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1 Introdução
Contemporaneamente, procurar compreender os constituintes fundamentais mais
elementares da Matemática, quais sejam na Geometria, o ponto, na Aritmética, a
unidade, caiu em desuso, especialmente para os próprios matemáticos. No âmbito da
Geometria e, portanto, no que diz respeito ao conceito de ponto, David Hilbert
estabelece um mecanismo formal segundo o qual pontos, linhas e superfícies são
considerados “sistemas de coisas”, representados respetivamente por letras maiúsculas
*
Doutor em Filosofia pelo Programa de Doutorado Integrado em Filosofia da Universidade Federal de
Pernambuco, Universidade federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professor
Adjunto do Curso de Filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Endereço Residencial:
Lot. São Raimundo, Rua B, 40, São José, Cx. Post. 34, CEP 45300-000, Amargosa-BA. E-mail:
gilfranco@ufrb.edu.br .
(pontos), letras minúsculas (linhas) e letras minúsculas do alfabeto grego (planos).
Como recorda Henri Poincaré, em seu texto “Revisão dos Fundamentos da Geometria
de Hilbert”: “As próprias palavras ‘ponto’, ‘reta’ e ‘plano’ não são supostas gerar na
mente qualquer imagem visual” (POINCARÉ in HILBERT, 2003, p. 318), isto é, na
perspectiva de Hilbert, segundo Poincaré, deve ser convenientemente desnecessário
fazer do ponto, reta ou plano uma “imagem visual na mente” a fim de poder defini-los e
compreendê-los, sendo suficiente estabelecer determinadas relações entre eles, através
do método axiomático. Como ainda nos diz o próprio Poincaré, as palavras ponto, reta,
plano “denotam indiferentemente objetos de qualquer espécie, desde que possamos
estabelecer entre eles uma correspondência tal que, a cada par de objetos chamados
pontos possa corresponder um e um só dos objetos chamados retas”, como enuncia o
primeiro axioma da incidência ou, como prefere chamar Poincaré, o primeiro axioma
projetivo (POINCARÉ in HILBERT, 2003, p. 318; cf. tb. p. 317).
Esta caracterização de pontos, retas e planos como objetos de qualquer espécie
torna-se imprecisa de um ponto de vista filosófico, na medida em que não se torna clara
o modo como tais conceitos são pensados. Com o termo “objetos” aplicado a pontos,
retas e planos, entramos em um campo semântico filosófico que pode nos levar a
inúmeras considerações ingênuas e também imprecisas sobre o modo que esses
conceitos podem ser compreendidos. Além disso, leva-nos para um horizonte de
reflexão tão distante, que nos torna incapazes de compreender a importância e sentido
muito mais precisa e ontologicamente determinada desses elementos, desenvolvida
pelos antigos. Sendo esses termos de qualquer modo supostos inteligivelmente por meio
das definições que os antigos filósofos procuraram apresentar, eles também não se
confundem com a imagem visual que dele podemos fazer na mente ou em desenho, nem
muito menos com objetos com os quais pudéssemos representa-los. Muito ao contrário,
são elementos (supostos) determinados por meio de conceitos precisos, e jamais fora de
um arcabouço ontológico de pensamento filosófico, que, de algum modo, acabou por
ser a cada vez explicitado. Disso decorre que a definição de Euclides para ponto torna-
se incompreensível se não a colocamos no horizonte de reflexões filosóficas precisas da
Antiguidade e a confundirmos com esses conceitos que utilizamos na
contemporaneidade, tal como o conceito de objeto; ora, segundo Euclides, shmei/on,
evstin( ou- me,roj ouvqe,n (EUCLIDES, Elementos I, 1), isto é, “ponto é aquilo que não tem
parte”, tal como traduziu Thomas Heath (EUCLIDES, 1956, p. 155), ou “ponto é aquilo
de que nada é parte”, tal como traduziu Irineu Bicudo (EUCLIDES, 2009, p. 97) , ou
ainda como traduziu Marciano Capella (séc. V d. C.): “ponto é aquilo cuja parte é nada”
(CAPELLA, apud HEATH in EUCLID, 1956, p. 155); como então posso eu pensa-lo
como “objeto”? Seria a definição de Euclides simplesmente sem sentido por não me
oferecer com clareza “um objeto à intuição”? E é assim que a definição euclidiana cai
na obscuridade e, como ao matemático não necessariamente compete o esclarecimento
mais preciso de tais definições, já que com isso não pode avançar em seu trabalho
matemático, compete ao filósofo, como dizia Platão, retomar estas hipóteses e avançar
não em direção às suas consequências axiomáticas, mas avaliar seus princípios. Ora, o
que está em jogo para o filósofo é fundamentalmente o esclarecimento dos conceitos,
uma vez que não consegue se contentar com a obscuridade que emerge nessas
definições milenares.
Fundamental é pensar que, o que está em jogo nessa reflexão em torno das
definições, implica justamente a tentativa de esclarecimento para uma melhor
compreensão dos fundamentos mais elementares da matemática, coisa que, sem dúvida,
também é feito pelo matemático, na medida em que estabelece, por exemplo, nos
axiomas, as regras básicas de demarcação do espaço geométrico ou das relações
numéricas em termos puramente conceituais, tendo apenas como certo apoio, como
pensava Platão, o recurso à intuição, ainda que não tenha em vista propriamente o que
vê através de uma diagramação, mas o que pensa através de um conceito. Tal acontece
quando, por exemplo, se pode enunciar, como o faz Poincaré com base nos axiomas de
incidência ou projetivos de Hilbert, que: “Em toda reta existem pelo menos dois pontos;
em todo plano há, pelo menos, três pontos não colineares; no espaço existem, pelo
menos quatro pontos não complanares” (POINCARÉ in HILBERT, 2003, p. 3191). Este
axioma serve de fundamento lógico para o que John Fossa e Glenn W. Erickson
reconhece como a tetractys de Pitágoras, de acordo com a qual temos uma projeção
(Fossa chama construção) baseada em pontos (FOSSA e ERICKSON, 2005, p. 22-23).
E mais propriamente, o que há aqui é justamente uma demarcação lógica do espaço
tridimensional, de caráter propriamente inteligível, não propriamente sensível, uma vez
que, como assegura Poincaré:
1
Poincaré cita como o axioma I 7 com base na primeira edição dos Fundamentos da geometria de Hilbert.
Na segunda edição, Hilbert faz modificações e, aquilo que é aqui apresentado por Poincaré como a
enunciação do axioma I 7 de Hilbert, corresponde, na segunda edição, mais precisamente, aos axiomas I
3, I 5 e I 8 (cf. HILBERT, op. cit., p. 3; na trad. portuguesa, p. 2).
todo aquele que deixou uma margem para a intuição, por menor que seja, nunca
sonharia em dizer que numa reta há pelo menos dois pontos, ou então teria
acrescentado imediatamente que há um número infinito deles; pois a intuição da
reta ter-lhe-ia revelado imediatamente ambos os fatos.
Nas definições oferecidas por Euclides no início do Livro 7 dos Elementos ele
parece designar com a palavra “mona,j” ora um objeto a enumerar, ora uma
propriedade deste objeto, ora o número um. Em todos os casos é admissível a
tradução “unidade”, mas apenas porque esta própria palavra flutua entre estes
diferentes significados. (FREGE, 1884, p. 39/ 1980, p. 229).
2
A melhor palavra a traduzir aqui o grego sunkei,menon seria algo como conjecta, tal como u`pokei,menon é
mais propriamente traduzível em português como sujeito; mas a palavra conjecta não existe em português
e conjectura, que seria o mais próximo etimologicamente, torce o sentido semanticamente. Assim temos
que pensar a definição de número como multiplicidade composta de unidades ou conjunto de unidades.
anterior e posterior; cf. ARISTÓTELES, Física 218a 25; 219a 28-30; 220a 3-4ss); por
isso, unidade não é medida, mas limite de uma pluralidade medida, uma vez que “um
significa evidentemente medida” (to. d’ e]n o[ti me,tron shmai,nei( fanero,n) e “medida de
alguma pluralidade, e número, multiplicidade medida e multiplicidade de medidas”3
(shmai,nei ga.r to. e]n o[ti me,tron plh,qouj tino,j( kai. o` avriqmo.j o[ti plh/qoj
memetrhme,non kai. plh,qoj me,tron) (ARISTÓTELES, Metafísica N 1, 1087b 33-34 e
1088a 4-6; cf. tb. Metafísica L 7, 1072a 33).
Se, porém, a unidade é o indivisível segundo a quantidade como multiplicidade,
uma vez que unidade é limite do número, e Aristóteles vai assegurar que o ponto é o
indivisível segundo a quantidade como grandeza com posição adicionada, uma vez que
o ponto é limite da linha, como compreender a quantidade de modo a conter esses dois
elementos em sua equivalência? Anuncia-se aqui o que podemos chamar de uma quebra
na categoria de quantidade, uma vez que seus elementos limites revelam-se em função
de, por um lado, uma grandeza contínua (limitada pelo indivisível segundo a quantidade
com posição adicionada) e, por outro, uma multiplicidade descontínua (limitada pelo
indivisível segundo a quantidade sem posição). Demonstrar algebricamente sua
equivalência seria um modo de restaurar essa quebra e, ao mesmo tempo, justificar
algebricamente as definições aristotélicas de ponto e unidade?
A restauração da quebra da categoria de quantidade como multiplicidade e
grandeza (ou magnitude) pode ser dada pela expressão l0=1. É a tentativa de resposta à
seguinte pergunta: Pode-se justificar algebricamente a definição aristotélica de ponto e
unidade por meio de uma equalização que restaura a quebra na categoria de quantidade
como grandeza contínua e multiplicidade descontínua? Parece que sim, uma vez que
Aristóteles compreendeu a unidade como limite do número (multiplicidade descontínua)
e o ponto como limite da linha (magnitude contínua). Entendo por justificação
algébrica, tentando tomar este conceito em um sentido filosófico, que surgiu apenas
com significado matemático, a restauração (al-jabr, álgebra) de uma “quebra” por meio
de uma relação de equivalência (al-mucabola, equalização, equilíbrio, balanceamento)4.
3
Desse modo, aqui aparece, nos termos de Aristóteles, uma diferença entre unidade e um da qual Frege
não se deu conta ao examinar a definição euclidiana. Ainda se faz necessário considerar Aristóteles para
se dedicar a explicitar tais pormenores, algo que Frege realmente não se dedicou a fazer.
4
Segundo Louis Charles Karpinski, o tradutor para o inglês da obra fundadora da álgebra, a partir do
texto latino, intitulada Kitab al-jebr w’al-muqabala (Liber Algebrae et Almukabola, Livro da Restauração
e da Equalização), escrita em 820 d. C. por Mohammed ibn Musa Al-Khowarizmi, “Algebra e
almuqabola são transliterações de palavras árabes significando ‘a restauração’ [the restoration] ou
‘fazendo um todo’ [making whole] e ‘a oposição’ [the opposition] ou ‘balanço’ [balancing]”
Para proceder a essa justificação como restauração da quebra na categoria de
quantidade, procurarei entender primeiro a definição aristotélica de ponto e unidade, a
quebra na categoria de quantidade como multiplicidade descontínua e grandeza contínua
e a sua restauração pela equalização dos limites da multiplicidade descontínua e da
grandeza contínua.
Levarei em consideração dois aspectos fundamentais da definição de ponto e de
unidade. Segundo Aristóteles, ponto é limite da linha, indivisível e tem posição.
Unidade é limite do número, indivisível e não tem posição. Primeiro é importante
ressaltar a diferença: ponto tem posição, por ser limite do contínuo espacial. Unidade
não tem posição por ser limite da descontinuidade numérica. Ambos são limites. E
ambos são indivisíveis. A partir de onde se pode perceber a diferença entre ponto e
unidade? O segredo está em uma evidência categorial expressa pela categoria de
quantidade, sistematicamente bem exposta em Metafísica D 13, 1020a 7ss, que
aprofundaremos abaixo. Fundamental será também compreender que as definições não
são de essência (entidade), mas de elementos. Ambos, unidade e ponto, tem ainda isso
de comum: são elementos mais simples da matemática enquanto aritmética e geometria,
por serem elementos delimitadores da multiplicidade descontínua e da magnitude (ou
grandeza) contínua.
6
Heath traduz o termo poso,n como grandeza. Entendo, porém que, to. poso,n indica, na verdade, o
quantum ou quantidade, como categoria que integra em si não só a grandeza (ou magnitudo, em grego
me,geqoj), mas também a multiplicidade (ou multitudo, em grego plh/qoj). Assim, para manter a distinção
terminológica e garantir a compreensão da diferença no interior da categoria de quantidade, traduzo poso,n
por quantidade, mh/getoj por grandeza ou magnitude e plh/toj por multiplicidade.
Thomas Heath interpreta do seguinte modo:
Esta consideração de Heath pode, contudo, nos induzir a erro, uma vez que a
compreensão do ponto pela expressão “o lugar onde ele está” leva-nos justamente a
pensar no ponto como uma espécie de “nano-corpo” (em todo caso um corpo pelo
menos bidimensional) que ocupa lugar no espaço. Mais propriamente, no texto da Física
a que Heath se refere, Aristóteles diz: avlla. mh.n ouvdemi,an diafora.n e;comen stigmh/j kai.
to,pou stigmh/j, isto é: “mas não podemos de modo algum diferenciar entre ponto e
ponto do lugar” (Física IV, 209a 11s). Isto não quer dizer, portanto, que o ponto está em
um lugar, mas que do ponto pode-se dizer que possui lugar com o qual se confunde, e
não pode ser distinguido disto, isto é, de uma determinada posição limite, passível de
ser categoricamente determinada segundo a categoria de lugar. Quando por exemplo nos
perguntamos sobre onde está algo, referindo-se a um corpo qualquer, respondemos
segundo à figura da predicação onde (pou/), dizendo que está, este corpo qualquer, não o
ponto, em um lugar qualquer como um ponto do espaço, respondendo, por exemplo, à
direita, ou à esquerda etc. Ora, o ponto é o mesmo que o à direita ou à esquerda, isto é,
confunde-se com essa posição enunciada. Na verdade, trata-se de uma posição limite,
não em que o ponto está, mas cuja enunciação é enunciação do próprio ponto, como
ponto lógico, que indica o lugar em que uma coisa (corpo tridimensional) está.
Thomas Heath alega que Aristóteles “depara a dificuldade usual ao levar em
conta a transição do indivisível, ou infinitamente pequeno, para a grandeza finita ou
divisível” (HEATH in EUCLID, 1956, p. 156). Aqui, entendo que a dificuldade é mais
precisamente a passagem daquilo que é entendido como indivisível, porém sem
delimitação, isto é, o ponto, para a grandeza divisível, isto é, a linha, que, porém,
encontra seu limite nesse elemento indivisível, que não tem parte em nada, como
definiu Euclides.
Haveria de fato passagem entre ponto e linha? Certamente não. O processo
mecânico pelo qual de um ponto (sensível, uma marca qualquer sobre uma superfície
qualquer) se pode construir sensivelmente uma linha não é o que propriamente
Aristóteles tem aqui em conta. Heath procura esclarecer melhor quando recorda que
Aristóteles diz que o ponto “é como o agora no tempo: agora é indivisível e não é uma
parte do tempo, ele é somente o começo ou fim, ou a divisão, de tempo, e similarmente
um ponto pode ser uma extremidade, começo ou divisão de uma linha, mas não é parte
dela ou de grandeza (cf. De caelo III. 1, 300 a 14, Física IV. 2, 220 a 1-21, VI. 1, 231 b
6 sqq.). É somente por movimento que um ponto pode gerar uma linha (De anima I. 4,
409 a 4) e assim ser a origem de grandeza.” (HEATH in EUCLID, 1956, p. 156). Esse
processo por movimento é, porém, um fato sensível, não suficiente para a definição do
elemento. Aliás, Aristóteles não está propriamente a afirmar, ele próprio, no De Anima,
que “o ponto movido produz a linha”, mas está justamente tentando refutar a posição de
Xenócrates, segundo a qual a alma seja número que move a si mesmo, pois, segundo
ele, a alma é uma unidade e, pergunta ele: “como compreender que uma unidade se
mova... se ela é sem partes e indiferenciada?” (ARISTÓTELES, De Anima, I, 4, 409a
4)7, diferentemente dos corpos, que têm partes e são diferentes. Assim, Aristóteles não
está propriamente afirmando que o movimento do ponto gera a linha, mas que é preciso
pressupor a linha, para que se pense o ponto como limite da mesma8. Neste sentido, é já
por referência à linha, que se deve compreender que o ponto tenha posição –
diferentemente da unidade –, na medida em que o ponto pode ser uma extremidade,
começo ou divisão de uma linha. Mas, na medida em que de um ponto pode ser gerada
uma linha pelo movimento, deve-se dizer que a linha é nada mais que o lugar no tempo,
sendo o lugar, nesse caso, a posição do ponto como começo. Como compreender
melhor isso?
Heath ainda assegura que “um ponto sendo indivisível, sendo não acumulação de
pontos, pode, contudo, ser levado mais longe, pode nos dar algo divisível, na medida em
que naturalmente uma linha é uma grandeza divisível” (HEATH in EUCLID, 1956, p.
156). Mas como isso é possível ou pode ser expresso, não em uma perspectiva sensível
(mecânica), como quando com uma régua e um lápis traçamos sobre um papel uma
linha de uma marca A a uma marca B? Se, como afirma Heath apoiando-se em
Aristóteles, “pontos não podem constituir qualquer coisa contínua como uma linha,
ponto não pode ser contínuo com ponto (ouv ga,r evstin evco,menon shmei/on shmei/ou h;
stigmh. stigmh/j, De gen. et corr. I. 2, 317a 10) e uma linha não é feita de pontos (ouv
su,gkeitai evk stigmw/n, Física IV. 8, 215b 19)” (HEATH in EUCLID, 1956, p. 156).
7
Segui aqui a tradução de Maria Cecília Gomes dos Reis.
8
Para ver o sentido completo da refutação, convém conferir o brilhante comentário de Maria Cecília
Gomes dos Reis in ARISTÓTELES, De Anima, trad. Maria C. G. dos Reis, São Paulo: Editora 34, 2006,
p. 186 – 189.
Não sendo uma linha constituída de pontos, de que modo podemos pensar esta
“passagem” do ponto como indivisibilidade posicionada ilimitada para a constituição de
uma grandeza contínua tal como a linha? Certamente o mistério se esconde
fundamentalmente na relação entre tempo e quantidade contínua. É a partir da relação
entre o lugar e o tempo como lugar no tempo que se pode pensar a geração da linha a
partir do ponto como começo. Poder-se-ia denominar contínuo a permanência de um
elemento no tempo enquanto constitui grandeza? Certamente. Ponto nada mais é do que
a posição a partir da qual a linha, encontrando o seu limite nessa posição, dela e
somente a partir dela se constitui com ela na passagem do tempo, ou no decorrer do
tempo. A linha é uma posição do espaço demarcado no decorrer do tempo. Posição
nada mais é que o lugar do espaço demarcado. Por isso, não podemos fazer distinção
entre o ponto e o ponto do lugar9. É provavelmente dessa lógica que advirá a
compreensão cartesiana do ponto como par ordenado no espaço e a partir daí se poderá
constituir toda uma matemática topológica. De fato, ao fim e ao cabo, somente na
medida em que estes elementos são pensados no interior da relação com o tempo e o
espaço, é que se pode compreender o ponto como começo e princípio de geração da
linha, uma vez que somente é possível pensar essa geração como posição do espaço
demarcado (lugar) no decorrer do tempo (lapso) segundo o agora anterior e posterior.
9
É curioso que o termo grego stigmh, (furo) tenha sido substituído por Euclides por shmei/on (marca)
para indicar aquilo que do latin conhecemos como Punctus (ponto). Isto poderia explicar melhor a
conjectura de Heiberg [Mathematisches zu Aristoteles (O matemático segundo Aristóteles), p. 8] exposta
por Heath, segundo a qual “foi devido à influência de Platão que a palavra para ‘ponto’ geralmente usada
por Aristóteles (stigmh,) foi trocada por shmei/on (o termo regularmente usado por Euclides, Arquimedes e
escritores posteriores); sendo este termo tardio shmei/on (=nota, uma marca convencional) provavelmente
considerado mais conveniente que stigmh, (um furo), o qual parece poder reivindicar maior realidade para
um ponto” (HEATH, 1956, p. 156). Certamente, esta conveniência do uso de shmei/on provém do fato de
que o termo indica a demarcação e, portanto, a delimitação do ilimitado, mostra o lugar a partir de onde o
contínuo se constitui, e estabelece o seu limite. A linha é sempre também uma disposição unidimensional
do espaço daqui àli. O ponto assume pelo termo shmei/on o caráter indicador de signo, cuja designação
indica a demarcação primeira do espaço contínuo.
assegurando que “mesmo ‘linhas indivisíveis’ devem ter extremidades, de tal modo que
o mesmo argumento, o qual prova a existência de linhas, pode ser usado para provar
que pontos existem.” (HEATH in EUCLID, 1956, p. 156). Heath supõe a probabilidade
de que “quando Aristóteles faz objeção contra a definição de um ponto como
extremidade de uma linha (pe,raj grammh/j) como não científica (Tópicos VI 4, 141b
21), ele está se referindo a Platão.” (HEATH in EUCLID, 1956, p. 156). Parece-me um
tanto exagerado da parte de Heath acreditar que Aristóteles está aqui nos Tópicos a dizer
que a definição de ponto como extremidade de uma linha é não científica. Na verdade, o
que Aristóteles está a discutir é o fato de que é mais científico (evpisthmonikw,teron) em
uma definição exprimir a compreensão do posterior a partir do anterior, e não como no
caso da definição de ponto, linha e superfície, em que na verdade, como no caso da
definição de ponto, em que se diz que ponto é a extremidade da linha, exprimir a
compreensão do anterior a partir da compreensão do posterior. Mas isso é feito
justamente em relação aos impossíveis de conhecer (pro.j tou.j avdunatou,ntaj
gnwri,zein) na ordem mais científica de compreensão do posterior a partir do anterior.
Ora, isto não me pareceria de modo algum uma crítica à definição platônica de ponto
como limite da linha, uma vez que, para o próprio Aristóteles esta definição seria
perfeitamente aceita, ainda que não suficiente, uma vez que tanto ponto quanto unidade
são limites (pe,raj), sendo o ponto limite da linha, e a unidade limite do número. Na
verdade, o que ocorre é que estes elementos são abstrações para Aristóteles, e o estudo
sobre eles é feito numa separação, em que, porém, o princípio não está no ponto, na
linha, ou na superfície, mas no corpo a partir do qual são retirados para serem utilizados.
O ponto é o limite último no processo de abstração, não o primeiro a partir do qual se
constitui os demais. Ora, para Aristóteles, a ciência dos elementos não é propriamente
ciência dos princípios e causas10.
Na verdade, Aristóteles sabe e reconhece uma diferença no interior da categoria
de quantidade como grandeza contínua e multiplicidade descontínua. E aprendeu a
perceber que, em ambos os casos, é possível encontrar os elementos limites. Esses
limites são, no caso da grandeza contínua, o ponto e, no caso da multiplicidade
descontínua, a unidade. E é justamente neste âmbito que ponto e unidade são
10
Essa caracterização dos elementos mais simples da matemática Heidegger mostrou-o bem em seu
“Excurso: Allgemeine Orientierung über das Wesen der Mathematik gemäβ Aristoteles”, in Martin
HEIDEGGER, Platon: Sophistes, Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1992, p. 100 – 121.
equivalentes, na medida em que se restitui o que denominei de quebra na categoria de
quantidade entre a grandeza contínua e a multiplicidade descontínua.
poso,n
mh. sunech plh/qoj me,geqoj eivj sunech,
avriqmh,ton Metrhton
peperasme,non
avriqmo,j grammh, mh/koj evf’ e]n sunece,j
evpifa,neia pla,toj evpi du,o sunece,j
sw/ma ba,toj evpi tri,a sunech,j
quantum
non continua multitudo magnitudo Continua
numerabilis mensurabilis
finita
numerus linea longitudo in unum continuum
superficies latitudo in duo continuo
corpus profunditas in tria continua
quantidade
descontínua multiplicidade grandeza Contínua
11
No Original: plh/qoj me.n ou=n poso,n ti eva.n avriqmhto.n h=|( me,geqoj de. a;n metreto.n h=|) le,getai de. plh/qoj
me.n to. diaireto.n duna,mei eivj mh. sunech/( me,geqoj de. to. eivj sunech/\ me,geqouj de. to. me.n evf’ e]n sunece.j
mh/koj to. d’ evpi. du,o pla,toj to. d’ evpi. tri,a ba,qoj) tou,twn de. plh/qoj me.n to. peperasme,non avriqmoj
mh/koj de. grammh. pla,toj de. evpifa,neia ba,qoj de. sw/ma)
12
Apresento o mapa conceitual em grego, latim e português, para que se possa ter claro a correspondência
terminológica nessas línguas, a fim de que se possa encontrar maior precisão conceitual na determinação
semântica desses termos.
numerável mensurável
finita
número linha longitude contínua em uma
[dimensão]
superfície latitude contínua em duas
[dimensões]
corpo profundidade contínua em três
[dimensões]
Desse modo, ao que parece, para Aristóteles, tanto o tempo como o espaço,
mantém relação com a categoria de quantidade. Sendo que, a continuidade do tempo é
uma continuidade unidimensional e do espaço tridimensional. A multiplicidade seria
unicamente fruto de uma determinação do momento único do movimento (quando), no
horizonte do antes e do depois; enquanto a multiplicidade no espaço é a determinação
tridimensional do lugar ocupado pelo corpo (onde). Exprime-se, assim, ao que me
parece, certo dilema na compreensão do tempo: enquanto o tempo é limitado pelo agora
anterior e posterior ele é número. Enquanto acompanha o movimento natural é contínuo.
E tanto o caráter discreto (descontínuo) dos agoras anterior e posterior, quanto o caráter
contínuo indicado no lapso de tempo (duração circunscrita) são uma indicação da figura
da predicação quanto. Sendo a quantidade número e medida, o quando do ente é o lapso
contínuo limitado do antes ao depois. O tempo parece ser espacializado através da
medida expressa na preposição de... a...; isto é: assim como do espaço posso dizer daqui
àli, posso dizer do tempo de antes a depois. E isso é o que faz com que tanto o tempo
como o espaço possam ser dito contínuos: o espaço como distância e o tempo como
lapso. Assim, o tempo e o espaço, tanto em seu caráter de continuidade como de
multiplicidade pressuporiam, para serem pensados, a categoria de quantidade.13
Poder-se-ia denominar contínuo a permanência de um elemento no tempo
enquanto constitui grandeza? Certamente. Poder-se-ia denominar descontínuo a
variação de um elemento no tempo quando constitui a multiplicidade? Certamente. O
que constitui a variação é o salto de um elemento a outro. A variação é a potência
numérica da dimensão, a qual de um a um (de salto em salto operativo) realiza uma
quebra na continuidade. É pela operação que se constitui a variação no contínuo. É a
própria operação que se vale da multiplicidade numérica para promover alteração no
contínuo.
13
Como a qualidade entraria em jogo, isso eu não consegui ainda pensar em Aristóteles. Em Kant, sendo
o esquema da quantidade o número e da qualidade a sensação, importaria uma melhor determinação dessa
última.
modo acessível pelos sentidos; de fato, Descartes deixa entrever isto quando fala o
seguinte em sua Geometria:
É fácil notar como, desse modo, substituindo os elementos e suas relações por
letras, de antemão já nos colocamos acima da experiência de intuir sensivelmente
(através do desenho ou diagramação em espaço bidimensional) as linhas, para já
compreendê-las em sua evidência intelectual. Assim, se Euclides, tal como fez com o
ponto e a unidade, procurou definir a linha não em termos propriamente algébricos, mas
com conceitos lógicos, dizendo que grammh, de mh,koj apla,tej, isto é: "A linha é latitude
sem profundidade" (EUCLID, 1956, p. 158), Descartes, assim como também fará David
Hilbert mais tarde, apenas define a linha e suas relações por meio de letras14. Assim é
que a torna-se o signo algébrico para uma linha qualquer, e a² é necessariamente a
expressão algébrica da superfície desta linha, assim como a³ exprime o corpo de três
dimensões com base nesta linha (isto só e somente só porque a linha é tomada como
elemento mais simples de proporção e grandeza, uma vez que o ponto, já no sentido
aristotélico, não poderia ser). A partir disto, é fácil deduzir que o ponto possa ser
14
Ao procurar estabelecer no primeiro parágrafo de seus Fundamentos da Geometria “os elementos da
geometria e os cinco grupos de axiomas”, Hilbert já não define ponto, reta, plano, mas fornece a seguinte
explicação (Erklärung) a respeito desses elementos: “Esclarecimento. Imaginemos três sistemas
diferentes de coisas: às coisas do primeiro sistema chamemos pontos e representemo-los por A, B, C,...; às
coisas do segundo sistema chamemos retas e representemo-los por a, b, c,...; às coisas do terceiro sistema
chamemos planos e representemo-los por a( b( g())) . Os pontos chamam-se também os elementos da
geometria linear, os pontos e retas os elementos da geometria plana e os pontos, retas e planos o
elementos da geometria do espaço ou do espaço.” (David HILBERT, Grundlagen der Geometrie, 2 ed.
Leipzig: Teubner, 1903, p. 2; cf. tb. a tradução portuguesa D. HILBERT, Fundamentos da Geometria,
Lisboa: Gradiva 2003, p. 1; nesta tradução os termos Erklärung e Dinge são interpretados de modo um
tanto inconveniente por Definição e Objetos respectivamente, o que não pode deixar de trazer certa
confusão para uma interpretação estritamente filosófica; por isso traduzi os termos acima por
Esclarecimento e Coisas, palavras mais próximas ao significado preciso dos termos). Vê-se que o
formalismo de Hilbert acaba por suspender qualquer tipo de tentativa de compreensão dos elementos em
termos de definição, tal como foi tentada pelos filósofos e matemáticos antigos. Isto o conduz a algumas
suposições no uso dos termos, tal como os termos sistema ou coisas, que acabam por ser discutíveis em
termos filosóficos, ainda que isso interesse pouco ao matemático.
expresso algebricamente pela expressão a0, uma vez que esta pode justamente indicar a
operação de redução da linha a ao ponto que é seu limite, do mesmo modo que a4 é a
expressão que pode indicar a possibilidade lógica de um espaço de quatro dimensões
constituído a partir da linha a, impossível de ser sensivelmente exposto em uma
diagramação visual, ainda que seja logicamente deduzível da série sucessiva de
operações de multiplicação da linha a por si mesma.
Desse modo, a álgebra cartesiana, desenvolvida em sua Geometria, devolve aos
elementos geométricos (ponto, linha, superfície, corpo...) e às operações possíveis com
os mesmos a possibilidade de representação intelectual que lhe é própria, e cuja
evidência e certeza é apenas fruto da lógica das operações e deduções a partir de
princípios, e não de uma construção sensivelmente intuitiva, o que tornaria inclusive o
acesso lógico a outras evidências praticamente impossível, já que nossa sensibilidade
está restrita a um espaço limite de três dimensões. Assim temos que, para toda linha, a,
b, c..., l0 representará a redução de qualquer linha dada ao ponto.
Dado que, para considerar melhor as proporções em particular, Descartes dizia
que "as devia imaginar como linhas, por não encontrar nada mais simples, nem que
pudesse mais distintamente representar à minha imaginação e aos meus sentidos"
(DESCARTES, 2008, p. 33), a compreensão intelectual do ponto, já que este não indica
proporção nenhuma por sua própria definição, só pode ser conquistada por uma
operação de redução de uma linha qualquer para l0. Para que eu obtenha da linha a o
ponto a0, é preciso que eu multiplique a pela linha que lhe seja inversamente
proporcional, ou melhor, por ela própria em proporção inversa, que é indicada pela
expressão a-1; desse modo, aa-1 = a0 . E uma vez que aa-1 = a . 1/a, então a0 = 1.15 E, se
isto vale para a linha a, valerá também para a linha b, c..., de modo que l, que
representa qualquer linha, estabelecerá equivalência entre ponto e unidade pela
expressão l0=1. Esta equação é, no fim das contas, uma adequada restauração da quebra
na categoria de quantidade como magnitude e multiplicidade, uma vez que de um lado
eu obtenho o limite da magnitude, ou ainda, a unidade indivisível tendo posição, e do
outro o limite da multiplicidade, ou igualmente, a unidade indivisível sem posição
adicionada; assim temos uma equivalência entre o limite da grandeza unidimensional e
o limite do número; a equação restaura a quebra, na medida em que equaliza ponto e
15
O caráter de ordem inversa indica inversão na operação. É pela operação que se opera a variação no
contínuo. Se da linha a eu realizava a operação de multiplicação, agora, para reduzi-la a seu limite, eu
multipliquei-a por sua razão inversa.
unidade, em função de seu caráter de limite, bem como o de não dimensionalidade, e o
de unidade não proporcional (pois não exprime grandeza nem multiplicidade, mas se faz
limite de ambas). Na verdade, na operação de recondução da linha ao ponto se restaura
o liame da quebra na quantidade como grandeza contínua e quantidade como
multiplicidade descontínua, que tem na juntura a sua mais perfeita expressão: aa-1 =
a.1/a = a0 = 1, de tal modo que para todo l, se l0, então l0=1.
De fato, já o próprio Aristóteles, ao falar da categoria de quantidade, exprimiu
no livro D da Metafísica, que a grandeza contínua mensurável mais simples é a linha (cf.
ARISTÓTELES, Metafísica D 13, 1020a 7-14). Desse modo, o ponto não tem grandeza,
não é contínuo, nem mensurável.
Também Leibniz exprime esta mesma intuição quando diz: Extensio est spatii
magnitudo. Si spatii magnitudo aequabiliter minuatur, abit in punctum cujus magnitudo
nulla est. Isto é: A extensão é a grandeza do espaço. Se o espaço é contínua e
equivalentemente diminuído, desaparece no ponto, cuja grandeza é nula. (LEIBNIZ
apud HEIDEGGER, 1994, p. 323). Tanto o ponto como a unidade, enquanto elementos
não possuem dimensão.
Toda essa interpretação teórica do conceito exprime-se de maneira simples na
equação algébrica acima, e apresenta de modo intelectualmente evidente a concepção de
ponto e unidade como os elementos limites da categoria de quantidade como grandeza e
multiplicidade. A expressão l0=1 torna-se, assim, uma restauração algébrica
consideravelmente precisa da quebra na categoria de quantidade.16
As potências das linhas se fazem, assim, os operadores múltiplos das dimensões
do espaço e de sua redução ao ponto. É este mesmo esquema operativo que também
permitirá o desdobramento de um espaço paralelo inverso multidimensional de uma
dada linha a, a partir de a-1, que se pode desdobrar ainda em a-2, a-3 e assim
indefinidamente.
16
Foi-me feita a objeção por um colega matemático de que certamente eu não poderia adotar a
compreensão de que esta expressão implica uma equivalência entre ponto e unidade, uma vez que o 1 na
equivalência exprime um comprimento. Não entendo que isto possa ser considerado, uma vez que se 1
fosse um comprimento, ou a0 como seu equivalente, eu não poderia assegurar a seguinte igualdade: 1=12,
ou mesmo 1=1³, pois os termos desta equação deveriam exprimir uma diferença entre si, o que não
acontece. Por isso, pode-se dizer precisamente que para toda linha l, elevar qualquer linha a zero implica
multiplica-la por sua razão inversa, o que significa reduzir qualquer linha ao ponto e encontrar que ela
seja equivalente à unidade.
Vê-se, com isso, que a evidência intelectual ultrapassa a sensibilidade, e nos
coloca diante de possibilidades puramente lógicas, certamente não passíveis de serem
diagramadas e tornadas, com isso, sensíveis. Com a evidência lógica, ou intuição
intelectual, (ou o que ainda podemos chamar de intuição algébrica, seguindo a sugestão
do físico brasileiro Mário Schönberg), a própria mente humana vai além dos limites que
a sensibilidade lhe impõe. E como Richard Dedekind vai mais tarde afirmar, ao falar das
quatro operações e dizer que "enquanto a performance das operações de adição e
multiplicação é sempre possível, aquela das operações inversas, subtração e divisão,
prova ser limitada", isto é, limitada de um ponto de vista sensível e pragmático, pois
"justamente esta limitação na performance das operações indiretas tem sido, em cada
caso, o motivo real para um novo ato criativo; assim, os números negativos e
fracionários foram criados pela mente humana; e no sistema de todos os números
racionais tem-se conquistado um instrumento de perfeição infinitamente maior"
(DEDEKIND, 1963, p. 4). Poderíamos dizer com Descartes que, sem o reconhecimento
da conquista do conhecimento matemático pela evidência intelectual, jamais a mente
humana seria capaz de ultrapassar os limites da sensibilidade, a fim de conquistar esse
instrumento de perfeição infinitamente maior.
7 Conclusão
REFERÊNCIAS
____. Metafísica. Edición Trilíngüe. Trad. Valentín García Yebra. 2 ed. Madrid:
Gredos, 1998.
____. De Anima. Trad. Maria Cecília Gomes dos Reis. São Paulo: Editora 34, 2006.
DESCARTES, René. The Geometry of Rene Descartes; with a facsimile of the first
edition. Trad. David Eugene Smith e Marcia L. Lathan. New York: Dover, 1954.
____. Discurso do Método. Trad. João Gama. Lisboa: Edições 70, 2008.
ERICKSON, Glenn W. e FOSSA, John A. Número e Razão; Os fundamentos
matemáticos da metafísica platônica. Natal: EDUFRN, 2005.
EUCLID. The Thirteen Books of the Elements. Trad. Sir Thomas L. Heath. 2 ed. New
York: Dover, 1956.
FREGE, Johann Gottlob. Die Grundlagen der Arithmetick; Eine logisch mathematische
Untersuchung über den Begriff der Zahl. Breslau: Wilhelm Koebner, 1884.
KARPINSKI, Louis Charles. Robert Rochester’s Latin Translation of the Algebra of Al-
Khowarizmi. Trad. Charles Louis Karpinski. New York: Macmillan Company, 1915.