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Introdução
O trabalho de carácter científico apresenta, inicialmente uma visão geral dos relacionadas à aspectos
psicologicos na construcao do conhecimento seguida através de estádios e dos fatores que os
influenciam, concluindo com uma discussão da definição e diferenciação dos conceitos piagetianos de
desenvolvimento, aprendizagem e conhecimento , conceituando o Conhecimento como um conjunto das
nossas representações mentais e resulta de uma elaboração perceptiva ou racional da nossa experiência.
Implica a existência de um sujeito ( sujeito cognoscente ) e de um objecto a conhecer ( objeto
cogniscivel ).
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Quando interrogamos crianças de diferentes idades sobre os principais fenômenos que as interessam
espontaneamente, obtemos respostas bem diferentes segundo o nível dos sujeitos interrogados. Nos
pequenos, encontramos todas as espécies de concepções, cuja importância diminui consideravelmente
com a idade: as coisas são dotadas de vida e de intencionalidade, são capazes de movimentos próprios, e
estes movimentos destinam-se, ao mesmo tempo, assegurar a harmonia do mundo e servir ao homem.
Nos grandes não encontramos nada mais que representações da ordem da causalidade adulta, salvo
alguns traços dos estágios anteriores.
Entre os dois, de 8 a 11 anos mais ou menos, encontramos, pelo contrário, várias formas de explicações
intermediárias entre o animismo artificialista dos menores e o mecanismo dos maiores; é o caso
particular de um dinamismo bastante sistemático, do qual várias manifestações lembram a física de
Aristóteles, e que prolonga a física da criança enquanto prepara as ligações mais racionais. (PIAGET,
1982, p.173-4)
Desde o nascimento até a idade adulta, o desenvolvimento mental do indivíduo é um processo contínuo
de construção de estruturas variáveis, que, ao lado de características que são constantes e comuns a
todas as idades, refletem o seu grau de desenvolvimento intelectual. Para Piaget (1967), estruturas
variáveis são maneiras de organização das atividades mentais, que englobam os aspectos motor ou
intelectual e afetivo, tanto na dimensão individual como na social; já as características invariáveis são as
funções de interesse, explicação, entre outras, que não variam com o nível mental do indivíduo.
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Assim, a cada explicação particular para um certo interesse, há uma integração com a estrutura
existente, que, em um primeiro momento, é reconstruída e, em seguida, ultrapassada para uma
dimensão mais ampla, acarretando o desenvolvimento mental. Então, a partir da integração de
sucessivas estruturas, na perspectiva de que cada uma conduz à construção da seguinte, Piaget dividiu
esse desenvolvimento em grandes estádios ou períodos que obedecem basicamente a três critérios, que
são descritos abaixo:
Vê-se, pois, que o desenrolar dos estádios pode ser acelerado ou retardado, dependendo da experiência
do indivíduo, e que as idades são relativas às populaçõesestudadas, sendo que o mais importante é que
a ordem de sucessão permanece inalterada. Isso é comprovado em estudos realizados por psicólogos de
vários países que constataram um retardamento de até 4 anos em crianças em idade escolar, como
afirma o próprio Piaget (1982).
Entretanto, este critério não significa que cada estádio de desenvolvimento seja caracterizado por um
conteúdo fixo de pensamento, mas sim, por uma certa atividade potencial que é suscetível de atingir
esse ou aquele resultado, dependendo do meio no qual a criança vive (PIAGET, 1982).
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Os estádios de desenvolvimento dessas estruturas foram descritos de maneira resumida e explicativa por
Piaget, em algumas de suas obras (e.g. Piaget, 1983; Piaget, 1967) e podem ser divididos em quatro
períodos principais na seguinte seqüência:
Cada estádio se caracteriza pelo surgimento de estruturas originais que diferem das estruturas
anteriores pela natureza de suas coordenações e pela extensão do campo de aplicação. Estas estruturas
correspondem a características momentâneas que são alteradas pelo desenvolvimento subseqüente, em
função da necessidade de umamelhor organização, ou conforme Piaget (1967): cada estágio constitui
então,pelas estruturas que o definem, uma forma particular de equilíbrio, efetuando-se umaevolução
mental no sentido de uma equilibração sempre mais completa .Assim, no estádio sensório-motor ou pré-
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verbal, a criança procura coordenar e integrar as informações que recebe pelos sentidos e, restringindo-
se ao real, elabora o conjunto de subestruturas cognitivas ou esquemas de assimilação, que servirão de
base para a construção das futuras estruturas decorrentes do desenvolvimento ulterior. Segundo Piaget
& Inhelder (1978), um esquema é uma estrutura, ou a organização de ações, que é generalizável em
circunstâncias semelhantes, no momento da ação. No estádio pré-operatório, surge o que Piaget &
Inhelder (1978) denominam de função simbólica, que consiste no poder de representação de objetos ou
acontecimentos, tomando possível, por exemplo, a aquisição da linguagem ou desímbolos coletivos. A
partir daí, há o desenvolvimento de um pensamento simbólico e pré-conceitual e, em seguida, do
pensamento intuitivo, que, em progressivas articulações, conduzem ao limiar das operações. As
operações são ações internalizadas, ou seja, uma ação executada em pensamento sobre objetos
simbólicos, seja pela representação de seu possível acontecimento e de sua aplicação a objetos reais
evocados por imagens mentais, seja por aplicação direta a sistemas simbólicos.
Entretanto, o pensamento ainda conserva seus vínculos com o mundo real, isto é, as operações se
prendem às experiências concretas, não envolvendo operações de lógica de proposições ou, como
coloca Piaget (1967): ... o pensamento concreto é a representação de uma ação possível... (p. 64).
Uma vez descritas as etapas desse desenvolvimento, pode-se questionar sobre quais os fatores que o
influenciam, e Piaget responde:
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Para mim, existem 4 fatores principais: em primeiro lugar, Maturação..., uma vez que este
desenvolvimento é uma continuação da embriogênese; segundo, o papel da Experiência adquirida no
meio físico sobre as estruturas da inteligência; terceiro, Transmissão Social num sentido amplo
(transmissão lingüística, educação, etc.); e quarto, um fator que freqüentemente é negligenciado, mas
que, para mim, parece fundamental e mesmo o principal fator. Eu denomino esse fator de Equilibração
ou, se vocês preferem, auto-regulação. (PIAGET, 1964, p. 178).
O sujeito é aquele que acontece , ou o cognoscente ; o objecto é aquele que pode ser conhecido ou
cognoscivel;
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Há dois significados para o conceito de objecto ; objecto ontológico ( que é o objecto em si mesmo , que
é exterior e permanece exterior ao sujeito ), e o objecto gnosiológico ou cognoscivel ( que é
representação mental do objecto ontológico e que, como tal , passa a fazer parte do conteúdo da
consciência do sujeito );
As sensações são as vias de conhecer o sujeito ( da mente que conheçe ou da consciência ) com o
mundo ; captam as características dos objectos e conduzem - nas até um centro nervoso;
Há interpretação individual dos dados dos sentidos que é moldado tendo em conta as aprendizagens e
experiências passadas, as motivações interesses ou espectativas e até a personalidade do sujeito
( factores ou significação )
Além do conhecimento perceptivo, há ainda ainda o conhecimento racional que consiste na elaboração
de representações mentais abstractas e no estabelecimento de relações lógicas entre os dados
perceptivo, acordo ou de modo a construir leis e teorias abstractas acerca da realidade;
Há duas concepções de dogmatismo : do senso comum, que não questiona sequer a possibilidade e a
validade do conhecimento e o dogmatismo característico do racionalismo que começa por questionar a
possibilidade de existir um conhecimento certo mas acaba por proclamar uma confiança ilimitada na
razão é no conhecimento racional.
Também podemos distinguir duas conce de cepticismo : O cepticismo radical, segundo o qual nunca
podemos ter certeza de que o nosso conhecimento da realidade a produza fielmente, nem mesmo se ela
existe e o criticismo, em sentido geral, que sendo uma atitude metodológica, assume a necessidade de
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duvidar e de realizar uma reflexão ou um exame crítico para avaliar as possibilidades do nosso
conhecimento;
Fenomenologia – método que consiste em descrever o que se manifesta ou aparece na experiência que
o sujeito faz do objeto. Deriva de “fenómeno” = o que aparece, o que se revela. Descreve os elementos
presentes numa experiência ou vivência, procurando captar a sua estrutura.
Intencionalidade – a representação é o resultado do ato de conhecer, que já não é física, mas mental.
Objeto – tudo o que pode ser conhecido (pedra, pessoa, ação, teoria, doença, etc.). Transmite
sensações / impressões ao sujeito.
Conhecimento a posteriori a
O conhecimento a posteriori (ou conhecimento empírico) é aquele que depende da experiência, seja ela
sensorial ou introspetiva.
A experiência sensorial advém dos nossos sentidos (visão, audição, tato …), os quais nos colocam em
contacto com o mundo exterior, com aquilo que existe fora de nós.
A experiência introspetiva advém daquilo que encontramos dentro de nós (emoções, desejos, dores …).
O nosso conhecimento a posteriori é constituído por crenças que só podemos justificar se recorremos a
dados empíricos, isto é, à informação que nos é fornecida pelos sentidos ou pela introspeção.
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As proposições que estas frases podem exprimir são a posteriori, pois não podemos saber se são
verdadeiras sem recorrer a dados empíricos.
O conhecimento a priori é aquele que não depende da experiência empírica. O nosso conhecimento a
priori é constituído por crenças que podemos justificar, recorrendo unicamente ao pensamento, sem nos
basearmos em quaisquer dados empíricos.
As verdades da lógica e da matemática, bem como quaisquer afirmações que possamos saber que são
verdadeiras, pensando apenas no seu significado, constituem conhecimento a priori:
523 X 2 = 1046.
a + b = b + a.
Epistemologia – disciplina que trata dos problemas filosóficos postos pela ciência; particularmente o do
valor do conhecimento científico.
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Empirismo -(a partir do texto de J. Hessen, Teoria do Conhecimento). A única fonte de conhecimento
humano é a experiência; Os conteúdos da consciência são tirados exclusivamente da experiência; O
espírito humano está, por natureza, vazio, é uma tábua rasa, uma folha em branco onde a experiência
escreve (não existem ideias inatas); O empirismo parte dos factos concretos; Os empiristas procedem
quase sempre das ciências naturais; Prevalece a experiência no ato de conhecer; Considera a experiência
como fonte e base de todo o conhecimento humano.
Empirismo - (Locke e D. Hume). A experiência é a única fonte de conhecimento; a mente está vazia antes
de receber qualquer tipo de informação sensorial; Todo o nosso conhecimento acerca das coisas, mesmo
aquele que formula leis universais, vem da experiência, por isso só é válido dentro dos limites do
observável; Não há ideias inatas; Importância dada ao objeto.
O conhecimento vulgar corresponde ao senso comum. O senso comum abrange aquelas coisas que
quase toda a gente sabe, nós vamos aprendendo desde muito cedo de uma forma quase inconsciente.
As seguintes proposições ilustram o conhecimento de senso comum:
O metal derrete quando é aquecido; É mais seguro beber água depois de a termos fervido; O estrume
fertiliza os solos; Os cães têm um faro apurado.
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O conhecimento de senso comum inclui aquelas crenças amplamente partilhadas, cuja justificação
decorre da experiência coletiva e acumulada dos seres humanos.
Uma diferença nítida é a seguinte: ao passo que o conhecimento de senso comum é assistemático, pois
consiste em informações bastante dispersas e logicamente pouco estruturadas, o conhecimento
científico é sistemático, já que as diversas ciências consistem em corpos organizados de conhecimento.
Ao nível do senso comum, os factos ficam por explicar ou receber explicações muito superficiais. Ao nível
da ciência, pelo contrário, o objetivo é explicar tanto profundamente quanto possível os factos
conhecidos. Por exemplo, o senso comum diz-nos que o metal dilata quando é aquecido, mas só a
ciência nos mostra porque motivo isto acontece.
As explicações científicas partem de teorias. Essas teorias são sistemáticas e controláveis pela
experiência. O mundo tal como o observamos parece ser muito caótico e irregular. Os cientistas tentam
encontrar uma ordem por detrás das aparências e, para esse efeito, avançam hipóteses que visam captar
as leis da natureza. Quando são bem sucedidos, conseguem explicar fenómenos muito diversos e
aparentemente díspares, a partir de um número muito reduzido de leis.
Os cientistas testam as teorias, confrontam-nas com a experiência e têm uma disposição geral para as
modificar, caso estas não estejam de acordo com aquilo que observamos no mundo.
Esta disposição para rever as teorias aceitas em cada momento é uma parte essencial da atitude crítica
que acompanha a ciência. Como os cientistas têm esta atitude e, portanto, não encaram as teorias da
sua época como doutrinas inquestionáveis, o corpo de teorias que constitui a ciência está
constantemente a mudar.
Ao nível do senso comum, não encontramos esta atitude. É, por isso, que o senso comum é um corpo de
crenças bastante estável, pouco sujeito a mudanças rápidas ou radicais.
Outra diferença importante entre o senso comum e a ciência reside na linguagem. Ao passo que os
termos do senso comum são frequentemente vagos e imprecisos, a linguagem científica é rigorosa. O
rigor na linguagem é um capricho dos cientistas. Na ausência desse rigor, não se consegue conceber
teorias que unifiquem os fenómenos e que possam ser controladas pela experiência.
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A observação da urina ácida dos coelhos tornou-se um problema , pois contraria o que anteriormente se
sabia: os coelhos, como todos os herbívoros, possuem urina alcalina. Em ciência, o problema surge
sempre que os conhecimentos disponíveis acerca de determinado fenómeno se tornam insuficientes ou
inadequados para o explicar;
A reducao dos problemas para o problema conduziu à elaboração da hipótese a composição da urina
dos herbívoros se relaciona com a alimentação;
Dedução consequências da hipótese: Se os coelhos comerem erva, a urina será alcalina e turva; Se os
coelhos forem submetidos a jejum prolongado, a urina será ácida e clara; Se os cavalos forem
submetidos a jejum, a urina será ácida e clara; Se os coelhos comerem carne, a urina será ácida e clara.
Conclusão
Após a elaboração do presente trabalho baseado numa revisão bibliográfica o grupo conclui que
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Bibliografia
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PIAGET, J. (s.d.) A Representação do Mundo na Criança. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura. [Le
Représentation du Monde chez L Enfant, 1926]
PIAGET, J.; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. Rio de Janeiro: Difel, 1978. [La Psychologie de L Enfant,
1966]
PIAGET, J. Development and Learning. Journal of Research in Science Teaching, New York, n. 2, v. 3, p.
176-86, 1964.
PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1967. [Six Études de Psichologie, 1964]
PIAGET, J. Aprendizagem e Conhecimento. In: PIAGET, J.; GRÉCO, P. Aprendizagem e Conhecimento. Rio
de Janeiro: Freitas Bastos, 1974. [Apprentissage et Connaissance, 1959]
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