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VILAS BOAS, Marco Antonio. Estatuto do idoso comentado. – 3ª ed.

– Rio de Janeiro:
Forense, 2011.

Título I. Do idoso – Quem é o idoso? Que metas de amparo e proteção lhe são garantidas?
Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003

[...] O vocábulo “idoso” pode significar: cheio de idade, abundante em idade etc.
A figura do idoso poderia até ser controvertida se não existisse uma nomenclatura própria em
lei, definida no exercício legislativo de 2003. A Lei n. 10.741, de 1º de outubro, no ano citado
(que dispõe sobre o Estatuto do Idoso), já estabeleceu de forma lacônica, que o idoso é a
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (p. 1)

[...] o atual Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002) [...] veio para nivelar homens
e mulheres e exigiu que as pessoas maiores de setenta anos adotassem o regime de
separação de bens no casamento. (p. 2)

[...] o Estatuto do Idoso inclui na esfera de proteção não só as pessoas maiores de sessenta
anos de idade, mas também as pessoas com idade de sessenta anos. Antes de o Estatuto
ingressar no arcabouço jurídico do País havia a Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que
criava a Política Nacional do Idoso. Seu art. 2º registrava o idoso nos seguintes termos:
Considere-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade.
[...] o estatuto ampliou o campo de abrangência e agasalhou no seu manto as pessoas com
sessenta anos de idade, considerando-as “idosas”. (p. 2-3)

Enfim, idoso, no Estatuto sob comento, nada mais é que o cidadão ou cidadã com sessenta
anos ou mais de idade. (p. 4 )

O art. 2º [...] na sua maior parte, apenas repetiu os princípios maiores já consagrados,
cometendo ao idoso os direitos fundamentais históricos. (p. 5)

Não precisaria que o Estatuto propiciasse ao idoso a garantia contra qualquer processo de
discriminação e lhe outorgasse direitos fundamentais. Se todos são iguais perante a lei,
qualquer classe de pessoas já se vê acobertada. (p. 6)

O Poder Público, no traçar de suas generalidades, ficou por último nas atribuições que lhe
competiriam. Em primeiro lugar foi convocada a família, depois a comunidade e em seguida
a sociedade.
A obrigação familiar é uma decorrência de princípios maiores. Ela, no contágio com a lei
ordinária, age por contaminação e moralidade. [...]
Sobre a obrigação familiar, o art. 3º do Estatuto do Idoso muito pouco acrescentou de
novidade. Sua contribuição foi a abertura de prioridades na efetivação dos direitos do idoso,
enumerando-lhe no parágrafo único, uma cadeia de benesses próprias. [...] Ainda se pode
acrescentar aqui a força da Lei n. 12008/09 que alterou o art. 1.211-A do Código de Processo
Civil. No caso vertente, priorizou-se a tramitação dos procedimentos judiciais em todas as
instâncias para todas as pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. O mesmo
ocorreu com ministrativos. A celeridade do processo judicial e administrativo é de fundamental
importância para os beneficiários do Estatuto. (p. 7)

A descentralização político-administrativa, a priorização político-administrativa, a priorização


do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados, quando desabrigados e sem família,
e o apoio a estudos e pesquisa sobre as questões relativas ao envelhecimento deveriam estar
mais relevantes nas prioridades do Estatuto.
[...]
Este dispositivo [...] acima também está incurso na reserva constitucional de todos os
cidadãos, pouco importando sua raça, idade, cultura, etnia, sexo etc. Ninguém pode ser objeto
de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão. (p. 8)
Os administradores de entidades ou quaisquer pessoas diretamente envolvidas com os idosos
estarão sempre responsáveis pelos atos que praticarem, principalmente na inobservância dos
requisitos obrigatórios específicos. (p. 9)

Título II. Dos direitos fundamentais do idoso fundamentais do idoso – o direito à vida como
fundamento maior
Capítulo I. Do direito à vida
Não precisava que o Estatuto dissesse sobre o Direito à Vida, no Capítulo do segundo Título,
sujeitando o Estado à obrigação de garantir proteção à vida do idoso. [...] todos têm esta
proteção, indiscriminadamente. [...]
O Código Penal Militar, ao seguir as pegadas a Carta e andar coerente com a mostrada
exceção, tratou da pena de morte em seus artigos de lei. José da Silva Loureiro Neto explicou:
“A pena de morte é aplicada em caso de guerra declarada [...] e será executada por
fuzilamento [...], sendo que a sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo
que passe em julgado, ao presidente da República, e não pode ser executada senão depois
de sete dias após o julgamento. (p. 12)

Capítulo II. Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade


O estatuto dá um relevante privilégio à liberdade do idoso e subdivide este direito em vários
tópicos. Numa das espécies, do gênero liberdade, está o direito de ir e vir, estar nos
logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais.
[...]
Só o homem livre tem a prerrogativa de exceder o direito de opinião e expressão. (p. 18)

Capítulo III. Dos alimentos


A lei civil nova praticamente não fugiu das diretrizes fixadas pelo Código (Lei n. 3.071, de 1º
de janeiro de 1916). O art. 1.694 do Código Civil em vigor permite aos parentes, aos cônjuges
ou companheiros, pedir uns aos outros os alimentos de que necessitam para viver de modo
compatível com sua condição social. [...]
Nas suas estruturas mestras, a lei civil obrigou os parentes em primeiro a prestar, uns aos
outros, os alimentos necessários para viver de modo compatível com sua condição social.
Dessa forma, o filho tem para com os pais as mesmas obrigações paternas anteriores à
velhice. (p. 23)

Capítulo IV. Do direito à saúde


A saúde é prioridade de qualquer plano de governo nas mesmas proporções da educação,
em todos os seus níveis. [...] Tal dever do Estado de garantir a saúde, segundo o diploma
acima (art. 2º § 1º), consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que
visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições
que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção,
proteção e recuperação.
O idoso, por disposição de seu Estatuto, foi incluído prioritariamente na atenção integral,
universal e igualitária diante das ações e serviços de prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde. O Estatuto do Idoso porque atentou de lado especial para as doenças
que afetam preferencialmente os idosos. (p. 28)

O parágrafo primeiro [...] estabelece um elenco de situações em que a prevenção e a


manutenção da saúde do idoso são efetivadas. (p. 29)

Em nenhuma circunstância o idoso poderá ser discriminado porque é ele um cidadão integral,
como qualquer outro, com base no princípio da isonomia contida na Carta Maior, onde todos
são iguais perante a lei. (p. 32)
Capítulo V. Da educação, cultura, esporte e lazer
Em relação às áreas de cultura, esporte e lazer, estão incluídas no art. 10, VII (ainda na
Política Nacional do Idoso), as seguintes disponibilidades:
a) garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos
bens culturais;
b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos,
em âmbito nacional;
c) incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades cultuais;
d) valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso
aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural;
e) incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a
melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua participação. (p. 42)

Capítulo VI. Da profissionalização e do trabalho


As condições próprias de cada um, física, intelectuais ou psíquicas, devem ser consideradas
para a prática trabalhista. (p. 49)

Capítulo VII. Da previdência social


A Seguridade Social, como partem da Ordem Social, é gênero onde a Previdência Social e a
Assistência Social são espécies.
[...] Previdência Social e Assistência Social são filhas de uma mesma mãe: a Seguridade
Social. (p. 59)

Entre os princípios e objetivos estampados na Previdência Social tem-se a irredutibilidade do


valor dos benefícios, de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo (Lei n. 8.213, de 24 de julho
de 1991 – que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. (p. 60)

Capítulo VIII. Da assistência social


A Assistência Social tem como manto protetor os Direitos Sociais. Para José Afonso da Silva,
tais direitos “são proteções positivas estatais, enunciadas em normas constitucionais, que
possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que se conexionam com o
direito de igualdade. Valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais na medida
em que criam condições materiais mais propícias ao auferimento da igualdade real, o que,
por sua vez, proporciona condições mais compatíveis com o exercício efetivo da liberdade”.
(p. 64)

Capítulo IX. Da habitação


Socorro, dignidade e bem-estar são condizentes com o direito à moradia digna. Todas as
pretensões referidas formam uma dívida da família, da sociedade e do próprio Estado. (p. 70)

Capítulo X. Do transporte
[...] a Carta Constitucional garantiu a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Já o
Estatuto do Idoso, por sua conta e risco, garantiu este mesmo transporte e depois o retirou
dos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.
Assim procedendo, nada mais fez o Estatuto do que mudar o curso de uma Norma Maior,
restringindo-a em franca infração à hierarquia das leis. [...] Se a Carta não especificou as
exceções, a ninguém é lícito considera-las, mormente se não escritas nem insinuadas no pico
mais elevado da construção legislativa. (p. 76)

Estamos assistindo a maior das incongruências no Estatuto quando ele próprio não deferiu,
aos seus idosos, o direito de acesso aos transportes coletivos intermunicipais. Seu silêncio
criou um embaraço interpretativo. [...] Pelo Estatuto, tem-se a gratuidade no transporte
interestadual, mas não a tem no transporte intermunicipal, pois não se garantiu nem se acenou
tal circunstância. [...] Com base no Estatuto, o idoso pobre pode viajar gratuitamente de um
Estado da Federação para outro, mas não de um município para outro, dentro do próprio
Estado. (p. 78-79)

Título III. Das medidas de proteção


Capítulo I. Das disposições gerais
O Capitulo: “Das disposições Gerais”, mostra o momento de aplicação da Lei coincidente com
a ameaça ou violação de direitos e, no seu curso, nomeia pessoas, entidades, órgãos,
representantes ou circunstâncias específicas do idoso.

Capítulo II. Das medidas específicas de proteção


[...] O desvio de conduta, por parte de pessoas ou entidades, pode ter várias conotações ao
mesmo tempo: civil, penal e administrativa. Pode-se apurar uma infração administrativa assim
como uma penal, isolada ou englobadamente, conforme o caso comportar. Exemplos não
faltam dentro do próprio Estatuto do Idoso. (p. 85)

Título IV.
Da política de atendimento ao idoso
Capítulo I. Disposições gerais
Todas as esferas de governo devem participar na política de atendimento ao idoso - e até
entidades privadas –, por tal razão é um conjunto de ações governamentais e não
governamentais. [...] O atendimento ao idoso tem muitas facetas e uma infinidade de pessoas
e governos concorrerão para o mesmo propósito. (p. 89)

[...] os atendimentos especializados têm nas próprias política sociais básicas as diretrizes já
definidas para o idoso. Essas diretrizes já estão devidamente materializadas na Política
Nacional do Idoso (Lei n. 8.842/94), no seu art. 4º. (p. 91)

[...] a Lei n. 8.926, de 9 de agosto de 1994, que torna obrigatória a inclusão, nas bulas de
medicamentos, de advertências e recomendações sobre seu uso por pessoas de mais de
sessenta e cinco anos. (p. 92)

Os falados serviços especiais de proteção aos idosos vitimados por crueldade, maus-tratos e
negligência acabam recaindo, em última análise, no terreno da Justiça. O crime contra o idoso
será apurado, inicialmente, pelos órgãos da persecução penal. É de se inferir que referidos
crimes, quando de ação pública, deixam a qualquer do povo a iniciativa de acionar os órgãos
competentes e inclusive dar “voz de prisão” aos infratores, diante do flagrante delito. (p. 93)
Qualquer que seja a entidade de assistência ao idoso, seja governamental ou não
governamental, ficará sempre sujeita à inscrição de seus programas junto ao órgão
competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa. (p. 98)

Capítulo III. Da fiscalização das entidades de atendimento


O Conselho Federal do Idoso, o Conselho Estadual do Idoso e o Conselho Municipal do Idoso,
nas suas respectivas áreas, fiscalizarão as entidades de atendimento. (p. 117)

O Conselho Federal, o Estadual e o Municipal não só fiscalizam, mas acompanham, fiscalizam


e avaliam a política nacional do idoso, dentro de suas áreas de atuação. [...]
A prestação de contas é um dever de todo administrador público. Já o administrador de
entidade particular que presta um serviço de caráter social, sem fins lucrativos, ao receber
verbas e doações passa a cumprir semelhante encargo. (p. 118)

À prestação de contas será dada publicidade nos órgãos oficiais e em jornal de ampla
circulação. Prestar contas é um ato de publicidade por excelência, o que mostra a lisura de
todos os responsáveis por dinheiros e bens recebidos de coletividade. (p. 119)

Capítulo IV. Das infrações administrativas


[...] todos os profissionais de saúde (e o próprio dirigente da instituição) convivem quase que
diariamente com os idosos, conhecendo de perto suas histórias e o tratamento que lhes é
dispensado. Antes mesmo do Estatuto, tal comunicado já se erigia como obrigação de lei. (p.
126)

Capítulo V. Da apuração administrativa de infração às normas de proteção ao idoso


A cabeça do art. 60 também deu a alternativa de o servidor efetivo elaborar o auto de infração
e colher assinatura (se possível) de duas testemunhas. Fala-se em duas testemunhas apenas
como referência. Não há obrigatoriedade, na constituição de provas, de uma exigência quanto
ao número de testemunhas, como antigamente se perfilhava no Direito Romano e no
Canônico. [...] não há na verdade um número fixo de testemunhas ou paradigma de provas
que influam no processo, em termos de validade e eficácia. O que há é a análise do conjunto
probatório capaz de convencer o homem médio e de não restar dúvidas sobre o apresentado.
(p. 128)

Capítulo VI. Da apuração judicial de irregularidade em entidade de atendimento


A Lei n. 6.437, de 20 de agosto de 1997, configura infrações à legislação sanitária federal,
estabelece as sanções respectivas e dá outras providências. A Lei n. 9.784, de 29 de janeiro
de 1999, regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. (p.
135)

Para se detonar o procedimento apuratório, a petição inicial é uma peça imprescindível, pois
nela são registrados os detalhes fundamentais para a ciência da ação administrativa como
todos os seus fundamentos. (p. 140)

Título V. Do acesso à justiça


Capítulo I. Disposições gerais
[...] os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na Carta
Constitucional (art. 125) poderão tais unidades da federação criar as varas especializadas no
setor, de acordo com as próprias normas que adotarem. Mas a lei de organização judiciária
será de iniciativa do Tribunal de Justiça respectivo de cada Estado. (p. 143)

Capítulo II. Do ministério público


[...] o Ministério Público passou a decidir e executar situações sociais pertinentes a idosos.
Também pela Lei Complementar n. 75/23, caberá ao Ministério Público, em linhas gerais, a
defesa do idoso. (p. 147)

[...] pratica o Ministério Público funções típicas e funções atípicas. Aos olhos de Hugo Nigro
Mazzilli, “são suas funções típicas as próprias ou peculiares à instituição. [...]”. (p. 150)

Capítulo III. Da proteção judicial dos interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis
ou homogêneos
[...] A ação civil pública é também aplicável quando as autoridades responsáveis se omitirem
em proporcionar aos idosos os direitos que lhes são assegurados na lei ou no Estatuto. A
omissão pode causar danos à saúde do idoso e, diante de si, tem ele um repertório de atitudes
especificas. A ação civil pública é também um dos remédios legais para combater uma injusta
recusa de serviços. [...]
O idoso que necessitar de atendimento especializado (portador de deficiência ou com
limitação incapacitante) poderá busca-lo e cobrá-lo das autoridades competentes. (p. 159)

O idoso [...] tem privilégio de foro e atrai a competência para seu domicílio quando estiver
envolvido como parte interessada. As exceções se encontram devidamente marcadas pelas
competências da justiça Federal e competência originária dos Tribunais Superiores. (p. 160)
A segunda parte do art. 83 (do Estatuto) autoriza a concessão de tutela específica da
obrigação, ora posta em juízo. Alternativamente, determinará providências para que a medida
pleiteada se concretize. A tutela valerá tanto para a obrigação de fazer como a de não fazer.
(p. 165)

Por duas sérias razões não poderá haver adiantamento de despesas gerias com o processo:
1ª razão – Considerando-se que o idoso, no trato de seus direitos, via de regra, está ungido
por um estado de miserabilidade, é de se buscar, consequentemente, os favores
incontestáveis da Assistência Judiciária, os benefícios da famigerada Justiça Gratuita. [...]
2ª razão – Não poderá haver adiantamento de despesas processuais efetuados a
requerimento do Ministério Público ou da Fazenda Pública, segundo garante o art. 27 do
Código de Processo Civil. Assunto de idoso tem caráter público e representa a parte frágil da
relação social. [...] Nas alturas do assunto, a cobrança de despesas é o mesmo que negar os
direitos contemplados pela lei. (p. 170)

Título VI. Dos crimes


Capítulo I. Disposições gerais
A Lei n. 7.347/85, referida nesta obra, abriu, além de importantes pontos disciplinadores da
ação civil pública por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, turístico e paisagístico, amplas oportunidades de discussão sobre
direitos difusos e coletivos. Ela também deu margem à criação do inquérito civil. Esse tipo de
inquérito similar ao inquérito policial, na sua essência, não deixa de ter pontos diferenciados.
[...]
Mas a Lei n. 7.347/85 não se presta somente à elaboração do inquérito civil, tem função muito
maior [...]. É ela, por assim dizer, quase que um complemento da atividade persecutória penal
[...]. (p. 175)

A Lei n. 9.099/95 jogou no papel o que previa a Carta de 1988. Ela (como Lei Maior), por
conseguinte, já tinha feito sua antevisão de um juizado tal que acelerasse a marcha dos
julgamentos em determinadas causas cíveis e criminais. Assim havia disposto (art. 81):
A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
1 – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,
permitidos nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas
de juízes de primeiro grau [...].
Para a Lei n. 9.099/95, consideram-se infrações penais, de menor potencial ofensivo, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não cumulada.
[...] A considerada inovação foi o olhar mais benevolente para com a vítima, no cômputo de
sua aflição com os possíveis danos sofridos. [...]
No Juizado Criminal ressaltou-se o procedimento sumaríssimo norteado pelos princípios da
informalidade, economia processual e celeridade. Na sua índole, portanto, tais princípios
seriam os próprios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, com
explicações mais plausíveis. (p. 176)

Princípio da oralidade – Há o império da palavra falada e os atos processuais são


pronunciados perante o Juizado e reduzidos a termos ou transcritos por outros meios. [...]
Princípio da informalidade – É o princípio que acarreta a simplificação do procedimento com
a dispensa do rigorismo formal próprio de todo processo. [...]
Princípio da economia processual – Economia processual traduz-se com a escolha de
caminho capaz de apresentar o máximo de resultados pretendidos com o mínimo de
encargos. [...]
Princípio da celeridade – Celeridade é um princípio que está diretamente relacionado aos
outros já referidos. Implica em rapidez na solução do conflito penal, mas sem que a pressa
possa comprometer o resultado obtido. (p. 177)

Capítulo II. Dos crimes em espécie


No Estatuto, com a adoção da ação penal pública incondicionada, o Ministério Público passa
ser parte legítima par inaugurar o processo, independentemente da existência de uma
representação da vítima. (p. 181)

A Constituição Federal já havia previsto o crime de discriminação [...]


Faz parte do verbo discriminar, por igual, qualquer tipo de humilhação ou menosprezo contra
idoso. É o mesmo que rebaixar suas potencialidades ou condições, seja na forma pública ou
reservada. (p. 182)

Impedir o acesso de alguém a cargo público, por motivo de idade não pode haver aplauso ou
repúdio, antes de algumas considerações. Se na essência de trabalho se exige uma condição
própria para o seu desempenho, é claro que o candidato ao cargo deverá cumprir
determinados requisitos. [...]
Negar emprego ou trabalho, com desculpa de idade, é uma forma perversa de discriminação.
[...]
A recusa, o retardamento ou a dificultação de atendimento à pessoa idosa, notadamente na
esfera da saúde, pode caracterizar o crime de prevaricação se o agente estiver no
desempenho de uma função pública. [...]
Se o idoso se apresentar em risco de vida e lhe negarem o atendimento, pode caracterizar,
por conta da recusa ou omissão, o crime de exposição a perigo para a vida ou a saúde de
outrem (art. 132 do Código Penal) [...].
Afrontar ordem judicial é o mesmo que desobedecê-la. [...] a prevaricação, como crime
especial, consiste na infidelidade ao dever de ofício. Assim, “comete o delito de prevaricação
aquele que, para satisfazer interesse e sentimentos pessoais, deixa de cumpri, retarda e não
pratica ato de ofício” (TJSP – AC – Relator Weiss Andrade – RT 430/322). (p. 185-186)

Desobediência – crime praticado por particular contra a Administração Público (Título XI –


Capítulo II do Código Penal);
Prevaricação – crime praticado por funcionário público contra a Administração Pública (Título
XI – Capítulo I).
A retenção de qualquer documento de identificação pessoal tem proibição expressa em lei,
diante de duas sérias razões. Primeiramente, há lei especial proibitiva dessa conduta (Lei n.
5.553/68) e, em segundo lugar, é possível incidir-se no “exercício arbitrário das próprias
razões” (art. 345 do Código Penal). (p. 187)

O “exercício arbitrário das próprias razões” se traduz como fazer justiça com as próprias
mãos”. Um julgado mostra, pela RT 587/418, o direcionamento do tipo pena:
“Se alguém tem ou supões ter tido contra outrem, e este não o reconhece ou se nega a cumprir
a obrigação correlata, não lhe é lícito arvorar-se em juiz, decidindo, unilateralmente, a questão
a seu favor e tomando por suas próprias mãos aquilo que pretende ser-lhe devido, ao invés
de recorrer à autoridade judicial, a que a lei atribuiu a função de resolver dissídios privados
(sic)”. (p. 188)

Título VI. Disposições finais e transitórias


Dependendo, em parte, da manobra que se materialize por parte do infrator, sua conduta
poderá configurar a prática de um dos seguintes crimes:
1º – “resistência” (art. 329 do Código Penal – opor-se à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando
auxílio...);
2º – “desobediência” (art. 330 Código Penal – Desobedecer a ordem legal de funcionário
público...);
3º – “desacato” (art. 331 do Código Penal – Desacatar funcionário público no exercício da
função ou em razão dela...);
4º – “subtração ou inutilização de livro ou documento” (art. 337 do Código Penal).
O art. 61 do Código Penal mostra as “circunstâncias agravantes” do crime. Antes de existir o
Estatuto do Idoso, o Código Penal simplesmente se reportava a crimes praticados contra a
criança, velho, enfermo ou mulher grávida. Acrescentou-se, pois, a expressão: “maior de 60
(sessenta) anos. [...]

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