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A promessa da revolução 

Jornalismo leninista 

MÍDIA SEM MÁSCARA, 18 DE SETEMBRO DE 2002 

José Nivaldo Cordeiro 

Qual é a caca: 

"Quem faz a revolução?", Jornal do Brasil, 23 ago 2002 

"Por  revolução  entende-se,  na  linguagem  corrente  da  sociologia, a 


repentina  substituição,  pela  violência,  de  um  poder  por  outro".  -- 
Raymond Aron 

O  artigo  de  Leonardo  Boff  de  23/08  passado,  publicado  no  "Jornal  do 
Brasil"  ("Quem  faz  a  revolução?")  é  uma  aula  de  leninismo,  que  rima  com 
cinismo. Nas suas palavras: 

"Normalmente  só  se  fazem  as  revoluções  que  se  fazem.  O  simples 
voluntarismo  não  faz  a  revolução,  como  redefinição  do  rumo  de  um  país. 
Nem  a  situação  gritante  deixada  a  si  mesma,  pois  lhe  falta  direção. 
Quando,  porém,  se  unir  situação  revolucionária  com  vontade  de 
transformação,  aí  surge  o  ponto  de  mutação  com  a  força  do  irromper  da 
aurora.  A  revolução  acontece  como  estágio  novo  da  sociedade,  com  novo 
rumo  e  novas  relações  sociais...  Estimo  que  esse  momento  chegou  agora 
para  os  brasileiros...  O  palco  para  essa  revolução  necessária,  a  revolução 
brasileira,  está  montado  nestas  eleições  presidenciais...  Agora  tudo  indica 
que  o  tempo  da  revolução  brasileira  chegou.  A  semeadura  já  foi  feita.  É 
hora  da  colheita.  Importa  secundar  os  que  propõem  a  transformação  e, 
juntos com eles, reinventar um Brasil de outros quinhentos". 

É  claro  que  Boff  se  refere  aqui  a  Lula  Lá,  o  portador  da  chama 
revolucionária.  É  ele,  juntamente  com  seu  séqüito,  o  portador  da  "vontade 
da  transformação".  O  texto  de  Boff  pode  ser  considerado, 
simultaneamente,  sincero,  cínico  e  ingênuo.  Contêm  a  sinceridade  dos 
cândidos. 

Ele  é  a  prova  viva  de que ninguém poderá se surpreender com as primeiras 


medidas  de  um  possível  governo  Lula,  contra  a economia de mercado e as 
liberdades  civis. Cada vez mais me espanta o fato de que os integrantes da 
elite  econômica  declarem  abertamente  que  votarão  em  Lula,  mesmo  num 
eventual  segundo  turno  contra  Ciro.  Eles  precisariam  ouvir  o  alerta  de 
Raymond Aron no seu precioso livro O Ópio dos Intelectuais: 

"Toda  mudança  repentina  e  brutal  de  regime  arrasta  fortunas  e  falências 


igualmente  injustas,  acelera  a  circulação  dos  bens  e  das  elites  e  não  traz 
necessariamente  um  novo  conceito  de  propriedade.  Segundo  o  marxismo, 
a  supressão  da  propriedade  privada  dos  instrumentos  de  produção 
constituiria  fenômeno  essencial  da  revolução...  Não  se  pode  considerar 
inseparáveis  a  violência  e  os  valores  da  esquerda...  Um  poder 
revolucionário  é  por  definição  um  poder  tirânico.  Exerce-se  a  despeito  das 
leis,  exprime  a vontade de um grupo mais ou menos numeroso...". (Páginas 
69/70). 

A  nossa  elite  econômica  eleitora  de  Lula  e  -  por  que  não  dizer?  -  de  Serra, 
realmente  não  tem  noção  do  perigo  iminente  que  a  cerca.  Como  isso  se 
tornou  possível?  Foram  anos  de  lavagem  cerebral  nos  meios  de 
comunicação,  nas  escolas,  nos  debates  políticos,  nas  igrejas  (Boff  é  um 
dos  supremos  enganadores  da  juventude),  onde  e  quando  a esquerda teve 
a  liberdade  para  fazer  o  seu  discurso,  ou  seja,  em  todos  os  lugares.  Sua 
principal  ferramenta  é  a  mentira  sistemática,  a  ação  enganadora  de  caso 
pensado. Desse modo, entorpeceram as mentes e um grito de guerra como 
esse,  de  Boff,  na  grande  imprensa  carioca,  passa  como  se  fosse  uma 
mensagem  qualquer,  uma  anódina  notícia  matinal.  Ele  apenas  disse  que 
fará  a  revolução:  os  direitos  de  propriedade  deixarão  de  ser  reconhecidos, 
ainda  que  para  isso  os  métodos  utilizados  desde  sempre  pelos 
revolucionário,  da  guilhotina  ao  fuzilamento,  da  forca  à  câmara  de  gás, 
possam aqui ser empregados eventualmente. 

Ler  o  texto  gelou-me  a  alma.  Como  deixar  de  ter  medo  da  violência 
implícita em sua promessa? 

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