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TEORIA DE CARL ROGERS SôBRE A PERSONALIDADE

E O COMPORTAMENTO

RUTH SCHEEFFER SIMÕES


11.& Súmula do Curso de Introdução à Teoria
e Prática do Aconselhamento Psicológico

Na elaboração inicial da sua teoria sôbre o aconselhamento e


psicoterapia não-diretiva Carl Rogers não se baseou em nenhuma teoria
específica da personalidade. Todavia, a medida que seu ponto de vista foi
sendo posto em prática, foi inferindo conclusões, baseadas na
'Observação da dinâmica do comportamento humano, na situação de acon-
selhamento e psicoterapia. Admite que além de suas conclusões
pessoais sofreu também influências das teorias apresentadas por vários
autores: GOLDSTEIN, MOWRER, MASLOW, MURRAY e MURPHY.
Rogers apresenta a sua teoria como uma tentativa de explicação
do comportamento humano. Aliás esta flexibilidade é uma característica
interessante, pois permite sempre, à luz de novos e modernos estudos,
uma evolução dos conceitos, dentro da teoria.
A teoria Rogeriana é apresentada sob a forma de proposições
explicativas, como se segue:
1. Todo indivíduo vive num mundo de experiências cont'inuamente
em mutação, do qual êle é o centro.
~sse mundo privad'O do indivíduo pode ser chamado campo feno-
menológico, experimental, etc. Inclue tôdas as experiências do organismo
humano, mesmo aquelas que não são conscientemente simbolizadas, isto é,
percebidas pelo indivídu'O. (Simbolizar - significa trazer ao consciente
- ANGIAL - "Consciência consiste na Simbolização de nossas expe-
riências") .
Reconhece-se então, que o mundo fenomenológico do indivíduo
consiste em tôdas as suas experiências, mas apenas uma pequena porção
é simbolizada, isto é, percebida conscientemente. Muitas das nossas ex-
periências sensoriais e viscerais não são conscientes. Outras podem vir
à consciência, quando associadas à satisfação de uma necessidade.
Um aspecto importante dês se mundo privado do indivídu'O é que
só pode ser conhecido genuina e completamente pelo próprio indivíduo.
Por mais adequadamente que se tente medir as experiências produzidas
por um estímulo - uma alfinetada, um interrogatório um exame 'Ou
situações mais complexas - não serão conhecidas senão pelo próprio
indivíduo.
Mas, como já vimos que, apenas uma parte do mundo fenomeló-
gico é percebido diretamente, pois há m~itos impulsos que só são trazidos
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à consciência em certas condições, o conhecimento atual do mundo expe-


rimental é limitado para o próprio indivíduo, embora seja verdade o
fato de que potencialmente só êle mesmo pode conhecê-lo completamente.
2. O organismo reage ao ambiente como êste é por êle percebido
ou sentido.
O campo perceptual é para o indivíduo a realidade. O indivíduo
não reage a uma realidade absoluta mas à sua percepção da realidade.
Por exemplo: um mesmo estímulo produz reações diferentes, dependendo
das pessoas que o recebem. Assim, dois indivíduos dirigindo carro numa
estrada mal iluminada, que é conhecida do primeiro e desconhecida para
o segundo, ao perceberem uma sombra, reagirão de maneira diversa.
O primeiro a identificará como um arbusto ou algo inofensivo e o segundo
pode até reagir com mêdo. Um doente mental que percebe o alimento
envenenado reage da mesma maneira que um indivíduo normal, em
idêntica situação.
Constantemente comparamos ou testamos as nossas percepções a
fim de que se tornem o mais possível válidas e fidedígnas. Quando avis-
tamos um pó branco, embora nos pareça sal, nós sentimos necessidade de
verificar, para termos a certeza de que não se trata de açúcar. Assim
cada percepção é uma hipótese que deve ser testada e confirmada para
maior segurança do indivíduo.
Há percepções que não são testadas ou confirmadas, mas que têm
tanta importância quanto as que o foram.
Quando se modifica a percepção, a reação do indivíduo também se
modifica. Enquanto o filho percebe o pai como dominador, reage de uma
forma; mas se êsse pai passa a ser percebido como uma criatura patética
que apenas age assim, para conseguir manter, o seu "status", então a
reação se modifica porque a realidade se modifica em função da nova
percepção. Esta modificação de percepção ocorre, com freqüência, no
aconselhamento e em psicoterapia.
3. O organismo reage, ao seu campo fenomenológico, como um
todo organizado.
Assim, o jovem que fala durante uma hora (no aconselhamento),
a respeito do antagonismo à sua mãe e depois da entrevista melhora de
sua asma, sem ao menos ter falado nela e o homem que se sente ameaçado
na segurança de seu trabalho desenvolvendo por isso uma úlcera, são
exemplos vivos de que o organismo reage como um todo. O organismo
(psíquico e físico), é um sistema totalmente organizado, no qual a alte-
ração de uma das partes pode produzir alterações nas outras.
4. O organismo tem uma tendência hásica que é: realizar-se,
manter-se e expandir-se.
ROGERS se refere aqui à tendência do organismo a se manter,
assimilando alimento, comportando-se defensivamente na hora do perigo.
Refere-se também à tendência de se mover em direção da maturação como
é definida para tôdas as coisas. Não se trata de desenvolvimento na
direção de atingir o máximo de capacidade para suportar uma dor física
ou de se aterrorizar. ~le se desenvolve na direção de maior independência
e auto-responsabilidade. Cita os conceitos de: HENRY STACK SULLI-
V AN "A aireção básica do organismo é para a frente": e de KAREN
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HORNEY "A fôrça básica de uma pessoa é no sentido de crescer fisio-


lógica e psicologicamente e de abandonar tudo que lhe impeça de atingir
êsse fim".
Seria incorreto pensarmos que o organismo opera suavemente no
sentido de sua auto-realização. Seria mais certo dizermos que o orga-
nismo se move através de lutas árduas e às vêzes sofrimento, para se
auto-realizar. Isto pode ser ilustrado com o que ocorre com a criança
quando está aprendendo a andar: os primeiros passos exigem muito espaço
e até dor; mas a satisfação do progresso compensa o sofrimento. É possível
que a criança, devido a uma experiência mais dolorosa (uma queda, por
exemplo), retorne à fase de engatinhar, mas só por algum tempo. Na
maioria dos indivíduos, a fôrça que os propulsiona em direção do cres-
cimento e maturação é mais forte do que a satisfação de permanecer
infantil.
5. O comportamento é bàsicamente dirigido a um objetivo que
satisfará uma necessidade do organismo, como é percebido no campo
ambiental.
A primeira parte da proposição já é bastante conhecida. Sabemos
que o indivíduo reaciona, tendo como motivo a satisfação de suas necessi-
dades básicas.
A segunda parte focaliza o objetivo que, segundo ROGERS, varia
de indivíduo para indivíduo, dependendo da percepção da realidade de
cada um. O homem reage à realidade como a percebe, para a satisfação
de suas necessidades. Se o indivíduo percebe os valores intelectuais, como
um fator preponderante para a sua segurança, êle se dedicará aos estudos
com tôda a sua energia. Aquêle que passa a vida empenhado em obter
fortuna, assim procede porque percebe no dinheiro um símbolo de se-
gurança.
6. O comportamento dirigido a um objetivo é acompanhado e em
geral facilitado pelas emoções.
As emoções estão relacionadas ao aspecto do comportamento que
se refere à procura ou à satisfação de uma necessidade.
A intensidade da emoção varia de acôrdo com o significado da
experiência como é percebida para a manutenção do organismo. Há dois
grupos de emoções: a) desagradáveis e excitáveis, b) agradáveis e cal-
mantes. A procura do objetivo é acompanhada das primeiras e as segundas
ocorrem com a satisfação das necessidades, depois de encontrado o objetivo.
Quanto à intensidade, varia de acôrdo com o significado da expe-
riência. Exemplos: - Se ao atravessar uma rua movimentada, o indivíduo
se vê ameaçadO de atropelamento, o pulo para chegar à calçada (que
para êle significa a salvação da sua vida) será acompanhado de forte
emoção. A leitura de um livro técnico que é percebido pelo leitor interes-
sado, como um progresso para o seu desenvolvimento cultural, é acom-
panhada, apenas, de uma leve emoção. O professor que tem o hábito de dar
aulas às suas classes, o faz com pequena emoção; mas o mesmo professor,
num concurso para cátedra (que significa para êle a conquista máxima
na sua carreira) dará a mesma aula sob forte emoção.
7. A posição maia vantajosa para compreender o comportamento
é adotando o centro de referência do próprio indivíduo.
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Já vimos na primeira proposição que ninguém pode conhecer tão


profunda e amplamente o seu mundo fenomenológico como o próprio indi-
víduo. Comportamento é uma reação a um campo ou a uma situação, como
são percebidos. Portanto, parece que o indivíduo pode ser melhor com-
preendido se adotarmos o seu centro de referência e procurarmos ver o
mundo de suas experiências como êle próprio o vê. Muitas vêzes não
compreendemos o comportamento de uma pessoa porque a julgamos de
acôrdo com o nosso próprio centro de referência e sistema de valores.
Um homem que observa os hábitos e rituais de uma tribu selvagem os
acha ridículos e sem sentido, porque os julga de acôrdo com seus valores
e não como os selvagens os percebem.
8. Uma porção do campo perceptual total se diferencia formando
o "eu".
A medida que o indivíduo se desenvolve, uma parte do seu mundo
privado vai sendo reconhecida como o "eu".
9. Como resultado da interação com o ambiente e, principamente,
como resultado da interação avaliativa dos outros, a estrutura do "eu" é
formada. Esta estrutura do "eu" consiste num padrão organizado (fluido,
mas consistente) das percepções das características do "eu", juntamente
com os valores atribuídos a essas percepções.
10. Os valores atribuidos às experiências e os valores que são
partes da estrutura do "eu", são algumas vêzes valores vivenciados dire-
tamente pelo organismo e outras vêzes introjetados de outras pessoas,
mas percebidos de u'a maneira distorcida (como se tivessem sido viven-
ciados diretamente).
Estas duas proposições (9 e 10) estão altamente relacionadas.
À medida que a criança se interrelaciona com o ambiente, gradual-
mente forma conceitos a respeito de si própria, a respeito do ambiente
e a respeito de si mesma com relação ao ambiente. Mesmo que êsses
conceitos sejam do plano não-verbal e não estejam no plano consciente,
isso não constitue uma barreira para o seu funcionamento.
Intimamente relacionadas com essas experiências há uma valo-
rização. Assim a criança atribue um valor positivo ou negativo às suas
experiências: " ... estou com frio e não gosto ... "; " ... estou no colo
e gosto disso ... " etc. etc.
Existe também a valorização pelos outros. A criança ouve: "Você é
bom ... , bonito ... , menino mau... etc. etc.
Essas avaliações passam a fazer parte do campo perceptual da
criança. Nesta fase há muitas vêzes distorção de percepção de certas
experiências ou mesmo repressão das mesmas que muito contribuem para
situações de desajustamento no futuro. Ex.: A criança percebe que é
amada pelos pais e isso lhe dá satisfação. Mas ao mesmo tempo tem
prazer em bater no irmão. Então vem a avaliação dos pais: "Você é mau,
seu comportamento é mau e eu não gosto de você quando você se comporta
desta maneira", Isso constitue uma ameaça séria ao "eu" nascente: "Se eu
admito satisfação num comportamento reprovado pelos meus pais, isso
é inconsistente com o meu "eu" amado por êles". Então a criança reprime
a satisfação. Quando não consegue reprimir a satisfação do ato agressivo,
a criança se vê como não amada pelos pais.
"
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Por outro lado há também uma distorção dessas percepções:


Passa de: "Eu percebo meus pais vivenciando meu comportamento
como insatisfatório para êles", para: "Eu percebo êsse comportamento
como insatisfatório". - Nasce o auto-conceito.
11. A medida que as experiências ocorrem na vida do indivíduo
elas são:
1. Q ignoradas porque nenhuma relação é percebida com a estru-
tura do "eu";
2. 9 simbolizadas, percebidas e organizadas, em certa relação com
o "eu";
3. negadas ou simbolizadas de maneira distorcida porque a expe-
Q

riência é inconsistente com a estrutura do "eu".


Grande número de experiências são simbolizadas quando são per-
cebidas como um meio de satisfazer uma necessidade. Outras não são
simbolizadas - são ignoradas porque não satisfazem alguma necessidade,
não estão relacionadas com o auto-conceito do indivíduo (não confirmam
nem contradizem coisa alguma).
Há experiências que são simbolizadas, percebidas e organizadas
de acôrdo com a estrutura do "eu". Exemplos: 1 - Moça que se sente
como incapaz, seleciona as experiências que estão de acôrdo com o seu
auto-conceito. Percebe que: fracassou no colégio; não faz nada direito;
não arranja namorado etc. Nega e não aceita qualquer elogio. 2 - O ado-
lescente cujo auto-conceito é de ser um bom filho que ama a sua mãe
superprotetora, reprime qualquer hostilidade ou a disfarça através de
um sintoma, por exemplo, uma dor de cabeça (conceito Freudiano de
repressão) .
12. O indivíduo adota formas de comportamento que são consis-
tentes com o seu auto-conceito.
Um indivíduo que se vê como não-agressivo não se comporta agres-
sivamente. Muitas vêzes o conceito entra em conflito com as necessidades.
Ex.: 1 - Um aviador que se vê como um bravo e que é mandado
para uma missão reconhecidamente perigosa, sente mêdo e a consequente
necessidade de fugir ao perigo, para conservar a vida. Mas a fuga seria
inconsistente com o seu auto-conceito e por isso não é simbolizada. Então,
êle verá defeitos no motor do avião ou terá uma dor violenta, que o im-
pedirá de realizar a missão. 2 - A mulher que tem o auto-conceito de
ser u'a mãe dedicada e responsável, não descansará enquanto seus filhos
estiverem fóra de casa, ainda que esteja exausta. A necessidade de com-
portar-se de acôrdo com o seu auto-conceito é mais forte que a necessidade
física de descanso.
13. O comportamento pode ser causado por necessidades que não
estão simbolizadas.
Se o comportamento é percebido como inconsistente com a estrutura
do "eu", êle será considerado como se não pertencesse ao indivíduo. Ex.:
O indivíduo que tem preconceitos com relação a atividade sexual e se
entrega a um ato dessa espécie, assim exprime a sua ação: "Estava
fora de mim".
14. Desa;ustamento existe quando o organismo nega a simbo-
lização de experiências significativas e que portanto não podem ser incor-
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poradas numa "gestalt" à estrutura do "eu". Nesse caso existe uma tensão
psicológica básica.
Ex.: A mulher que tem o auto-conceito de boa mãe (parte baseado
nas suas experiências e parte introjetado) só aceita sentimentos positivos
com relação ao filho, porque êstes são coerentes com o seu auto-conceito.
Não permite vir à consciência uma sensação de raiva. Mas essa sensação
existe e provoca a necessidade de agressão. Como só pode satisfazer essa
necessidade através de atos consistentes com a estrutura do "eu" ela o
faz quando o filho merece punição. Por isso percebe como mau, a maioria
do comportamento do filho (pois só assim, pode satisfazer a sua necessi-
dade) .
15. Ahtstamento existe quando o conceito do "eu" é tal que per-
mite simbolização e assimilação das experiências de u'a maneira consis-
tente com a estrutura do "eu".
Ex.: Mulher que aceita poder ter raiva do filho, às vêzes, e
que é mesmo assim ser boa mãe.
16. Qualquer experiência inconsistente com a estrutura do "eu"
pode ser percebida como uma ameaça e quanto mais forem inconsistentes
essas percepções, mais r~gidamente a estrutura do "eu" se organiza para
se defender.
Ex.: Se fôsse dito à mãe (para a qual a sensação de raiva é
inconsistente) que ela hostiliza, tem raiva do filho, ela protestaria com
veemência, para se defender, a fim de preservar o seu auto-conceito.
17. Sob certas condições, quando há, principalmente, ausência
completa de ameaça à estrutura do "eu", essas experiências inconsistentes
podeom ser percebidas, eXMnina,da,s e a estrutura do "eu" as revista, ao
fim de assimilá-las.
18. Quando o indivíduo percebe e aceita num sistema coerente e
organizado, tôdas as suas experiências, êle se torna mais compreensivo
e aceita melhor os outros.
O indivíduo não tem necessidade de se defender: não vê as demais
pessoas como uma ameaça para a simbolização das experiências não
aceitas. Isso tem sido provado objetivamente, através de pesquisas reali-
zadas no campo da psicoterapia não diretiva, principalmente por Sheerer.
Foi verificado, clinicamente, que a pessoa que completa terapia, se revela
mais realista nas suas relações com os outros, mais segura de si mesma,
mais relaxada, resultando dai melhor sistemade interrelação social.
19. A medida que o indivíduo percebe e aceita, em maior escala,
na sua auto-estrutura, as suas experiências orgânicas (do organismo
total), verifica que está substituindo o seu atual sistema de valores -
baseado largamente em introjeções simbolizadas distorcidamente - por
um continuo processo de valorização, fornecida pelos seus próprios sentidos
e pelo seu organismo total.
Em terapia, à medida que explora seu campo fenomenológico, o
indivíduo examina os valores por êle introjetadas e utilizadas como se
fossem baseadas na sua própria experiência. Todavia, gradativamente,
passa a fazer seus próprios julgamentos de valor, em uma forma intei-
ramente nova, porém mais significativa e satisfatória para êle, porque
provêm de experiências diretas.

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