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JACQUES GONNET
EDUCAÇÃO E MÍDIAS
Tradução
MARIA LUIZA BELLONI
Edições Loyola
Título original
Éducation et médias
© Presses Universitaires de France, 1997
108, boulevard Saint-Germain, 75006 —Paris
ISBN: 2 13 048414 X
PREPARAÇÃO: Iranildo Bezerra
DIAGRAMAÇÃO: Míriam de Melo Francisco
REVISÃO: Maurício Balthazar Leal
Edições Loyola
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APRESENTAÇÃO 7
INTRODUÇÃO 11
CONCLUSÃO 99
Apresentação
"— Pécuchet, meu amigo, acabo de ter uma boa ideia: por
que não se suprime a escola? Com as mídias, hoje, não se
acessam todos os conhecimentos? E elas são tão mais
engraçadas do que a escola! Você se lembra do tempo em
que você era aluno? Ah, ah! O que retemos da escola? A
cantina, o quadro-negro, os castigos do domingo...
Lógicas e expectativas
I. As mídias
II. A educação
1. Os pais
2. Os jovens
1. As instâncias privadas
2. As instâncias públicas
V. A escolarização do saber
Os programas de educação
para as mídias
1. Os objetivos
3. Os temas fundamentais
4. A dimensão transversal
I. Os referenciais implícitos
Produzir mídias?
Perspectivas de futuro
64 Ibid., 93.
mídias?
Outra constante de todos os países implicados nesta
educação: como formar os professores? Ou, mais
exatamente, qual é a expectativa de formação dos
professores? Os problemas encontrados são quase sempre
os mesmos. De um lado, professores que inovam sem se
preocupar com qualquer avaliação, com o riscos de graves
deslizes; de outro, professores que não podem nem
considerar integrar uma inovação, se eles não foram
formados para ela, se os programas não os convidam
explicitamente a isso. A dimensão psicológica nos dois
casos é fundamental. Klaus Boeckmann, professor de
didática das mídias na Áustria, interroga-se sobre os freios
suscetíveis de impedir essa formação: "Os professores
chegam ao estágio com idéias já prontas que dificultam a
abordagem do objetivo. Eles seguiram um itinerário de
formação onde se colocava a tônica em valores racionais
analíticos e literários. É por isso que os professores
percebem a utilização das mídias, particularmente da
televisão, como algo culturalmente inferior, ligado ao prazer
e pouco sério. Eles vêem, pois, muitas vezes, seu próprio
consumo de televisão como uma perda de tempo, e, de
fato, em defasagem com relação à sua posição intelectual
(...). Uma formação que quer fundamentar a idéia de
educação para as mídias na individualidade do ensino
deve levar a sério estes comportamentos e toma-los em
consideração"65.
65 Ibid., 97.
Os casos mais suscetíveis de nos perturbar vêm de
uma outra lógica, de uma outra maneira de colocar os
problemas. Assim, parece que, no Japão, uma educação
para as mídias de tipo crítico seja particularmente difícil de
realizar por receio de exercer seu senso crítico, receio
muito difundido, na opinião de Midori F. Suzuki, que lamenta
que a educação para as mídias em seu país "seja
geralmente considerada um prolongamento da educação
audiovisual tradicional (isto é, que a televisão e as outras
mídias não sejam utilizadas senão como material
pedagógico anexo). Uma tendência atual, que me parece
se generalizar (e que me causa a maior das apreensões),
é a introdução de novas tecnologias eletrônicas, tais como
os computadores individuais, nas salas de aula. Aprende-
se a utilizá-los e chama-se isto de educação para as
mídias".
A ausência de uma atitude crítica do sistema educativo
público japonês é, para Suzuki, o resultado do complexo
político-econômico-industrial nascido após a Segunda
Guerra Mundial. "Assim, o que se ensina nas escolas
públicas (a respeito do complexo industrial, por exemplo) é
apresentado como algo dado: 'as coisas são assim'. Tal
atitude, aliada a uma intensa competição nos exames de
ingresso, engendra um tipo de ensino que consiste em
empanturrar os estudantes com fatos, sem formar seu
senso crítico"66.
Esta imensa variedade de situações explica o
66 Ibid., 182.
sentimento de vertigem que toma conta daquele que busca
compreender as diretrizes desta educação. A multiplicidade
dos parâmetros, particularmente, prejudica o desígnio geral
do projeto. É sem dúvida a razão pela qual é preciso
acolher com alívio as primeiras tentativas de avaliação que
têm um mérito inegável: ao esforçar-se por descrever, ao
menos qualitativamente, as práticas e os efeitos desta
educação, elas dissipam em grande parte esta impressão
de indefinição que envolvem, às vezes, ações generosas,
porém mal definidas. Ao fazê-lo, elas representam, sem
dúvida, as chaves de uma segunda fase, mais estruturada,
delimitada melhor, que nascerá provavelmente amanhã
desta necessidade de educar para as mídias.