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GUIA DE

ESPECIALIDADES
Organizadores:
Atílio G. B. Barbosa
Sandriani Darine Caldeira
Débora de Alencar Soranso
Fernanda Antunes Oliveira
Victor Ales Rodrigues

Produção Editorial: Fátima Rodrigues Morais - Viviane Salvador


Coordenação Editorial e de Arte: Martha Nazareth Fernandes Leite
Projeto Gráfico e Diagramação: Fátima Rodrigues Morais
Arte: Thiago Vanderlinde
Assistência Editorial: Denis de Jesus Souza
Edição de Texto e Imagens: Tatiana Takiuti Smerine
Revisão Final: Henrique Tadeu Malfará de Souza
Revisão: Hélen Xavier - Isabela Biz - Leandro Martins - Lívia Stevaux - Luiz Filipe Armani -
Mariana Rezende Goulart
Serviços Editoriais: Andreza Queiroz - Eliane Cordeiro - Luan Vanderlinde - Vanessa Araújo

ISBN 978-85-7925-390-4

2013
Proibida a reprodução total ou parcial.
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Direitos exclusivos para a língua portuguesa licenciados
à Medcel Editora e Eventos Ltda.
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(11) 3511 6161
ORGANIZADORES

Débora de Alencar Soranso


Graduanda em medicina pela Universidade Anhembi-Morumbi.

Fernanda Antunes Oliveira


Graduada em medicina pela Universidade Santo Amaro (UNISA).

Victor Ales Rodrigues


Graduando em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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ÍNDICE

1. A arte da medicina ....................................................................................................................... 7

2. O recém-formado ........................................................................................................................ 8

3. Residência Médica no exterior .................................................................................................... 9

4. Acesso Direto
1. Acupuntura ......................................................................................................................................... 11
2. Anestesiologia .................................................................................................................................... 13
3. Cirurgia Geral ..................................................................................................................................... 15
4. Clínica Médica .................................................................................................................................... 17
5. Dermatologia ..................................................................................................................................... 19
6. Genética Médica ................................................................................................................................ 21
7. Ginecologia e Obstetrícia ................................................................................................................... 23
8. Homeopatia ....................................................................................................................................... 25
9. Infectologia ....................................................................................................................................... 27
10. Medicina de Família e Comunidade ................................................................................................. 29
11. Medicina do Esporte ......................................................................................................................... 31
12. Medicina do Tráfego ......................................................................................................................... 33
13. Medicina do Trabalho ........................................................................................................................ 35
14. Medicina Física e Reabilitação .......................................................................................................... 37
15. Medicina Legal .................................................................................................................................. 39
16. Medicina Nuclear ............................................................................................................................. 41
17. Medicina Preventiva e Social ............................................................................................................ 43
18. Neurocirurgia .................................................................................................................................... 45
19. Neurologia ........................................................................................................................................ 47
20. Oftalmologia ..................................................................................................................................... 49
21. Ortopedia e Traumatologia ............................................................................................................... 51
22. Otorrinolaringologia ......................................................................................................................... 53
23. Patologia e Patologia Clínica ............................................................................................................. 55
24. Pediatria ........................................................................................................................................... 57
25. Psiquiatria ......................................................................................................................................... 59
26. Radiologia e Diagnóstico por Imagem .............................................................................................. 61
27. Radioterapia ..................................................................................................................................... 63
5. Clínica Médica
28. Alergia e Imunologia ......................................................................................................................... 65
29. Cardiologia ........................................................................................................................................ 67
30. Endocrinologia .................................................................................................................................. 69
31. Gastroenterologia ............................................................................................................................. 71
32. Geriatria ............................................................................................................................................ 73
33. Hematologia e Hemoterapia ............................................................................................................ 75
34. Medicina Intensiva ........................................................................................................................... 77
35. Nefrologia ......................................................................................................................................... 79
36. Nutrologia ......................................................................................................................................... 81
37. Oncologia Clínica .............................................................................................................................. 83
38. Pneumologia ..................................................................................................................................... 85
39. Reumatologia .................................................................................................................................... 87

6. Clínica Cirúrgica
40. Angiologia e Cirurgias Vascular e Endovascular ................................................................................ 89
41. Cirurgia Cardiovascular ..................................................................................................................... 91
42. Cirurgia de Cabeça e Pescoço ........................................................................................................... 93
43. Cirurgia do Aparelho Digestivo ......................................................................................................... 95
44. Cirurgia do Trauma ........................................................................................................................... 97
45. Cirurgia Oncológica ........................................................................................................................... 99
46. Cirurgia Pediátrica .......................................................................................................................... 101
47. Cirurgia Plástica .............................................................................................................................. 103
48. Cirurgia Torácica ............................................................................................................................. 105
49. Coloproctologia .............................................................................................................................. 107
50. Urologia .......................................................................................................................................... 109
51. Videolaparoscopia .......................................................................................................................... 111
A ARTE DA MEDICINA

A medicina tem como uma de suas raízes mais conhecidas a desenvolvida por Hipócrates,
considerado o “pai da medicina”. Ele viveu na Grécia Antiga e lá desenvolveu inúmeras teorias e teve
vários discípulos sob seus ensinamentos. Foram eles uns dos pioneiros na arte de entender os sintomas
causados pelas patologias.
A partir daí e à medida que os séculos passavam, cada vez mais surgiam questionamentos
sobre as práticas médicas e o quão necessárias se faziam perante a população. Na Idade Média, era
comum o médico procurar curar praticamente todas as doenças utilizando o recurso da sangria, feito,
principalmente, com a utilização de sanguessugas. Porém, nesse período, os conhecimentos avançaram
pouco, pois havia uma forte influência da Igreja Católica, que condenava as pesquisas científicas e as
considerava práticas demoníacas.
No período do Renascimento Cultural, nos séculos XV e XVI, houve um grande avanço da medicina.
Movidos por uma grande vontade de descobrir o funcionamento do corpo humano, médicos buscaram
explicar as doenças por meio de estudos científicos e testes de laboratório. Posteriormente, descobriu-se
o funcionamento do sistema circulatório, e mais ensinamentos foram construídos baseados na anatomia
e na fisiologia.
No século XIX, todo o conhecimento ficou mais apurado após a invenção do microscópio
acromático. Com essa invenção, Louis Pasteur conseguiu um enorme avanço ao descobrir que as
bactérias são as responsáveis pela causa de grande parte das doenças.
Atualmente, temos uma medicina moderna e em constante renovação por meio das pesquisas,
nada comparável a todos esses séculos de acúmulo de conhecimento. É uma medicina que proporciona
maiores técnicas de diagnóstico, medicamentos mais potentes e capazes de melhor combater inúmeras
doenças. Os procedimentos cirúrgicos contam com instrumentos mais delicados e técnicas cirúrgicas
menos invasivas que propiciam melhoras mais rápidas no pós-operatório.
É um ciência mutável e que vai se construindo a cada descoberta realizada. É por meio de estudos
de décadas e na prática médica diária que a medicina se renova e quebra tabus. Mas, mesmo com as
diversas melhorias, muito ainda há de ser descoberto ou reestruturado. São as infinitas doenças que
acometem o homem que ainda precisam de tratamento ou mesmo de diagnóstico. Por isso, muito se
fez, mas muito ainda se fará por uma ciência tão nobre e enriquecedora que é a arte de curar, a medicina.

7
O RECÉM-FORMADO

A medicina é uma profissão construída após 6 anos de estudo integral, passando por suas cadeiras
básicas, avançadas e pelo internato. São muitos anos de dedicação e de abdicação, mas sempre em
busca do propósito de ser um estudioso da arte médica, entender a base das doenças e, a partir disso,
poder desenvolver técnicas de diagnóstico e tratamento, seja ele curativo ou paliativo.
Após esse embasamento, o recém-formado, e agora um jovem médico, deve escolher e se dedicar
a um estudo de uma das várias subdivisões da medicina, seja ela a Clínica Médica, a Cirurgia Geral, a
Ginecologia e muitas outras. Essa especialidade será alcançada por meio de um estudo na Residência
Médica, que terá duração de acordo com o programa escolhido.
É durante a Residência Médica que o jovem médico se tornará apto a exercer plenamente uma
área com mais dedicação e com ensinamento mais aprofundado, deixando de ser generalista. Para que
isso ocorra, o médico deve estar consciente de suas escolhas e de que a área que escolheu o preencherá
como profissional e pessoalmente, para que possa estar satisfeito diante das escolhas feitas.
Já ao concluir a especialidade, novos desafios surgem a esse jovem profissional, novas dificuldades
apresentam-se na carreira e outras tantas devem ser ultrapassadas para somente então conseguir se
firmar, em um emprego em serviço público ou privado, abrindo o próprio consultório ou realizando
procedimentos mais invasivos.
Para o jovem médico, o que permanece são os ensinamentos de construir aos poucos sua
carreira, em bases sólidas e com decisões precisas, onde as escolhas tomadas irão refletir no seu futuro
mais distante.

8
RESIDÊNCIA MÉDICA NO EXTERIOR

Existe a possibilidade de esse recém-formado realizar a sua Residência Médica fora do país. Esse
é um processo bastante complexo e varia de país para país.
Aqui abordaremos apenas de maneira geral o tema, e como exemplo explicaremos os passos
gerais para o ingresso nos Estados Unidos (EUA).
O fato de haver uma avalição e de ser um processo extenuante não é regra apenas para aqueles
que saem daqui. Se um profissional de outro local desejar ingressar na carreira médica em terras
brasileiras, deve fazer uma validação de seu diploma, processo que é sabidamente muito complicado.
Para se ter uma ideia, o processo Revalida, que revalida os diplomas de médicos formados fora do Brasil,
já teve 1.184 candidatos, com apenas 67 aprovados (cerca de 5%).
O consenso para atuar em outros locais é a realização de avaliações de conhecimento básico,
clínico e prático, bem como o conhecimento aprofundado do idioma local. Além disso, existem as
peculiaridades da medicina em cada local, nas condutas propriamente ditas ou nos aspectos legais e
culturais. Dessa forma, essas particularidades também são cobradas nas avaliações para iniciar a carreira
em outros países.

Nos EUA
O médico formado fora dos EUA interessado em fazer Residência nesse país deve submeter-se a
alguns exames a fim de se qualificar. Eles constam de um conjunto de provas concentradas nas áreas de
Ciências Médicas e Ciências Clínicas (o chamado USMLE).
As avaliações são dividas em etapas, os chamados steps, e funcionam da seguinte forma:
- Step 1: é a 1ª etapa do processo e tem como objetivo avaliar se o candidato tem a capacidade
de compreender e aplicar conceitos importantes das ciências básicas para a prática médica.
De maneira geral, abrange os seguintes temas: Anatomia Humana, Fisiologia, Bioquímica,
Farmacologia, Patologia, Microbiologia, Epidemiologia e Tópicos Interdisciplinares, como
Nutrição, Genética e Envelhecimento.
Os resultados, então, são relatados com uma pontuação de 3 e outra de 2 algarismos. A pontua-
ção mínima para ser aprovado é de 189, no escore de 3 algarismos. Teoricamente, a pontuação
máxima é de 300.
- Step 2: essa é a 2ª etapa do processo. Tem o objetivo de avaliar se o candidato possui
conhecimentos, habilidades e compreensão da ciência clínica essencial para a prestação de
assistência ao paciente, sob supervisão. O Step 2 é subdividido em 2 exames:
· Step 2 CK (do inglês, Clinical Knowledge) é um exame de múltipla escolha com o intuito de
avaliar a clínica por meio de um conhecimento tradicional. O exame dura 9 horas e é constituído
de 8 blocos de 46 perguntas cada. Uma hora é dada para cada bloco de perguntas. Os temas
inclusos nesse exame são as Ciências Médicas, como Clínica Médica, Cirurgia, Pediatria,
Psiquiatria, Ginecologia e Obstetrícia.
· Step 2 CS (do inglês, Clinical Skill) é um exame prático que pretende avaliar habilidades
clínicas simuladas com pacientes por meio de interações, em que o examinando interage com
doentes padronizados retratados por atores. Cada examinando enfrenta 12 casos clínicos e
tem 15 minutos para concluir a anamnese e o exame clínico de cada paciente, e depois mais
10 minutos para escrever uma nota descrevendo os resultados, o diagnóstico diferencial e a

9
solicitação de exames complementares. O Step 2 CS é aplicado desde 2004 e, ao contrário
do Step 1 e do Step 2 CK, deve ser obrigatoriamente feito nos Estados Unidos. O exame é
oferecido em 5 cidades americanas: Philadelphia (PA), Chicago (IL), Atlanta (GA), Houston (TX)
e Los Angeles (CA).
- Step 3: é a 3ª e última etapa do processo e se destina a avaliar se o candidato consegue aplicar
desacompanhado o conhecimento e a compreensão da Ciência Biomédica e clínica essencial
para a prática da medicina. Os diplomados em escolas médicas americanas normalmente
realizam esse exame no final do 1º ano de Residência. Médicos estrangeiros recém-licenciados
poderão fazer o Step 3 antes de começar na Residência, em cerca de 10 estados americanos.
O Step 3 ocorre em 2 dias de exame. Cada dia de testes deve ser concluído dentro de 8 horas.
O 1º dia de testes de escolha múltipla inclui 336 itens divididos em blocos, cada um constituído
de 48 itens. Examinandos devem preencher cada bloco dentro de 60 minutos. O 2º dia de testes
de escolha múltipla inclui 144 itens, divididos em blocos de 36 itens. E os examinandos devem
completar cada bloco dentro de 45 minutos.

Por fim, é fundamental possuir cartas de recomendação de professores de universidades americanas,


inclusive específica da área em que está prestando. Isso é importante para o momento “colocação”
(placement), em que o candidato irá tentar finalmente ingressar nas universidades escolhidas. Isso pode ser
feito por contato direto do médico com os hospitais. Para saber dos hospitais numa determinada área de
especialização, o médico deverá consultar o The Directory of Residency Training Programs. Além de contato
direto, uma maneira de pleitear uma Residência é o serviço nacional computadorizado de colocação em
Residências: o National Resident Matching Program (NRMP).
Após esses procedimentos, o candidato aplica-se para algumas universidades e aguarda ser
chamado para entrevistas. Então deve ranquear as universidades e estas fazem o mesmo. Os dados são
então cruzados, obtendo-se o resultado final.

Fellowship
Fellowship é uma especialização realizada após a Residência Médica, que tem por objetivos a
atuação clínica e/ou a pesquisa. O fellowship clínico (clinical fellowship) de modo geral pressupõe uma
Residência Médica feita nos Estados Unidos. Esse tipo de fellowship, por envolver contato clínico com o
paciente, requer também que o candidato siga as mesmas normas estabelecidas para uma Residência,
submetendo-se, inclusive, às provas.

Observação e pesquisa
Médicos com Residências completas podem passar uma temporada de observação e/ou pesquisa
em hospitais ou clínicas, em programas menos formais que o fellowship, sem contato clínico com pacientes.
A possibilidade de fazer isso, no entanto, depende de vários fatores: primeiro, a entidade precisa dispor
de tempo e de pessoal para acomodar o observador e/ ou pesquisador. Segundo, é necessário saber
onde existe a possibilidade de fazer um desses programas. Geralmente, é preciso ter um conhecimento
pessoal com um profissional envolvido nos projetos. Sempre que o médico estrangeiro pedir permissão
para se incluir nesses projetos, ele deverá esclarecer muito especificamente suas qualificações e objetivos
profissionais. Para o médico que não tenha conhecimentos pessoais com profissionais de destaque, pedidos
de orientação poderão ser feitos diretamente para as faculdades de medicina.

Esse foi o exemplo de Residência Médica nos EUA. Para maiores detalhes sobre outros lugares
do mundo, devem-se procurar informações nos programas de Residência Médica do país em questão.
Existem, ainda, diversas organizações que trabalham apenas com programas de intercâmbio e podem
auxiliar os candidatos nos diversos trâmites do processo.

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1
ACUPUNTURA

1. Introdução 2. Áreas de atuação


A Acupuntura é a prática fundamental da Medicina Tra- A principal área de atuação de um acupunturista é em
dicional Chinesa (MTC), usada há mais de 4.000 anos no consultório particular. Empregos em hospitais, públicos ou
Oriente e agora difundida no Ocidente. A Acupuntura tem privados, são bem incomuns. Outra possibilidade é o ensino
comprovação científica no Brasil e está entre as 50 especia- em escolas médicas, já que essa especialidade ainda possui
lidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina poucos locais de ensino no Brasil.
(CFM), pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Co-
missão Nacional de Residência Médica (CNRM).
A técnica baseia-se em energias que percorrem o corpo. 3. Vantagens e dificuldades
Esses trajetos passam pelos órgãos e vísceras e se exteriori-
zam na pele e nas estruturas próximas, como tecido subcu- A - Vantagens
tâneo, músculos, tendões e outras. Pouco investimento inicial, já que não são necessários equi-
Nesses trajetos foram mapeados pontos, que podem ser pamentos custosos para iniciar um consultório. A clientela é ex-
alcançados por agulhas, permitindo que sejam estimulados clusivamente particular, o que promove melhor remuneração.
ou sedados, conforme o caso, para desbloquear a passagem Não há plantões, o que promove melhor qualidade de vida.
da energia e permitir sua circulação e distribuição pelo orga-
nismo. Ficarão a critério do médico acupunturista selecionar B - Desvantagens
e fazer a combinação dos pontos mais adequados para colo- Muitos pacientes ainda apresentam falta de confiança na
cação das agulhas no paciente, de acordo com as desarmo- especialidade e, caso não apresentem efeito nas primeiras
nias e as características de cada indivíduo. sessões, acabam desanimando do tratamento; há a questão
Residência Médica da qualificação profissional, já que a aplicação dessa arte mi-
Entrada Acesso direto. lenar, como na cirurgia, depende do correto diagnóstico e
Duração 2 anos. do conhecimento aprofundado para se escolher bem o pro-
- Clínica Médica; cedimento; medo de agulhas.
- Ginecologia e Obstetrícia; O que o tornará um bom acupunturista?
- Ortopedia e Traumatologia;
- Neurologia; - Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
- Dermatologia;
Rodízio nas áreas - Reumatologia; - Ser expert em uma área médica superespecializada;
- Eletrofisiologia;
- Otorrinolaringologia; - Apreciar uma ciência milenar;
- Psiquiatria; - Ter uma excelente destreza manual.
- Ambulatórios;
- PS.
23: 4. Situação atual e perspectivas
- Nordeste: 14;
Média de vagas no país - Centro-Oeste: 2;
- Sul: 2; O tratamento de acupuntura, atualmente, oferece efei-
- Sudeste: 5. tos analgésico, anti-inflamatório leve, relaxamento muscu-

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GUIA DE ESPECIALIDADES

lar, ansiolítico, antidepressivo leve, além de diversos outros


benefícios. Geralmente, quem procura o acupunturista
são casos crônicos, e cerca de 70% dessa população pos-
suem queixa de dores e muitos outros sintomas, de causas
variáveis, o que traz um desafio a mais para o médico. Dessa
forma, há a necessidade de aprofundar o conhecimento em
várias especialidades médicas.
Essa é uma área em constante crescimento e promete,
cada vez mais, campo para os especialistas que procuram
essa modalidade médica.
Acupunturistas em atividade
Cerca de 1.830 em 2012

5. Estilo de vida
A acupuntura promove uma ótima qualidade de vida.
Além de ser uma área que não possui plantões nem aten-
dimento de urgência, os profissionais que a escolhem geral-
mente são adeptos da filosofia de medicina oriental e gostam
muito do que fazem, o que contribui para a plena satisfação
profissional. A remuneração também costuma ser boa, mais
um fator positivo para um estilo de vida gratificante.

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2
ANESTESIOLOGIA

1. Introdução 3. Vantagens e dificuldades


A Anestesiologia é a especialidade médica de acesso Médicos que buscam a Anestesiologia visam, na maio-
direto que estuda e proporciona ausência ou alívio da dor ria das vezes, não ter tanto contato com pacientes, além
e de outras sensações ao paciente que necessita realizar de maior tranquilidade em sua atuação profissional nos
procedimentos cirúrgicos, sejam diagnósticos, curativos ou centros cirúrgicos. Os momentos de maior tranquilidade
paliativos. nesses ambientes têm feito aumentar a procura por essa
A especialidade vem a cada dia ampliando suas áreas especialidade.
de atuação, englobando não só o período intraoperatório, As dificuldades encontradas são deparar com o tempo
bem como os períodos pré e pós-operatórios, realizando transcorrido em cada cirurgia, requerendo do anestesista
atendimento ambulatorial para avaliação pré-anestésica e muita prática em lidar com os anestésicos disponíveis, e
assumindo um papel fundamental pós-cirúrgico no acom- a durabilidade de cada procedimento a ser realizado. Ou-
panhamento do paciente tanto nos serviços de recuperação tra dificuldade encontrada por esse profissional dentro de
pós-anestésica e Unidades de Terapia Intensiva (UTI) quanto hospitais particulares é sua inserção nas equipes médico-
no ambiente da enfermaria, atuando nos cuidados paliativos -cirúrgicas, instituídas pelos cirurgiões para obterem me-
e no controle da dor até o momento da alta hospitalar. lhor entendimento e maior praticidade em sua atuação ci-
rúrgica, fazendo com que muitos anestesistas só trabalhem
Residência Médica em hospitais públicos.
Entrada Acesso direto. Não se pode deixar de falar também sobre as intempé-
Duração 3 anos. ries de trabalhar em hospitais sucateados, que não ofere-
508: cem boas condições para a realização dos procedimentos.
- Norte: 27;
- Nordeste: 87; O que o tornará um bom anestesista?
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 37; - Dominar os mecanismos de ação e efeitos dos anestésicos uti-
- Sul: 78; lizados em cada procedimento, de acordo com cada paciente e
- Sudeste: 279. sua faixa etária;
- Permanecer relaxado e confiante, mesmo sob extrema pres-
são, como nas cirurgias de urgência e de pacientes que sofreram
2. Áreas de atuação trauma;

O anestesista atua em ambulatórios, fazendo triagem e - Dominar a técnica da intubação e do acesso venoso, central
ou periférico.
avaliação de pacientes que irão se submeter a algum pro-
cedimento cirúrgico. Posteriormente, realiza procedimentos
anestésicos nos centros cirúrgicos; avalia pacientes em UTI e 4. Situação atual e perspectivas
enfermarias para cuidados e controles da dor.
O anestesista pode também trabalhar em equipes cirúr- A Anestesiologia é uma área de suma importância asso-
gicas específicas, como de cirurgias pediátricas, gástricas, ciada à Cirurgia Geral e suas subespecialidades. Antes de seu
vasculares, ginecológicas, entre outras. desenvolvimento, os procedimentos cirúrgicos requeriam

13
GUIA DE ESPECIALIDADES

muito sacrifício por parte do paciente, que tinha de suportar


inúmeras horas de intenso sofrimento e dor. Isso restringia
os procedimentos e muitos vinham a falecer de sua comor-
bidade. A partir do surgimento dos anestésicos, a cirurgia
passou por um processo de grande crescimento, com inú-
meros procedimentos passíveis de serem executados, e os
pacientes passaram a usufruir de mais conforto e maior ex-
pectativa de terem seu problema solucionado.

5. Estilo de vida
A qualidade de vida é um dos pontos fundamentais em
uma carreira profissional, e essa especialidade tende a pro-
porcionar uma tranquilidade profissional e pessoal, sem
muitas dificuldades e demonstrando o quão satisfeito se
está com a profissão escolhida.
No começo de todas as carreiras profissionais, temos
maior dificuldade de nos ajustar ao mercado de trabalho e
ultrapassar barreiras para só então alcançar a estabilidade
tão almejada.

6. Subespecialidades
- Estudo da dor.

14
3
CIRURGIA GERAL

1. Introdução 1.070:
- Norte: 68;
A Cirurgia Geral constitui-se numa área médica complexa - Nordeste: 181;
e especializada, envolvendo diversos procedimentos neces- Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 88;
sários para um adequado funcionamento dos órgãos e siste-
- Sul: 197;
mas. Sendo a Cirurgia Geral embasada nesse pilar, os proce-
dimentos realizados pelos especialistas incluem cirurgias no - Sudeste: 536.
compartimento abdominal, de cabeça e pescoço, do tórax,
dos tecidos mole e musculoesquelético, trauma, oncologia e 2. Áreas de atuação
doentes em fase crítica.
Ao realizar uma Residência em cirurgia, o médico tem O cirurgião geral pode atuar em setores como a enfer-
como objetivo desenvolver um aprendizado teórico e prá- maria, fazendo visita em pacientes internados para pré e
tico a respeito dos cuidados clínicos e cirúrgicos, básicos e pós-operatório, assim como realizar intervenções caso
avançados, e da tecnologia atualizada para solucionar da necessário em algum momento da internação. Atua no
melhor maneira as afecções de maior prevalência popula-
pronto-socorro, atendendo urgência e emergências de pa-
cional, nas diferentes áreas cirúrgicas.
cientes que, por ventura, sofreram acidentes por diversos
O programa de Residência visa proporcionar conheci-
mecanismos, como automobilísticos, motociclistas, atro-
mento na assistência ambulatorial, em enfermarias, serviços
pelamentos, queimados e inúmeras outras afecções. Pode
de urgência e emergência, terapia intensiva e, tecnicamen-
trabalhar diretamente no centro cirúrgico, realizando pro-
te, uma visão ampliada sobre o ato operatório e seus diver-
sos instrumentos. cedimentos marcados eletivamente em ambulatório. Atua
também avaliando os pacientes cirúrgicos na Unidade de
Residência Médica Terapia Intensiva (UTI).
Entrada Acesso direto. Diversos são os procedimentos que podem ser realiza-
Duração 2 anos. dos pelo cirurgião geral, pois é portador de um conhecimen-
- Cirurgia Geral; to abrangente nesse campo. A seguir, alguns procedimentos
- Cirurgia do Aparelho Digestivo; realizados por esse profissional:
- Coloproctologia;
- Transplante; - Abdominal: apendicite, diverticulite, pancreatite,
- Cirurgia do Trauma; obstruções intestinais, herniorrafias ou hernioplastias, pa-
- Cirurgia de Cabeça e Pescoço; tologias orificiais, esplenectomias, colecistectomias, gas-
- Cirurgia Cardíaca;
Rodízio nas áreas trostomias, gastroenteroanastomose, abordagem hepática
- Cirurgia do Tórax;
- Urologia;
e esplênica pós-traumatismos, paracentese, laparotomias
- Cirurgia Vascular; exploradoras;
- Cirurgia Pediátrica; - Torácico: drenagem torácica, toracocentese, toracoto-
- Cirurgia Plástica; mia de emergência;
- Terapia Intensiva; - Membros superiores e inferiores: flebotomias, acesso
- Técnica Cirúrgica. venoso central, queimaduras.

15
GUIA DE ESPECIALIDADES

3. Vantagens e dificuldades - Cirurgia Pediátrica;


- Urologia;
A vantagem proporcionada pela Cirurgia Geral é a opor- - Proctologia;
tunidade de trabalhar não só com casos clínicos tratados - Cancerologia Cirúrgica;
apenas farmacologicamente, como também com procedi- - Videolaparoscopia;
mentos médicos mais invasivos. - Trauma.
Uma das dificuldades encontradas nessa especialidade é
deparar com o tempo transcorrido em cada cirurgia, reque-
rendo do cirurgião um bom preparo físico e emocional para
suportar a extensa carga horária, mantendo sempre muito
controle e atenção nos procedimentos realizados.
Não se pode deixar de falar também sobre as intempé-
ries de trabalhar em hospitais sucateados, que não ofere-
cem boas condições para a realização de procedimentos.
O que o tornará um bom cirurgião?
- Ser criativo, detalhadamente orientado, e cobrar de si mesmo
alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado e confiante mesmo sob extrema pressão;
- Ter uma ótima destreza manual.

4. Situação atual e perspectivas


A Cirurgia Geral é uma área muito extensa e complexa,
com longos anos de treinamento até que se possa estar apto
a realizar procedimentos invasivos nos pacientes que deles
necessitam. Com o passar dos anos, podemos notar que
procedimentos anteriormente indicados de imediato agora
são analisados e tratados conservadoramente, antes de se
realizar qualquer tipo de abordagem cirúrgica.
Temos o surgimento e o desenvolvimento da Cirurgia Ro-
bótica, em que é possível proporcionar ao paciente menos
agressão tecidual, mais intensa em cirurgias abertas, e mais
destreza nos movimentos realizados.

5. Estilo de vida
A qualidade de vida é um dos pontos fundamentais em
uma carreira profissional, demonstrando o quão satisfeito se
está com a profissão escolhida, podendo-se conciliar profis-
são, família, viagens e lazer.
No começo de todas as carreiras profissionais, temos
maior dificuldade de nos ajustar ao mercado de trabalho e
ultrapassar barreiras para só então alcançar a estabilidade
tão almejada. Na Cirurgia Geral, não é diferente; no come-
ço o profissional acaba tendo de fazer muitos plantões no-
turnos e em diversos serviços, até conseguir se fixar em um
hospital que possa lhe oferecer mais estabilidade.

6. Subespecialidades
- Cirurgia Plástica;
- Cirurgia Torácica;
- Cirurgia Vascular;

16
4
CLÍNICA MÉDICA

1. Introdução hospitalar e ambulatorial. Não possui um público-alvo espe-


cífico, já que sua atuação abrange todas as idades e molés-
A Clínica Médica nasceu há 2.500 anos, na Ilha de Kós, tias. Uma das características da especialidade é promover
na Grécia, com Hipócrates, o introdutor da anamnese como a saúde e hábitos de vida saudável. É imprescindível como
parte inicial da consulta clínica. O clínico geral, em toda a sua “interconsultor”, essencialmente para especialidades cirúr-
formação, é capacitado a desenvolver um raciocínio diag- gicas, fazendo diagnósticos de alterações clínicas e acompa-
nóstico com o objetivo de discernir aqueles mais apropria- nhamento conjunto de pacientes selecionados.
dos para determinados pacientes. Portanto, a classificação
mais apropriada para o clínico geral é a de diagnosticador,
tendo uma visão mais integral do paciente e um papel fun- 3. Vantagens e dificuldades
damental na promoção da saúde.
Como no início de algumas carreiras, o clínico leva alguns
Residência Médica
anos para se estabilizar, principalmente se tiver seu próprio
Entrada Acesso direto.
consultório, pois não conseguirá ter uma renda positiva até
Duração 2 anos. se tornar reconhecido. Outra dificuldade do clínico no Brasil
- Unidade de Internação em enfer- é que, diante de tantas especialidades, o generalista acaba
maria de Clínica Médica Geral e de subestimado e substituído pelo especialista, sem saber se a
especialidades, ambulatório geral e
em unidade básica de saúde, urgên- sua queixa não seria resolvida simplesmente pelo clínico ge-
cia e emergência, unidade de tera- ral. A vantagem é que não faltam empregos para o clínico, que
pia intensiva, ambulatório de Clínica pode trabalhar em prontos-socorros e em enfermarias de Clí-
Geral, Especializada e unidade bási- nica Médica, conseguindo obter bons salários; porém, para
Rodízio nas áreas
ca de saúde;
- Estágios obrigatórios: Cardiologia, ganhar mais, precisa trabalhar em 2 ou mais lugares. Trata-se
Gastroenterologia, Nefrologia e de uma especialidade muito gratificante, com reconhecimen-
Pneumologia; to da dedicação do profissional pelo paciente e por este con-
- Cursos obrigatórios: Epidemiologia tar com um médico que o veja como um todo, com liberdade
Clínica, Biologia Molecular Aplicada,
Organização de Serviços de Saúde.
para expressar e perguntar sobre suas mais diversas queixas.
1.498: O que o tornará um bom clínico geral?
- Norte: 55; - Ter um bom raciocínio diagnóstico;
- Nordeste: 247;
Média de vagas no país - Saber lidar com o diagnóstico e tratamento de doentes crônicos;
- Centro-Oeste: 149;
- Sul: 228; - Gostar de desafios, para fazer diagnósticos difíceis;
- Sudeste: 819. - Possuir uma visão abrangente do paciente.

2. Áreas de atuação 4. Situação atual e perspectivas


Geralmente, esse é o profissional de 1º contato do pa- A perspectiva da carreira está em ascendência, pois
ciente, em prontos-socorros e no dia a dia do atendimento possui um grande número de vagas distribuídas pelo país,

17
GUIA DE ESPECIALIDADES

a maior porcentagem concentrada na região Sudeste. Com


esses dados, temos não só a grande procura como também
a grande demanda pela especialidade, que é essencial para
o funcionamento da saúde pública brasileira. Atualmente,
há grandes centros de referência para a formação desse es-
pecialista, além de grandes locais de atuação.
Clínicos gerais em atividade
Cerca de 12.138 em 2012

5. Estilo de vida
O estilo de vida do profissional vai depender somente do
que ele estiver programando para sua vida. Pode ter uma
vida mais corrida, trabalhando em 3 ou 4 empregos, mas po-
dendo ganhar bons salários, ou pode trabalhar em apenas
1 lugar ou ter um consultório, levando, dessa forma, uma
carreira um pouco mais tranquila, conseguindo conciliar a
profissão com outras atividades diárias, como família, via-
gens e lazer.

18
5
DERMATOLOGIA

1. Introdução zer outra área como pré-requisito. Durante o seu 1º ano, o


residente faz Clínica Médica, e os 2 anos subsequentes são
A Dermatologia é a especialidade médica que se ocupa voltados para as afecções da pele. Uma das vantagens dessa
do diagnóstico e do tratamento clínico-cirúrgico das doen- área médica é a atuação em locais de trabalho mais tran-
ças que acometem a pele, maior órgão do corpo humano, quilos, como consultórios particulares ou o sistema público.
sendo de extrema importância para a proteção do organis- Associado à boa prática médica, esse profissional tende a
mo contra agravos externos. A especialidade engloba ainda uma excelente tranquilidade no seu ambiente de trabalho.
as doenças que acometem os anexos cutâneos como cabe- Uma das dificuldades encontradas nessa área atualmen-
los, unhas e mucosas. te é que há uma competição estética entre profissionais de
O especialista nessa área atua em todos os processos outras áreas, empregando-se de má fé e agindo contra a boa
fisiopatológicos que envolvem a pele, desde simples infec- prática da medicina. Esses, por sua vez, agem com fins ape-
ções, reações autoimunes e inflamatórias até tumores. Mas, nas lucrativos e não visam à satisfação dos pacientes com
além de lidar com variadas afecções de pele localizadas ou o emprego de tratamentos adequados e de boa qualidade.
sistêmicas, essa especialidade atua na cosmiatria, visando
ao estudo e à aplicação de cremes manipulados para ofertar O que o tornará um bom dermatologista?
melhorias aos que deles fazem uso. - Ser confiante e transmitir confiabilidade ao paciente;
Residência Médica - Manter uma boa relação médico–paciente, pois dela depende-
rá o sucesso ou fracasso do tratamento;
Entrada Acesso direto.
- Ter carisma e transmitir fatos coerentes e viáveis aos pacientes;
Duração 3 anos.
164: - Não fazer promessas ou estimular ideias fantasiosas frente aos
resultados esperados;
- Norte: 10;
- Nordeste: 21; - Não ser intempestivo e saber o momento certo de agir e parar;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 13; - Tomar condutas coerentes e, se for o caso, até individualizadas
- Sul: 24; perante cada caso;
- Sudeste: 96. - Buscar sempre estar atualizado frente às pesquisas em sua
área de atuação.
2. Áreas de atuação
4. Situação atual e perspectivas
O dermatologista é um profissional que atua em hospi-
tais, realizando atendimento e intervenções em pacientes Essa especialidade médica é vista como uma das mais
que venham a ser acometidos por doenças dermatológicas. promissoras, em que o profissional consegue se realizar pro-
Trabalha, também, em consultórios particulares ou públicos. fissionalmente, sem tantas intempéries na sua prática.
Atualmente, é uma das especialidades mais concorridas
3. Vantagens e dificuldades dentre todas da Residência Médica porque deixou de ser
voltada exclusivamente para as doenças da pele e passou a
O médico, ao decidir pela Dermatologia, tem a comodi- atuar com uma vertente mais estética. Isso ocorreu após a
dade de já ter o acesso direto à sua escolha sem ter de fa- melhoria e o desenvolvimento de equipamentos e a desco-

19
GUIA DE ESPECIALIDADES

berta de diversas substâncias que proporcionaram a retirada


de camadas de células desvitalizadas para que se renovas-
sem; também, há a aplicação de substâncias no subcutâneo,
propiciando maior estabilidade à pele.
Partindo de uma análise da sociedade a qual estamos vi-
venciando, percebemos o quão se valorizam os parâmetros
estéticos e a boa saúde, portanto essa é uma área médica
em constante mudança e estudo.

5. Estilo de vida
A Dermatologia é, atualmente, uma das áreas médi-
cas mais bem conceituadas no sentido de ofertar um bom
campo de atuação profissional, voltado para o atendimento
em consultórios particulares, o que proporciona ao médico
maior comodidade em estabelecer seus horários de traba-
lho. Assim, esse profissional consegue manter uma atuação
profissional sem que o impeça de ter tempo para os seus
afazeres.

6. Subespecialidades
- Cirurgia Dermatológica;
- Cosmiatria.

20
6
GENÉTICA MÉDICA

1. Introdução 18:
Média de - Centro-Oeste: 2;
vagas no país - Sul: 3;
Essa especialidade foi criada em 1977, no Hospital das Clí- - Sudeste: 13.
nicas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, e só
foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em 1983.
Os membros da Sociedade Brasileira de Genética, em 1986, 2. Áreas de atuação
fundaram a Sociedade Brasileira de Genética Médica. As 60
Está embasada na pesquisa sobre os transtornos da genéti-
horas semanais da jornada de trabalho do residente são divi-
ca humana. Trabalha com o diagnóstico, tratamento e controle
didas desta forma: 40 horas de atividades rotineiras dentro da
dos distúrbios hereditários, além disso faz parte da pequena
genética e 20 horas de plantões definidos a critério do progra-
parcela de médicos que estuda a barreira do conhecimento hu-
ma, que decidirá como e quando utilizar essas horas. mano, analisando os determinantes da variabilidade e heredi-
De modo geral, essa especialidade permitirá que o médico tariedade no homem. O público-alvo dos médicos geneticistas
residente saiba o diagnóstico patológico e clínico das enfermi- são crianças com algum dismorfismo e toda a sua família, adul-
dades genéticas e das síndromes teratogênicas, capacitando- tos que necessitem de aconselhamento genético, como testes
-o a realizar condutas clínicas e tratamento quando necessá- de DNA para paternidade e criminalística. Para o profissional
rio, e também a fazer aconselhamentos genéticos seguindo que se sente à vontade trabalhando em laboratórios, essa é
os princípios da bioética. Muitas vezes, o médico geneticista uma área que possibilita concretizar esse desejo, como os estu-
não cuidará apenas do paciente sindrômico, mas também se dos cromossômico, metabólico básico e molecular.
envolverá com a família e com parentes próximos para estu-
dá-los geneticamente e procurar descobrir qual erro genético
permitiu a criança ter nascido daquela forma, ou porque o 3. Vantagens e dificuldades
casal não consegue ter filhos, ou porque o bebê não nasceu.
Também terá contato com a parte de laboratório, envolvendo A área está crescendo e se desenvolvendo principalmen-
bioquímica, citogenética e genética molecular. te no fator tecnológico relacionado ao diagnóstico, à preven-
ção e ao tratamento das síndromes genéticas. Porém, faltam
Residência Médica a inserção e a comunicação entre outros profissionais médi-
Entrada Acesso direto. cos com relação às questões da Genética na saúde pública.
Duração 3 anos.
- Atividades práticas: Pediatria, Clínica Mé- O que o tornará um bom geneticista?
dica, Neurologia, Endocrinologia, Medicina - Gostar do funcionamento laboratorial;
Fetal, atendimento clínico supervisionado de
pacientes do Serviço de Genética (dismor- - Se dar bem com as cadeiras médicas básicas;
fologia, aconselhamento genético, genética - Ter raciocínio lógico para associar os achados clínicos com a
pré-natal, tratamento de doenças genéticas) gama de síndromes genéticas conhecidas.
Rodízio nas e complementação laboratorial (Citogenética,
áreas Erros Inatos do Metabolismo e Biologia Mo-
lecular);
- Atividades teóricas: seminários, revisão bi- 4. Situação atual e perspectivas
bliográfica, sessões clínicas e pesquisas com-
postas por módulos nas áreas de Genética
Básica, Genética Clínica, Citogenética e Epide- Os defeitos congênitos passaram a ser a 2ª causa de mor-
miologia. talidade em 2000. Com isso, aumenta o papel do médico ge-

21
GUIA DE ESPECIALIDADES

neticista dentro da sociedade. Apesar disso, a implantação


de programas assistenciais de saúde pública no Brasil vem
ocorrendo de forma lenta. O país está se desenvolvendo em
relação ao atendimento em Genética Clínica, abrindo portas
para um sistema de atendimento no qual a maioria da popu-
lação tenha acesso a serviços e procedimentos que permi-
tam revelar o diagnóstico da doença genética que possuem.
Geneticistas em atividade
Cerca de 170 em 2012

5. Estilo de vida
O profissional de Genética é geralmente vinculado a
grandes serviços de referência. É uma área de atuação cujas
patologias são muito raras. Por isso, trabalha em regime am-
bulatorial e de interconsultas hospitalares. Dessa forma, o
profissional tem muita qualidade vida por não fazer longas
jornadas, pois deve cumprir as horas no serviço como qual-
quer outro médico que trabalha em regime CLT. Obviamen-
te, não há emergências.

22
7
GINECOLOGIA E
OBSTETRÍCIA

1. Introdução também no meio acadêmico. Dentro da especialidade, pode


atuar de diversas formas, com todas as subespecializações
A Ginecologia e Obstetrícia (GO) é a especialidade clíni- que a área oferece, cada uma com suas particularidades e
co-cirúrgica que lida com os órgãos reprodutivos feminino, formas de atuar.
grávidos ou não, e são 2 especialidades combinadas em ape-
nas 1. Esse treinamento prepara o médico para ser perito no
tratamento cirúrgico de todas as patologias clínicas envol- 3. Vantagens e dificuldades
vendo órgãos reprodutivos femininos, e para o atendimento
As maiores vantagens da carreira são a extensão da área,
de gestantes e não gestantes.
que permite ao médico trabalhar praticamente com aquilo
Residência Médica que mais gostar, e a quantidade de oportunidades que sem-
Entrada Acesso direto. pre existe no mercado, mesmo em grandes centros e em um
Duração 3 anos. mercado repleto desses profissionais. Outro ponto é o acesso
- Atenção Básica; direto: o profissional já entra na especialidade sem precisar
- Urgência e Emergência; de outras provas para chegar à área que almeja. Vale lembrar,
- Ambulatórios; também, o relato de muitos obstetras, que contam que não
- Unidades de Internação (Puerpé- há vantagem maior do que trazer uma nova vida ao mundo.
rio Normal, Puerpério Patológico,
Rodízio nas áreas Ginecologia em geral);
Por outro lado, existe a baixa qualidade de alguns profissio-
- Centro Obstétrico; nais, que acabam obliterando parte do brilho dessa especiali-
- Centro Cirúrgico; dade. As grandes jornadas de trabalho, permeadas por diversos
- UTI; plantões e chamadas de urgência, também contam como difi-
- PS Cirurgia; culdade dessa área de atuação. Existe ainda um senso comum,
- Ultrassonografia.
discutível, de que as mulheres preferem ginecologistas mulhe-
797:
res, uma dificuldade maior para candidatos homens.
- Norte: 42;
- Nordeste: 130; O que o tornará um bom ginecologista/obstetra?
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 71;
- Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
- Sul: 129;
- Sudeste: 425. - Saber lidar com situações de pressão envolvendo assuntos de-
licados;
- Gostar de ver resultados imediatos;
2. Áreas de atuação - Ter a capacidade de tomar atitudes rápidas e seguras;
- Gostar do cuidado de mulheres.
A GO é uma área extremamente ampla. Existe pratica-
mente todo tipo de atuação do profissional, que vai desde
atendimento de rotina em consultório até grandes cirurgias. 4. Situação atual e perspectivas
O ginecologista obstetra pode trabalhar em hospitais públi-
cos e privados, em consultórios particulares, em unidades As melhores situações de trabalho atualmente encon-
básicas de saúde como especialista, fazendo plantões, e tram-se fora dos grandes centros. Para se ter ideia da grande

23
GUIA DE ESPECIALIDADES

quantidade de ginecologistas obstetras nas grandes cidades,


em São Paulo essa é a 2ª área com mais profissionais em
atuação, cerca de 6.500 segundo o censo do CREMESP de
dez/2011, atrás apenas de Pediatria, com cerca de 8.000.
A mesma situação ocorre no Brasil como um todo, onde
existem cerca de 23.600, 2ª maior população de especialistas.
Apesar de todo esse contingente, sem dúvida existe mer-
cado para GO. A demanda pelo médico da mulher e por obs-
tetras nunca cessa, e os profissionais superespecializados
acabam sendo bem procurados no mercado.
Ginecologistas/obstetras em atividade
Cerca de 23.600 em 2012

5. Estilo de vida
Assim como em todas as carreiras médicas, o início da
vida profissional sempre é difícil. Durante os anos de Resi-
dência, não há quase nada além da sua formação.
Não é segredo que o estilo de vida desse profissional não
esteja entre os melhores. Poucos profissionais lidam apenas
com a Ginecologia, por isso acabarão recebendo chamadas
de urgências de pacientes gestantes nos horários mais inu-
sitados.
O profissional que acaba a Residência provavelmente
trabalhará, inicialmente, com os plantões de Obstetrícia em
hospitais ou serviços públicos, o que o levará a ter uma gran-
de carga horária.
Ao longo do tempo, passará a ter seus próprios pacientes
em consultório particular e possivelmente em bons hospi-
tais, o que levará a uma melhora da qualidade de vida e boa
remuneração.

6. Subespecialidades
- Algia Pélvica;
- Climatério;
- Endocrinologia Ginecológica;
- Ginecologia Geral;
- Ginecologia Infantopuberal;
- Infecção Genital;
- Mastologia;
- Medicina Fetal;
- Oncologia Clínica e Cirúrgica;
- Patologia do Trato Genital Inferior;
- Planejamento Familiar;
- Reprodução Humana;
- Uroginecologia e Cirurgia Vaginal.

24
8
HOMEOPATIA

1. Introdução pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária. Em 1952,


tornou-se obrigatório o ensino da Farmacotécnica Home-
Homeopatia (do grego hómoios + páthos = semelhante opática em todas as faculdades de farmácia do Brasil. Em
+ doença) é uma forma de terapia alternativa iniciada por 1966, foram publicadas várias Portarias, com instruções de
Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755-1843) em instalação e funcionamento de farmácias homeopáticas e
1796, quando foi publicada a sua 1ª dissertação sobre o A industrialização dos medicamentos; em 1976, foi oficiali-
assunto. Baseia-se no princípio “similia similibus curantur” zada a Farmacopeia Homeopática Brasileira. Atualmente, a
(“semelhante pelo semelhante se cura”), ou seja, o trata- Homeopatia adentra as universidades e os cursos de gradua-
mento se dá a partir da diluição e da dinamização da mesma ção médica, ora como disciplina opcional, ora fazendo parte
substância que produz o sintoma num indivíduo saudável. A da grade curricular.
Homeopatia reconhece os sintomas como uma reação con- A Homeopatia é oferecida como terapêutica médica na
tra a doença. Esta é uma perturbação de uma energia vital, rede pública em vários municípios brasileiros, amparados
e a Homeopatia provoca o restabelecimento do equilíbrio. pela Portaria do Ministério da Saúde de maio de 2006, que
Trata-se do 2º sistema médico mais utilizado no mundo. recomenda o atendimento homeopático nas unidades bási-
De fato, o tratamento homeopático consiste em fornecer cas de saúde pública.
a um paciente sintomático doses extremamente diluídas de Para se tornar homeopata, é preciso ser graduado nas áreas
compostos que são tidos como causas em pessoas saudá- de Medicina, Medicina Veterinária, Farmácia ou Odontologia.
veis dos sintomas que pretendem contrariar, mas potencia- Residência Médica
lizados por meio de técnicas de diluição e dinamização que
Entrada Acesso direto.
liberam energia. Desse modo, o sistema de cura natural da
Duração 2 anos.
pessoa seria estimulado a estabelecer uma reação de res-
tauração da saúde por suas próprias forças, de dentro para 1:
Média de vagas no país
- Sudeste: 1.
fora. Este tratamento é para a pessoa como um todo e não
somente para a doença.
Desde 1978, é uma das práticas alternativas estimuladas 2. Áreas de atuação
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para ser implan-
tada em todos os sistemas de saúde do mundo, em conjunto A Homeopatia é uma especialidade médica pouco difun-
com a medicina oficial, fato reforçado pelo documento “Estra- dida na cultura hospitalar de modo geral, pois a maioria das
tégia da OMS sobre medicina tradicional 2002 – 2005”. Toda- patologias que acometem a população é de maior gravida-
via, a OMS condena o uso da Homeopatia contra doenças gra- de e deve ser tratada com mais intensidade, fazendo-se uso
ves, como malária, tuberculose, AIDS, gripe e diarreia infantil. de medicamentos ou realizando procedimentos cirúrgicos,
Chegou ao Brasil em 1840, com especialistas franceses, fazendo que a Homeopatia tenha pouca atuação nesse âm-
tornando-se rapidamente uma opção de tratamento à me- bito. Entretanto, para pacientes estáveis e que procuram
dicina oficial vigente. Porém, só em 1980 a Homeopatia foi melhora de sintomas inespecíficos que não gerem uma pa-
reconhecida como especialidade médica pela Associação tologia de maior gravidade e, claro, para aqueles que creem
Médica Brasileira (AMB), e, no ano seguinte, o Conselho Fe- no seu funcionamento, a Homeopatia será de grande valia.
deral de Medicina (CFM) a incluiu no rol de suas especialida- Esse profissional pode atuar em hospitais, públicos ou
des. Em março de 1996, foi reconhecida como especialidade privados, em consultórios e ambulatórios médicos.

25
GUIA DE ESPECIALIDADES

3. Vantagens e dificuldades
O especialista em Homeopatia tende a encontrar uma
carreira mais tranquila, com um mercado de trabalho pouco
conhecido, mas com muitas perspectivas de atuação. É um
profissional diferenciado que busca auxiliar seu paciente de
uma maneira específica para seu problema, sem lhe acres-
centar uma grande carga medicamentosa.
Uma das dificuldades encontradas nessa área, atualmen-
te, é que há uma competição entre as diferentes áreas de
atuação, pois outras áreas da saúde podem trabalhar como
homeopata, como o veterinário e o dentista. Contudo, a par-
tir do reconhecimento dessa área como especialidade e o
surgimento da Residência Médica, isso vem deixando de ser
um empecilho.
O que o tornará um bom homeopata?
- Ser confiante e transmitir confiabilidade ao paciente;
- Manter uma boa relação médico–paciente, pois dela depende-
rá o sucesso ou o fracasso do tratamento;
- Ter carisma e transmitir fatos coerentes e viáveis aos pacientes;
- Não fazer promessas ou estimular ideias fantasiosas frente aos
resultados esperados;
- Não ser intempestivo e saber o momento certo de agir e parar
perante uma patologia mais grave e que carece de atenção;
- Tomar condutas coerentes e, se for o caso, até individualizadas
perante cada caso;
- Buscar sempre estar atualizado diante das pesquisas em sua
área de atuação;
- Conhecer as técnicas de manipulação das substâncias.

4. Situação atual e perspectivas


É uma especialidade que ainda tem muito para se desen-
volver, tanto em técnicas de manipulação quanto em reco-
nhecimento pela classe médica em geral e, consequentemen-
te, entre os pacientes. Isso ocorre, muitas vezes, por falta de
conhecimento e pela própria classe médica não reconhecê-la
e não indicar os serviços prestados pelos homeopatas.

5. Estilo de vida
A Homeopatia é uma área médica que tende a propor-
cionar uma vida mais tranquila, pois o profissional que a
escolhe tende a atuar em consultórios particulares e em al-
guns hospitais, o que proporciona maior comodidade em es-
tabelecer seus horários de trabalho. Assim, esse profissional
consegue manter uma atuação profissional sem impedi-lo
de ter tempo para os seus afazeres.

26
9
INFECTOLOGIA

1. Introdução 2. Áreas de atuação


Infectologia é a especialidade médica que se ocupa do O médico infectologista atua abordando uma ampla
estudo das doenças causadas por diversos patógenos, como gama de doenças de todos os órgãos e sistemas do orga-
príons, vírus, bactérias, protozoários, fungos e animais. Por nismo, com foco na infecção e não no anatômico, como de
isso, também são conhecidas como doenças infectoparasi- costume entre as outras especialidades. Na prática do dia a
tárias (DIPs) ou Moléstias Infecciosas e Parasitárias (MIPs). dia, existem algumas grandes aéreas de atuação do médico
O infectologista atua na prevenção primária das pato- infectologista, como a síndrome da imunodeficiência adqui-
logias, realizando educação em saúde e vacinação e cons- rida/HIV, medicina tropical, Comissão de Controle de Infec-
cientizando a população de sua atuação frente às doenças. ção Hospitalar (CCIH) e doenças piogênicas.
Realiza a prevenção secundária a partir dos tratamentos das Atuando nessas áreas, esse especialista atende em
doenças infecciosas e a prevenção de incapacidade causada prontos-socorros de hospitais gerais ou nos próprios hospi-
por elas. tais de Infectologia, como o Instituto de Infectologia Emílio
O infectologista é o médico especialista no diagnóstico, Ribas, em São Paulo. Presta assessoria em todos os tipos
tratamento e acompanhamento dos acometidos por doen- de hospitais, em seus setores de controle de infecção de
ças infecciosas. No entanto, devido à carência desse espe- doença, e auxilia outros médicos em sua prática diária a
cialista em algumas regiões e à falta de informação da po- respeito da utilização de antibióticos e da melhor cobertu-
pulação sobre o seu papel, a grande maioria é atendida por ra frente ao paciente e a sua afecção. Trabalha em enfer-
médicos de outras especialidades. marias e consultórios, atendendo os acometidos por doen-
Por ser um especialista acostumado a lidar com doenças ças infectocontagiosas.
localizadas nos mais variados órgãos do corpo, em geral o
infectologista também tem uma visão global do paciente e 3. Vantagens e dificuldades
frequentemente exerce a prática de Clínica Geral.
É um médico que tem por objetivo diagnosticar e tratar O médico, ao decidir fazer a especialidade, tem a como-
doenças infecciosas e parasitárias, realizar imunização da didade de já ter o acesso direto à sua escolha, sem ter de
população, aconselhar na prescrição de antimicrobianos e estudar outra área como pré-requisito. Durante o 1º ano, o
atuar no controle da infecção hospitalar. residente faz Clínica Médica e os 2 anos subsequentes são
Residência Médica voltados para as afecções infectocontagiosas. A vantagem
Entrada Acesso direto. dessa área médica é ter sua atuação em diversos locais,
como enfermarias, consultórios e prontos-socorros. Pode
Duração 3 anos.
optar por não fazer plantões noturnos e com isso, usufruir
152:
- Norte: 22;
de maior flexibilidade em seus horários durante o período
- Nordeste: 19; da manhã.
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 11; Uma das dificuldades encontradas nessa área é que o pa-
- Sul: 22; ciente não tem informações suficientes para, desde o início,
- Sudeste: 78.
buscar auxílio desse profissional e tem de ser encaminhado

27
GUIA DE ESPECIALIDADES

por outros quando se desconfia de alguma patologia infec-


tocontagiosa. Essa situação acaba fazendo que o infectolo-
gista só atue em hospitais de sua alçada ou realizando inter-
consultas solicitadas por outros especialistas.
O que o tornará um bom infectologista
- Ser confiante e transmitir confiabilidade ao paciente;
- Manter uma boa relação médico–paciente, pois dela depende-
rá o sucesso ou fracasso do tratamento;
- Ter carisma e transmitir fatos coerentes e viáveis aos pacientes;
- Não fazer promessas ou estimular ideias fantasiosas frente aos
resultados esperados;
- Não ser intempestivo e saber o momento certo de agir e parar;
- Tomar condutas coerentes e, se for o caso, até individualizadas
perante cada caso;
- Buscar sempre estar atualizado frente às pesquisas em sua
área de atuação.

4. Situação atual e perspectivas


Essa especialidade médica tem boa aceitabilidade por
quem a escolhe, pois proporciona a satisfação de atuar
clinicamente frente ao paciente, acrescido de um conheci-
mento a mais a respeito de patologias infecciosas em que
outros profissionais não possuem tanta prática. Terá sempre
um bom campo de atuação, principalmente em relação ao
grande quadro de epidemia do vírus HIV e às comorbidades
associadas ao seu agravo.

5. Estilo de vida
A Infectologia tende a proporcionar boa qualidade de
vida aos seus especialistas, pois ao atuar têm a comodidade
de se abster de plantões noturnos e optar por trabalhar no
período do dia e longe das portas de prontos-socorros. Isso
faz que ele tenha tempo de se dedicar um pouco aos seus
familiares e ao lazer, podendo conciliar a vida pessoal com
seus horários de trabalho.

28
10
MEDICINA DE FAMÍLIA
E COMUNIDADE

1. Introdução da promoção, da prevenção e do cuidado com múltiplos


problemas. Tem como finalidade fazer o diagnóstico pre-
Trata-se da Residência Médica fundamentada na aten- coce e é responsável por evitar que os indivíduos busquem
ção integral à saúde, por inserir o paciente na família e na assistência em atenção secundária ou terciária sem ne-
comunidade. Foi reconhecida pelo Ministério da Educação, cessidade, gerando um fluxo melhor dentro de todos os
por intermédio da Comissão Nacional de Residência Médica, atendimentos médicos. Procura-se atender os pacientes
em 1981. Sua criação foi uma reação contrária à tendência no ambiente domiciliar, promove um cuidado longitudinal,
do médico especialista e consequente desumanização do gerando a prevenção de enfermidades, acompanhando de
atendimento. Prestam atendimento médico geral, integral e perto os doentes crônicos e garantindo a responsabilização
de qualidade aos indivíduos, às suas famílias e às comunida- do cuidado à saúde. Possui relação direta e contínua com
des, e criam um vínculo com a família mesmo sem nenhum a comunidade.
indivíduo adoecido. Quando um adoece, o médico que sem- O público-alvo é a comunidade e a família como um
pre acompanha essa família será o 1º a ser consultado. todo, desde os mais novos até os mais idosos.
O programa de Residência exige tempo integral, com um
cumprimento de, no mínimo, 2.880 horas/ano.
3. Vantagens e dificuldades
Residência Médica
Entrada Acesso direto. Cria-se um vínculo com o paciente e seus familiares an-
Duração 2 anos. tes mesmo de eles adoecerem; quando isso acontece, o
- Ambulatório, estágio em outras 1º médico a ser procurado é o médico de família e comu-
especialidades, visitas domiciliares, nidade que estão acostumados a se consultarem. A área
atividade teórica, grupos, pesquisa
está necessitando de profissionais habilitados. Por ser uma
e plantões;
Rodízio nas áreas - Unidade básica, internação de especialidade nova e por se tratar de um generalista, ainda
adultos, internação de crianças, não é muito bem vista pelos acadêmicos e outros colegas
Gestão em Atenção Primária à Saú- da área.
de, estágios obrigatório-alternati-
vos e estágio optativo. O que o tornará um bom médico de família e comunidade?
402: - Dominar a prática clínica em todo o espectro do ciclo vital do
- Norte: 41; indivíduo e da família;
- Nordeste: 69;
Média de vagas no país - Saber planejar, organizar e conduzir grupos terapêuticos e de
- Centro-Oeste: 16;
- Sul: 80; educação e saúde;
- Sudeste: 196. - Dominar conceitos de Epidemiologia e trabalhar com noção de
vigilância à saúde;

2. Áreas de atuação - Saber promover atividades multiprofissionais nas ações de


saúde;
Atua em Atenção Primária à Saúde; é o 1º contato que - Saber utilizar o “tempo” a seu favor para realizar diagnósticos,
tratamento e organização.
o paciente tem com o sistema de saúde, principal agente

29
GUIA DE ESPECIALIDADES

4. Situação atual e perspectivas


Tem-se aumentado a oferta de Residência em Medicina
de Família e Comunidade no Brasil, porém a procura por
parte de médicos recém-formados permanece baixa. Ape-
sar das novas vagas ofertadas para Residência, apenas 20%
das vagas estão ocupadas. Necessita-se de maior divulgação
e de sua atuação no âmbito acadêmico e entre os recém-
-formados.
Médicos de família e comunidade em atividade
Cerca de 3.000 em 2012

5. Estilo de vida
O médico de família e comunidade precisa cumprir uma
carga horária de 40 horas semanais, entrando às 8 e saindo
às 17 horas, de segunda a sexta. O horário pode ser flexibili-
zado, dependendo da Unidade Básica de Saúde em que es-
tiver atuando. Pode trabalhar até em 2 unidades ao mesmo
tempo. Consegue conciliar o serviço com outras atividades
semanais ou até mesmo trabalhar em outros locais. Esse
profissional não passa por muitas dificuldades no começo
da carreira, por sobrar vagas na área, logo pode ser admi-
tido em um serviço e desfrutará de uma carreira tranquila,
podendo conciliar trabalho, família e lazer.

30
11
MEDICINA DO ESPORTE

1. Introdução 2. Áreas de atuação


A Medicina do Esporte é uma especialidade médica A Medicina do Esporte organiza-se basicamente da se-
mundialmente reconhecida e, no Brasil, tem demonstrado guinte forma:
presença crescente, científica ou institucionalmente, além - Clínica do Exercício e do Esporte, em que há atendimen-
de ser um campo profissional estabelecido. Os aspectos to tanto de pessoas comuns, orientando atividades físicas
médicos da atividade física, estudados pela Medicina Espor- normais, como de atletas, em que deve haver um suporte
tiva (ME), e suas áreas complementares, estão cada vez mais de alta complexidade devido à alta exigência. Após o conta-
presentes na sociedade moderna. to inicial, o médico do esporte deve vivenciar o dia a dia do
O sedentarismo e a obesidade são vistos como problemas esporte, com as equipes e os atletas, supervisionando seu
de saúde pública e têm causado mais morbimortalidade do treinamento, realizando prevenção de problemas clínicos e
que muitas doenças e óbitos. Contudo, são patologias total- ortopédicos, oferecendo suportes nutricional e psicológico
mente passíveis de prevenção e a ME, entre outras especia- e atendendo intercorrências médicas, como o caso extremo
lidades médicas, age sobre ambas, direta ou indiretamente. de morte súbita e sua prevenção durante eventos esporti-
A sociedade moderna apresenta novas necessidades: vos. Nessas atividades, o especialista também participa do
nas áreas da prevenção, da terapêutica, da promoção da apoio ao treinamento físico e técnico das diferentes moda-
saúde, e também na do alto desempenho esportivo. Acom- lidades esportivas;
panhando essa tendência e a efetiva expansão desse mer- - Ortopedia e Traumatologia do Exercício e do Esporte,
cado profissional, faz-se necessária a formação de médicos responsável pela atenção clínica e cirúrgica dos pacientes
especializados na área. com lesões esportivas. Esse atendimento deve, preferencial-
Residência Médica mente, ser realizado por médicos com a dupla formação –
Entrada Acesso direto. em Medicina do Esporte e em Ortopedia e Traumatologia.
Isso permite a assistência global ao cliente e a compreensão
Duração 3 anos.
de suas necessidades como praticante da atividade física;
- Clínica Médica;
- UBS; - Avaliação Funcional do Exercício e do Esporte, que
- Urgências e Emergências; abrange a avaliação e o acompanhamento de indivíduos
- UTI; envolvidos com a atividade física em seus diferentes níveis,
- Ambulatório de Ortopedia e Trau- por meio de testes de função das variáveis e características
matologia;
Rodízio nas áreas - Reumatologia; fisiológicas durante o esforço físico, como testes
- Reabilitação; ergoespirométricos, curvas de lactato, testes neurofuncio-
- Biomecânica Esportiva; nais, dentre diversos outros;
- Nutrição Esportiva; - Reabilitação no Exercício e no Esporte, uma das princi-
- Atividades Físicas para Crianças,
Adultos e Idosos; pais áreas da ME. Há a reabilitação de quem teve problemas
- Atividades em Academia. temporários e está retornando às atividades ou mesmo ati-
8: vidades que levam portadores de deficiência física a se be-
Média de vagas no país - Sul: 2; neficiarem, além de dar apoio ao esporte competitivo para
- Sudeste: 6. deficientes, o esporte paraolímpico;

31
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Áreas de Suporte ao Exercício e ao Esporte, que é mul- 6. Subespecialidades


tidisciplinar, envolvendo Nutrição, Psicologia, Assistência So-
cial, Enfermagem e diversas outras que contribuem para a - Traumato-Ortopedia Desportiva;
boa prática esportiva de pessoas comuns e de atletas. - Cardiologia do Esporte;
- Medicina do Exercício.

3. Vantagens e dificuldades
A principal vantagem da área é a pequena quantidade
de profissionais no mercado, o que abre um enorme leque
de possibilidades. Há grande carência desses profissionais
para exercer suas funções em clubes, equipes, agremiações
esportivas e mesmo em escolas e no Programa de Saúde da
Família, onde o estímulo e a orientação adequada de ativi-
dade física devem ser obrigatórios.
As principais dificuldades são a pequena quantidade de
vagas disponíveis em todo o Brasil e a falta de conhecimento
da área por grande parte das pessoas.
O que o tornará um bom médico do esporte?
- Gostar de atendimento clínico;
- Estar preparado para lidar com atletas e profissionais de todos
os níveis;
- Ter raciocínio lógico, visando relacionar os achados clínicos
com as principais patologias do aparelho locomotor ou do orga-
nismo como um todo.

4. Situação atual e perspectivas


Não há dúvida da necessidade desse profissional no mer-
cado. Cada vez mais, clubes, associações esportivas, escolas
e mesmo a população em geral precisa de um profissional
com as características do médico do esporte. A pequena
quantidade de profissionais deve atrair mais pessoas para
essa área.
Como perspectiva mais imediata, os grandes eventos
esportivos que teremos em nosso país nos próximos anos,
a Copa do Mundo e as Olimpíadas, levarão a uma grande
visibilidade dessa especialidade. Com isso, em poucos anos
teremos a consolidação definitiva da área e, com certeza, o
número de médicos do esporte deverá crescer.
Médicos do esporte em atividade
Cerca de 420 em 2012

5. Estilo de vida
Por ser uma área com poucos profissionais e uma gran-
de demanda, deve haver propostas muito interessantes aos
médicos que a escolherem.
O profissional também poderá escolher a melhor manei-
ra de levar seu cotidiano, decidindo as formas de atuação. Se
escolher trabalhar em clubes de futebol ou de outros espor-
tes, deverá ter em mente que poderá viajar constantemente
acompanhando o clube.

32
12
MEDICINA DO TRÁFEGO

1. Introdução 2. Áreas de atuação

A Medicina de Tráfego é o ramo da ciência médica que O médico do tráfego pode atuar em diversas áreas:
trata da manutenção do bem-estar físico, psíquico e social - Medicina do Tráfego Preventiva, que identifica fatores
do ser humano que se desloca, qualquer que seja o meio. etiológicos dos acidentes, promovendo diversas ações a fim
É reconhecida como especialidade médica pela Associação de reduzir a morbimortalidade por acidentes de trânsito.
Médica Brasileira, pelo Conselho Federal de Medicina e pela Dentre as ações, está o Exame de Aptidão Física e Mental,
Comissão Nacional de Residência Médica. Propõe-se, por- de grande importância para a condução de veículos hoje;
- A Medicina de Tráfego Legal, que realiza perícias, ava-
tanto, a estudar as causas do acidente de tráfego, a fim de
liações e colabora com o Poder Público para segurança de
preveni-lo ou mitigar suas consequências, além de contri-
trânsito;
buir com subsídios técnicos para a elaboração do ordena-
- Medicina de Tráfego Curativa, que cuida do atendimento
mento legal e a modificação do comportamento do usuá-
pré-hospitalar no local do acidente e do transporte da vítima;
rio do sistema de circulação viária. Suas principais áreas de - Medicina de Tráfego Ocupacional, que cuida da
atuação são Medicina de Tráfego Preventiva, Curativa, Legal, prevenção das doenças dos motoristas profissionais, sejam
Ocupacional e Medicina de Viagem. elas orgânicas ou psíquicas;
A Medicina de Tráfego surgiu em 1960, em um Congres- - Medicina do Viajante que, entre outras ações, visa o
so de Medicina Legal em Nova York. Os médicos legistas lá planejamento da viagem, as doenças infectocontagiosas
reunidos, impressionados com o volume que chegava às prevalentes no percurso etc.;
suas mãos, relatando as consequências mais dramáticas - Medicina de Tráfego Aeroespacial, que especializa
dos infortúnios do tráfego e sensibilizados por essa trágica médicos para trabalharem em empresas aéreas, no trans-
evidência, tomaram a histórica decisão de se reunir, ainda porte aéreo de doentes, nos aeroportos etc.;
naquele ano, em San Remo, na Itália, ocasião em que funda- - Dentre outros.
ram a Associação Internacional de Medicina dos Acidentes e
do Tráfego (IAATM). O 1º congresso dessa associação acon-
3. Vantagens e dificuldades
teceu em Roma, em 1963.
Residência Médica A principal vantagem da área é a grande demanda, prin-
Entrada Acesso direto. cipalmente no que diz respeito aos exames de aptidão para
Duração 2 anos. a direção, já que, a cada dia, mais condutores são formados.
Também a grande flexibilidade de horário que a carreira per-
- Medicina do Tráfego Ocupacional;
- Medicina de Viagem; mite, pois há possibilidade de pequenas cargas horárias pela
Rodízio nas áreas - Medicina de Tráfego Aéreo; semana, por exemplo.
- Medicina do Tráfego Aquático; Já uma das dificuldades consiste em acomodar essa faci-
- Medicina do Tráfego Ferroviário. lidade de carga horária à remuneração, o que pode levar a
2: falta de atualização e busca por novas oportunidades e co-
Média de vagas no país
- Sudeste: 2.
nhecimento.

33
GUIA DE ESPECIALIDADES

O que o tornará um bom médico do tráfego?


- Gostar de Epidemiologia e Medicina Legal;
- Estar atento aos aspectos preventivos da medicina;
- Pensamento lógico e criativo.

4. Situação atual e perspectivas


Essa é uma área que tem crescido cada vez mais, já que
são necessários profissionais com as características que essa
Residência oferece, capacitado para as diversas atividades,
como realizar os exames de aptidão física e mental para
condutores e candidatos a condutores exigidos pelo Código
de Trânsito Brasileiro; atuar no atendimento pré-hospitalar
de vítimas de acidentes de tráfego; atuar em empresas
(públicas, privadas, autarquias ou sindicatos) de transpor-
te terrestre, marítimo ou aéreo, na área de segurança de
tráfego e saúde ocupacional; atuar como orientadores de
viagens; atuar em perícias securitárias de vítimas de aciden-
tes de trânsito; orientar, analisar, realizar pesquisas e contri-
buir na organização educacional e legal do trânsito.
Médicos do tráfego em atividade
Cerca de 1.850 em 2012

5. Estilo de vida
Essa é uma área onde o profissional pode fazer seus ho-
rários da maneira que melhor lhe convier. Por ter diversas
opções de atuação e carga horária diversificada, o estilo de
vida pode ser ideal para aqueles que querem conciliar o tra-
balho e as diversas atividades do dia a dia.

34
13
MEDICINA DO TRABALHO

1. Introdução e ferramentas sobre a saúde pública. Existem variadas for-


mas de trabalho:
Com as reformas brasileiras em sua constituição e no - Na rede pública e privada de serviços de saúde, partici-
seu modo de trabalho e o país deixando de ser rural para pando da atenção integral à saúde dos trabalhadores, com-
se tornar urbano, várias mudanças aconteceram a partir da preendendo ações de promoção e proteção da saúde, pre-
década de 1920 no Brasil. Essas mudanças eram relaciona- venção de doença, diagnóstico, tratamento e reabilitação;
das aos trabalhadores industriais, já que o governo precisa- - Em organizações sociais e sindicatos de trabalhadores;
va se preocupar com os acidentes de trabalho. Porém, só no - Em organizações do Estado, particularmente no âmbito
fim da década de 1960 é que se estabeleceu uma legislação do Trabalho, da Saúde e da Previdência Social;
específica e se criou a Medicina do Trabalho, formalmente - Em instituições de seguro, públicas ou privadas, reali-
reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Fe- zando perícias médicas para avaliação de incapacidade para
deral de Medicina em 2003. A Residência tem duração de 2 o trabalho e concessão de benefícios;
anos e não necessita de pré-requisitos e responsabiliza-se - Para o sistema judiciário, como médico perito técnico;
pela segurança dos trabalhadores e sua saúde ocupacional. - Em instituições de formação profissional e produção do
conhecimento.
Residência Médica
Entrada Acesso direto.
Duração 2 anos. 3. Vantagens e dificuldades
- Ambulatório de Clínica Médica;
- Oftalmologia; Uma das vantagens é a união da Clínica Médica com a
- Dermatologia; prevenção da saúde e com o conhecimento sobre a saúde
- Otorrinolaringologia;
pública, que proporciona um ambiente de trabalho mais
- Pronto-Socorro – Clínica Médica;
- Pronto-Socorro – Cirurgia; tranquilo, quando comparado à correria da clínica de pronto
Rodízio nas áreas atendimento ou de clínicas generalistas. Além disso, o servi-
- Ortopedia;
- Reumatologia; ço não é tão cansativo e se pode ter uma jornada não muito
- Pneumologia; longa e receber uma boa remuneração. Como todo início de
- Fisiatria e Medicina de Reabili-
tação;
carreira, esta tem dificuldades para inserção no campo de
- Psiquiatria. trabalho. Os obstáculos do 1º momento são ingressar numa
19: empresa e estabilizar-se financeiramente.
Média de vagas no país - Sul: 5; O que o tornará um bom médico do trabalho?
- Sudeste: 14. - Ser um bom clínico;
- Reconhecer sinais e sintomas relacionados ao trabalho;
2. Áreas de atuação - Saber obter uma história da exposição do seu paciente;
- Saber diagnosticar e tratar doenças relacionadas ao trabalho;
Possui um campo de atuação amplo, lidando sempre - Saber identificar os principais fatores de risco contidos no am-
com empresas, empregados e empregadores. É preciso ter biente;
uma boa formação em Clínica Médica e conhecer conceitos - Dominar os conceitos e ferramentas da saúde pública.

35
GUIA DE ESPECIALIDADES

4. Situação atual e perspectivas


A especialidade não desperta o interesse dos recém-for-
mados como uma carreira a ser seguida permanentemente.
A maioria começa na área para conseguir uma renda assim
que se forma ou porque não conseguiu entrar no curso de
Residência que pretendia, deixando de lado, assim, as várias
oportunidades e qualidades que essa especialidade pode
oferecer em longo prazo. Com um número cada vez maior
de grandes empresas e com as boas oportunidades de em-
prego e carreira que podem surgir, a Medicina do Trabalho
está em grande ascensão no mercado.
Médicos do trabalho em atividade
Cerca de 9.087 em 2012

5. Estilo de vida
Possui, como vantagem, uma grande flexibilidade de ho-
rários, optando por quantas horas ou mesmo quantos dias
se quer trabalhar durante a semana. Com isso, é possível
dedicar-se somente à carreira ou conciliá-la com outras ati-
vidades.

36
14
MEDICINA FÍSICA
E REABILITAÇÃO

1. Introdução des. Os pacientes atendidos são das mais variadas idades,


que por algum motivo perderam a capacidade funcional de
A Medicina Física e Reabilitação ou Fisiatria foi firmada algum órgão ou sistema. Durante o atendimento, o fisiatra
como Residência em 1954. O especialista irá dedicar-se ao visualiza o paciente como um todo, com um objetivo biop-
cuidado, ao diagnóstico, ao tratamento e à prevenção de trau- sicossocial, buscando melhorias na sua qualidade de vida.
mas ou doenças que geram algum tipo de incapacidade. É um Depois de obter o diagnóstico, procurar o melhor tratamen-
médico clínico que não atua cirurgicamente e tem por meta to, visando à sua recuperação total, ou, quando não for pos-
restaurar as funções que a doença prejudicou. Os métodos de sível, a diminuição do impacto da doença. Além disso, trata
tratamento são próprios, tentando evitar ao máximo levar o pa- doenças crônicas e doenças agudas.
ciente para a cirurgia, trabalhando juntamente com uma equi-
pe multiprofissional. Para ingressar nessa área, não é necessá-
rio nenhum pré-requisito, e o curso tem duração de 3 anos. 3. Vantagens e dificuldades
Residência Médica Ter um vasto campo de abrangência, tanto na área de
Entrada Acesso direto. diagnóstico quanto na de tratamento, permitindo alternati-
Duração 3 anos. vas para lesões adquiridas ou transitórias, é uma vantagem
- Centro de Reabilitação, Unidade dessa carreira. Mas, como desvantagem, está o suporte fi-
de Internação e Hospital-dia, Labo- nanceiro, pois sem verba adequada o profissional não con-
ratório de Eletrofisiologia e Oficina segue receitar as medicações que são de alto custo nem uti-
Ortopédica, Reabilitação do Apare-
lho Locomotor, Cardiorrespiratória, lizar novas tecnologias.
Neurofuncional, Infantil, Profissio- O que o tornará um bom médico de reabilitação?
nal, do Atleta, do Paciente com Dor
Rodízio nas áreas - Saber lidar com o paciente como um todo;
Crônica e Urológica; atuação em
equipe multiprofissional. Meios físi- - Ser um bom clínico;
cos e Cinesioterapia;
- Eletroneuromiografia; Biomecâni- - Saber lidar com uma equipe multidisciplinar;
ca; Neuroanatomia e Neurofisiolo- - Cuidar de doenças crônicas e agudas.
gia; Imagenologia; Órtese/Prótese e
Fisiologia do Exercício.
30: 4. Situação atual e perspectivas
- Centro-Oeste: 3;
Média de vagas no país
- Sul: 4; Essa é uma especialidade de excelente qualidade e to-
- Sudeste: 23.
talmente de acordo com a literatura internacional, sendo
extremamente respeitada. Novas tecnologias estão dispo-
2. Áreas de atuação níveis no mercado, como toxina botulínica, estímulos das
funções elétricas, biofeedback, tratamento farmacológico e
Apresenta um campo de trabalho variado, podendo prescrição de órteses ou próteses. Porém, seu crescimento
atender um paciente diariamente e pertencer a uma equipe está diminuindo devido ao aumento da expectativa de vida,
multiprofissional ou como consultor de outras especialida- o que faz as pessoas procurarem menos esse especialista.

37
GUIA DE ESPECIALIDADES

Médicos de reabilitação em atividade


Cerca de 600 em 2012

5. Estilo de vida
Como na grande maioria das especialidades da medici-
na, o estilo de vida acaba sendo moldado pelo próprio pro-
fissional, já que isso depende da dinâmica de vida que ele
almeja. Pode optar por trabalhar em menos locais e fazer
outros tipos de atividades semanais, desfrutar de tempos
maiores com a família e tirar férias. Mas também é possível
se dedicar somente à carreira, trabalhando em mais de 1
emprego e, com isso, com menos tempo livre para realizar
outras atividades.

38
15
MEDICINA LEGAL

1. Introdução 2. Áreas de atuação


Esta é uma das especialidades mais antigas, inaugurada Essa especialidade não visa tratar ou prevenir doenças;
em 1918 pelo professor Oscar Freire de Carvalho. É consi- seu objetivo é a justiça. O profissional que a exerce tem um
derada uma área de sobreposição entre o Direito e a Me- papel essencial sobre a conservação dos direitos do ser hu-
dicina. Recentemente, a especialidade viveu a mudança do mano. Atua fornecendo a prova técnica de natureza médica
nome, sendo então chamada de “Medicina Legal e Perícias e pericial, na qual realiza investigações próprias da ciência
Médicas”. Dessa maneira, uniu-se também a 2 sociedades médica. No processo civil, sempre que a prova depender de
que congregam médicos peritos, a Associação Brasileira de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por
Medicina Legal e a Sociedade Brasileira de Perícias Médicas, um perito. Pode atuar nos exames clínicos, laboratorial, ne-
formando então a Associação Brasileira de Medicinal Legal e croscópico e vistoria de local, tendo a oportunidade de tra-
Perícias Médicas. A formação exige conhecimentos médicos balhar tanto no setor público quanto no privado (empresas
gerais amplos e noções de Direito. seguradoras possuem médicos contratados para atuar como
peritos nos processos administrativos internos).
Residência Médica
Entrada Acesso direto.
Duração 3 anos. 3. Vantagens e dificuldades
- Ambulatório de Clínicas Especializadas (Clí-
nica Geral, Cardiologia, Pneumologia, Neuro- Por muito tempo, essa especialidade foi vista como
logia, Reumatologia); quem “cuida de cadáveres”. Essa visão fez que, ao longo dos
- Ambulatório de Psiquiatria; anos, tivesse uma baixa procura pela formação acadêmica
- Ambulatório de Cirurgias Especializadas
(Cirurgia Geral, Otorrinolaringologia, Oftal- na área. Felizmente, essa visão começou a ser modificada
mologia, Coloproctologia, Cirurgia Plástica e com a criação da Residência Médica em Medicina Legal na
Urologia); FMUSP em 2004, e, a cada ano, aumenta a procura de mé-
- Ambulatório de Obstetrícia e Ginecologia;
- Ambulatório de Ortopedia e Traumatologia;
dicos por adequada formação acadêmica na área por meio
- Estágio em Anestesiologia, Unidade de Te- da especialização.
Rodízio nas se-
rapia Intensiva, Urgência e Emergência e em
guintes áreas O que o tornará um bom médico legal?
Perícias;
- Ambulatório de Medicina do Trabalho, Se- - Ser um bom clínico geral;
xologia Forense, Perícia Previdenciária, Au- - Apreciar o Direito;
ditorias Médicas, Perícias Administrativas, - Dominar as leis presentes nessa área;
Perícias de Acidente do Trabalho, Perícias
Cíveis, Perícias de Vínculo Genético e Reabili- - Dominar critérios médico-legais específicos de cada situação
tação Profissional; pericial.
- Necropsia, Perícia Necroscópica, Psicopa-
tologia Forense, Avaliação Criminológica Pe-
nitenciária, Toxicologia Forense, Laboratório 4. Situação atual e perspectivas
de Medicina Legal e Criminalista.
Média de vagas 18: Desde 2004, a especialidade vem tomando proporções
no país - Sudeste: 18. maiores no mercado. Perdeu-se a ideia comum de que o mé-

39
GUIA DE ESPECIALIDADES

dico legista só trabalha com mortos. Estão mais difundidas a


sua real atuação e seu extenso campo de trabalho, e isso faz
aumentar o interesse dos recém-formados em buscar esse
ramo da medicina mesclado com o direito, relativamente
novo em nosso meio. A maioria dos que já são especialistas
deseja realizar perícias médicas utilizando conhecimentos
específicos de sua especialidade, porém, precisam aper-
feiçoar seus conhecimentos em Medicina Legal e Perícias
Médicas. Com isso, esse é um grupo que vem procurando o
curso de especialização na área.
Médicos legais em atividade
Cerca de 332 em 2012

5. Estilo de vida
Esse profissional ainda não tem um campo de trabalho
muito concorrido, pela falta de conhecimento da especia-
lidade e pela recente criação do curso de Residência. Com
isso, logo que se forma, o profissional não tem dificuldades
em encontrar 1 ou mais empregos, obtendo uma remune-
ração consideravelmente boa e conseguindo conciliar a sua
carreira com uma vida saudável e com tempo para lazer, fa-
mília e viagens.

6. Subespecialidades
- Medicina Legal;
- Bioética;
- Medicina Social e do Trabalho;
- Medicina Forense.

40
16
MEDICINA NUCLEAR

1. Introdução Média de vagas 11:


- Sul: 1;
no país - Sudeste: 10.
A Medicina Nuclear teve início no Brasil por volta dos
anos 1960. Essa especialidade utiliza técnicas indolores para
fazer imagens do corpo e tratar doenças, bem como subs- 2. Áreas de atuação
tâncias radioativas (radioisótopos) que só podem ser usadas A especialidade possui uma área de atuação bem variada.
em vivo e que servem para diagnósticos e para tratamento É responsável por interpretar exames de Medicina Nuclear e
das enfermidades humanas. realizar tratamentos de determinadas doenças, como câncer,
A Medicina Nuclear pode detectar precocemente anormali- doenças da tireoide e dores ósseas paliativas. Entra em conta-
dades na função de um órgão. Fornece informação sobre a fun- to com os diversos sistemas do nosso organismo, pois o pro-
ção do órgão e não a sua morfologia, o que permite que as do- fissional é habilitado a realizar todos os exames de cintilogra-
enças possam ser tratadas no início, com um bom prognóstico fia, terapias com iodo, angiografia e outros diversos exames
e recuperação. Para o recém-formado que pretende ingressar de imagem (não sendo ressonância magnética, ultrassonogra-
nessa carreira, o acesso é direto e tem duração de 3 anos, em- fia ou raio x). Alguns optam por atuar mais na parte da física
bora ainda seja uma especialidade pouco difundida no Brasil. nuclear e das imagens médicas. Outros preferem continuar
sua carreira na área da pesquisa em medicina molecular ou
Residência Médica
de imagem molecular. Também não possui um público-alvo
Entrada Acesso direto.
específico, pois qualquer um pode necessitar de exame, diag-
Duração 3 anos.
nóstico ou tratamento feito por um médico nuclear.
- Introdução à Estatística, Instrumentação
Nuclear, Proteção Radiológica, Radiofar-
mácia, Radioensaios, Informática, Aplica-
ções Clínicas em Medicina Nuclear, Ati- 3. Vantagens e dificuldades
vidade Teórica (cardiovascular, digestiva,
endócrina, geniturinária, hematológica, Como vantagem, apresenta a satisfação do trabalho e um
musculoesquelética, nervosa, oncoinfec- horário mais regular, pois raramente a área tem caráter de
tológica, respiratória), Radiologia e Diag-
nóstico por Imagem (anatomia radiológica emergência. É gratificante saber também que um relatório do
normal e patológica, exames de laborató- médico nuclear pode evitar que o doente necessite passar por
rio e estudos cintilográficos); procedimentos invasivos ou pode fazer um diagnóstico pre-
- Cardiologia nuclear, terapia em Medicina
Rodízio nas áreas Nuclear, cirurgias radioguiadas, exames coce da doença. A desvantagem é que, como fará parte de
realizados em gama-câmara de coincidên- um grupo muito restrito, não conseguirá ter uma rotatividade
cia e tomografia por emissão de pósitrons entre as áreas, além de possuir uma área de abrangência pe-
(PET scan);
- Cardiovascular; quena, devido à característica especializada do campo.
- Aparelho Digestivo; O que o tornará um bom médico nuclear?
- Endócrino;
- Geniturinário; - Gostar de física;
- Oncologia; - Apreciar trabalhar com altas tecnologias;
- Musculoesquelético;
- Sistema Nervoso; - Ser habilitado para examinar imagens;
- Hematologia. - Ter uma boa base de fisiologia de todos os sistemas.

41
GUIA DE ESPECIALIDADES

4. Situação atual e perspectivas


Ainda é uma especialidade muito desconhecida no meio
médico e entre os estudantes, mas que vem se desenvolven-
do tecnologicamente. Seus aparelhos e suas técnicas para
diagnóstico e tratamento das doenças são de alta tecnolo-
gia. Porém, o mercado ainda está deficiente desses profis-
sionais, o que pode ser uma vantagem para eles, pois não
precisam disputar vagas de emprego.
Médicos nucleares em atividade
Cerca de 500 em 2012

5. Estilo de vida
Permite uma ótima qualidade de vida. Existe flexibilida-
de de horário, e normalmente se trabalham de 30 a 40 horas
semanais, recebendo bons salários. Isso permite ao profis-
sional passar mais tempo com a família, ter suas atividades
de lazer e desfrutar de férias.

42
17
MEDICINA PREVENTIVA
E SOCIAL

1. Introdução Média 17:


de vagas - Nordeste: 2;
A Medicina Preventiva e Social começou a ser inserida nas no país - Sudeste: 15.
universidades por volta dos anos 1960. Essa especialidade
dedica-se à prevenção das doenças em vez de somente tra-
tamento e é, por natureza, coletiva, plural (envolvendo várias
2. Áreas de atuação
áreas do conhecimento científico não biomédico) e, acima
de tudo, de caráter preventivo. A prática pode variar quando No setor privado, atuam na área preventiva, em que bus-
se trata de trabalhar no setor público e no setor privado. No cam identificar as doenças precocemente por meio da gené-
público, tem sua atuação com base em dados epidemiológi- tica médica ou de exames preventivos capazes de intervir na
cos, com o intuito de intervir nas doenças ou enfermidades minimização de danos. No setor público, tem atuação com
de maior frequência e gravidade considerando a sua vulnera- base em dados epidemiológicos, a fim de intervir nas doen-
bilidade à tecnologia existente e o menor custo possível. No ças ou nas enfermidades de maior frequência e gravidade,
setor privado, atua na área preventiva, que tem perspectiva considerando a sua vulnerabilidade à tecnologia existente e
de identificação precoce por meio da genética médica ou de o menor custo possível. Seu foco de trabalho e ação está
exames preventivos capazes de intervir na minimização de muito mais voltado aos problemas que afetam a população
danos. Essa residência tem duração de 2 anos, com uma car- geral do que às questões de cunho individual, especializado
ga horária de no mínimo 2.300 horas por ano e acesso direto. e eminentemente curativo.
Residência Médica
Entrada Acesso direto.
Duração 2 anos. 3. Vantagens e dificuldades
- Epidemiologia, Administração e Planejamento,
Educação em Saúde e Desenvolvimento de Recur- Para o profissional que gosta de atuar no setor adminis-
sos Humanos, Saúde Ocupacional e Ambiental, trativo, com dados epidemiológicos, bem como de planejar
Investigação em Saúde Coletiva, Ciências Sociais e e organizar ações que possibilitem o bem-estar e a saúde do
Prestação de Serviços Básicos de Saúde;
- Ações de Vigilância Epidemiológica e Epidemiolo- próximo, é a carreira ideal. O que pode vir a ser uma dificul-
gia Clínica, Elaboração e/ou Análise de Diagnósti- dade para alguns é exatamente o distanciamento da prática
cos de Nível de Saúde e de Sistema de Prestação clínica. Outro problema é a adesão da saúde coletiva no cur-
de Serviços de Saúde; elaboração e/ou análise de riculum acadêmico. Com isso, a Residência tem dificuldade
Planos e Programas de Saúde para níveis local e
Rodízio em definir um perfil de formação e treinamento em serviços
regional; análise de Planos e Programas de Saúde
nas
para níveis estadual e nacional; de acordo com um programa de residência médica.
áreas
- Participação em atividades de administração em
níveis local, regional e/ou central; participação em O que o tornará um bom médico preventivo e social?
programas de prestação de Recursos Humanos - Saber planejar, organizar e administrar serviços de saúde;
para a Saúde; participação em atividades de órgãos
ou serviços de Saúde Ocupacional; realização de - Gostar de trabalhar em equipe de saúde;
atividades em programas de Cuidados Básicos de - Ser apto a desenvolver programas de preparação e utilização
Saúde e/ou outros programas prioritários de assis- de recursos humanos em saúde;
tência médica, tais como Saúde Materno-Infantil,
Controle de Doenças Transmissíveis, Saúde Mental - Conhecer e utilizar métodos e técnicas de educação e partici-
e Doenças Degenerativas. pação comunitária em saúde.

43
GUIA DE ESPECIALIDADES

4. Situação atual e perspectivas


A prática da Medicina Preventiva e Social está sendo su-
bestimada pelos recém-formados. Logo quando foi criada,
por volta dos anos 1970, era uma carreira disputada; todos
almejavam participar da organização de promoção da saúde
na atenção primária. Porém, tem havido muita dificuldade
tanto no mercado de trabalho quanto no desenvolvimento
de sua formação. Há uma ociosidade das vagas que estão
abertas para especialidade, mas, também, quem está no
campo de trabalho encontra problemas para conseguir um
bom emprego.
Médicos preventivo e social em atividade
Cerca de 959 em 2012

5. Estilo de vida
A rotina desse profissional não possui carga horária que
o impossibilite de realizar tarefas além do seu trabalho. São
30/40 horas semanais, permitindo ao médico outras ativi-
dades durante a semana, ficar com a família, ter um lazer e
tirar férias.

44
18
NEUROCIRURGIA

1. Introdução 101:
- Norte: 3;
A Neurocirurgia é a especialidade que se encarrega do Média de
- Nordeste: 14;
diagnóstico e do tratamento de pacientes com lesões ou vagas no
- Centro-Oeste: 6;
doenças do cérebro, da coluna, da medula e dos nervos pe- país
- Sul: 14;
riféricos. Oficialmente, é definida como uma especialidade - Sudeste: 64.
cirúrgica que executa tratamento cirúrgico e não cirúrgico
(incluindo prevenção, diagnóstico, avaliação, tratamento,
cuidados intensivos e reabilitação) das desordens ou doen- 2. Áreas de atuação
ças do sistema nervoso central, periférico e autonômico, in-
cluindo em sua atuação as estruturas de suporte e proteção, O neurocirurgião trabalhará em consultórios particula-
assim como suprimento vascular. res, em hospitais de vários tipos, em serviços de alta com-
Trata de pacientes com trauma cranioencefálico, de co- plexidade e sob a forma de plantões ou sobreaviso.
luna vertebral, doenças vasculares (como aneurismas e obs- Ao se formar, o profissional deverá trabalhar em serviços
truções arteriais cerebrais e na região cervical, que podem
de emergência ou se integrar em alguma equipe de cirurgi-
levar a uma isquemia cerebral), com dor crônica na coluna,
defeitos congênitos de nascimento em crianças e adultos, ões já formada. Ao longo do tempo, esse especialista poderá
tumores do cérebro, da coluna e medula, assim como lesões abrir seu próprio consultório.
de nervos periféricos na face, nos braços e nas pernas. Vale lembrar que dificilmente um neurocirurgião per-
manecerá atuando em todas as áreas dessa disciplina,
Residência Médica
tendo que, invariavelmente, especializar-se em alguma
Entrada Acesso direto.
subárea.
Duração 5 anos.
- Embriologia e Neuroanatomia;
- Fundamentos de Neurofisiologia Clínica;
- Clínica Neurológica; 3. Vantagens e dificuldades
- Bioética e Responsabilidade Médica;
- Neurorradiologia; Essa pode ser dita como uma das especialidades mais
- Clínica Neurocirúrgica;
- Técnica Neurocirúrgica; nobres da medicina. O especialista geralmente é muito bem
- Anatomia Microcirúrgica; visto, existem muitos procedimentos e, em geral, é uma área
- Neuropatologia;
- Cirurgia de Coluna e Nervos Periféricos; bem remunerada. Há bastante mercado, e os profissionais
Rodízio nas - Neurocirurgia Pediátrica, Funcional e Vascular; estão satisfeitos com a área.
áreas - Base de Crânio;
- Neuro-Oncologia; Da mesma forma que é considerada uma especialida-
- Doença Encefalovascular Isquêmica; de rica em diversos aspectos, possui diversas dificuldades,
- Doença Encefalovascular Hemorrágica; como o fato de ser uma Residência extremamente longa,
- Comas;
- Neuropatologia; além de ser uma das mais difíceis de serem acessadas. Não
- Métodos de Estudo Anatomopatológico do Sis- obstante, a permanência não é fácil, já que em geral há uma
tema Nervoso;
- Colorações Especiais; prova anual para avaliar a qualidade do residente; muitas
- Imuno-histoquímica; vezes, lida com pacientes mais graves e com prognósticos
- Princípios de Neuroendoscopia. sombrios.

45
GUIA DE ESPECIALIDADES

O que o tornará um bom neurocirurgião? - Cirurgia Funcional;


- Excelentes habilidades manuais; - Estereotaxia;
- Cirurgia de Coluna;
- Gostar de resultados cirúrgicos imediatos;
- Hidrodinâmica;
- Ser criativo e detalhista; - Trauma;
- Permanecer relaxado e confiante mesmo sob elevado estresse. - Cirurgia Minimamente Invasiva;
- Endoscopia Cerebral;
- Eletrofisiologia;
4. Situação atual e perspectivas
- Tratamento da Dor;
- Neurointensivismo;
Ainda existe bom mercado para esse profissional. Não
- Neuroendocrinologia;
são muitos em atividade, principalmente fora dos grandes
- Neurocirurgia Pediátrica.
centros, e as vagas espalhadas pelo Brasil não são muitas.
Por ser uma área extremamente técnica, leva-se muito tem-
po para adquirir prática acurada, por isso a filiação em equi-
pes é importante.
A forma de trabalho em plantões ou sobreaviso é inte-
ressante, já que em geral a remuneração é maior do que em
outras especialidades, e esse profissional não é a chamada
“linha de frente” como o cirurgião geral, o que leva a menos
atendimentos durantes as jornadas.
Como é uma área muito tecnológica, cada vez mais ve-
mos avanços como interface cérebro–máquina, onde com-
putadores podem desempenhar funções neurológicas per-
didas, comandando um cursor através do pensamento ou
movendo um braço mecânico, implantes de eletrodos cere-
brais profundos acoplados a geradores elétricos que têm a
capacidade de estimular ou inibir funções cerebrais, entre
outros implantes complexos utilizados nas diversas áreas da
Neurocirurgia.
Por isso, é importantíssimo o profissional estar em atua-
lização constante.
Neurocirurgiões em atividade
Cerca de 2.172 em 2012

5. Estilo de vida
Esse profissional, em geral, trabalha bastante. Por ser
uma área em que os plantões e sobreavisos são interessan-
tes, o médico acaba tendo um prejuízo em qualidade de vida
e tempo livre.
Vale lembrar que muitas cirurgias são extremamente ex-
tensas e as jornadas de trabalho acabam sendo longas de-
vido a isso.
A remuneração em geral é boa, mas o profissional não
deve ter muito tempo livre durante a semana ou mesmo aos
finais de semana.

6. Subespecialidades
- Microcirurgia (Oncologia, Vascular, Base de Crânio);
- Exames de Imagem;
- Neuronavegação;
- Radiologia Intervencionista;
- Doppler Transcraniano;

46
19
NEUROLOGIA

1. Introdução 2. Áreas de atuação


A Neurologia é uma especialidade médica que lida com O neurologista é um médico clínico, que pode atuar com
distúrbios do sistema nervoso. Atua, especificamente, com atendimento em ambulatórios ou consultórios especializados
o diagnóstico e o tratamento de todas as categorias de do- e particulares, em unidades de emergência, em hospitais ge-
enças que envolvam os sistemas nervosos central, perifé- rais, onde, além de prestar atendimento aos pacientes com
rico e autônomo, incluindo os seus revestimentos, vasos doenças primariamente neurológicas, interage com generalis-
sanguíneos e todos os tecidos efetores, como os músculos. tas e muitos outros especialistas, além do meio acadêmico.
Neurologistas também podem estar envolvidos em pes- As doenças neurológicas são muito prevalentes na
quisas e ensaios clínicos, bem como na pesquisa básica e população, como o acidente vascular cerebral (principal cau-
translacional. A Academia Brasileira de Neurologia (ABN) é sa de mortalidade no Brasil), as cefaleias, epilepsias, doenças
a maior e mais importante associação dos neurologistas do degenerativas como a doença de Alzheimer e a doença de
Brasil, fundada na cidade do Rio de Janeiro em 5 de maio Parkinson e as polineuropatias. Há ainda as complicações
de 1962. neurológicas devido às doenças de base, como diabetes,
Residência Médica doenças autoimunes, infecciosas e neoplásicas.
Entrada Acesso direto.
Duração 3 anos.
- Clínica Médica;
3. Vantagens e dificuldades
- PS/PA;
- UTI; A Neurologia é uma área especial, pois é nela em que
- Ambulatórios; mais existe diagnóstico a partir de sinais e sintomas. Este,
- Enfermarias;
chamado de diagnóstico topográfico, é seguido pelo diag-
- Psiquiatria;
- Medicina Física e Reabilitação; nóstico etiológico. Essa característica intrínseca da Neurolo-
Rodízio nas áreas
- Infectologia; gia leva a uma profunda satisfação intelectual desse profis-
- Oncologia Clínica; sional. Algo que pode ser considerado como vantagem para
- Eletroencefalografia;
- Eletroneuromiografia; uns e dificuldade para outros é a proximidade com outras
- Neurorradiologia; áreas em algumas doenças, como Psiquiatria, Ortopedia, Of-
- Laboratório de Líquido Cerebrospinal; talmologia, Otorrinolaringologia e a própria Clínica Médica.
- Neuropediatria;
- Neuro-Oftalmologia;
Isso pode ser vantajoso quando se leva em conta a troca de
- Otoneurologia. experiências e ações para diagnóstico e terapêutica, porém
145: pode haver conflito de mercado, por exemplo.
- Norte: 2;
O que o tornará um bom neurologista?
Média de vagas no - Nordeste: 22;
país - Centro-Oeste: 13; - Resolver problemas de maneira lógica, realizando bons diag-
- Sul: 21; nósticos topográficos;
- Sudeste: 87. - Ser intelectual e curioso;

47
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Saber lidar com doenças em que o tratamento não será tão


eficaz;
- Gostar de tratamento em longo prazo.

4. Situação atual e perspectivas


Não faltam oportunidades de trabalho para o neurolo-
gista. Apesar de haver muitos profissionais, existe um largo
campo de atuação, pois a incidência e a prevalência das do-
enças ligadas à Neurologia são enormes e o mercado ainda
não está saturado. Existem, também, inúmeras áreas espe-
cíficas dentro da Neurologia, como Dor e Neurofisiologia Clí-
nica, que levam a ainda mais procura.
Como perspectivas, as Neurociências têm atuado cada
vez mais sobre as fronteiras do conhecimento humano e
os neurologistas pesquisadores têm ligação total nisso.
Essa é uma área em grande expansão. Nos próximos anos,
compreenderemos melhor os mecanismos de doenças
neuropsiquiátricas, aprenderemos a combater as doenças
neurodegenerativas, como as de Alzheimer e de Parkin-
son, e conseguiremos nos defender ainda mais das doenças
imunológicas que afetam o sistema nervoso e que têm sido
descritas nos últimos anos em número crescente.
Neurologistas em atividade
Cerca de 2.774 em 2012

5. Estilo de vida
Como uma boa área clínica, o profissional escolherá, ao
longo do tempo, como melhor atuar. O começo com certe-
za será trabalhoso, pois a baixa remuneração, pelo período
ainda em formação ou mesmo pela clientela ainda não con-
solidada, será compensada por plantões, em Clínica Médica
ou mesmo como especialista.
Ao longo do tempo, os profissionais tendem a abandonar
os plantões, elevando a qualidade de vida, lidando apenas
com hospitais ou com diversos serviços em que estará ligado,
além de, é claro, atendimento em consultórios particulares.

6. Subespecialidades
- Distúrbios do Movimento;
- Doenças Neuromusculares;
- Epilepsia;
- Neurofisiologia Clínica;
- Neurologia do Comportamento;
- Neurologia Infantil;
- Neuro-Oncologia;
- Neurovascular;
- Cefaleia.

48
20
OFTALMOLOGIA

1. Introdução 293:
- Norte: 7;
A história da Oftalmologia ocupa um lugar especial na - Nordeste: 41;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 18;
evolução da medicina, em virtude das peculiaridades do
- Sul: 39;
órgão da visão: a importância de sua função e o mistério - Sudeste: 188.
de seu funcionamento fizeram que, durante muito tempo,
fossem atribuídos ao olho poderes mágicos, benfazejos ou
nefastos, capazes de lançar mau-olhado ou quebranto. 2. Áreas de atuação
A Oftalmologia é a especialidade médica à qual cabem o
estudo, o diagnóstico e o tratamento das doenças e lesões Muitos médicos trabalham em serviços públicos. Esses
do olho e seus órgãos anexos. O oftalmologista dedica-se não são tão bem pagos, mas o profissional não precisará
não só aos aspectos patológicos da visão, mas também à desembolsar grandes quantidades de dinheiro para montar
análise de sua fisiologia. seu próprio consultório e será um funcionário público, o que
possui suas vantagens.
Residência Médica
Outra forma de entrar no mercado é trabalhando em clí-
Entrada Acesso direto.
nicas de outros médicos. Há os pontos positivos e negativos.
Duração 3 anos. Mas de forma geral, esse é o ponto inicial de muitas carreiras.
- Plástica Ocular; Ainda, muitos se aventuram montando a própria clínica.
- Laboratório; Sabe-se do custo para isso, mas, em geral, muitos oftalmo-
- Tumores;
- Úvea e AIDS; logistas têm a clínica cheia de pacientes. O fator negativo é
- Banco de Olhos; que os convênios pagam muito mal pela consulta.
- Vias Lacrimais; Já em relação a trabalhar sob plantão, geralmente os
- Doenças Externas e Córnea; médicos ficam em esquema de sobreaviso. Há poucas emer-
- Motilidade Extrínseca Ocular;
- Retina e Vítreo; gências. No entanto, o plantão desse especialista é um dos
- Ultrassom; mais mal pagos.
- Pronto-Socorro;
- Glaucoma;
Rodízio nas áreas
- Órbita; 3. Vantagens e dificuldades
- Trauma Ocular;
- Neuroftalmo;
- Óptica Oftalmológica; O oftalmologista está preparado para tratar diversas
- Cirurgia Refrativa; afecções do olho. É uma área que evolui a cada dia, neces-
- Catarata; sitando de profissionais sempre atualizados como referên-
- Catarata Congênita;
cia. No entanto, cabe ao oftalmologista ir atrás daquilo que
- Anatomia Patológica Ocular;
- Visão Subnormal; deseja. Se em pouco tempo as técnicas e as máquinas evo-
- Eletrofisiologia Visual; luem, o médico deve saber manuseá-las com destreza.
- Psicologia/Psicoterapia/Oftalmo- Além disso, as máquinas são equipamentos muito caros.
logia e Bioengenharia Ocular.
Para aqueles que desejam montar o próprio consultório, um

49
GUIA DE ESPECIALIDADES

enorme investimento deve ser feito. Outro fato relevante é - Oncologia;


que os plantões (muitas vezes, sobreaviso) são muito mal - Órbita;
pagos, além de certos convênios pagarem muito mal por - Pesquisa Clínica;
uma consulta com o especialista. - Plástica Ocular;
Apesar disso, há imensas oportunidades na área, e a - Retina e Vítreo;
demanda a ser tratada é imensa. Cabem ao oftalmologista - Trauma Ocular;
saber explorar e lidar com este mundo ultraespecializado e - Úvea e AIDS;
moderno. - Vias Lacrimais.
O que o tornará um bom oftalmologista?
- Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
- Ser um expert em uma área médica super especializada;
- Gostar de ver resultados imediatos;
- Ter uma excelente destreza manual e coordenação “olho–mão”.

4. Situação atual e perspectivas


É vista por todos como uma excelente área. Em muitas su-
bespecialidades e mesmo na área geral, o oftalmologista tem a
oportunidade de trabalhar como um médico clínico/cirúrgico.
A área é promissora. Inovações ocorrem em curtos inter-
valos de tempo, e cabe ao médico se atualizar. Por ser uma
área que envolve muita tecnologia, esse profissional deve
sempre estar a atento às novidades do mercado.
Oftalmologistas em atividade
Cerca de 9.573 em 2012

5. Estilo de vida
Não há uma regra acerca da vida que o oftalmologista
terá. O que acontece é que muitos médicos têm a oportu-
nidade de ter a agenda feita por eles mesmos. Dessa forma,
oftalmologistas trabalham muitas horas seguidas durante a
semana (consultórios cheios), no entanto podem se dar ao
luxo de não trabalhar em outros dias. Além disso, poucos
médicos vivem em esquema de plantão, tornando a especia-
lidade cada vez mais longe das emergências.

6. Subespecialidades
- Banco de Olhos;
- Bioengenharia;
- Catarata e Catarata Congênita;
- Córnea;
- Cirurgia Refrativa;
- Doenças Externas e Córnea;
- Eletrofisiologia;
- Estrabismo;
- Farmacologia;
- Glaucoma;
- Lente de Contato e Refração;
- Motilidade Extrínseca;
- Neuroftalmologia;
- Oftalmopediatria;

50
21
ORTOPEDIA E
TRAUMATOLOGIA

1. Introdução 2. Áreas de atuação


A história da Ortopedia tem início nos tempos primitivos, A Ortopedia é uma área clínico-cirúrgica, com área de
passando por egípcios, gregos, romanos e árabes. Após anos atuação dividindo-se em consultório, salas de cirurgia, visi-
de pouca importância na Idade Média, ressurge no século XII e tas pré e pós-operatórias, plantões de Ortopedia ou Trauma,
chega ao século XX, desenvolvendo-se com as grandes guerras. tudo isso em hospitais públicos e privados.
A Ortopedia é a especialidade médica que cuida das do- Alguns mitos devem ser esclarecidos sobre a Ortopedia:
enças e deformidades dos ossos, músculos, ligamentos e não é uma área exclusiva de homens e não exige somente
articulações. Já a Traumatologia é a especialidade médica força física. Cada vez mais mulheres estão nessa área e, mui-
que lida com o trauma do aparelho musculoesquelético. No tas vezes, são referência em algumas delas. Outro mito é que
Brasil, as especialidades são unificadas, recebendo o nome esses profissionais não são inteligentes ou capacitados. Essa
de Ortopedia e Traumatologia. área exige um conhecimento enorme e atualização constante,
Outro importante campo de atuação da especialidade com diversas técnicas novas surgindo a cada dia, o que exige
é a área do esporte, onde temos as lesões esportivas com do profissional estudar tanto ou mais do que em outras áreas.
características próprias de cada modalidade. As lesões de-
correntes das atividades esportivas envolvendo o sistema
musculoesquelético, de modo geral, envolvem os músculos,
3. Vantagens e dificuldades
tendões, cápsula e ligamentos articulares e os ossos nos
Existem boas oportunidades de trabalho, e essa é uma
mais diversos graus de comprometimento, afastando o atle- área de acesso direto, diminuindo as tensões de novas pro-
ta de suas atividades esportivas por tempo determinado, de vas de acesso, como na Cirurgia Geral. Em geral, a remu-
acordo com a gravidade da lesão. neração é boa e as diversas áreas de atuação permitem ao
Residência Médica profissional atuar naquilo que mais lhe interessa. Ao longo
Entrada Acesso direto. do tempo, o ortopedista consegue melhorar as condições
Duração 3 anos. de trabalho, filiando-se a uma equipe já formada ou mesmo
- Ambulatório; abrindo e expandindo o consultório particular.
- Enfermaria; Como dificuldades, vemos a grande carga de trabalho, já
- Pronto-Socorro; que os ortopedistas não trabalham em um só local. A demora
- Centro Cirúrgico das diversas áre- para obter prestígio e clientela também é grande quando o
Rodízio nas áreas
as: Tumores, Quadril, Coluna, Om-
bro e Cotovelo, Pé, Joelho, Mão,
profissional monta um consultório particular, o que o acaba
Trauma, Trauma Esportivo, Doenças levando a trabalhar em plantões, já que toda emergência ne-
Osteometabólicas etc. cessita de ortopedistas. Existem também dificuldades como
405: as crescentes questões médico-legais, a frequente exposição
- Norte: 16; à radiação ionizante e a grande necessidade de atualizações.
- Nordeste: 51;
Média de vagas no país O que o tornará um bom ortopedista?
- Centro-Oeste: 40;
- Sul: 58; - Ser criativo, detalhadamente orientado, e cobrar de si mesmo
- Sudeste: 240. alto padrão de postura;

51
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Permanecer relaxado e confiante, mesmo sob extrema pressão;


- Ter ótima destreza manual.

4. Situação atual e perspectivas


A Ortopedia é uma das melhores especialidades do mo-
mento, devido a várias questões: população envelhecendo,
aumentando o número de possíveis pacientes; população
preocupada em aumentar atividades físicas, com o boom
das academias de ginástica e, como consequência, maior
frequência de lesões de esforço repetitivo; grande frequên-
cia de pequenos procedimentos em nível ambulatorial, as-
sim como cirurgias pequenas, médias e grandes; indústria
de órteses e próteses com novas e constantes tecnologias,
facilitando o trabalho do ortopedista e impulsionando a es-
pecialidade; possibilidade de expandir os serviços com utili-
zação da Medicina do Esporte (Copa do Mundo e Olimpíada
próximas); considerável número de acidentes de todos os
tipos, estimulando o crescimento da Traumatologia; incre-
mento, no país, das atividades industriais e comerciais que
levam a maiores vícios de postura, e diversos outros pontos.
Ortopedistas em atividade
Cerca de 10.000 em 2012

5. Estilo de vida
Existe uma boa imagem com relação à qualidade de vida
dos ortopedistas. Apesar de a carga horária ser extenuante,
o profissional pode escolher entre dar e não dar plantões,
o que acrescenta muito em relação à qualidade de vida. Há
boa remuneração, e, ao longo do tempo, com consultório
particular e fazendo parte de uma equipe, esse médico po-
derá contar com maior qualidade de vida. Vale lembrar que,
excetuando os plantões e traumas, os procedimentos cirúr-
gicos da área são, em geral, eletivos.

6. Subespecialidades
- Ortopedia Geral;
- Ombro e Cotovelo;
- Mão e Microcirurgia;
- Joelho;
- Pé;
- Coluna;
- Quadril;
- Medicina do Esporte;
- Ortopedia Pediátrica;
- Traumatologia.

52
22
OTORRINOLARINGOLOGIA

1. Introdução nica, como alguns especialistas estão fazendo atualmente.


Os locais de atuação podem ser consultórios particulares,
A Otorrinolaringologia é o ramo da medicina especializado hospitais de todos os portes, inclusive os de referência, os
no diagnóstico e no tratamento de doenças da cabeça e do particulares e os públicos, alguns plantões (não são muitos)
pescoço. Trata-se de uma área clínico-cirúrgica extremamente e no meio acadêmico.
complexa, com doenças bem prevalentes na população. Existe relação com outras áreas da saúde, como a Fono-
É uma área bastante antiga, que lida com 3 dos 5 sentidos audiologia, que geralmente realiza exames importantes para
humanos (audição, olfato e gustação), além dos distúrbios o Otorrino, como a Audiometria. Por isso, algumas vezes, em
da voz. Vem ampliando muito sua área de atuação, abran- consultórios dessa área, há associação a profissionais de Fo-
gendo, além das áreas básicas de Ouvido, Nariz e Garganta, noaudiologia.
o estudo das Apneias Obstrutivas do Sono, Glândulas Saliva- Vale lembrar que existe ainda a possibilidade de cirurgias
res, Cirurgia Estética Facial, Medicina do Trabalho, Otoneu- estéticas na Otorrinolaringologia, como a otoplastia (corre-
rologia, Cirurgia Cervicofacial, Audiologia, Craniomaxilofa- ção da “orelha de abano”).
cial e Cirurgia da Base Anterior e Posterior Craniana. Outro fator importante de atuação é o público-alvo, que
Residência Médica vai desde recém-nascidos até idosos.
Entrada Acesso direto.
Duração 3 anos.
3. Vantagens e dificuldades
- Bucofaringologia;
- Estomatologia e Laringologia;
- Otologia e Otoneurologia; As principais vantagens concentram-se no fato de ser
- Rinologia e Sinusologia; uma área clínico-cirúrgica, em que o médico pode escolher
Rodízio nas áreas - Tumores da Face, Pescoço e Base praticamente tudo o que quer fazer, lidando desde com
do Crânio; Alergia ou Otoneurologia, por exemplo, até com Cirurgias de
- Cirurgia do Trauma e Estética Facial;
- Urgências e Emergências em Otor-
Base de Crânio, Face e Região Cervical.
rinolaringologia. Vale lembrar que é uma área com grande resultabilidade,
160: o que gera grande satisfação ao profissional, além da grande
- Norte: 6; demanda, já que as patologias atendidas por otorrinos são
- Nordeste: 21; muito frequentes.
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 7; Como dificuldades, podemos citar a grande dependên-
- Sul: 19;
- Sudeste: 107. cia de planos de saúde, o início de carreira, principalmente
devido à dificuldade de montar um consultório (alto custo
de materiais) e a relativa pequena quantidade de vagas nos
2. Áreas de atuação locais de Residência Médica, o que aumenta a concorrência.
O que o tornará um bom otorrinolaringologista?
Essa é uma área clínico-cirúrgica em que o profissional
poderá não só dedicar-se à cirurgia ou à clínica, mas tam- - Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
bém mesclar as atividades ou até dedicar-se somente à clí- - Trazer sempre novas ideias para resolução de problemas;

53
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Gostar de ter bastante contato com pacientes;


- Gostar de ver resultados imediatos;
- Se atentar a detalhes e ser perfeccionista.

4. Situação atual e perspectivas


A Otorrinolaringologia é tida hoje como uma das melho-
res especialidades a serem escolhidas, que alia boa quali-
dade de vida a uma área ampla e bem vista. Antigas visões
estão sendo deixadas de lado, como a de que os otorrinos
operavam apenas amígdalas. Os profissionais têm bom cam-
po de trabalho, com diversas oportunidades de emprego, e,
apesar de haver muitos profissionais, o mercado ainda não
está saturado, principalmente fora dos grandes centros.
A especialidade lida também com todas as idades e ti-
pos de pessoas, desde aquelas com infecções rotineiras até
pacientes oncológicos. Os profissionais devem atualizar-se
constantemente, pois novas tecnologias e métodos são in-
corporados à profissão, de diagnóstico ou de tratamento. O
futuro do otorrino deve ser permeado de possiblidades: im-
plantes cocleares cada vez mais frequentes, novos e moder-
nos aparelhos de surdez, cirurgia robótica e até prevenção
sobrepujando as correções.
Otorrinolaringologistas em atividade
Cerca de 4.800 em 2012

5. Estilo de vida
Apesar de ser uma especialidade cirúrgica, a Otorrinola-
ringologia promove boa qualidade de vida aos seus profis-
sionais. Há muito atendimento em consultórios, particulares
ou mesmo convênios, o que leva o médico a escolher a me-
lhor maneira de atuar, com carga horária muito flexível.
A relação de possíveis procedimentos diagnósticos ou
terapêuticos agrega valor às consultas, o que é muito bom
para esses profissionais.
As cirurgias, de modo geral, não são muito demoradas e
também não levam a complicações frequentes, sem contar
o fato de que a grande maioria delas é eletiva, o que eleva a
qualidade de vida.

6. Subespecialidades
- Rinologia;
- Otologia;
- Laringologia e Voz;
- Bucofaringologia e Estomatologia;
- Otoneurologia;
- Otorrinopediatria;
- Medicina do Sono;
- Estética Facial.

54
23
PATOLOGIA E
PATOLOGIA CLÍNICA

1. Introdução 2. Áreas de atuação


A Patologia ou Anatomia Patológica é uma especialida- Tanto o patologista quanto o patologista clínico traba-
de médica de acesso direto voltada para a avaliação das do- lham em laboratórios particulares, hospitais ou universida-
enças por meio das possíveis manifestações patológicas no des. São auxiliados por uma equipe composta por técnicos
organismo. Envolve tanto a ciência básica quanto a prática de laboratório e assistentes administrativos, onde avaliam
clínica e é voltada ao estudo das alterações estruturais e fun- o material coletado e descrevem as alterações encontradas
cionais das células, dos tecidos e dos órgãos que estão ou por meio dos laudos anatomopatológicos ou liberação dos
podem estar sujeitos a doenças. resultados laboratoriais.
O laboratório de Patologia é o local de trabalho desse O patologista realiza, ainda, autópsias no Instituto de
especialista, que analisa e interpreta as alterações macro e Medicina Legal (IML) ou no Serviço de Verificação de Óbito
microscópicas ocorridas nos órgãos e que lhe causaram alte- (SVO) quando há dúvida sobre a doença que levou ao faleci-
rações permanentes e graves, que muitas vezes culminaram mento do paciente.
em sua morte. Os patologistas, por isso, são os médicos es-
pecializados na arte e na ciência do diagnóstico. Baseados
nesses laudos, os clínicos e cirurgiões que acompanham um 3. Vantagens e dificuldades
paciente poderão instituir seu tratamento.
A Patologia Clínica ou Medicina Laboratorial é uma especia- As especialidades de Anatomia Patológica e Patologia
lidade médica também de acesso direto, que tem por objetivo Clínica são muitas vezes procuradas por médicos que optam
auxiliar os médicos de outras especialidades a diagnosticarem
em não ter contato direto com o paciente e que visam tra-
doenças por meio da análise de sangue, urina, fezes, líquido as-
balhar em locais tranquilos, longe dos barulhos hospitala-
cítico, fluido seminal, líquido pleural e diversos outros fluidos
res do dia a dia. Por isso, acaba sendo uma área de atuação
corpóreos que, quando alterados, podem dar pistas da possível
que proporciona melhor qualidade de vida nesse aspecto,
causa da afecção que está acometendo o paciente.
mas não deixa de ter uma carga horária alta se comparada a
Esses líquidos corporais podem ser mensurados e quan-
tificados, e, a partir da avaliação de seus valores padrões de qualquer outra especialidade.
normalidade, o médico poderá identificar se seu paciente Uma das desvantagens é que o profissional ficará res-
está doente, além de buscar e tratar a causa. trito aos ambientes laboratoriais dos grandes hospitais ou
clínicas, não sendo possível a abertura de um consultório
Residência Médica médico. Mas esse, muitas vezes, já é o objetivo, não sendo,
Entrada Acesso direto. portanto, um empecilho na escolha dessa especialidade.
Duração 3 anos. Mais uma dificuldade encontrada na área da Patologia
Patologia – 91: Clínica é que sua atuação é compartilhada por profissionais
- Norte: 2;
- Nordeste: 10; de outras áreas, como o biólogo, o biomédico, o farmacêuti-
- Centro-Oeste: 7; co e o bioquímico, todos especializados em análises clínicas,
Média da vagas no país - Sul: 17; química clínica e biologia molecular.
- Sudeste: 55.
Patologia Clínica – 23: O que o tornará um bom patologista ou patologista clínico?
- Sul: 1;
- Sudeste: 22. - Dominar a área da avaliação diagnóstica macro e microscópica;

55
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Manter boa relação com as outras especialidades médicas, as-


sim como com os profissionais de outras áreas;
- Saber manusear os equipamentos laboratoriais e interpretar
seus resultados;
- Ter paciência para avaliar com cautela os achados microscópi-
cos e reavaliá-los, caso seja necessário;
- Buscar sempre estar atualizado diante das pesquisas em sua
área de atuação.

4. Situação atual e perspectivas


A Anatomia Patológica é uma área de extrema necessi-
dade por ser uma das principais bases diagnósticas de neo-
plasias que acometem uma grande parte da população.
A Patologia Clínica, por ser a área de diagnósticos labora-
toriais, é de suma necessidade para a elucidação diagnóstica
e o acompanhamento de tratamentos.
Ambas são áreas de constante crescimento e estudos,
visando à precocidade e à rapidez nos diagnósticos.

5. Estilo de vida
São campos de atuação profissional que possibilitam
melhor qualidade de vida, pois trabalham em locais mais
tranquilos, distantes do estresse dos corredores hospitala-
res. E, mesmo a carga horária sendo extensa, podem optar
por não trabalhar como plantonistas noturnos, o que possi-
bilita manter boa qualidade de vida.

6. Subespecialidades
A patologia clínica possui áreas de atuação específicas
como:
- Química Clínica;
- Hematologia, Imuno-Hematologia e Hemoterapia;
- Imunologia;
- Microbiologia (bactérias, fungos, vírus);
- Parasitologia;
- Uranálise;
- Biologia Molecular;
- Genética Médica.

56
24
PEDIATRIA

1. Introdução 2. Áreas de atuação

Até o século XIX, muitas crianças faleciam devido à falta A Pediatria cuida das crianças desde o período neonatal
de entendimento, higiene, diagnóstico e tratamento infantil. até a adolescência. Além do tratamento, precisa haver um
No final desse século, iniciou-se a criação de algumas especia- bom entendimento com a família, para poder aconselhar
lidades médicas, dentre elas a Pediatria. A institucionalização sobre como devem ser os hábitos alimentares e de vida da
da área foi difícil, pois não se compreendia a diferença entre criança e ter uma boa influência na adesão ao tratamento.
a medicina voltada para o adulto e a medicina voltada para a O pediatra trabalha com puericultura, desenvolvendo a pre-
criança. Para a criação da especialidade, foi defendido que as venção e o acompanhamento de todos os sistemas, e pode
crianças necessitavam de uma semiologia e de um tratamen- trabalhar na área curativa, aplicando técnicas de tratamen-
to para suprir todas as singularidades e fragilidades infantis. tos das mais diversas e fazendo pesquisas para métodos que
Para especializar-se em Pediatria, o acesso é direto e tem desenvolvam mais rapidamente os diagnósticos. O campo
a duração de 2 anos. de prestação de serviço pode abranger clínicas, consultórios,
hospitais e ambulatórios tanto particulares quanto públicos.
Residência Médica
Entrada Acesso direto.
Duração 2 anos. 3. Vantagens e dificuldades
- Unidade de Internação Geral;
- Ambulatório; As principais dificuldades que o pediatra sofre, no início
- Urgência e Emergência; da carreira, são a princípio pela falta de experiência, fato co-
- Neonatologia;
- Unidade de Internação; mum entre qualquer recém-formado, por não possuir inti-
- Unidade de Terapia Intensiva Pedi- midade com os familiares da criança e pela dificuldade de
átrica/Neonatal; escolher a especialidade ou a subespecialidade dentro da
- Cursos obrigatórios: Atenção Pe-
Rodízio nas áreas rinatal (binômio mãe–feto e reani-
Pediatria. O que é gratificante ao pediatra é poder observar
mação neonatal), Treinamento em a melhora do seu paciente, pois a criança transparece ver-
Aleitamento Materno, Controle de dadeiramente o que está sentindo, e quando está doente
Infecção Hospitalar, Controle de Do- fica totalmente indisposta, gerando um enorme mal-estar
enças Imunopreveníveis, Prevenção
de Acidentes na Infância e na Ado- em todos que a cercam. Porém, ao se recuperar, logo volta
lescência, Crescimento e Desenvol- a brincar e a sorrir. Outra vantagem é a grande possibilidade
vimento e Atenção a Saúde do Ado- de empregos e variedade de subespecialidades.
lescente.
O que o tornará um bom pediatra?
1.074:
- Norte: 48; - Ser atencioso com a criança e com os familiares;
- Nordeste: 162; - Ter facilidade de lidar com pessoas;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 107;
- Sul: 161; - Ser bom observador;
- Sudeste: 596. - Ser paciente.

57
GUIA DE ESPECIALIDADES

4. Situação atual e perspectivas


A Pediatria continua a ser uma das maiores especialida-
des do país, mesmo com a diminuição da procura dos mé-
dicos recém-formados. A carreira não apresenta dificuldade
em conseguir empregos, pois é muito ampla e estão faltan-
do profissionais. De qualquer forma vem se modernizando,
incorporando os avanços tecnológicos para promoção da
saúde, prevenção de doenças e obtenção de tratamentos
precocemente.
Pediatras em atividade
Cerca de 28.306 em 2012

5. Estilo de vida
Devido ao amplo campo de atuação, o pediatra pode de-
finir como quer dividir os seus horários de trabalho, de lazer
ou de descanso. Existem 2 caminhos que podem ser segui-
dos: dedicar-se somente à carreira, tendo menos tempo livre,
o que é plausível dentro da Pediatria, diante de tantas possibi-
lidades de emprego; e dividir o tempo de serviço com outras
atividades, o que também é possível, dedicando parte de seu
tempo aos pacientes e à família, ao lazer e às férias.

6. Subespecialidades
- Oncologia;
- Cardiologia;
- Endocrinologia;
- Pneumologia;
- Neurologia;
- Gastroenterologia;
- Infectologia;
- Medicina Intensiva;
- Nefrologia;
- Nutrologia;
- UTI;
- Neonatologia;
- Hebiatria;
- Hematologia e Hemoterapia.

58
25
PSIQUIATRIA

1. Introdução 2. Áreas de atuação


A Psiquiatria é uma especialidade da medicina que lida com O psiquiatra pode realizar suas atividades profissionais
as diferentes formas de sofrimentos mentais, de cunho orgâni- em hospitais de urgência e emergência psiquiátricas, em
co ou funcional, com manifestações psicológicas severas, como hospitais que realizam internação dos casos mais graves,
depressão, esquizofrenia, demência, transtornos de ansiedade, consultórios particulares ou atendimento nos ambulatórios
transtornos de personalidade e muitas outras patologias que do sistema público de saúde. Atua também em centros de
acometem a mente humana. Os psiquiatras têm, por objetivo, dependentes químicos ou em locais que lidem com detentos
prevenir, identificar e atuar no tratamento dessas afecções que de alta periculosidade, como na psiquiatria forense.
acometem cada vez mais a população dos grandes centros. O psiquiatra tende a intervir na doença ou no proble-
Atualmente, passamos por um momento em que essas do- ma psíquico por meio de medicamentos ou terapêuticas
diversas, como a psicoterapia, a psicofarmacologia ou, de-
enças estão sendo mais diagnosticadas, assim como tem havi-
pendendo do caso, a eletroconvulsoterapia. A avaliação
do um grande crescimento na sua taxa de incidência, como é o
psiquiátrica envolve o exame do estado mental e a história
caso da depressão, que tem atingido cerca de 12% da popula-
clínica. Testes psicológicos, neurológicos, neuropsicológi-
ção geral. Por isso, a meta principal do psiquiatra é proporcio-
cos e exames de imagem podem ser utilizados como auxi-
nar o alívio do sofrimento e o bem-estar psíquico do paciente. liares na avaliação.
Para isso é necessária uma avaliação completa do indivíduo,
com perspectivas biológicas, psicológicas e de ordem cultural.
A história da Psiquiatria tem origem ainda no século V 3. Vantagens e dificuldades
a.C., enquanto os primeiros hospitais para doentes mentais
foram criados na Idade Média. Durante o século XVIII, a área O médico, ao decidir-se pela Psiquiatria, tem a comodi-
evoluiu como campo médico, e as instituições passaram a dade de já ter o acesso direto como escolha, sem precisar
utilizar tratamentos mais elaborados e humanos. No século de outra área como pré-requisito. Logo que concluir os es-
XIX, houve um aumento importante no número de pacien- tudos poderá atuar como um profissional entendedor das
tes. No século XX, renasceu o entendimento biológico das afecções mentais.
doenças mentais, introdução de classificações para os trans- Uma das dificuldades encontradas nessa área é que
tornos e medicamentos psiquiátricos. muitas doenças psiquiátricas não têm cura, fazendo que
o paciente necessite de atendimento durante toda a vida,
Residência Médica causando um empecilho àquele profissional que gosta de
Entrada Acesso direto. resultados mais imediatos, como um clínico que consegue
Duração 3 anos. reverter um infarto agudo do miocárdio; o psiquiatra não
297: consegue solucionar uma depressão em questão de dias,
- Norte: 5; meses ou até anos.
- Nordeste: 31;
Média de vagas no país O que o tornará um bom psiquiatra?
- Centro-Oeste: 21;
- Sul: 60; - Ser confiante e ter uma boa prática médica para atuar frente
- Sudeste: 180. ao paciente psiquiátrico;

59
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Manter boa relação médico–paciente, pois dela dependerá o


sucesso ou o fracasso desse tipo de tratamento;
- Ter carisma e transmitir fatos coerentes e viáveis aos pacientes;
- Não ser intempestivo e saber o momento certo de agir e parar;
- Tomar condutas coerentes e se for o caso, até individualizadas
perante cada caso;
- Buscar sempre estar atualizado frente às pesquisas em sua
área de atuação.

4. Situação atual e perspectivas


A Psiquiatria é uma área de grande excelência por lidar
com as patologias da mente, pois é dela que o ser huma-
no depende para poder atuar frente a uma sociedade, às
suas diversas facetas de relações interpessoais e a si mes-
mo. Uma pessoa desprovida de características mentais ou
psicossociais não consegue se expressar ou conviver com
os outros indivíduos. É uma área de extrema necessidade e
em constante aprimoramento, com o surgimento de fárma-
cos que tentam melhorar a condição de inúmeros pacientes
acometidos por essas afecções mentais.

5. Estilo de vida
Assim como as diversas outras áreas médicas, esse pro-
fissional almeja uma qualidade de vida que lhe proporcione
satisfação profissional somada aos cuidados com a família
e momentos de lazer. Muitos profissionais, para conseguir
essa estabilidade, buscam atuar em seus próprios consultó-
rios ou atender pacientes em enfermarias, longe das portas
de prontos-socorros de urgência e emergência.

6. Subespecialidades
- Psiquiatria da Infância e do Adolescente;
- Psiquiatria Geriátrica;
- Psiquiatria Forense.

60
26
RADIOLOGIA E
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

1. Introdução Residência Médica


Entrada Acesso direto.
A história da Radiologia começou em 1895, com a des-
Duração 3 anos.
coberta experimental dos raios x pelo físico alemão Wilhelm
251:
Conrad Roentgen. A 1ª radiografia foi feita em dezembro de - Norte: 5;
1895: o pesquisador radiografou a mão da própria mulher, - Nordeste: 28;
Média da vagas no país
obtendo a imagem dos ossos dentro de tecidos moles menos - Centro-Oeste: 20;
densos. Essa descoberta foi revolucionária para a medicina - Sul: 47;
da época, pois permitia observar o interior do paciente. No - Sudeste: 151.
Brasil, a 1ª radiografia foi realizada no ano de 1896. Com o
passar dos anos e avanço dos métodos, tornou-se universal 2. Áreas de atuação
a sua abrangência na pesquisa diagnóstica do ser humano.
No começo do século XX, modificações foram feitas nos mé- O radiologista pode atuar em hospitais e em ambulató-
todos e novos equipamentos surgiram, para aperfeiçoar a rios e realizar exames em pacientes de qualquer faixa etária.
qualidade da imagem e para diminuir a quantidade de radia- A sua rotina se define em saber realizar o exame pessoal-
ção ionizante usada nos pacientes de maneira que não fosse mente ou oferecer as coordenadas para a execução de um
prejudicial à vida deles e à do operador das máquinas. Hoje, técnico ou biomédico. Esse profissional faz a análise crítica
as tomografias computadorizadas, as ressonâncias magné- do pedido de exame, conhece as indicações e contraindica-
ticas, as cintilografias e outros diversos exames de imagem ções dos métodos, faz exames e laudos, correlacionando os
são de alta tecnologia e fornecem imagens totalmente sec- achados obtidos com os dados clínicos, e deve ter base de
cionadas do organismo, sem que o paciente sofra com isso, física para entender a obtenção das imagens, procurando
permitindo o diagnóstico precoce. sempre melhorá-la e realizar uma documentação de boa
A especialidade tem uma área de abrangência imensa, qualidade. Também pode atuar na área administrativa, opi-
pois é preciso ter um conhecimento geral sobre toda a me- nando na escolha dos equipamentos, realizando contratos
dicina para atuar nesse campo. É bastante versátil, pois tem de compra e de manutenção e atualizando protocolos de
contato direto com todas as outras áreas. Nos 3 anos de Resi- exames. Pode ainda atuar na área acadêmica ao dar aulas na
dência, aprende-se um pouco de tudo, como, física, anatomia graduação e ensinar os residentes a conhecer e a manipular
e patologia de cada sistema. O radiologista não trabalha tão os aparelhos e a laudar os exames realizados. O profissional
pouco, como muitos pensam, a começar pela carga horária da que se interessa pela carreira científica pode participar de
Residência, que é completa e tem plantões todos os anos. O congressos nacionais e internacionais e redigir artigos e ca-
exercício profissional pode ser intenso devido à alta demanda pítulos de livros para publicação.
de exames e plantões. E, apesar de não parecer, o radiologista
tem contato com os pacientes. Em diversos exames o contato
é direto e, em alguns, atuam como intervencionistas. Existem 3. Vantagens e dificuldades
procedimentos em que o médico tem contato com o doen-
te antes, durante e depois do procedimento, podendo existir É recompensador saber que se pode auxiliar e fazer a di-
uma relação médico–paciente mais duradoura. ferença na condução de um caso. E são muito gratificantes

61
GUIA DE ESPECIALIDADES

a convivência, a troca de experiências com os outros espe- 5. Estilo de vida


cialistas e a confirmação de um diagnóstico. Sempre se está
em contato com outras especialidades, tanto em reuniões Diferentemente das outras áreas, o radiologista não pre-
multidisciplinares quanto na rotina de um plantão, com isso cisa de muito tempo para se estabilizar financeiramente.
se pode aprender muito com os outros. Como desvantagem, Fica a critério do profissional o quanto ele quer trabalhar
há a dependência de uma atualização constante das máqui- e também o quanto almeja ganhar. Para quem gosta de um
nas, que são caras, assim como a manutenção. Existe a difi- estilo de vida mais tranquilo, existe a opção de trabalhar
culdade de ter de dominar todas as áreas, pois na maioria períodos menores, ganhando um pouco menos. Mas tam-
dos serviços não há uma subdivisão da especialidade. bém existe a possibilidade para quem prefere uma carreira
Outra complicação é a falta de história clínica forne- profissional mais atarefada. Porém, é um mito dizer que o
radiologista trabalha pouco. Não é nada comparado à vida
cida nos pedidos de exame, o que prejudica a escolha do
de um cirurgião, mas ainda assim é cansativa, pois exige alto
protocolo ideal de exame. Com a utilização adequada dos
grau de concentração.
equipamentos de proteção individual, não considerando os
radiologistas que trabalham com intervenção, que estão ex-
postos a uma dose maior que os demais, não há com que se
preocupar em relação à excessiva exposição a radiação io-
nizante. Outra dificuldade enfrentada é que outros especia-
listas ignoram os laudos dos radiologistas, interpretando as
imagens, algumas vezes, errando o diagnóstico, por serem
facilmente disponibilizadas em CDs.
O que o tornará um bom radiologista?
- Manter-se sempre atualizado;
- Dominar a tecnologia de todo equipamento utilizado;
- Ter maior conhecimento geral sobre medicina;
- Ter noções de física;
- Ser extremamente concentrado;
- Gostar de trabalhar com equipe multidisciplinar.

4. Situação atual e perspectivas

A carreira hoje passa por uma valorização profissional.


Sua demanda é alta, com absorção imediata ao término da
Residência e maior rotação entre os que estão na área há
mais tempo. O mercado de trabalho é variável, pois acom-
panha o desenvolvimento econômico do país, isso porque
os meios de contraste e os equipamentos são importados,
portanto as dívidas são feitas em dólares.
A remuneração no setor público é baixa, mas é interes-
sante, devido às diversidades de doenças, ao ingresso na
área acadêmica e ao desenvolvimento de pesquisas cientí-
ficas. Já no setor privado a remuneração é melhor, permi-
tindo ao profissional um plano de carreira, com mudanças
dos níveis salariais e valorização do currículo devido à edu-
cação médica continuada. Hoje em dia, o setor privado está
competindo com o setor público na busca dos melhores ta-
lentos, desenvolvendo atividades acadêmicas e científicas.
Nesse mesmo setor privado existe uma variação quanto ao
salário: quanto mais afastado dos grandes centros, maior a
remuneração.
Radiologistas em atividade
Cerca de 7.455 em 2012

62
27
RADIOTERAPIA

1. Introdução 2. Áreas de atuação


A radioterapia é um método de combate ao câncer, ca- A atuação dos radioterapeutas será basicamente em
paz de destruir células tumorais, empregando feixe de ra- grandes hospitais gerais e especializados em Oncologia ou
diações ionizantes. O radioterapeuta é o profissional dessa ainda em clínicas especializadas em Radioterapia, já que o
área, especializado em tratar tumores malignos. Ele tem maquinário e os equipamentos necessários para as técnicas
as funções de avaliar o caso clínico do paciente, planejar têm custo elevadíssimo. Se esse profissional tiver um grande
a radioterapia, monitorar a resposta e os efeitos colate- aporte financeiro, poderá abrir a própria clínica, porém isso
rais do tratamento, proceder os ajustes e as modificações exigirá elevado capital.
técnicas quando necessário e se certificar de que o trata- Outra forma de atuação está no meio acadêmico, no en-
mento está sendo realizado no melhor controle de quali- sino ou mesmo na pesquisa.
dade disponível.
Residência Médica 3. Vantagens e dificuldades
Entrada Acesso direto.
Duração 3 anos. Esses profissionais estão em falta no mercado. Existem
- Cancerologia; regiões do país com número baixíssimo de radioterapeutas,
- Clínica Médica; e isso, com certeza, é uma grande vantagem, pois receberão
- Patologia; ótimas oportunidades de empregos.
- Radioterapia Clínica e Princípios de Por outro lado, os pacientes com os quais esse médico
Radiobiologia; trabalhará serão mais graves e, por vezes, debilitados, e o
- Física Médica e Informática;
profissional deve ter uma estrutura emocional mais elevada.
- Radioterapia Clínica;
- Radiobiologia e Física Médica com Também é uma área que gera grandes avanços a cada dia, o
Treinamento de Braquiterapia de que exige atualização constante.
Rodízio nas áreas
Baixa, Média e Alta Taxa de Dose; O que o tornará um bom radioterapeuta?
- Ressonância Magnética e Sistemas
Computadorizados de Planejamen- - Capacidade emocional para trabalhar com pacientes mais
tos; graves;
- Radiocirurgia; - Estar sempre atento a novas tecnologias;
- Terapia Conformacionada; - Visão clínica para acompanhar vários aspectos do paciente ao
- Feixes de Intensidade Modulada; mesmo tempo;
- Técnicas de Radiação de Campos - Boa relação interpessoal/médico–paciente.
Alargados e Implantes Intersticiais.
26:
- Nordeste: 2; 4. Situação atual e perspectivas
Média de vagas no país - Centro-Oeste: 1;
- Sul: 2; Grande campo e alto reconhecimento são as marcas
- Sudeste: 21.
dessa especialidade hoje. Novas técnicas surgem constan-

63
GUIA DE ESPECIALIDADES

temente, e não é possível prever quais tecnologias teremos


em alguns anos, porém a área deve continuar como ótima
opção por muitos anos.
Radioterapeutas em atividade
Cerca de 460 em 2012

5. Estilo de vida
Área que, com certeza, leva a grande qualidade de vida,
por trabalhar com regime ambulatorial, sem procedimen-
tos de urgência/emergência. O profissional poderá esco-
lher qual esquema de trabalho melhor se encaixa em suas
pretensões e assim flexibilizar seus horários. A rotina com
pacientes mais debilitados pode ser fator de certo desgaste
emocional, o que pode ser compensado com tratamentos
bem-sucedidos em muitos doentes.

64
28
ALERGIA E IMUNOLOGIA

1. Introdução 9:
Média de vagas no país - Nordeste: 1;
- Sul: 1;
A Sociedade Brasileira de Alergia foi criada em 1946 no Rio - Sudeste: 7.
de Janeiro. Já em São Paulo, 25 anos depois, foi criada a Socie-
dade de Investigação em Alergia e Imunopatologia. Finalmen-
te, em 1972, essas 2 sociedades uniram forças e formaram a So- 2. Áreas de atuação
ciedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Os pilares dessa
O campo de atuação é bastante amplo, podendo tra-
especialidade estão sobre a ciência básica e a Epidemiologia. O
balhar em consultórios, clínicas, hospitais, como docente e
médico alergista tem como objetivos o diagnóstico e o trata-
pesquisador. Está diretamente envolvido com a prática clí-
mento de doenças alérgicas. Para ser um especialista, depois nica, por isso precisa aliar-se às 2 maiores fontes de infor-
de terminar o curso de medicina, é necessário cursar 2 anos de mação: a experiência obtida no dia a dia do trabalho com
Clínica Médica e, em seguida, fazer mais 2 anos de Residência pacientes únicos; e a reflexão sobre essa experiência e as
em Alergia e Imunologia. O alergista-imunologista é capacitado informações vindas da pesquisa clínico-epidemiológica de
principalmente para realizar e interpretar procedimentos e tes- qualidade sobre domínios básicos da atividade clínica: diag-
tes que vão auxiliar o diagnóstico e o tratamento dos doentes. nóstico, tratamento, prognóstico e etiologia.
Residência Médica
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica. 3. Vantagens e dificuldades
Duração 2 anos.
- Treinamento básico: asma, rinite, A vantagem dessa carreira é que pode agradar tanto quem
alergia cutânea, reações adversas a admira a Clínica Médica, o contato com o paciente, quanto
drogas, reações a venenos de inse-
tos, imunodeficiências primárias e quem prefere desenvolver pesquisas para a busca de novas
secundárias (AIDS e desnutrição), fontes de diagnósticos precoces e tratamentos. Desse modo,
autoimunidade, incluindo imunoge- o profissional tem um amplo campo de trabalho em que pode
nética, imunoterapia e vacinas;
- Laboratório abrangendo imuno- desenvolver a sua carreira. Outro ponto gratificante é saber
logia, citologia nasal, realização e que pode melhorar a vida de, por exemplo, um paciente asmá-
interpretação de testes imediatos e tico, que, se não tratado, pode vir a falecer devido à doença.
tardios, preparo de extratos alergê-
Rodízio nas áreas nicos, realização e interpretação de Como em toda carreira, as dificuldades estão no começo
provas de função pulmonar, identi- da profissão. É difícil estabilizar-se em um emprego, princi-
ficação e contagem de alérgenos, palmente em se tratando de consultório próprio, pois mui-
testes de provocação com drogas
e alimentos, provas de provocação tas vezes há demora em conseguir um número de pacientes
brônquica e nasal, indicação e ava- que possam sustentá-lo financeiramente.
liação de imunoterapia, dessensibi-
lização por drogas, noções fisioterá- O que o tornará um bom alergista e imunologista?
picas e de reabilitação do asmático; - Ter bom raciocínio clínico;
- Unidade de treinamento: ambu-
latório, enfermaria e laboratório de - Ter bons conhecimentos gerais de Medicina Interna e de Pe-
provas especiais (provas “in vivo”). diatria;

65
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Promover a integração do médico em equipes multiprofissio-


nais de saúde;
- Se interessar por pesquisas científicas;
- Saber lidar com pacientes crônicos;
- Saber trabalhar com ações de saúde de caráter preventivo.

4. Situação atual e perspectivas


As doenças alérgicas, hoje, acometem mais de 20% da
população brasileira. Como normalmente são doenças crô-
nicas, as pesquisas em Alergia e Imunologia têm se desen-
volvido bastante, no intuito de buscar tratamento que redu-
za a morbimortalidade que podem causar. Porém, a busca
pela especialização em Alergia e Imunologia Clínica por mé-
dicos recém-formados tem se mantido estável, embora em
alguns locais do país haja uma demanda reprimida.
Alergistas e imunologistas em atividade
Cerca de 780 em 2012

5. Estilo de vida
O estilo de vida que esse profissional terá ele mesmo de-
cidirá, pois, com um campo de atuação tão amplo e com a
falta de profissionais em algumas regiões do Brasil, ele po-
derá definir o que realmente quer para a sua vida futura.
Existem aqueles que irão dedicar-se quase integralmente à
carreira, trabalhando em mais de 2 empregos, envolvidos
na área acadêmica e na pesquisa, e existem outros que irão
optar por uma carreira menos atarefada, tendo, com isso,
tempo livre para ficar com a família, fazer atividades físicas
e tirar férias.

66
29
CARDIOLOGIA

1. Introdução gerais e em clínicas especializadas, na área de pesquisas, e


também em universidades, atuando como docente. Nesses
A história da Cardiologia tem início com o interesse em locais, ele pode trabalhar com um público de qualquer faixa
aprofundar os conhecimentos sobre a circulação, e isso ocorreu etária fazendo diagnósticos, tratamentos, exames físicos e
aproximadamente em 3.000 a.C. Na década de 1920, em de- clínicos, interpretando o resultado de exames laboratoriais
corrência do seu desenvolvimento e complexidade crescentes, cardíacos e também orientando o paciente a ter hábitos de
desligou-se, definitivamente, da Clínica Médica, tornando-se vida mais saudáveis.
uma especialidade autônoma e bem definida. Porém, no Bra-
sil, a especialidade só foi instituída em 1941, com o Dr. Dante
Pazzanese, que instituiu o 1º serviço especificamente designa- 3. Vantagens e dificuldades
do para o diagnóstico e o tratamento das enfermidades cardí-
acas, e também começou a elaborar cursos para a formação Uma das vantagens é que o cardiologista possuiu exce-
de profissionais, que existem até hoje. Essa especialidade se lentes oportunidades, tanto em hospitais quanto em clíni-
responsabiliza pelo diagnóstico e tratamento de enfermidades cas. Possui também uma grande variedade de emprego e
e alterações ligadas ao sistema cardiovascular. o mercado é bastante promissor no Brasil, pois ainda estão
Residência Médica faltando profissionais qualificados na área. Como dificulda-
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica. de, há a complexidade da especialização, pois a exigência é
Duração 2 anos. rígida por essa área lidar com enormes responsabilidades.
- Ambulatório; O que o tornará um bom cardiologista?
- Urgência e Emergência;
- Métodos Diagnósticos não Invasivos e Hemo- - Ter um raciocínio rápido;
Rodízio nas dinâmica; - Ser um líder;
áreas - Unidade de Terapia Intensiva (incluindo Uni- - Inspirar confiança ao paciente;
dade Coronariana);
- Estágios obrigatórios: Pós-Operatório de Ci- - Ser capaz de convencer o paciente a seguir o tratamento e a
rurgia Cardiovascular e Cardiologia Pediátrica. mudar os hábitos.
346:
- Norte: 8;
Média de va- - Nordeste: 52; 4. Situação atual e perspectivas
gas no país - Centro-Oeste: 32;
- Sul: 41; O avanço do conhecimento e das tecnologias permite ao
- Sudeste: 213. cardiologista usufruir de sofisticadas técnicas diagnósticas
que mostram o coração de modos antes jamais imaginados.
2. Áreas de atuação Esses exames, conciliados com o conhecimento clínico, epi-
demiológico e farmacológico, conseguem oferecer a opção
Esse especialista pode atuar em Clínica Médica e na re- de escolha do melhor procedimento terapêutico para cada
alização de exames, em clínicas e consultórios tanto públi- paciente. A perspectiva na área é crescente, principalmente
cos quanto particulares, em hospitais, em centros de saúde pela falta de profissionais.

67
GUIA DE ESPECIALIDADES

Cardiologistas em atividade
Cerca de 9.054 em 2012

5. Estilo de vida
Devido à grande disponibilidade de empregos na área,
o profissional pode optar em como deseja se realizar pro-
fissionalmente e como quer que seja a sua vida pessoal. Se
o cardiologista deseja se dedicar somente à carreira, pode
trabalhar em mais de 2 empregos, trabalhar na área acadê-
mica e desenvolver pesquisas, sobrando pouco tempo para
a vida social. Porém, se pretende ter um tempo para família,
tirar férias, entre outras atividades pessoais, esse profissio-
nal também consegue desenvolver a sua carreira, fazendo o
que gosta e tendo um bom salário.

68
30
ENDOCRINOLOGIA

1. Introdução distúrbios do desenvolvimento gonadal e tumores benignos


e malignos das diferentes glândulas. A especialidade está
No Brasil, essa especialidade teve início na década de centrada no raciocínio sobre os diferentes eixos hormonais e
1950, quando foi criada a Sociedade Brasileira de Endocri- os mecanismos envolvidos em cada patologia. Outra área de
nologia e Metabologia (SBEM), e estuda as disfunções do atuação, além do atendimento ambulatorial, pode ser o de
sistema endócrino, como enfermidades hormonais e me- oferecer suporte a internados de outras especialidades que
tabólicas. Diferente do que muitos pensam, o endocrinolo- possam vir a ter alguma desregularização endócrina. Essa
gista não trata somente de diabetes e obesidade, tendo as área permite ao profissional trabalhar com pacientes desde
diversas glândulas do corpo, hipófise, pâncreas (endócrino), a mais tenra idade até as mais avançadas, e alguns também
suprarrenais, pineal, tireoide, paratireoide e gônadas, como podem seguir a carreira de pesquisa básica e translacional,
objeto de estudo. Quando essas glândulas apresentam al- trabalhando em laboratórios de investigação médica com o
guma alteração, quem vai diagnosticar e tratar é o endocri- suporte da própria instituição em que fazem a Residência ou
nologista. Para tornar-se um, é necessário fazer 2 anos de com suporte do governo estadual (FAPESP) ou federal (CNPq
Residência em Clínica Médica e mais 2 anos de Residência e CAPES), os quais fornecem ajuda financeira para pesquisa.
em Endocrinologia. Esse profissional deve ter bom raciocínio
clínico para fornecer os diagnósticos, embora algumas vezes
precise utilizar exames dinâmicos para avaliar o funciona- 3. Vantagens e dificuldades
mento de uma glândula ou de um órgão.
Residência Médica As vantagens de seguir essa especialidade, além de ser um
mercado promissor, é poder trabalhar com todas as faixas etá-
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica.
rias, utilizar-se de todo o raciocínio fisiopatológico e de todo o
Duração 2 anos.
mecanismo complexo e maravilhoso que é o circuito hormo-
- Unidade de Internação; nal do nosso organismo. É gratificante saber que, conhecendo
- Ambulatório;
Rodízio nas áreas - Urgência e Emergência; todo esse mecanismo e ajustando algumas doses hormonais,
- Laboratórios de Hormônios, de Ra- você pode tornar a vida do seu paciente muito melhor e ativa.
dioimunoensaio e de Patologia. As dificuldades, sem dúvida, começam no início da carreira,
123: pois, ao terminar a Residência, surgem a incerteza e a incons-
- Norte: 3;
- Nordeste: 22; tância do atendimento ambulatorial, a dificuldade em decidir
Média de vagas no país como prestará o seu serviço, escolhendo entre somente aten-
- Centro-Oeste: 9;
- Sul: 12; dimento particular – demora um pouco para conseguir uma
- Sudeste: 77.
boa clientela, mas depois a remuneração pode ser satisfatória
– e o atendimento de convênio, que gera um grande fluxo de
2. Áreas de atuação pacientes, porém com remuneração baixa.
O que o tornará um bom endocrinologista?
A área de atuação dessa especialidade é essencialmente
- Ter bom raciocínio fisiopatológico;
ambulatorial, na qual o especialista irá deparar com pacien-
- Apreciar tratar pacientes crônicos;
tes com obesidade, diabetes mellitus, doença da tireoide,

69
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Saber lidar com todas as faixas etárias;


- Ser bom observador;
- Ter visão diagnóstica.

4. Situação atual e perspectivas


A especialidade vem obtendo projeções com o passar
dos anos, pois as enfermidades endócrinas têm aumentado
na população brasileira e no mundo. Por exemplo, a obesi-
dade afeta cerca de 42% da população, e cerca de 15% têm
diabetes. Além das doenças mais comuns, a especialidade
também é procurada por pacientes com tireoidopatias, os-
teoporose e outras disfunções hormonais, o que aumenta
o prestígio, pois grande parte da população já apresentou,
apresenta ou vai apresentar um desses sintomas, principal-
mente pelo envelhecimento em geral.
Endocrinologistas em atividade
Cerca de 2.676 em 2012

5. Estilo de vida
O estilo de vida dependerá do que esse profissional es-
pera para o futuro, pois pode querer se entregar totalmente
à profissão, trabalhando em diversos lugares e não desfru-
tando de muito tempo livre. Ou, pode optar por mais tempo
livre para ter vida social, estar presente com a família, pra-
ticar algum esporte e viajar, devendo escolher trabalhar em
menos locais ou ter apenas o seu próprio consultório, além
da possibilidade da carreira acadêmica.

70
31
GASTROENTEROLOGIA

1. Introdução 3. Vantagens e dificuldades

A especialidade surgiu no Brasil em meados da década Tem como vantagem a grande disponibilidade de áreas de
de 1940. Para ser um gastroenterologista, é necessário fa- atuação, podendo trabalhar em diversos locais e com varieda-
zer primeiramente 2 anos de Residência em Clínica Médica e de dentro do próprio sistema, já que é responsável por diagnós-
mais 2 anos dentro da própria especialidade. O profissional, tico, tratamento e disfunções do sistema digestivo por comple-
quando terminar a Residência, será capaz de lidar com as to (boca, faringe, esôfago, estômago, intestino, ânus, e órgãos
anexos como fígado e pâncreas). A dificuldade da especializa-
doenças do sistema gastrintestinal, podendo fazer a preven-
ção está relacionada à sua complexidade e aos obstáculos que
ção, o diagnóstico e o tratamento clínico das diversas enfer-
os profissionais da área atravessam para se firmarem.
midades que acometem o sistema. O profissional também
faz a leitura de exames e pode realizar a endoscopia. O que o tornará um bom gastroenterologista?
- Facilidade de lidar com pessoas;
Residência Médica
- Ter bom raciocínio lógico;
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica.
- Capacidade de diagnóstico.
Duração 2 anos.
- Unidade de Internação;
- Ambulatório; 4. Situação atual e perspectivas
Rodízio nas áreas
- Urgência e Emergência;
- Serviço de Endoscopia Digestiva. O mercado de trabalho é amplo e com grandes perspec-
111: tivas de crescimento. O especialista encontra amplo campo
- Nordeste: 28; de atuação na área clínica, diagnosticando, tratando e fazen-
Média de vagas no país - Centro-Oeste: 9; do a prevenção das enfermidades, como a mudança de hábi-
- Sul: 14; tos alimentares e realizando exames.
- Sudeste: 60.
Gastroenterologistas em atividade
Cerca de 2.244 em 2012
2. Áreas de atuação

O gastroenterologista pode atuar tanto na clínica quan- 5. Estilo de vida


to na realização de exames como hepatologia, endoscopia
O gastroenterologista pode decidir como deseja seguir a
digestiva e nutrições enteral e parenteral. Os locais de ser-
carreira. A variedade de locais de trabalho e a complexidade
viço podem ser consultórios, clínicas, hospitais, centros de do sistema fazem que ele possa escolher onde vai trabalhar
atendimentos gerais e especializados, tanto públicos quanto e como fará a sua jornada de trabalho. Além disso, pode es-
particulares. Não há um público-alvo específico, atendendo colher se quer desenvolver somente a carreira ou se preten-
desde as menores idades até idosos, apesar de a subespe- de ter uma vida um pouco menos atarefada, conseguindo
cialidade de gastroenterologista pediátrico necessitar, como ter tempo para outras atividades diárias, para a família e
pré-requisito, da Residência em Pediatria. para o lazer e as férias.

71
GUIA DE ESPECIALIDADES

6. Subespecialidade
No Brasil, a hepatologia não é considerada uma especia-
lidade médica, mas uma área de atuação da Gastroentero-
logia. Dessa forma, para seguir carreira, é necessário fazer 2
anos de Clínica Médica, depois 2 anos de Gastroenterologia
e mais 2 anos de treinamento focado na fisiologia e nas fisio-
patologias do fígado. Depois disso, esse será o profissional
capacitado e qualificado para tratar pessoas com doenças
hepáticas.

72
32
GERIATRIA

1. Introdução 2. Áreas de atuação

A Residência em Geriatria teve início na década de 1980 Pode atender em diversas áreas, como consultórios ou
no Brasil. Para se especializar o médico precisa, primeira- ambulatórios, hospitais (acompanhando os seus próprios
mente, fazer 2 anos de Residência em Clínica Médica e, em pacientes ou em interconsultas para outras especialidades),
seguida, mais 2 anos de Geriatria. Depois de formado, será atendimento domiciliar, instituição de longa permanência
responsável pelas características clínicas do envelhecimento para idosos, programas de promoção em saúde, avaliação
e pelos variados cuidados de que o idoso necessita. Traba- clínica, solicitação de exames, saúde pública (em atenção
lha com aspectos mentais, sociais, físicos, funcionais e nos secundária ou terciária), hospital-dia geriátrico, gerencia-
tratamentos crônicos, agudos, preventivos, de reabilitação mento de pacientes crônicos, cuidados paliativos e, por fim,
e paliativos dos idosos. Oferece um tratamento complexo, a carreira acadêmica como professor universitário. O salário
muito além da medicina focada em órgãos e sistemas, com é variável, dependendo do local de atuação do profissional.
envolvimento interdisciplinar promovendo a capacidade O geriatra atua com uma visão total no idoso e tem a capa-
cidade de priorizar o que é mais urgente naquele momento.
funcional e aperfeiçoando a qualidade de vida e a autono-
mia dos idosos.
É imprescindível relembrar que a Geriatria não é a Clínica 3. Vantagens e dificuldades
Geral dos idosos; há variadas diferenças entre os jovens adul-
tos e os idosos, desde o que é senilidade (desenvolvimento A gratificação com a especialidade é imensa, fundamen-
patológico do envelhecimento), senescência (desenvolvimen- talmente quando se trata da otimização que pode ser ofereci-
to natural do envelhecimento), até a clínica das doenças e as da em relação à qualidade de vida dos pacientes e familiares.
particularidades dos tratamentos farmacológicos. O geriatra Esse acompanhamento e cuidado prestados levam a uma pro-
cuida do idoso e não somente de suas enfermidades. funda satisfação, bilateral, já que grande parte das enfermida-
Residência Médica des é crônica ou incurável mas é controlada. As dificuldades
estão relacionadas ao preconceito com a especialidade (pois
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica.
muitos ainda não entendem qual é função efetiva do geria-
Duração 2 anos.
tra), o tempo da consulta é mais demorado, precisa-se de
- Unidade de Internação, Ambulató- uma equipe multidisciplinar para aperfeiçoar o diagnóstico e
rio e Assistência Domiciliar, Urgên-
cia e Emergência; tratamento, há preocupação em enfrentar conflitos familia-
Rodízio nas áreas res, falta de suporte social e doenças avançadas.
- Estágios obrigatórios: Medicina
Física e Reabilitação, Psiquiatria e
O que o tornará um bom geriatra?
Neurologia.
- Apreciar o cuidado com os idosos;
70:
- Norte: 3; - Ser paciente;
- Nordeste: 6; - Gostar de tratar pacientes crônicos;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 7;
- Sul: 5; - Estar acostumado com longos tratamentos;
- Sudeste: 49. - Ser um bom observador;

73
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Conseguir trabalhar com equipe multidisciplinar;


- Ter o conhecimento sobre múltiplos tratamentos e suas inte-
rações;
- Saber lidar com doenças avançadas.

4. Situação atual e perspectivas


Essa área apresenta um grande potencial de crescimen-
to visto que, com o passar dos anos, a expectativa de vida
está cada vez maior. Por isso, com mais idosos no país, o
papel do geriatra vai se fortalecendo e se destacando en-
tre as especialidades médicas. O campo de trabalho é bem
variado dentro do setor público e está crescendo no setor
privado. Apesar de ainda existirem alguns mitos em torno
dessa especialidade, aos poucos vem demonstrando o que é
ser verdadeiramente um geriatra e como é importante para
a promoção, a prevenção e a reabilitação do idoso.
Geriatras em atividade
Cerca de 783 em 2012

5. Estilo de vida
Essa é uma das especialidades que vão depender de
como o profissional deseja viver, ou seja, diante de tantas
opções de emprego e da pequena quantidade de profissio-
nais na área, se pode escolher um local de trabalho e pro-
gramar em quantos lugares quer trabalhar. Para o médico
que pretende se dedicar inteiramente à carreira, é possível
ter ocupação para todos os dias e horários. Já o profissional
que pretende ter uma vida um pouco mais tranquila conse-
gue um tempo de descanso, ficar com a família, tirar férias e
viajar, além de poder se encaixar em 1 só ou até 2 serviços e
ter uma vida menos atarefada.

74
33
HEMATOLOGIA E
HEMOTERAPIA

1. Introdução É o hematologista quem realiza as punções de mielo-


grama e medula óssea, fazendo a análise citológica dessas
Essa especialidade estuda, sob todos os aspectos, o san- amostras. É o hematologista ou hemoterapeuta que geren-
gue e os órgãos hematopoéticos, bem como os distúrbios e cia as unidades hemoterápicas (bancos de sangue e hemo-
as doenças que os comprometem. centros), podendo também ser responsável por laboratórios
A Hematologia é uma especialidade médica, clínica, que de análises clínicas. Atuam em parceria com os oncologistas,
trata doenças como anemias congênitas e adquiridas, leuco- no tratamento das doenças neoplásicas (câncer).
penias, hemofilia e outros distúrbios da coagulação, hemo- Do ponto de vista da legislação vigente (RDC MS 153),
globinopatias (doença falciforme, por exemplo), leucemias cabe ao hematologista a responsabilidade pela atividade he-
agudas e crônicas, mieloma múltiplo, púrpuras, doença de moterápica. Veja o que diz a Portaria:
von Willebrand, entre outras. - Princípios gerais:
Hemoterapia é a especialidade médica que se utiliza do Artigo 3: a responsabilidade técnica e administrativa pe-
sangue e de seus componentes (hemocomponentes) e deriva- los serviços de Hemoterapia deve ficar a cargo de um médi-
dos (hemoderivados) para auxiliar na terapêutica de doenças co especialista em Hemoterapia e/ou Hematologia, ou ser
hematológicas ou não, assim como no manejo de pacientes qualificado por órgão competente devidamente reconheci-
traumatizados, grandes queimados, e no preparo cirúrgico. do para esse fim pelo Sistema Estadual de Sangue. A esse
Residência Médica médico, o responsável técnico, cabe a responsabilidade final
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica. por todas as atividades médicas, técnicas e administrativas.
Duração 2 anos. Essas responsabilidades incluem o cumprimento das nor-
- Unidade de Internação, Ambulató- mas técnicas e a determinação da adequação das indicações
rio, Urgência e Emergência e Unida- da transfusão de sangue e de componentes.
de de Terapia Intensiva, Serviço de Em alguns centros, os hemoterapeutas também são res-
Hemoterapia;
Rodízio nas áreas ponsáveis pela realização das transfusões de substituição
- Laboratório geral e especializado
de citologia/citoquímica, hemos- (exsanguineotransfusão), pela transfusão intrauterina e re-
tasia, sangue periférico e medula cuperação de sangue intraoperatório.
óssea.
Ainda sob a responsabilidade do médico hematologista,
98:
- Norte: 2; encontra-se o setor de Hemaférese, terapêutica que utiliza a
- Nordeste: 8; troca e a substituição plasmática, por meio de equipamentos
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 4; especiais, por soluções coloides ou plasma humano, como for-
- Sul: 10;
- Sudeste: 74. ma de retirar do sangue substâncias indesejáveis, assim como
a coleta de células-tronco para o transplante de medula óssea.

2. Áreas de atuação
3. Vantagens e dificuldades
O hematologista/hemoterapeuta é um médico que pode
atuar na Área Clínica, na assistência direta ao paciente, as- Atualizações periódicas e cursos de educação continua-
sim como na área da Hemoterapia e laboratório. da e pós-graduação são fundamentais. Com os avanços da

75
GUIA DE ESPECIALIDADES

biologia molecular, todos os dias mudam os protocolos para


tratamento das principais afecções hematológicas.
Cabe ao hematologista lidar com o paciente e a família
de doentes graves.
O que o tornará um bom hematologista e hemoterapeuta?
- Atualização (muitos avanços na área);
- Raciocínio clínico perspicaz;
- Capacidade de lidar com pacientes oncológicos graves.

4. Situação atual e perspectivas


Atualmente, no Brasil, o mercado para hematologistas não
está saturado. Vagas não faltam. No próprio site da Socieda-
de Brasileira de Hematologia e Hemoterapia estão indicadas
constantemente vagas em vários serviços recomendados por
ela. O especialista tem a oportunidade de trabalhar em hospi-
tais públicos e privados, além de ambulatórios de referência.
Há ainda a oportunidade de trabalhar no próprio consultório.
Hematologistas e hemoterapeutas em atividade
Cerca de 1.518 em 2012

5. Estilo de vida
A vida é semelhante à das outras especialidades clínicas.
Quando vinculado aos serviços, deve-se cumprir horário
como qualquer outro profissional CLT. No entanto, se tiver
consultório próprio, há maior flexibilidade de horários.
Um bom hematologista/hemoterapeuta deve estar sem-
pre atualizado e, para tanto, deve estar vinculado a alguma
instituição de pesquisa/ensino.

6. Subespecialidades
- Anemias Carenciais;
- Anemias Hereditárias;
- Avanços no Diagnóstico das Leucemias Agudas e Sín-
dromes Mielodisplásicas;
- Citogenética Hematológica: Clássica e Molecular;
- Doenças Linfoproliferativas Crônicas (Linfoma não
Hodgkin e Mieloma Múltiplo);
- Doenças Linfoproliferativas Crônicas (Linfoma de
Hodgkin);
- Doenças Linfoproliferativas Crônicas (Leucemia Linfocí-
tica Crônica);
- Hemostasia e Trombose;
- Hemoterapia;
- Imuno-Hematologia;
- Insuficiência Medular;
- Transplante de Medula Óssea.

76
34
MEDICINA INTENSIVA

1. Introdução 3. Vantagens e dificuldades


Medicina Intensiva é a especialidade médica que presta su- Ótima remuneração, flexibilidade na agenda. A especia-
porte avançado de vida a pacientes com desarranjo agudo de lidade do intensivista vem sendo fundamentada no Brasil
alguma função vital. A Medicina Intensiva é uma especialidade há pouco tempo. Quem trabalhava nas UTIs, até pouco
médica dedicada ao suporte à vida ou suporte de sistemas e ór- tempo, eram os próprios clínicos (clínicos gerais, cardiolo-
gãos em pacientes que estão em estado crítico, que geralmente gistas, nefrologistas), cirurgiões e anestesistas. Se, por um
necessitam de um acompanhamento intensivo e monitorado. lado, o intensivista graduado como tal tem vantagem na
Peter Safar, o 1º médico intensivista, nos EUA, nasceu na formação, por outro compete com médicos de outras es-
Áustria, filho de 2 médicos. Safar tinha certificação anestesis- pecialidades.
ta e, na década de 1950, começou a desenvolver a disciplina O que o tornará um bom intensivista?
de Urgência e Emergência. Foi neste momento que surgiu
- Conhecimento simultâneo das diversas áreas: Neurologia, Ne-
o ABC (via aérea, respiração e circulação), protocolos foram frologia, Cardiologia, Pneumologia e Anestesiologia;
formados, foi instituída ventilação artificial, bem como res-
- Permanecer relaxado e confiante mesmo sob extrema pressão;
suscitação cardiopulmonar. A 1ª UTI cirúrgica foi criada em
Baltimore, em 1962, na Universidade de Pittsburgh, onde foi - Realizar procedimentos com destreza em pacientes graves.
criada a Residência de Medicina Intensiva, com sede nos Es-
tados Unidos. Em 1970, a Sociedade Americana de Medicina 4. Situação atual e perspectivas
Intensiva foi formada, sendo a 1ª no mundo.
Residência Médica Os hospitais estão sempre aumentando as vagas de UTI
Pré-Requisitos: Clínica Médica, Cirurgia ou Anes- e, com a evolução da medicina, isso tem se tornado cada vez
Entrada tesiologia. mais necessário.
Duração 2 anos. É uma especialização recente, que vem se fundamentan-
- Unidades de Terapia Intensiva em: Pediatria, do no Brasil. Há poucos profissionais especialistas na área.
Rodízio Clínica Médica, Pneumologia, Cardiologia, Neu-
nas áreas rologia/Neurocirurgia, Nefrologia, Cirurgia Geral, Intensivistas em atividade
Semi-Intensiva.
Cerca de 2.650 em 2012
181:
- Norte: 6;
Média de - Nordeste: 29;
vagas no - Centro-Oeste: 16; 5. Estilo de vida do profissional
país - Sul: 20;
- Sudeste: 110. O profissional é geralmente contratado nos serviços e tra-
balha em esquema de plantão. Dessa forma o médico tem
2. Áreas de atuação muita disponibilidade para organizar sua própria agenda.
Há médicos intensivistas, entretanto, que fazem o segui-
O médico intensivista atua basicamente onde há monito- mento horizontal das unidades de terapia intensiva. Esses
rização de pacientes graves ou potencialmente graves, uni- são contratados e estão encarregados de administrar e to-
dades intensivas/semi-intensivas, clínicas e cirúrgicas. mar as condutas principais em cada unidade.

77
GUIA DE ESPECIALIDADES

Uma dificuldade é a carga horária de trabalho do intensi-


vista à medida que o médico envelhece. Caso não faça segui-
mento horizontal, o intensivista continuará trabalhando em
esquemas de plantão e sabe-se que a maioria dos médicos
não deseja trabalhar nesse regime pelo resto da vida.

6. Subespecialidades
- UTI em Pediatria;
- UTI Cirúrgica;
- UTI Clínica Médica;
- UTI Neurologia.

78
35
NEFROLOGIA

1. Introdução cientes geralmente possuem múltiplas comorbidades, logo


são casos de alta complexidade e gravidade. Atualmente,
A Nefrologia é uma especialidade médica dedicada ao existem cada vez mais casos de lesões renais, agudas ou crô-
diagnóstico e ao tratamento clínico das doenças do sistema nicas, o que leva a uma atuação também cada vez maior em
urinário, principalmente as relacionadas ao rim. A maioria clínicas de diálise.
das doenças que atingem os rins não está limitada somen- Vale lembrar também que a atuação de nefrologistas em
te a esses órgãos, sendo desordens sistêmicas. A Nefrologia grandes hospitais é fundamental, do meio acadêmico ou não.
refere-se ao diagnóstico da doença renal e ao seu tratamento,
à medicação e à diálise, e ao acompanhamento dos pacien-
tes de transplante renal. Concomitantemente, a maioria dos 3. Vantagens e dificuldades
nefrologistas é especialista nos cuidados das desordens dos
eletrólitos e da hipertensão. As vantagens da Nefrologia concentram-se, por exemplo,
São encaminhados aos nefrologistas, por exemplo, os pa- na capacidade de manter os pacientes vivos, mesmo que
cientes com insuficiência renal aguda ou crônica, hematúria, sem função renal, por muitos anos, levando a uma enorme
proteinúria, cálculos renais, infecções crônicas do sistema uri- gratidão dos doentes e familiares.
nário, transtorno hidroeletrolítico ou desequilíbrio acidobásico. Ainda existe certa dificuldade da população em conhecer
o papel do nefrologista. Muitas vezes, quando há um pro-
Residência Médica
blema relacionado aos rins, há uma tendência em procurar
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica. um urologista, daí a falta de conhecimento como uma das
Duração 2 anos. dificuldades da área.
- Serviço de Diálise;
- Hemodiálise; O que o tornará um bom nefrologista?
- Transplante Renal; - Gostar de Clínica Médica;
- Serviço de Nutrição e Dietética; - Ser um bom conhecedor de fisiologia e das demais ciências
Rodízio nas áreas
- Laboratório Clínico; básicas;
- Patologia;
- Medicina Nuclear; - Lidar bem com patologias que não são de resolução imediata;
- Urologia. - Saber conversar bem com os pacientes e lembrar que prova-
80: velmente você será o médico de referência para muitos deles.
- Norte: 9;
- Nordeste: 25;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 14; 4. Situação atual e perspectivas
- Sul: 16;
- Sudeste: 16.
A procura por Nefrologia tem caído um pouco entre os
recém-formados, o que pode ser decorrente de um desgaste
2. Áreas de atuação da imagem da área, talvez por conta das famosas clínicas de
diálise, hoje erroneamente vistas como locais apenas para
O nefrologista tem diversas áreas de atuação, como em ganhar dinheiro, sem se importar com os pacientes, em que
equipes de Nefrologia, acompanhando indivíduos interna- o maior número de pessoas em tratamento significa apenas
dos, clínicas de diálise, consultórios e transplantes. Os pa- mais dinheiro.

79
GUIA DE ESPECIALIDADES

Porém, não se devem esquecer a importância desse


profissional, o tratamento importante destinado aos renais
crônicos, o crescente número de transplantes renais, sendo
o Brasil um dos líderes mundiais, tendo o nefrologista um
papel fundamental no preparo do doador receptor, além
do acompanhamento contínuo pós-cirúrgico. Há também
as novas técnicas que têm surgido, como a Nefrologia Inter-
vencionista, que realiza pequenas tarefas invasivas, como
a colocação de cateteres vasculares temporários e perma-
nentes para realização de hemodiálise em pacientes com
doença renal aguda ou crônica e a colocação de cateter in-
traperitoneal para realização de diálise peritoneal e biópsia
renal guiada por ultrassonografia.
Nefrologistas em atividade
Cerca de 2.350 em 2012

5. Estilo de vida
Assim como em todas as carreiras médicas, o início da
vida profissional sempre é difícil. Durante os anos de Resi-
dência, não haverá quase nada além da sua formação. Ao
final, o profissional ainda terá dificuldades, pois provavel-
mente não terá um consultório particular, trabalhando ge-
ralmente em hospitais, públicos ou privados.
Posteriormente, o profissional começa a juntar uma
gama de pacientes e consegue montar seu consultório, orga-
nizando a vida da maneira que acha ideal ao seu perfil. Cada
profissional acaba escolhendo como vai querer lidar com
suas atividades, sendo que pode aceitar uma carga horária
que tome todos os seus horários e também os finais de se-
mana ou atender em consultório e operar uma quantidade
menor de pacientes.

6. Subespecialidades
- Litíase e Infecção do Trato Urinário;
- Nefrites;
- Insuficiência Renal Crônica, Uremia e Diálise;
- Hipertensão Arterial;
- Nefrologia Pediátrica;
- Transplante Renal.

80
36
NUTROLOGIA

1. Introdução 4:
Média de vagas no país - Sul: 1;
A Nutrologia é a especialidade médica que estuda, pes- - Sudeste: 3.
quisa e avalia os benefícios e os malefícios causados pela in-
gestão dos nutrientes, aplicando esse conhecimento para a 2. Áreas de atuação
avaliação de nossas necessidades orgânicas, visando à manu-
tenção da saúde e à redução de risco de doenças, assim como Nutrólogos podem atuar principalmente em consultó-
o tratamento das manifestações de deficiência ou de excesso. rios, podendo ainda trabalhar em hospitais e clínicas, com
O acompanhamento do estado nutricional do paciente e as unidades de nutrição parenteral e enteral.
a compreensão da fisiopatologia das doenças diretamente Esses profissionais podem diagnosticar e tratar as doen-
relacionadas aos nutrientes permitem ao nutrólogo atuar ças nutricionais (como a obesidade, a hipertensão arterial
no diagnóstico, na prevenção e no tratamento dessas con- e o diabetes mellitus), identificar possíveis “erros” alimen-
dições, contribuindo para a promoção de uma longevidade tares, propor mudanças de hábitos de vida, enfatizar a ne-
saudável, com melhor qualidade de vida. cessidade de acompanhamento sistemático do estado nu-
A Nutrologia foi reconhecida como especialidade médica tricional por meio de uma avaliação nutrológica periódica,
em 1978. Antes disso, era conhecida como Nutrição Clínica, um participar da composição da Equipe Multidisciplinar de Te-
ramo da Clínica Médica, termo ainda usado em outros países. rapia Nutricional para atendimento aos que necessitam de
Nutrição Enteral ou Parenteral.
Residência Médica
Pré-Requisito: Clínica Médica ou Ci-
Entrada
rurgia Geral. 3. Vantagens e dificuldades
Duração 2 anos.
- Geriatria; Essa é uma área com poucos profissionais, o que leva a
- Gastroenterologia; grandes oportunidades a quem escolhe segui-la. Porém, da
- Obesidade; mesma forma que proporciona oportunidades, a população
- Oncologia; em geral não tem muito conhecimento sobre ela, sempre
- Avaliação Nutricional; procurando os nutricionistas para questões da área. Portanto,
- Distúrbios de Conduta Alimentar;
são necessárias campanhas para divulgação da especialidade.
- Nutrição Integral;
- Nutrição Parenteral; O que o tornará um bom nutrólogo?
- Centro Cirúrgico; - Ser profundo conhecedor da fisiologia digestória;
Rodízio nas áreas
- Unidade de Preparo de Nutrição
Parenteral; - Gostar de atendimento clínico;
- Unidade de Preparo de Nutrição - Gostar de trabalhar com uma equipe multidisciplinar.
Enteral;
- Laboratório de Lipídios, Proteínas
e Vitaminas; 4. Situação atual e perspectivas
- Laboratório de Nutrição;
- Ambulatório de Aminoacidopatias; Vivemos em uma sociedade marcada pela obesidade.
- Ambulatório de Enterectomizados.
Dessa forma, os profissionais que escolherem essa espe-

81
GUIA DE ESPECIALIDADES

cialidade médica terão uma grande procura. O trabalho em


equipe com outros profissionais, como endocrinologistas,
médicos do esporte etc., pode ser uma grande promessa da
área, com clínicas especializadas na reformulação da rotina
alimentar e de atividade física do paciente. Outras oportuni-
dades são as indústrias alimentícias, com a intenção de pro-
mover a inclusão cada vez maior de alimentos nutricional-
mente mais adequados no mercado, além de possibilitar a
fortificação de alimentos com nutrientes de difícil reposição
pela dieta e desenvolver produtos que podem ser usados
tanto na prevenção quanto no tratamento de doenças; e
ainda, na indústria farmacêutica, a busca contínua de avan-
ços terapêuticos, em benefício dos pacientes.
Nutrólogos em atividade
Cerca de 695 em 2012

5. Estilo de vida
Essa é uma área que pode promover uma excelente
qualidade de vida ao profissional. A forma de trabalho é pri-
mordialmente em consultórios, fazendo o médico escolher
a melhor maneira de atuar, com horários de trabalho total-
mente flexíveis. Obviamente não existem urgências, o que
eleva ainda mais à qualidade de vida dos nutrólogos.

6. Subespecialidades
- Nutrição Parenteral e Enteral;
- Nutrição Parenteral e Enteral Pediátrica;
- Nutrologia Pediátrica.

82
37
ONCOLOGIA CLÍNICA

1. Introdução 127:
- Norte: 9;
A Oncologia Clínica é uma subespecialidade da Clínica - Nordeste: 11;
Média de vagas no país
Médica voltada para a atenção de portadores de algum tipo - Centro-Oeste: 2;
de neoplasia. Tem por objetivo realizar o acompanhamen- - Sul: 22;
- Sudeste: 83.
to desses pacientes a fim de lhes proporcionar tratamento
curativo ou paliativo, administrando quimioterápicos, imu-
nomoduladores ou mesmo indicando a radioterapia. Esse 2. Áreas de atuação
especialista é o profissional que acompanha por mais tempo
um paciente com tumor, trabalhando em conjunto com o O oncologista clínico atua em hospitais e clínicas reali-
cirurgião oncológico no sentido de indicar ou não uma res- zando consultas e acompanhando os portadores de neopla-
secção neoplásica, sendo essa seguida ou não de uma qui- sias nas enfermarias.
mioterapia neoadjuvante.
É uma área que envolve muitas pesquisas clínicas para
identificar os genes envolvidos em um determinado câncer 3. Vantagens e dificuldades
e, com a sua análise, escolher a melhor opção farmacológica
que venha trazer benefícios e reduzidos efeitos colaterais. A Essa especialidade tem como vantagem permitir aborda-
ciência tem avançado muito nessa área: temos o desenvol- gem mais ampla e completa do paciente, pois está apto a
vimento de fármacos cada vez mais específicos e que atuam atuar diante das alterações clínicas que surgem em decor-
de diversas maneiras no tumor, as pesquisas têm descober- rência do desenvolvimento tumoral e de sua disseminação.
to inúmeros genes, proto-oncogenes e receptores envolvi-
As dificuldades encontradas por esse profissional são
dos na patogênese tumoral. Muito se tem avançado nessa
as advindas de sua atuação em hospitais públicos, que pos-
área, o que pode ser notado com a maior sobrevida e a me-
suem restrições de exames e fármacos para um tratamento
lhora da qualidade de vida de quem antes não dispunha de
tratamento e que tinha prognóstico bem reservado. adequado. Essas restrições do sistema de saúde deixam o
O oncologista clínico é um profissional que visa trazer profissional, muitas vezes, frustrado.
maior conforto aos pacientes com câncer e coordena todo o O que o tornará um bom oncologista clínico?
tratamento disponível e necessário a cada doente, de acor- - Ser confiante e ter uma boa prática médica para atuar frente
do com seu estado clínico. Faz o acompanhamento da evo- ao paciente oncológico;
lução tumoral e coordena o atendimento multidisciplinar - Manter uma boa relação médico–paciente, pois dela depende-
que o paciente venha a necessitar, como fonoaudiólogos, rá o sucesso ou o fracasso de um tratamento coerente;
nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e interconsultas - Ter carisma e transmitir fatos coerentes e viáveis aos pacientes;
com médicos de outras especialidades clínicas ou cirúrgicas.
- Não ser intempestivo e saber o momento certo de agir e parar;
Residência Médica - Tomar condutas coerentes e, se for o caso, até individualizadas
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica. perante cada caso;
Duração 3 anos. - Buscar sempre estar atualizado frente às pesquisas.

83
GUIA DE ESPECIALIDADES

4. Situação atual e perspectivas


A Oncologia Clínica é uma especialidade em constante
avanço, com pesquisas e desenvolvimento de novos fárma-
cos para trazer melhorias aos que sofrem dessa enfermida-
de. Desde a década de 1950, com o surgimento dos quimio-
terápicos, muito se conquistou nessa área. As perspectivas
são grandes para esse profissional, pois todo mundo traba-
lha em prol da tão sonhada cura definitiva do câncer, mas
enquanto isso não acontece muito ainda tem de ser feito
para os pacientes, a fim de lhes proporcionar maior sobre-
vida, com qualidade e sem sofrimento, por meio de metas
terapêuticas curativas ou de cuidados paliativos.

5. Estilo de vida
Assim como as diversas outras áreas médicas, esse pro-
fissional almeja uma qualidade de vida que lhe proporcione
satisfação profissional somada aos cuidados com a família
e a momentos de lazer. Pode buscar a atuação em grandes
centros de Oncologia, com mais recursos disponíveis e que
lhe proporcionem maior tranquilidade em sua prática diária,
com a oportunidade de uma vida mais tranquila e podendo
decidir como quer estabelecer sua rotina.

84
38
PNEUMOLOGIA

1. Introdução 2. Áreas de atuação


Pneumologia é a especialidade da medicina que estuda O pneumologista é um médico de formação clínica que
e investiga doenças relacionadas ao mecanismo do aparelho trabalha em regime ambulatorial/hospitalar/UTI. O público-
respiratório e a toda a sua estrutura. -alvo consiste em pacientes de todas as idades, graves ou
O médico pneumologista é o profissional da área de me- não. É possível trabalhar ainda na realização de exames.
dicina que diagnostica, trata e acompanha pacientes com
patologias pulmonares e respiratórias contraídas de diversas
formas, indicando-lhes o melhor tratamento, ou ainda a ci- 3. Vantagens e dificuldades
rurgia torácica. As doenças respiratórias, como todas as ou-
tras, não devem ser negligenciadas, pois se observando uma Como vantagem, tem-se que o médico pneumologista
busca de solução adequada estaremos zelando pela nossa atua em uma área muito ampla, com a oportunidade de
saúde e pelo nosso bem-estar, protegendo a nós mesmos e atender pacientes em vários graus de comprometimento.
a terceiros. A necessidade de exames é intensa. Se a logística do sis-
Residência Médica tema em que trabalha não funcionar bem, haverá dificulda-
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica. des em realizar seu trabalho com destreza.
Duração 2 anos. O que o tornará um bom pneumologista?
- Clínica; - Associar a clínica do paciente aos resultados de exames de
- Asma; imagem;
- Câncer de Pulmão; - Trabalhar em equipe: enfermagem/fisioterapeutas;
- Circulação Pulmonar; - Ter ótima destreza em manipular equipamentos ventilatórios.
- Doença Pulmonar Avançada;
- Doenças Intersticiais;
- Doenças Respiratórias Ambientais e
Ocupacionais; 4. Situação atual e perspectivas
Rodízio nas áreas
- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica;
- Epidemiologia; O mercado não está saturado. O pneumologista tem
- Fibrose Cística; oportunidades em todas as áreas, além de os programas de
- Infecções Respiratórias;
- Pleura; pós-graduação estarem cada vez mais consolidados no país,
- Tabagismo; dando a oportunidade do profissional se subespecializar
- Terapia Intensiva; numa determinada área.
- Tuberculose.
Ainda há a oportunidade de realizar exames/procedi-
98:
- Norte: 2;
mentos: broncoscopia, espirometria, ergoespirometria, en-
Média de vagas no - Nordeste: 14; tre outros.
país - Centro-Oeste: 9;
- Sul: 12; Pneumologistas em atividade
- Sudeste: 61. Cerca de 2.100 em 2012

85
GUIA DE ESPECIALIDADES

5. Estilo de vida
Pneumologistas, por atuarem em uma área muito gran-
de, podem escolher o tipo de vida que desejam levar. Aque-
les que se vinculam ao regime ambulatorial podem manipu-
lar horários e pacientes da maneira que desejam. Já os que
trabalham em regime hospitalar (enfermaria/interconsultas
hospitalares) estão sempre sob aviso do hospital. Há tam-
bém aqueles ainda em regime de plantão.

86
39
REUMATOLOGIA

1. Introdução 3. Vantagens e dificuldades


A Reumatologia constitui-se numa subespecialidade As vantagens em ser um médico clínico especializado em
da Clínica Médica voltada para a atenção a portadores de Reumatologia é a comodidade de atuar em uma área mais
patologias que acometem o tecido conjuntivo. As doen- restrita e poder atender pacientes com sintomatologias
ças reumáticas estão entre as principais causas de inca- mais características e que lhe são familiares na sua área de
pacidade física e afastamento temporário ou definitivo do atuação, fazendo que o profissional seja mais confiante em
trabalho. As doenças mais frequentes das quais essa es- realizar suas intervenções para melhor auxiliar seu paciente.
pecialidade aborda são artrose, diversas formas de artrite, As dificuldades encontradas por esse profissional são
as advindas de sua atuação em hospitais públicos, que pos-
gota, osteoporose, fibromialgia, febre reumática, doenças
suem restrições de exames e fármacos para o tratamento
autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico, tendini-
adequado de cada paciente, já que muitos dos medicamen-
tes, bursites e diversas doenças que acometem a coluna tos são de alto custo e os doentes precisam enfrentar certa
vertebral. burocracia para adquiri-los. Isso faz que o profissional, mui-
O público que necessita de atendimento com o reuma- tas vezes, fique frustrado frente às restrições do sistema de
tologista é composto de adultos, idosos e até crianças, que saúde e à dificuldade em ajudar seu paciente. Outra dificul-
em algum momento de suas vidas, acabam desenvolvendo dade é encontrada no começo da carreira, onde o reuma-
sinais e sintomas articulares ou sistêmicos de alguma doen- tologista necessita trabalhar como plantonista Clínico Geral,
ça reumatológica. já que dificilmente se encontrarão serviços que paguem um
profissional com essa especialidade para atender emergên-
Residência Médica
cias reumatológicas.
Entrada Pré-requisito: Clínica Médica.
O que o tornará um bom reumatologista?
Duração 2 anos.
- Ser confiante e ter uma boa prática médica para atuar frente
67: ao paciente reumatológico;
- Norte: 2;
- Manter uma boa relação médico–paciente, pois dela depende-
- Nordeste: 6; rá o sucesso ou fracasso de um tratamento coerente;
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 8;
- Ter carisma e transmitir fatos coerentes e viáveis aos pacientes;
- Sul: 9;
- Sudeste: 42. - Não ser intempestivo e saber o momento certo de agir e parar;
- Tomar condutas coerentes e, se for o caso, até individualizadas
perante cada caso;
2. Áreas de atuação - Buscar sempre estar atualizado frente às pesquisas em sua
área de atuação.
O reumatologista atua em hospitais, seja atendendo nos
ambulatórios quanto avaliando os pacientes internados nas 4. Situação atual e perspectivas
enfermarias. Atende em clínicas particulares, realizando no-
vas consultas ou acompanhando doentes que já se tratam A Reumatologia é uma área que obteve muitas melhoras
há muitos anos. para auxiliar seus pacientes. As pesquisas clínicas e farma-

87
GUIA DE ESPECIALIDADES

cológicas vêm proporcionando melhores resultados para es-


ses doentes, que antes padeciam com o agravo causado por
sua enfermidade. Portanto, vemos que as perspectivas são
boas para essa área de atuação e o profissional se torna mais
confiante em poder ofertar melhorias mais consistentes aos
seus pacientes.

5. Estilo de vida do profissional


Assim como as diversas outras áreas médicas, esse pro-
fissional também almeja ter uma qualidade de vida que lhe
proporcione satisfação profissional somado aos cuidados com
a família e momentos de lazer. Muitos, para conseguir essa
estabilidade, buscam atuar em seus próprios consultórios ou
atendendo pacientes internados em enfermarias, longe das
portas de prontos-socorros de urgência e emergência.

88
40
ANGIOLOGIA E CIRURGIAS
VASCULAR E ENDOVASCULAR

1. Introdução das, veias ocluídas ou dilatadas e obstruções dos vasos linfá-


ticos. A sua missão é zelar pela saúde vascular dos pacientes,
O médico angiologista e o cirurgião vascular e endovas- proporcionando bem-estar, qualidade de vida e praticando
cular têm, muitas vezes, suas áreas confundidas e considera- medicina com excelência.
das como um mesmo tipo de especialidade. Mas, apesar da Residência Médica
semelhança existente entre eles, há diferenças importantes. - Cirurgias Vascular e Endovascular – Pré-
O angiologista é um médico que fez primeiramente uma Re- -requisito: Cirurgia Geral;
Entrada
sidência em Clínica Médica e, posteriormente, Angiologia, - Angiologia – Pré-requisito: Clínica Mé-
sendo responsável por cuidar clinicamente das doenças vas- dica.
culares que não necessitam de intervenção cirúrgica. Porém, Duração 2 anos.
é muito difícil separar uma especialidade da outra, pois as 132:
doenças vasculares, quando mais graves, geralmente neces- - Nordeste: 22;
sitam de uma abordagem cirúrgica e o paciente que procu- - Centro-Oeste: 12;
Média de vagas no
- Sul: 21;
rou um angiologista terá de ser encaminhado a um cirurgião país
- Sudeste: 77;
vascular para solucionar sua patologia. O que temos na prá- - E mais 19 vagas distribuídas entre An-
tica é que um angiologista pode tratar clinicamente e o ci- giologia e Cirurgia Endovascular.
rurgião vascular está apto a tratar clínica e cirurgicamente.
O cirurgião vascular é o médico responsável por abor-
dar patologias dos vasos arteriais, venosos e linfáticos. Esse 2. Áreas de atuação
mesmo médico pode atuar também em procedimentos en-
dovasculares, pois o que era antes uma subespecialidade Dentro de uma visão prática, temos a atuação desse
já está sendo incluída no preparo dos residentes durante a profissional em doenças venosas, que são encabeçadas pe-
Cirurgia Vascular. Com a melhoria das técnicas minimamen- las varizes dos membros inferiores, tromboses, úlceras e
te invasivas, esta tem ampliado sua atuação em muitos pro- as telangiectasias ou microvarizes. As doenças das artérias
cedimentos anteriormente realizados em grandes cirurgias têm sido motivo de muito estudo, como a arteriosclero-
abertas. As novas técnicas têm sofrido aprimoramento a se nas suas diversas formas e localizações tem tido grande
cada ano e têm melhorado a morbidade e mortalidade dos atenção nesse contexto. Outras enfermidades que mere-
pacientes frente a problemas como aneurismas de aorta e cem muita atenção são as angiológicas, como a isquemia
doenças tromboembólicas, pois o tempo de recuperação é cerebral; dos membros inferiores, como gangrenas, úlce-
mais rápido, as incisões são menores e a internação em UTI ras isquêmicas, a claudicação intermitente e, por fim, as
tem seu tempo reduzido. consequências dessas condições angiológicas, que são as
Todo o sistema circulatório é objeto de atenção da Ci- amputações de membros.
rurgia Vascular, com exceção do coração, que é tratado pela O cirurgião vascular e o angiologista, este com exceção
Cirurgia Cardíaca, e os vasos dentro do crânio, que são de dos procedimentos cirúrgicos, tendem a atuar nas patolo-
responsabilidade da Neurocirurgia. O cirurgião vascular gias arteriais, como:
atua na circulação das pernas, do abdome, do pescoço e dos - Aterosclerose, arteriosclerose e arteriolosclerose;
membros superiores. Corrige artérias estreitadas ou dilata- - Úlceras arteriais;

89
GUIA DE ESPECIALIDADES

- Acidente vascular encefálico decorrente de estenose e As dificuldades encontradas nessa especialidade se en-
oclusão de artéria carótida; contram em seu início, pois o profissional deve buscar con-
- Pé diabético; tatos e se associar às sociedades de vasculares para buscar
- Claudicação intermitente; melhores empregos e, com isso, obter maior tranquilidade
- Aneurismas de aorta e outras localizações; em sua atuação médica.
- Tromboses arteriais; O que o tornará um bom cirurgião vascular?
- Isquemias dos membros inferiores;
- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo
- Obstrução arterial aguda; alto padrão de postura;
- Debridamentos, amputações e fasciotomias;
- Permanecer relaxado e confiante, mesmo sob extrema pressão;
- Arterites e vasculites.
- Ter uma ótima destreza manual;
Patologias venosas como: - Ter um olhar estético;
- Varizes, microvarizes e telangiectasias; - Ter atenção redobrada frente aos casos mais graves;
- Varicorragia; - Ficar atento às patologias vasculares;
- Úlceras venosas; - Ter domínio sobre os procedimentos empregados.
- Tromboflebites e tromboses venosas;
- Acessos venosos profundos para diálise e quimiote-
rapia; 4. Situação atual e perspectivas
- Correção de fístulas arteriovenosas.
A Angiologia e as Cirurgias Vascular e Endovascular têm
Assim como nas patologias dos vasos linfáticos: caminhado para uma junção em suas áreas de atuação, e
- Linfangites; o cirurgião vascular deve se mostrar um profissional mais
- Linfedema; completo para auxiliar o paciente frente à sua comorbidade,
- Celulite; clínica ou cirurgicamente. Isso é observado pela maior bus-
- Erisipela. ca na área cirúrgica do que na área clínica. Outra mudança,
ainda em andamento, mas que marca a especialidade, é a
É uma área que também permite a atuação para realiza- realização cada vez mais frequente de procedimentos en-
ção de exames de imagem como ultrassonografia com Dop- dovasculares e minimamente invasivos. O que antes eram
pler, laser e vários outros procedimentos de angiorradiolo- cirurgias extensas e dramáticas de correção de aneurismas
gia e hemodinâmica. têm dado abertura à realização de procedimentos sem cica-
trizes e guiadas por vídeos e imagens quase em tempo real.
Portanto, a Angiologia e a Cirurgia Vascular têm tido, nos
E quem tem a ganhar são os pacientes, que tendem a se
últimos anos, um papel importante como a ciência e a arte
submeter a procedimentos com menos riscos e com recupe-
na vanguarda das pesquisas inerentes à circulação, o que
rações mais rápidas, aumentando, portanto, sua sobrevida.
tem traduzido uma melhora no tratamento dessas enfermi-
dades e, como consequência, na melhora da qualidade da
vida das pessoas. 5. Estilo de vida
A qualidade de vida é um dos pontos fundamentais em
3. Vantagens e dificuldades uma carreira profissional, demonstrando o quão satisfeito se
está com a profissão escolhida, podendo-se conciliar profis-
A vantagem proporcionada pela Angiologia e pelas são, família, viagens e lazer.
Cirurgias Vascular e Endovascular é a oportunidade de No começo de todas as carreiras profissionais, temos
atuação em diversas frentes de trabalho, onde o profis- uma maior dificuldade de nos ajustar ao mercado de traba-
sional pode atuar em consultórios particulares voltados lho e ultrapassar barreiras para só então alcançar a estabili-
para os cuidados estéticos ou patológicos de varizes e mi- dade tão almejada.
crovasos. Pode trabalhar em prontos-socorros de trauma Com toda a abrangência de sua área de atuação, o pro-
onde realiza abordagem nos grandes vasos para estancar fissional vascular tende a ficar mais satisfeito por conseguir
sangramentos profusos. E, se preferir uma atuação mais conciliar sua vida profissional e pessoal com mais tranqui-
tranquila, pode realizar exames de imagem em ambien- lidade do que seus outros colegas cirurgiões. Pode, em al-
tes distantes das correrias de situações emergenciais, ou guns patamares da carreira, não trabalhar como plantonista
seja, é um profissional que tem um campo de trabalho e atuar em consultórios, hospitais públicos e privados reali-
mais abrangente. zando interconsultas e avaliações durante o dia.
Muitos profissionais, principalmente mulheres, têm bus-
cado essa especialidade cirúrgica justamente pela sua diver-
sidade de campo de atuação, onde podem conciliar a família
e o lazer com mais flexibilidade.

90
41
CIRURGIA
CARDIOVASCULAR

1. Introdução 2. Áreas de atuação

Desde a época colonial, há registros sobre tentativas de O cirurgião cardíaco pode atuar em diversos hospitais,
intervenções cardíacas no Brasil, porém, todas mal-sucedi- fazendo cirurgias de pequeno, médio e grande portes. As
das. Somente em 1927 foi constatado o 1º caso bem-suce- cirurgias podem ser abertas, fechadas, em hipotermia e
dido de uma cirurgia cardíaca e a, partir de então, diversos minimamente invasivas, que utilizam o auxílio da robótica.
aprimoramentos e aperfeiçoamentos foram sendo feitos Algumas das cirurgias que os profissionais serão capazes
dentro da cadeira. Hoje, apresenta avanços tecnológicos de realizar são: revascularização do miocárdio, valvulares,
incríveis, e o Brasil não está fora desse desenvolvimento, aneurisma de aorta, implante de marca-passo, implante de
pois se encontra em nível semelhante ao dos países de- desfibriladores, transplantes e cardiopatias congênitas.
senvolvidos. Normalmente, a Cirurgia Cardiovascular é
feita para tratar as doenças isquêmicas, a doença cardíaca 3. Vantagens e dificuldades
congênita, as doenças das válvulas cardíacas, incluindo o
transplante cardíaco. Essa é conhecida tradicionalmente como uma especiali-
dade nobre, porém não mais a “menina dos olhos” entre os
Residência Médica
estudantes de medicina. Mesmo com todo o desenvolvimen-
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral. to e por promover a melhora da qualidade de vida de muitas
Duração 4 anos. pessoas, diversos fatores ainda deixam em dúvida e afastam
- Ambulatório; alguns candidatos a cirurgiões cardíacos. Alguns dos proble-
- Centro Cirúrgico;
mas que afastam os recém-formados a seguirem essa carrei-
- Urgência e Emergência;
- Radiologia Cardiovascular e Hemodi- ra é o longo período de formação, o desencorajamento por
nâmica; outros colegas, informações falsas sobre o encerramento da
- Estágios obrigatórios: Radiologia Car- especialidade e a baixa remuneração no início da carreira.
diovascular e Hemodinâmica; Métodos Contudo, a carreira ainda está crescendo e se desenvol-
Rodízio nas áreas
Vasculares Diagnósticos não Invasivos;
Unidade de Terapia Intensiva; Pós-
vendo, e pode-se adquirir uma sólida formação teórico-práti-
-Operatório de Cirurgia Cardiovascular; ca e se destacar no mercado. O que incentiva a optar por essa
Cirurgia Torácica; Angiologia e Cirurgia especialidade é que a população está aumentando sua expec-
Vascular; Circulação Extracorpórea; Ci- tativa de vida e, com isso, cada vez mais, precisa de interven-
rurgia Experimental; Anatomia Patoló- ções cardiovasculares, que se tornarão mais prevalentes.
gica e Hemoterapia.
44: O que o tornará um bom cirurgião cardiovascular?
- Norte: 1; - Saber trabalhar em equipe;
Média de vagas no - Nordeste: 9; - Suportar operações de grande porte;
país - Centro-Oeste: 2;
- Sul: 9; - Ter ótima destreza manual;
- Sudeste: 23. - Conseguir lidar com cirurgias robóticas.

91
GUIA DE ESPECIALIDADES

4. Situação atual e perspectivas


Os serviços já estão organizados, e poucos grupos se
formam. Cabe ao médico recém-especializado se juntar a
algum deles. Apesar de a curva de aprendizado da cirurgia
ser lenta, com o passar do tempo, o cirurgião cardiovascular
ganha imensa importância dentro de uma equipe e no fun-
cionamento do hospital.
Cirurgiões cardiovasculares em atividade
Cerca de 1.146 em 2012

5. Estilo de vida
Para o recém-formado, é importante que procure se fa-
miliarizar com uma equipe já formada, com o objetivo de
desenvolver sua formação e viabilizar seu trabalho. E, como
em qualquer profissão, essa principalmente precisa de bas-
tante dedicação e trabalho para que o profissional consiga
atingir a realização profissional. A vida desse médico pode
ser bastante ocupada, pois essa área permite que ele tra-
balhe em diversos hospitais em São Paulo e no Brasil. Esse
profissional está mais predisposto a uma vida mais ocupada
pela profissão, o que diminuirá o tempo livre para outras
áreas particulares.

6. Subespecialidades
- Revascularização do miocárdio;
- Valvulares;
- Aneurisma de aorta;
- Implante de marca-passo;
- Implante de desfibriladores;
- Transplantes;
- Cardiopatias congênitas.

92
42
CIRURGIA DE CABEÇA
E PESCOÇO

1. Introdução em ambulatórios e consultórios médicos. Associado à sua


atuação, atualmente tende a atuar em conjunto ao cirurgião
A Cirurgia de Cabeça e Pescoço é uma especialidade bucomaxilofacial e ao otorrinolaringologista.
médica que solicita como pré-requisito a especialização de
2 anos em Cirurgia Geral. É essencialmente baseada em
procedimentos cirúrgicos que visam diagnosticar, prevenir, 3. Vantagens e dificuldades
tratar e reabilitar os indivíduos que venham a desenvolver
algum tipo de patologia neoplásica maligna ou benigna, As vantagens proporcionadas pela Cirurgia de Cabeça e
afecções congênitas ou inflamatórias que acometam as re- Pescoço estão no âmbito de sua satisfação pessoal em poder
giões craniofacial e cervical. Atua nas regiões facial, fossas auxiliar pessoas que sofrem de câncer a ter melhor qualida-
nasais, seios paranasais, boca, faringe, laringe, tireoide, pa- de de vida ou até mesmo a cura de certas neoplasias. Essa
ratireoide, glândulas salivares, tecidos moles do pescoço e especialidade também proporciona a realização de procedi-
tumores do couro cabeludo. O cirurgião de cabeça e pesco- mentos e exames.
ço é, essencialmente, um cancerologista que lida com tumo- Mas não se pode deixar de falar que também institui
res dessa região e os avalia individualmente para traçar um uma jornada de trabalho extensa quando as cirurgias são
plano terapêutico ou paliativo. para retiradas de tumores invasores. Outra desvantagem
Essa especialidade é relativamente jovem, reconhecida é que muitos dos procedimentos realizados também são
como tal em 1982 pelo ofício CNRM 967/82. Em 1997, foi compartilhados por outros profissionais, como o otorrinola-
instituída a Sociedade Brasileira de Cabeça e Pescoço, onde ringologista e o bucomaxilofacial, fazendo que sua atuação
os especialistas dessa área puderam se encontrar e discutir muitas vezes fique restrita a retirada de tumores.
a evolução da especialidade, por meio de simpósios, encon- O que o tornará um bom cirurgião de cabeça e pescoço?
tros e congressos.
- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo
Residência Médica alto padrão de postura;
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral. - Permanecer relaxado para realizar cirurgias minuciosas;
Duração 2 anos. - Ter ótima destreza manual;
37: - Ter domínio sobre os procedimentos empregados;
- Nordeste: 7; - Dominar a leitura de exames de imagem.
Média de vagas no país - Centro-Oeste: 2;
- Sul: 2;
- Sudeste: 26. 4. Situação atual e perspectivas

2. Áreas de atuação A Cirurgia de Cabeça e Pescoço é uma especialidade de


suma importância nos centros oncológicos do país, pois as neo-
O cirurgião de cabeça e pescoço atua em centros oncoló- plasias são uma importante causa de morbidade e mortalidade
gicos, visando diagnosticar e tratar cirurgicamente tumores atualmente. A cada ano, temos inúmeros casos de neoplasias
dessa aérea do corpo, e pode trabalhar em qualquer hospi- que acometem a cavidade oral e suas adjacências em decorrên-
tal que ofereça o serviço de cabeça e pescoço, assim como cia de fatores de risco como tabagismo e alta ingestão alcoólica.

93
GUIA DE ESPECIALIDADES

5. Estilo de vida
A qualidade de vida é um dos pontos fundamentais em
uma carreira profissional, demonstrando o quão satisfeito se
está com a profissão escolhida, podendo-se conciliar profis-
são, família, viagens e lazer. O cirurgião de cabeça e pesco-
ço não se mostra diferente em desejar conciliar sua prática
profissional com sua vida afetiva, mas tende a ter extensas
jornadas de trabalho, realizando grandes cirurgias para reti-
rada de tumores ou pequenos procedimentos como exames
e biópsias.

94
43
CIRURGIA DO
APARELHO DIGESTIVO

1. Introdução mesmo monta uma equipe multidisciplinar, que o acompa-


nhará nas diversas cirurgias que realizará. Ao trabalhar em
A Cirurgia do Aparelho Digestivo é a área da medicina que hospitais, públicos ou privados, poderá lidar com as cirurgias
estuda e aborda as doenças oriundas dos órgãos correspon- eletivas ou com as de urgência, além do atendimento em
dentes ao aparelho digestivo, sob a perspectiva cirúrgica. ambulatórios e as visitas em enfermarias. Existe também a
O reconhecimento da especialidade pela Associação Mé- possibilidade dos plantões como especialistas.
dica Brasileira (AMB) permitiu a criação de cursos de Resi- Dentre as patologias mais comuns que esses profissio-
dência Médica específicos. No seu campo de ação, estão as nais encontrarão, podemos citar:
- Neoplasias diversas;
patologias e cirurgias envolvendo esôfago, estômago, duo-
- Úlceras duodenais e gástricas;
deno, pâncreas, fígado e vias biliares, intestino delgado e
- Perfurações;
órgãos anexos, além da cirurgia da obesidade. - Pancreatites;
Residência Médica - Divertículos;
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral. - Apendicites;
Duração 2 anos. - Hemorragias digestivas alta e baixa;
- Transplante de órgãos;
- Cirurgia do Esôfago;
- Cirurgia do Estômago; - Cirurgia bariátrica;
- Cirurgia do Intestino Delgado; - Dentre diversas outras patologias.
- Cirurgia do Fígado;
- Cirurgia das Vias Biliares;
Rodízio nas áreas - Cirurgia do Pâncreas; 3. Vantagens e dificuldades
- UTI;
- Coloproctologia; As principais vantagens da área são: ser muito ampla,
- Anatomia Patológica; permitindo ao especialista lidar com todo tipo de público e
- Endoscopia; idade, também com todo tipo procedimento e atuação, des-
- Radiologia/Ultrassonografia. de grandes cirurgias, como os transplantes de órgãos, até as
86: minimamente invasivas.
- Norte: 4; Vale lembrar ainda a grande demanda desses profissio-
- Nordeste: 11;
Média de vagas no país nais, pois as afecções com que lidam são muito prevalentes
- Centro-Oeste: 4;
- Sul: 15; na população em geral, o que leva a grande procura.
- Sudeste: 52. Já as dificuldades são aquelas comuns a todos os cirur-
giões, como alta carga horária de trabalho, alto estresse em
alguns procedimentos mais delicados, lidar com um sistema
2. Áreas de atuação público deficiente em aparelhos e condições de trabalho.
Ainda, como dificuldade, é preciso citar que, como são
O cirurgião do aparelho digestivo poderá atuar em di- muito frequentes os procedimentos da especialidade, o po-
versos serviços, como hospitais, grandes centros ou clínicas der econômico das operadoras de planos de saúde influen-
particulares. Esse profissional geralmente está ligado ou cia para que estejam entre os mais desvalorizados.

95
GUIA DE ESPECIALIDADES

O que o tornará um bom cirurgião digestivo? 6. Subespecialidades


- Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
A Gastroenterologia lida com as doenças do estômago e
- Gostar de ver resultados imediatos;
do intestino propriamente ditas.
- Ter liderança e saber tomar atitudes em momentos de pressão;
A Hepatologia é relacionada às doenças do fígado.
- Ter uma excelente destreza manual e coordenação “olho–mão”. A Coloproctologia estuda as doenças relacionadas ao in-
testino grosso, também denominado cólon, o reto e o ânus,
porém é uma especialidade específica.
4. Situação atual e perspectivas
A Videolaparoscopia, que é uma via de acesso ao abdo-
me por vídeo e por meio de pequenas incisões, substitui as
É fato que existe enorme demanda de cirurgiões do apa-
grandes incisões para a retirada ou correção de um órgão.
relho digestivo. Se houvesse diversos hospitais que só aten-
E a cirurgia bariátrica, reservada ao tratamento cirúrgi-
dessem essa área da medicina, com certeza estariam sobre-
co da obesidade – as conhecidas cirurgias para redução do
carregados. Porém, diante da precariedade de vínculos e dos
estômago.
salá́rios indignos, os médicos desdobram-se em múltiplos
empregos e em jornadas extenuantes, sem conseguir acom-
panhar os pacientes e oferecer a assistência mais adequada.
O cirurgião digestivo do futuro deverá ser treinado também
em cirurgia laparoscópica (quem sabe, robótica) e em endos-
copia digestiva, agregando todas essas competências, e não
somente algumas delas.
Apesar das dificuldades, os cirurgiões do aparelho diges-
tivo são bem vistos, taxados de bons profissionais e geral-
mente satisfeitos com a carreira que escolheram.
Cirurgiões do aparelho digestivo em atividade
Cerca de 1.130 em 2012

5. Estilo de vida
Assim como em todas as carreiras médicas, o início da
vida profissional sempre é difícil. Durante os anos de Resi-
dência, não haverá quase nada além da sua formação. Ao
final, o profissional ainda terá dificuldades, pois provavel-
mente não terá um consultório particular, trabalhando ge-
ralmente em hospitais, públicos ou privados.
Os cirurgiões do aparelho digestivo muitas vezes procu-
ram e montam equipes de cirurgiões e, dessa forma, podem
elaborar uma agenda de atendimentos e cirurgias que me-
lhor se encaixe no perfil desejado.
Há também a possibilidade dos plantões de diversas for-
mas; ao longo do tempo, poderão montar seu consultório,
atendendo as diversas patologias. Geralmente, esse con-
sultório será especializado naquilo que o profissional mais
estudou e em que se dedicou. Hoje em dia, é muito procura-
da a chamada cirurgia bariátrica, pois a população tem bus-
cado resolver o problema da obesidade com cirurgia. Isso
tem rendido grande demanda pelos cirurgiões do aparelho
digestivo que lidam com essa área.
Vale lembrar que a medicina, de maneira geral, propor-
ciona ao médico a oportunidade de escolher o quanto ele
abdicará das atividades de extramedicina para trabalhar,
sempre refletindo o quanto resultará financeiramente no
final do mês, fato que não é diferente com a cirurgia do apa-
relho digestivo.

96
44
CIRURGIA DO TRAUMA

1. Introdução Residência Médica


Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral.
A Cirurgia do Trauma constitui-se numa subespecialida- Duração 1 ano.
de da Cirurgia Geral, reconhecida como tal pela resolução
33:
1.973/2011 do Conselho Federal de Medicina. Tem por ob- - Norte: 4;
jetivo consolidar o conhecimento cirúrgico para situações Média de vagas no país - Nordeste: 1;
de urgência e emergência, realizados em pacientes que so- - Sul: 8;
- Sudeste: 20.
freram algum trauma recente, como acidentes automobilís-
ticos, motociclísticos, atropelamentos, queimaduras. Esse
tipo de paciente se diferencia dos outros pela necessidade 2. Áreas de atuação
de procedimentos rápidos, intervenções agressivas e, mui-
tas vezes, controle rigoroso de hemorragias. Além disso, o O cirurgião do trauma tende a atuar frequentemente
cirurgião do trauma deve saber lidar com pacientes em si- nas emergências e no pronto-socorro, atendendo pacientes
tuação constante de risco de morte, bem como preparar-se graves, vítimas de lesões traumáticas. Atua também nas am-
para um índice de mortalidade mais elevado em relação às bulâncias de resgate, como SAMU, bombeiros e polícia, que
outras áreas cirúrgicas. tenham como objetivo prestar um 1º atendimento a essas
Mas não são fatos recentes a preocupação e o interesse pessoas ainda no local do ocorrido.
em auxiliar de modo mais específico os pacientes que so- O cirurgião do trauma é treinado a realizar procedimen-
frem algum trauma. Na década de 1980, foi lançado, nos Es- tos necessários a vítimas de acidentes e que estejam com a
tados Unidos, o Programa de Suporte Avançado de Vida em vida em risco, portanto realiza toracotomia de emergência,
Trauma, o Advanced Trauma Life Support – ATLS®, que foca drenagem torácica, esplenectomias, ráfias hepáticas, damage
control, anastomoses, laparotomias exploradoras, fleboto-
a necessidade de um atendimento organizado, padronizado
mias, acesso venoso central, atendimento a queimados.
e rápido para esses pacientes.
As sociedades passaram por diversas alterações político-
-sociais e tecnológicas, que proporcionaram maior acesso às 3. Vantagens e dificuldades
populações, e juntamente com esse avanço surgiram agra-
vos à saúde, como maiores índices de doenças cardíacas, A vantagem proporcionada pela Cirurgia do Trauma é a
vasculares, endocrinológicas e de causas externas, mais co- oportunidade de trabalhar não só com casos clínicos trata-
nhecidas como acidentes. Com toda essa nova panorâmica, dos apenas farmacologicamente, mas também com procedi-
a medicina, e mais especificamente a cirurgia, veio a deparar mentos médicos mais invasivos. Não deixando de expressar
com pacientes graves e com prognóstico de vida reduzido a satisfação em reanimar uma vítima que necessita de cui-
se nenhuma medida efetiva fosse tomada em questão de dados intensivos rapidamente, pois tem sua vida colocada
segundos, ou seja, os casos eram cada vez mais urgentes. em risco.
Então, a cirurgia do trauma se fez necessária nesse cenário Uma das dificuldades encontradas nessa especialidade é
cada vez mais frequente nos hospitais, para poder atuar deparar com o tempo transcorrido em cada cirurgia, reque-
diante de situações de extrema gravidade. rendo do cirurgião um bom preparo físico e emocional para

97
GUIA DE ESPECIALIDADES

suportar a extensa carga horária, mantendo sempre muito


controle e atenção nos procedimentos realizados. Além dis-
so, há a tensão imposta nesse tipo de atendimento, como
a necessidade de escolhas e condutas rápidas e seguindo
protocolos de suporte de vida. Não se pode deixar de falar
também sobre as intempéries de trabalhar em hospitais su-
cateados e que não oferecem boas condições para a realiza-
ção de procedimentos.
O que o tornará um bom cirurgião?
- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo
alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado e confiante, mesmo sob extrema pressão;
- Ter ótima destreza manual;
- Ter atenção redobrada frente aos casos;
- Tomar condutas coerentes e rápidas;
- Ter domínio sobre os procedimentos empregados.

4. Situação atual e perspectivas


A Cirurgia do Trauma é uma especialidade que a cada
dia se mostra mais necessária diante de todos os avanços
da sociedade. A violência vem crescendo e imperando em
nossas cidades, por isso esse profissional se mostra cada
vez mais útil dentro dos prontos-socorros e nas frentes de
atendimento imediato, como nas ambulâncias de resgate do
SAMU e bombeiros.

5. Estilo de vida
A qualidade de vida é um dos pontos fundamentais em
uma carreira profissional, demonstrando o quão satisfeito se
está com a profissão escolhida, podendo-se conciliar profis-
são, família, viagens e lazer.
No começo de todas as carreiras profissionais, temos
maior dificuldade de nos ajustar ao mercado de trabalho e
ultrapassar barreiras para só então alcançar a estabilidade
tão almejada. Portanto, na Cirurgia do Trauma, vemos uma
dificuldade do profissional em conseguir conciliar os pa-
râmetros citados, pois a tensão da vida diária impõe uma
carga horária extensa e extenuante, frequentemente impe-
dindo que esse profissional tenha uma qualidade de vida sa-
tisfatória. A carga emocional empregada no atendimento de
pacientes graves faz esse profissional se sentir mais cansado
no final do dia.
Por isso, muitos acabam abrindo mão de trabalhar du-
rante a maior parte do tempo como cirurgiões do trauma
e tendem a procurar uma área de atuação mais tranquila,
como passar visitas em internados em enfermarias e UTI.

98
45
CIRURGIA ONCOLÓGICA

1. Introdução Residência Médica


Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral.
A Cirurgia Oncológica é uma subdivisão da Cirurgia
Duração 3 anos.
Geral e tem como objetivo o tratamento das neoplasias.
64:
Apesar de ser uma especialidade relativamente nova, vem - Norte: 5;
tomando espaço na área médico-cirúrgica, fazendo-se ne- - Nordeste: 9;
Média de vagas no país
cessária diante do crescimento considerável de novos ca- - Centro-Oeste: 6;
sos de câncer, ou seja, por ser uma das patologias que mais - Sul: 14;
tem acometido a população humana, ficando entre uma - Sudeste: 30.
das principais causas de morte atualmente, perdendo ape-
nas para doenças cardiovasculares e acidentes vasculares 2. Áreas de atuação
encefálicos.
A Cirurgia Oncológica é a modalidade de tratamento O cirurgião oncológico atua dentro dos grandes hospi-
mais antiga contra o câncer, sendo que só posteriormente tais, públicos ou privados, tendo por objetivo acolher e ave-
surgiram a quimioterapia e a radioterapia. Com a crescente riguar a situação de cada paciente que atende, para poder
incorporação de tecnologia e conhecimentos, houve uma indicar um tratamento cirúrgico ou clínico de uma determi-
divisão natural das especialidades médicas que cuidam de nada neoplasia. Para tal avaliação, o cirurgião oncológico se
neoplasias como a Cirurgia Oncológica, a Oncologia Clí- vale da realização do estadiamento do câncer.
nica e a Radioterapia, que agora funcionam em conjunto Em sua formação, esse especialista é apto a atender
com outras especialidades e áreas da saúde para auxilia- aqueles com diversas neoplasias como tumores de cabeça
rem os pacientes. São as chamadas equipes multidiscipli- e pescoço, melanoma e não melanoma, gastrintestinais, sar-
nares, que visam a um atendimento conjunto e à melhora comas e ginecológicos.
da sobrevida e da qualidade de vida dos acometidos por
essa afecção. A Cirurgia Oncológica pode ser utilizada no
tratamento de tumores gastrintestinais, ginecológicos, to- 3. Vantagens e dificuldades
rácicos, endócrinos, sarcomas e melanomas. Além da te-
rapia cirúrgica específica, o cirurgião oncológico é um pro- A Cirurgia Oncológica permite uma área de atuação
fissional que também pode estar envolvido na prevenção, abrangente, de acordo com sua maior afinidade, como atuar
no diagnóstico, na reabilitação e no acompanhamento dos em neoplasias gastrintestinais ou ginecológicas. Atua na re-
pacientes com câncer. alização de biópsias para diagnóstico, assim como em cirur-
Essa especialidade se apoia em 3 pilares fundamentais gias com finalidade paliativa. Sem contar a satisfação pesso-
que são o diagnóstico da neoplasia, o tratamento e o acom- al de se ver frente a uma pessoa em grande angústia perante
panhamento. Essa metodologia a ser seguida visa não reali- um diagnóstico tão marcante e poder realizar o acolhimento
zar iatrogenias nos pacientes, pesquisando-se corretamente desse paciente, seja com uma notícia de chance de cura ou
seu tumor para planejar o tratamento adequado, cirúrgico a melhoria dos sintomas que o afligem.
ou quimioterápico e radioterápico, e posteriormente avaliar Como dificuldades encontradas nessa especialidade, ci-
as melhorias advindas com o tratamento instituído. tamos o fato de outros diversos especialistas também rea-

99
GUIA DE ESPECIALIDADES

lizarem cirurgias oncológicas, fazendo que esse profissional


perca um pouco de sua atuação. Por exemplo, o cirurgião
gástrico acaba realizando retirada de tumores quando seu
paciente está com algum câncer na cavidade abdominal. O
urologista também tende a realizar esse tratamento ao de-
parar com um câncer de próstata, rim ou bexiga. Não só es-
ses especialistas, como também outros diversos, tendem a
adotar a mesma conduta em vez de encaminhar o paciente a
um cirurgião mais preparado para exercer a tarefa.
O que o tornará um bom cirurgião oncológico?
- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo
alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado e confiante, mesmo sob extrema pressão;
- Ter uma ótima destreza manual;
- Não ser intempestivo e saber o momento certo de agir e parar;
- Tomar condutas coerentes e, se for o caso, até individualizadas
perante cada caso;
- Ter domínio sobre os procedimentos empregados.

4. Situação atual e perspectivas


A Cirurgia Oncológica tem sido vista atualmente como
uma especialidade de grande necessidade, em que o rigor
técnico e o alto conhecimento sobre cada tipo de tumor se
mostram de suma importância antes de tomar uma conduta
mais agressiva ou conservadora. Com isso, sua área de atua-
ção tem sido mais respeitada e vários profissionais já tomam
a conduta de encaminhar seu paciente a colegas mais prepa-
rados para realizar o procedimento necessário, permitindo
que ele seja adequadamente abordado e não venha a sofrer
danos com condutas incoerentes.

5. Estilo de vida
Assim como as diversas outras áreas médicas, esse pro-
fissional almeja uma qualidade de vida que lhe proporcione
lazer e a oportunidade de estar mais perto da família, sem
necessitar trabalhar de forma extenuante, por cerca de 200
horas semanais, como muitos médicos se submetem.
Contudo, o cirurgião oncológico acaba deparando com
a realidade de ter de trabalhar durante muitas horas do seu
dia, fazendo atendimentos ambulatoriais e, posteriormen-
te, indo para o centro cirúrgico, realizando intervenções que
muitas vezes duram 16 horas, dependendo da gravidade de
cada caso operado.

100
46
CIRURGIA PEDIÁTRICA

1. Introdução 3. Vantagens e dificuldades


A Cirurgia Pediátrica é uma subespecialidade da Cirurgia Os cirurgiões pediátricos são capazes de salvar ou resta-
Geral voltada para o atendimento de indivíduos que estejam belecer uma vida desde seu início e, portanto, podem ter a
com patologias desde o período da vida fetal até o início da felicidade e a oportunidade de seguir seus pacientes durante
idade adulta. anos, passando pela infância, juventude e até a fase adulta.
Os objetivos desse profissional é realizar o diagnóstico Uma das dificuldades encontradas nessa área é deparar
específico e diferencial em doenças cirúrgicas pediátricas, com o tempo transcorrido em cada cirurgia, requerendo do
assim como saber definir e hierarquizar as metodologias dis- cirurgião um bom preparo físico e emocional para suportar
poníveis para o tratamento dessas afecções. a extensa carga horária, mantendo sempre muito controle
O treinamento desse especialista é específico para crian- e atenção nos procedimentos realizados. O emocional é de
suma importância, pois lidar com a vida de uma criança é
ças e é único entre todas as outras especialidades cirúrgicas,
sempre desafiador no âmbito de conversar com os pais, avós
por isso existe uma exigência particular e intensa a essa es-
e toda a família, pois criam imensas expectativas e ficam em
pecialidade, pelas características necessárias ao seu apren-
desespero frente ao fato de um ser tão pequeno ter de pas-
dizado. Sua área de atuação tende a abranger as patologias
sar por um procedimento tão grande.
neonatais, gastrintestinais, torácicas, de cabeça e pescoço,
urológicas, oncológica, de trauma, vídeo e na realização de O que o tornará um bom cirurgião pediátrico?
transplante de órgãos. - Ser criativo, detalhadamente orientado, e cobrar de si mesmo
alto padrão de postura;
Residência Médica - Permanecer relaxado e confiante;
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral. - Ter ótima destreza manual;
Duração 3 anos. - Ter atenção redobrada frente a um ser tão pequeno e ao uso
42: dos instrumentos;
- Norte: 1; - Saber lidar com os familiares;
- Nordeste: 9; - Ter domínio sobre os procedimentos empregados.
Média de vagas no país
- Centro-Oeste: 4;
- Sul: 8;
- Sudeste: 20. 4. Situação atual e perspectivas
A Cirurgia Pediátrica é uma especialidade extremamente
2. Áreas de atuação necessária no meio cirúrgico, pois crianças não são adultos
em miniatura e requerem muita atenção e cautela com a in-
O cirurgião pediátrico tem uma área de atuação ampla, dicação da cirurgia, seu pré e pós-operatório e com a técnica
pois pode atuar em hospitais, enfermarias, UTIs, prontos- cirúrgica. Portanto, é um profissional que dificilmente terá sua
-socorros e consultórios médicos, tendo como público-alvo área de procedimentos realizada por outro profissional. É um
as crianças que estejam com patologias que se beneficia- campo vasto que ainda terá muitos parâmetros de evolução,
rão do atendimento desse profissional, clinicamente ou ci- como diagnósticos cada vez mais precoces intraútero e com
rurgicamente. resolução mais precoce, não acarretando prejuízos à criança.

101
GUIA DE ESPECIALIDADES

5. Estilo de vida
Todo profissional, da área da saúde ou não, almeja ter
uma estabilidade familiar e financeira para poder desfrutar
de uma melhor qualidade de vida. Para isso, busca manter
um equilíbrio entre sua prática profissional e a vida pessoal.
No início da carreira profissional, há certa dificuldade em
estabelecer vínculos empregatícios fixos, por isso o cirurgião
tende a atuar em vários hospitais, exercendo diversas ativi-
dades, como atendimento no pronto-socorro, ambulatórios
e enfermarias. Com o tempo ele adquire mais experiência e
tende a selecionar os melhores locais para atuar.

6. Subespecialidades
- Neonatal;
- Pré-natal;
- Urologia Pediátrica;
- Trauma;
- Oncologia Pediátrica;
- Videolaparoscopia.

102
47
CIRURGIA PLÁSTICA

1. Introdução 2. Áreas de atuação

A Cirurgia Plástica consiste na reconstituição ou na mu- A área de atuação mais comum de um cirurgião plástico é
dança de uma parte do corpo humano por razões médicas o consultório particular. Geralmente, profissionais como esse
ou estéticas. Há 2 vertentes na especialidade: a Cirurgia não conseguem abrir um consultório ou obter uma gama de
Plástica Reparadora e a Cirurgia Plástica Estética. A primei- pacientes assim que se formam, então a posição de auxiliar
de cirurgia remunerado permite ao cirurgião plástico jovem,
ra visa corrigir lesões deformantes, defeitos congênitos ou
ao final da sua Residência, trabalhar com Cirurgia Plástica e ao
adquiridos. É considerada tão necessária quanto qualquer
mesmo tempo ser remunerado por esse trabalho, o que lhe
outra intervenção cirúrgica. A segunda é aquela feita com o possibilita um suporte financeiro inicial muito interessante.
objetivo de realizar melhoras na aparência. No sistema público, os especialistas atuam exclusiva-
O paciente que realiza cirurgia estética procura melhorar mente nas cirurgias reparadoras, já que o sistema não co-
algum aspecto físico que não lhe agrada, como uma orelha bre as puramente estéticas. Outra possibilidade é a atuação
proeminente ou em abano, uma mama flácida que pode lhe acadêmica, pois os hospitais universitários realizam tanto as
dificultar um relacionamento afetivo etc. Geralmente essas cirurgias reparadoras quanto as estéticas.
situações não lhe causam prejuízo de ordem funcional, mas
sim de ordem psicológica. Atualmente, as 2 cirurgias plásti- 3. Vantagens e dificuldades
cas estéticas mais realizadas no Brasil são a lipoaspiração e o
implante de prótese de silicone nos seios. Alguns fatores mostram por que a Cirurgia Plástica pode
Residência Médica ser uma boa área de atuação. Por exemplo, o grande número
de cirurgias plásticas que são realizadas no Brasil. Uma das
Entrada Pré-Requisito: Cirurgia Geral.
mais importantes é o fato de que é uma área desvinculada de
Duração 3 anos.
planos de saúde, já que esses não cobrem as exclusivamente
- Cirurgia Craniofacial; estéticas. Estão em grande ascensão o tratamento cirúrgico
- Cirurgia da Mão; e a restauração, associados a um único tempo operatório;
- Unidade de Queimados; reconstruções de mama e mastectomia associadas em um
- Cirurgia Reconstrutiva dos Mem- único tempo cirúrgico e as grandes reconstruções de tumo-
Rodízio nas áreas bros e da Face; res faciais associadas a reconstruções com retalhos compos-
- Cirurgia da Mama; tos transferidos com o auxílio da microcirurgia são situações
- Microcirurgia Reconstrutiva;
bastante comuns no dia a dia do cirurgião plástico.
- Cirurgia Estética;
Porém, alguns fatores são vistos como dificuldades,
- Cirurgia Oncológica.
como o longo tempo de formação, pois além da Cirurgia Ge-
112: ral e da Cirurgia Plástica; hoje o médico deve ter uma subes-
- Nordeste: 16; pecialidade para se destacar no mercado, o que leva a um
Média de vagas no país - Centro-Oeste: 8; aumento maior ainda desse período de formação. Também,
- Sul: 8; hoje o mercado está cada vez mais exigente, o que requer
- Sudeste: 80. desse profissional algo que o faça se destacar dos demais.

103
GUIA DE ESPECIALIDADES

O que o tornará um bom cirurgião plástico?


- Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
- Tentar sempre novas abordagens para a resolução dos mes-
mos problemas;
- Gostar de ver resultados imediatos;
- Ser perfeccionista e prestar muita atenção aos mínimos de-
talhes.

4. Situação atual e perspectivas


A Cirurgia Plástica hoje conta com um notável número
de profissionais, e tem havido um crescimento considerável
a cada ano, com mais vagas de Residência Médica surgin-
do constantemente. É verdade que existe uma demanda
bem grande por cirurgias plásticas, porém o mercado tem
se mostrado cada vez mais exigente e competitivo. Muitas
vezes, os cirurgiões mais jovens devem buscar novos hori-
zontes em outros centros menores.
Como perspectivas, há grande expectativa a respeito de
alguns avanços, principalmente aos que se referem a célu-
las-tronco. Isso será importante não só para as cirurgias es-
téticas, mas principalmente para a cirurgia reparadora, com
os grandes queimados, e também com aqueles que preci-
sam restaurar ossos, cartilagens e tecidos.
Algumas outras técnicas são promissoras, como as cirur-
gias minimamente invasivas, o auxílio da informática, a en-
genharia genética e diversos outros avanços.
Cirurgiões plásticos em atividade
Cerca de 4.100 em 2012

5. Estilo de vida
Pode-se dizer que pode haver ótima qualidade de vida
para um cirurgião plástico; tudo dependerá do quanto ele se
dedicar ao seu trabalho. Como as cirurgias em geral são ele-
tivas, ele pode adequar seus horários e cirurgias da maneira
que lhe convier nas suas atividades profissionais, intercalan-
do com as demais atividades do dia a dia.

6. Subespecialidades
O cirurgião plástico, em geral, deverá atender todas as
especialidades, contudo acabará tendo preferência por al-
guma abordagem como as da face (pálpebras, nariz, orelha
etc.), mamas, abdome/lipoaspiração, membros etc.

104
48
CIRURGIA TORÁCICA

1. Introdução equipe de Cirurgia Torácica deve estar disponível e treinada


para trabalhar juntamente com os pneumologistas, infec-
A Cirurgia Torácica constitui-se em uma subespecialida- tologistas, oncologistas e vários outros especialistas, e sua
de da Cirurgia Geral, sendo o cirurgião torácico capacitado atuação pode ser fator fundamental na evolução clínica, no
a realizar intervenções cirúrgicas nas patologias que aco- pronto-socorro, na enfermaria, no centro cirúrgico ou na
metem o tórax, como tumores e afecções benignas. Esse Unidade de Terapia Intensiva.
profissional atua em 4 principais áreas topográficas: os
pulmões, a pleura, o mediastino e a parede torácica, re-
alizando procedimentos como drenagem torácica, toraco- 3. Vantagens e dificuldades
centese, videotoracoscopia, broncoscopia e cirurgias para
As vantagens proporcionadas pela Cirurgia Torácica são
biópsias ou retirada de tumores pulmonares e pleurais,
a sua gama de procedimentos que podem ser realizados
exceto o coração e os grandes vasos, que ficam a cargo do
em ambiente hospitalar. Entretanto, não podemos deixar
cirurgião cardíaco.
de falar das dificuldades encontradas nessa especialidade,
Residência Médica como o fato de a maioria dos procedimentos, para os quais
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral. havia a necessidade de um profissional, ser realizada por
Duração 2 anos. outros médicos.
29: Isso faz que esse profissional tenha de trabalhar, na
- Nordeste: 4; maior parte de seu tempo, em prontos-socorros, geralmen-
Média de vagas no país - Centro-Oeste: 2; te atuando como cirurgião geral e não como especialista em
- Sul: 9;
Cirurgia Torácica.
- Sudeste: 14.
O que o tornará um bom cirurgião torácico?
- Ser criativo e detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo
2. Áreas de atuação alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado e confiante, mesmo sob extrema pressão;
O especialista em Cirurgia Torácica atua mais frequen-
- Ter ótima destreza manual;
temente em atividades hospitalares, pois é um bom exem-
- Ter atenção redobrada frente aos casos;
plo do que significa a abordagem multidisciplinar – vários
- Tomar condutas coerentes e necessárias;
médicos de diferentes especialidades contribuindo para a
conduta mais adequada no diagnóstico e no tratamento de - Ter domínio sobre os procedimentos empregados.
um mesmo doente. A maioria dos procedimentos que esse
médico realiza surge em ambientes hospitalares, aonde o 4. Situação atual e perspectivas
paciente chega com uma queixa emergencial e necessita de
rápido atendimento, ou seja, não é um paciente que tende A Cirurgia Torácica é uma especialidade que tem impor-
a marcar consulta, já que suas patologias não lhe permitem tância perante as patologias médico-cirúrgicas, mas que
esperar durante muito tempo para serem solucionadas. A vem passando por transformações no sentido de ter seus

105
GUIA DE ESPECIALIDADES

procedimentos cada vez mais realizados por outros médi-


cos, pois são úteis e urgentes, por isso cada vez mais suas
técnicas são difundidas entre as especialidades.

5. Estilo de vida
A qualidade de vida é um dos pontos fundamentais na
carreira profissional, demonstrando o quão satisfeito se está
com a profissão escolhida, podendo-se conciliar profissão,
família, viagens e lazer.
No começo de todas as carreiras profissionais, temos
maior dificuldade de nos ajustar ao mercado de trabalho e
ultrapassar barreiras para só então alcançar a estabilidade
tão almejada. Portanto, o cirurgião torácico tende a buscar
congregar seus afazeres profissionais com a vida pessoal,
mas tem enfrentado certa dificuldade nessa tarefa, pois
está tendo de atuar, cada vez mais, como plantonista em
hospitais.

106
49
COLOPROCTOLOGIA

1. Introdução 2. Áreas de atuação

A Coloproctologia é a especialidade médica que estuda O coloproctologista pode atuar em diversos locais, tanto do
as moléstias que acometem intestino, cólon, reto e ânus. setor público quanto do privado. Há atendimento em consul-
Anteriormente, era conhecida pelo termo Proctologia, mas tório, lidando com a parte clínica (podendo indicar os procedi-
mentos cirúrgicos), em grandes hospitais e na área acadêmica.
posteriormente passou a ser chamada de Coloproctologia,
uma vez que também abrange estudos e abordagens tera-
pêuticas referentes a afecções do intestino grosso. 3. Vantagens e dificuldades
Essa especialidade é reconhecida pela Associação Médi-
ca Brasileira e pelo Conselho Federal de Medicina, apresen- Existem poucos coloproctologistas no mercado, o que
tando, como órgão difusor, a Sociedade Brasileira de Colo- configura uma ótima área para o profissional médico. É
proctologia (SBCP), que existe há mais de 50 anos e é a 2ª uma especialidade cirúrgica profundamente específica, o
maior sociedade de coloproctologistas do mundo. A SBCP é que demanda grande dedicação e capacidade para atuar,
porém se obtém grande reconhecimento quando se têm
responsável por realizar anualmente um congresso de atu-
essas qualidades.
alização e reciclagem, credenciar serviços médicos habilita- Contudo, o tempo prolongado de formação e a disputa
dos para o ensino da especialidade e emitir certificado de com outros profissionais próximos, como o cirurgião do apa-
qualificação ao exercício da Coloproctologia. relho digestivo e até o cirurgião oncológico geral, podem ser
Residência Médica algumas dificuldades da área.
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral. O que o tornará um bom coloproctologista?
Duração 2 anos. - Gostar de trabalhar com as próprias mãos;
- Ambulatórios; - Ser um expert numa área médica superespecializada;
- Urgência e Emergências; - Se interessar por novas tecnologias;
- Centro cirúrgicos, passando em
- Ter excelente destreza manual e coordenação “olho–mão”.
Gastroenterologia, Patologia, Co-
lonoscopia, Urologia, Ginecologia,
Rodízio nas áreas
Cancerologia, Diagnóstico por Ima- 4. Situação atual e perspectivas
gem, Estomatoterapia, Nutrologia,
Laboratório de Técnica-operatória Nos grandes centros, é uma área com muitos profissio-
e Cirurgia Experimental, Hemote- nais, porém ainda não está saturada. As maiores oportu-
rapia. nidades, contudo, estão nos locais mais afastados, em que
65: provavelmente não há nenhum ultraespecialista.
- Nordeste: 11; Como perspectivas, as cirurgias por vídeo/minimamente
Média de vagas no país - Centro-Oeste: 7; invasivas e as cirurgias robóticas estão tendo cada vez mais
- Sul: 6; campo e avanços, constituindo-se nas maiores promessas
- Sudeste: 41.
da Coloproctologia.

107
GUIA DE ESPECIALIDADES

Coloproctologistas em atividade
Cerca de 940 em 2012

5. Estilo de vida
O médico coloproctologista realiza atendimentos clínico
e cirúrgico. Trata-se de uma característica que proporciona
ao profissional uma vasta gama de possibilidades no merca-
do. Ele pode realizar seus atendimentos em consultórios, li-
dando apenas com cirurgias eletivas, tendo uma rotina mais
amena e sobrando mais tempo para outras atividades, ou
então mesclar com atividades ou mesmo plantões em hos-
pitais, com cirurgias de urgência/emergência, podendo ter
rendimentos maiores, porém com decréscimo em qualidade
de vida e tempo livre.

6. Subespecialidades
- Doenças orificiais;
- Fisiologia anorretal;
- Cirurgia laparoscópica do colo e reto;
- Cirurgia endoanal e colonoscopia;
- Oncologia.

108
50
UROLOGIA

1. Introdução 155:
- Norte: 2;
A Urologia é uma especialidade cirúrgica que estuda e Média de vagas no - Nordeste: 27;
país - Centro-Oeste: 14;
trata as doenças do aparelho urinário e do aparelho sexual - Sul: 17;
masculino. Foi uma das primeiras disciplinas a se individuali- - Sudeste: 95.
zar da Cirurgia Geral, principalmente pela grande especifici-
dade de técnicas de Endoscopia e Radiologia, e pelas parti-
cularidades de algumas de suas cirurgias, como de próstata 2. Áreas de atuação
e das vias urinárias. Há grande proximidade com a Nefrolo-
gia, que estuda e trata as doenças não cirúrgicas do rim e a O urologista atua em diversas áreas da saúde. Esse pro-
insuficiência renal. fissional lida tanto na área clínica quanto na área cirúrgica,
Desde tempos imemoriais se conhece a existência de pa- cuidando de recém-nascidos, passando por homens, mu-
tologias urinárias, como as pedras urinárias descobertas em lheres e idosos. É uma área extremamente abrangente,
múmias egípcias, além de procedimentos cirúrgicos como a permitindo ao profissional atuar praticamente da maneira
circuncisão e a castração. que quiser, seja ela clínica, cirúrgica, minimamente invasiva,
No Brasil, a 1ª reunião de urologistas e cirurgiões acon- diagnóstica etc.
teceu em 1926, e no dia 13 de maio desse ano foi fundada a Vale ressaltar que o urologista não se restringe ao apa-
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). De lá para cá, muita relho reprodutor masculino, mas ao aparelho urinário como
evolução e avanços tecnológicos ocorreram no setor, com a um todo, de ambos os sexos.
realização de dezenas de congressos.
Muitos personagens importantes figuram na Urologia
brasileira. Dentre eles, podemos citar o ex-presidente do 3. Vantagens e dificuldades
Brasil e médico urologista Juscelino Kubitschek, que inclusi-
As principais vantagens da área são: ser muito ampla,
ve é o patrono da SBU.
permitindo ao especialista lidar com todo tipo de público e
Residência Médica idade, também com todo tipo de procedimento e atuação;
Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral. englobar a Clínica Médica e a Clínica Cirúrgica, o que é ex-
Duração 3 anos. celente àqueles que se dão bem com essas 2 grandes áreas
- Andrologia, Doenças Sexualmente da medicina.
Transmissíveis; Já as dificuldades são aquelas comuns a todos os cirurgi-
- Endourologia e Laparoscopia; ões, como alta carga horária de trabalho, alto estresse em al-
- Imagem em Urologia, Biópsias Dirigidas; guns procedimentos mais delicados e lidar com um sistema
- Litíase e Litotripsia; público deficiente em aparelhos e condições de trabalho.
Rodízio nas áreas - Transplante Renal;
- Urologia Feminina; Além disso, há o preconceito em relação às mulheres na
- Urologia Geral; Urologia, o que pode ser um problema tanto no ingresso na
- Uroneurologia e Urodinâmica; Residência quanto num futuro mercado de trabalho. Porém,
- Uro-Oncologia; existem cada vez mais mulheres na área, e são profissionais
- Uropediatria.
qualificadas da mesma forma que aqueles do sexo masculino.

109
GUIA DE ESPECIALIDADES

O que o tornará um bom urologista? - Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica: técnicas


- Gostar de trabalhar com as próprias mãos; em ascensão no Brasil, de alta tecnologia e que promovem
maior qualidade nas cirurgias urológicas;
- Ser um expert numa área médica super especializada;
- Endourologia e Litíase: consiste no tratamento de do-
- Gostar de ver resultados imediatos; enças urológicas de diversas etiologias sem incisões na pele;
- Ter excelente destreza manual e coordenação “olho–mão”. - Reprodução Humana: abrange diversas técnicas que vi-
sam atender casais com infertilidade;
- Transplante Renal;
4. Situação atual e perspectivas
- Uretra: trata as diversas patologias da uretra;
- Urologia Oncológica: lida com as diversas neoplasias
A Urologia é vista como uma excelente área cirúrgica,
urológicas;
e o profissional urologista sempre é considerado um bom
- Urologia Pediátrica: trata as patologias urológicas de
médico pelos colegas. O mercado de trabalho é amplo, prin-
crianças e adolescentes, congênitas ou adquiridas.
cipalmente devido às patologias muito prevalentes na popu-
lação, como litíase urinária, uro-oncologia, disfunção sexual,
infertilidade, hiperplasia prostática benigna etc.
Vale lembrar que, na Urologia, há uma área que tem
tido avanços no Brasil: a Cirurgia Robótica. Essa sem dúvi-
da é uma das maiores perspectivas da Urologia no Brasil,
pois se trata de cirurgias com recuperação mais rápida,
menos dor e menor perda de sangue, além de menor ris-
co de infecções.
Urologistas em atividade
Cerca de 3.500 em 2012

5. Estilo de vida
Assim como em todas as carreiras médicas, o início da
vida profissional sempre é difícil. Durante os anos de Resi-
dência, não haverá quase nada além da sua formação. Ao
acabar a Residência, o profissional ainda terá dificuldades,
pois provavelmente não terá um consultório particular, tra-
balhando geralmente em hospitais, públicos ou privados.
Geralmente, os urologistas não realizam plantões de es-
pecialistas, porém ficam de sobreaviso caso surja qualquer
intercorrência de sua área no hospital em que está servindo.
Posteriormente, o profissional começa a juntar uma
gama de pacientes, conseguindo montar seu consultório
e organizar a vida da maneira que acha ideal ao seu perfil.
Cada profissional escolhe como vai lidar com suas ativida-
des, podendo aceitar uma carga horária que tome todos os
seus horários da semana e finais de semana, ou atender em
consultório e operar uma quantidade menor de pacientes.
Não há uma regra fixa sobre a qualidade de vida dos uro-
logistas, porém é uma área com bastante flexibilidade e os
profissionais geralmente estão satisfeitos.

6. Subespecialidades
- Disfunção Miccional Masculina: atende pacientes com
problemas miccionais de diversas etiologias;
- Disfunção Erétil: engloba distúrbios relacionados com a
ejaculação, alterações hormonais, disfunção erétil etc.;
- Disfunção Miccional Feminina: atende mulheres com
problemas miccionais e do assoalho pélvico;

110
51
VIDEOLAPAROSCOPIA

1. Introdução Residência Médica


Entrada Pré-requisito: Cirurgia Geral.
A cirurgia videolaparoscópica constitui-se em uma su-
Duração 1 ano.
bespecialização da Cirurgia Geral, conhecida como cirurgia
avançada ou R3 de Cirurgia Geral. O cirurgião é preparado 50:
para realizar cirurgias minimamente invasivas empregando - Norte: 5;
a videolaparoscopia, que consiste em uma moderna técnica - Nordeste: 16;
Média de vagas no país
cirúrgica, permitindo a abordagem da cavidade abdominal - Centro-Oeste: 1;
para a realização de diversos procedimentos, sem a neces- - Sul: 7;
sidade de grandes incisões cirúrgicas, pois se utilizam de 3 - Sudeste: 21.
ou 4 trocartes para a passagem de pinças para a realização
da cirurgia.
Existem diversas indicações para a videolaparoscopia.
2. Áreas de atuação
Essa técnica pode ser usada para fins diagnósticos ou tera-
O cirurgião videolaparoscópico atua em consultórios
pêuticos. Com a evolução tecnológica e o crescente desen-
realizando atendimento de pacientes que necessitem de
volvimento de habilidades cirúrgicas em Videolaparosco-
intervenção cirúrgica e analisam se o procedimento pode
pia, atualmente as indicações consagradas em Ginecologia
incluem investigação de dor pélvica crônica, endometriose ser realizado por vídeo ou por via laparotômica. Além dis-
pélvica e abdominal, exérese de lesões ovarianas, trata- so, trabalham em hospitais realizando cirurgias eletivas,
mento de hidrossalpinge, lise de aderências, ooforectomia, realizando o pré e pós-operatório dos submetidos a esse
salpingectomia, tratamento de gestação ectópica, laquea- procedimento.
dura tubária, histerectomia total videolaparoscópica, mio-
mectomia laparoscópica e tratamento cirúrgico de disto-
pias genitais. 3. Vantagens e dificuldades
Com o aprimoramento da técnica cirúrgica videolaparos-
As vantagens proporcionadas pela cirurgia videolapa-
cópica, diversos procedimentos abdominais já podem ser
realizados, como a colecistectomia, apendicectomia, esple- roscópica são a atuação em cirurgias menos invasivas, e,
nectomia até cirurgias bariátricas e anastomoses intestinais. a cada cirurgia, há um acréscimo na experiência do cirur-
O tempo de recuperação estimado após uma cirurgia vi- gião, o que proporciona o aperfeiçoamento da técnica. O
deolaparoscópica é de aproximadamente 7 a 14 dias. Esse acompanhamento dos pacientes também é mais tranqui-
prazo difere do período de 30 a 40 dias atribuído aos pro- lo, pois a maior parte evolui bem e com menor tempo de
cedimentos realizados por via laparotômica convencional. internação.
Além disso, os sintomas são significativamente menores, mi- As dificuldades encontradas giram em torno da limitação
nimizando a necessidade de analgésicos, anti-inflamatórios da disponibilidade do instrumental videolaparoscópico den-
e antibióticos no período pós-operatório. Em geral, há alta tro dos hospitais, impossibilitando o profissional de atuar.
hospitalar em menor intervalo de tempo, com menores ris- Isso acaba fazendo que ele precise atuar em prontos-socor-
cos e redução dos custos hospitalares. ros através de plantões.

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GUIA DE ESPECIALIDADES

O que o tornará um bom cirurgião videolaparoscópico?


- Dominar a técnica de operar com o auxilio do vídeo;
- Ser criativo, detalhadamente orientado e cobrar de si mesmo
alto padrão de postura;
- Permanecer relaxado e confiante sob a técnica empregada;
- Ter ótima destreza manual;
- Ter atenção redobrada frente aos casos;
- Ter domínio sobre os procedimentos empregados.

4. Situação atual e perspectivas


A cirurgia videolaparoscópica é uma área com excelente
perspectiva, somado ao aperfeiçoamento técnico e de ins-
trumentais que fazem desse procedimento um dos mais es-
tudados na área médica. As vantagens decorrentes são pro-
missoras, e a prática tem mostrado que os pacientes obtêm
bons resultados na recuperação.

5. Estilo de vida
A atuação desse profissional, de maneira eletiva e em
hospitais que oferecem boa qualidade de materiais, pro-
porciona atuação médica mais eletiva, o que lhe permite
a possibilidade de se programar em sua vida profissional e
pessoal, podendo desfrutar de maior comodidade, sem ne-
cessitar trabalhar em serviços de emergência. Porém, como
essa não é a realidade de muitos hospitais, esse profissional
acaba tendo de trabalhar como plantonista em muitos luga-
res para proporcionar estabilidade à família.

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