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Jornalismo leninista
Qual é a caca:
O artigo de Leonardo Boff de 23/08 passado, publicado no "Jornal do
Brasil" ("Quem faz a revolução?") é uma aula de leninismo, que rima com
cinismo. Nas suas palavras:
"Normalmente só se fazem as revoluções que se fazem. O simples
voluntarismo não faz a revolução, como redefinição do rumo de um país.
Nem a situação gritante deixada a si mesma, pois lhe falta direção.
Quando, porém, se unir situação revolucionária com vontade de
transformação, aí surge o ponto de mutação com a força do irromper da
aurora. A revolução acontece como estágio novo da sociedade, com novo
rumo e novas relações sociais... Estimo que esse momento chegou agora
para os brasileiros... O palco para essa revolução necessária, a revolução
brasileira, está montado nestas eleições presidenciais... Agora tudo indica
que o tempo da revolução brasileira chegou. A semeadura já foi feita. É
hora da colheita. Importa secundar os que propõem a transformação e,
juntos com eles, reinventar um Brasil de outros quinhentos".
É claro que Boff se refere aqui a Lula Lá, o portador da chama
revolucionária. É ele, juntamente com seu séqüito, o portador da "vontade
da transformação". O texto de Boff pode ser considerado,
simultaneamente, sincero, cínico e ingênuo. Contêm a sinceridade dos
cândidos.
A nossa elite econômica eleitora de Lula e - por que não dizer? - de Serra,
realmente não tem noção do perigo iminente que a cerca. Como isso se
tornou possível? Foram anos de lavagem cerebral nos meios de
comunicação, nas escolas, nos debates políticos, nas igrejas (Boff é um
dos supremos enganadores da juventude), onde e quando a esquerda teve
a liberdade para fazer o seu discurso, ou seja, em todos os lugares. Sua
principal ferramenta é a mentira sistemática, a ação enganadora de caso
pensado. Desse modo, entorpeceram as mentes e um grito de guerra como
esse, de Boff, na grande imprensa carioca, passa como se fosse uma
mensagem qualquer, uma anódina notícia matinal. Ele apenas disse que
fará a revolução: os direitos de propriedade deixarão de ser reconhecidos,
ainda que para isso os métodos utilizados desde sempre pelos
revolucionário, da guilhotina ao fuzilamento, da forca à câmara de gás,
possam aqui ser empregados eventualmente.
Ler o texto gelou-me a alma. Como deixar de ter medo da violência
implícita em sua promessa?