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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CARLOS ALBERTO REYES MALDONADO


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CÁCERES – JANE VANINI
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E LINGUAGEM
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

RAFAEL CEBALHO CAMBARA

O OLHAR INSTITUCIONAL E FAMILIAR SOBRE A ATUAÇÃO DE ACADÊMICOS


HOMENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Cáceres/MT
2019/2
RAFAEL CEBALHO CAMBARA

O OLHAR INSTITUCIONAL E FAMILIAR SOBRE A ATUAÇÃO DE ACADÊMICOS


HOMENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada para a conclusão do Curso


de Licenciatura em Pedagogia na Universidade do
Estado de Mato Grosso, Câmpus Universitário de
Cáceres.

Orientadora: Prof. Ms. Maria da Penha Fornanciari


Antunes

Cáceres/MT
2019/2
BANCA EXAMINADORA

--------------------------------------------------------------------
Profª Me. Maria da Penha Fornanciari Antunes (Orientadora)
Departamento de Pedagogia (Unemat)

---------------------------------------------------------------------
Profª Drª Graciela Constantino (Membro)
Departamento de Pedagogia (Unemat)

---------------------------------------------------------------------
Profª Drª Lígia Cappi Manzini (Membro)
Departamento de Pedagogia (Unemat)

Aprovado em ____/___/____ Nota _______


Dedico este trabalho a minha família que sempre me
apoiaram em meus estudos, principalmente meus pais
Gelesia Cebalho Medina e Benedito Cambara que
oportunizaram as condições para que eu estudasse;
independentemente das circunstâncias eles sempre
estiveram ao meu lado me incentivando a seguir em
frente e conquistar novos horizontes. Dedico também
aos meus companheiros de classe, que esteve
diariamente comigo na universidade, em especial as
minhas amigas (os) Daiany Takekawa, Adriele
Aparecida, Cátia Cilene, Pedrosa Surubi, Silmara
Simões, Jhony Barbosa, e Valteir Clara, pois juntos
partilhamos saberes, dúvidas, medos e por fim nossa
vitória na conclusão do curso.

Agradeço primeiramente a Deus por ter me abençoado


nessa jornada acadêmica e ter me dado forças para
continuar e nunca desistir, apesar de muitas vezes
pensar.
À Profª Me. Maria da Penha Fornanciari Antunes, que me
orientou de maneira espetacular, colaborou de maneira
muito significativa para a elaboração e termino deste
trabalho acadêmico;
Aos professores, membros da Banca, que me auxiliaram
dando apontamentos para a melhoria do meu trabalho.
A todos os professores do Curso de Pedagogia, que
contribuíram para a minha formação acadêmica,
partilhando os seus conhecimentos.
Muito obrigado!!
As famílias confundem escolarização com
educação.
É preciso lembrar que a escolarização é apenas
uma parte da educação.Educar é tarefa da família.
(Mario Sergio Cortela)

RESUMO

Este estudo monográfico tem como objetivo analisar os olhares das instituições e familiares
sobre a atuação de acadêmicos homens na educação infantil ocorrido durante o estágio
curricular supervisionado nessa modalidade. A pesquisa foi realizada através das percepções
de 7 acadêmicos homem do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. E para darmos inicio
falaremos sobre a representação social a partir da ótica de Moscovici e Jodelet, para dar
continuidade conceituaremos o que é gênero e como essas práticas sociais ocorrem nas
instituições escolares infantis, também mencionaremos a respeito das orientações dos
comportamentos considerados representativos do masculino e feminino, e em suma será
contextualizado a educação infantil e as leis como as RCNEI que pautam no cuidar, educar
pensados para o masculino e feminino e por fim analisaremos as impressões e percepções dos
acadêmicos. A metodologia da pesquisa tem abordagem qualitativa e descritiva, e a forma de
coleta de dados foi a partir do questionário contendo uma pergunta, que foi realizada com 7
acadêmicos homem do curso de Pedagogia. Questionário esse que trouxe muitos
esclarecimentos e contribuiu para minha pesquisa. Esta pesquisa contou com artigos e livros
de muitos autores como: Moscovici (1995, 2010), Jodelet (2001), Scott (1995), Grossi (2000),
Louro (1997), DCNEI (2010), LDBEN (1996), Sayão (2005), RCNEI (2001), Miskolci
(2005), Gil (1991, 2008) dentre outros.

Palavras chave: Acadêmicos homens, Educação Infantil, Instituição escolares e familiares


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................9
1 A CONSTRUÇÃO DA REPRESENTACÃO SOCIAL NOS SUJEITOS.......................10
1.1 Representação social na ótica de Moscovici e Jodelet..................................................10
1.2 Construção das concepções de gênero............................................................................11
1.3 Identidade...........................................................................................................................12
1.4 Gênero, educação e docência..............................................................................................13

2. PRÁTICAS SOCIAIS EM INSTITUIÇÕES INFANTIS: MASCULINIDADE E


FEMINILIDADE....................................................................................................................16
2.1 Educação infantil: educar, cuidar e brincar...................................................................16
2.2 Educar, cuidar e brincar pensados como masculino e feminino.........................................18

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA......................................19


3.1 Tipo de trabalho..................................................................................................................19
3.2 Técnicas e instrumentos utilizados.....................................................................................19
3.3 Sistematização e análise dos dados.....................................................................................20

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................26
REFERÊNCIAS......................................................................................................................27
APÊNDICES...........................................................................................................................29
APÊNDICE A..........................................................................................................................29
APÊNDICE B..........................................................................................................................31
10

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como temática o olhar institucional e familiar sobre a atuação
do de acadêmico homem na educação infantil. Nesse sentido, procuramos analisar a
percepção dos acadêmicos homens sobre suas atuações no estágio curricular supervisionado
na Educação Infantil.
A escolha do tema surgiu a partir do primeiro estágio supervisionado I na Educação
Infantil, pois percebi que quando um acadêmico homem faz a escolha para o curso de
Licenciatura Plena em Pedagogia, e se insere nas creches e pré-escola para estagiar, os olhares
dos profissionais da instituição e dos pais se voltam para eles.
Verifica-se, então, que isso ocorre devido a pouca representatividade do sujeito
homem nesse espaço, pois na visão da sociedade, a educação infantil é um espaço materno, ou
seja, somente de mulheres. Entretanto, os homens do século XXI vêm conquistando seus
espaços quebrando preconceitos que enfrentam nessa área da educação.
Em suma, se faz necessário desmistificar esses pensamentos, pois a educação infantil é
um espaço homogêneo onde tanto homem quanto a mulher podem estar atuando, pois não há
nenhuma lei que proíba a atuação do homem nesse espaço.
Este trabalho foi organizado em III capítulos, no primeiro capítulo apresentamos as
visões de Moscovici e Jodelet a respeito da construção e representatividade social dos
sujeitos, abordaremos também como se dá a construção das concepções de gênero,
definiremos o que é identidade e por fim será discutido gênero educação e docência.
No segundo capítulo falaremos sobre práticas sociais em instituições infantis
“Masculinidade e Feminidade”, Educação Infantil: educar, cuidar e brincar e os mesmos
pensados como masculino e feminino. No terceiro capítulo mencionaremos que a pesquisa
foi realizada na Universidade do Estado de Mato Grosso - Campus Cáceres no curso de
Licenciatura Plena em pedagogia, com 4 acadêmicos que durante a coleta estavam no quarto
semestre e três acadêmicos que estudavam no 6 sexto semestre do curso de Pedagogia, a
pergunta foi realizada através de um questionário com uma pergunta dissertativa
argumentativa.
Nas considerações finais verificamos que os professores homens são tão
capazes de atuar na E.I tanto quanto as mulheres, e que eles estão ganhando os espaços nessa
modalidade, e que também nenhuma lei barra o acesso do homem nessa área da educação.
11

1 A CONSTRUÇÃO DA REPRESENTACÃO SOCIAL NOS SUJEITOS

A pesquisa que deu origem a este trabalho monográfico foi desenvolvida com sujeitos
(acadêmicos) que conviveram durante certo tempo em instituições de Educação Infantil.
Nesse ambiente foram observados a partir da representação social que os sujeitos que fazem
parte da comunidade escolar possuem a respeito do professor ideal para atuar na educação
infantil.
Trataremos aqui da definição de representação social nas concepções de Moscovici e
Jodelet, para facilitar a compreensão e a abordagem do conceito de gênero, identidade e as
relações com a educação.
Nesse sentido, nos pautaremos na ótica de Moscovici (1995, 2010) e Jodelet (2001),
para abordar o que seria representação social, em seguida conceituaremos gênero e como se
constroem as práticas sociais em no âmbito escolar das instituições infantis e as orientações
para os comportamentos considerados representativos da “masculinidade e feminilidade”, e,
por fim, será contextualizada a educação infantil considerando os eixos definidos no RCNEI,
ou seja: o educar, cuidar e brincar e os mesmos pensados para o masculino e feminino.

1.1 Representação social na ótica de Moscovici e Jodelet

Conforme os autores estudados, a representação social é um conjunto de explicações,


crenças e idéias que são compartilhadas e aceitas coletivamente numa determinada sociedade,
isto é, o produto das interações sociais. Resumidamente, uma representação social é um saber
de um grupo, aparecendo frequentemente associada ao conhecimento do senso comum.
Para Moscovici (1995) a representação social ou coletiva é um fenômeno psicossocial
que teve seu surgimento na Sociologia clássica e na Antropologia, cuja teoria se desenvolveu
especialmente nas obras de Durkheim e Lévy-Bruhl. Porém, a Psicologia Social contribui
nesta formação, possibilitando o novo olhar sobre os indivíduos e sobre suas interações
sociais.
Para Moscovici (2010), a finalidade de todas as representações é tornar familiar algo
não familiar, e isso significa que o indivíduo precisa conhecer o objeto ou sujeito para
representar. Por isso, o referido autor afirma que são dois os processos que geram as
representações sociais: Ancoragem e Objetivação. Ancorar significa “classificar e dar nome a
alguma coisa. Coisas que não são classificadas e que não possuem nome são estranhas, não
existentes e ao mesmo tempo ameaçadoras” (MOSCOVICI, 2010 p. 183).
12

Deste modo, a Ancoragem segundo Moscovici (2010), tem o papel de categorizar e


tornar comum aos sujeitos algo que lhe parece estranho. Assim, Jodelet (2001) define que
ancoragem “é um trabalho que corresponde a uma função cognitiva essencial da
representação e capaz também de se referir a todo elemento estranho ou desconhecido no
ambiente social ou ideal” (JODELET, 2001, 183).
Desta forma, os dois mecanismos: Ancoragem e Objetivação, que geram as
representações sociais “transformam o não familiar em familiar, transferindo-o à própria
esfera particular, onde os sujeitos são capazes de compará-lo e interpretá-lo; e depois,
reproduzindo-o entre as coisas que pode ver e tocar, e até mesmo controlar” (MOSCOVICI,
2010, p. 183).
Portanto, a partir das concepções de Moscovici, Jodelet busca formalizar um conceito
para a teoria das representações sociais, define como uma “forma de conhecimento,
socialmente elaborada e partilhada, com objetivo prático, e que contribui para a construção de
uma realidade comum a um conjunto social” (JODELET, 2001, p.183). Enfim, a
representação social se diferencia do conhecimento científico tradicional, porque valoriza o
senso comum. Mas, nem por isso, diminui sua importância.

1.2 Construção das concepções de gênero

O conceito de gênero surgiu em momentos históricos em que fez-se necessário a


diferenciação entre as condições biológicas que definem o sexo e a condição social e
emocional que envolve a forma como cada um se sente e se comporta dentro do contexto das
relações humanas. Desse modo, é preciso entender como são produzidas, as diferenças nas
relações entre homens e mulheres.
Ademais, para relatar um pouco mais a questão da relação de gênero, é indispensável
falarmos sobre “o sexo”, ou, isto é, o sexo masculino e feminino que biologicamente antes
mesmo de nascermos é descoberto. No entanto, sabe-se que a questão de relação de gênero é
colocada em pauta pela produção sociocultural, que a partir da ciência definem a existência de
dois “sexos”, Masculino e feminino.
Ao conceituar gênero procura-se abarcar questões históricas e contemporâneas no que
se refere às relações desiguais entre os homens e as mulheres. O termo vem do movimento
feminista, que segundo Scott (1995), gênero é uma categoria de análise sociológica e histórica
que permite compreender as relações sociais que estabelecem saberes para a diferença sexual,
13

isto é, saberes que dão significados às diferenças corporais e que implicam numa organização
social a partir delas. Estes saberes não são absolutos, mas sim relativos para cada cultura.
Além disso, Scott (1995, p. 86) ressalta que “[...] o gênero é um elemento constitutivo
de relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é um
primeiro modo de dar significado às relações de poder”. Na visão da referida autora, a
sociedade é que estabelece essa diferenciação de gênero, e a partir daí são colocadas em
prática a diferenciação sexual do gênero feminino e masculino. O gênero também garantiu as
relações de poderes, que durante séculos submeteu as mulheres aos seus esposos, pois seus
deveres seriam basicamente o cuidar e o educar seus filhos, enquanto aos esposos competia
trabalhar para sustentar a família.
Outrossim, vale ressaltar que a categoria de gênero foi desenvolvida nas teorias do
feminismo contemporâneo com o propósito de entender e explicar, dentro dos parâmetros
científicos, como eles surgem as desigualdades entre homens e mulheres, como operam na
realidade e de que maneira elas se refletem no conjunto de relações sociais.
Segundo Grossi (2000), o conceito de gênero, inicialmente utilizado por pesquisadoras
norte-americanas, tem relação com as identidades subjetivas de homens e mulheres. Tal
conceito surgiu no século XIX e afirma que a biologia determina a essência feminina e
masculina, de forma que os comportamentos podem ser explicados pela genética ou pelo
funcionamento fisiológico. (VIEZZER, 1989, p. 107), ao falar sobre gênero, destaca:

[...] o vocábulo gênero foi empregado de forma tradicional como sinônimo da


indicação de sexo, ou seja, o fator biológico da distinção entre machos e fêmeas, foi
utilizado para se referir às diferenças impostas socialmente entre os traços
característicos e papéis masculinos e femininos.

Ela salienta que o termo sexo é fisiológico, enquanto gênero, no seu sentido amplo, é
cultural.
No entender de Louro (1997), é preciso considerar as construções sociais e culturais de
masculino e feminino, e pensar no atravessamento das instituições pelos gêneros. A autora
salienta, contudo que, na escola, as questões relacionadas ao gênero resumem-se,
costumeiramente, em reforçar modos de ser menino ou menina segundo estereótipos.
Portanto, a categoria gênero pode ser usada com o objetivo de distinguir e descrever
problemas (desigualdades, opressão, discriminação) e explicar as condições em aqueles que
surgem e os mecanismos que os produzem, perpetuam e legitimam.

1.3 Identidade
14

A identidade é considerada como um produto social resultante da interação entre o


indivíduo e o mundo. Inclui outras dimensões como papeis sociais, sendo portanto, composta
por diversos elementos, não sendo possível uma definição exata e única. De acordo com os
autores estudados, cada indivíduo possui diversas identidades, cujas transformações ocorrem
durante toda sua vida atendendo às necessidades de cada momento. Pode-se dizer que
identidade caracteriza-se como uma espécie de papel que assumimos em diferentes situações,
ou seja, a identidade de filho, pai, trabalhador, etc.
A construção da identidade é um processo que ocorre influenciado pelo meio social,
logo é definido pela cultura e também pelo grupo social em que se convive.
Silva (2009) argumenta que:
A identidade não é uma essência, não é um dado ou um fato, seja da natureza, seja
da cultura. A identidade não é fixa, estável, coerente, unificada permanente. A
identidade tampouco é homogênea, definitiva, acabada, idêntica, transcendente. Por
outro lado, podemos dizer que a identidade é uma construção, um feito, um processo
de produção, uma relação, um ato performativo. A identidade é instável,
contraditória, fragmentada, inconsistente (p.97).

Desse modo, podemos perceber então, que a construção da identidade acontece a partir
de vários aspectos. Não se tem um conceito pré-definido do que seria a identidade, uma vez
que ela ocorre de acordo com o meio em que vivemos, isto é, a identidade não é uma entidade
incorporada do ser humano, ela é desenvolvida através das interações sociais, por isso é
mutável.

1.4 Gênero, educação e docência

Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010) “o


atendimento em creches e pré-escolas como direito social das crianças se afirma na
Constituição de 1998, com o reconhecimento da Educação Infantil como dever do Estado”.
(DCNEI, 2010). Considerada a primeira etapa da educação básica, tem por finalidade o
desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e
social, complementando a ação da família e comunidade.
Outrossim, uma educação de qualidade para crianças nessa faixa etária, conforme o
Referencial Curricular (1998), pressupõe atividades que possam desenvolver a capacidade
cognitiva, criativa, expressiva, estética, interativa e emocional.
Ademais, a Lei 9.394/96 em seu Art. 14, afirma que, o profissional para atuar na
Educação Infantil deve ser formado em curso superior de Licenciatura em Pedagogia, não
havendo, indicação do sexo para o exercício das atividades nesse nível de escolaridade, logo,
15

tanto o profissional feminino quanto o masculino, estará apto a trabalhar com crianças de zero
a seis anos, não havendo distinção de gênero.
É notório que há poucos professores homens lecionando na educação infantil. Quando
um homem é inserido nesse contexto escolar causa estranheza aos pais, professoras e na
gestão escolar, pois a sociedade em si não é acostumada com a figura masculina em creches e
pré-escolas, no papel de professor. Na visão da sociedade os homens não sabem lidar com o
ato de cuidar, brincar e também educar, visto que, a mulher desde pequena é preparada para
esta função segundo a cultura tradicional.
Corroborando essa abordagem a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no
Art. 62 ressalta
que a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior,
em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício
do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino
fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (LEI 9.394/96,
ART. 62).

Dessa forma, percebe-se que de acordo com as leis que amparam a Educação Infantil
(EI) não há relato algum que defende que somente as docentes mulheres estão aptas a lecionar
na EI, nessas leis não há distinção de gênero, ou seja, tanto o docente homem quanto a
docente mulher estão aptos a lecionarem na EI, desde que eles tenham formação de nível
superior em curso de Licenciatura Plena em Pedagogia como formação mínima para exercer a
profissão.
É possível notar que em pleno século XXI, a inserção de docentes homens atuando na
Educação Infantil pode ser vista de diferentes perspectivas, pois no âmbito escolar o homem
tem sua sexualidade colocada como duvidosa por ter escolhido tal profissão. Contudo, se a
criança não tem contato com a figura masculina e a escola propicia isso, é bom, pois ela
estabelece laços mais estreitos com um professor do gênero masculino, relacionando este à
figura paterna, o que vai auxiliar o seu desenvolvimento emocional.
Há que se levar em conta que a sociedade, de forma geral, considera estranha a
presença de um profissional do gênero masculino atuando com crianças pequenas, como
menciona Sayão (2005):
São evidentes os preconceitos e estigmas originários de idéias que vêem a profissão
como eminentemente feminina porque lida diretamente com os cuidados corporais
de meninos e meninas. [...] os cuidados com o corpo foram atributos das mulheres, a
proximidade entre um homem lidando com o corpo de meninos e/ou meninas de
pouca idade provoca conflitos, dúvidas e questionamentos, estigmas e preconceitos.
(p. 16)
16

Alem do mais quando pensamos em creches e pré-escolas na modernidade, logo


imaginamos um espaço no qual a maioria dos profissionais atuantes são mulheres, e é
considerada, tradicionalmente, como instituição maternal.
De acordo com Louro (1997), as diferentes instituições e práticas sociais são
constituídos pelos gêneros e também são constituídos pelos homens. Sabe-se que desta forma,
tais instituições e práticas são produzidas por representações de gênero assim como as
representações éticas, sexuais, de classe e, sendo assim, podem ser inferidas que essas
instituições têm gênero, classe e raça.
Portanto, pergunta-se então, o que seria o gênero da escola? É imediatamente pensado
que a escola é feminina porque é um lugar de ação das mulheres que organizam e ocupam
esse espaço, elas são as professores, que dominam os discursos pedagógicos e entendem que
as relações e as práticas escolares devem estar interligadas com as relações familiares em
relação ao carinho, confiança e conquista do envolvimento dos alunos no processo de
treinamento Essas relações devem ser abordadas com as ações das mulheres no domiciliar,
como educadores de lactentes e adolescentes.
Enfim, o espaço da educação infantil, segundo os olhares da sociedade é visto como
um lugar maternal, onde as crianças receberam cuidado, amor, carinho, paciência dentre
outras coisas que a mulher teram mais facilidade para colocar em prática, pois ela já é
preparada desde peqquenina para cuidar dos afazeres de casa e também dos filhos segundo a
optica tradicional. Portanto, é necessário desmitificar essas concepções ultrapassadas.
Em suma, os homens tambem são capazes de lidar com as crianças, e promover os
mesmos cuidados que uma docente mulher. O que ocorre é que o próprio professor já sente o
temor de enfrentar a insegurança e o medo dos profissionais do âmbito escolar, bem como dos
pais em deixar seus filhos com os professores homens. Esse paradigma só será descontruído,
ou pelo menos minimizado, quando houver confiança de todas as partes.
17

2. PRÁTICAS SOCIAIS EM INSTITUIÇÕES INFANTIS: MASCULINIDADE E


FEMINILIDADE

A questão do ser masculino e feminino, ou seja, a questão de gênero se repercutiu


muito no contexto familiar, onde pais reprimem seus filhos na maneira deles brincar dizendo
muitas das vezes que menino brinca somente de carrinho e menina brinca de boneca e a partir
do momento que as crianças iniciam o ciclo escolar representam o que seus pais ensinaram.
Na perspectiva de Louro (2012, p. 65), “a escola delimita espaços. Servindo-se de
símbolos e códigos, ela afirma o que cada um pode (ou não pode) fazer, ela separa e institui.
Informa o lugar dos pequenos e dos grandes, dos meninos e das meninas”.
Louro (2012, p. 67), ao tratar da construção escolar das diferenças, afirma que a escola
se constitui como um espaço produtor de diferenças e que, através de diversos investimentos e
estratégias, ela atua na produção de determinados sujeitos, sexualidades e identidades
hegemônicas. Com isso, a educação, e em especial, a educação escolar, tem se tornado o lugar
de produção de "corpos educados”.
Miskolci (2005) ressalta que a escola é um dos locais privilegiados para que meninos
aprendam a ser masculinos e meninas aprendam a ser femininas. Quase que de forma
reiterada, em muitos espaços da sociedade, na família e na escola padrões e comportamentos
que recaem sobre a masculinidade e a feminilidade são apresentados como sendo “naturais”.
Contudo, segundo Miskolci (2005), se a masculinidade e a feminilidade fossem “dados” pela
natureza, a escola não estaria, a todo tempo, investindo na produção de meninos e meninas,
portanto de masculinidades e feminilidades. Nisso, segundo Miskolci (2005, p. 14) "a prova
de que os gêneros masculino e feminino são construções sociais está na própria escola, que já
chegou a separar meninos e meninas em salas distintas, contribuindo para fabricar sujeitos
diferentes”.
Em suma, precisa-se desmistificar essa idéia que envolve questão de gênero no âmbito
escolar e familiar, pois as crianças precisam si interar com seus coleguinhas de classe
desmitificando essa ofensa que é tratado pelos seus pais e a escola.

2.1 Educação infantil: educar, cuidar e brincar

Com base no que as Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil (Resolução


CNE/CEB Nº 1, de 07/04/1999), regulamentam “o educar e o cuidar devem caminhar juntos,
considerando de forma democrática as diferenças individuais e, ao mesmo tempo, a natureza
complexa da criança”. Nesse sentido, o RCNEI (2001) orienta que o ato de educar significa
18

propiciar situações de cuidados e brincadeiras organizadas em função das características


infantis, de forma a favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem, isto é através do brincar a
criança criar novas possibilidades cria recriar, relaciona o imaginário com o real.
Além disso, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI,
indica que as ações referentes à educação e ao cuidado devem ser concebidas de forma
integrada:
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com
os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas
crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. [...]
Contemplar o cuidado na esfera da instituição da educação infantil significa
compreendê-lo como parte integrante da educação, embora possa exigir
conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica
(RCENEI, 1998, p. 24).

Compreender a relevância do educar, cuidar e brincar implica em promover uma ação


pedagógica respaldada em uma visão integrada acerca do desenvolvimento infantil,
respeitando as peculiaridades de cada criança e oportunizando situações de aprendizagem
significativas e prazerosas. Assim, é preciso refletir como educar, cuidar e brincar, na
Educação Infantil, pode auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e
conhecimento da criança em relação a si e ao mundo.
Para compreender a criança e criar condições para o seu desenvolvimento, reitera-se o
respeito às singularidades infantis, que implica na garantia e estímulo ao lúdico na vida
escolar. É através da linguagem do brincar que as crianças são motivadas a pensar de maneira
autônoma, desenvolvendo a confiança nas próprias capacidades e expressando-se com a
autenticidade que lhe é inerente. “A brincadeira favorece a autoestima das crianças,
auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa” (RCNEI, 2001,
p.27).
Brincando, as crianças reinventam e criam coisas, e a partir de seus conhecimentos
sobre o mundo adulto, no qual estão sendo socializados. Através do mundo de faz de conta,
partem para uma aventura em que exploram seus limites e liberam seus sentimentos.
Em síntese, brincar, cuidar e o educar é essencial na educação infantil, pois através
desse tripé as crianças conheçam a desenvolvendo em todos os aspectos da sua vida, seja ele
social cognitivo dentre outros, tornando um adulto mais autônomo.
19

2.2 Educar, cuidar e brincar pensados como masculino e feminino

Observa-se que desde suas brincadeiras, meninos e meninas vão incorporando formas
aceitáveis e indicadas socialmente de ser homem e mulher. Estas e outras compreensões
expressas no cotidiano das crianças são o reflexo de exemplos vividos por elas no convívio
com os adultos. Sendo assim, observa-se que as crianças, influenciados pelos adultos, já
nascem sabendo com quais brinquedos irão brincar, e quais brincadeiras são destinadas ao seu
tipo de gênero. No contexto histórico, é muito comum ver pais reprimindo a vontade de seus
filhos, pois são os adultos que moldam as crianças em criar expectativas de como serão no
futuro e esperam que as meninas sejam de um jeito e os meninos de outro.
Sayão (2002) destaca que, geralmente as meninas agrupam-se entre si e escolhem
brincadeiras relacionadas ao que denominamos tradicionalmente universo feminino: brincam
de bonecas, de casinha, de cabeleireiro. Enquanto isso, os meninos fazem uso de jogos como
memória, “lego” ou de construção e similares. Em alguns casos, meninos e meninas
interagem, porém, na maioria das vezes, fazem opções por atividades com crianças do mesmo
sexo.
As desde pequeninas as crianças, ou seja, meninos e meninas vão descobrindo coisas
novas, explorando novos horizontes e a criando possibilidades de brincar. Isso faz parte do
desenvolvimento natural de cada criança.
Portanto, a separação de brinquedos e brincadeiras classificados como de menina ou
de menino é consequência da construção cultural/social que está baseada nas atitudes e
costumes que passam de geração a geração. Contudo, cabe a escola juntamente com a família
desmistificar esses comportamentos preconceituosos que é passado para as crianças, pois a
crianças não classificam os brinquedos e brincadeiras, elas brincam com o objeto que mais
chamam sua atenção, sem ter noção dessa separação posta pelos pais.
20

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Durante o estágio curricular supervisionado na educação infantil, percebi que os


acadêmicos homens não eram bem vistos nessa fase da educação, pois vivenciei pessoalmente
essa realidade. Pude perceber nos pais e na comunidade escolar o receio ao ver um homem
lecionando nessa fase. Assim, a partir dessa experiencia elaborei o problema da minha
investigação o qual apresento neste trabalho.

3.1 Tipo de trabalho

O estudo que apresento, de acordo com os objetivos, se classifica como uma


investigação qualitativa e descritiva. Para Gil (1991), essa investigação tem como intuito
buscar informações sobre atitude, pontos de vista, preferências, que as pessoas têm sobre um
determinado assunto e fundamentam-se na apreensão dos significados atribuídos às suas
ações. Ainda segundo Gil (2008) a pesquisa descritiva “descreve as características de
determinadas populações ou fenômenos”. Tendo como uma de suas especificidades a
utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a
observação sistemática.
Conforme Ludke e André (1986), na investigação qualitativa, “a interpretação é o foco
e o pesquisador é a chave primordial do processo interpretativo, cabendo-lhe evidenciar qual é
o significado do fenômeno para aqueles que o vivem”.
A pesquisa foi realizada no curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade
do Estado de Mato Grosso do Campus Universitário de Cáceres.
Os sujeitos da pesquisa foram 7 (sete) acadêmicos homens do Curso de Licenciatura
Plena em Pedagogia, os quais responderam ao questionário com uma pergunta, onde cada
sujeito tinha que responder de forma manuscrita a respeito de como perceberam que a escola e
os pais os receberam durante o estágio supervisionado na educação infantil. Dos 7
participantes da pesquisa 4 (quatro) estavam no quarto semestre do curso de Pedagogia, e 3
(três) cursavam o sexto semestre. Ou seja, todos já tinham passado pela experiencia do
Estagio Supervisionado na educação infantil. Na análise dos resultados da pesquisa os sujeitos
foram identificados com letras e números, A1, A2, significando Acadêmico 1, 2, e assim
sucessivamente, para manter a privacidade dos participantes.

3.2 Técnicas e instrumentos utilizados


21

Utilizei um questionário com apenas uma pergunta para os acadêmicos homens


responderem a respeito do estágio curricular supervisionado na Educação Infantil, visto que,
entreguei a pergunta impressa para 7 acadêmicos homens responderem de forma dissertativa.
Segundo Gil (1999, p.128), pode ser definido “como a técnica de investigação
composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às
pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses,
expectativas, situações vivenciadas etc.”.
Assim, nas questões de cunho empírico, é o questionário uma técnica que servirá para
coletar as informações da realidade, tanto do empreendimento quanto do mercado que o cerca,
e que serão relevantes na construção do TCC.
Pergunta; “O que você percebeu durante o estágio supervisionado em relação aos
profissionais da escola e aos pais quando se depararam com um estagiário homem atuando na
educação infantil?”
Os acadêmicos homens do quarto e sexto semestres foram convidados e aceitaram
participar da pesquisa respondendo à pergunta proposta.

3.3 Sistematização e análise dos dados

A pergunta respondida pelos acadêmicos homens do curso de Licenciatura Plena em


Pedagogia foi organizada em tabelas nas quais apresentamos primeiro a percepção que
tiveram a respeito da visão dos profissionais do espaço escolar quando se depararam com um
acadêmico do sexo masculino na Educação Infantil, e, em segundo, a percepção a respeito do
olhar dos pais ao verem um homem lecionando na E.I. Vale ressaltar que essa pergunta foi
respondida por 7 acadêmicos. As respostas tiveram partes suprimidas na transcrição, pois
nossa intenção foi mostrar a fala que enfoca o olhar do contexto escolar e dos pais, diante do
sujeito homem na E.I. Adiante, portanto, apresentamos a sistematização e análise das
respostas dos acadêmicos.

O que você percebeu durante o estágio supervisionado em relação aos profissionais da escola
e aos pais quando se depararam com um acadêmico homem atuando na educação infantil?

Acadêmico Escola Pais


A gestão e os profissionais da Pude observar espanto, porém não
instituição [...] Me receberam muito houve nenhum atrito ou má atitude
A.1 bem [...] Me proporcionaram total [...] Acabou se tornando uma relação
liberdade para designar minhas boa com troca de informações e muito
atividades. afeto.
22

Pudemos observar na resposta obtida no que tange aos profissionais da escola que a
gestão institucional não se estranhou a presença de um acadêmico homem atuando na E.I. A
escola recebeu muito bem o acadêmico e deu o total apoio a ele no desenvolvimento das
atividades propostas nos planos de aulas do estagiário. Segundo a fala do entrevistado, a
escola foi bem receptiva e lhe deu total liberdade
Em relação, aos pais o acadêmico 1, relata que num primeiro momento houve um
certo espanto, quando se depararam com um sujeito do sexo masculino na E.I. Ademais, o
acadêmico aborda que não houve nenhuma manifestação desabonando a sua competência. Por
fim, a relação do acadêmico e dos pais se tornou boa no decorrer dos dias, gerando confiança
e simpatia dos pais pelo estagiário masculino.
Nessa perspectiva
a LBD (BRASIL, 1996), lei que rege a educação no país, assim como o RCNEI
(BRASIL, 1998), documento base para a atuação na Educação Infantil, pode-se
perceber que em nenhum momento, nem na descrição do perfil profissional do/a
professor/a, é demonstrada alguma preferência de que o profissional da Educação
Infantil seja do sexo feminino ou masculino. (HENTGES, 2015, p. 17).

Constata-se então que a Lei 9394/96, a LBD bem como o RCNEI não determinam em
momento algum que somente o sexo feminino pode trabalhar com as crianças na educação
infantil, mas sim profissionais formados para essa função.

Acadêmico Escola Pais


Em relação aos profissionais da Pude ver expressivamente o espanto
escola, não tiveram nenhum [...], principalmente quando a criança é
A.2 estranhamento em me verem como do sexo feminino [...] Agi naturalmente
estagiário homem. comecei a me socializar com os pais,
para quebrar essa barreira de incerteza.

O acadêmico 2, menciona que a escola o recebeu com naturalidade e os profissionais


da instituição não tiveram nenhum comportamento que demonstrasse desconforto ao verem
um estagiário homem na prática na E.I. Ou seja, a escola recebeu o acadêmico naturalmente.
Quanto aos pais, o acadêmico 2 percebeu que eles não ficaram satisfeitos quando se
depararam com um estagiário homem em sala aula com seus filhos (as). O acadêmico relatou
que também percebeu a aflição dos pais ao vê-lo, principalmente dos pais que tinham filhas
do sexo feminino, pois como reforça Sayão
Cuidar do corpo de crianças pequenas faz parte da necessidade que todas elas têm de
serem atendidas em suas singularidades, independentemente de classe social,
gênero, etnia ou credo religioso, porque isso se constitui em um elemento cultural
que está na base da formação humana (SAYÃO, 2005, p, 45).
23

Contudo, apesar desses ocorridos, ou seja, a não receptividade natural por parte dos
pais, o acadêmico agiu naturalmente e com o intuito de quebrar as barreiras de inseguranças
que os pais demonstravam começou a dialogar e foi ganhando a confiança no decorrer dos
dias, procurando demonstrar que o homem também está recebendo essa formação e que é
responsável como profissional em qualquer fase da educação das crianças.

Acadêmico Escola Pais


Um certo estranhamento [...] As Nos primeiros dias olhares
A.3 instituições escolares tem na desconfiados, que traduziam todo o
figura feminina o símbolo receio [...] Com os passar dos dias
representativo de professoras. tornaram-se sorrisos e cumprimentos.

O acadêmico 3, percebeu que a instituição estranhou a presença de um estagiário


homem no ambiente escolar ainda mais na Educação Infantil. O acadêmico relata que para as
comunidades escolares no que concerne a E.I a representatividade maior é da figura feminina
atuando nessa área da educação, ou seja, o símbolo representativo feminino é predominante
como o adequado e responsável pela E.I. Contudo, não há nenhuma lei que impeça um
professor do sexo masculino de trabalhar nessa etapa da educação.
Portanto, as instituições escolares e os pais vêem a figura feminina como mais apta
para lecionar com as crianças nessa faixa etária, ou seja, na creche e pré-escola. Contudo, a
LDB - Lei 9.394/96, no Art. 14 desmistifica essa concepção estabelecendo que tanto o homem
quando a mulher são sujeitos aptos para atuarem nesses espaços da educação, e, para que isso
ocorra ambos deverão possuir o nível superior nessa área.
O acadêmico 3, diz ainda que a reação dos pais nos primeiros dias aparentavam muita
desconfiança e receio ao depararem com ele em sala. Contudo, ao passar os dias a relação do
acadêmico com os pais se tornou amigável, e foram estabelecidas relações de confiança,
carinho e respeito.

Acadêmico Escola Pais


Profissionais ficaram Muitos demonstraram resistência em deixar as
A.4 assustados com minha crianças com um professor homem, ouve
presença. algumas reclamações sobre meu método de
ensinar [...] Mas, no final tudo ocorreu bem.

O acadêmico 4, comentou que os profissionais da escola em primeiro momento


ficaram assustados em observarem a presença dele como estagiário da E.I. no espaço escolar.
Já em relação aos pais, o acadêmico salientou que houve muita resistência em deixarem as
24

crianças com um professor homem, houve também reclamações no que tange aos métodos de
ensino do acadêmico. Mas, por fim o estagio ocorreu bem.
Nesse sentido, Manzini e Tiellet (2014),

para la comunidad escolar, la presencia de lombres en las guarderias aún es un


asunto polémico. De un lado, están quienes entienden que la docencia es una
profesión para lombres y mujeres y lo más importante es el respeto hacia la dignidad
de la infancia; mientras que de otro lado, se ubican quienes se oponen a la presencia
del género masculino, argumentando que la profesión docente em las guarderias es
un domínio femenino. Idea que se deriva de la estrecha relación entre la profesión,
las actividades de cuidado y la maternidad. (MANZINI E TIELLET, 2014, p.82).

Conforme afirmação das autoras e o que foi vivenciado na prática pelos acadêmicos
homens, a presença do homem na Educação Infantil causa muita polêmica e insegurança por
parte dos pais, visto que, essa fase da educação é voltada mais para o “cuidar”, ou seja, algo
que a sociedade em si defende que as mulheres estão mais preparadas. No entanto, as autoras
argumentam que o ato de ensinar é uma profissão na qual tanto o homem quanto as mulheres
podem atuar, incluindo a educação infantil, desde que para tal, recebam a formação adequada
e definida pela legislação da educação.

Acadêmico Escola Pais


Uma surpresa [...] com um pedagogo Em primeiro momento acharam
homem [...] A professora titular ficou estranho, pois, não é algo comum
A.5 com um pouco de receio, não deixou eu [...] Mas, fui bem aceito.
dar banho nas crianças, um certo
preconceito que percebi.

O acadêmico 5, relata a surpresa dos professores ao receberem um pedagogo homem


na instituição escolar, ele também sentiu o receio da professora titular da sala a qual
demonstrou claramente o preconceito quando não deixou que ele desse banho nas crianças.,
diante desse ocorrido, o acadêmico percebeu o preconceito posto a tona em relação a sua
pessoa, ou seja, ao homem como educador infantil. Com relação aos pais esses ficaram
surpresos, talvez essa tenha sido a primeira vez que eles tenham visto um homem na E.I.
porém não o maltrataram ou discriminaram diretamente. Podem tê-lo feito em conversas
particulares com a diretora ou professora, mas ele não ouviu esses diálogos.
Sobre a dificuldade de aceitação do homem na E.I. Sayão (2005) argumenta que,

. Essa visão reducionista de cuidado não pode mais ser concebida [...]. (p. 154) [...]
uma das grandes dificuldades na compreensão do cuidado na Educação Infantil é a
sua vinculação restrita ao corpo, não levando em consideração as intenções, os
sentimentos e os significados que estão amplamente correlacionados com o cuidar
25

É compreensível que se tenha receio à presença do homem na E.I., pois os pais assim
como a escola temem que esse homem toquem o corpo das crianças que ainda não entendem
o que estão fazendo com ela, apenas que estão cuidando dela. A violência contra a criança é
praticada na maioria dos casos por homens, o que não exime a mulher de também pratica-la.
Os pedagogos profissionais precisam com sua atuação seria, cuidadosa e responsável,
aos poucos fazer com que esse temor diminua uma vez que será cada vez mais comum os
homens na E.I. assim como em outras turmas, considerando que o direito a profissão também
é estendido ao sexo masculino.

Acadêmico Escola Pais


Não se surpreenderam com Pais e familiares das crianças, principalmente das
A.6 minha presença. meninas não me viram em primeiro momento
com bons olhos [...] Desconfiança era nítida [...]
Aos poucos ganhei a confiança das crianças e
consequentemente a dos pais e familiares.

O acadêmico 6, relatou que a escola não se surpreendeu com sua presença no ambiente
escolar, ele foi bem aceito pela instituição não havendo nenhum desentendimento.
Os pais, principalmente das meninas não viram o acadêmico com tranquilidade,
devido a ele ser do sexo masculino, a desconfiança estava explicita em seus olhares.
Nessa perspectiva ainda existe uma resistência dos pais, que de certo modo tem
pensamentos ultrapassados, ou seja, preconceituosos em relação à atuação do acadêmico
homem na E.I.
De acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º,

os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são
as interações e a brincadeira, experiências nas quais as crianças podem construir e
apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e
com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização.
(DCNEI, 2010).

Entretanto, ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os


adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das
frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções. Portanto, tanto o professor
homem quanto a mulher podem promover essas interações ambos estarão preparados desde
que tenham concluído o ensino superior em Pedagogia.
Em suma, o acadêmico conseguiu ganhar a confiança tanto dos pais quanto das
crianças e principalmente dos profissionais da escola.
26

Acadêmico Escola Pais


Não houve nenhuma reclamação [...] Não houve nenhuma reclamação
A.7 quanto aos profissionais da escola [...] [...] Quanto aos pais.
Em algumas escolas nos deparamos com
situações constrangedoras.

O acadêmico 7, respondeu que não houve nenhuma reclamação dos profissionais da


escola em relação a sua presença na instituição escolar, ele abordou que em algumas escolas
acontecem situações constrangedores com o acadêmico homem. Porem, com ele foi bem
tranquilo. Quanto aos pais não houve nenhuma má postura, ao verem ele trabalhando com
seus filhos.
Notou-se, nas respostas do acadêmico 7, que tanto a escola quanto os pais deram o
total liberdade para ele lecionar não houve nenhum tipo de constrangimento com o acadêmico
nem por parte dos pais nem pela instituição escolar. Percebemos então o envolvimento, ou
seja, a inclusão, a aceitação desse acadêmico nesse espaço quebrando os paradigmas postos
pela sociedade.
Com isso, Sayão (2005) defende que quanto maior o envolvimento de homens na
Educação Infantil, mais aumentará a opção de carreira para eles, contribuindo para que se
desfaça a imagem de que esta etapa da educação básica é um trabalho apenas para mulheres
alterando, dessa maneira, a imagem da profissão e quem sabe melhorando, significativamente
os salários e o status da carreira.
A partir do advento da lei 9.394/96, a qual assegurou esse direito a todos, bem como
da oportunidade de trabalho que o pedagogo sempre terá enquanto houver crianças, os
homens também acabaram descobrindo que querem ser professores de crianças e se motivam
cada vez mais ao conhecer esse universo de atividades encantadoras que envolve o educar, o
brincar e o cuidar dos pequenos.
27

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa tive a oportunidade de ver impressões assim como a minha quando
atuei na E.I durante o estágio curricular supervisionado, pois logo de cara quando um
estagiário do sexo masculino adentra nas instituições escolares eles percebem olhares
estranhos por parte da escola e família.
Nesse sentido, podemos perceber através das respostas dada pelos acadêmicos ao
responderem o questionário que eles se sentirão na pele o pré-conceito explícitos nos olhares
dos pais e também um pouco de espanto por meio do âmbito escolar ao se depararem com
eles ministrando aula para seus filhos, principalmente os pais que tinham filha do sexo
feminino.
A partir dessa pesquisa podemos perceber que o acadêmico homem causa muita
estranheza quando se insere na educação infantil, por conta dos pensamentos dos pais
ultrapassado e preconceituoso que vêem que somente as mulheres podem e devem assumir
esse cargo que na educação infantil é mais voltado para o cuidar, educar e brincar.
Outrossim, através desta pesquisa nota-se que em nenhuma das leis que ampara a
Educação Infantil, define que somente o gênero feminino é o profissional ideal para trabalhar
com essa faixa etária, a LDBEM assim com a RCNEI e dentre outras menciona que o
profissional apto para atuar nessa modalidade deve ter o ensino superior completo no curso de
Licenciatura Plena em Pedagogia. Entretanto, o professor do sexo masculino tendo ele
concluído o ensino superior pode ministrar aulas na E.I sem nenhum problema.
Verifica-se também que as crianças se encantam ao verem um sujeito do sexo
masculino muitas vezes elas vêem na figura desse professor o pai ou a tio, no entanto, é de
grande relevância o homem estar cada vez mais adentro desse espaço onde a
representatividade feminina predomina, pois somente dessa maneira conseguiremos
desmistificar os pensamentos torto e tradicionais que permeia a sociedade.
Enfim, no que tange ao professor homem muita coisa em relação a sua presença em
sala de aula da educação infantil já mudou, hoje o preconceito ainda existe, mas com pouca
intensidade, mesmo assim, ainda são poucos os professores homens atuando nessa faixa
etária, pelo motivo da pouca procura pelo curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Muitos
ainda fogem da responsabilidade de educar ou muitas vezes por medo dos desafios que serão
lançados durante a graduação e durante os estágios que serão vivenciados pelo sujeito.
28

REFERÊNCIAS

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9.394 de 20 de dez. de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a


Educação Infantil. Brasília, DF: MEC/SEF/COEDI, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil. ????

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
202 p. ISBN: 8522422702.

GROSSI, M. P. Identidade de gênero e sexualidade. Estudos de Gênero: Cadernos de área


n.9. Goiânia: Editora da UCG, 2000.

JACQUES, Karine Hentges. Homens na Educação Infantil: O que pensam as Diretoras


sobre isso? Dissertação de Mestrado. UFP, 2015.

LDB: Lei de diretrizes e bases da educação nacional. – Brasília: Senado Federal,


Coordenação de Edições Técnicas, 2017.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, Sexualidade e Educação: Uma perspectiva pós-


estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli Elisa Dalmazo. Pesquisa em educação: abordagens


qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MANZINI, Lígia; TIELLET, Maria do Horto. Profesoras y docencia de estudiantes del sexo
masculino de práctica professional en una guardería: desafios em las relaciones entre
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MISKOLCI, Richard. Um corpo estranho na sala de aula. In: ABRAMOWICZ, Anete;


SILVÉRIO, Valter (Orgs.). Afirmando diferenças: montando o quebra-cabeçada diversidade
na escola. Campinas, SP: Papirus, 2005.

MOSCOVICI, Serge. Das representações Coletivas às Representações Sociais: Elementos


para Uma História. In: JODELET, Denise (Org.). As representações sociais. Tradução de
Lilian Ulup. Rio de Janeiro: EDUERJ. 2001.

MOSCOVICI, Serge. Representações Sociais: Investigações em Psicologia Social. Editado


em inglês por Gerard Duveen; traduzido por Pedrinho A. Guareschi. 7. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2010.

SAYÃO, Déborah Thomé. A construção de identidades e papéis de gênero na infância:


articulando temas para pensar o trabalho pedagógico da educação física na educação
infantil. Pensar a Prática. Goiânia, p.1-14, Jul./Jun. 2001-2002.
29

SAYÃO, D. Relações de gênero e trabalho docente na educação infantil: um estudo de


professores em creche. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Ciências da Educação,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. 272 f.

SILVA, Tomaz Tadeu. A reprodução social da Identidade e indiferença. Rio de Janeiro. 9°


edição. ed. Vozes, 2009.

SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto
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VIEZZER, M. O problema não está na mulher. São Paulo: Cortez, 1989.

VIANNA, C. P. O sexo e o gênero na docência. Cadernos Pagu, v. 17/18, p. 81-103


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APÊNDICES

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto de Pesquisa: Representação de acadêmicos homens do curso de Licenciatura


Plena em Pedagogia na prática em educação infantil
Nome do (a) Acadêmico (a): Rafael Cebalho Cambara
Nome do (a) Orientador (a): Prof. Ms. Maria da Penha Fornanciari Antunes

O senhor (a) está sendo convidado à participar desta pesquisa que têm como finalidade obter
informações para a produção da Monografia, que se constitui no Trabalho de Conclusão do
Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, no Campus Universitário Jane Vanini - Cáceres.
A pesquisa levantará informações/dados/opiniões sobre a questão: O que os estagiários
homens perceberam durante o estágio supervisionado em relação aos profissionais da escola e
aos pais quando se depararam com um estagiário do sexo masculino atuando na educação
infantil?
A pesquisa contará com a participação de oito acadêmicos do curso de Licenciatura Plena em
Pedagogia da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), sobre a representação de
acadêmicos homens do curso em questão na prática em Educação Infantil.
Ao participar deste estudo o senhor permitirá que o acadêmico pesquisador possa colher
informações importante que darão origem à Monografia, que é um trabalho científico exigido
pela Universidade para que os alunos possam concluir o curso superior de graduação.
Todas as informações coletadas são estritamente confidenciais e somente o acadêmico e seu
orientador poderão utilizá-las para fins únicos de estudo científicos, sendo mantido o
anonimato dos colaboradores. Também estará colaborando com a produção de conhecimentos
sobre a temática estudada, não receberá nenhum pagamento por sua colaboração e não terá
nenhuma implicação legal pelas informações que prestar ao pesquisador.
Solicitamos, desta forma, o seu consentimento de livre e espontânea vontade, para participar
desta pesquisa. Se estiver de acordo escreva seu nome e assine o documento e agradecemos
sua colaboração.
31

Tendo em vista os itens acima apresentados, de forma livre e esclarecida, manifesto meu
consentimento em participar da pesquisa

Cáceres / /

Nome do Participante da Pesquisa e sua assinatura

Nome e Assinatura do acadêmico

Assinatura do Orientador (a)

Obs.: Assinar duas vias e entregar uma ao sujeito da pesquisa. A outra ficará com o orientado
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APÊNDICE B

QUESTIONÁRIO

Prezado acadêmico
Solicito a colaboração do Senhor, para responder este questionário, o qual tem por finalidade
levantar dados para a elaboração do trabalho de conclusão do curso de Pedagogia.
As opiniões aqui relatadas servirão única e exclusivamente para fins de pesquisa, sendo
resguardada a identidade dos colaboradores.
Obrigado pela colaboração.
Rafael Cebalho Cambara - 5º Semestre de Pedagogia - Unemat/Cáceres/2018.

Questionário

1. O que você percebeu durante o estágio supervisionado em relação aos profissionais da escola e
aos pais quando se depararam com um estagiário homem atuando na educação infantil.

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