Ser social - necessita do outro para se construir como pessoa
Viver com os outros é: Uma necessidade Uma realidade Um desafio: a construção de uma sociedade organizada, estável e justa. Assim: Como deve organizar-se a sociedade? O que é uma sociedade justa? Em que medida, o Estado deve impor-se aos cidadãos?
Interesses individuais interesses comunitários
Torna-se necessário compatibilizar e regular os conflitos,
organizar as sociedades Assim nasce o Estado Estado – é uma sociedade politica, social e juridicamente organizada. O Estado organiza e gere a vida social através da política tendo em vista tornar o Estado mais justo. Para o conseguir, são criadas as normas jurídicas que definem a legalidade, o que é justo ou injusto, o que é legítimo ou ilegítimo. Daqui resulta o Estado de Direito. A política organiza e regula o poder tendo em vista garantir o equilíbrio no interior do Estado. Como o faz? Através das leis. Estas atuam coercivamente sobre os cidadãos quando estes não cumprem o estipulado legalmente. Ética, direito e política são conceitos em estreita relação com os conceitos de Estado e justiça: A ética define o que é a justiça O Estado é o agente da política O direito é o objeto da política A justiça é a finalidade última da política. Quando nos questionamos: “como devemos viver?” estamos a associar a ética e a política. Hoje, mais do que nunca, ética, direito e política necessitam de uma relação de proximidade no sentido de garantirem um Estado assente em leis justas e equitativas no qual os seus governantes assegurem a liberdade e os direitos fundamentais. Todavia, nem sempre as leis, as obrigações legais estão de acordo com as normas morais. Quando um Estado aprova leis discriminatórias (por exemplo da raça ou sexo), trata-se de obrigações legais desprovidas de justificação moral. Portanto, cumprir uma determinada lei nem sempre significa fazer-se o que é moralmente mais correto. Assim, nestas circunstâncias, agir eticamente pode levar o sujeito à chamada desobediência civil, um ato público de protesto não-violento destinado a alertar para leis ou políticas moralmente injustas, tendo em vista uma alteração das mesmas. Problema Filosófico: Uma das questões que se pode levantar é, exatamente, acerca da origem do poder do Estado
O que legitima a autoridade do Estado?
O que justifica que as decisões dos outros interfiram nas nossas vidas, se é que há justificação para isso?
Sabendo que o Estado existe e tem poder sobre nós, o que
legitima a autoridade do Estado? A origem do Estado O que levou os seres humanos a viverem de forma politicamente organizada? O que levou os seres humanos a aceitarem uma autoridade? O que levou os seres humanos a obedecer a um poder e a normas exteriores a si? O que legitima a autoridade do Estado? Duas conceções:
Aristóteles: o Estado tem uma origem natural
John Locke: o Estado tem uma origem contratual. A conceção da origem natural Aristóteles: o Estado é a finalidade natural do Homem. O Homem é um animal político – o seu destino natural é a sociabilidade e a vida política. Precisamos naturalmente dos outros para viver, só se fôssemos deuses ou animais é que poderíamos viver sem Estado. Não podemos abolir o Estado sem abolirmos igualmente a nossa condição de seres humanos O importante não é, pois, saber se podemos viver ou não sem Estado, mas sim qual o melhor Estado em que podemos viver. A conceção da origem natural O Estado resulta então de uma tendência natural do homem para a sociabilidade A comunidade mais perfeita, que contém todas as outras (e por isso é a finalidade última do homem) é a cidade-estado Esta é autossuficiente e não existe apenas para preservar a vida mas, sobretudo, garantir a vida boa, que é o desejo de todos os seres racionais Para Aristóteles a natureza de uma coisa é a sua finalidade. Sendo a finalidade dos homens ter uma vida boa, a sua finalidade é viver na cidade-estado A conceção da origem natural Para Aristóteles o Estado justifica-se por si pois, sendo da natureza do homem o desejo de uma vida boa, esta só é possível dentro do Estado. Portanto, tal como naturalmente crescemos e nos tornamos adultos, assim também naturalmente vivemos dentro de um Estado.
O Estado tem como fim o bem-estar da comunidade,
promovendo a justiça. A conceção da origem contratual Ao contrário de Aristóteles, Locke(séc. XVII), entendia que a origem do Estado não é natural, mas voluntária, convencional, resulta de um contrato ou acordo de vontades. Segundo Locke inicialmente, o homem vivia em “estado de natureza” , um estado não organizado politicamente. Neste estado, todos os homens são, à partida, livres e iguais, com a natureza à disposição para ser usada. Estes homens são seres racionais, capazes de compreenderem a lei natural e agir de acordo com ela. A conceção da origem contratual A lei natural determina que todos se orientem pelo princípio da conservação do género humano e cada um se oriente pelo princípio da conservação pessoal. Três direitos naturais Direito à vida Direito à liberdade Direito à propriedade Porém, se tudo funciona pacificamente no estado natural, por que razão sentiu o homem necessidade de se organizar politicamente num Estado? A conceção da origem contratual Apesar dos homens nascerem iguais, com as mesmas capacidades racionais e com os mesmos instrumentos para intervir na natureza, a capacidade de pôr estes instrumentos em prática, varia de indivíduo para indivíduo. Tal significa que, dentro da igualdade, vai surgindo pouco a pouco a desigualdade da capacidade de trabalho. É pelo trabalho que os homens se vão distinguindo. A diferenciação do trabalho e o aparecimento da moeda vão promover a acumulação da riqueza e, consequentemente, o crescimento da desigualdade. Assim … A conceção da origem contratual O homem deixa de viver em paz A posse de bens não se encontra protegida As violações e más interpretações do direito natural são castigadas de modo anárquico e por iniciativa das vítimas (justiça privada)
Deste modo, segundo Locke:
É esta falta de organização e de sanções que
protejam as pessoas e os bens que conduzirá ao fim do estado da natureza. A conceção da origem contratual Com o fim do estado da natureza, os homens, voluntariamente, unem-se e fundam a sociedade política e civil para escaparem à insegurança e poderem ser livres e proprietários. Este acordo implica a renúncia ao julgamento em causa própria. O Estado não é criado para retirar os direitos naturais, mas sim para os defender: o direito à vida, o direito à liberdade e o direito à propriedade. O homem sacrifica a sua liberdade natural e adquire uma liberdade civil (política), fundada na lei. A conceção da origem contratual O poder do Estado não é total, absoluto mas, sim condicional, revogável e limitado pelos objectivos que se propõe atingir: o poder da sociedade não pode ultrapassar os objectivos de realizar o bem comum. Direitos naturais vida liberdade propriedade
O Estado só terá legitimidade se criado a partir do consentimento
prévio dos interessados. Estes poderão determinar o seu fim, caso verifiquem que aquele não cumpre os seus fins. O homem sujeita-se à autoridade do Estado, porque ele o criou. A justificação do Estado
NATURALISMO DE CONTRATUALISMO DE ARISTÓTELES LOCKE
O Estado deriva da O Estado tem origem num contrato
inclinação natural do celebrado entre pessoas livres com homem para viver em vista a preservar as suas vidas e sociedade propriedades
O que legitima a autoridade O que legitima a autoridade do
do Estado é o facto deste ser Estado é o consentimento dos natural e indispensável ao ser indivíduos através do pacto social humano