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12 de junho
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Sem acreditar no que tinha feito, ele andava. Era tarde da


noite, já madrugava, e ele andava. Parecia tonto, atormentado,
afogado em pensamentos, talvez derrubando lágrimas, mas ele
andava. A chuva caia forte. Talvez, para aquela pessoa, uma noite
que tinha que acontecer, mas, no momento, ele apenas andava...
Tinha nascido o dia com uma bela manhã. O sol estava tão
radiante, trazia esperança àqueles que eram iluminados. Para
Paulo, o dia tinha tudo para dar certo. Era 12 de junho, o segundo
dia dos namorados dele depois do casamento. O dia começaria
com um romanticismo sem igual. Em seu trabalho, tudo corria
muito bem, e justo nesse dia, iria ficar melhor. Aquele deveria ser
um dia perfeito...
Naquele começo de mais um dia, Paulo estava feliz. Há
alguns dias ele vivia em tristeza, como se algo roubasse sua
alegria, mas não naquele dia. Após momentos com sua eterna
namorada, Sarah, saiu ele, andando, para mais um dia de trabalho.
Encontrava conhecidos no caminho e sua alegria aumentava, e ele
andava. No centro de Florianópolis, ele andava. Era o dia de
Paulo. Tudo deveria dar certo. Apenas deveria...
Afogado em tanta alegria, respirava para mais uma dose de
animo. Ele esperava mais essa dose, ele precisava. No caminho,
parou em uma lanchonete, em um encontro com seu melhor
amigo, Fernando, dono da lanchonete. Aquilo já era rotina.
Depois de um momento de conversa, ele tinha que ir, pois o dia
tinha muito mais para ele. Ele pensava assim. Mas ali o dia dele
estava para mudar. Mas por enquanto, em sua ³instantânea´
alegria, ele andava...
No trabalho, ele foi vítima. Começou normalmente seu
trabalho na administração de uma grande empresa, em um cargo
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de causar inveja que ele trabalha faz cinco anos, mas estava
prestes a subir na vida. Mas a vida resolveu brincar com Paulo
naquele 12 de junho. Tudo programado para que ele começasse a
cair, justo naquele dia. Por ser exemplar em seu trabalho, Paulo
ganhava inimigos, que fariam de tudo para derrubá-lo. E fizeram.
Manipularam provas e acusaram Paulo de roubo na empresa.
Mediante as provas forjadas, Paulo foi mandado embora. Lá
estava ele na rua novamente, mas agora sem seu
emprego que garantia ele e sua esposa. Paulo se acalmou,
enquanto andava...
Voltou para a lanchonete de Fernando, pois se voltasse para
casa, sua mulher se preocuparia. Podia confiar no seu amigo para
poupar Sarah. A tristeza de Paulo voltou repentinamente. Bastou
aquele momento, para que seu tormento retornasse e fizesse-o
parar no tempo. O sol já não brilhava tanto. Já era possível ver
algumas nuvens no céu. Eram duas da tarde daquele 12 de junho.
Às cinco horas, depois de contar com seu amigo, ele voltou
para casa. Entrou silenciosamente com sua tristeza que parecia ser
o mundo em suas costas. Ele ainda tinha que liberar espaço em
seu coração, pois um humano, talvez, não suportasse a angústia
de sua vida de uma só vez. Ver que o corpo era um templo de
amarguras era triste. Voltou cedo para casa. Normalmente, sua
mulher estaria na cozinha. Ele foi à cozinha, fazer uma surpresa
para disfarçar sua tristeza, mas sua mulher não estava. Ele decidiu
ir deitar para relaxar um pouco. Aquele dia 12 de junho fechou
para Paulo. Naquele momento, o ar mudava. Começava a cair
chuva. A tristeza de Paulo aumentou com descontrole e sua raiva
nunca esteve tão grande. A vida jogou com Paulo novamente,
naquele dia, naquele momento. A família recém-formada daquela
casa estava prestes a acabar: Sarah estava na cama traindo Paulo.
Ele saiu descontrolado de casa. Ele começou a correr, e ele corria,
e corria, e não pensava mais em nada. Parou na beira da praia,
sentou e começou a despejar lágrimas que poderiam aumentar o
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nível do mar em poucos minutos. Nesse momento, a chuva estava


ficando cada vez mais forte, mais ainda se via o sol, que estava se
pondo. Aquele astro deu tanta alegria a Paulo, e agora levava toda
felicidade junto, enquanto se escondia dele. A chuva engrossava.
Paulo se levantou, ainda em lágrimas, e começou a andar. Pela
beira da praia, ele andava. Nesse momento Paulo se afogou em
pensamentos...
Ele lembrava como toda essa tristeza começou: em um
acidente de carro. Em um dos carros, Paulo dirigia. Esse carro era
dos seus pais, que iam junto nessa viagem com Sarah. Era noite e
faltava pouco para chegarem em casa. Estavam cansados, mas
juntos eles conversavam, riam, cantavam juntos. Mas era noite, e
era tarde. Ele ia dirigindo até que outro carro vinha desgovernado.
Paulo não percebeu, porque naquele momento ele cochilou.
Estava escrito que deveria acontecer isso. Era dia 5 de junho, e foi
ai que a vida decidiu marcar Paulo. Esse dia ficou marcado com a
morte de seus pais.
Na praia, Paulo lembrava daquilo, e se culpava cada vez
mais. A tristeza ia se apoderando dele, junto com a escuridão
daquela noite chuvosa. No meio daquela chuva grossa, ele sentou
novamente na areia da praia. Depois de horas sentado, ele voltou
para casa e pegou o carro novo que o casal tinha comprado
poucos dias atrás. Ele começou a correr com o carro. No
retrovisor se via Sarah que tentava falar com Paulo e ouviu o
carro saindo de casa. Com aquela cena, ele se descontrolou: As
pernas e braços não obedeciam mais os comandos de seu cérebro.
Ele começou a chorar como nunca chorou. Suas pernas apertavam
o acelerador do carro. Ele abaixou a cabeça em tristeza profunda,
e os braços fizeram movimentos que crucificaram aquele pobre
homem...
Já era madrugada. Seus braços deslizaram pelo volante, e o
carro obedeceu. Ele bateu com o carro em alguma coisa. Ouviu-se
um grito de dor. Paulo permaneceu em silêncio. Levantou muita
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poeira. Quando toda essa poeira baixou, ele levantou a cabeça.


Reconheceu o lugar em que bateu: a lanchonete de Fernando. Ele
desceu do carro depressa, para tentar se desculpar com seu amigo,
afirmar que iria arcar com as despesas. Mas ao descer do carro,
viu que na batida, atropelou alguém. Desesperou-se para tirar
aquela pessoa dali. Muitos fregueses que estavam na lanchonete
naquela hora o ajudaram. Ajudaram ele a retirar o dono da
lanchonete debaixo do carro, já sem vida. Paulo entrou em
silêncio. Para ele aquele era o fim. Com o susto aparente em sua
face ele se virou e saiu andando...
Sem acreditar no que tinha feito, ele andava. Parecia tonto,
atormentado, afogado em pensamentos, derrubando lágrimas, mas
ele andava. A chuva caia mais forte do que antes. Talvez, para
ele, uma noite que tinha que acontecer, mas, no momento, ele
apenas andava...
Ele não se importava mais. Ele apenas andava. Ele via tudo
que aconteceu para ele. Ele não se importava com mais nada.
Andava no meio do nada de Florianópolis. Chegou a uma
rodovia, que estava sem movimento. Ele começou a andar por ela.
Ele não raciocinava direito. Estava com olhos vermelhos de tantas
lágrimas derramadas naquele dia. Ele ouviu ruídos, mas não se
importava. Ele apenas andava. Lembrava-se de Sarah, de seus
pais, de seu trabalho, de Fernando. Ele continuava chorando.
Lágrimas caiam junto com o temporal que estava sob
Florianópolis. Novamente ouviu ruídos, mas não se importava.
Lembrava-se de carros. Aquele ruído parecia ser um daqueles
carros bem grandes, com buzinas altas, mas ele levantava e
abaixava sua cabeça, e com olhos vermelhos que não paravam de
despejar lágrimas. Andava, e andava, e andava, até que uma hora
o ruído ficou muito alto, e ele não entendia o que era aquele
momento, não se importava. Ele olhou para o céu instintivamente,
sorriu, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto, e enquanto isso,
ele andava. O ruído aumentava e luzes iluminavam o caminho
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dele. A chuva daquele dia impediu que o motorista que emitia


aquele ruído visse aquele pobre homem. Paulo sentiu o impacto,
mas não se importava. Ele sentiu o que tinha que sentir. Paulo
caiu no chão com a vista para o alto. Ele conseguia ver um ponto
no céu que não havia nuvens e era possível ver a lua, linda. Sentia
dor, mas era apenas mais uma para ele, e não fez diferença. Ele,
ainda em lágrimas, se importou com o que viu. Depois disso, ele
não andaria mais. Com os olhos fixados naquele ponto, ele parou
de chorar e fechou os olhos. Não iria acordar daquele momento
que era um sonho no meio de seu pesadelo. Não acordaria, nunca
mais.

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