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ABSTRACT: This paper presents the analysis and comparison of 4 standards that regulate
the design of timber structures, regarding fire resistance. The work aims to provide
information to Brazilian designers wishing to apply these standards on the basic models and
assumptions, simplifications and design criteria for wood beams submitted to flexural
bending, underlying those standards. The similarities between them are indicated and the
consequences for the design of the differences between different standards are analyzed.
Numerical results that illustrate the practical implications of these differences are presented.
Several suggestions regarding topics to be investigated conclude the work.
Keywords: fire resistance, glulam, fire design, wood beam
1 INTRODUÇÃO
A preocupação dos organismos reguladores nacionais com a segurança estrutural ao fogo nas
edificações modernas é demonstrada pelo recente Projeto 24:301.06-002, Exigências de
resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações, de março de 1999, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Este projeto de norma estabelece
condições a serem atendidas pelos elementos estruturais de edifícios em caso de incêndio para
que seja evitado o colapso estrutural e sejam atendidos os requisitos de estanqueidade e
isolamento por um tempo suficiente a fim de permitir a desocupação da edificação em
condições de segurança, a retirada de equipamentos e objetos de valor, as operações de
combate ao incêndio e a minimização de danos a edificações adjacentes e à infraestrutura
pública.
A norma brasileira NBR 5628 (1980), a norte americana ASTM E 119 (1980) e de outros
países recomendam que o comportamento ao fogo de peças estruturais seja determinado com
amostras representativas do elemento construtivo, incluindo todos os tipos de juntas previstos,
os elementos de fixação e apoio, os vínculos e os acabamentos que reproduzam as condições
de uso. Como estes métodos experimentais são bastante caros, surgiram métodos analíticos
para prever a resistência estrutural de peças de madeira baseados na redução da seção
transversal causada pela carbonização.
Com o objetivo de fornecer subsídios ao projetista que deseja considerar a ação do fogo em
estruturas de madeira, será apresentada uma análise dos critérios de dimensionamento de
elementos submetidos à flexão de algumas normas estrangeiras. Para ilustrar as diferenças
encontradas nestas normas, foram selecionadas as normas francesa, norte americana,
australiana e britânica.
A estrutura de madeira, quando submetida à ação do fogo, tem perda de seção resistente
devido à combustão e perda de resistência mecânica devido à degradação térmica da sua
estrutura provocada pelas altas temperaturas. Os elementos de madeira laminada colada ou
maciça, quando expostos ao fogo, são mais rapidamente consumidos nas suas quinas que se
arredondam progressivamente. Neste local, a velocidade de carbonização é maior que a
velocidade de carbonização média. Conforme as dimensões da seção transversal da peça, o
arredondamento pode influenciar significativamente a resistência ao fogo do elemento
estrutural.
A redução da seção transversal das peças de madeira está ligada diretamente à velocidade de
carbonização. Portanto, para a determinação confiável da resistência ao fogo, é necessário que
a velocidade de carbonização seja determinada em função de propriedades representativas da
madeira. WHITE e NORDHEIM (1992) e WHITE e DIETENBERGER (1999) mencionam
que as diferenças de comportamento entre as espécies de madeira com relação à resistência ao
fogo e à carbonização estão relacionadas basicamente com a espécie, densidade, anatomia,
teor de umidade, composição química e permeabilidade, sendo o teor de umidade o fator que
mais afeta a velocidade de carbonização. Sabe-se também que a forma e a dimensão da seção
transversal, a duração do aquecimento, a natureza do foco calorífico e o fornecimento e
velocidade do ar influenciam a queima do material.
Seção Seção
residual H residual h H
h
b b
B B
a) 4 lados de exposição ao b) 3 lados de exposição ao
fogo fogo
Figura 1 – Seção transversal da viga
Portanto, uma viga cuja seção transversal tem largura e altura iniciais B e H, respectivamente,
quando exposta ao fogo por certo um tempo, tem as suas dimensões reduzidas para b e h. O
colapso ocorre quando a redução na seção transversal resultar no valor crítico do módulo
resistente da seção, Wfogo, o que por sua vez levará à tensão limite, conforme a equação 2.
M fogo M α
= , (2)
W
fogo W k
sendo Mfogo o momento fletor devido às ações consideradas em caso de incêndio;
M, o momento fletor devido às ações em serviço;
Wfogo, o módulo resistente da seção residual;
W, o módulo resistente da seção;
α, coeficiente de redução das propriedades mecânicas da madeira e
k, coeficiente de segurança utilizado.
3 ANÁLISE DE NORMAS
Nesta seção será feita a análise dos critérios principais adotados no dimensionamento de
membros submetidos à flexão considerando a resistência ao fogo conforme as normas
americana, francesa, australiana e britânica.
O NDS de 1991 pouco apresenta sobre a resistência das madeiras ao fogo. Em alguns ítens
aborda a influência de baixas temperaturas (até 65 oC) sobre as peças estruturais ou então
remete à bibliografia auxiliar. Nos ítens 2.3.4 e 7.3.5 são apresentados, conforme o teor de
umidade e a faixa de temperatura, valores para o coeficiente de temperatura Ct, o qual é um
redutor das resistências nominais. O menor valor apresentado é Ct = 0,5 para madeiras úmidas
submetidas a temperaturas entre 51 e 65 oC.
O anexo C desta norma cita o Wood Handbook – Wood as an Engineering Material para
informações adicionais sobre o efeito da temperatura na resistência da madeira. Neste livro
WHITE (1999) apresenta uma síntese do comportamento da madeira quando submetida a
incêndio padrão segundo o método de ensaio ASTM E119. O autor informa as variações das
taxas de carbonização em função do tempo e desenvolve, para várias espécies vegetais,
equações empíricas para a taxa de carbonização C (min/mm) em função da densidade e do
teor de umidade. Para a espécie Douglas-fir, que apresenta características próximas à do
Pinus taeda, é proposta a taxa de carbonização
C = (0,002269 + 0,00457 µ )ρ + 0,331 , (6)
sendo µ o teor de umidade (fração de massa seca ao forno) e ρ a densidade dada em kg/m³.
É proposta ainda, por meio de um modelo linear, uma relação entre o tempo de exposição t
(min), a taxa de carbonização C e a profundidade da camada de carvão xc (mm) por meio da
equação abaixo:
t
xc = . (7)
C
WHITE (1999) expõe rapidamente formulações não lineares para a análise numérica do
gradiente de temperatura na seção transversal com o objetivo de estimar a capacidade de
carga da madeira não carbonizada durante e depois do fogo.
Pode-se dizer que, segundo a norma americana, a seção residual deve suportar as solicitações
nas situações de incêndio, considerando que as propriedades mecânicas desse material são
afetadas pela temperatura, conforme proposição de SCHAFFER (1973 e 1977) e LIE (1977).
Este último, por exemplo, informa que as reduções da resistência à tração e do módulo de
elasticidade devido ao aumento da temperatura da parte não carbonizada são na ordem de 0,85
a 0,90 das propriedades originais. Porém LIE (1977) adota α = 0,8, com o objetivo de
considerar também o arredondamento dos cantos da seção transversal causado pela velocidade
de carbonização maior.
Esta norma especifica que a velocidade de carbonização β (mm/min) seja calculada por
2
280
β = 0,4 + , (9)
δ
sendo δ a densidade da madeira com um teor de umidade de 12% dada em kg/m3. A
profundidade efetiva da camada afetada durante o período de exposição ao fogo é dada por
xc = β ⋅ t + 7,5 , (10)
sendo xc dada em mm e t dado em min. A equação acima considera uma camada de 7,5 mm
de madeira não carbonizada durante o processo mas que teve suas propriedades mecânicas
alteradas devido às altas temperaturas e que não mais apresenta propriedades mecânicas para
contribuir com a resistência da seção transversal residual.
O método britânico define a estabilidade dos elementos estruturais como sendo a capacidade
de suportar a carga aplicada durante o período de teste de fogo. No caso de peças submetidas
à flexão, considera ainda como sendo a capacidade de resistir também à deflexão durante o
referido teste.
Para um tempo de exposição pré-definido, a norma britânica determina que a seção residual
deve resistir aos esforços de tal forma que a tensão atuante seja menor que a tensão
permissível para carga de longa duração e madeira seca multiplicada por 2,0, se a largura
inicial da peça for menor que 70 mm, ou multiplicada por 2,25, se a espessura for maior ou
igual àquele valor.
No tocante à deflexão, esta deve ser menor que o vão livre dividido por 30 e calculada usando
a seção resistente residual definida pela norma e o módulo de elasticidade médio ou mínimo.
A seguir analisam-se os principais fatores considerados pelas normas analisadas que afetam a
estabilidade ao fogo de estruturas de madeira, que são: as dimensões originais e residuais da
seção transversal, a combinação de carregamento, os coeficientes de segurança e de redução
da resistência mecânica devido à temperatura.
Para ilustrar a aplicação das normas é adotada uma viga bi-apoiada de madeira laminada
colada de Pinus taeda com 15 cm de base, 55 de altura e 5,0 m de comprimento, sendo a
carga permanente da viga igual a 2,92 kN/m e a carga acidental 10 kN/m. Supõe-se que a viga
tenha a sua parte superior protegida pelo assoalho e assim a apenas 3 lados sejam expostos ao
fogo, como mostra a figura 1b. A parte comprimida da viga está impedida de ter flambagem
lateral. Os critérios de dimensionamento seguidos são os prescritos pela NBR7190.
As propriedadades mecânicas do material são: densidade de 430 kg/m3, resistência à
compressão e à tração paralelas às fibras de 22,90 MPa e 28,61 MPa, respectivamente. A
resistência ao cisalhamento na presença de tensões tangencias às fibras é 3,95 MPa. A
velocidade de carbonização da madeira para as normas americana e australiana foram
calculadas conforme as equações 6 e 9, respectivamente. Para as demais normas foram
utilizados os valores fixados para o caso.
Conclui-se que, para os critérios de projeto das normas analisadas serem utilizados no Brasil é
necessário, antes de tudo, determinar, por meio de testes de incêndio padrão, a velocidade de
combustão das madeiras brasileiras em função de suas características fundamentais, utilizando
amostras representativas do elemento construtivo. Sabe-se que as informações disponíveis na
literatura sobre este parâmetro foram obtidas para espécies vegetais diferentes das brasileiras
e desenvolvidas em outro tipo de clima. Portanto, para serem empregados para as espécies
brasileira é necessário confimá-los por meio de testes experimentais adequados, visto que
sem o valor preciso da velocidade de combustão não se consegue fazer uma previsão
confiável da resistência ao fogo dos elementos estruturais Devido à isso, a determinação
precisa da velocidade de combustão para as diferentes espécies de madeiras brasileiras é uma
área aberta a futuras pesquisas.
Inglaterra
0,60
França
B/H
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Altura H (mm)
0,80
0,70
EUA
0,60 Australia
0,50
Inglaterra
França
B/H
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Altura H (mm)
Gráfico 3 - Dimensões críticas para tempo de exposição ao fogo de 30
min, variando somente a velocidade de carbonização
1,80
1,60
1,40 EUA
1,20
Australia
Inglaterra
1,00
B/H
França
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Altura H (mm)
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS