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A intervenção cubana em Angola (com 

a ajuda do Brasil) 
Não deu no jornal 

MÍDIA SEM MÁSCARA, 18 DE SETEMBRO DE 2002 

A mídia brasileira mentiu e continua mentindo em favor da agressão cubana  

Paulo Diniz Zamboni 

Em  artigo  anterior,  abordei  a  questão  de como a mídia internacional omitiu 


ou  deturpou  importantes  informações  sobre  o  conflito  travado  no  sudeste 
asiático  durante  a  década  de  1960  e  meados  dos  anos  70,  velada  ou 
abertamente  tomando  partido  dos  vietcongues  e  do  Vietnã  do  Norte,  que, 
longe  de  lutar  unicamente  para  expulsar  os  norte-americanos do Vietnã do 
Sul,  na  verdade  direcionavam  suas  operações  para anexar o país ao Vietnã 
do Norte, sob o controle de uma única liderança comunista. 

Ao  mesmo  tempo  em  que  o  Vietnã  do  Sul,  Camboja  e  Laos  passavam  ao 
controle  de  ditaduras  comunistas,  alinhadas com os interesses de Moscou 
ou  Pequim,  o  continente  africano  seria  alvo  de  uma  das  mais  audaciosas 
operações  expansionistas  já  lançadas  em  toda  a  história,  revestida  de  um 
caráter  estratégico  extremamente  importante  e  cujas  conseqüências 
seriam  duradouras  para  região.  A  forma  como  essa  expansão  ocorreu, 
seus  desdobramentos  e  a  cobertura  dos  acontecimentos  pela  mídia  serão 
analisados  no  presente  artigo,  que  se  voltará  para  as  operações  em 
Angola,  país  onde  a  presença  comunista  atingiu  características  de 
verdadeira ocupação. 

Após  longo  período  de  combate  contra  movimentos  guerrilheiros  em  suas 
colônias  africanas,  Angola,  Moçambique  e  Guiné  Bissau,  o  governo 
português  acabou  convencido,  em  meados  da  década  de  1970,  que  os 
custos  da  luta  em  solo  africano  eram  por  demais elevados. Além disso, ao 
fim  de  anos  de  regime  salazarista,  havia  muita  insatisfação  popular  em 
Portugal  e  exigiam-se  mudanças,  o  que  resultou  na  chamada  Revolução 
dos  Cravos,  em  1974  --  um  golpe  militar  que  contou  com  amplo  apoio 
popular, mas que rapidamente assumiu feições socialistas. 

Interessado  em  sair  rapidamente  da  África,  sobretudo  de  Angola,  o  novo 
governo  português  fez  um  acordo  com  os  três  movimentos  guerrilheiros 
angolanos  que  lutavam  pelo  poder:  o  MPLA  (Movimento  Popular  para  a 
Libertação  de  Angola),  a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) e 
a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola). 

Entretanto,  as  bases  do  acordo  entre  os  grupos  guerrilheiros  eram  muito 
frágeis,  razão  pela  qual  existia  um  vazio  de  poder  em  Angola,  o  qual  o 
MPLA  foi  rápido  em  preencher,  conquistando  Luanda  e  a  maior  parte  do 
país.  Mas  para  conseguir  isso,  o  MPLA  teve  a  vital  ajuda  da  URSS,  sem  a 
qual  a  vitória  teria  sido  obtida  pelos  dois  outros  grupos  rebeldes 
angolanos. 

A  investida  soviética  em  apoio  ao  MPLA  foi  muito  facilitada  pela 
inoperância  do  governo  norte-americano,  recém  saído  do  desastre  no 
sudeste  asiático,  e,  portanto,  sem  condições  de  intervir em uma nova crise 
internacional.  Além  disso,  com  a  posse  do  presidente  Jimmy  Carter,  mais 
interessado  em  pressionar  regimes  autoritários  ditos  de  direita,  do que em 
enfrentar  as  tentativas  de  expansionismo  russo,  Moscou  sentiu-se  livre 
para agir. 

E  como  de  praxe,  a  mídia  encontrou  rapidamente  um  vilão que justificasse 


a  presença  comunista  em  Angola:  a  África  do  Sul.  Inclusive  a  mídia 
brasileira,  tão  prestimosa  em  criticar  os  governos  militares  por 
envolvimento  com  outros  regimes  autoritários  latino-americanos,  nunca 
demonstrou  o  mínimo  constrangimento  pelo  fato  de  o  governo  brasileiro 
apoiar,  desde  a  presidência  do  General  Geisel,  uma  ditadura  como  a 
angolana,  fornecendo  ajuda  militar,  técnica  e  financeira  ao  MPLA.  A  esse 
respeito,  o  jornalista  Elio  Gaspari  publicou  recentemente  um artigo em que 
defendia  o  apoio  do  governo  do  general  Geisel  à  chegada  do  MPLA  ao 
poder.  Classificando  a  medida  como  uma  das  "páginas  mais  corajosas, 
criativas  e  competentes"  da  história  da  diplomacia  brasileira,  Gaspari 
chega  a  concordar  com  a  afirmação  de  que  os  cubanos  estavam  em 
Angola  "à  revelia  da  União  Soviética".  No  referido  artigo,  o  jornalista 
também  apóia  a  tese  segundo  a  qual  os  norte-americanos  teriam  mentido 
sobre  a  intervenção  cubana  em  Angola,  mas  acaba  confirmando  isso,  ao 
escrever  que  "...  Fidel  Castro  meteu-se  na  briga,  mandou  tropas  para 
Angola  (...)  e  rechaçou  as  tropas  sul-africanas".  (Folha  de  S.  Paulo. 
03/04/2002). 

É  muito  difícil  concordar  com  a  afirmação  de  que  os cubanos estavam em 


Angola  por  conta  própria,  pois  o  envolvimento  de  efetivos  militares  e 
equipamento  bélico  nos  níveis  que  foram  utilizados  pelo  exército  cubano 
só  poderia  acontecer  com  forte  suporte  logístico,  o  qual  Cuba  não  possuí. 
Somente  com  a  anuência  soviética  e  o  uso  de  seus  aviões  de transporte e 
navios,  é  que  os  soldados  de  Fidel  Castro  poderiam  ter  intervindo  tão 
rapidamente.  Além  disso,  em  diversas  ocasiões  nos  anos  seguintes,  a 
força  aérea  soviética  esteve  abertamente  envolvida  em  transporte  de 
armas  e  suprimentos  para  o  território  angolano.  Portanto,  a  presença 
comunista  em  Angola  foi  algo  bem  mais  amplo  do  que  uma 
despretensiosa  ação  de  Fidel  Castro,  agindo  sem  consentimento  de  seus 
patrões soviéticos. 

Quanto  ao  envolvimento  brasileiro,  não  se  sabe  muito  bem  o  que  o  Brasil 
ganhou  em  patrocinar uma ditadura socialista e corrupta como a do MPLA, 
que  mantêm  o  mesmo  representante  ocupando  o  cargo  de  presidente 
desde  1979.  Nem  ao  menos  é  possível  afirmar  que  a  Petrobrás  conseguiu 
grandes  contratos, visto que a extração de petróleo em Angola está em sua 
maior  parte  nas  mãos  de  companhias  norte-americanas.  Mas,  enquanto  o 
governo  militar  nacionalista  do  general  Ernesto  Geisel  trabalhava  ao  lado 
do  comunismo  internacional,  os  sul-africanos  acompanhavam  com 
atenção  os  acontecimentos  em  solo  angolano.  Muito  longe  da  imagem 
apresentada  pela  mídia,  segundo  a  qual  a  África  do  Sul  pretendia  apenas 
"oprimir  os  povos  negros  da  África",  o interesse sul-africano em Angola era 
motivado  sobretudo  por  razões  de  segurança.  A  idéia  de  os  portugueses 
saírem  do  país  deixando  em  seu  lugar  um  governo  comunista  patrocinado 
pela  URSS  não  era  nada  atraente  ao  governo  sul-africano,  às  voltas  com 
problemas  provocados  por  terroristas  de  orientação  marxista  em  seu 
próprio  território.  Em  vista  disso,  logo  em  seguida  à  retirada  portuguesa, 
destacamentos  sul-africanos  passaram  a  apoiar  os  grupos  guerrilheiros 
rivais  do  MPLA.  Este  foi  um  fato  inusitado:  o  apoio  do  governo  de Pretória 
a  guerrilheiros  de  orientação  socialista.  Sim,  porque  ao  contrário  do  que  a 
mídia  veiculou  durante  anos,  a  guerrilha  da  UNITA,  liderada  por  Jonas 
Savimbi,  longe  de  ser  um  grupo  guerrilheiro  de  extrema-direita,  era  uma 
organização  maoísta,  que  havia  sido  apoiada  pela  China  durante  a  luta 
contra  os  portugueses.  Como  se  vê,  para  justificar  a  presença  soviética  e 
cubana  num  país despedaçado por uma guerra civil, vale tudo na mídia, até 
mesmo  transformar  guerrilheiros  socialistas  em  rebeldes  de 
extrema-direita. 

Sem  apoio  na  sua  luta  contra o MPLA e seus patrocinadores, e em vista da 


maciça  intervenção comunista em Angola, com farto suprimento de armas, 
homens  e  apoio logístico, os sul-africanos retiraram-se, passando a prestar 
auxílio indireto aos guerrilheiros da UNITA. 

Após  a  frustrada  ação  sul-africana,  o  MPLA  e  seus  mentores  não  foram 


seriamente  incomodados  durante  dois  ou  três  anos,  pois  a  guerrilha 
oposicionista  não  dispunha  de  efetivos  ou  equipamento  para  enfrentar  as 
armas  pesadas  e  o  elevado  número  de  militares  cubanos  estacionados no 
país. 

A  essa  altura,  já  era  possível  perceber  que  a  situação  em  Angola  tinha 
muita  semelhança  com  o  que  a  mídia  dizia  ter  ocorrido  no  Vietnã,  ou  seja, 
uma  potência  exercendo  influência  armada  sobre  um  pequeno  país.  Na 
verdade,  a  situação  em  Angola  era  ainda  pior  do  que  fora  no  sudeste 
asiático,  onde  os  norte-americanos  utilizaram-se  de  suas  próprias  forças 
para  auxiliar  governos  que  eram seus aliados de longa data. Em Angola, ao 
contrário,  os  soviéticos  empregaram  um  exército  "alugado"  de  seu  fiel 
vassalo  Fidel  Castro  (que  para  efeito  de  propaganda  havia  lançado  a 
operação  "à  revelia  de  Moscou"),  para  conseguir  a  vitória  de  uma  das 
facções  em  luta  pelo  poder  em  Angola.  Entretanto,  para  a  imprensa 
internacional  a  crise  angolana  parecia  não  ter  a  mesma  importância  da 
guerra  do  Vietnã.  Jornalistas  não  correram  para  a  região,  não  se  deu 
destaque  à  atuação  soviética  e  cubana,  nem  ao  uso  do  território  angolano 
como refúgio para terroristas e guerrilheiros que atacavam países vizinhos. 

Em  1978,  confirmando  que  a  presença  comunista  em  Angola  não  era 
apenas  para  apoiar  a  estabilização  do  novo  regime  marxista  de  Luanda, 
tropas formadas por congoleses dissidentes, apoiados por forças cubanas, 
penetraram  na  província  de  Shaba  (ex-Katanga),  no  vizinho  Zaire,  e 
tomaram  a  cidade  de  Kolwezi,  rica  em  minérios  e  estratégica  para  vários 
países ocidentais. 
A  operação,  que  somente  fracassou  devido  à  intervenção  de  forças 
francesas,  demonstrou  que  a  presença  de  assessores  soviéticos  e 
militares  cubanos  em  Angola também visava a transformar o país em base 
estratégica  para  as  aventuras  expansionistas  de  Moscou  no  continente. 
Além  da  invasão do Zaire, também foi de solo angolano que partiram os 15 
mil  soldados  cubanos  que  apoiaram  o  novo  governo  marxista  etíope  em 
1978. (Ogaden em luta. A Somália invade a Etiópia. Ed. RGE, p. 976) 

Para  a  mídia, entretanto, o problema continuava sendo unicamente a África 
do  Sul,  que  a  partir  de  1978,  em  represália  aos  ataques  de  guerrilheiros da 
SWAPO  (Organização  do Povo do Sudoeste Africano), grupo financiado por 
Moscou,  passou  a  desencadear  surtidas  freqüentes  contra  as  instalações 
dessa  organização  no  sul  de  Angola,  e  a  apoiar  de  forma  mais  ativa  os 
guerrilheiros da UNITA. 

Dessa  forma,  todas  as  vezes  que  os  sul-africanos  reagiam  retaliando  ou 
antecipando  as  ações  da  SWAPO,  atacando  suas  bases  em  território 
angolano,  a  mídia  os  transformava  em  meros  "agressores"  e 
"patrocinadores  da  desestabilização  do  governo  angolano".  Quando  em 
1981  os  sul-africanos  destruíram  a  principal  base  da  SWAPO  em  solo 
angolano,  capturando  4  mil  toneladas  de  armas  e  munições,  avaliadas  em 
US$  200  milhões,  além  de  inúmeros  documentos  que  comprovavam  o 
apoio  soviético  e  cubano  aos  terroristas,  a  mídia  internacional  informava 
que  "campos  de  refugiados"  haviam  sido  o  alvo  dos ataques sul-africanos. 
Nem  mesmo  quando  os  sul-africanos  apresentaram  um  militar  russo 
capturado  (outros  quatro  foram  mortos  durante  a  operação)  e  o  imenso 
arsenal  apreendido,  suas  alegações  foram  consideradas  procedentes. 
(Death in Desert: The Namibian Tragedy. 1989) 

O  fato de o governo sul-africano ser adepto do regime de segregação racial 
facilitou  em  muito  o  trabalho  da  mídia  pró-comunista.  Assim,  enquanto  a 
imprensa  internacional  cobria  os  conflitos  de  rua  que  se tornaram comuns 
na  África  do  Sul  a  partir  de  1985,  em  protesto  contra  o  Aparthaid,  os 
soviéticos  enviavam  novas  e  poderosas  armas  para  Angola  incluindo 
caças  MiG-23,  helicópteros Mi-24/25, e tanques T-62. (Anuário Militar 1987, 
Ed. Globo, p.66) 

Porém,  quando  o  governo  dos  Estados  Unidos  resolveu  solicitar  ao 


Congresso  a  liberação  de  uma  verba  de  U$S  15  milhões  para  UNITA,  foi 
alvo  de  severas  críticas  da  mesma  mídia  que  pouco  ou  nada  informava 
sobre  as  enormes  remessas  de  armamento soviético ao governo angolano 
e  seus  protetores  cubanos.  Apenas  como  comparação,  não  foram  poucos 
os  órgãos  de  imprensa  que  durante  a  guerra  do  Vietnã  criticaram 
Washington  por  enviar  armas  ao  governo  de  Saigon,  afirmando  que  isso 
apenas  aumentaria  a  escalada  do  conflito,  preferindo  ignorar  o  imenso 
fluxo  de  armas  chinesas  e  soviéticas  que  chegavam  aos  vietcongues 
através  do  território  do  Laos  e  do  Camboja,  uma  operação  totalmente 
ilegal, visto que o Laos, oficialmente, era um país neutro. 

Agora,  quando  eram  os  norte-americanos  que  forneciam  ajuda a um grupo 


guerrilheiro  em  luta,  só  que  contra  o  comunismo,  como  acontecia  em 
Angola,  a  imprensa  era  só  "choro  e  ranger  de  dentes".  O  fato  de  57  mil 
soldados  cubanos  estarem  estacionados  em  Angola  (jornal  O  Estado de S. 
Paulo,  1988)  não  causava  indignação  alguma  na  mídia  pró-soviética.  Mas 
na  mesma  época,  a  presença  de  50  (sim,  cinqüenta)  conselheiros 
norte-americanos  em  El-Salvador,  país  com  um  governo  eleito 
democraticamente,  que  enfrentava  poderosa  guerrilha  comunista 
patrocinada  por  Cuba,  Nicarágua  e  URSS,  era  diariamente  apontada  pela 
imprensa como uma ameaça para a paz na América Central. 

Também  é  importante  notar  que  o  recrudescimento  da  luta  em  Angola 


deu-se  na  época  em  que  a  mídia  aclamava  o  novo  líder  da  URSS,  Mikhail 
Gorbatchev,  e  a  sua  política  de  abertura,  a  Glasnost.  Mas  foi  justamente 
durante  o  governo  de  Gorbatchev,  apontado  como  reformista  pela 
imprensa  internacional,  que  pelo  menos  US$  1,5  bilhão  em  armas  e 
equipamentos  foram  enviados  para  as  tropas  comunistas  em  Angola, 
permitindo  às  suas  forças  desfecharam  três  grandes  operações  militares 
contra  a  UNITA,  entre  os  anos  de  1985-88,  todas  elas  desbaratadas  pela 
guerrilha.(High Noon in Southern África, 1992, p.360-61) 

As  batalhas  travadas  entre  agosto  de  1987  e  fevereiro  de  1988  (as  mais 
violentas  de  todo  o  conflito),  demonstraram  claramente  a  intensidade  do 
intervencionismo  soviético-cubano  em  Angola,  pois  além  de  um  imenso 
arsenal  de  armas  russas  apreendidas,  os  guerrilheiros  da  UNITA 
capturaram  vários  pilotos  cubanos,  após  seus  caças  terem  sido  abatidos 
durante  os  combates.  Se  durante  a  guerra  do  Vietnã  os  pilotos 
norte-americanos  eram  exibidos  como  troféus  dos  comunistas  pela  mídia 
(inclusive  a  norte-americana),  como  atestados  das  "agressões  contra  o 
povo  vietnamita",  em Angola nada parecido ocorreu, e os militares cubanos 
capturados  foram  devidamente  ignorados  pela  imprensa  internacional. 
(Cuito  Cuanavale:  Veil  lifted  at  last"  1989,  p.  14; Jornal O Estado de S. Paulo, 
edições  dos  dias  12,13  e  14  de  novembro  1987.  A  esse  respeito,  o 
ex-embaixador  J.  O.  de  Meira  Penna,  visitou  Angola  poucos  meses  depois 
dos  combates,  e  esteve  no  QG  da  UNITA  na  aldeia  de  Jamba.  Lá  ele  pode 
verificar  pessoalmente  muitas  das  armas  soviéticas  capturadas  pela 
guerrilha,  incluindo  tanques  e  artilharia,  atestando  o  vulto  da  derrota  do 
MPLA). 

Quanto  ao  real  significado  do  fracasso  comunista  em  Angola,  onde  nem  a 
presença  de  um  exército  mercenário  cubano,  supervisionado  por  milhares 
de  assessores  soviéticos,  alemães-orientais  e  norte-coreanos,  a  um  custo 
financeiro exorbitante, permitia ao MPLA vencer a luta, nem uma palavra na 
mídia. 

Na  ocasião  em  que  os  cubanos  e  soviéticos  fecharam  um  acordo  em 
separado  com  a  liderança  da  UNITA,  durante  uma  reunião  em  Lisboa  em 
agosto  de  1988,  onde  ficou  combinado  que  a  guerrilha  não  atacaria  mais 
seus  soldados,  (Jornal  Sunday  Star,  outubro  1988),  demonstrando  a 
incapacidade  comunista  de  derrotar  os  rebeldes,  a  grande  mídia  manteve 
silêncio, salvando as aparências para Havana e Moscou. 

E  finalmente  quando  em  1991  os  últimos  soldados  cubanos  saíram  de 
Angola,  sem  ter  conseguido  derrotar  a  guerrilha  de  Jonas  Savimbi, a mídia 
acompanhou  a  retirada  como  se  os  cubanos  estivessem  retornando  de 
uma  excursão,  e  não  de  uma  fracassada  aventura  militar  que  representou 
um duro golpe nas ambições de Fidel Castro. 

Assim,  uma  operação  de  caráter  nitidamente  expansionista,  patrocinada 


por  Moscou  e  com  participação  fundamental  do  vassalo-mor  do  Kremlin, 
terminou  em  desastre.  No  entanto,  graças  aos  imensos  esforços da mídia, 
inclusive  a  brasileira,  praticamente  nada  chegou  ao  conhecimento  do 
grande público. 

As  exceções  existiram,  é  verdade.  O  jornal  O  Estado  de  S.  Paulo,  por 
exemplo,  deu  razoável  cobertura  aos  acontecimentos,  mas  em  grande 
parte  reproduzindo  as  noticias  das  agências  internacionais,  o  que  era 
pouco.  E  restaram  algumas  perguntas:  por  que  motivos  a  mídia  escondeu 
ou  minimizou  a  ação  comunista  em  Angola?  Talvez  para  não ter de utilizar 
os  mesmos critérios de julgamento que havia empregado contra os EUA na 
guerra  do  Vietnã,  o  que  revelaria  a  imensa  hipocrisia  com  que  o  conflito 
fora  tratado?  E  por  que  a  intensa  propaganda  contra  a  guerrilha  angolana, 
que  prosseguiu  até  o  recente  assassinato  de  seu  líder,  Jonas  Savimbi, 
apontado  pela  mídia,  durante  anos,  como  um  "mercenário,  agente  da  CIA, 
traficante  de  diamantes,  aliado  de  negociantes de armas", mas que morreu 
no  meio  do  mato,  ao  lado  de  uns  poucos  seguidores,  em  Angola? 
Autodeterminação  e  nacionalismo  só são válidos sob a bandeira da foice e 
do  martelo,  e  se  contarem  com  suporte  de "internacionalistas" cubanos ou 
patrocínio  soviético,  como  era o caso do MPLA ou dos comunistas durante 
a guerra do Vietnã? 

O  fato  é que, após décadas de conflito, e de todo o desperdício de recursos 
e  vidas,  apenas  escombros  restaram  em  Angola,  ainda  nas  mãos  do 
mesmo  governo  que  loteou  o  país  entre  empresas  de  petróleo,  interesses 
internacionais  (inclusive  PETROBRÁS  e  empreiteiros  brasileiros), 
fornecedores  de  armas  e  empresas  mineradoras.  E  novamente,  a  mídia 
não  teve  muito  interesse  em  informar  que,  por  trás  da  "nobre  defesa  do 
socialismo",  estavam  envolvidos  interesses  bem  menos  altruístas.  Só  para 
variar... 
 

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