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Psicologia da Saúde

Material Teórico
O Surgimento da Psicologia da Saúde

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Carmen Conti

Revisão Textual:
Prof. Dra. Selma Aparecida Cesarin
O Surgimento da Psicologia da Saúde

• O Surgimento da Psicologia da Saúde Sobre O Conceito de Saúde


• A Saúde e A Doença Vistas Através do Tempo
• A Origem do Termo “Psicologia da Saúde” e O Seu Nascimento como
Área de Atuação e Conhecimento
• Como se Define O Campo da Psicologia da Saúde?
• Os Aspectos Históricos da Formação da Área
• As Diferentes Vertentes que Relacionam Psicologia e Medicina
• Psicologia Clínica, Psicologia da Saúde e Psicologia Clínica da Saúde

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o conceito de Saúde, como se desenvolveu ao longo
da História e como o conhecemos hoje;
· Conhecer as correntes de pensamento que perpassaram e perpassam
a formação e história da Psicologia da Saúde, ligadas à Medicina e
à Psicologia;
· Iniciar o contato com a prática do profissional da Psicologia da
Saúde, tendo vistas para relações com outras práticas das diversas
áreas do conhecimento.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde

O Surgimento da Psicologia da Saúde Sobre


O Conceito de Saúde
Existe uma tensão entre a manifestação objetiva da doença e sua apreensão
pelos profissionais da área da Saúde e a expressão subjetiva do paciente que a vive.
A tradução da combinação entre esses dois elementos deve produzir uma trama
sofisticada que leva em consideração os vários aspectos da vida humana, e não
só os elementos biomédicos da doença. A vivência, as consequências subjetivas,
a nova condição também são elementos importantes no tratamento e na relação
estabelecida entre paciente e profissional da Saúde.

De acordo com a Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, em


1986, em Ottawa, a Saúde é um conceito positivo, em que a qualidade de vida
é fator determinante, com seus componentes: alimentação, moradia, renda, paz,
equidade, justiça social e ecossistema estável.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), é importante a ideia de que os


indivíduos e as comunidades/grupos precisam tomar para si a tarefa de elaborar as
condições de vida adequadas, de forma a produzir um modo de vida que favoreça
a Saúde e não a doença (BACKES et al., 2008, p.112).
“Nesse sentido, direito à Saúde significa a garantia, pelo Estado, de
condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações
e serviços de promoção, proteção e recuperação da Saúde, em todos
os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao
desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade” (BACKES
et al., 2008, p.112).

Partindo dessa definição de Saúde, um problema nos é apresentado. É possível


que uma só área do conhecimento ou de atuação seja capaz de dar conta da
multiplicidade de fatores que determinam um conceito tão amplo de Saúde?

Se uma prática que privilegie a prevenção está ligada a aspectos que envolvem
políticas de Estado, hábitos cotidianos, diferentes campos do saber e da Saúde –
do corpo e da mente, qual é a articulação necessária para que isso possa se
tornar prática?

Um dos aspectos que dificultam muito a integralidade da Saúde em suas plenas condições
Explor

são as contradições sociais. Aqui está uma sugestão de filme que aborda a relação entre
Saúde e as contradições sociais vividas em nosso tempo. Chama-se “Eu, Daniel Blake”, do
cineasta britânico Ken Loach. Assista ao trailer em: https://goo.gl/1u41FW.

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A Saúde e A Doença Vistas Através
do Tempo
Se visitamos os diferentes momentos da História da Humanidade, perceberemos
que a Saúde já ocupou os lugares mais distintos nas culturas das civilizações de
nossa espécie, sendo sempre um centro de investigação, curiosidade e busca
pelos mecanismos de funcionamento do corpo e da relação de nosso corpo com
o ambiente. O que causam as doenças? Como se produz longevidade? Possuímos
existência para além da vida do corpo físico?

Muitas vezes, a Ciência esteve entrelaçada com as religiões nessas pesquisas. Os


egípcios da Antiguidade, por exemplo, desenvolveram um método ultrassofisticado
de conservação dos corpos a partir do embalsamamento, método que eles
acreditavam que garantiria a eternização dos corpos dos grandes homens e mulheres
de sua sociedade. É um exemplo de entrelaçamento entre a pesquisa científica e as
práticas ou expectativas espirituais.

Vamos ver como a Saúde era enxergada nas diferentes eras?

Acreditava-se que as doenças poderiam ser causadas por


Antiguidade Clássica razão natural ou sobrenatural. Desse modo, a filosofia
religiosa era uma mediadora da compreensão sobre a Saúde.
Trata-se de um período fortemente marcado pela
religiosidade. Também é um período de grandes epidemias.
Por isso, acreditava-se numa lógica do contágio, pela água ou
Idade Média ambiente, ou mesmo a partir de critérios místicos (bruxaria,
por exemplo). Avançou-se na investigação de como se
procediam aos contágios.
As condições de salubridade aumentam e a concepção do
tratamento individualizado cresce, bem como a ideia de que
para cada doença há um tratamento (o estudo das doenças
bacteriológicas avança bastante nesse período). Período em
Modernidade (do século XVIII ao século XX) que a medicina ganha caráter mais biológico, desvinculado
dos aspectos filosóficos. Passa a valorizar o cuidado da doença
propriamente, assumindo caráter mais experimental do
que empírico.
Diferente da lógica mais fragmentária e objetivista
verificada nos séculos anteriores, surge uma noção de Saúde
Contemporaneidade (a partir do século XX) multideterminada, em que a espécie humana é vista como
construída (do ponto de vista da Saúde) de forma biológica,
psíquica e social.

“Os conceitos médicos atuais representam o resultado da práxis de cuidado


de Saúde. Isto é, os conceitos simplesmente se concretizam pelo modo
de vida e pela comunicação sobre a vida. Entretanto, existe mais de um
conceito sobre Saúde e doença que os estudos atuais apresentam, e esses
conceitos resultam da práxis normal” (BACKES et al., 2008, p.113).

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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde

A compreensão de normalidade é dada a partir da frequência dos fenômenos.


O normal é o mais comum, o mais frequente. Em outras áreas do conhecimento,
como as Ciências Humanas, esse critério de normalidade também é adotado. Não
há, no entanto, uma normalidade a-histórica, deslocada do espaço e do tempo.
Cada geografia e temporalidade produz suas normalidades, e como passamos a
compreender a Saúde a partir de suas múltiplas determinações, é preciso também
combinar as determinações e o espaço-tempo em que elas se encontram. A Saúde
e a doença, assim como tudo na História da Humanidade, são históricas.

Como os aspectos a serem considerados são múltiplos, é importante que,


para além de uma aplicação técnica, exista uma lógica de promoção da Saúde,
compreendendo as diferenças e as necessidades de cada indivíduo ou grupo social.
Termos como “empoderamento” ou “vulnerabilidade” vêm sendo aplicados e
desenvolvidos para um atendimento às questões da Saúde a partir de uma dinâmica
equitativa – em dimensão social ou individual.

Entre as condições vividas por diferentes grupos, devemos destacar que


demandam diferentes atenções e possuem necessidades também distintas, por
sua particularidade biológica (as pessoas de sexo feminino, as crianças, os idosos,
os homens); sua orientação sexual (existem diferentes demandas de prevenção e
cuidado de doenças nos grupos com orientação sexual e de gênero não normativos,
como os transexuais, as lésbicas, os bissexuais, os homossexuais, os interssex
e os trangêneros); sua etnia (particularidades de Saúde em negros, indígenas,
causasianos etc.).

Combinados a essas particularidades, estão os aspectos sociais e a posição


que ocupam esses indivíduos e grupos. Por vivermos ainda em uma sociedade
altamente segregada, existem grupos mais expostos e vulneráveis a doenças e com
menos condições materiais e subjetivas de possuir aquilo que definimos como os
aspectos integrais que determinam a Saúde. Dessa forma, é importante sempre
levar em consideração cada um desses fatores no atendimento e trato dos grupos
e indivíduos.

Equidade (Dicionário Michaelis): e·qui·da·de (ü ou u) sf. 1 Consideração em relação


Explor

ao direito de cada um independentemente da lei positiva, levando em conta o que se


considera justo. 2 Integridade quanto ao proceder, opinar, julgar; equanimidade, igualdade,
imparcialidade, justiça, retidão. 3 Disposição para reconhecer imparcialmente o direito de
cada um. ETIMOLOGIA lat æquĭtas.

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A Origem do Termo “Psicologia da Saúde” e
O Seu Nascimento como Área de Atuação
e Conhecimento
O fim da década de 1960 e a década de 1970 do século XX consistem em
um período de profundas transformações sociais, políticas e culturais. No Brasil
e no mundo, havia forte embate em torno a diferentes experiências. A ex União
Soviética ainda existia; é quando presenciamos as grandes movimentações de Maio
de 68 na França, quando pensadores de envergadura da estética, da política e da
filosofia despontam ou amadurecem seu pensamento e, no Brasil, um período de
embates também, em torno das posições políticas e do comportamento, na vigência
da ditadura civil-militar no país e no auge da censura, com a implementação do Ato
Institucional de nº 5 (AI5).

Você Sabia? Importante!

No Brasil, em 13 de dezembro de 1968, foi decretado o Ato Institucional nº 5, ou AI-5,


sendo o quinto Decreto emitido pelo regime civil-militar nos anos que seguiram ao golpe
de 1964. O AI5 se sobrepunha à Constituição de 1967, dando poderes extraordinários ao
presidente e garantindo a suspensão de prerrogativas institucionais.
Essa era a medida que faltava à ditadura para cassar direitos políticos e democráticos,
endurecer a censura e intervir em estados e municípios, dando origem, por exemplo, ao
fechamento do Congresso Nacional, em 1969.

Em períodos de forte ebulição em âmbito nacional ou mundial é que as correntes


de pensamento se desenvolvem e se enfrentam e a Ciência encontra novos
caminhos para responder aos questionamentos estabelecidos por aquele momento
histórico. É no marco desse contexto que a Psicologia da Saúde surge como área
de atuação e corrente de pensamento.

Veremos ao longo de nossa Disciplina que a Psicologia da Saúde abriu dois


importantes flancos de atuação e pensamento: o entendimento da Saúde descolado
da doença e o trato com as doenças físicas, diferentemente do que a Psicologia
costumava abordar, as doenças mentais.

Quando surge nos Estados Unidos, em 1973, os pesquisadores da área


se propunham a investigar os aspectos do comportamento que interferiam no
desenvolvimento da Saúde física ou que contribuíam para a manutenção da Saúde
(APA TASK FORCE ON HEALTH RESEARCH, 1976, p.263).

Em 1979, temos a primeira definição de Psicologia da Saúde, quando Stone


a determina como a aplicação científica ou profissional de métodos e conceitos
psicológicos ao campo da Saúde, seja na Saúde Pública, na planificação da Saúde,
na educação para a Saúde etc. Trata-se de um dos primeiros livros em que o termo
“Psicologia da Saúde” constava no título (RIBEIRO, 2011, p.24).

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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde

Fonte: iStock/Getty Images

Como se Define O Campo da Psicologia


da Saúde?
A Psicologia da Saúde tem como foco o modo de vida dos indivíduos, seus
hábitos e como se comportam, aspectos que se desdobram na forma como esse
indivíduo se relaciona com o próprio corpo e a vida e com as demais pessoas.

As dimensões sociais e culturais também têm relevância na atuação dessa área


de conhecimento, não somente os aspectos médicos. Leva em consideração
a importância de que as pessoas planejem e organizem a sua vida a partir de
comportamentos e práticas promotoras de Saúde e preventivas das doenças, bem
como acompanhando o processo de adaptação ao adoecer e suas consequências
(BARROS, 1999).

Dessa forma, o comportamento no contexto da Saúde e da doença,


principalmente, no que diz respeito à Saúde e doença físicas, é o objeto da Psicologia
da Saúde, diferente da Psicologia Clínica.
“P. S. é o conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais
específicas da Psicologia, utilizadas para a promoção e a manutenção da
Saúde, prevenção e tratamento das doenças, identificação da etiologia e
diagnóstico (de problemas) relacionados à Saúde, doença e disfunções,
para a análise do sistema de atenção à Saúde e formação de políticas de
Saúde” (MATARAZZO, 1980, p. 815).

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Os Aspectos Históricos da Formação da Área
A Psicologia da Saúde tem início em um grupo de pesquisa em 1970, na Ame-
rican Psychological Association (APA), tendo desdobramento prático da pesquisa
com a criação da divisão 38, chamada Health Psychology (Psicologia da Saúde).

A ideia era desenvolver os estudos da Psicologia ligados à Saúde e à doença,


incentivando a relação mais estreita entre a formação biomédica e o conhecimento
da Psicologia. Rapidamente, a área foi assumindo proporções importantes, criando
grupos de pesquisa em países da Europa (Espanha, Itália, etc.).

Você Sabia? Importante!

Nesse período, várias revistas especializadas foram fundadas, como o British Journal
of Health Psychology (Reino Unido), a Revista de Psicologia de la Salud (Espanha) e a
Psicologia della Salutte (Itália).

Em 1978, a Conferência de Yale definiu o campo da Medicina Comportamental,


base sobre a qual a Psicologia da Saúde se constituiu, com a perspectiva de integração
entre as ciências do comportamento e as ciências biomédicas (SARAFINO, 2004;
KERBAUY, 2002).

Assim, essa denominação aponta para uma área que se utiliza do conhecimento
da Psicologia para os problemas da doença e da Saúde, o que decorre em problemas
ou inadequações no tratamento da atuação do psicólogo e em relação a esse campo
de conhecimento, na medida em que confunde e limita essa atuação. Termos como
“medicina comportamental”, “psicologia médica”, “medicina psicossomática”,
“psicologia hospitalar” são expressões dessas definições de campo, inadequadas,
de acordo com Bellar e Deardorff (1995, p.464 apud MIYAZAKI, DOMINGOS &
CABALLO, 2001).
“Essa situação se reflete na prática na forma de confusão quanto à
definição do papel profissional do psicólogo atuante na área da Saúde.
Nesse contexto, faz-se necessária uma explanação das definições de cada
teoria envolvida nessa problemática” (ALMEIDA & MALAGRIS, 2011).

Na Conferência de Arden House houve uma importante discussão acerca dos


atributos do profissional da Psicologia e da formação necessária para o exercício
dessa atividade.

A Conferência assumiu uma declaração consensual a fim de esclarecer a


declaração precedente, na qual se afirma que a Psicologia da Saúde é um campo
genérico da Psicologia, com teoria própria, distinta da Psicologia e de seus demais
campos (OLBRISCH et al., 1985, p.1038).

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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde

Essa resolução contradiz as prerrogativas estabelecidas por Matarazzo, autora


que estabelece os pilares do campo, na medida em que não se referencia nos
campos já estabelecidos da Psicologia, mas cria um novo, autônomo e distinto.

Considerando as polêmicas e as diferentes vertentes assumidas na rela-


ção entre Medicina e Psicologia, é importante que as teorias envolvidas nessa
problemática sejam abordadas, de modo que possamos compreender os des-
dobramentos dessas discussões, posteriormente. Para isso, iremos abordar a
Medicina Psicossomática, a Psicologia Médica e Psicossomática, a Medicina
Comportamental e a Psicologia Hospitalar.

As Diferentes Vertentes que Relacionam


Psicologia e Medicina
Se buscarmos a origem da Psicologia, há exemplos, assim como ao longo de sua
história, de cooperação entre a Medicina e a Psicologia (MILLON, 1982).
“[...] no final do século XIX, são conhecidas as colaborações de Wundt
com Kraepelin, nos EUA, e de Heymans com Weirsma, na Europa,
embora estas colaborações focassem primordialmente as psicopatologias.
Já dentro do século XX, esboçaram-se relações institucionais entre
a Psicologia e a Medicina: em 1911, na reunião anual da American
Psychological Association, houve encontros formais entre psicólogos
e médicos, com o intuito de discutir a participação dos profissionais de
Psicologia nos contextos tradicionais de Saúde e doenças.

Até o final da década de 1970, como vimos, os psicólogos dos Estados Unidos
não se aproximaram das pesquisas e da prática profissional ligadas às doenças
físicas e à Saúde física.

Na década de 1980, no entanto, desponta um crescente interesse que, para


Belar, Deardorff e Kelly (1987), explica-se pelo fracasso do modelo biomédico na
explicação de doenças e da Saúde; pela maior preocupação com aspectos ligados
à qualidade de vida e profilaxia das doenças; pelo amadurecimento das pesquisas
ligadas às ciências comportamentais; o aumento nos custos para o cuidado de
Saúde, o que ocasionou a busca por alternativas mais baratas, ligadas à Saúde
tradicional e à mudança da postura dos profissionais da Saúde diante de doenças
infecciosas, optando por priorizar as doenças crônicas e sua ligação com o modo
de vida (RIBEIRO, 2011).

A Medicina Psicossomática
A Medicina Psicossomática é uma especialidade médica responsável por
doenças determinadas por fatores emocionais, que podem ser compreendidas por

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ferramentas psicanalíticas, desde que tratados os conflitos inconscientes específicos
(EKSTERMAN, 1975).

A Medicina Psicossomática explica quais aspectos psicológicos determinam


os sintomas expressos pelo corpo. O conceito de Psicossomática relaciona as
perspectivas da doença e sua dimensão psicológica, a ação terapêutica voltada ao
doente e a relação do médico com o paciente e tudo o que isso implica (ALMEIDA
& MALAGRIS, 2011).

A Psicologia Médica
A Psicologia Médica surge com a obra do psicanalista húngaro Pierre Schneider,
que propõe, a partir da vertente do inglês Balint, em 1971, como campo de
pesquisa que engloba a dimensão da relação entre paciente e médico. Trata-
se de uma subvertente da concepção psicossomática, em versão clínica, só que
com uma importante diferença. Propõe-se a combinar a visão psicossomática da
Medicina, como campo conceitual, e a Psicologia Médica, como campo de atuação
profissional, diferente da Psicossomática, que investiga as relações entre mente
e corpo com foco na patogenia. O foco da Psicologia Médica é a terapêutica
(MELLO FILHO, 1992).

A Medicina Comportamental
A Medicina Comportamental surge na década de 1970, como uma resposta
dada à divisão estabelecida entre mente e corpo pela corrente biomédica.
Os profissionais da Saúde, também insatisfeitos com o emprego das teorias
psicodinâmicas para a busca de causas psicológicas das doenças físicas pelos
adeptos da Medicina Psicossomática, lavram o termo Medicina Comportamental,
diferenciando-se da última. Sua prática buscava maior utilidade clínica, incorporando
a interdisciplinaridade como critério, integrando conhecimentos que pudessem
compreender mente e corpo de forma integrada.
A característica definidora fundamental da Medicina Comportamental
é a interdisciplinaridade, por se tratar de um conjunto integrado de
conhecimentos biopsicossociais relacionado com a Saúde e as doenças
físicas, ou seja, considera a Saúde e a doença estados multideterminados
por um amplo leque de variáveis, entre as quais se devem incluir as do
tipo somático ou biofísicas, as do tipo psicológico ou comportamentais
e as externas ou ambientais (CABALLO, 1996 apud ALMEIDA &
MALAGRIS, 2011).

A Medicina Comportamental não é o mesmo que Psicologia da Saúde, ainda


que sua prática inclua métodos em comum, como, por exemplo, hipnose, terapia
comportamental de distúrbios físicos e medicina preventiva (CABALLO, 1996;
NEVES NETO, 2004, LEITE, 2010).

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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde

A Psicologia Hospitalar
A Psicologia Hospitalar é outra vertente que precisamos abordar. Trata-se do
campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos relacionados ao
adoecer (SIMONETTI, 2004, p.15).

Isso significa disponibilizar para doentes, familiares e para profissionais da


equipe de Saúde o conhecimento psicológico que pode contribuir para identificar
as particularidades de cada paciente, suas necessidades, emoções, crenças
(BRUSCATO, 2004). Essa vertente trabalha com a elaboração subjetiva por
parte do paciente, com suporte, da condição da própria Saúde, da situação
de adoecimento.

O profissional especialista em Psicologia Hospitalar, no Brasil, atua em níveis


secundário e terciário no atendimento à Saúde, realizando atividades em grupo
(terapia, psicoterapia e psicoprofilaxia), atendimentos ambulatoriais e em UTIs,
diagnóstico e psicodiagnóstico e consultoria, de acordo com o Conselho Federal
de Psicologia (2010).

Importante! Importante!

Muitos autores da Psicologia da Saúde questionam o termo Psicologia Hospitalar,


apontando a sua inadequação na medida em que se define pelo local de atuação, e não
pelo tipo de atividade empenhada pelo profissional da área. Propõem, em alternativa, a
denominação “Psicologia em contexto hospitalar”.

Psicologia Clínica, Psicologia da Saúde


e Psicologia Clínica da Saúde
Há ainda vertentes dentro da Psicologia que dialogam com a dimensão clínica
para definir suas bases de atuação. O termo “clínico”, em latim (clinicus) significa
aquele que visita o doente na cama. Tem origem ainda na palavra “klinein”, que
significa “estar deitado”.

Esse sentido se emprega à Medicina desde seus tempos mais antigos, enquanto
na Psicologia o sentido de clínica assumiu um significado distinto, tendo se
aproximado do sentido original apenas um século depois de seu uso na área.
“No final do século XIX, Witmer apresentou um novo método de
investigação e instrução que designou por Psicologia Clínica (GARFIELD,
1965). O termo clínico sublinhava a função prática do psicólogo em
oposição ao que era a atividade tradicional de então que era laboratorial.
Por essa altura, a expressão Psicologia Clínica é também utilizada por
Freud numa carta escrita a Fliess” (RIBEIRO, 2011).

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Com a obsolescência dos antigos hospitais psiquiátricos, que operavam sob um
modelo de internamento dos pacientes e com o avanço dos Sistemas de Saúde,
os antigos modelos foram dando espaço a serviços de psiquiátrica ligados a outros
serviços hospitalares, avançando o processo de desaparecimento dos hospitais
psiquiátricos. É nesse marco que surge a Psicologia da Saúde, quando os profissionais
atuantes nos antigos hospitais psiquiátricos passam a ser recrutados para o trabalho
em hospitais comuns, no auxílio e no acompanhamento de pessoas com doenças
físicas que geravam dificuldades de adaptação e aceitação (RIBEIRO, 2011).

A Psicologia Clínica da Saúde surge na tentativa de superação da dualidade


mental x físico, tendo como atividade, inicialmente, a aplicação dos conhecimentos
e métodos da área da Psicologia à promoção e proteção da Saúde física e mental,
bem como à profilaxia de doenças, ligada muitas vezes aos hábitos e a aspectos
psicológicos importantes (BELLAR et al., 1987; MILLON, 1982)

Você Sabia? Importante!

A partir das mudanças ocorridas na Saúde na década de 1970, outras vertentes e


concepções de atuação surgiram, transformando o papel da Psicologia no Sistema de
Saúde. Algumas das expressões insurgentes, desde então, que podem ser buscadas,
caso você tenha interesse em aprofundar os conhecimentos sobre o movimento da
Psicologia dentro da área da Saúde: Psicologia Clínica do Desenvolvimento (interesse
por uma abordagem desenvolvimental no ciclo de vida); Psicologia Clínica da Criança
(Psicologia Clínica dedicada às crianças); Psicologia da Reabilitação (foco na restauração
funcional subsequente a traumatismos ou deficiência física); Neuropsicologia Clínica
(foco nas incapacidades do sistema nervoso central e o seu tratamento) ou Psicologia da
Saúde da Criança (RIBEIRO, 2011).

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UNIDADE O Surgimento da Psicologia da Saúde

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
The practice of clinical health psychology
BELAR, C. D.; DEARDORFF, W. W.; KELLY, K. E. The practice of clinical
health psychology. New York: Pergamon Press, 1987.

A Psicologia na Saúde Suplementar: aspectos regulatórios


CONSELHO Regional de Psicologia – A Psicologia na Saúde Suplementar:
aspectos regulatórios.Disponível em: <http://www.crpsp.org.br/portal/
comunicacao/saudesuplementar/saudesuplementar.aspx>.

Psicanálise, Psicossomática e Medicina da Pessoa


EKSTERMAN, A. Psicanálise, Psicossomática e Medicina da Pessoa. 1975.
Disponível em: <http://www.medicinapsicossomatica.com.br>. Acesso em: 3
jan. 2017.

Técnicas usadas em Medicina Comportamental


LEITE, J. R. Técnicas usadas em Medicina Comportamental. (2010).
Disponível em: <http://www.saudeecomportamento.com.br/index.html>.
Acesso em: 3 jan. 2017.
Medicina comportamental
NEVES NETO, A. R. Medicina comportamental. In: BRANDÃO, M. Z. S. (org).
Sobre comportamento e cognição. Santo André: Esetec, 2004. p. 179-89.

Report of the national working conference on education and training in health psychology
OLBRISCH, M. E. et al. Report of the national working conference on
education and training in health psychology. Vol 40(9), Sep 1985, 1038-
1041. New York: American Psychologist, 1985.

História do Conceito de Saúde


SCLIAR, Moacyr. História do Conceito de Saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva,
Rio de Janeiro, 2007.

Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença


SIMONETTI, A. Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

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Referências
ALMEIDA, Raquel Ayres de.; MALAGRIS, Lucia Emmanoel Novaes. A prática da
psicologia da Saúde. Rev. SBPH, v.14. n.2, Rio de Janeiro, 2011.b

APA task force on health research. contributions of psychology to healt


research: patterns, problems and potentials, American Psychologist, 1976.

BACKES, M. T. S. Conceitos de Saúde e Doença ao longo da História sob o


olhar Epidemiológico e Antropológico. Rev. Enferm. UERJ. Rio de Janeiro, n.17,
p.111-7, 2009.

BARROS, T. M. Psicologia e Saúde: Intervenção em hospital geral. Novo


Hamburgo: Aletheia, 1999.

BRUSCATO, W. L. A Psicologia no Hospital da Misericórdia: um modelo


de atuação. In: W. L. Bruscato; Benedetti, C.; LOPES, S. R. A. A prática da
psicologia hospitalar na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo: novas
páginas em uma antiga história. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

CABALLO, V. E. (coord.). Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do


Comportamento. São Paulo: Livraria Santos, 1996.

EKSTERMAN, A. Psicanálise, Psicossomática e Medicina da Pessoa. 1975.


Disponível em: <http://www.medicinapsicossomatica.com.br>. Acesso em: 3
jan. 2017.

GARFIELD, S. L. Historical introduction. In: WOLMAN, Benjamin B. (edit.)


Handbook of clinical psychology. New York: McgrawHill Book Company, 1965.

KERBAUY, R. R. Comportamento e Saúde: doenças e desafios. Psicol. USP,


São Paulo, vol.13 n.1, 2002. Versão online disponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642002000100002 Último acesso:
03/04/2017.

MATARAZZO, J. D. Behavioral health and behavioral medicine. New York:


American Psychologist, 1980.

MELLO FILHO, J. Psicossomática Hoje. Porto Alegre: Artmed, 1992.

MILLON, T. On the nature of clinical health psychology. In: MILLON, T.; GREEN,
C.; MEAGHER, R. (edit.). Handbook of clinical health psychology. New York:
Plenum Press, 1982.

RIBEIRO, José Luís Pais. A Psicologia da Saúde. In: ALVES, Railda Fernades
(org.). Psicologia da Saúde: teoria, intervenção e pesquisa. Campina Grande:
EDUEPB, 2011.

SARAFINO, E. P. Context and Perspectives in Health Psycology. In: S. Sutton, A.


Baum; JOHNSTON, M. The Sage Handbook of Health Psychology. London:
Thousand Oaks/New Delhi: Sage Publications, 2004. p.1-26.

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