conhecidos, quando necessário, determina-
se o azimute de um alinhamento, por um processo compatível com a precisão desejável.
Alguns dos processos são:
a) Processos expeditos
- determinação da declinação magnética (ver item 4.2)
- método do estilete vertical, cuja sombra projetada no período da manhã
apresentará no período da tarde, com igual afastamento, uma posição simétrica. A
bissetriz do ângulo formado entre o estilete e estes pontos materializará no terreno
a direção do norte verdadeiro.
- extração do azimute, a partir de uma carta da região, de um alinhamento
perfeitamente identificável em campo e que possa, ser levantado.
b) Processos precisos
Todos os processos que requeiram maior precisão são baseados em
determinações astronômicas, tanto do sol como de estrelas, sendo que no segundo
caso, é sempre mais recomendável em função da maior precisão atingida. Os
métodos são:
- Alturas iguais do sol;
- Distância zenital absoluta do sol;
- Alturas iguais de estrelas;
- Distância zenital absoluta de estrelas;
- Máxima elongação de uma estrela circumpolar;
- Circum - elongação de estrelas;
- Passagem meridiana de uma estrela

Como exemplo segue abaixo detalhes da determinação do Norte


Verdadeiro pelo método da distância Zenital Absoluta.
Segundo GEMAEL (1971), este método é especialmente indicado para
observações a um astro fixo. Entretanto, com algumas correções pode-se aplicá-lo
em observações ao Sol. Observando-se a Figura 4.1 , temos que Hn0ºHsME1
representa o plano do horizonte do observador. 0º é a direção da graduação zero
do limbo horizontal do aparelho. M é uma mira e ZE é a vertical de um astro.

Figura 4.1 – Determinação do Azimute por visando-se o Sol..


Vamos considerar também a seguinte notação:
LE Æ Leitura Horizontal do Astro
LM Æ Leitura Horizontal da Mira.
AE Æ Azimute do Astro.
AM Æ Azimute da Mira.
Nos procedimentos de campo o observador deve realizar uma leitura na
mira LM, em seguida deve-se visar o astro obtendo a leitura LE e no limbo vertical
a distância zenital z. Sabendo-se que a graduações do limbo azimutal crescem no
sentido horário, têm-se da geometria que:

LE − AE = LM − AM e logo AM = LM − LE + AE

Se o aparelho nos fornece LM e LE, além da distância zenital z, nos resta


determinar o azimute do astro (AE) para o momento da observação.
A trigonometria esférica possibilita a solução de um triângulo esférico
cujos lados são conhecidos, assim segundo GEMAEL (1981), utiliza-se a seguinte
expressão:

( senφ × cos z ) − senδ


cos AE =
cos φ × senz
onde:
φ = Latitude do Local da Observação
δ = Declinação do Astro
z = Distância zenital medida e corrigida

Ao final dos cálculos teremos dois azimutes que satisfazem a equação, de


forma que elimina-se a ambigüidade a partir do conhecimento do horário da
observação: o astro nasce a leste e oculta a oeste.
De forma resumida este é o método para determinação do azimute
verdadeiro de uma direção pelo método da distância zenital absoluta. O processo
de cálculo completo pode ser consultado no Livro TOPOGRAFIA
COMTEMPORÂNEA, de Carlos Loch e Jucilei Cordini.

c) Processo de alta precisão


Este processo é utilizado para determinação de azimutes astronômicos de 1ª
ordem sobre vértices da rede fundamental geodésica. É baseado na observação da
estrela σ octantis, pelas características especiais que possui.

d) Determinação do Azimute Geodésico por meio de Observações GPS


Com a utilização de sistemas receptores de sinais GPS, nosso trabalho de
determinação da orientação se torna muito mais fácil. Conhecendo-se as
coordenadas geodésicas dos pontos de partida e referência da poligonal a
determinação do azimute geodésico pode ser realizada a partir da transformação
dessas coordenas para topográficas locais, item do Capítulo 11.

α α
4º 1º

3º 2º
α α

Figura 4.2 – Determinação do Azimute através das


coordenadas topográficas.

Este método consiste em determinar o azimute calculando-se o ângulo α


pela seguinte expressão:

ΔX
α = arctan
ΔY
Assim o azimute será calculado da seguinte forma:

1º QUADRANTE AZ =α
2º QUADRANTE AZ = 180 − α
3º QUADRANTE AZ = 180 + α
4º QUADRANTE AZ = 360 − α

Para que o azimute calculado seja igual ao azimute geodésico, deve-se


definir o ponto A como sendo a origem do sistema topográfico local, que será
visto em detalhes mais adiante. Este ponto de origem deverá ser também o ponto
de partida da poligonal de modo que o azimute calculado deste ponto para
qualquer que seja o ponto de referência (P1, P2, P3 e P4) seja também o azimute
geodésico.

4.2. Declinação Magnética

A bússola nada mais é que uma agulha imantada (imã) suspensa pelo seu centro de
gravidade por meio de um pivô que oferece um mínimo de atrito, de modo que a agulha ao
girar livremente acusa a direção do azimute magnético em um limbo graduado.
O emprego da bússola é baseado na propriedade que tem a agulha imantada de se
orientar sempre na direção do pólo magnético terrestre, quando da possibilidade de se mover
livremente sobre o pivô. O magnetismo terrestre submete a agulha imantada a um movimento
de rotação, pela ação de duas forças iguais, em sentido contrário (binário), e aplicadas em
cada pólo da agulha, de modo que o momento provocado pelo binário somente se anula
quando a agulha ocupa a direção norte-sul magnética.
Existem uma infinidade de bússolas, desde as bússolas simples de mão até bússolas
montadas sobre tripés e dotadas de lunetas.
O norte magnético não coincide com o norte verdadeiro, formando um ângulo
denominado declinação magnética. Sabe-se, contudo, que a direção para onde aponta a agulha
imantada varia de um lugar para o outro (com a posição geográfica) e ao longo do tempo, de
maneira que a declinação magnética torna-se variável.
NV NM

Figura 4.3 – Declinação magnética

As variações da declinação magnética discriminam-se do seguinte modo:


- Variações geográficas: em um dado instante ocorre variações de declinação de
acordo com o local em que se observa. Para representar melhor essa situação são publicadas
periodicamente as cartas isogônicas, que representam linhas que unem pontos sobre a
superfície terrestre com a mesma declinação magnética, denominadas de curvas isogônicas.
- Variações seculares: são aquelas observadas no decorrer dos séculos, em que o pólo
norte magnético caminha em torno do pólo norte geográfico. Após um grande período de
tempo a declinação magnética, em um mesmo local, pode até apresentar valor contrário
àquele que já teve. Foi assim no Rio de Janeiro onde observações efetuadas em 1670 até
1924, onde a declinação variou de 24º10’, visto ter passado de -12º10’ (declinação ocidental
ou oeste) para + 12º (declinação oriental ou leste), tendo um valor nulo em 1850. As curvas
isopóricas são linhas que unem pontos com a mesma variação anual de declividade, e as
plantas que as representam são denominadas de cartas isopóricas. Geralmente são publicadas
as cartas isogônicas - isopóricas que representam simultaneamente as duas famílias de curvas.
- Variações anuais: não são ainda bem conhecidas e variam de maneira não uniforme
durante os meses do ano. Adotam-se valores médios de variações mensais de acordo com as
variações anuais, dado a inexistência de observações em curtos espaços de tempo.
- Variações diurnas: Apresentam variações sensíveis. Geralmente das 6 horas às 14 horas, há
um desvio crescente para oeste, e daí em sentido contrário. As estações do ano e as regiões
afetam muito essas oscilações, que atingem os maiores valores por ocasião dos solstícios.
Verifica-se ainda que a amplitude da variação é maior durante o dia do que à noite.
- Variações locais: são variações da declinação motivadas por perturbações locais, tais
como a presença ou proximidade de minério de ferro (magnetita, oligisto), linhas de
transmissão, linhas telefônica, cercas, entre outros.
- Variações acidentais: também denominadas de perturbações da agulha magnética,
seguem, as vezes, repentinamente, desencadeadas pelas tempestades magnéticas, auroras
boreais, tremores de terras, raios cósmicos, etc. Sob essas condições as variações são bruscas
e repentinas.
O cálculo da declinação magnética é efetuado a partir de interpolação linear das cartas
isogônicas-isopóricas. Para isso é necessário conhecer as coordenas geográficas aproximadas
(latitude e longitude) para localização da região em questão na carta.

4.3. Rumo
O rumo de um alinhamento é o menor ângulo que este forma com a direção do norte
ou do sul. Varia de 0º a 90º contados a partir do:
- norte para a direita - quadrante NE
- norte para a esquerda - quadrante NW
- sul para a direita - quadrante SE
- sul para a esquerda - quadrante SW
Desta forma o rumo é sempre expresso por um ângulo entre 0º a 90º seguido pelas
duas letras que indicam o quadrante.
N

NW NE

W 90º
90º E

SW SE

S
Figura 4.4 – Os quadrantes do Rumo
5. SISTEMA DE COORDENADAS

Após um levantamento topográfico o próximo passo é representar o terreno em um


sistema de eixos coordenados. Qualquer trabalho que envolva topografia ou geodésia deve ser
representado em um sistema único de referência, representação esta, realizada por meio de um
par ordenado X e Y (representação planimétrica).
O sistema de coordenadas baseadas em coordenadas ortogonais foi introduzido por René
Descartes (1596-1650) que o denominou de sistemas cartesianos.
Mundialmente, o sistema mais usado é o sistema de coordenadas geográficas ou Latitude /
Longitude, mas devido às necessidades de representação em um plano surgiram os sistemas de
projeção, que visam a transformação da superfície do elipsóide não desenvolvível em uma
superfície plana.

5.1. Sistema de Coordenadas Geográficas.

A astronomia de campo é a Ciência que determina as coordenadas Geográficas ou


Astronômicas representadas pela latitude (φ) e longitude (λ). Como referência, toma-se a Linha
do Equador (que divide a Terra em Hemisfério Norte e Hemisfério Sul) e a linha que passa pelos
pólos e pela cidade inglesa de Greenwich (Meridiano de Greenwich), que divide a Terra em
Hemisfério Oeste (W, de West) e Hemisfério Leste (E, de East). As linhas imaginárias paralelas à
do Equador são chamadas de Paralelos e suas perpendiculares, de Meridianos. Convencionou-se
que a linha do Equador é a linha 0º de Latitude e o meridiano de Greenwich, a linha 0º de
Longitude. O meridiano oposto (a 180º) é chamado de "International Date Line" (Linha
Internacional de Mudança de Data). A latitude varia de 0º no Equador a ± 90º nos pólos, tendo-se
latitudes positivas para pontos no hemisfério Norte e latitudes negativas para pontos no
hemisfério Sul.
Figura 5.1 – Representação dos Meridianos e Paralelos.

Definições:
Latitude geodésica ϕ: ângulo, que a normal ao elipsóide, passante por um ponto P, forma
com sua projeção equatorial. É contado ao longo do meridiano de P.
Longitude geodésica λ: ângulo que mede o diedro formado pelos meridianos geodésicos
do ponto considerado de Greenwich, contada a partir deste positivamente por leste.
Altura geométrica h: ou altura elipsoidal, é o segmento da normal compreendida entre o
ponto P e o elipsóide. Pode ser positiva ou negativa conforme P esteja acima ou abaixo da
superfície elipsoidal.

Meridiano de
Greenwich

Figura 5.2 – Latitude e Longitude Geodésica:


5.2. Sistema de Coordenadas Topográficas.

O sistema de coordenadas topográficas ou de projeção topográfica é o sistema utilizado


nos levantamentos topográficos para posicionamento e representação dos elementos levantados,
cujas características são definidas pelo item 3.40 da NBR-13.133. Somente por questões didáticas
será dividido em dois tipos de sistemas de coordenadas no plano topográfico:
- Coordenadas Polares
- Coordenadas Retangulares

5.2.1. Coordenadas Polares.

As coordenadas polares são definidas sobre um plano cartesiano a partir de um


ângulo (azimute ou rumo) e um vetor (distância topográfica).
Um plano cartesiano é constituído por um sistema de dois eixos perpendiculares
entre si, sendo que um deles assume a direção norte-sul e o outro a direção leste-oeste.
Desta forma a direção em relação aos eixos cartesianos é dada pelo azimute (ou
rumo) e a distância em relação ao ponto em que se considera é definida pela distância
topográfica.

N= Y


B

α ic a
ráf
o g
p
To
ist
D
90º 270º 90º 90º
O E= X


180º
Figura 5.3 – Sistema de coordenadas polar
5.2.1. Coordenadas Retangulares

No plano cartesiano é possível posicionar um ponto topográfico por meio de um


par de coordenadas denominadas coordenadas topográficas, comumente expressas pela
abcissa X (ou abcissa Este) e pela ordenada Y (ou ordenada Norte). Ver figura.
Essas coordenadas devem estar vinculadas (referenciadas) a vértices do Sistema
Geodésico Brasileiro (SGB - item 3.39 da norma). Para isso o levantamento topográfico
deve partir de pontos vinculados ao SGB, de forma a proporcionar uma amarração do
plano topográfico local, permitindo, também, a vinculação a outros trabalhos já
executados na região, nessas condições, ou a trabalhos que venham a ser executados no
futuro. Existem situações, no entanto, em que essa amarração não é “possível” ou não é
necessária, admitindo a adoção de um sistema topográfico local com origem arbitrária. O
item 5.3 e sub-itens da norma definem essas condições.

N= Y

B(X,Y)

YB

E= X
O
XB

Figura 5.4 – Sistema de coordenadas retangulares


5.3. Conversão de Sistemas de Coordenadas

Normalmente as observações efetuadas em campo (ângulos e distâncias) são inicialmente


transformadas em coordenadas polares (azimutes e distâncias horizontais) e depois em
coordenadas retangulares (Coordenadas Norte e Este). Pode ocorrer, no entanto a necessidade de
uma transformação inversa (coordenadas retangulares para polares), é o caso de reconstituição de
poligonais já existentes ou de locação de obras, quando se devem levar os dados de escritório de
volta para o campo.

5.3.1. Conversão de Coordenadas Polares em Retangulares

Neste caso admite-se que partiu-se de um ponto B de coordenas retangulares pré


existentes (conhecidas) para determinar as coordenadas de um ponto C, cujas coordenadas
polares foram obtidas em relação ao ponto B. Desta forma basta calcular as projeções
ΔN=DY e ΔE=DX a partir das coordenadas polares e somá-las às coordenadas do ponto
B, conforme a figura a seguir:

N= Y

AZBC
C(?,?)

DY
Dh B
C

YC B(X,Y) DX

YB
XB
E= X
O
XC

Figura 5.5 – Sistema de coordenadas retangular absoluta e relativa


Pela análise da figura acima tem-se :
X C = X B + DX
(2)
YC = YB + DY
O segmento DX corresponde à projeção da distância Dh entre B e C sobre o eixo X, e
pode ser obtido por :
DX = DhBC ⋅ sen( AZ BC ) (3)

O segmento DY corresponde à projeção da distância Dh entre B e C sobre o eixo


Y, e pode ser obtido por :
DY = DhBC ⋅ cos( AZ BC ) (4)
Substituindo as expressões anteriores na principal temos :

X C = X B + DhBC ⋅ sen( AZ BC )
(5)
YC = YB + DhBC ⋅ cos( AZ BC )
ou
EC = EB + DhBC ⋅ sen( AZ BC )
(6)
N C = N B + DhBC ⋅ cos( AZ BC )
onde:
NB e NC coordenadas Norte dos pontos B e C;
EB e EC coordenadas Este dos pontos B e C;
DhBC distância horizontal entre os pontos B e C
AzBC azimute do ponto B para o ponto C.

DhBC e AzBC são as coordenadas polares do ponto B para o ponto C e devem ser
obtidas conforme o 3.6.2.1.
Nota1: Observe que só faz sentido falar em coordenadas polares relativas, isto é,
os valores de distância e o azimute de um ponto em relação a outro ponto.
Nota2: Já as coordenadas retangulares (ou coordenadas topográficas o que aliás é
mais correto por ser um termo específico), são absolutas uma vez que está referenciada a
origem do sistema topográfico adotado que pode ser local ou vinculado ao SGB,
conforme visto.
Nota3: Todavia, pode-se falar, também, em coordenadas topográficas relativas (ou
projeções), que nesse caso seriam expressas pelas equações (3) e (4) respectivamente.
5.3.1. Conversão de Coordenadas Retangulares em Polares

Nesse caso a operação é inversa, sendo que, para isso, deve-se aplicar a
formulação a seguir:

C(X,Y)

θ DY

B(X,Y) DX

Figura 5.6 – Conversão de coordenadas


Pela figura anterior tem-se:
DY ΔN
Tag (θ ) = ou Tag (θ ) = (7)
DX ΔE
Assim,
⎛ NC − N B ⎞
θ = ArcTag ⎜⎜ ⎟⎟ (8)
⎝ EC − EB ⎠
com a devida análise do quadrante. Isto é:
Quadrante NE AzBC = θ (ΔEBC > 0 e ΔNBC > 0)
Quadrante SE AzBC = 180º - θ (ΔEBC > 0 e ΔNBC < 0)
Quadrante SW AzBC = 180º + θ (ΔEBC < 0 e ΔNBC < 0)
Quadrante NW AzBC = 360º - θ (ΔEBC < 0 e ΔNBC > 0), e

A distância entre os pontos pode ser obtida por :

DhBC = (ΔE )2 + (ΔN )2 (9)


6. O USO DE ESCALAS E CONVENÇÕES TOPOGRÁFICAS

6.1. Escalas

Segundo ESPARTEL (1987) o desenho topográfico nada mais é do que a projeção de


todas as medidas obtidas no terreno sobre o plano do papel.
Neste desenho, os ângulos são representados em verdadeira grandeza (VG) e as
distâncias são reduzidas segundo uma razão constante.
A esta razão constante denomina-se ESCALA.
A escala de uma planta ou desenho é definida pela seguinte relação:
1 l
E = =
M L
Onde:
"L" representa qualquer comprimento linear real, medido sobre o terreno.
"l" representa um comprimento linear gráfico qualquer, medido sobre o papel, e que
correspondente ao comprimento medido sobre o terreno.
"M" é denominado Título ou Módulo da escala e representa o inverso de (l / L).
A escala pode ser apresentada sob a forma de:
• fração : 1/100, 1/2000 etc. ou
• proporção : 1:100, 1:2000 etc.
Podemos dizer ainda que a escala é:
• de ampliação : quando l > L (Ex.: 2:1)
• natural : quando l = L (Ex.: 1:1)
• de redução : quando l < L (Ex.: 1:50)
6.1.1. Critérios para a Escolha da Escala de uma Planta

Se, ao se levantar uma determinada porção da superfície terrestre, deste


levantamento, resultarem algumas medidas de distâncias e ângulos, estas medidas
poderão ser representadas sobre o papel segundo:

6.1.1.1 - O Tamanho da Folha Utilizada


Para a representação de uma porção bidimensional (área) do terreno, terão
que ser levadas em consideração as dimensões reais desta (em largura e
comprimento), bem como, as dimensões x e y do papel onde ela (a porção) será
projetada. Assim, ao aplicar a relação fundamental de escala, ter-se-á como
resultado duas escalas, uma para cada eixo. A escala escolhida para melhor
representar a porção em questão deve ser aquela de maior módulo, ou seja, cuja
razão seja menor.
É importante ressaltar que os tamanhos de folha mais utilizados para a
representação da superfície terrestre seguem as normas da ABNT, que variam do
tamanho A0 (máximo) ao A5 (mínimo).

6.1.1.2 - O Tamanho da Porção de Terreno Levantado


Quando a porção levantada e a ser projetada é bastante extensa e, se quer
representar convenientemente todos os detalhes naturais e artificiais a ela
pertinentes, procura-se, ao invés de reduzir a escala para que toda a porção caiba
numa única folha de papel, dividir esta porção em partes e representar cada parte
em uma folha. É o que se denomina representação parcial.
A escolha da escala para estas representações parciais deve seguir os
critérios abordados no item anterior.

6.1.1.3 - O Erro de Graficismo ou Precisão do Levantamento


Segundo DOMINGUES (1979) o Erro de Graficismo (ε), também
chamado de Precisão Gráfica, é o nome dado ao raio do menor círculo no interior
do qual se pode marcar um ponto com os recursos do desenho técnico.
O valor de (ε), para os levantamentos topográficos desenhados
manualmente, é da ordem de 0,2mm (1/5mm). Para desenhos efetuados por
plotadores automáticos, este erro, em função da resolução do plotador, poderá ser
maior ou menor.
Assim, a escala escolhida para representar a porção do terreno levantada,
levando em consideração o erro de graficismo, pode ser definida pela relação:
ε
E ≤
P
Onde:
P: é a incerteza, erro ou precisão do levantamento topográfico, medida em
metros, e que não deve aparecer no desenho.
Por exemplo: a representação de uma região na escala 1:50.000,
considerando o erro de graficismo igual a 0,2mm, permite que a posição de um
ponto do terreno possa ser determinada com um erro relativo de até 10m sem que
isto afete a precisão da carta.
Analogamente, para a escala 1:5.000, o erro relativo permitido em um
levantamento seria de apenas 1m.
Desta forma, pode-se concluir que o erro admissível na determinação de
um ponto do terreno diminui à medida em que a escala aumenta.

6.1.2. Escala Gráfica


Segundo DOMINGUES (1979), a escala gráfica é a representação gráfica de uma
escala nominal ou numérica.
Esta forma de representação da escala é utilizada, principalmente, para fins de
acompanhamento de ampliações ou reduções de plantas ou cartas topográficas, em
processos fotográficos comuns ou xerox, cujos produtos finais não correspondem à escala
nominal neles registrada.
A escala gráfica é também utilizada no acompanhamento da dilatação ou retração
do papel no qual o desenho da planta ou carta foi realizado. Esta dilatação ou retração se
deve, normalmente, a alterações ambientais ou climáticas do tipo: variações de
temperatura, variações de umidade, manuseio, armazenamento, etc.
Ainda segundo DOMINGUES (1979) a escala gráfica fornece, rapidamente e sem
cálculos, o valor real das medidas executadas sobre o desenho, qualquer que tenha sido a
redução ou ampliação sofrida por este.
A construção de uma escala gráfica deve obedecer aos seguintes critérios:
1) Conhecer a escala nominal da planta.
2) Conhecer a unidade e o intervalo de representação desta escala.
3) Traçar uma linha reta AB de comprimento igual ao intervalo na escala da
planta.
4) Dividir esta linha em 5 ou 10 partes iguais.
5) Traçar à esquerda de A um segmento de reta de comprimento igual a 1 (um)
intervalo.
6) Dividir este segmento em 5 ou 10 partes iguais.
7) Determinar a precisão gráfica da escala.
Exemplo: supondo que a escala de uma planta seja 1:100 e que o intervalo de
representação seja de 1m, a escala gráfica correspondente terá o seguinte aspecto:

A figura a seguir mostra outros tipos de representação da escala gráfica.


6.1.3. Principais Escalas e suas Aplicações
A seguir encontra-se um quadro com as principais escalas utilizadas por
engenheiros e as suas respectivas aplicações.
É importante perceber que, dependendo da escala, a denominação da
representação muda para planta, carta ou mapa.

Aplicação Escala
Detalhes de terrenos urbanos 1:50
Planta de pequenos lotes e edifícios 1:100 e 1:200
Planta de arruamentos e loteamentos urbanos 1:500
1:1.000
Planta de propriedades rurais 1:1.000
1:2.000
1:5.000
Planta cadastral de cidades e grandes 1:5.000
propriedades rurais ou industriais 1:10.000
1:25.000
Cartas de municípios 1:50.000
1:100.000
Mapas de estados, países, continentes etc. 1:200.000 a 1:10.000.000
Tabela 6.1 – Principais escalas e suas aplicações

6.2. Convenções e Normas do Incra


Segundo a Norma Técnica de Georreferenciamento, deve-se seguir algumas instruções
para a elaboração da planta e do memorial descritivo, as quais estão listadas abaixo.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO


INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE SÃO PAULO
DIVISÃO TÉCNICA

Informações Cartográficas que deverão constar na planta e memorial descritivo do imóvel, em


conformidade com ABNT, NBR 13133 de 30.06.94 é necessário consultar ainda Decreto no. 89817 de
20.06.84, Instruções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Nacional, quanto aos padrões
de exatidão, NBR’s complementares e; Lei 10.267 de 28.08.01 que Institui o Sistema Público de
Registros de Terras, e Decreto 4449 de 30 de outubro de 2002, DOU de 31/10/2002.
NA PLANTA:

(i) LEGENDA PADRÃO CONTENDO:

1 - Formato de acordo com a Norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), linha de
corte com 210 x 297.
Campo Um folha nº.
Cabeçalho descrevendo tipo de levantamento - Planimétrico e ou Planialtimétrico
Campo Dois
3.2.1. – Nome do Imóvel;
3.2.2. – Nome do Proprietário;
3.2.3. – Código do Imóvel;
3.2.4. – Transcrições e ou matrículas;
3.2.5. – Município, Comarca e Estado;
3.2.6. – Área do imóvel e perímetro;
3.2.7. – Data da elaboração dos Trabalhos;
– Escala
Campo Três Campo Quatro
1 – Descrição e somatória das áreas ( Reservas 1 – Assinatura do Proprietário;
Legal, Pres. Permanente, Estradas ) etc.; 2 – Assinatura do Resp. Técnico, contendo CREA
e Qualificação Profissional;

Campo Cinco
Espaço que deverá estar livre para apor carimbos, registros e assinaturas de órgãos oficiais.
QUADRO DE CONVENÇÕES:

No quadro das convenções topográficas e sinais convencionais, colocados acima da legenda


contendo:-

1 – Norte quadrícula indicado na parte superior e a direita da planta;


2 – Norte verdadeiro indicado na parte superior e a direita da planta;
3 – Convergência Meridiana - Centro da planta ou área considerada;
4 – Datum Horizontal e Meridiano Central;
5 – Convenções Topográficas;
6 – Sinais Convencionais;
7 – Situação do Imóvel etc.;

(ii) PROJEÇÕES ORTOGONAIS CONTENDO:


1 – Na elaboração da planta, descrever as coordenadas no Sistema UTM (Universal Transverso de
Mercator) de todos os vértices do perímetro do imóvel ou quadro discriminando pontos ou marcos
com as respectivas coordenadas;
2 – A PLANTA e o MEMORIAL, deverão ser apresentados em três vias impressas, juntamente com um
disquete no formato DGN, DWG ou DXF da planta;
3 – Escala da planta deverá ser apresentada em múltiplos de 100; 200; 250 e 500;
4 – Quando não for possível descrever os elementos técnicos de cada lado do imóvel, faze-lo em
quadro a parte;

NO MEMORIAL DESCRITIVO:

Cabeçalho contendo:
1 – Propriedade; Proprietário; Município; Comarca; Área; Perímetro; Transcrição e ou matrícula do
imóvel;

Descrição do perímetro contendo:


1 – Descrição e Localização do ponto inicial, com as respectivas coordenadas Referenciada ao Sistema
Geodésico Brasileiro, no sistema UTM, bem como Meridiano Central e Datum Horizontal SAD 69
(Oficial – IBGE).
2 – Descrever as confrontações, conforme desenvolvimento da descrição do perímetro do imóvel, não
sendo necessário repetir o confrontante em comum a cada lado de desenvolvimento;
3 – A descrição deverá conter azimutes, seguido das respectivas distâncias e coordenadas N e E, no
Sistema UTM dos respectivos vértices, separando cada lado descrito por ponto e virgula ( ; );
4 – Ao término da descrição do perímetro, informar a área em Hectares com 4 casas decimais. ex. O
perímetro acima descrito, encerra uma área de n,nnnn ha.;
5 – A descrição do perímetro principal ou do imóvel propriamente dito, deverá estar em folhas
distintas com assinatura somente do técnico responsável, seguido da qualificação profissional e CREA;
6 – A descrição de áreas internas, tais como áreas de preservação permanente, de reserva legal e
outras, poderá ser de modo corrente, ou seqüencial com uma única assinatura do responsável técnico
no final, assinatura esta, aos moldes do item 5;

RELATÓRIO TÉCNICO

1 – Relatório Técnico detalhado dos trabalhos executados contendo informações sobre:


Metodologia e ainda:
Objeto: Finalidade; Período de Execução; Localização; Origem (datum); Ocupantes Proprietários;
Descrição dos Serviços Executados, (inclusive o georreferenciamento); Precisões obtidas;
Quantidades Realizadas ; Relação de Equipamentos; Equipe Técnica e finalmente Documentos
Produzidos.

A.R.T. - Anotação de Responsabilidade Técnica.

1 – O responsável técnico, deverá apresentar a respectiva A.R.T. no original, conforme Área ou


campo de Atuação, ou seja, no campo 4 item 04, para trabalhos executados por Engenheiros
Agrimensores; item 06, para trabalhos executados por Engenheiros Cartógrafos, ou Engenheiros com
formação Acadêmica em Geodésia, tudo de acordo com as atribuições específicas de cada área;
2 – Na A. R. T., campo 17 (modelo novo), deverá descrever todo trabalho inerente à aquela
anotação, ou seja o trabalho em si e as peças técnicas elaboradas;

Obs. Importante: Os serviços/obras , devem corresponder às atribuições do profissional responsável,


às mesmas que estão anotados na sua carteira emitida pelo CREA de sua jurisdição, sob pena de
nulidade da ART, conforme artigo 9 , inciso II da Resolução 425/98 do CONFEA.

3 – Poderá o INCRA, a qualquer tempo, promover vistorias e checar tais declarações sobre a
veracidade das informações prestadas e do requerido, bem como solicitar ao CREA, informação sobre
atribuições da área do profissional responsável.
1 FL .

3 4

B C
Formato ABNT - linha de corte
Medida de A a B = 297 milímetros
Medida de B a C = 210 milímetros
7. MEDIDAS ANGULARES

Em levantamentos por meio de técnicas convencionais (a partir de estações totais e


teodolitos), a medição de ângulos e distâncias se torna uma das tarefas mais importantes da
topografia. A qualidade de um trabalho topográfico está intrinsecamente relacionado com a
capacidade de se obter, através de métodos e equipamentos de medição adequados, um nível de
precisão tolerável para os fins a que se destina o levantamento.
Em se tratando de levantamentos topográficos para fins de georreferenciamento de
imóveis rurais, as medições angulares e lineares devem ser realizadas obedecendo-se às diretrizes
estabelecidas pela Norma Técnica de Georreferenciamento.

7.1. Classificação dos Equipamentos segundo à Precisão

Em poligonais para fins de apoio básico e de apoio à Demarcação deve-se atentar à


precisão do equipamento utilizado.

Teodolitos
Segundo a Norma, os “teodolitos são classificados de acordo com o desvio
padrão de uma direção observada em duas posições da luneta (CE/CD). O valor da
precisão interna de cada modelo é normalmente definido pelo fabricante. Não havendo
indicação deste, a precisão angular poderá ser aferida por entidade oficial habilitada a
partir de testes efetuados em campo de prova ou laboratório de aferição”.

Classe de teodolitos Desvio-padrão


(precisão angular)
precisão baixa ≤ 30”
precisão média ≤ 07”
precisão alta ≤ 02”
Tabela 7.1 - Classificação dos teodolios de acordo com sua precisão angular (ABNT-
NBR-13.133/DIN).
Med’s (Medidores Eletrônicos de Distâncias)

Classe de MEDs Desvio-padrão


precisão baixa (10 mm + 10 ppm x D)
precisão média (5 mm + 5 ppm x D)
precisão alta (3 mm + 2 ppm x D)
Tabela 7.2 - Classificação dos medidores eletrônicos de distância – MEDs (ABNT-NBR-
13.133).

Estações Totais

Classes de Desvio padrão Desvio-padrão


Estações (precisão (precisão
Totais angular) linear)
precisão ≤ 30” (10 mm + 10
baixa ppm x D)
precisão ≤ 07” (5 mm + 5 ppm
média x D)
precisão ≤ 02” ( 3 mm + 3
alta ppm x D)
Tabela 7.3 - Classificação das estações totais de acordo com a precisão interna (ABNT-
NBR-13.133).

Pela Norma, as Poligonais deverão ser desenvolvidas linearmente, sem mudanças


substanciais de sentido, com deflexão inferior a 60°, visando minimizar os erros de
orientação.
O controle azimutal deverá ser rigorosamente observado. Nas medições angulares,
metade das observações será efetuada no ângulo interno e metade no ângulo externo, com
discrepâncias máximas de 360° ± 4”, 360° ± 5” respectivamente para poligonais de
precisão (CONTROLE BÁSICO) e apoio ao levantamento e à demarcação (CONTROLE
IMEDIATO).

Importante: Nos desenvolvimentos poligonais os pontos de partida e chegada


deverão ser distintos, qualquer que seja a técnica de levantamento utilizada. Sob nenhuma
hipótese será admitido o fechamento de desenvolvimentos poligonais em torno de um
mesmo ponto.
7.2. Métodos de Medição Angular

Com o intuito de se obter melhores resultados nas medidas angulares, uma vez que a
obtenção destas medidas é uma das maiores fontes de erros nas medições, são utilizados
diferentes métodos de observação os quais devem ser selecionados segundo o tipo de aparelho
utilizado e o nível de precisão exigida.
Dentre os métodos utilizados para obtenção dos ângulos horizontais o mais preciso
possível, destacam-se os seguintes:

7.1.1. Método da Repetição

Segundo ESPARTEL (1977) e DOMINGUES (1979) este método consiste em


visar, sucessivamente, os alinhamentos a vante e a ré de um determinado ponto ou
estação, fixando o ângulo horizontal lido e tomando-o como partida para a medida da
próxima direção a vante. Normalmente é um método utilizado em equipamentos com
movimento geral e particular (teodolitos de eixo duplo, por exemplo, Wild T2), no qual é
possível a fixação de uma direção qualquer para a primeira leitura a ré. A Figura abaixo
exemplifica o Método da Repetição:

Figura 7.1 – Representação do Método da Repetição

Procedimentos para Aplicação do Método:


9 Aponta-se a luneta do aparelho para o ponto a Vante (Ponto E2), onde no limbo
horizontal se fixa uma direção inicial, normalmente próxima a zero graus;
9 Libera-se o aparelho e a luneta é apontada para o ponto a Ré (Ponto E0), onde anota-
se a direção observada;
9 O ângulo horizontal resultante será a leitura da direção a Ré menos a leitura da direção
a Vante;
9 Fixa-se a direção observada a Ré e o aparelho é liberado e a luneta é novamente
apontada para o ponto a Vante;
9 A nova direção a vante será a leitura da direção a Ré lida anteriormente.
9 Libera-se novamente o aparelho e aponta-se para o ponto a vante e uma nova direção
é anotada;
9 O processo se repete um certo número n de vezes.

Cada medição será denominada uma série de leitura, onde deve-se definir o número de
séries adequado para cada caso. Dependendo da precisão exigida, deve-se utilizar 3 a 8
séries de leitura. O ângulo horizontal final (Af) obtido será calculado pela seguinte
expressão:

An − A1
Af =
( n − 1)

An = Última leitura do ângulo a Ré (E0).


A1 = Leitura do primeiro ângulo de partida à Vante (E2)
n = número de séries de leitura.

7.1.2. Método da Reiteração

Segundo ESPARTEL (1977) e DOMINGUES (1979) este método consiste em


visar de forma sucessiva os alinhamentos a Vante e a Ré a um determinado ponto,
tomando como partida para a medida dos ângulos um valor com intervalos regulares do
círculo.

Assim como indicado na figura a seguir:


9 A luneta do aparelho é apontada para o ponto a vante (pontaria fina) e o
círculo horizontal do mesmo é zerado;
9 Em seguida, o aparelho é liberado e a luneta é apontada (pontaria fina) para
o ponto a ré;
9 O ângulo horizontal resultante é anotado ou registrado;
9 O aparelho é liberado e a luneta é novamente apontada para o ponto a vante;
9 O ângulo de partida utilizado neste momento para a segunda medida do
ângulo horizontal deve ser diferente de zero e inteiro. (ex.: 090°00’00”, 180°00’00”,
270°00’00”);
9 Libera-se novamente o aparelho e aponta-se para o ponto a ré;
9 Um novo ângulo horizontal é anotado ou registrado.
9 O processo se repete um certo número n de vezes, até que o ângulo tenha
sido medido em todos os quadrantes do círculo.

Figura 7.2 – Representação do Método da Reiteração

O valor final do ângulo horizontal, para os alinhamentos medidos, é dado pela


seguinte relação:

Σ ( Hz 2 − Hz 1 )
Hz =
n
Onde:
Hz2: é a leitura do ângulo horizontal (na ré).
Hz1: é o ângulo horizontal de partida utilizado (na vante).
n: número de leituras efetuadas na vante.
7.1.3. Método das Direções

O método das direções é o mais utilizado e o mais indicado para a medição de


ângulos em um levantamento para fins de georreferenciamento. Consiste em medir um
ângulo α entre dois alinhamentos OA e OB (Ver Figura 4.9), por meio de uma série de
repetições.

Figura 7.3 – Medindo ângulos.

O processo consiste em instalar o aparelho no ponto O, visa-se o ponto de ré


(Ponto A) com a luneta na posição direta medindo-se uma primeira direção com o limbo
horizontal próximo a 0º00’00”. Em seguida mede-se a direção do ponto de vante (Ponto
B). Assim, inverte-se a luneta, visa-se novamente o Ponto A (que agora terá uma direção
próximo a 180º00’00”) e mede novamente a direção para o Ponto B, completando-se
assim a primeira série de leitura (CD e CE, conforme estabelecido pela Norma Técnica).
Repete-se o processo, alterando-se apenas a próxima direção inicial, que para 4 séries de
leitura, por exemplo, seria próxima a 45º00’00”, depois próximo a 90º00’00” e
finalizando-se com a direção próxima a 135º00’00”. Para atendimento à Norma, exige-se
apenas um ciclo à direita (CD) e um ciclo à esquerda (CE). Assim, pode-se iniciar a 1ª
leitura à RÉ com qualquer direção.
Abaixo segue um exemplo de caderneta observada segundo o método das
direções:

Figura 74 – Exemplo numérico do Método das Direções

Segue abaixo uma tabela com as especificações do INCRA para poligonais de


demarcação.
Descrição Taqueométrica Eletrônica
1 Desenvolvimento (recomendável) (recomendável)
Espaçamento entre estações Até 150 m Até 500 m
Comprimento máximo do desenvolvimento 15 km 15 km
2 Edição Angular Horizontal
Método das direções das direções
Instrumento (classificação ABNT) precisão baixa precisão baixa
Número de Séries 1 (CE e CD) 1 (CE e CD)
Número de posições p/ série 2 2
3 Medição dos lados
Número mínimo de séries de leituras recíprocas 1 (FI, FM, FS) 2 leituras válidas
4 Controle Azimutal
Número máximo e lados sem controle 25 15
Erro de fechamento máximo em azimute para direções de controle 1’ 1’
5 Medição angular vertical
Número de séries 1 1
Valor máximo da diferença entre leituras verticais 20” 20”
Número máximo de lados entre pontos de altitudes conhecidas 25 15
Valor máximo do erro de fechamento altimétrico 20 mm/Km 20 mm/Km
6 Fechamentos:
Angular
Linear (coordenadas)
1' N 1' N
Valor máximo para o erro relativo em coordenadas após a compensação 1/1000 1/2000
em azimute.
Tabela 7.4 - Poligonais Geodésicas para Levantamento e Demarcação (CONTROLE IMEDIATO). Fonte:
Norma Técnica de Georreferenciamento – INCRA.
8. MEDIDAS LINEARES

A planimetria tem como objetivo a representação em planta da projeção ortogonal dos


pontos do terreno, por meio de suas coordenadas ortogonais. Para se determinar estas
coordenadas, deve-se determinar as distâncias entre os pontos, juntamente com as medidas
angulares.
Em planimetria nos interessa somente as dimensões horizontais. Desta forma as distâncias
medidas em campo, quando inclinadas devem ser reduzidas ao horizonte e após isso, segundo a o
item 5.15.1 da NBR-13.133, reduzidas ao nível de referência altimétrica do sistema de projeção
topográfica adotado. Isto é:

Di

B
A Dh
Figura 8.1 – Elementos definidores do cálculo da distância horizontal

Dh = Di × sen(Z )
Onde:
Dh é a distância reduzida ao horizonte;
Di é a distância inclinada; e
Z é a distância zenital.

Tanto Di como Z devem ser corrigidas das influências sistemáticas conhecidas.


8.1. Medida Direta de Distâncias

Uma medição é dita “direta” quando se utiliza um instrumento diretamente sobre o


terreno, o qual está em uma unidade de medida e que é tomada como termo de comparação.
Para isso é necessário percorrer todo o alinhamento determinando-se o número de vezes que a
referida unidade cabe dentro do trecho. Os instrumentos destinados à medida direta de
distância são denominados “diastímetros”.
De acordo com a natureza da unidade empregada (diastímetro) pode-se ter:
a) Medição de baixa precisão: empregada em levantamentos expeditos como o
passo do homem ou do animal em que se monta (passômetro e odômetro), pela roda
das viaturas (odômetro), pelo som, pelo relógio, por réguas graduadas, etc.
b) Medição de média precisão: empregado em levantamentos regulares,
atualmente apenas como auxílio ao processo de medição indireta, por apresentar
precisão inferior (excluindo-se a taqueametria). Os diastímetros empregados são:
corrente do agrimensor, fita de aço, trena de aço, trenas de lona e de fibra de vidro.
c) Medição de alta precisão: que é o caso da fita de ínvar empregada nas medições
de bases geodésicas.
Nos interessa somente o estudo das medições diretas cujo diastímetro é a trena, uma
vez que, atualmente, praticamente em todos os levantamentos topográficos as distâncias são
medidas indiretamente, como veremos adiante, sobrando a aplicação da trena, em distâncias
auxiliares ao levantamento, de menor precisão, ou em outro caso, em pequenas distâncias,
principalmente na locação de obras de montagem industrial.

Segundo ESPARTEL (1987) os principais dispositivos e acessórios utilizados na


medição direta de distâncias são:
8.1.1. Trenas
A trena é uma fita flexível com graduação em metros, centímetros e milímetros
cujo material utilizado em sua fabricação pode ser: lona, plástico reforçado com fibra de
vidro, aço ou ainda de ínvar (material amplamente utilizado, por proporcionar menor
dilatação linear em ambientes com temperaturas elevadas).
A largura destes instrumentos varia de 10 a 12 mm com comprimentos vários,
alguns de 30, 60, 100 e 150 metros de extensão. São apresentados enrolados em um
tambor ou em cruzetas com cabos distensores nas extremidades para permitir esticá-los
no momento da medição.
O processo de medição com trenas, basicamente consiste em definir o
alinhamento utilizando-se de balizas para o auxílio à medição (empregadas com o
objetivo de demarcar ou balizar um alinhamento no terreno, as quais podem ser de
madeira ou de aço).

Figura 8.2 – Balizas

Uma terceira baliza deve ser utilizada para orientar as trenadas. Durante a
medição a trena deve ser mantida, o máximo possível, na horizontal, a partir de uma
maior tração em suas extremidades.
Para a medição de alinhamentos maiores que o comprimento da trena, se utilizam
marcadores denominados fichas (peças metálicas pontiagudas em uma extremidade
terminando em argolas na outra).

Figura 8.3 –Exemplos de Fichas.

Assim a cada trenada de 20 m, por exemplo, assenta-se a baliza intermediária e


crava-se uma ficha. Ao final do processo de medição do alinhamento, contam-se as
fichas, multiplica-se por 20 e soma-se a fração de trenada no final do trecho.
Figura 8.4 –Exemplos de trenas.

8.1.2. Piquetes
São necessários para marcar, convenientemente, os extremos do alinhamento a ser
medido. Normalmente feitos de madeira roliça ou de seção quadrada com a superfície no
topo plana, onde se crava uma tachinha de cobre, ou até mesmo um prego, para
materialização do ponto topográfico. Seu comprimento varia de 15 a 30 cm, e o diâmetro
varia de 3 a 5cm.
É cravado no solo, porém, parte dele (cerca de 3 a 5 cm) deve permanecer visível.
8.1.3. Estacas
As estacas são utilizadas como testemunhas da posição do piquete, para facilitar a
localização do piquete. São cravadas próximas ao piquete cerca de 30 a 50cm, onde seu
comprimento varia de 15 a 40cm;
São chanfradas na parte superior para permitir uma inscrição numérica ou
alfabética, que pertence ao piquete testemunhado.

Figura 8.5 –Exemplo de estaca.

8.1.4. Nível de Cantoneira

É utilizado para auxiliar o posicionamento da baliza na posição vertical, uma vez


que está dotado de um nível de bolha circular.
Figura 8.6 –Exemplo de nível de cantoneira.

8.1.5. Barômetro de Bolso


Destinado à medição da pressão atmosférica (em mb = milibares) para fins de
correção dos valores obtidos no levantamento. São aparelhos digitais, que além de
fornecerem valores de pressão, fornecem também valores de altitude.

Figura 8.7 –Exemplo de barômetro de bolso.

8.1.6. Dinamômetro

Destinado à medição das tensões que são aplicadas aos diastímetros para fins de
correção dos valores obtidos no levantamento em função do coeficiente de elasticidade
do material com que o diastímetro foi fabricado.

8.1.7. Termômetro

Destinado à medição da temperatura do ar (°C) no momento da medição para fins


de correção dos valores obtidos no levantamento em função do coeficiente de dilatação
do material com que o diastímetro foi fabricado.
8.2. Erros nas Medidas com Diastímetros
Segundo LOCH e CORDINI (1995) os principais erros causadores de imprecisões na
determinação de distâncias com diastímetros são:

8.2.1. Horizontalidade:
Em qualquer medição com um diastímetro, deve sempre ser observada a sua
horizontalidade no momento da medição. Os erros cometidos serão sempre proporcionais
ao comprimento do diastímetro, que será maior quanto maior for o seu comprimento.
Este erro será sempre positivo, ou seja, a distância medida será sempre maior que a
medida real.

8.2.2. Dilatação:
Os fabricantes em geral graduam as trenas na temperatura de 20º. Para corrigir o
efeito de dilatação devido ao efeito da temperatura, que causa um erro negativo para
temperaturas de trabalho acima da de aferição, deve-se aplicar a equação:

ct = S ⋅ (t − t 0 ) ⋅ α
onde :
t0 é a temperatura de aferição da trena
t é a temperatura de trabalho
S é o comprimento da trena
α é o coeficiente de dilatação da trena

Para uma trena de 30 m com temperatura de aferição de 20º C e


temperatura de trabalho de 40º, sendo o coeficiente de dilatação do aço de 1,2×10-5 ºC-1,
tem-se uma variação de 7 mm, que é um valor considerável para as medidas de precisão.

8.2.3. Catenária:
A catenária é a curva descrita pela trena quando suspensa do solo e tracionada,
sendo ocasionada pelo seu próprio peso.
A B
T T
f
S
P
Figura 8.8 – Catenária.

Como conseqüência origina um erro de sinal negativo, uma vez que os


comprimentos medidos resultam ligeiramente maiores, o qual podem ser expresso por:
8⋅ f 2
Cc =
3⋅ S
onde :
f é a flecha da catenária
S é o comprimento da trena
O valor de f pode ser obtido pela equação
P⋅S2
f =
8⋅T
Onde :
P o peso da trena e
T a tensão empregada na medição

Observe que para uma flecha de 0,10 m em uma trena de 20 m o erro é de 1 mm,
evidenciando-se a pequena influência do efeito da catenária. Isto mostra, também, que é
desnecessário tracionar demasiadamente a trena no afã de neutralizar a catenária. Para
produzir efeito mais positivo, pode-se colocar vários suporte intermediários que,
praticamente, eliminam o efeito da catenária; ou aplicar-se a correção conforme
formulação apresentada.

8.2.4. Elasticidade:
Para minimizar o efeito da catenária, e em alguns casos, para vencer a força do
vento, a trena é submetida a uma força de tração superior aquela com que foi aferida.
Quando a tensão é assegurada a mão (ao invés do dinamômetro), pode-se cometer erros
sensíveis para trabalhos de precisão. Neste caso o erro é negativo, já que se obtém uma
medida menor que a real.
A variação do comprimento da trena (c), pode ser calculada por:
S ⋅ (σ − σ 0 )
c=
s⋅E

onde:
S é o comprimento da trena (m)
σ é a tensão de aferição da trena (kg)
σ0 é a tensão de trabalho (kg)
s é a área da seção da trena (mm2)
E é o módulo de elasticidade da trena (kg/mm2)

Considerando, por exemplo, uma trena de 50 m com seção de 0,4 mm × 12 mm,


graduada sob tensão de 10 kg e trabalhando a 15 kg, sofrerá uma variação de 3 mm, que
pode ser considerável em trabalhos que requeiram maior precisão. Por outro lado para
cometer erros inferiores a 1 mm a tensão de trabalho não deve exceder a 2 kg da de
aferição, isto é, 10 kg ±2 kg.

8.2.5. Padronagem:
Erro ocasionado pelo uso contínuo do diastímetro que produz deformações que
causam o seu alongamento, apresentando comprimento diferente do valor que indica. É
um erro sistemático cumulativo e pode dar diferenças razoáveis. Para evitá-lo deve-se
adquirir trenas de boa qualidade e fazer constantes aferições, comparando-se com outra
trena confiável ou com um distanciômetro (MED). O erro cometido pode ser corrigido
após a correta aferição da trena.

8.3. Medida Indireta de Distâncias

Segundo DOMINGUES (1979) diz-se que o processo de medida de distâncias é


indireto quando estas distâncias são calculadas em função da medida de outras grandezas,
não havendo, portanto, necessidade de percorrê-las para compará-las com a grandeza padrão.

Os instrumentos de medição indireta são denominados “distânciômetros” e se


dividem em três grupos: equipamentos óticos, mecânicos e eletrônicos.

Figura 8.9 –Exemplos de instrumentos.

Para o uso destes equipamentos se utilizam alguns acessórios essenciais, dentre os


quais cita-se: o tripé (servirá de base para apoio e para estacionar o aparelho); o fio de prumo
(serve para posicionar o aparelho exatamente sobre o ponto no terreno); a lupa (para leitura
dos ângulos) para os casos do aparelho com limbos horizontais e verticais graduados.

Figura 8.10 –Exemplos de tripés.

Outro acessório essencial é a Mira ou Régua graduada: é uma régua de madeira,


alumínio ou PVC, graduada em m, dm, cm e mm; utilizada na determinação de distâncias
horizontais e verticais entre pontos.
A figura a seguir (BORGES, 1988), ilustra parte de uma régua de quatro metros de
comprimento e as respectivas divisões do metro: dm, cm e mm.
Figura 8.11 –Exemplo de régua graduada.

Ao processo de medida indireta denomina-se Estadimetria ou Taqueometria. A


Taqueometria é a parte da Topografia que se ocupa da medida indireta das distâncias
horizontais e das diferenças de nível, quer por meios óticos, quer por meios mecânicos,
utilizando-se de instrumentos denominados taqueômetros (LOCH e CORDINI, 1995).
Os teodolitos taqueométricos são aparelhos dotados de luneta que contém:
3 fios estadimétricos horizontais (FS, FM e FI)
1 fio estadimétrico vertical

Figura 8.12 –Estádia.


8.3.1. Métodos de Medida Indireta

Segundo GARCIA e PIEDADE (1984) os métodos indiretos de medida de


distâncias são:

8.3.1.1 Distância Horizontal - Visada Horizontal


A figura a seguir (GARCIA, 1984) ilustra um teodolito estacionado no ponto P e a
régua graduada no ponto Q. Do ponto P visa-se o ponto Q com o círculo vertical do
teodolito zerado, ou seja, com a luneta na posição horizontal. Procede-se a leitura dos fios
estadimétricos inferior (FI), médio (FM) e superior (FS). A distância horizontal entre os
pontos será deduzida da relação existente entre os triângulos a'b'F e ABF, que são
semelhantes e opostos pelo vértice.

Figura 8.13 –Visada Horizontal.

Da figura tem-se:
f = distância focal da objetiva
F = foco exterior à objetiva
c = distância do centro ótico do aparelho à objetiva
C = c + f = constante do instrumento
d = distância do foco à régua graduada
H = AB = B - A = FS - FI = diferença entre as leituras
M = FM = leitura do retículo médio
Pelas regras de semelhança pode-se escrever que:
a ' b' AB AB f
= d= .f a ' b' =
f d a ' b' 100 → fornecido pelo fabricante

AB. f
d=
f
100
d = 100 × H DH = d + C
Portanto
DH = 100 × H + C
C é a constante de Reichembach, que assume valor 0 cm para equipamentos com
lunetas analáticas e valores que variam de 25 cm a 50 cm para equipamentos com
lunetas aláticas.

8.3.1.2 Distância Horizontal - Visada Inclinada


Neste caso, para visar a régua graduada no ponto Q há necessidade de se inclinar a
luneta, para cima ou para baixo, de um ângulo (α) em relação ao plano horizontal. Como
indicado na figura abaixo (GARCIA, 1984), a distância horizontal poderá ser deduzida
através:

Figura 8.14 –Visada Inclinada.


Do triângulo AA'M → MA' = MA × cos α

Do triângulo BB'M → MB' = MB × cos α

Assim, MA'+ MB' = (MA + MB ) × cos α


Porém, MA'+ MB' = A' B ' e MA + MB = AB = H
Portanto,
A' B' = H × cos α
Do triângulo OMR → OR = OM × cos α
OM = 100 × A' B' + C
OM = 100 × H × cos α + C
OR = (100 × H × cos α + C ) × cos α
Como DH = OR , tem-se que
DH = 100 × H × cos 2 α + C × cos α
Desprezando-se o termo (cos α) na segunda parcela da expressão tem-se:

DH = 100 × H × cos2 α + C

8.3.1.3 Distância Vertical - Visada Ascendente


A figura a seguir (GARCIA, 1984) ilustra a luneta de um teodolito inclinada no
sentido ascendente (para cima). Assim, a diferença de nível ou distância vertical entre
dois pontos será deduzida da relação:

Figura 8.15 –Visada Ascendente..


QS = RS + RM − MQ
onde,
QS = DN = diferença de nível
RS = I = altura do instrumento
MQ = M = FM = leitura do retículo médio
FS + FI
FM =
2
Do triângulo ORM, tem-se que:
RM = OR × tg α Æ RM = DH × tg α

( )
RM = 100 × H × cos 2 α + C × tg α

RM = 100 × H × cos 2 α × tg α + C × tg α
senα
RM = 100 × H × cos 2 α × + C × tg α
cos α
RM = 100 × H × cos α × senα + C × tg α

entretanto, cos α × sen α =


(sen 2α ) , logo RM = 100 × H ×
(sen 2α ) + C × tg α .
2 2
Desprezando-se a última parcela tem-se, RM = 50 × H × sen 2α .
Substituindo na equação inicial, resulta:

DN = 50 × H × sen ( 2α ) − FM + I

A interpretação do resultado desta relação se faz da seguinte forma:


Se DN for positivo, significa que o terreno, no sentido da medição, está em ACLIVE.
Se DN for negativo, significa que o terreno, no sentido da medição, está em
DECLIVE.
8.3.1.4 Distância Vertical - Visada Descendente
A figura a seguir (GARCIA, 1984) ilustra a luneta de um teodolito inclinada no
sentido descendente (para baixo). Assim, a diferença de nível entre dois pontos será
deduzida da mesma forma que para o item 3, porém, com os sinais trocados.

Figura 8.16 –Visada Descendente.

Logo:
DN = −50 × H × sen (2α ) + FM − I

A interpretação do resultado desta relação se faz da seguinte forma:


Se DN for positivo, significa que o terreno, no sentido da medição, está em
DECLIVE.
Se DN for negativo, significa que o terreno, no sentido da medição, está em
ACLIVE.
8.3.2. Erros nas Medidas Indiretas de Distâncias
As principais fontes de incertezas na determinação das distâncias através das
medições estadimétricas são:
1 - leitura da régua: erro de leitura dos fios estadimétricos inferior, médio e
superior, causados principalmente:
- pela distância entre o teodolito e a régua (muito longa ou muito curta).
- pela falta de capacidade de aproximação da luneta.
- pela espessura dos traços do retículo.
- pelo meio ambiente (refração atmosférica, ventos, má iluminação).
- pela maneira como a régua está dividida e pela variação do seu comprimento.
- pela falta de experiência do operador.
2 - leitura de ângulos: leitura errônea dos círculos vertical e/ou horizontal, por
falha ou falta de experiência do operador.
3 - verticalidade da baliza: é o mais grave de todos e ocorre quando não se faz
uso do nível de cantoneira. A figura abaixo (BORGES, 1988) ilustra a maneira correta de
posicionamento da baliza nos levantamentos, ou seja, na vertical e sobre a tachinha do
piquete.

Figura 8.17 – Baliza na vertical.

4 - verticalidade da mira: assim como para a baliza, ocorre quando não se faz uso
do nível de cantoneira.
5 - pontaria: no caso de leitura dos ângulos horizontais, ocorre quando o fio
estadimétrico vertical do teodolito não coincide com a baliza (centro).
6 - erro linear de centragem do teodolito: segundo ESPARTEL (1987), este erro
se verifica quando a projeção do centro do instrumento não coincide exatamente com o
vértice do ângulo a medir, ou seja, o prumo do aparelho não coincide com o ponto sobre
o qual se encontra estacionado.

7 - erro de calagem ou nivelamento do teodolito: ocorre quando o operador, por


falta de experiência, não nivela o aparelho corretamente.

8.4. Medidas Lineares com Precisão

8.4.1. Desenvolvimento de Bases Topográficas

O desenvolvimento de bases topográficas consiste em calcular uma distância


horizontal D a partir da solução de triângulos, partindo-se de uma base inicial menor
observada por um método mais preciso (medida por meio do ângulo paralático com mira
horizontal – método descrito no item seguinte) e observando os ângulos necessários para a
resolução do triângulo. Pode-se utilizar duas metodologias para determinação da distância
D:

a) Medindo dois ângulos:


Considere a Figura 6.1 abaixo onde:
AB = d = base observada
CB = D = base a ser determinada
αeβ = ângulos horizontais observados
Figura 8.18 – Desenvolvimento de bases topográficas medindo dois ângulos.

D d
Do Triângulo ABC tem-se = . Entretanto sabemos que
senα sen[180 − (α + β )]
sen[180 − (α + β )] = sen(α + β ) .
Logo temos que:
senα
D=d∗ 9.3.1 (a)
sen (α + β )

Avaliação de Erros:
sen α
Tomando-se β = 90º tem-se que D = d ∗ = d ∗ tgα 9.3.1 (b)
cos α
Aplicando a lei de propagação de erros na equação 6.1.1 (b) temos que:
2 2
⎛ δD ⎞ ⎛ δD ⎞
σ 2
D =⎜ ⎟ ∗σ d + ⎜
2
⎟ ∗σα
2

⎝ δd ⎠ ⎝ δα ⎠
Assim, temos que:

d2
σ 2
D = tg α ∗ σ d
2 2
+ ∗ σ α rad
2
9.3.1 (c)
cos α
4

b) Medindo quatro ângulos:


Considere a Figura 6.2 abaixo onde:
AB = d = base observada
CE = D = base a ser determinada
α, β, δ e λ = ângulos horizontais observados.
Figura 8.19 – Desenvolvimento de bases topográficas medindo quatro ângulos.

BC d
Do Triângulo ABC tem-se = . Entretanto sabemos que
senα sen[180 − (α + β )]
sen[180 − (α + β )] = sen(α + β ) .
Logo temos que:

senα
BC = d ∗
sen (α + β )
9.3.1 (d)

BE d
Do Triângulo ABE tem-se = . Entretanto sabemos que
senλ sen[180 − (δ + λ )]
sen[180 − (δ + λ )] = sen(δ + λ ) .
Logo temos que:

senλ
BE = d ∗
sen (δ + λ )
9.3.1 (e)

Aplicando-se a lei dos co-senos no triângulo CBE temos:

D 2 = BC + BE − 2 ∗ BC ∗ BE ∗ cos(δ + β )
2 2
9.3.1 (f)

ou ainda:
Aplicando-se a lei dos co-senos no triângulo CAE, após calcular Ac e AE temos:

D 2 = AC + AE − 2 ∗ AC ∗ AE ∗ cos(α + λ )
2 2
9.3.1 (g)
8.4.2. Medição de Distâncias com Teodolito e Mira Horizontal

A utilização de uma mira horizontal é um processo de obtenção de distancias


horizontais por meio indireto onde através da medição de direções pela observação dos
extremos de uma mira horizontal de ínvar (estádia) calibrada, colocada em diferentes
posições durante o levantamento e, sabendo-se o comprimento da mira horizontal, pode-
se calcular por trigonometria a distância horizontal entre o aparelho e a posição da mira. É
um método que pode melhorar sensivelmente os resultados para pequenas distâncias.
A mira horizontal é constituída por uma régua de ínvar (metal com baixo
coeficiente de dilatação linear) de comprimento L, que possui dois alvos, um em cada
uma de suas extremidades usado como referência para a visada com o teodolito.
Para sua operação, a mira horizontal deve ser instalada em um tripé na posição
horizontal, sobre o ponto que define o alinhamento a ser medido com a posição onde está
o aparelho. Assim, com o teodolito tomam-se visadas angulares entre as extremidades da
mira horizontal, registrando-se o ângulo α, conforme figura abaixo:

Figura 8.20 – Medida de distância com mira horizontal.


Figura 8.21 – Foto ilustrativa de uma mira horizontal.

Pela Figura 6.4 acima verifica-se que:


⎛α ⎞ b b
tg ⎜ ⎟ = 9.3.2 (a) Æ D= 9.3.2 (b)
⎝ 2 ⎠ 2∗D ⎛α ⎞
2 ∗ tg ⎜ ⎟
⎝2⎠
Normalmente b = 2,00 m, sendo assim tem-se que:
1
D= 9.3.2 (c)
⎛α ⎞
tg ⎜ ⎟
⎝2⎠

Avaliação de Erros:

Aplicando a lei de propagação de erros na equação 5.1.2 (b) temos que:


2 2
⎛ δD ⎞ ⎛ δD ⎞
σ 2
D =⎜ ⎟ ∗σ b + ⎜
2
⎟ ∗σα
2
9.3.2 (d)
⎝ δb ⎠ ⎝ δα ⎠
Derivando a equação 6.1.2 (d) acima temos:
2 2
⎛ ⎞ ⎛ ⎞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ 1 ⎟ ⎜ b ⎟ ∗σ 2
σ 2D = ∗σ b +
2
9.3.2 (e)
⎜ ⎛α ⎞ ⎟ ⎜ 2⎛α ⎞
⎟ α

⎜ 2 ∗ tg ⎜ ⎟ ⎟ ⎜ 4 ∗ sen ⎜ ⎟ ⎟
⎝ ⎝ 2 ⎠⎠ ⎝ ⎝ 2 ⎠⎠
Por se tratar de uma mira de ínvar o desvio padrão para o comprimento b da mira
pode ser considerado igual a zero ( σ b = 0 ), e como se trabalha em pequenas distâncias
2
⎛α ⎞ ⎛α ⎞
tem-se que o ângulo α é pequeno. Logo sen⎜ ⎟ = tg ⎜ ⎟ e assim tomando-se também a
⎝2⎠ ⎝2⎠
equação 9.3.2 (a) tem-se que:

D2 σ α"
σD = σ
∗ σ α rad . Mas α rad = onde p = 206.265 e b = 2,00 m.
b p
Assim, a equação para determinação do desvio padrão da distância medida D será dada
por:

D2
σD = ∗σα " 9.3.2 (f)
2p

D2
Como exemplo, se σ α = ±1" então σ D = ±
412.530
Sabemos que a mira horizontal deve ser utilizada para pequenas distâncias, pois
quando se utiliza de um teodolito com precisão angular de 1” é possível medir até uma
distância de 100 m para se obter uma precisão aceitável para a distância D. Em caso de
necessidade de obtenção de distâncias maiores, deve-se recorrer ao método de Divisão do
Alinhamento em Seções conforme a figura abaixo:

Figura 8.22 – Dividindo o alinhamento em seções na medição de distâncias com mira horizontal.

Este método consiste em dividir a distância total D em n seções de comprimento


dn, para as quais pode-se obter uma precisão suficiente por meio da mira horizontal, uma
vez que cada seção não apresentará distâncias superiores a 100 m. Dessa forma, a
distância total D será dada por:
D = d1 + d 2 + d 3 + d 4 + K + d n com

σ D2 = σ d 2 +σ d 2 +σ d 2 +σ d 2 +K+σ d
1 2 3 4 n
2

Se σd 2 = σd 2 =σd 2 = σd 2 =K = σd 2 = σd2
1 2 3 4 n
então

σ D 2 = n ∗σ d 2
Ou ainda:

σ D = n ∗σ d

n ∗d2
σ =
Logo, da equação 9.3.2 (f) temos que D
∗σ α " 9.3.2 (g)
2∗ p

Dados σα e D, em quantas seções dividir uma base para se obter um erro

prefixado σD?

D
Sabe-se que d = . Substituindo d na equação 9.3.2 (g) temos que:
n

n ∗ D2 n 1
σD = ∗ σ α =
2 ∗ p ∗ n2 " . Mas
n2 n3
e logo

D2 D4
σD = ∗σα" n=3 ∗σα"
2∗ p∗ n 3 ou seja
4 ∗ p2 ∗ σ 2D
8.5. Medida Eletrônica de Distâncias

Durante décadas, os profissionais da mensuração utilizaram um teodolito ótico mecânico


com luneta estadimétrica e mira vertical para determinação de distâncias. Tal prática
proporcionava erros da ordem de ±20 a 40 cm/100 m.
Com o surgimento dos distânciômetros eletrônicos a partir da década de 40 houve uma
revolução na medição de distâncias. O primeiro MED (Medidor Eletrônico de Distância) que se
tem notícia foi desenvolvido pelo cientista sueco E. Bergstrand, que projetou o Geodímetro em
1943. Sua comercialização teve início a partir de 1950 pela empresa Sueca AGA, com um
modelo de nome Geodimeter NASM-2. Em 1954, o Instituto Nacional de Telecomunicações da
África do Sul desenvolveu o Telurômetro que passou a ser comercializado em 1957. Entretanto
esta nova tecnologia somente veio a ganhar grandes escalas comerciais a partir de 1960.
Com a utilização de MED’s diferentes áreas passaram a usufruir dos grandes benefícios
dessa tecnologia, com aplicações em Geodésia, Cartografia, Topografia e Engenharia Civil. Uma
tecnologia que trouxe uma grande economia de tempo, facilidade de operação e principalmente
uma melhoria considerável de precisão que passou a ser adequada para as diferentes aplicações.
Os MED’s usavam ondas do espectro eletromagnético com variações de comprimento de
onda de alguns Ângstrons (luz visível) a 1mm (infravermelho). O grande avanço dessa tecnologia
foi verificado quando se utilizou MED’s com ondas curtas, com comprimento da ordem de
centímetros a alguns metros, os quais proporcionavam uma precisão da ordem de ±0,3 a 0,1
cm/km.
Inicialmente os MED’s eram simplesmente chamados de distânciômetros eletrônicos e
utilizavam-nos acoplando-se a um teodolito convencional. Atualmente esta tecnologia é utilizada
em larga escala nos equipamentos chamados Estações Totais, equipamentos com tecnologia mais
avançada que permitem não só a obtenção das distâncias com grande precisão, bem como obter
eletronicamente as informações angulares e armazenar estas informações em uma memória
interna possibilitando descarregar essas informações em microcomputadores.
Os grandes avanços que a tecnologia dos MED’s proporcionaram aos trabalhos
topográficos, geodésicos e cartográficos é inquestionável, entretanto juntamente com esses
grandes benefícios surgem também grandes preocupações para com o uso racional destes
instrumentos. Assim como outros equipamentos, estes também proporcionam erros sistemáticos,
necessitando assim um conhecimento seguro de suas boas condições de funcionamento, obtida a
partir de tecnologias para sua aferição e controle de precisão. Segundo LOCH e CORDINI
(1995) não há no Brasil, salvo algumas exceções, um controle usual para verificação sistemática
dos equipamentos de acordo com uma precisão pré-estabelecida. Isto significa dizer que não há
uma regulamentação que obriga os usuários a realizar manutenções e aferições dentro de um
tempo estabelecido por lei, uma vez que estas são necessárias devido ao tempo de uso e
envelhecimento dos instrumentos.

8.5.1. Princípios de Funcionamento

A medida eletrônica de distâncias utiliza como princípio básico o tempo que uma
onda eletromagnética leva para percorrer duas vezes (ida e volta) a distância a ser
determinada. Baseia-se na emissão/recepção de sinais luminosos (visíveis ou não) ou de
microondas que atingem um anteparo ou refletor. A distância entre o emissor/receptor e o
anteparo ou refletor (prisma) é calculada eletronicamente e, segundo KAVANAGH e
BIRD (1996), baseia-se no comprimento de onda, na freqüência e velocidade de
propagação do sinal.
Uma vez conhecendo-se a velocidade (v) de propagação da radiação
eletromagnética e se o tempo (t) for medido, a distância a ser determinada seria obtida
pela equação:

v∗t
D=
2
Considerando v = 3 x 108 m/s (velocidade da luz) e aplicando a lei de propagação
de erros à equação anterior tem-se:

v2 3 × 10 8
σ 2
D = ∗σ 2t isto é: σ D = ∗σ t
4 2
Dessa maneira, admitindo-se σt = ±10-7 s então σD = ± 15 m. Assim, um
pequeno erro na determinação do tempo (10-7 s) acarretaria uma imprecisão considerável
na distância D.
Nos MED’s que utilizam como sinal emitido o infravermelho, a onda portadora é
gerada pr um diodo luminescente de arseniato de gálio (GaAs) com comprimento de onda
variando de 0,80 a 0,93 μm, os quais possuem menor eficiência em condições de altas
temperaturas, necessitando-se, portanto, protegê-los contra a luz solar direta.
Segundo (HERREWEGEN, 1977), a precisão do instrumento ou o perfeito ajuste
de uma série de medidas em comparação a valores padrões, basicamente depende da
estabilidade da freqüência de modulação f e da acuracidade das medidas das diferenças de
fase, enquanto que a acurácia depende da distância medida. Para obter precisão razoável
para a determinação da distância a partir da medida da diferença de fase deve-se
determinar um certo intervalo de tempo com precisão na ordem do intervalo de 1 x 10-11 a
1 x 10-14 do segundo.

Devido à dificuldade na obtenção do tempo com tamanha precisão, esse princípio


não pode ser aplicado dessa forma tão simples para a obtenção da medida.
Segundo HERREWEGEN (1977) e SCHWENDENER (1972), A grande maioria
dos MED’s adotam para o cálculo da distância a seguinte expressão:

N ∗ C0 φ C
D= + ∗ 0
2nf 2π 2n2 f 8.5.1

9 D = distância medida (eletrônica)


9 n = índice de refração do ambiente
9 C0 = velocidade da luz no vácuo
9 f = freqüência de modulação
9 φ = ângulo de fase entre sinais emitido e recebido
9 Z0 = erro de zero ou constante aditiva
9 N = número de meio-comprimento de onda (λ/2).

Percebe-se, portanto, que a medição eletrônica utiliza o método de comparação de


fase ou a medida da defasagem entre a onda emitida e a onda de retorno. Assim, uma
onda eletromagnética de alta freqüência, denominada onda portadora, é modulada em
amplitude com um sinal de comprimento de onda muito maior e emitida de maneira
contínua.
Modular uma onda significa modificar sua amplitude, a freqüência ou a fase de
uma onda de alta freqüência a partir de uma outra onda auxiliar de baixa freqüência.

Figura 8.23 – Princípio de medição de distâncias em MED’s.

Na Figura 8.23 acima, um sinal de freqüência f é emitido a partir da estação onde


se encontra o MED em um meio isotrópico. Assim o sinal é refletido por prismas e
retransmitido para a estação onde se gerou o sinal, que será analisado e utilizado para
calcular a distancia. Como as duas estações estão fixas não haverá efeito DOPPLER,
sendo assim a freqüência f de saída é a mesma refletida.

λ ∆λ

λ/2 λ/2 2π
b”

A B
a a’ b b’

D
Figura 8.24 – Aspectos gerais de determinação da distância.
Sendo ∆φ a diferença de fase correspondente ao intervalo de tempo ∆t, referente a
um sinal com a forma senoidal, como na Figura 8.24, tem-se:

Δφ = ω ∗ Δt = 2 ∗ π ∗ f ∗ Δt 8.5.1 (a)
onde ω é a velocidade angular da onda e f a freqüência de modulação.
O sinal recebido pelo refletor em B (prismas) estará em fase com o sinal emitido
em A (distânciômetro) sempre que a distância D for tal que:

Δφ = N ∗ 2π 8.5.1 (b)
Substituindo a equação 8.5.1 (b) na equação 8.5.1 (a) tem-se que:

Δt = N ∗ T 8.5.1 (c)onde T = 1/ f, ou seja, o período.

Considerando (v) a velocidade de propagação da onda eletromagnética (o.e.m) no


meio ambiente, tem-se:

D = v ∗ Δt 8.5.1 (d) ou

N
D = v∗ 8.5.1 (e) ou ainda D = N ∗λ 8.5.1 (f), onde λ = v / f.
f

Segundo LOCH e CORDINI (1995) as ondas emitidas pelos MED’s tem a forma
senoidal e são representadas pelas expressões:

v A = V A sin ω ⋅ t sinal em A. 8.5.1 (g)

vB = VB sin (ω ⋅ t + Δt ) sinal em B. 8.5.1 (h)


Substituindo a equação 8.5.1 (d) na equação 8.5.1 (h) temos:

⎛ D⎞
vB = VB sin ⎜ ω ⋅ t + ⎟ 8.5.1 (i)
⎝ v⎠
onde vA e vB são as tensões instantâneas em um ponto A (emissão) e B (reflexão)
respectivamente, e VA e VB são as tensões máximas do sinal.
O medidor de fase é capaz de medir a diferença de fase dentro do intervalo de 0 a
2π (∆φ’). A partir de um mecanismo que determine o número N de meio-comprimentos
de onda, a medida de diferença de fase de sinais entre os pontos de emissão e reflexão
permite calcular a distância a ser determinada:

Δφ = N ∗ 2π + Δφ ' 8.5.1 (j)

D = N ∗ λ + Δλ 8.5.1 (k)
Em caso do refletor estar instalado em a, a’, b, b’ (conforme Figura 6.8), o
instrumento não registrará diferença de fase e a distância D será determinada apenas em
função do número N de meio-comprimento de onda (λ/2).

D = N ∗ (λ / 2) 8.5.1 (l)

Entretanto, quando o refletor está em uma posição qualquer (maioria das vezes), o
instrumento é capaz de registrar não só o número N de meio-comprimento de onda, bem
como a diferença de fase b” (Figura 6.8) equivalente ao comprimento de onda ∆λ, que é
uma fração do meio-comprimento de onda.
Assim, a equação 5.2.1 (k) assume a forma:

D = N ∗ (λ / 2) + Δλ 8.5.1 (m)
Esta equação é basicamente a mesma da equação 8.5.1, retirando a constante
aditiva Z0, porém representada de uma forma mais simplificada.

8.5.2. Condições Atmosféricas Padrão

Segundo DAVIS (1996), os MED’s são fabricados adotando-se uma atmosfera


onde o seu índice de refração η1 é calculado a partir de parâmetros de temperatura do ar
seco, pressão atmosférica e percentagem de gases misturados na atmosfera. Este índice de
refração é definido por cada fabricante em função do tipo de onda eletromagnética
emitida, onde para os equipamentos de microondas se utiliza o valor de η1 = 1,000325 e
para os equipamentos que utilizam o infravermelho η1 = 1,000274 com variações entre
diferentes modelos:
Distânciômetro Modelo Índice de Refração η1
WILD DI10 1,000282
TELLUROMETER MA-100 1,000274
Fonte: LOCH e CORDINI (1995)

Normalmente, uma medida tomada com um distânciômetro nem sempre é


compatível com as condições metereológicas do meio onde se está executando a medição.
Por definição um comprimento de onda padrão λ pode ser calculado pela seguinte
expressão:

v C0
λ= = 8.5.2 (a)
f nf
Em condições ambientes específicas, pode ser representada como:

v1 C0
λ1 = = 8.5.2 (b)
f n1 f
onde λ1 = comprimento de onda padrão
η1 = índice de refração padrão.
Nestas condições, a distância calculada pelo distânciômetro será:

D1 = N ∗ (λ1 / 2) + Δλ1 8.5.2 (c)

C0
D1 = N ∗ + Δλ1
2n1 f 8.5.2 (d)

8.5.3. Condições Atmosféricas Ambientes

Normalmente, no campo onde se está tomando os dados o índice de refração


atmosférica é diferente daquele índice padrão calculado pelos fabricantes em condições
metereológicas específicas. Logo, para uma medida em campo o valor correto do
comprimento de onda será dado pela expressão:

v2 C0
λ2 = = 8.5.3 (a)
f n2 f
onde λ1 = comprimento de onda padrão
η1 = índice de refração padrão.
Nestas condições, a distância calculada pelo distânciômetro será:

D2 = N ∗ (λ2 / 2) + Δλ2 8.5.3 (b)

C0
D2 = N ∗ + Δλ2
2n2 f 8.5.3 (c)

n1 φ C0
Δλ2 = Δλ1 ∗ = ∗
Segundo GRIPP JR. (1986),
n2 2π 2nf 8.5.3 (d).

Com o objetivo de uniformizar a notação da expressão final, toma-se n2 = n e D2 =


D obtendo-se a expressão comumente encontrada na literatura:

N ∗ C0 φ C
D= + ∗ 0
2nf 2π 2n2 f 8.5.3 (e)

8.5.4. Constante Aditiva (Z0)

Segundo GRIPP JR. (1986), o erro de zero ou constante aditiva é a distância entre
o centro eletrônico e o centro geométrico do aparelho. Nos MED’s mais modernos, tem-se
procurado anular este erro, entretanto sempre é necessária uma aferição periódica do
equipamento devido ao uso constante e envelhecimento do aparelho. Em aparelhos em
que este valor deve ser considerado, normalmente o fabricante fornece o valor admissível
para este erro. Um procedimento que se estabelece para determinar o valor da constate
aditiva consiste em determinar uma distância entre dois pontos segundo o esquema
representado na Figura 8.25 a seguir:
d’1

d’2 d’3
C
A B

Figura 8.25 – Prática para determinação do erro de zero ou constante aditiva.

Considere:

d1 = d '1 + Z 0 ; d 2 = d '2 + Z 0 e d 3 = d '3 + Z 0 .

Se d1 = d 2 + d 3 então Z 0 = d '1 −(d '2 +d '3 )

onde d’1, d’2 e d’3 são as distâncias medidas e d1, d2 e d3 são as distâncias
verdadeiras. Assim acrescentando esta constante à formula 8.5.3 (e) obtém-se a fórmula
inicial apresentada para o cálculo da distância a partir de um distânciômetro.

8.5.5. Erros cometidos na Medição Eletrônica de Distâncias.

Várias são as fontes de erros que ocasionam imprecisões na medição de distâncias


com MED’s. Dentre outras destacamos:
a) Erro na centragem do MED e do refletor.
b) Erro de pontaria.
c) Erro na altura dos instrumentos.
d) Fatores externos que podem afetar os instrumentos.
e) Desconhecimento do MED por parte do operador.
f) Erros de alinhamento ocasionados por problemas do sistema ótico do MED.

Erros devidos ao processo eletrônico de obtenção da distância:


g) Erro no valor adotado para a velocidade de propagação das ondas
eletromagnéticas. O valor atualmente recomendado pela União Astronômica
Internacional é de 299.792.458 ±1,2 m/s.
h) Erro no índice de refração.
i) Erro na freqüência de modulação.
j) Erro na determinação da diferença de fase.
k) Erro de zero ou constante aditiva.
l) Erro de fase ou erro cíclico, que é um erro proveniente de falhas na
determinação da diferença de fase; surge em conseqüência de variações bruscas da
fase, entre a emissão e a recepção do sinal. É um erro sistemático de natureza
cíclica, com período igual à metade do comprimento da onda moduladora e que
possui variação conforme a distância a ser medida.

8.5.6. Correções efetuadas nas distâncias fornecidas pelos MED’s

Uma vez inserindo os parâmetros solicitados nos equipamentos, os MED’s mais


modernos normalmente já executam algumas correções para os valores de distâncias que
são fornecidos. Entretanto, algumas correções devem ser efetuadas posteriormente, entre
elas podemos citar:

a) Correção Meteorológica(Cm).

n0
Cm = , onde n0 = índice de refração para a atmosfera padrão e n = índice de
n
refração no local da determinação,
4,8864 0,0680
(n0 − 1) ∗ 10 6 = 287,604 + + onde λ = comprimento da onda
λ 2
λ4
portadora, que é fornecido pelo fabricante e

(n − 1) = 0,359408 ∗ (n0 − 1) ∗ P − 15,02


∗ 10 −6 ∗ e
273,15 + t 273,15 + t
onde:
t = temperatura do ar em ºC;
P = pressão atmosférica em mmHg;
O valor de e será obtido por:

⎛ t' ⎞
e = e'−0,0006606 ∗ P ∗ (t − t ') ∗ ⎜1 + ⎟
⎝ 872,778 ⎠
Com t = temperatura do ar (bulbo úmido) em ºC;
t’ = temperatura do ar (bulbo seco) em ºC;
e’ = pressão do vapor saturado em mmHg, obtido pela equação

e' = 4,5828895 ∗ 10 7 ,5t /( 237 ,3+t ) .

Recomendações:
Durante os trabalhos de campo as temperaturas (seca e úmida) e a pressão
atmosférica devem ser obtidas nas extremidades da linha medida. Recomenda-se utilizar
um aneróide com precisão de ±0,2ºC.
Assim, a distância inclinada (Dm) corrigida dos efeitos metereológicos será
dada por:
D m = Di × C m

b) Redução ao Horizonte (Dh)


Para reduzir a distância ao horizonte basta utilizar a seguinte expressão:

Dh = Dm ∗ senZ ou ainda Dh = Dm ∗ cos I


Nos MED’s atuais pode obter diretamente o valor da distância reduzida ao
horizonte, conhecida também como distância horizontal.

c) Redução ao Geóide (ao nível do mar) (Dg)


Para reduzir a distância ao geóide toma-se a equação:

⎛ h⎞
Dg = Dh ∗ ⎜1 − ⎟
⎝ R⎠
onde h = altitude do MED
R = raio médio terrestre.
d) Redução ao elipsóide (De)

⎛ h h2 ⎞
De = Dh ∗ ⎜⎜1 − + 2 + .... ⎟⎟
⎝ R R ⎠
onde Dh = distância reduzida ao horizonte
R = raio de curvatura da seção normal ao elipsóide
H = altitude geométrica ou elipsoidal que é dada por h = h+ N
Com h = altitude ortométrica e N = ondulação geoidal.

e) Obtenção da diferença de Nível (dn)

d n = Dm ∗ senα + (i − l ) ou ainda d n = Dm ∗ cos Z + (i − l )


sendo i = altura do MED
l = altura do refletor (prisma).
Para corrigir a diferença de nível segundo a curvatura terrestre e a refração
atmosférica adicionamos à expressão acima os termos:

d n = Dm ∗ senα + (i − l ) + (E − r )
ou ainda

d n = Dm ∗ cos Z + (i − l ) + (E − r )
onde: r = efeito da refração atmosférica;
E = efeito da curvatura terrestre.

D2
r = k∗E e E= com k = 0,1306 (coeficiente de refração de
2R
Gauss).
9. MÉTODOS DE LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS

9.1. Levantamentos Planimétricos


A obtenção da planta planimétrica é obtida a partir de levantamentos planimétricos que
visam a realização de algumas operações de campo para determinação de direção, ângulos e
distâncias, a fim de obter as coordenadas topográficas de pontos representativos do terreno,
possibilitando sua representação de forma confiável. Este levantamento é executado sobre pontos
materializados no terreno, denominados estações, os quais formarão a poligonal utilizada para o
levantamento.
Um levantamento planimétrico visa a determinação de todos os acidentes físicos naturais
ou artificiais que caracterizam o terreno, tais como, edificações em geral, cursos de água, infra-
estrutura urbana, talvegues, grotas, árvores de porte, entre outros.
As estações são materializadas por meio de piquetes de madeira de lei com um prego
cravado em seu topo a fim de permitir perfeita centragem, sendo utilizado também uma estaca
testemunha para facilitar a localização do piquete, como mostra a figura abaixo. Geralmente, as
dimensões da estaca é 3 X 3 X 15 cm, enquanto a testemunha é 4 X 1 X 30 cm.

Figura 9.1– Exemplos de piquetes e estacas.

No caso de georreferenciamento de imóveis rurais haverá a necessidade de


materialização dos vértices que definem os limites do imóvel a ser levantado e também das
estações que determinam o apoio à poligonal. Essa materialização deverá ser realizada a partir de
marcos com as seguintes determinações estabelecidas pela norma técnica:
a) Marco de concreto: traço 1:3:4, alma de ferro Ø 4,2 mm, forma tronco piramidal e
dimensões 8 x 12 x 60 cm, conforme modelo do Anexo VII; o topo do marco deverá
conter uma chapa de metal: aço inoxidável, latão, cobre ou bronze contendo identificação
do vértice.
b) Marco de granito: forma tronco piramidal e dimensões 8 x 12 x 60 cm, o topo do
marco deverá conter uma chapa de metal, cobre ou bronze contendo identificação do
vértice.
c) Marco de ferro: tubo de ferro galvanizado com Ø 49,5 mm, 900 mm de comprimento,
base pontiaguda com dispositivos que dificultem a sua retirada (espinha de peixe)
conforme modelo do Anexo VIII; topo revestido por chapa de ferro contendo
identificação do vértice.
d) Marco de material sintético: alma de ferro Ø 4,2 mm, forma tronco piramidal e
dimensões 8 x 12 x 60 cm; o topo do marco deverá conter uma chapa de metal: aço
inoxidável; latão, cobre ou bronze contendo identificação do vértice.

Ambos os tipos de marcos deverão aflorar cerca de 10 cm do solo natural;

A materialização do ponto sobre o marco será realizada a partir de uma plaqueta de


identificação, sobre a qual deverão estar indicados as iniciais do profissional bem como a
codificação utilizada para identificação única do marco.
9.2. Métodos de Levantamentos
Existem diferentes técnicas utilizadas para a determinação de pontos sobre a superfície
terrestre, entre as quais podemos citar:
- Triangulação;
- Trilateração;
- Poligonação.
Destas, a mais amplamente utilizada atualmente em levantamentos cadastrais é a
Poligonação, a qual garante grande simplicidade, praticidade nas operações de campo, além de
ser um método confiável e preciso.
Na poligonação os vértices são implantados em campo seqüencialmente ao levantamento
formando polígonos fechados ou abertos de forma a cobrir toda a área de trabalho. A medida em
que o polígono avança são medidos os ângulos formados entre alinhamentos sucessivos e as
distâncias de cada lado.

Segundo a Norma Técnica do Incra, as poligonais para fins de demarcação deverão


obedecer alguns critérios técnicos. A finalidade destas poligonais e proporcionar o levantamento
de imóveis rurais, demarcando-o segundo limites respeitados pelos confrontantes, fornecendo
coordenadas dos vértices e das divisas, permitindo a sua caracterização. Estas deverão partir e
chegar em pontos distintos da Poligonal Geodésica de Apoio à Demarcação.
Descrição Taqueométrica Eletrônica
1 Desenvolvimento (recomendável) (recomendável)
Espaçamento entre estações Até 150 m Até 500 m
Comprimento máximo do desenvolvimento 15 km 15 km
2 Edição Angular Horizontal
Método das direções das direções
Instrumento (classificação ABNT) precisão baixa precisão baixa
Número de Séries 1 (CE e CD) 1 (CE e CD)
Número de posições p/ série 2 2
3 Medição dos lados 1 (FI, FM, FS) 2 leituras válidas
Número mínimo de séries de leituras recíprocas
4 Controle Azimutal
Número máximo e lados sem controle 25 15
Erro de fechamento máximo em azimute para direções de controle 1’ 1’
5 Medição angular vertical
Número de séries 1 1
Valor máximo da diferença entre leituras verticais 20” 20”
Número máximo de lados entre pontos de altitudes conhecidas 25 15
Valor máximo do erro de fechamento altimétrico 20 mm/Km 20 mm/Km
6 Fechamentos:
Angular
Linear (coordenadas)
Valor máximo para o erro relativo em coordenadas após a compensação 1/1000 1/2000
em azimute.
Tabela 9.1 – Poligonais Geodésicas para Levantamento e Demarcação (CONTROLE IMEDIATO). Fonte:
Norma Técnica de Georreferenciamento – INCRA.

Em uma poligonação, o levantamento é realizado pelo método de caminhamento, onde se


procura percorrer todo o contorno que delineia os vértices a serem levantados, obtendo-se os
valores angulares e lineares, tanto para os pontos da poligonal quanto para as irradiações. Após o
levantamento em campo, e com a determinação das coordenadas dos pontos de partida e
referência com equipamentos GPS, realizam-se algumas transformações destas coordenadas e em
seguida o cálculo da poligonal, determinando as coordenadas de todos os vértices da poligonal
bem como dos detalhes (divisas, construções, áreas de preservação, etc.) já no sistema de
projeções UTM.
Segundo a NBR 13.133, as poligonais são classificadas em:

a) Poligonal Principal: determina os pontos de apoio topográfico de primeira ordem.


b) Poligonal Secundária: esta poligonal se apóia em pontos da poligonal principal e
determina os pontos de apoio topográfico de segunda ordem;
c) Poligonal Auxiliar: poligonal que, baseada nos pontos de apoio topográfico
planimétrico, tem seus vértices distribuídos na área ou faixa a ser levantada, de tal
forma que seja possível coletar, direta ou indiretamente, por irradiação, interseção ou
coordenadas sobre uma linha de base, os pontos de detalhes de interesse ao
levantamento.

Dentre os tipos de poligonais definidos em Norma, daremos ênfase às poligonais de


demarcação, tendo em vista que o transporte de coordenadas por meio de técnicas convencionais
se torna um trabalho muito oneroso e que demanda tempo e cuidados do profissional para que
não se recorra em erros graves. Normalmente, em sua grande maioria e de preferência, aconselha-
se que os pontos de apoio básico sejam determinados por meio de técnicas de rastreamento de
sinais de satélites do GPS com as convenientes técnicas de processamento e redução ao elipsóide.

No caso de Poligonais Geodésicas para levantamento e demarcação, as quais serão muito


utilizadas principalmente em áreas cobertas e que impossibilitam o uso de receptores GPS,
poderão ser utilizadas somente poligonais fechadas ou enquadradas em dois pontos, uma vez que
estes tipos de poligonais permitem a avaliação e distribuição dos erros de fechamento,
proporcionando um controle de qualidade segundo as especificações da norma técnica,
apresentadas na tabela anterior. A determinação das poligonais deve manter uma configuração
como apresentado nas Figuras a seguir:
Figura 9.2 – Exemplo de Poligonal Fechada com Ponto de Apoio.

Figura 9.3– Exemplo de Poligonal Apoiada em dois Pontos.

9.3. Calculo de Poligonais


9.3.1. Exemplo para o cálculo de Poligonal Fechada
Após o levantamento dos dados de campo (ângulos, método das direções, e distâncias)
inicia-se a etapa de cálculos para determinação das coordenadas e dos erros de fechamento. Este
cálculo se inicia a partir do ponto de partida, onde deve-se determinar o azimute deste ponto para
o ponto de referência da poligonal. Como as coordenadas geodésicas destes dois pontos devem
ser previamente determinadas a partir do posicionamento com receptores GPS, o azimute inicial
será determinado por meio destas, após a transformação para coordenadas topográficas locais,
procedimento este que veremos mais adiante. Em princípio, consideremos que a partir das
observações feitas por GPS, se definiu o ponto de partida da poligonal como origem do plano
topográfico com coordenadas iniciais e arbitrárias X0, Y0 com sua respectiva altitude. Somada a
estas coordenadas determinou-se o azimute da estação de partida (E1) para o ponto de referência
(E0).

Figura 9.4– Exemplo de Poligonal fechada.

∆Y

∆X

Figura 9.5– Cálculo de azimute.

A partir do azimute inicial (AZ0) de partida e do ângulo horário α1 (Ah E0–E1–E2) se calcula o
azimute da estação E1 para a estação E2, através da seguinte expressão:

AZ E1− E 2 = AZ 0 + α1 − 360º
Sabendo-se as coordenadas do ponto de partida E1 e azimute de E1 para E2 calcula-se as
diferenças de coordenadas entre os pontos E1 e E2, através das seguintes expressões:
ΔX = D × senAZ
ΔY = D × cos AZ

Assim, determina-se as coordenadas do ponto E2 somando-se as diferenças encontradas


acima pelas coordenadas do ponto E1. E assim sucessivamente para todos os pontos do
levantamento, inclusive as irradiações.

X E 2 = X E1 + ΔX
YE 2 = YE1 + ΔY

Verificação do erro de fechamento angular


Inicialmente, antes de se iniciar o transporte das coordenadas, deve-se realizar a
verificação do erro de fechamento angular da poligonal. Para isso, soma-se todos os
n
ângulos horizontais obtidos em campo ( Σ α m ), comparando o resultado encontrado com o
i =1

valor esperado, onde em um polígono qualquer de n lados, o somatório dos ângulos


externos ou internos é calculado pelas seguintes expressões, respectivamente:

Σ α e = (n + 2) × 180º Σ α i = (n − 2) × 180º
n n

i =1 i =1

Onde n é o número de estações da poligonal.


O erro angular (ea) cometido será calculado por:
n n
ea = Σ α m − Σ α e
i =1 i =1

Caso sejam medidos em campo os ângulos internos, deve-se utilizar a seguinte expressão:
n n
ea = Σ α m − Σ α i
i =1 i =1

Este erro terá que ser menor que a tolerância angular estipulada, a qual pode ser
entendida como o erro angular máximo aceitável nas medições. Se o erro cometido for
menor que o erro aceitável, procede-se à distribuição do erro cometido entre as estações e
posteriormente se inicia o cálculo dos Azimutes.
Normalmente a tolerância angular pode ser calculada pela expressão
Ta = p × N , onde p é a precisão nominal do equipamento utilizado. Para fins de

georreferenciamento a tolerância angular definida em norma é de 1' N para poligonais


de demarcação, seja para levantamentos eletrônicos (estações totais) ou com teodolitos,
onde N é o número de vértices da poligonal. Nos casos em que o erro cometido é maior
que o erro tolerável será necessário refazer as medições angulares.

Cálculo dos Azimutes


Como visto anteriormente, a determinação do azimute é realizada apenas para a
direção inicial de partida da poligonal sendo, portanto, necessária a obtenção do azimute
das demais direções da poligonal. O cálculo destes azimutes é realizado a partir dos
ângulos horizontais lidos em campo. Em geral, observando a figura a seguir, pode-se
utilizar as seguintes expressões para o cálculo do azimute a partir do ângulo horizontal:
AZE2 Æ E3

α2
AZE1 Æ E2
E2
α1
E3
E1
AZE1 Æ E0

E0
Figura 9.6– Cálculo de azimute.

Az Ei → Ei+1 = Az Ei−1 → Ei + α i − 180º

Após a determinação do azimute se utiliza das equações demonstradas anteriormente


para o cálculo de ΔX e ΔY, e por fim determina-se as coordenadas do ponto e questão.

Cálculo do Erro de Fechamento Linear


Com os procedimentos acima executa-se o cálculo das coordenadas até retornar ao
ponto de partida, cujas coordenadas também serão calculadas. Sendo assim, compara-se
as coordenadas calculadas coma as coordenadas iniciais de partida. A partir da diferença
de coordenadas ΔX e ΔY neste ponto de partida se determina o erro de fechamento linear.

Figura 9.7– Cálculo do erro de fechamento linear.


O erro planimétrico pode ser decomposto em duas componentes:

Figura 9.8 – Componentes do erro de fechamento linear.

onde:

e x = X OPP − X OPP e y = YOPP − YOPP


CALCULADA FORNECECIDA CALCULADA FORNECECIDA

Assim, o erro de fechamento linear será determinado pela seguinte expressão:


2 2
e p = ex + e y
Após o cálculo do erro linear, deve-se fazer uma verificação se este ficou acima da
tolerância linear permitida, que para poligonais de demarcação a norma técnica de
georreferenciamento estabelece um erro relativo de 1/1000 para poligonais feitas por
taqueometria e de 1/2000 para poligonais feitas com estações totais. No caso do erro estar
dentro da tolerância estipulada, procede-se a correção do erro linear que é feito
proporcionalmente às distâncias medidas. A correção será independente para as
coordenadas X e Y, e será realizada através das seguintes equações:

d i −1,i d i −1,i
Cxi = −e x × Cyi = −e y ×
Σd Σd
onde:
Cxi = Correção para a coordenada Xi Σd = Somatório das distâncias
Cyi = Correção para a coordenada Yi di-1,i = distância parcial.
Estas correções deverão ser somadas às coordenadas calculadas para o ponto em questão.
10. PLANO TOPOGRÁFICO LOCAL

10.1. Definição do Plano Topográfico Local

É definido por um sistema plano-retangular X,Y que representa as posições de pontos de


um levantamento topográfico. Uma terceira grandeza, a altura (cota ou altitude) junta-se às
coordenadas planas X e Y, determinando a posição tridimensional dos pontos. A origem deste
sistema de coordenadas planas é um vértice geodésico com coordenadas geodésicas conhecidas e
o plano de referência é tangente, neste ponto, ao geóide, ou matematicamente, à superfície de
referência (elipsóide de referência) do sistema geodésico adotado.

Figura 10.1– Definição do Plano Topográfico Local.

Assim, todas as distâncias e ângulos determinados nas operações topográficas são


pressupostos como sendo a projeção em verdadeira grandeza sobre o Plano Topográfico Local.
Neste caso há uma coincidência da superfície de referência com o plano tangente a esta
superfície, o que permite concluir que há uma desconsideração da curvatura da Terra. Entretanto,
esta desconsideração só é admitida desde que os erros desta abstração não ultrapassem os erros
provenientes das operações topográficas, face à precisão dos instrumentos de medição e
processos de cálculo empregados.
10.2. Extensão do Sistema Topográfico Local

A extensão do Sistema Topográfico Local é limitada pela precisão requerida para a


determinação das posições dos pontos no processo de levantamento e do erro ocasionado pela
desconsideração da curvatura terrestre, em um alinhamento definido pela distância do ponto mais
afastado do levantamento em relação à origem do sistema.
Seja a Figura 10.2, onde SF é um trecho da Superfície Física, PT é o plano tangente ao
geóide na origem do Sistema Topográfico (ponto A1), R é o raio da Terra, supostamente esférica.
Seja B um ponto da superfície física, cuja projeção sobre o plano tangente é definida pelo ponto
B1, e sobre o geóide é o ponto B2.
Sejam D e D1 as distâncias entre os pontos A e B referidas ao geóide A1B2 e ao plano
tangente A1B1, respectivamente.

Figura 10.2 – Erro devido à curvatura da Terra.

Verifique que:
D1 = A1B1 = R . tan α (1)
Admitindo-se que α é um ângulo muito pequeno, pode-se escrever:
D = arco A1B2 = R.α (2)
A diferença entre D1 e D é denominada de erro planimétrico (ΔD) devido à curvatura da
Terra, portanto:
ΔD = D1 – D (3)
ΔD = R . tan α – R.α = R (tan α – α) (4)

Sendo o ângulo central α muito pequeno, convém desenvolver a função tangente em série
de potências:
tan α = α + α3/3 + 2α5/15 + 17α7/315 + ... (5)

Limitando a expressão ao segundo termo deste desenvolvimento e substituindo a


expressão (5) na equação (4) tem-se:
ΔD = R. α3 (6)
3

Da expressão (2) tem-se α em função de R e D:


α = D/R Æ α3 = D3/R3 (7)

Inserindo a equação (7) na equação (6) tem-se:

ΔD = D3/3R2 (8)

Esta é a expressão do erro planimétrico devido à curvatura da Terra. O erro ΔD


corresponde a um erro ε na escala E da planta, ou seja:

ΔD = ε/E (9)

Fazendo E = 1/M, onde M é o “módulo da escala”, tem-se:


ΔD = ε x M (10)

O erro ε é a menor dimensão que se pode perceber em uma planta topográfica, ou à


espessura do traço mais fino do desenho. A seguir, estão consignados na Tabela abaixo, diversos
valores de distâncias calculadas sobre o geóide e sobre o plano tangente de referência, incluindo
também os erros planimétricos “absolutos” e “relativos”.

α D1 = R . tan α D = R.α ΔD (m) δ


8’ 14823,690 14823,663 0,027 1 : 550.000
9’ 16676,659 16676,621 0,038 1 : 430.000
10’ 18529,631 18529,579 0,052 1 : 350.000
12’ 22235,585 22235,495 0,090 1 : 250.000
12,5’ 23007,661 23007,560 0,100 1 : 230.000
13’ 24088,567 24088,453 0,115 1 : 210.000
13,1’ 24335,632 24335,514 0,118 1 : 205.000
13,25’ 24551,814 24551,692 0,122 1 : 201.000
13.5’ 25015,060 25014,932 0,129 1 : 190.000
15’ 27794,545 27794,368 0,176 1 : 150.000
R = Raio Médio da Terra = 6370 Km
δ = erro relativo aproximado

• Os valores ideais para a extensão do Sistema Topográfico Local são admitidos como sendo
de 80 km para um erro relativo máximo de 1:15.000;
• Para cartografia de âmbito municipal: 70 km para em erro relativo máximo de 1:20.000;
• Para cartografia, em áreas urbanas e especiais: 35 km para um erro relativo máximo de
1:100.000

Entretanto, pode-se reduzir estes valores considerando-se o relevo do terreno. A altitude


da maioria dos pontos do terreno não deve variar de ± 150 m da altitude média do terreno
conforme a finalidade do levantamento topográfico. Tanto no caso dos valores ideais para a
determinação da área de abrangência do sistema como no de suas reduções em função do relevo
do terreno, deve-se estabelecer novos planos tangentes de modo que cada sistema apresentará
uma origem distinta, porém “amarrados” entre si em pontos comuns cujas coordenadas
geodésicas são conhecidas.
Nos levantamentos topográficos regulares, em função dos instrumentos utilizados no
processo de medição e das metodologias de cálculo empregadas, admite-se erros relativos da
ordem de 1:200.000. Isto equivale a um erro de aproximadamente 10 cm em 20 km. Logo pode-
se concluir que não há a necessidade de correção do erro devido à curvatura nestas
circunstâncias, sendo que a partir deste limite a curvatura da terra já não se torna desprezível.
Convém, entretanto, verificar a escala da planta e o erro admissível conseqüente, e assim efetuar
ou não a correção ΔD. Por outro lado, na maioria dos casos o levantamento topográfico não
excede o espaço do terreno limitado por uma malha do canevas geodésico (lados entre 5 e 6 km),
o que permite admitir a hipótese de que em uma porção do terreno nestas circunstâncias, a
curvatura terrestre é desprezível.

10.3. O Sistema Topográfico Local

O sistema topográfico local, conforme consta na NBR 13133 (1994), pode ser descrito
pelas seguintes características:

a) as projetantes são ortogonais à superfície de projeção, ou seja, o centro de projeção está


localizado no infinito;
b) a superfície de projeção é um plano normal à vertical do lugar no ponto da superfície
terrestre considerado como origem do levantamento, sendo seu referencial altimétrico referido ao
datum vertical brasileiro;

c) as deformações máximas inerentes a desconsideração da curvatura terrestre e a refração


atmosférica podem ser definidas (de forma aproximada) pelas seguintes expressões:
l = - 0,004 mm/3 Km;
h = + 78,5 mm/2 Km;
h’ = + 67,0 mm/2 Km;
onde:
l = deformação planimétrica devido à curvatura da Terra, em mm
h = deformação altimétrica devido à curvatura da Terra em mm
h’= deformação altimétrica devido ao efeito conjunto da curvatura da Terra e da refração
atmosférica, em mm/distância considerada no terreno, em Km.

d) o plano de projeção tem a sua dimensão máxima limitada a 50 Km a partir da origem


de maneira que o erro relativo, decorrente da desconsideração da curvatura terrestre, não
ultrapasse 1/35000 nesta dimensão e 1/15000 nas imediações da extremidade desta dimensão.

e) a localização planimétrica dos pontos, medidos no terreno e projetados no plano de


projeção, se dá por intermédio de um sistema de coordenadas cartesianas, cuja origem coincide
com a do levantamento topográfico.

Conforme a alínea (e), temos que, em um levantamento topográfico a posição relativa dos
pontos da superfície terrestre é caracterizada pelas coordenadas num sistema cartesiano
ortogonal, em duas dimensões (Ver Figura 2.2). A origem dos dois eixos cartesianos coincide
com a origem do sistema topográfico local, onde o eixo das ordenadas (Y) está orientado segundo
a direção Norte-Sul verdadeira coincidindo-se com a linha do meridiano na origem. O eixo
positivo das abscissas (X) forma 90º na direção Leste.
Figura 10.3 – Coordenadas Plano Retangulares no plano topográfico local.

O sistema topográfico local, face às suas limitações quanto à sua extensão (conforme
visto no item 5.2), permite tratar a superfície matemática da terra, dada pelo elipsóide de
revolução, como sendo supostamente uma esfera (esfera de adaptação de Gauss), onde o raio da
Terra é dado pelo raio médio do elipsóide de referência no ponto definido como sendo a origem
do sistema topográfico local (ver Figura 2.3).
Figura 10.4 – O sistema topográfico local.

Para que todas as distâncias e ângulos determinados nas operações topográficas sejam
considerados como sendo a projeção em verdadeira grandeza sobre o Plano do Horizonte Local,
faz-se necessário elevar o plano à altitude média do terreno, transformando-se assim no plano
topográfico local (ver Figura 2.4).
Figura 10.5 – Conceitos básicos do sistema topográfico local.

Dessa forma, as coordenadas plano retangulares do ponto origem (apoio geodésico ao


levantamento topográfico), devem ser afetadas por um fator de elevação, determinado pela
seguinte expressão:

• c= (Rm+Ht)/Rm.
ou aproximadamente:
• c = 1 + 1,57 x 10 -7 x Ht.

As coordenadas plano retangulares da origem do sistema são dadas por X = 0 e Y = 0.


Entretanto, para evitarmos pontos no plano topográfico com coordenadas negativas, é comum
arbitrar um valor inicial para o ponto de origem, lembrando-se sempre do valor máximo para a
extensão do plano topográfico local (80 Km). Dessa forma as coordenadas do ponto de origem se
apresentarão somadas de termos constantes (exemplo, X = 150.000 e Y = 250.000) KX e KY,
para os os eixos X e Y respectivamente.
Logo, temos que:
X = 0 + KX = KX
Y = 0 + KY = KY
Para orientação dos alinhamentos utiliza-se o azimute plano de suas direções. Este
azimute é dado pelo ângulo formado por uma direção de um determinado alinhamento com o
norte da quadrícula (NQ), sendo o vértice, o ponto inicial deste alinhamento. As linhas paralelas
ao eixo Y no canevas do plano topográfico local se referem às projeções de linhas geodésicas
(meridianos) paralelas ao meridiano da origem (O). Logo, enquanto as direções Norte e Sul
geodésicas, convergem para os pólos, no plano topográfico local as direções são representadas
paralelamente ao meridiano central e representam as direções Norte e Sul de quadrícula. A
diferença angular entre as direções norte-sul geodésica (NG)e norte-sul na quadrícula (NQ) é
definida como a convergência meridiana, que é utilizada para transformar azimute verdadeiro,
determinado pela astronomia, em azimute topográfico que é refereido ao norte de quadrícula e
vice-versa (ver Figura 2.5).
A convergência meridiana (γ) só deve considerada no caso de utilização de elementos
colhidos em planta para locação em campo com a finalidade de aviventação de rumos ou para
elaboração de memoriais descritivos de perímetros de propriedades em registros públicos ou em
ações judiciais. Em plantas de projetos e obras de engenharia, a consideração da convergência
meridiana é irrelevante
A Figura 2.5 representa o comportamento da convergência meridiana em algumas
direções indicadas nos vértices iniciais de cada direção, para um plano topográfico local situado
no hemisfério sul. A convergência meridiana nos pontos situados a leste da origem do sistema
topográfico local, apresenta valores negativos, enquanto à oeste apresenta valores positivos.
Figuras 10.6 – Exemplo da convergência meridiana no hemisfério Sul.

A Figura 2.6 a seguir representa o comportamento da convergência meridiana para um


plano topográfico local, situado no hemisfério norte. A convergência meridiana nos pontos
situados a leste da origem do sistema topográfico local, apresenta valores positivos, enquanto à
oeste apresenta valores negativos.
NQ
NG

Figuras 10.7 – Exemplo da convergência meridiana no hemisfério Norte.

Para o caso da origem do sistema se situar exatamente no equador, conforme pode ser
visto pela Figura 2.7, tem-se as seguintes situações.
Pontos situados no eixo dos X (linha do equador): γ = 0;
Pontos situados no primeiro quadrante: γ > 0;
Pontos situados no segundo quadrante: γ < 0;
Pontos situados no terceiro quadrante: γ > 0;
Pontos situados no quarto quadrante: γ < 0.

Nos dois hemisférios, pontos situados exatamente no mediano da origem têm valores
nulos para a convergência meridiana γ.
Figuras 10.8 – Exemplo da convergência meridiana quando a origem se
situa na linha do equador.

Para estabelecer um sistema topográfico local,deve-se, inicialmente, calcular as


coordenadas plano retangulares dos pontos geodésicos utilizados como apoio geodésico ao
levantamento topográfico. Estas coordenadas são obtidas a partir das coordenadas geodésicas
destes pontos (ϕ,λ) e das coordenadas geodésicas da origem (O) do sistema (ϕo, λo), por
intermédio das fórmulas da solução inversa do problema geodésico de transporte de coordenadas
geodésicas, cujas coordenadas plano retangulares são objetos de determinação.
A origem do sistema (O) pode ser, ou não, um ponto do apoio geodésico. Neste caso
recomenda-se que o mesmo esteja próximo ao centro da área do levantamento.
Caso contrário, pode ser escolhido um ponto qualquer, não necessariamente identificado e
materializado no terreno, sendo as suas coordenadas geodésicas impostas, convenientemente, a
fim de que o ponto mais afastado da área de abrangência do sistema não proporcione um erro
devido à negligência da curvatura da terrestre que exceda o erro possível de ser cometido pela
operação topográfica. A partir das coordenadas plano retangulares dos pontos de apoio geodésico,
calcula-se as demais coordenadas pelo processo convencional da topografia.
11. TRANSFORMAÇÕES DE COORDENADAS
11.1. Transformações de Coordenadas Geodésicas em Topográficas Locais

11.1.1. Problema

Calcular as coordenadas plano retangulares (x, y) de um ponto P de coordenadas


geodésicas (ϕ,λ), a partir das coordenadas geodésicas da origem do sistema topográfico
local ( ϕ o,λo) cujas coordenadas plano retangulares são X 0 , Y0 (arbitrárias).

11.1.2. Fórmulas

X 0 = x0 + k x
Y0 = y0 + k y
x 0 = y0 = 0
k x , k y = constantes arbitrárias

X = x + kx
Y = y + ky

x = − Δλ 1 .cos ϕ 0 . N p .arc1" .c

y=
1
B [ ]
Δϕ 1 + C . x 2 + D .( Δϕ 1 ) + E .( Δϕ 1 ) x 2 + E .C . x 4 .c
2

⎛ Δx ⎞
A = tan −1 ⎜ ⎟
⎝ Δy ⎠
Δx = x − x0 = x
Δy = y − y0 = y

Δλ = λ − λ 0
Δϕ = ϕ − ϕ 0

⎡ (sen 1")2 ⎤
Δλ 1 = Δλ " × correção arco-seno = Δλ"×⎢1 − × (Δλ" ) 2 ⎥
⎣ 6 ⎦
Δϕ 1 = Δϕ" × correção arco-seno =
⎡ Δϕ 3⎤
ΔA = − ⎢Δλ" .sen ϕ m .sec + F .( Δλ" ) ⎥
⎣ 2 ⎦
A' = A + ΔA ± 180 o

N 0 × sen A × cos ϕ 0 = − N p × sen A' × cos ϕ (prova)

1
B=
M 0 × arc1"

tan ϕ 0
C=
2 × M 0 × N 0 × arc1"

3 × e 2 × sen ϕ 0 × cos ϕ 0 × arc1"


D=
(1 − e .sen ϕ0)
3
2× 2 2

1 + 3 × tan 2 ϕ 0
E= 2
6 × N0

sen ϕ m × cos ϕ m × sen 2 1"


F=
12

M 0 × N 0 + Ht
c=
M0 × N0

ϕ +ϕ0
ϕm =
2
M0 =
(
a × 1 − e2 )
(1 − e )
3
2
× sen 2 ϕ 0

a
N0 =
1 − e × sen 2 ϕ 0
2

a
Np =
1 − e 2 × sen 2 ϕ

a 2 − b2
e= = f × (2 − f )
a2

a −b b
f = = 1−
a a
onde:

N0 - raio de curvatura da seção normal ao plano meridiano do elipsóide em O


(origem);
Np - raio de curvatura da seção normal ao plano meridiano do elipsóide em P;

M0 - raio de curvatura das seção meridiana do elipsóide em O (origem);


a - semi-eixo maior do elipsóide de referência;
b - semi-eixo menor do elipsóide de referência;
e - primeira excentricidade do elipsóide de referência;
f - achatamento do elipsóide de referência;
A - azimute topográfico e geodésico da direção OP;
A' - azimute geodésico recíproco de A (somente para utilização na PROVA);
γ - convergência meridiana em P;
c - fator de elevação;
Ht - altitude ortométrica do plano topográfico.
11.1.3. Observações:

9 Na aplicação das fórmulas considerar ϕ negativo no hemisfério sul, λ


crescendo positivamente para oeste.
9 Os coeficientes C, D e F são negativos no hemisfério sul.
9 O eixo das ordenadas é o eixo dos Y e o das abscissas é X.
9 O azimute A é topográfico e também geodésico, pois em O a convergência
meridiana é nula e A' é elipsóidico, estes azimutes servem para a prova (detecção
de erros grosseiros nos cálculos). O azimute recíproco no sistema topográfico
local é igual a A ± 180°, não levando em conta a convergência meridiana.

11.2. Transformações de Coordenadas Topográficas Locais em Geodésicas

11.2.1. Problema

Calcular as coordenadas geodésicas ϕ e λ de um ponto P dado por suas


coordenadas plano retangulares X e Y, a partir destas e das coordenadas geodésicas φ 0 e
λ 0 e plano retangulares X 0 e Y0 da origem O do sistema topográfico local.

11.2.2. Fórmulas

X 0 = x0 + k x
Y0 = y0 + k x

x 0 = y0 = 0
k x , k y = constantes arbitrárias

x = X − kx
y = Y − ky
x
x' =
c
y
y' =
c
M 0 × N 0 + Ht
c=
M0 × N0
Ht = altitude ortométrica do plano topográfico

M0 =
(
a × 1 − e2 )
(1 − e )
3
2
× sen 2 ϕ 0

a
N0 =
1 − e × sen 2 ϕ 0
2

a
Np =
1 − e × sen 2 ϕ
2

s = x' 2 + y' 2 ⇒ s = distância topográfica OP


x'
A = azimute topográfico da direção OP = tan −1
y'
ϕ = ϕ 0 + Δϕ
Correção de Δϕ ′′ = Δϕ 1 ⇒ Δϕ 1 = Δϕ 1′′× correção arco seno

⎛ (arc1")2 2⎞
− Δϕ " = Δϕ1 "×⎜⎜1 + × (Δϕ1 ") ⎟⎟
⎝ 6 ⎠

Δϕ 1" = −δϕ" − D × (δϕ" ) (em segundos)


2

δϕ 1" = B. s.cos A + C . s 2 .sen 2 A − B. E . s 3 .sen 2 A.cos A

λ = λ 0 + Δλ

Δλ" = Δλ 1" × correção arco-seno = Δλ1 "×⎜⎜1 +


⎛ (arc1")2 × (Δλ ")2 ⎞⎟
6
1 ⎟
⎝ ⎠
1
Δλ 1" = × s × sen A × sec ϕ
N p × arc1"

ϕ +ϕ0 Δϕ
+ F × ( Δλ" )
3
− ΔA = Δλ" × sen × sec
2 2
A' = A + ΔA ± 180o = azimute geodésico da direção PO
PROVA: N 0 × sen A × cos ϕ 0 = − N p × sen A' × cos ϕ

onde N 0 , N p , M 0 , a , e, c
têm as mesmas definições apresentadas em 5.2. e os coeficientes B, C, D, E e F têm
também as mesmas expressões.

11.2.3. Observações:

9 Na aplicação das fórmulas fazer as mesmas considerações contidas em 11.1.3.

9 A prova serve apenas para detectar erros grosseiros no cálculo dos valores de
A e A' que são, neste caso, o azimute geodésico direto da direção OP e o seu
azimute geodésico recíproco, respectivamente, cuja diferença é a convergência
meridiana em P.

11.3. Determinação do Norte geográfico a partir das coordenadas plano retangulares


no sistema topográfico local de pontos definidores dos azimutes planos (topográficos)

11.3.1. Problema

Calcular a convergência meridiana no vértice do azimute plano (topográfico) de


uma direção, dado por suas coordenadas plano retangulares no sistema topográfico local e
a partir deste azimute determinar a direção do norte geográfico (verdadeiro) com a
aplicação da convergência meridiana. O problema tem como dados: as coordenadas plano
retangulares dos pontos definidores da direção conhecida ou seja P (vértice do azimute) e
Q (ponto visado); as coordenadas plano retangulares e as coordenadas geodésicas da
origem do sistema topográfico local e a altitude do plano topográfico.

11.3.2. Fórmulas

(
P xp, yp ) (
Q xq , yq ) O( x 0 , y 0 ) O(φ 0 , λ 0 )
xq − x p
( PQ) t = tan −1
yq − y p

( PQ) g = ( PQ) t + γ p
x 0 = y0 = 0

X 0 = x0 + k x ∴ kx = X0

Y0 = y0 + k y ∴ k y = Y0

k x , k y = constantes arbitrárias
xp = X p − kx

y p = Yp − k y

⎛ ⎞
⎜ ⎟
γ p = −(Δλ p "× sen(ϕ m )× ⎜

1
(
+ F × Δλ p "3 )


⎛ Δϕ ⎞
⎜ cos⎜ ⎟ ⎟
⎝ ⎝ 2 ⎠ ⎠

onde

( PQ) t - azimute topográfico da direção PQ;

( PQ) g - azimute geodésico da direção PQ;


γp - convergência meridiana em P com valor dado em segundos
11.4. Exemplo de Transformação de coordenadas Geodésicas em plano retangulares no
sistema topográfico local:

11.4.1. Dados

- Origem O

ϕ0= 22°42’34.87698” S
λ0= 50°38’14.56789” W

X0= 150.000,000 m
Y0= 250.000,000 m
• Altitude do plano topográfico Ht= 567,00 m

• Elipsóide de referência: Elipsóide Internacional de 1967 (UGGI-67)

a = 6378160,000
e = 0.081820180369054
1-e2= 0.993305458

- Ponto P

ϕ = 22 o 34'23.67892" S
λ = 50 o 32'23.43874"W

11.4.2. Cálculos preliminares

a
N0 = = 6381344,3852
1 − e .sen 2 ϕ 0
2

a
Np = = 6381308,20401 m
1 − e 2 .sen 2 ϕ
M0 =
(
a. 1 − e2 ) = 6344955,0806
(1 − e .sen ϕ0)
2 2 3

Δϕ = ϕ − ϕ 0 = 0.136443905556°

Δϕ" = Δϕ × 3600 = 491.198060002”

Δλ = λ − λ 0 = 0.097535875°

Δλ" = Δλ × 3600 = 351.12915”

ϕ +ϕ0
ϕm = = - 22.6414660972°
2
arc1" = 4,8481368111× 10 −6
1
B= = 0,0325084738389772
M 0 .arc1"
tan ϕ 0
C= = -1.066 × 10-9
2. M 0 . N 0 .arc1"

3.e 2 .sen ϕ 0 .cos ϕ 0 .arc1"


D= = -1.73639281055 × 10-8
( )
3
2. 1 − e 2 .sen 2 ϕ 0

1 + 3.tan 2 ϕ 0
E= = 6.24340176535 × 10-15
6. N 02

senϕ m . cos ϕ m .sen 21"


F= = −6.95917 × 10-13
12
Δλ1 = 351.12915”
Δϕ1 = 491.198060002”

M0 .N 0 + Ht
c= = 1.000089107
M0 .N0
11.4.3. Cálculo de x

x = Δλ1 . cos ϕ .N p .arc1".c = 10031.704379

11.4.4. Cálculo de X

X = x + k x = 160031.704379

11.4.5. Cálculo de y

y=
1
B
[ ]
Δϕ1 + C.x 2 + D.(Δϕ1 ) + E.(Δϕ1 ).x 2 + E.C.x 4 .c
2

y = 15107.761308

11.4.6. Cálculo de Y

Y = y + k y = 265107.761308

11.4.7. Cálculo de A (azimute topográfico da direção OP)

OBS.: Neste caso A é também o azimute geodésico da direção OP, porque a convergência
meridiana (γ) em O é nula.

⎛ x ⎞ 10031,704379
A = tan −1 ⎜⎜ ⎟⎟ = = 33.584557565 ⇒ 33 0 35'04.407234"
⎝ y ⎠ 15107,76131 1° quadrante

11.4.8. Cálculo de γ (convergência meridiana em P)

⎡ ⎛ Δϕ ⎞ 3⎤
ΔA = − ⎢Δλ".senϕ m . sec⎜ ⎟ + F .(Δλ") ⎥
⎣ ⎝ 2 ⎠ ⎦
ΔA = −0 02′15,171983668"
0
11.4.9. Cálculo de A' (somente para aplicação na PROVA)

OBS.: A’ é o azimute geodésico da direção PO

A' = A + ΔA ± 180 o = 213 0 32'34.83525"

OBS.: ΔA = γ P

11.4.10. Prova

N 0 .cos ϕ 0 .sen A = − N p .cos ϕ .sen A'

N 0 = 6381344,38522 N p = 6.381.308,20401

φ 0 = -22°42’34,87698” ϕ = -22°34’23’,67892”
A= 33°35’04.407234” A' = 213°32’34,83525”
N 0 .cos ϕ 0 .sen A = 5.749.919,316 N p .cos ϕ .sen A' = 5.749.919 ,323

A diferença 0.007 se deve às aproximações nos cálculos.

11.4.11. Conclusões

O ponto P está no 1° quadrante do sistema topográfico local, a leste do meridiano


do ponto O (origem-datum) do sistema, o que acarreta para γ p o sinal negativo.
11.5. Exemplo de transformação de coordenadas planoretangulares - sistema topográfico
local em coordenadas geodésicas

11.5.1. Dados

- Origem O

ϕ 0 = 22 o 48' 03.88906" S
λ 0 = 42 o 28' 03,25712"
X 0 = 150.000,000m
Y0 = 250.000,000m

- Altitude do plano topográfico


H t = 40m
- Elementos do elipsóide de referência
a = 6378160.0
e = 0.081820180369054
1-e2 = 0.993305458

- Ponto P
X = 158.896,891 m
Y = 248076.972 m

11.5.2. Cálculos preliminares

a
N0 = = 6381345,6263
1 − e .sen 2ϕ 0
2

M0 =
(
a. 1 − e 2 ) = 6345005,5774
(1 − e 2
.sen ϕ 0
2
)
3

arc1" = 4,8481368 × 10 −6
1
B= = 0,0325082151200513
M 0 .arc1"

tan ϕ 0
C= = −1.07076315807046 × 10 −9
2.M 0 .N 0 .arc1"

3.e 2 .senϕ 0 . cos ϕ 0 .arc1"


D= = −1.74181695697278 × 10 −8
(
2. 1 − e .sen ϕ 0
2 2
)
3

1 + 3. tan 2 ϕ 0
E= = 6.26267463693786 × 10 −15
6.N 02

M 0 .N 0 + H t
c= = 1.00000628617276
M 0 .N 0

x = X − k x = 8896.8556

y = Y − k y = −1923.0280

x
x' = = 8896.779636
c

y
y' = = −1923.015912
c

s = x' 2 + y' 2 = 9102.28897100275

⎛ x' ⎞
A = tan −1 ⎜ ⎟ = 102 011′ 47.864′′ ( 2° Quadrante topográfico)
⎝ y' ⎠
(azimute topográfico da direção OP)
11.5.3. Cálculo de δϕ"

δϕ" = B. s.cos A + C . s 2 .sen A − B. E . s 3 .sen 2 A.cos A

Δϕ 1" = −δϕ" − D × (δϕ" ) (em segundos)


2

Δϕ 1 = −62,42873649

11.5.4. Correção de Δϕ

⎡ (sen1")2 ⎤
− Δϕ " = Δϕ1 × ⎢1 −
′′ × (Δϕ " ) 2 ⎥ = 62.4287446828721
⎣ 6 ⎦
Δϕ = 0o 01′ 02.42874′′

11.5.5. Cálculo de ϕ

ϕ = ϕ 0 + Δϕ
ϕ 0 = 22 o 48' 03,88906"
ϕ = 22 o 48' 03,88906" +0 o 01' 0242874 = 22 0 49'' 06.31781"
ϕ = 22 0 49'' 06.31781" S

11.5.6. Cálculo de N p

a
Np = = 638133.34075575
1 − e .sen 2 ϕ
2

11.5.7. Cálculo de Δλ 1 "

1
Δλ 1" = × s × sen A.sec ϕ = −311886389415
. "
N p .arc1"
11.5.8. Cálculo de Δλ"

Δλ " = 311.98876285529"

11.5.9. Cálculo de λ

λ = λ 0 + Δλ
λ = 42 0 22' 51268346
. ′′W

11.5.10. Cálculo de F

sen ϕ m .cos 2 ϕ m .sen 2 1"


F= =
12
F = −6.99953 × 10 −13

11.5.11. Cálculo de ΔA

⎡ Δϕ 3⎤
ΔA = − ⎢Δλ" .sen ϕ m .sec + F .( Δλ" ) ⎥ = −0 0 02' 00.9448′′
⎣ 2 ⎦

11.5.12. Cálculo de A'

A' = A + ΔA ± 180 o

A' = 282 0 09 ′46.915′′

11.5.13. Prova:

N 0 .cos ϕ 0 .sen A = − N p .cos ϕ .sen A'

N 0 .cos ϕ 0 .sen A = 5749919.617 N p .cos ϕ .sen A' = −5749919.617

11.5.14. Resumo
ϕ = 22 0 49 ′06.31781′′ S
Coordenadas geodésicas de P
λ = 42 0 22 ′51.26834" W
• Azimute geodésico da direção OP ⇒ Ag = A + γ , porem, γ = 0
Ag = 102°11’47,864”
• - Azimute geodésico recíproco (direção PO) ⇒ A’g = (A + γ) ± 180
A’g = (102°11’47,864” - 0°02’00,94948”) + 180°
A'g = 282°09’46.915”
• - Convergência meridiana em P
γ p = ΔA = −0 0 02′ 00.94948′′

11.5.15. Conclusões

• Estando o ponto P no hemisfério sul verifica-se que está no 2° quadrante do sistema


topográfico com origem em O, a leste do meridiano deste ponto, o que acarreta para
γ p = ΔA o sinal negativo
12. BIBILIOGRAFIA

1. LIMA, Divaldo Galvão. “Sistema Topográfico Local” - São Paulo - 1995 em publicação.
2. LIBAULT, André. Geocartografia. São Paulo: Editora Universitária.,[s. ed.], 1975.
3. LOCH, Carlos; CORDINI, Jucilei. Topografia Contemporânea: Planimetria:
Florianópolis: Ed. da UFSC, 1995. 320 p.
4. GEMAEL, Camil. Astronomia de Campo (1ª parte). Curitiba: UFPR.,[s. ed.], 1971.
5. GEMAEL, Camil. Astronomia de Campo (2ª parte). Curitiba: UFPR.,[s. ed.], 1971.
6. UZÊDA, Olívio Gondim. Topografia. Rio de Janeiro: Ed. Ao Livro Técnico., 1963.
7. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13133:
Execução de levantamento topográfico. Rio de Janeiro, 1994. 35p.
8. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14166: Rede
de referência cadastral municipal - procedimento. Rio de Janeiro, 1998. 23p.
9. ESPARTEL, Lelis. Curso de Topografia. 9ª ed. Rio de Janeiro, Globo, 1987.
10. INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA (INCRA).
Normas técnicas para georreferenciamento de imóveis rurais. 2003.

Vous aimerez peut-être aussi