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DANIELLE BATISTA
CUIABÁ - MT
2015
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DANIELLE BATISTA
CUIABÁ - MT
2015
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais que tem sido meu suporte, incentivo
e força nos momentos difíceis, e aos meus amigos mais próximos por
compreenderem a minha ausência em momentos importantes de suas
vidas, destinados à realização desse estudo.
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AGRADECIMENTOS
À minha família, que sempre me incentivou e me ensinou a nunca desistir dos meus sonhos,
que sempre me fortaleceu em todos os momentos de minha vida.
Ao Professor Dr. Evando Carlos Moreira, pessoa que já está presente em minha vida há
alguns anos e muito contribuiu para meu desenvolvimento pessoal e profissional. Obrigada
pela paciência, dedicação, atenção, confiança para a realização desse trabalho e por todo
conhecimento compartilhado. Além de agradecer, quero que saiba que, antes de ser
pesquisador, é um exemplo de professor para mim, pois modificou a minha trajetória
acadêmica me fazendo acreditar que poderia ser capaz e ir adiante. Sou grata eternamente por
tudo que tem feito pelo meu crescimento profissional.
Ao Professor Doutor Adelmo Carvalho da Silva que muito contribuiu com este trabalho, tanto
com a socialização de seus conhecimentos nas discussões em sala de aula proporcionando
momentos ricos de reflexão e aprendizado, como na disponibilidade de tempo para a leitura
desse trabalho e pelas observações e sugestões apontadas que certamente contribuíram para o
desenvolvimento e relevância do estudo.
Ao Professor Doutor Hugo Norberto Krug que aceitou de prontidão participar como banca
externa, desse momento de grande aprendizado compartilhando seus conhecimentos sobre
formação de professores em Educação Física Escolar para o desenvolvimento deste estudo.
Fico-me honrada por ser sua última banca de defesa tendo a oportunidade de vivenciar
experiências enriquecedoras para a minha formação enquanto pessoa e, enquanto profissional
da Educação.
Às Professoras que fizeram parte desta pesquisa, pessoas imprescindíveis na realização desse
estudo, o qual oportunizando uma vivência enriquecedora ao cederam seu planejamento, seu
tempo e seu conhecimento para enriquecer e fortalecer as discussões nesse campo da
Formação Continuada. Obrigada por confiar e permitir a realização do mesmo.
Aos meus queridos amigos Dorit Kolling, Naíse Santana, Neto Nascimento, Sandra Re
Gomes, ao meu irmão Danilo Paranhos Batista que foram pessoas imprescindíveis nesse
momento da minha vida sempre dando suporte, incentivando nos momentos de desânimo. À
Talita Ferreira pela amizade, pelas ajudas técnicas e pela parceria sincera. Saibam que esta
conquista tem contribuição de todos vocês.
Aos colegas do mestrado que direta ou indiretamente foram pessoas de grande valia na
concretização desse trabalho.
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo analisar como a Formação Continuada tem sido
concebida e utilizada pelos professores de Educação Física no desenvolvimento de suas
práticas pedagógicas. Entendendo que a Formação Continuada é um processo essencial na
construção do ser professor, compreender como esta influencia a trajetória profissional dos
professores de Educação Física das escolas Municipais de Cuiabá, MT é de fundamental
significado para políticas de formação futuras. Para tanto, o presente estudo tem uma
abordagem qualitativa de caráter descritivo, tendo como universo de pesquisa duas escolas
municipais da região norte de Cuiabá, MT, sendo seus sujeitos duas professoras de Educação
Física atuantes nestas escolas, que participaram do projeto de pesquisa “Perfil e atuação
profissional dos professores de Educação Física da rede municipal de ensino de Cuiabá:
estudo, análise e proposições para Formação Continuada”, desenvolvido entre 2009 e 2012 e
que desde 2013 participam do projeto de Formação Continuada oferecido pela Faculdade de
Educação Física da UFMT aos professores da rede municipal de ensino de Cuiabá, MT.
Como instrumentos de coleta de dados utilizamos uma entrevista semi-estruturada contendo
dois roteiros, sendo o primeiro de diagnóstico para identificar o percurso formativo e de
atuação do professor investigado e o segundo, uma entrevista semi-estruturada, contendo 17
perguntas baseadas nos objetivos referentes à temática pesquisada. Outro instrumento
utilizado foi à análise documental dos planos de ensino dos professores, com vistas a
identificar os elementos técnico-metodológico e teórico-prático que, pressupomos sejam
utilizados na atuação; por fim, utilizamos a observação sistemática, de maneira a registrar
como as práticas profissionais se organizam e ocorrem a partir das possibilidades
apresentadas na Formação Continuada e declarada pelos professores. Após análise dos dados
é possível concluir que a formação é um processo imprescindível para o ser professor, sendo
este concebido como mediador do desenvolvimento dos saberes e sujeito em constante
formação. Neste sentido, todo processo construtivo reflete diretamente na sua ação dentro do
seu ambiente de trabalho, na vivência, produção e partilha de conhecimento com os sujeitos
de sua ação. Outrossim, identificamos que a escola é um espaço fundamental para a formação
docente, uma vez que, nela podemos valorizar os saberes da experiência e atentar para as
diferentes etapas do desenvolvimento profissional docente. Essa condição permeia a trajetória
docente e reflete consideravelmente em todas as suas ações. Ao destacarmos a vida das
professoras e dar voz a elas, constatamos que ambas têm um tempo de experiência relevante
com atuação no campo da Educação Básica com isso, mostraram parte considerável de sua
realidade. Estas apresentam algumas características essenciais ao contexto da promoção dos
saberes que nos trazem uma boa reflexão sobre a docência. Contudo, ao refletimos suas
práticas, pudemos constatar que a realidade da profissão, principalmente da Educação Física
dentro da escola, precisa modificar seus paradigmas. Por fim, entendemos que o processo de
Formação Continuada pelo qual as professoras passaram, têm sentindo fundamental na
ressignificação de suas ações, construindo assim, uma identidade que alterou e evidenciou a
Educação Física como componente essencial para a formação das crianças.
ABSTRACT
The present study aims to investigate the design and use of continuing education in the
development of teaching methods of physical education teachers. Under the understanding
that continuing education is an essential process in the construction of being a teacher, it is
essential to understand its influence on the professional career of physical education teachers
of local schools of Cuiabá, MT for future training policies. This study is characterized as a
qualitative and descriptive, and its research universe two municipal schools in the northern
region of Cuiabá, MT, and the participants are two teachers of Physical Education who work
in these schools and participated in the research project "Profile and activities professional of
physical education teachers from Cuiabá municipal school system: study, analysis and
proposals for continuing education ", developed between 2009 and 2012. Moreover, since
2013 they participate in continuing education project offered by the Faculty of Physical
Education teachers of municipal schools of Cuiabá, MT. The data collection instrument was a
structured interview containing two scripts, the first diagnostic to identify the formative path
and the investigated teacher performance and the second, a semi-structured interview with 17
questions based on objectives related to the searched subject. Another instrument used was
the documentary analysis of teaching plans for teachers to identify the technical and
methodological elements and used in theoretical and practical activities. Finally, systematic
observation recorded as professional practices are organized and take place from the
possibilities presented in the continuing education and declared by teachers. After analyzing
the data it was concluded that training is an essential process to become a teacher, which is
conceived as a mediator in the development of knowledge and subject to constant training. In
this respect, the whole construction process is directly reflected in its action within their
workplace, the experience, production and sharing of knowledge with the subjects of their
action. Also we identified that the school is a key space for teacher training because it can
enhance the knowledge of experience and pay attention to the different stages of teacher
professional development. This condition permeates the teaching trajectory and reflects
considerably in all its actions. By evidencing the lives of teachers and give voice to them, we
find that both have a time of relevant experience with activities in Basic Education, showing
part of your reality. They have some essential features to the context of promoting the
knowledge we bring an appropriate reflection on teaching. However, we found that the reality
of the profession, especially physical education within the school, need to modify their
paradigms. Finally, we understand that the process of continuing education that the teachers
have started feeling the fundamental redefinition of its shares, thus building an identity that
changed and evidenced physical education as an essential component for the formation of
children.
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que
ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê. (Arthur
Schopenhauer).
A Formação Continuada não é uma prática nova, ela existe há muitos anos a fim
de orientar e preparar professores para o desenvolvimento de práticas profissionais adequadas.
Porém, por vivermos em um período em que a informação e o conhecimento circulam e são
produzidos rapidamente, agora está em maior evidência, o que é natural, já que o mundo
globalizado, o qual tem por necessidade o conhecimento e a informação, exige dos
profissionais uma Formação Continuada, sendo necessário reconstruir e modificar a atuação
para as novas demandas educacionais.
A formação do professor ocorre em várias etapas: a inicial, que é o momento da
graduação, e a continuada, que contempla a formação que este professor dará a sua carreira,
momento posterior à graduação. Nesse sentido, a formação inicial se revela como ponto de
partida da longa construção da vida profissional do professor. Contudo, espera-se também que
o professor – segundo a Lei de Diretrizes e Base (LDB 9.394/96) – esteja em permanente
formação para o aperfeiçoamento profissional. Esta concepção visa atender às novas
demandas do mundo do trabalho, que requer uma formação consistente dos professores,
produzindo também transformações na busca de uma identidade profissional que agregue
saberes para além da prática.
Um dos grandes desafios para o professor de Educação Física que opta por
exercer sua profissão no campo escolar é transformar o meio de atuação a partir dos
conhecimentos obtidos na formação inicial em um campo formador e transformador de
indivíduos. Sobre isso, Gusdorf (1963, p.8) destaca que: “[...] o ensino é sempre mais do que
o ensino. O ato pedagógico, em cada situação particular, ultrapassa os limites dessa situação
para pôr em causa a existência pessoal no seu conjunto”.
Bem sabemos que, não se aprende tudo na graduação, a prática proporcionada
pelos estágios supervisionados, por exemplo, possibilita um primeiro contato com o espaço
escolar, porém, não permite uma real vivência desse ambiente por diversos fatores, dentre
eles, a influência do professor da escola e da instituição formadora, a regência, que é muitas
vezes compartilhada, a influência dos materiais levados da universidade para a escola, o não
reconhecimento da turma regida como docente, enfim, tudo o que torna a prática uma
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“simulação” do real. Ora, não nos referimos à simulação como algo ruim, destacamos apenas
que esta é sempre uma “simulação” e, como tal, não reflete genuinamente a realidade.
Ao concluir a graduação, o novo professor se depara com a sua profissão, e
percebe que os suportes até então obtidos já não existem mais, agora, se depara, muitas vezes
isoladamente com seus alunos, com a escola e os problemas dela derivados.
Pensar nisso tudo, invariavelmente, refletimos sobre um tema indispensável, a
Formação Continuada, compreendida como base fundamental para a profissão da docência,
seja no ensino superior, seja na educação básica.
Dessa forma, o processo formativo não é algo que se restringe apenas ao período
da graduação com os conteúdos apresentados em sala de aula. A concepção de saber vai
muito além desta etapa, é uma busca constante e incessante do conhecimento que permite ao
professor compreender seu papel como mediador do saber e que precisa ser realizado dentro
da sua profissão.
Em virtude disso, ao encarar este perfil, faz-se necessário que o professor passe
por um novo processo construtivo formativo, compreendido na Formação Continuada. Além
de fazer parte da vida de quem assume tal profissão, permite que este professor questione suas
próprias concepções sobre os diferentes aspectos do processo de ensinoaprendizagem a partir
da “[...] necessidade de uma formação de professores construída dentro da profissão”.
(NÓVOA, 2009, p. 28), ou seja, aquela que se realiza no próprio local de trabalho do
professor, podendo ser preparada e desenvolvida pelas instâncias superiores de ensino, tendo
como referência as realidades escolares.
Deste modo, é importante dizer que a Formação Continuada vem para suprir as
necessidades da formação inicial, uma vez que possibilita atualização dos conteúdos básicos,
agregando novos conhecimentos a partir dos já conhecidos. Sobre isso, Rossi (2013, p. 148)
afirma que “A Formação Continuada contribui para a modificação da profissionalização do
professor e desenvolve domínios necessários a sua qualificação, como também atua no exame
de possíveis soluções para os problemas reais do ensino”.
A Formação Continuada por si só é um elemento importantíssimo na vida e no
crescimento profissional do professor. Aliado a isso, uma formação que contempla a sua área
de atuação é fundamental para a intervenção em sala de aula e para a valorização da disciplina
ministrada. Nesse sentido, Tardif (2011, p.241) afirma que: “[...] se o trabalho dos professores
exige conhecimentos específicos a sua profissão e dela oriundos, então a formação dos
professores deveria, em boa parte, basear-se nesse conhecimento”.
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A Profissionalidade¹ é o aperfeiçoamento docente na busca de um desenvolvimento profissional e
pessoal, a própria formação continuada ou a busca por ela. A necessidade que o professor tem por
conhecer, por crescer, aumentar seu conhecimento, aperfeiçoar-se e ser reconhecido por isso entre os
pares e na sociedade. É um movimento de dentro para fora, é uma busca, uma procura porque depende
do movimento do professor em busca de algo. (SACRISTÁN, 1993).
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Faz-se necessário compreender que este processo inicial de formação tem papel
importante na preparação profissional desse futuro professor uma vez que possibilita
apropriar-se “[...] de determinados conhecimentos e possam experimentar, em seu próprio
processo de aprendizagem, o desenvolvimento de competências necessárias para atuar nesse
novo cenário”. (BRASIL, 2000, p. 13).
Frente a isso, o primeiro entendimento sobre a formação inicial é que ela deve
fornecer a base para uma construção do conhecimento pedagógico especializado firmado no
entendimento da docência como campo estratégico de saberes que precisam ser apropriados
ao contexto de uma ressignificação do conhecimento a ser transmitido. A base se constrói a
partir do envolvimento do indivíduo com sua profissão e toda a sua realidade profissional, na
teoria e prática que o leva a refletir a sua ação.
É importante mencionar que a formação do futuro professor tem início antes
mesmo de chegar à graduação, é um processo de construção que começa a se estabelecer no
entendimento que este indivíduo tem com sua profissionalização, sendo esta estabelecida ao
entrar no ensino superior.
Este processo de formação do conhecimento se constitui na necessidade de
produzir conhecimento, porém, com elementos que permitam a reflexão e a criticidade da
realidade da profissão. As demandas curriculares têm esta missão de prover os saberes com
base nas alterações que os conteúdos ensinados nas universidades vêm sofrendo. Em meio a
tudo isso está o acadêmico em seu processo inicial de formação, buscando a construção de
seus saberes, de descobrir sua identidade. Vale frisar que “[...] há uma enorme distância entre
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o perfil de professor que a realidade atual exige e o perfil de professor que a realidade até
agora criou”. (BRASIL, 2000, p.12).
Tais conflitos mostram uma realidade diferente do que por vezes, idealizamos na
universidade. Produzir um perfil profissional deixou de ser algo efetivo como era no passado,
professores treinados para ensinar um determinado conhecimento. Hoje, com os adventos
tecnológicos, a mudança de postura dos alunos frente à autoridade do professor, as
características culturais trazidas da família, os desafios impostos pelas escolas, às demandas
de obrigações que precisam ser cumpridas, tornam difícil estabelecer que aquele professor que
idealizamos na graduação, será o professor “real” da escola.
Para tanto, a formação inicial procura trazer essa intencionalidade de relacionar a
realidade da profissão com a dialética que se estabelece a realidade da formação. Logo, é
preciso firmar o entendimento que o processo de identificação do professor precisa perpassar
o rótulo que somos aquilo que a sociedade idealiza. É preciso conhecer e se possível,
vivenciar as mazelas que encontramos na profissão docente e a partir dela, constituir uma
conexão que promova saberes advindo do processo de aperfeiçoamento profissional.
A lógica formativa procura pautar seus conhecimentos na reconstrução do
indivíduo com base nos conhecimentos prévios que traz consigo ao entrar no mundo
acadêmico, situando-o a partir das suas necessidades, dos anseios, como sujeito em formação,
dotado da necessidade de conhecimento, tanto específico quanto geral, envolvendo a
multiculturalidade, socialidade, o ambiente escolar com a construção crítica dos saberes,
levando este futuro professor a pensar, refletir e ressignificar o sentido do ensinar mais acima
de tudo, do aprender.
Ao abordarmos tal questão, entendemos que além da formação inicial e
continuada, o professor também se forma em outros tempos e espaços diferentes destes. Por
se ter esta compreensão, o professor acaba tornando-se, em grande parte, responsável por sua
formação. Porém, esta tal responsabilidade precisa se desenvolver para um aprender contínuo
e essencial da profissão, pois o professor deve “[...] se basear em sua pessoa enquanto sujeito
e na escola enquanto lugar de crescimento profissional permanente”. (BANDEIRA, 2006, p.
4). A autora ainda chama a atenção de forma crítica quando diz que:
Frente a isso, Nóvoa (2009) pontua que é no processo de formação que se produz
a profissão docente. Estabelece-se aqui que a formação não é uma mera acumulação de
conhecimentos, mas um fazer permanente que se refaz constantemente na sua ação. Tem
envolvimento tanto do meio externo quanto interno. Parafraseando Freire (1997) ninguém
forma ninguém, cada um forma-se a si mesmo.
Frente a isso, compreende-se que produzir o conhecimento em indivíduos
culturalmente diferentes, não é uma tarefa fácil. Precisam-se meios que possibilitem a
transposição eficiente dos saberes. Contudo, sabendo dessa necessidade de pensar e repensar,
do fazer e refazer a ação, há a necessidade de produzir conhecimento para além da prática
técnica de reprodução. E para isso, o professor que forma precisa formar-se (FREIRE, 1997).
É preciso conhecer e vivenciar aquilo que se vai ensinar para que este docente se
adapte às necessidades dos alunos, respeitando aos limites e períodos de aprendizagem de
cada um, não basta apenas o conhecimento específico, são necessários “[...] saberes
pedagógicos e didáticos” na construção e formação do formador, conforme afirmam Pimenta
e Anastasiou (2002, p. 82).
Assim, esperamos que a formação inicial forme professores que contribuam para
sua atuação docente uma vez que, neste primeiro momento, muitos compreendem como uma
atuação reprodutiva e de certa forma conflituosa. Logo, isso nos leva a compreender que é
preciso uma formação permanente do conhecimento na construção do professor, para que o
ensino não pare no tempo e não seja algo repetitivo, reprodutivo. Demo (2001, p. 7) salienta
que: “[...] se o conhecimento, de um lado, é aquilo que a tudo inova, do outro lado da mesma
moeda é aquilo que a tudo envelhece”.
E nada envelhece mais rápido que o conhecimento, logo, a formação deve ser um
processo em longo prazo, tendo seu respaldo na formação inicial, mas, que não fique apenas
nisso. Ser e formar professores deixaram de ser práticas meramente técnicas, tanto ao ensinar
quanto em aprender, contudo, este primeiro momento formativo precisa instigar no futuro
professor, uma necessidade de formação permanente. Imbernón (2011, p. 63) destaca que a
formação inicial deve,
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conhecimento que sustente a sua ação. Logo, “A formação inicial deve fornecer as bases para
poder construir esse conhecimento pedagógico especializado”, como afirma Imbernón (2011,
p. 60).
Em consonância a isso, estabelece-se a compreensão da necessidade de se pensar
e repensar a vida do professor desde o princípio, suas obrigações, seus direitos, suas
necessidades, conflitos e competências. Para buscarmos construir um caminho metodológico
que contemple as necessidades presentes no campo profissional do docente, é preciso
conhecer quem é o professor que estamos formando e a partir deste reconhecimento,
estabelecer uma relação entre teoria e a prática significativa tanto no sentido pessoal como no
profissional, influenciando a sua atuação no campo profissional.
Sendo assim, sem exceder em discurso a importância das práticas para o
desenvolvimento profissional, é preciso considerá-las e reformulá-las para que tenhamos êxito
na formação do futuro professor no que se refere às vivências no ambiente escolar, no contato
com a sua realidade durante a sua formação inicial.
Uma vez que “O professor é o sujeito e não objeto da formação” (IMBERNÓN,
2011, p.86), é preciso que os seus modelos de aprendizagem sejam dirigidos a eles mesmos,
se orientando para uma capacitação com autonomia, que estabeleça essa relação com seus
estímulos e anseios profissionais, no desenvolvimento da profissão para além da profissão.
É preciso firmar uma consciência formativa incessante, crítica, reflexiva e
compartilhada, dialogando e ressignificando a prática como resultado de um trabalho que
levou este professor a pensar, a repensar, a descontruir e a produzir conhecimento
referenciado pela realidade vivenciada no ambiente de trabalho.
A formação inicial, segundo Tardif (2002, p. 288, grifo do autor), “[...] visa a
habituar o aluno – os futuros professores – à prática profissional dos professores de profissão
e a fazer deles práticos ‘reflexivos’”. É neste momento que se inicia a construção do ser
professor, com seus conflitos e especificidades profissionais. A construção do perfil de
professor se dá por meio dessa experiência iniciada na sala de aula que depois, irá transpor os
murros da universidade, colocando este professor como promotor do conhecimento em um
novo ambiente com desafios cotidianamente.
Tal função nos leva a repensar a aquisição desse conhecimento profissional básico
que permeia a formação inicial do professor, no que diz respeito a sua profissionalidade na
iniciação docente que, bem sabemos, é dotada de complexidade, de onde emerge o
conhecimento especializado do professor. Imbernón (2011, p. 60) ressalta que,
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Nos últimos anos, muito tem se falado do professor e suas competências dentro do
seu ambiente de trabalho, o que nos leva a dialogar sobre o processo formativo do docente
que tem, na Formação Continuada, o elemento fundamental para a própria concepção
enquanto profissional do saber. Contudo, entende-se que a construção do conhecimento desse
profissional se faz a partir da reflexão da sua prática como um professor que busca a formação
reconhecendo suas necessidades e, as do contexto em que atua.
Certamente, é necessário um empenho coletivo para ultrapassar as barreiras que
impedem a construção do ensino de qualidade do qual tanto se discute e se deseja. Seja na
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escola, seja na universidade, o professor precisa se construir todos os dias, a todo o momento.
Sua ação não deve ser apenas prática, mas sim pautada no conhecimento que sustente a sua
atuação.
Neste caso, o professor necessita desenvolver um processo reflexivo que venha
colocar a realidade da profissão em questão, pensando de forma crítica e transformadora,
dialogando, assim com a realidade da escola assim, com a realidade da escola, uma vez que
dela surgem encaminhamentos que são resultantes de reflexões provenientes do cotidiano
escolar.
Ser professor implica em ater-se a novos paradigmas de pensamentos científicos,
procurando um olhar mais apurado e curioso no que diz respeito a práticas pedagógicas de
formação, sendo mediador entre a realidade, a cultura, a diversidade, as experiências próprias,
as dos alunos e o conhecimento vindo do campo científico através das pesquisas, elencando
pontos dos saberes docentes como aspectos importantes para a formação da identidade de
professor. Lima, Barreto e Lima (2007, p. 92) afirmam que:
Tal ação permite que o professor questione e avalie suas próprias concepções
sobre os diferentes aspectos do processo de ensinoaprendizagem, a partir da “[...] necessidade
de uma formação de professores construída dentro da profissão”. (NÓVOA, 2009, p. 28).
A formação continuada é e precisa ser reconhecida como um importante elemento
na construção de uma identidade profissional que tem influência significativa na carreira do
professor. Ela não deve ser opção, mas uma necessidade, haja vista que o conhecimento muda
a todo estante, como também os alunos mudam, além de que há a diversidade de cultura que
encontramos na sala de aula, já que tudo reflete consideravelmente na prática, na didática, na
ação pedagógica.
Cada aluno traz consigo um capital cultural diferente, que exige deste professor
competências para perceber e saber lidar de forma que este aluno receba o conhecimento
necessário para se compreender enquanto ser pensante. Gusdorf (1987, p.8) ressalta que “[...]
o ensino é sempre mais do que o ensino. O ato pedagógico, em cada situação particular,
ultrapassa os limites dessa situação para pôr em causa a existência pessoal no seu conjunto”.
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Para tanto, essa formação deve promover uma articulação entre a teoria e a
prática, uma complementando a atuação da outra nesta função docente transformadora. Sua
formação se dá a partir das reflexões que este professor traz quanto a sua atuação dentro e fora
da sala de aula, compreendendo que ser docente não é ser um mero reprodutor de
informações. Assim, seus saberes pedagógicos devem ser oferecidos a todo o momento, tendo
a prática investigativa como ferramenta essencial na construção de um profissional apto para
atuar e formar alunos pensantes.
Em função disso, compreendemos que falar sobre formação continuada deveria
ser algo recorrente na profissão da docência, sendo disseminada desde a formação inicial. Não
é cabível um profissional que trabalhe com formação não se formar cotinuadamente, o que
inclui tanto o professor universitário quanto o professor da escola. O conhecimento não se
restringe apenas aquilo que se “aprende”, quando aprende, na graduação. Mas o conhecimento
vai muito além, é um conjunto pragmático que merece ser construído conscientemente desde
o início da profissão.
Freire (1997, p. 25) nos afirma que:
conhecimento e na educação, o professor deve acompanhar tal processo com vistas a sua
evolução enquanto sujeito pensante e em constante construção.
Ao assumir o papel de professor, um leque de responsabilidades passa a integrar a
carreira profissional, assumindo o docente o dever de ensinar, formar, transformar e prover
novos conhecimentos aos futuros professores presentes na sala de aula. Toda a sua ação
precisa estar firmada em uma prática pedagógica que o instigue a crescer como docente. Isto
implica em uma reflexão quanto as suas experiências vividas e na consciência de Formação
Continuada como fator para uma identidade docente própria.
Além destes, vale destacar também importantes autores internacionais que têm
seus estudos voltados para a formação de professores e sua trajetória profissional docente,
como Tardif (2002), García (1998), Nóvoa (1992), Imbernón (2011), Formosinho (2009)
dentre outros, que têm como objetivo em suas pesquisas chamar atenção para a necessidade
de redimensionar os processos de formação de professores, que, de modo geral influencia
consideravelmente o campo formativo da Educação e, especificamente neste estudo, o campo
da Educação Física e todo o processo de formação do professor.
Antes de prosseguir, é preciso entender que falar sobre formação inicial nos
cursos de Educação Física é constatar também que existe uma relação densa de saberes
construídos previamente pelos seus ingressantes referentes à sua intencionalidade com o
entendimento do curso. Autores como Pimenta (2002) e Tardif (2002) destacam que estas
crenças construídas antes da profissão podem interferir na constituição das competências que
regem a profissão, ocasionando momentos, de certa forma, conflituosos no processo inicial de
formação e que pode, por vezes, ser tão intenso a ponto de levar o aluno a passar pelo curso
sem transformar suas ideologias construídas anteriormente.
A relação que se estabelece, neste primeiro momento de conduzir o aluno ao
entendimento da profissão e todas as suas concepções é possibilitar a construção de caminhos
que venham ao encontro das necessidades iniciais da profissão, onde estas primeiras
compreensões acerca da Educação Física que são pertinentes a todo processo de formação
venham ser desmistificadas ao longo do processo formativo. É fundamental que os rótulos
que cercam a profissão, sejam debatidos com conhecimentos que tragam uma reflexão do seu
ofício, trazendo o entendimento de que a Educação Física não se limita apenas ao esporte nem
mesmo à saúde é quem determina a área de atuação, ela é também pedagógica e educacional.
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cercam a vida docente, precisam estar mais interligados ao espaço escolar e a realidade da
profissão estabelecendo relações mais reais com todos os sujeitos que ali estão.
Portanto, a reflexão da prática precisa ser feita desde o princípio da formação,
devendo partir das experiências que o professor vivencia na sala de aula e leva para a prática
enquanto processo formativo, o conhecimento prévio aprendido e que ali dentro da escola,
assimile a sua ação com as teorias até então estudadas com vistas a desconstruir e confrontar
certas teorias que não estejam de acordo com a sua experiência prática, possibilitando uma
reflexão crítica construtiva que muito beneficia a formação de professor na busca de uma
identidade docente profissional.
Logo, a formação precisa ter como referência o próprio local de trabalho,
articulando a formação inicial com as demandas práticas da escola. É preciso que este
professor de Educação Física experimente como aluno, aquilo que tem sido ensinado a
ensinar a seus futuros alunos não como um conhecimento reprodutivo, mas, transformado a
partir do seu entendimento de que este saber deverá ser passado para uma diversidade de
alunos e ao mesmo tempo.
Libâneo (2011, p.43) pensando nessas competências futuras, ressalta que:
“atender à diversidade cultural implica, pois, reduzir a defasagem entre o mundo vivido do
professor e o mundo vivido dos alunos, bem como promover, efetivamente, a igualdade de
condições e oportunidades de escolarização a todos”.
Contudo, é importante que este professor se conscientize que ao assumir sua
turma de alunos possa construir, seja na quadra, seja na sala de aula, como uma realidade
vivida, porém, transformada e ressignificada na construção dos conhecimentos a serem
ministrados com vistas ao aprendizado dos mesmos.
Assim, ao refletir sobre esta questão, observamos a necessidade de integrar os
conteúdos das disciplinas às necessidades práticas, possibilitando aos futuros professores
enfrentar e questionar os problemas a fim de experimentar diferentes estratégias de ação.
Quando falamos nisso, compreendemos a prática como uma ação direta e presente de
assimilação e interiorização dos conhecimentos teóricos, haja vista que uma complementa a
outra.
Libâneo e Pimenta (1999, p.267) afirmam que:
Pimenta e Lima (2004, p. 37) nos revelam ainda que “[...] a prática pela prática e o
emprego de técnicas sem a devida reflexão podem reforçar a ilusão de que há uma prática sem
teoria ou de uma teoria desvinculada da prática”.
Por causa de tudo o que foi mencionado, um discurso que se faz necessário dizer,
ainda que seja repetitivo, é que o ato de ensinar não deve ser ‘uma receita de bolo’ muito
menos um método ou apenas uma técnica de ensino da função docente. O exercício da
atividade docente, nas aulas de Educação Física, precisa provocar neste primeiro momento de
formação a capacidade de produzir uma reflexão crítica nos alunos desde o início, produzindo
diálogos que venham trazer provocações acerca do seu papel enquanto futuro professor.
Neste ponto, entendemos que a Educação Física é mais que prática, mais que
esporte, mais que brincadeira; enquanto componente curricular; pois, deve ser desenvolvida
dentro da escola como uma disciplina transformadora e formadora crítica. Para tanto, é
necessário pensar como estes futuros professores têm percebido, concebido e vivenciado a sua
profissão mesmo estando em um processo inicial formativo, com o objetivo, se é que
podemos dizer isso com total certeza, de trazer a realidade para dentro da sala de aula e pensá-
la como parte fundamental da constituição do ser professor.
Essa é uma das grandes dificuldades encontradas na relação em estabelecer uma
vivência produtiva na formação dos futuros professores de Educação Física, tendo o estágio
supervisionado como principal e o mais próximo da realidade profissional. Nesse sentido,
hoje, por vezes, relacionar a teoria com a presente prática é algo extremamente difícil, uma
vez que a teoria se revela muito aquém do que a profissão realmente é.
Pimenta e Lima (2004) colaboram afirmando que, em numa realidade que temos
do estágio é que não há uma análise crítica na realidade social que o ensino se processa, existe
uma observação de professores em aula, porém, há uma necessidade de se estabelecer uma
troca produtiva de experiências a fim de formar sujeitos não prontos, mas aptos para
compreender e transformar o espaço em conhecimento, articulando a teoria e a prática, ou
seja, uma formação fundamental. Neste sentido, Canário (2001, p. 12) destaca que:
Entender o processo formativo do professor vai muito além dos meios tradicionais
de aquisição de conhecimento, esta formação se dá a partir do espaço em que se está e das
relações que se instituem com todo o ambiente. Repensar e assimilar a sua prática é um
exercício que precisa ser contínuo, não algo que se faz uma vez ou outra.
Refletir a prática e as situações ocorridas a partir dela não é algo simples,
principalmente quando voltamos para o campo do trabalho docente, pois esta ganha uma nova
significação, visto que sua reflexão acontece de forma dialética a fim de transformar o
conhecimento que irá orientar a sua ação dentro da escola. Imbernóm (2010, p. 85) destaca
que,
Colocar a sua função em destaque é permitir que este professor formador reflita e
compreenda o papel da docência na formação do futuro professor e entenda que ela não é
realizada isoladamente, pois há a necessidade de se refletir no coletivo para construir o
individual, sendo isto é uma via de mão dupla tanto para quem forma quanto para quem está
em formação.
Entendemos que a Educação Física tem um importante papel no desenvolvimento
e de modo geral, na mudança do indivíduo, uma vez que, sua prática deve ser voltada
totalmente para a formação do mesmo, tendo características pedagógicas para que se cumpra
o real sentido da profissão, até porque, a profissão de professor necessita combinar
sistematicamente elementos teóricos com situações práticas reais. Neira (2009, p. 73) neste
sentido, destaca que:
ampliação das contribuições teóricas e práticas, englobam, segundo Souza Júnior (2001,
p.82): “[...] seus conteúdos, saberes, competências, símbolos e valores”, o que possibilita ao
aluno, uma reflexão sobre um corpo de conhecimentos específicos, impedindo uma
compreensão e formação fragmentada.
Neira (2006, p. 19) afirma que “o professor é aquele que apresenta o nível do
desafio proposto, devendo, portanto, saber gerenciar o que acontece e tornar o meio o mais
favorável possível para reflexões e descobertas”. Para tanto, pensar a sua prática a partir de
reflexões construtivas estabelecidas neste processo inicial de formação, possibilita a inteiração
dos conteúdos com o processo de refletir, discutir, construir a Educação Física não apenas
como um simples conteúdo, mas, como disciplina com competências e saberes fundamentais
para a formação e construção do sujeito.
É importante lembrarmos que a Educação Física Escolar é uma área que em seus
conteúdos, abrange diversos conhecimentos tendo como objeto de estudo o movimento
humano realizado de maneira integral e única em cada indivíduo.
Em seu significado, a Educação Física Escolar é um componente que na educação
básica se caracteriza pelo ensino de conceitos, princípios, valores, atitudes e conhecimentos
sobre o movimento humano na sua complexidade, nas dimensões biodinâmicas,
comportamental e sociocultural. Seus princípios e valores devem fundamentar-se na vida de
seus alunos, a universalização, a inclusão, a diversidade, a individualidade e por fim, a
cidadania. Tudo isso como competências a serem construídas, desenvolvidas, experimentadas
nas aulas Educação Física. Com isso, o professor em formação precisa entender e conhecer
essas competências para quando assumir sua função de professor, produzir um conhecimento
pautado nestes princípios fundamentais da formação.
É importante que ao pensar sua prática, o professor tenha o entendimento de que a
formação tanto anterior (inicial) quanto a posterior (continuada) é de fundamental importância
para concepção e formação da pessoa na docência, no caso, o professor em questão. Acerca
disso, Libâneo (2004, p. 83) salienta que a “[...] formação geral de qualidade dos alunos
depende de formação de qualidade dos professores”.
Mesmo entendendo a necessidade apresentada pelo autor, sendo algo que
precisamos refletir a todo o momento, percebemos que ainda não temos uma Educação que
possibilite a formação do “super professor”, por isso essa necessidade, e porque não dizer
responsabilidade de se formar constantemente, de indagar essa concepção de ensino, de
conhecimento de ser professor com responsabilidades formativas, é fundamental. Nesse
sentido, a contribuição advinda do seu desenvolvimento em todo processo de formação irá
38
colaborar para que essa troca de conhecimentos entre professor e aluno aconteça com êxito.
Ora, ao apreender um conteúdo, apreende-se também a forma de pensá-lo e elaborá-lo.
É inevitável que ao concluir sua formação inicial, o professor, neste momento
habilitado a desempenhar suas funções de formador, depara-se com constantes
questionamentos referentes ao seu fazer pedagógico, dúvidas quanto a sua função, quanto à
continuidade na formação, produzindo assim, reflexões que venham fazer parte da trajetória
profissional docente. Essas perspectivas procuram dar contribuições para a construção de
práticas mais condizentes com as necessidades educativas, pois pensar a profissão
descontextualizada da realidade em que irá se desenvolver impede ao futuro professor
constituir as relações necessárias para a própria construção do seu processo formativo.
Atualmente, existe um conceito de que o professor não deve ser apenas um
simples mediador do ensino, mas fazer parte do processo de mudança deste ensino como peça
fundamental de tal procedimento metodológico, fornecendo meios para uma construção de
identidade transformadora.
A questão é que a formação em todos os sentidos, seja ela inicial ou continuada, é
o ponto de partida para toda e qualquer reflexão que venha influenciar a construção do
professor com questionamentos críticos e transformadores. A Educação Física, mesmo sendo
uma disciplina que foge dos padrões da sala de aula, precisa pautar seus saberes em teorias
que possam sustentar sua prática.
Enquanto formação, os futuros professores de Educação Física, a Instituição, a
escola e os docentes precisam relacionar-se, construir um diálogo que venha ser base
fundamental para formação desses acadêmicos. Acima de tudo, este diálogo deve transcender
as paredes das salas de aula, as quadras de esportes, se estabelecendo-se como regra básica
para formação dos professores. Vale ressaltar que a formação acontece no pensar e repensar
da ação, na discussão coletiva para construir o individual, resultando assim no professor.
Complementando, Formosinho (2009, p. 75) afirma que é preciso “[...] formar profissionais
mais fundamentados, reflexivos, críticos capazes de conceber uma formação adequada aos
diferentes contextos [...]”.
Por fim, o processo inicial de formação não é algo que deve ser restrito apenas a
aquele período da graduação dentro da sala de aula ou nos momentos de estágios, pois vai
muito além destas etapas. A busca incessante do conhecimento permite que este professor
compreenda seu real papel como mediador do conhecimento. A continuidade traz uma visão
de sequência, algo que a cada instante instiga mais investigação, mais questionamentos, mais
39
reflexões acerca da prática no seu processo de formação, refletindo-se na sua atuação dentro e
fora de sala.
Pensando na Educação Física enquanto profissão, Neira (2009, p. 73) aponta que,
Bem sabemos que a formação continuada deve fazer presente ao longo da carreira
docente, haja vista que a temática da formação tem sido, nos últimos anos, um assunto de
diversas discussões no campo educacional, tendo como sujeito de interesse o professor.
Porém, um número elevado de pesquisas, artigos, livros tem mostrado outra face da formação
continuada.
Segundo Moreira e colaboradores (2014), as políticas de Formação Continuada de
professores têm se tornado um elemento recorrente nas discussões em distintos eventos da
área da Educação, em muitos estudos e pesquisas. Em contrapartida, Nóvoa (2009) aponta
que ultimamente tem-se utilizado recorrentes conceitos de linguagens, da mesma maneira de
falar e pensar a profissão, por isso, faz-se necessário uma renovação e um olhar mais realista e
profundo da vida do professor e do seu processo de formação.
Neste ponto, no que se refere à Formação Continuada, os Referenciais para
Formação de Professores (BRASIL, 2002, p. 70) destacam que esta deve:
Vale lembrar ainda que a Formação Continuada relaciona a teoria com a prática,
mas não somente isso, ela também produz processo reflexivo de mudança de sua prática o que
influenciará a ação do professor frente aos desafios das instituições escolares e dos sujeitos
que ali estão.
Como todos já sabem, a formação do docente não termina quando este professor
sai da universidade, ela é consecutiva, permanente, reflexiva, crítica e fundamental para a
promoção da identidade docente durante toda a sua vida, seja no campo de trabalho, seja na
vida do professor.
Logo, a profissão tem essa necessidade de repensar, reconstruir a todo o momento
e, para isso, a trajetória de aquisição do conhecimento se constitui neste processo que busca
formar algo a partir do entendimento que este professor tem da profissão. Assim, é de
fundamental importância que haja esta relação de vivência para que igualmente seja possível
fundamentar uma estrutura curricular que vá de encontro as necessidade da profissão e que
construa a essência formativa. Teorizando sobre o assunto, Nóvoa (2001, s/p) em uma
entrevista à Revista Nova Escola afirma que:
42
grupos de estudos que vêm fortalecer a promoção dos saberes propulsores da transformação
da prática pedagógica dos professores. Nesse aspecto, há de se perceber que,
espaço da sala de aula como local de produção do conhecimento; a escola como um todo é
espaço de produção do seu conhecimento.
Posto isso, pode-se entender que é na escola que encontramos o lócus concreto
das ações docentes. Pressupondo isso, Candau (2003, p. 143) postulará em seus escritos que
“O lócus da formação a ser privilegiado é a própria escola; isto é, é preciso deslocar o lócus
da formação continuada de professores da universidade para a própria escola de primeiro e
segundo graus (Atualmente Educação Básica)”.
Nesta perspectiva, a autora aponta para uma nova compreensão de formação
contínua pautada, mesmo com diferentes perspectivas, de forma geral, em princípios comuns
entre os profissionais da educação. Tais princípios indicam que
Para entendermos este processo, García (1999) apresenta alguns princípios que
explicam as múltiplas dimensões insinuadas neste método formativo e os diferentes
componentes articulados no processo de aprendizagem do professor.
Para o autor, a formação de professores é um processo contínuo, cujo
desenvolvimento acontece ao longo de sua carreira profissional. Não só isso, como está
também associada a processos de inovação e mudança, que visam promover o
desenvolvimento curricular e a melhoria do ensino. Tal processo está articulado ao
desenvolvimento organizacional da escola, já que o contexto escolar é tanto lócus de trabalho
como de aprendizagem dos professores.
Esta formação sugere articulação entre a aprendizagem de conteúdos acadêmicos
e pedagógicos, o que destaca a importância do conhecimento didático e do conteúdo, que, por
sua vez, orienta-se pela articulação entre teoria e prática, uma vez que os professores “[...]
desenvolvem um conhecimento próprio, produto das suas experiências e vivências pessoais,
que racionalizaram e inclusive rotinizaram”, o qual pode fundamentar-se em preceitos
teóricos. (GARCÍA, 1999, p. 28).
49
Quando os autores afirmam que é “preciso dar voz aos professores”, observamos
o quanto isso ainda é limitado nos cursos de formação. Tem-se muitas teorias, obrigações,
modelos a serem seguidos; porém, imbricar todo este conhecimento dentro da realidade do
professor, tendo ele como principal sujeito do processo, é ainda uma tarefa a ser vivida pelas
instituições formadoras com mais efetividade. Ora é preciso que haja uma articulação entre a
universidade, espaço onde ocorre a produção do conhecimento com os outros espaços, e a
51
escola (lócus privilegiado da formação), como fonte de fixação, experiência e vivências reais
de saberes para a profissão.
Assim, afim de que a Formação Continuada aconteça, é preciso que ela saia dos
papéis, dos artigos, dos livros, dos eventos, das salas de grupos de estudos e encare na prática
a realidade ao qual tanto se aborda e argumenta nos cursos de formação. Para que os
professores idealizem uma identidade transformada na profissão, faz-se necessário que estes
docentes sejam confrontados a se colocar em evidência, refletir e permitir que suas
experiências venham ao encontro destes espaços – universidade e escola – com suas
diversidades de ações, estabelecendo a relação que vise uma reflexão construtiva da profissão.
Neste ponto, podemos constatar que o saber e sua produção é plural. Como podemos notar,
A escola, neste sentido, não pode ser um espaço para execução de uma ação pré-
determinada, mas, sim um campo propício de formação com vivências reais da profissão,
onde a prática não dependa de certas teorias que, por vezes, trazem discursos desatualizados,
que estão fora da verdadeira conjuntura da escola, os quais cercam os cursos de formação de
professores.
Frente a isso, observa-se que o professor que atua na educação básica, tem suas
atribuições divididas em dois lados extremos no que diz respeito às inovações curriculares,
ponto importante a ser considerado no contexto profissional.
Segundo Fiorentini e colaboradores (1998, p. 310),
[...] num, o professor vê-se reduzido à condição de técnico que apenas toma
conhecimento, por meio de cursos de atualização, do que foi
produzido/pensado pelos especialistas; noutro, temos o professor que luta
por autonomia intelectual/profissional que o habilite a atuar como agente
ativo/reflexivo que participa das discussões/investigações e da
produção/elaboração das inovações curriculares, que atenda aos desafios
socioculturais e políticos de seu tempo.
permanente, que integre o dia a dia dos professores ao da instituição escolar, contextualizando
todo o desenrolar processual da educação, não limitando apenas a uma mera ação profissional.
Neste contexto formativo complexo, é importante pontuar que não se deve separar
a teoria e a prática, uma vez que este movimento estabelecido por meio da realidade escolar
juntamente com a formação do professor possibilita a fixação da escola no momento reflexivo
do trabalho a ser desenvolvido, ou seja, ela faz parte da ressignificação do saber. Com isso, há
a necessidade da participação de todos para uma construção qualitativamente significativa do
professor e da sua profissão.
Logo, tal ação vem dar voz aos professores que ali se encontram para que
exponham os conhecimentos produzidos a partir do cotidiano vivenciado em suas aulas, o que
contribui na elaboração de novos saberes, com vistas a atingir os diferentes objetivos
propostos, transformando professores “reprodutores” de teoria em professores que pensam,
repensam e ressignificam tais teorias fundamentando-as na sua prática, trazendo-as processo
contínuo de formação e de constituição do conhecimento.
Segundo Tardif (2000), os saberes dos profissionais podem ser classificados como
temporais, plurais e heterogêneos; podem, portanto, ser personalizados e situados e carregam
a marca do ser humano em seus saberes.
Com base nisso, compreende-se que os saberes profissionais são temporais, já que
é com o tempo que são adquiridos. Tal pensamento pode ser evidenciado a partir da história
de formação dos professores, pois sabemos que a maioria deles concebem o ensino a partir
das suas experiências na vida escolar, o que os interliga ao seu processo, que vai desde a
escolarização básica até a graduação, chegando por fim ao campo de trabalho.
Durante este percurso, muitos e diferentes “modelos” de professores irão
influenciar a sua atuação no campo da docência, principalmente nos primeiros anos da
profissão. Estas experiências irão contribuir no desenvolvimento de suas competências na
prática profissional.
Para o autor, a formação profissional, por ser uma formação de longa duração, é
constituída pelas dimensões identitárias e de socialização. Isso ocorre porque, ao assumir um
novo trabalho, o professor necessita se localizar e se adaptar ao espaço para assim construir
uma identidade profissional que vem dar subsídio para entender, vivenciar e transformar sua
prática.
É importante ressaltar também que
56
Segundo Tardif (2000, p. 15), os saberes profissionais são personalizados uma vez
que os professores “[...] têm uma história de vida [...] e carregam as marcas dos contextos nos
quais se inserem”. Para atribuir sentido aos saberes que os professores mobilizam, eles são
situados também pois utilizam a sua função para construir os conhecimentos que vão ao
encontro das necessidades que eles vivenciam no dia a dia escolar, com seus diferentes
personagens, como diretores, coordenadores, funcionários, demais professores, em especial,
os alunos e seus familiares.
Para tanto, temos a compreensão de que ser professor de certa forma é
desgastante, pois há tantas atribuições, teorias que permeiam o trabalho do professor, questões
pedagógicas, educacionais e, por vezes, questões familiares.
Pensando nisso, o professor, segundo Carvalho (2010, p. 17),
Sendo assim, para que a educação se estabeleça com qualidade, é preciso que a
escola seja um espaço de formação, onde os professores, além de ensinar, possam aprender
também. Aliás, entendemos que este aprendizado é o que de mais rico um professor pode
conquistar, já que a teoria só será concreta e eficaz a partir do momento que encaramos a
formação com essência da profissão. Para tanto, é importante que o espaço escolar faça parte
deste processo contínuo de formação, que precisa ser encarado como elemento essencial de
consolidação do professor enquanto sujeito consciência da sua profissão.
Nesse sentido, Libâneo (2011, p. 80) aponta que
profissional, pois esta condição influencia a maneira como este professor institui o ensino,
refletindo na sua capacidade de exercer uma autonomia sistemática das atividades. Nóvoa
(2009, p. 38) afirma que:
Para tanto, Nóvoa (2009) traz em seu livro “Professores imagens do futuro
presente”, cinco propostas de trabalho que devem inspirar os programas de formação de
professores voltados para dentro da formação, sendo eles:
Vale ressaltar que estas propostas apresentadas por Nóvoa (2009) têm
considerável influência do país de origem, Portugal, porém, nota-se que muitas destas
propostas apresentadas podem ser perfeitamente aplicadas ao ensino e a formação brasileira.
Ao observarmos estes pontos, pode-se dizer que uma reflexão sobre a prática se
faz necessária a partir do momento que se compreende que ser professor vai muito além da
sala de aula, que é preciso estabelecer uma relação entre a formação de professores e as
práticas que se desenvolvem na docência escolar. Logo, a formação precisa partir de dentro da
profissão para o todo da profissão, de forma coletiva, comunicativa, transcendendo o espaço
escolar.
O trabalho da reflexão não é uma tarefa fácil, pois implica colocar-se em
evidência, sendo este um trabalho pouco desenvolvido dentro das universidades, uma vez que
59
Assim, para uma formação de professores dentro da sua profissão, é preciso que o
professor compreenda o seu ofício como algo que vai muito além do simples fato de ensinar,
mas que assuma a profissionalidade docente envolvendo dimensões que excedam a mera
dimensão pedagógica, transformando sua ação em prática reflexiva construída na e para
profissão.
deste conceito, encontramos a proposta de uma formação reflexiva que precisa ser
compreendida na ação prática cotidiana dos professores, seja no contexto escolar seja no
âmbito da graduação. Tal elemento visa à compreensão destes indivíduos como professores,
no modo como se sentem nesta profissão e também na forma com a qual formam outros
professores. (ALARCÃO, 2011).
Pérez Goméz (1995, p. 103) contribui afirmando que
profissional onde, sua atuação será permeada por uma criticidade necessária para conceber, ao
longo de sua carreira, uma Formação Continuada produtiva. Para tanto, há de se compreender
que
Parafraseando Castanho (1995), Petrilli (2006, p. 29) ressalta que, “Inovar não é
fácil, porque o novo tem que nascer do velho”, sendo que às vezes, a velha e hipotética prática
insiste em permanecer por ser algo que acaba se tornando (teoricamente) natural e aceitável
por todos.
Para tanto, ser um professor reflexivo hoje, encarando a sua atuação enquanto
formador dentro da escola, é, reconhecer, em primeiro lugar, a fragilidade e a dificuldade que
a profissão enfrenta e, a partir dela, procurar se desenvolver para além do simples aceitável
dentro da profissão, buscando inovar a partir das complexidades estabelecidas pela sociedade,
pelo ambiente profissional e pelas suas necessidades pessoais. É preciso, pois, transcender a
prática pela prática e estimular no professor uma consciência crítica e reflexiva.
O processo reflexivo formativo precisa fazer parte da vida do professor desde a
formação inicial, sendo construído progressivamente. O professor necessita estar intrincado
em um movimento de interação que faz e ao mesmo tempo se faz em um processo de
aprendizagem, onde o conhecimento se dá por meio de uma produção sistemática.
No processo de construção dos saberes, o professor deixou de ser o único
“transmissor” do conhecimento, pois estes saberes passam a ser compartilhados, uma vez que
“[...] ensinar não é apenas transmitir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua
construção ou produção”. (PETRILLI, 2006, p. 25).
Neste sentido, a formação profissional proporciona novas reflexões que permeiam
todo o processo construtivo do professor que compreende sua atuação dentro de sala de aula,
a troca de conhecimento com seus alunos produzindo e compartilhando experiências, a
promoção da prática crítica reflexiva que contemple os anseios que a profissão exige. Não
fosse o bastante, há ainda que considerar sua historicidade (autoconstrução como
profissional), sua identidade como provedor do saber, refletida na sua formação contínua.
62
O professor não pode agir isoladamente na sua escola. É neste local, o seu
local de trabalho, que ele, com os outros, seus colegas, constrói a
profissionalidade docente. Mas se a vida dos professores tem o seu contexto
próprio, a escola, esta tem de ser organizada de modo a criar condições de
reflexividade individuais e coletivas.
2. PERCURSO METODOLÓGICO
Quanto ao seu caráter, ela se desenvolveu no modo descritivo, pois de acordo com
Gil (2009, p. 42) esta “[...] tem como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre
variáveis”. É este caráter que produz uma preocupação com a atuação prática de determinado
sujeito a ser pesquisado, vindo ao encontro da necessidade deste estudo, visto que a
problemática apresentada entendeu a escola como espaço de significação da docência para o
desenvolvimento da formação do professor, buscando responder esta percepção do docente
como sujeito central da construção do saber por meio do processo de Formação Continuada.
Entendemos ainda que uma pesquisa qualitativa descritiva visa à qualidade nas
informações investigadas, visto que “a teoria surge durante a própria pesquisa e isso ocorre
através da interação contínua entre a coleta e a análise de dados”. (STRAUSS; CORBIN 1994
apud BALBI, 2009, p. 4). Vale destacar que a ação descritiva “trabalha com dados relativos à
66
Conforme apontam Lüdke e André (1986, p. 1), “para se realizar uma pesquisa é
preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre
determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele”. Neste sentindo,
optamos por utilizar quatro instrumentos para a coleta de dados com o objetivo de
proporcionar uma melhor qualidade de informações.
O primeiro instrumento escolhido foi um questionário (APÊNDICE C) de
diagnóstico de identificação das professoras participantes que pretendeu identificar o percurso
formativo das professoras na construção do seu perfil docente, apresentando a trajetória de
formação até chegada ao campo de atuação profissional. Entendemos que este processo seja
de fundamental importância, pois estabelece uma ligação do processo formativo com a
atuação profissional.
As informações apresentadas pelo diagnóstico possibilitaram uma inter-relação
com as outras informações apresentadas pelos demais instrumentos, situando a atuação
docente na construção do conhecimento a ser ministrado dentro da escola com mais
responsabilidade, refletindo seus saberes para além da prática.
O segundo instrumento utilizado foi a análise dos Planejamentos de Ensino das
professoras de Educação Física, com vistas a identificar a perspectiva teórica adotada, os
objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino e avaliação que sustentam as práticas
pedagógicas, bem como se a proposta de Formação Continuada está presente na organização e
no planejamento das atividades docentes. Lançar mão de tal instrumento justifica-se porque
não apenas literal das informações contidas nos documentos, mas uma
compreensão real, contextualizada pelo cruzamento entre fontes que se
complementam, em termos explicativos. (CORSETTI, 2006, p. 36)
também pode ser chamado de ‘diário de bordo’. Neste documento consta "[...] o relato escrito
daquilo que o investigador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha e reflectindo
sobre os dados de um estudo qualitativo”. (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 150) (sic).
Esse caderno de campo, que acaba originando um diário pessoal do estudo,
representa não só uma fonte importante de dados, mas também pode amparar o pesquisador
“[...] a acompanhar o desenvolvimento do projecto, a visualizar como é que o plano de
investigação foi afectado pelos dados recolhidos, e a tornar-se consciente de como ele ou ela
foram influenciados pelos dados”. (BOGDAN; BIKLEN 1994, p. 121) (sic).
Acrescido a observação, utilizou-se um instrumento avaliativo (roteiro de
observação), documento que contém todas as observações evidenciadas durante as aulas. Este
tipo de instrumento é possível, pois “[...] o observador sabe o que procura e o que carece de
importância em determinada situação; deve ser objetivo, reconhecer possíveis erros e eliminar
sua influência sobre o que vê ou recolhe”. (LAKATOS; MARCONI, 2010, p.176).
Vale ressaltar que o ato de observar as aulas das professoras possibilita um papel
fundamental na melhoria e no desempenho do ensinoaprendizagem deste professor em
questão. Tais resultados trazem uma reflexão acerca da sua prática como formador, sendo este
um suporte importante para a formação docente, pois fornece uma qualidade no feedback
pedagógico entre professor-aluno.
Como tempo de coleta, o processo de observação teve duração de três meses. As
aulas de cada professora foram acompanhadas em dois dias da semana, uma vez que ambas
trabalham no período vespertino e, por este motivo, a observação foi limitada a quatro aulas
por semana, totalizando 30 aulas observadas de cada professora.
O quarto e último instrumento utilizado foi a entrevista semi-estruturada, que
parte de certos questionamentos básicos, amparados em teorias e hipóteses levantadas no
referencial teórico que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de
interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as
respostas do informante. Logo, esta entrevista combina perguntas fechadas e abertas, onde o
entrevistado tem a possibilidade de falar sobre o tema proposto, sem respostas ou condições
prefixadas pelo pesquisador.
Ressaltamos que a entrevista semi-estruturada, de acordo com Triviños (1987,
p.146), é aquela que:
[...] parte de questionamentos básicos, fundamentado nas teorias e nas
hipóteses que interessam à pesquisa, oferecendo-lhe uma diversidade de
interrogativas a partir das respostas dos entrevistados (informantes), ou seja,
no momento que o informante, seguindo espontaneamente a sua linha de
70
Para atender aos objetivos desse estudo, a presente técnica de análise possibilitou
uma melhor captação das evidências frente aos instrumentos utilizados na coleta dos dados.
Por valorizar o processo e não apenas os resultados, a codificação estabelece um processo
analítico no diagnóstico dos resultados, visto que “[...] ela consiste em identificar uma ou
mais passagens do texto que exemplifiquem alguma ideia temática e ligá-las a um código, que
é uma referência taquigráfica à ideia temática”. (GIBBS, 2010, p. 77). O autor afirma ainda
que:
Uma das questões mais importantes da codificação é garantir que ela seja a
mais analítica e teórica possível. Você deve se afastar de códigos que sejam
72
Frente a isso, o presente estudo, mais uma vez, justifica-se como uma pesquisa
qualitativa, descritiva e analítica, por entender o valor a ser realizado no trato dos dados,
compreendendo a sua importância na validação dos resultados. A coleta de dados não é
estanque, é construída em conjunto com a análise. Codificar e transcrever as informações
presentes nos instrumentos qualitativos de coleta de dados propicia um refinamento destes
dados possibilitando novas compreensões teóricas analíticas de um determinado assunto
durante o processo de análise.
Pensando nisso, faz-se necessário compreender que fazer pesquisa qualitativa é
analisar e interpretar os dados, refletir e explorar o que eles podem propiciar, buscando
regularidades para criar um profundo e rico entendimento do contexto pesquisado. Sendo
assim, alicerçadas nestas informações, a codificação é o procedimento essencial para as
análises dos instrumentos utilizados – a entrevista, o plano de ensino e as observações – uma
vez que demarca o elo entre os objetivos da pesquisa e os seus resultados.
73
3. ANÁLISE DE DADOS
Para este capítulo, propomos apresentar a análise dos dados empíricos tomando
por base os instrumentos propostos com a finalidade de responder aos questionamentos
apresentados nesse estudo qualitativo, observando os objetivos que conduziram toda a
construção teórico-metodológica desta pesquisa. É importante frisar que, fazer uma pesquisa
qualitativa consiste em analisar e interpretar os dados, refletir e explorar o que eles podem
propiciar buscando regularidades para instituir um profundo e rico entendimento do contexto
pesquisado.
A Formação Continuada neste ponto se evidencia como campo de construção do
professor, articulando às experiências dos docentes com a sua construção profissional. O ato
de refletir a profissão demonstra a importância do fazer docente, arrolando a ação de
desvendar novos caminhos para antigos pontos de dificuldade da ação docente.
Para que a realidade da profissão ganhe espaço na sociedade, faz-se necessário
evidenciar as ações recorrentes do campo profissional pautado na vida de quem a conduz. Dar
voz aos professores é uma das possibilidades de vivenciar, compreender, indagar, refletir a
prática docente como importante processo de transformação educacional.
Evidenciando os paralelos postos entre a teoria e a prática docente e a formação
que este professor precisa construir ao longo da profissão, possibilitar que este sujeito seja
autor da sua história corrobora na construção desta pesquisa através do processo de captura
dos dados no lócus de atuação do professor. Seja por meio da observação, seja por meio da
entrevista, as informações obtidas são importantes dados que podem transformar a visão
teórica da profissão e da vida do professor.
Com isso, é importante ressaltar que o estudo teve como sujeitos de pesquisa,
duas professoras de Educação Física atuantes nos anos iniciais do Ensino Fundamental
especificamente na região norte de Cuiabá, região ao qual delimitamos como campo de coleta
dos dados. Partindo desse ponto, estabelecemos que as experiências observadas através dos
instrumentos de coleta de dados podem trazer uma reflexão acerca da vida do professor de
Educação Física atuante nas escolas públicas de Cuiabá, respaldado no seu processo
formativo, condição essa que coloca em evidência o professor como sujeito em constante
formação. Logo, com as informações obtidas, estabelecemos uma estrutura de ideias
temáticas compreendidas a partir das evidências extraídas dos instrumentos.
Para tanto, o momento de análise das informações recolhidas é de fundamental
importância para a construção de novos saberes e novas evidências teóricas, uma vez que,
74
pesquisar requer profunda habilidade na coleta de dados e uma escolha metodológica que
adéqua uma estrutura para o método de pesquisa. Logo, todos os dados apresentados se
constituem a partir das vivências diretas com as professoras e foram analisadas conforme cada
instrumento utilizado e apresentados a seguir.
Pensando sobre isso, uma das estratégias bastante utilizadas por professores que
atuam na escola, são os cursos no nível lato sensu, que formam professores especialistas em
determinada área, como é o caso das professoras em questão. Quando o professor se propõe a
ingressar em um curso de pós-graduação lato sensu, entende que a sua formação está
direcionada mais para a atuação profissional, no caso, sua atuação na escola. Para tanto, esta
formação precisa fazer diferença na vida e na sua atuação do professor dentro do espaço
escolar.
Por ser um campo bastante amplo, até mesmo na escola, a Educação Física
permite um leque de possibilidades de especializações. Por isso, faz-se necessário uma
atenção especial ao processo de condução destes cursos com relação ao contexto que o
professor está inserido, relacionando os seus interesses e necessidades na vivência de uma
experiência contextual do conhecimento construído pelo professor, para além da mera
transmissão de informação.
A pós-graduação lato sensu pode ser percebida como relevante interesse na
formação defendida pela vertente crítico-reflexivo, e bem sabemos da importância dessa
formação ao contínuo aprimoramento do professor pesquisador.
Segundo Freire (1996, p. 43), “É pensando criticamente na prática de hoje ou de
ontem que se pode melhorar a próxima prática”. Logo, a busca incessante pela concretização
do ensino transformador permite uma análise da sua prática pedagógica. Essa condição
permite a reflexão quanto aos saberes docente e suas competências como professor na
construção de sua identidade profissional.
Outro ponto de destaque refere-se ao status do professor dentro da escola. Neste
estudo temos os dois lados da moeda, a estabilidade de ser efetiva no cargo, a outra, com os
dilemas do contrato temporário. Quando se é um professor efetivo, apesar de todas as
dificuldades, há uma segurança para poder construir tanto uma relação mais próxima com a
escola como no desenvolvimento do seu trabalho. A Educação por ser um processo de longo
prazo, precisa proporcionar ao docente tempo para sua construção. Por outro lado, quando o
professor é contratado, ele acaba não tendo a possibilidade de uma estabilidade na escola, não
cria raízes e isso dificulta a construção de um trabalho em longo prazo. Como destacamos
anteriormente, uma das professoras não é efetiva em seu cargo.
77
Dessa forma, todas estas informações são pontos que refletem o percurso do
professor, elementos que queiramos ou não, permeiam a profissão da docência. São realidades
que merecem reflexões, principalmente, em respeito àqueles que se encorajam a seguir a atual
carreira docente.
organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação
no decorrer do processo de ensino”.
Contudo, vale ressaltar que o ato de planejar a escola e o ensino requer dos
educadores a reflexão em torno da definição de valores, princípios, significados e
compreensão de educação e das práticas inerentes ao espaço escolar, principalmente, se
considerarmos que a escola é uma instituição imprescindível à sociedade contemporânea,
especialmente pelo seu contributo para o desenvolvimento da cidadania. Logo, em dimensão
mais ampla o planejamento escolar requer integralização e articulação das ações educativas
norteadas pelo projeto político-pedagógico.
Já o planejamento de ensino, assunto desta etapa da análise, constitui-se em um
espaço e momento coletivo para reflexão e avaliação da práxis pedagógica e dos instrumentos
teórico-metodológicos, permitindo aos envolvidos reafirmar suas posições e avaliar suas
práticas, ressignificando-as. Libâneo (2004, p. 225) complementa afirmando que,
Esta sistematização das ações docentes frente ao tema gerador proposto pela
escola, conduziu a Professora 1 a construir um planejamento que, visasse tanto a proposta de
trabalho da escola quanto as capacidades a serem desenvolvidas a partir dos conteúdos a ser
trabalhados durante o ano. Logo, estabeleceu-se uma relação de todas as ações a ser
desenvolvidas com os temas bimestrais nas aulas de Educação Física em que, as justificativas,
objetivos, capacidades e conteúdos tiveram como foco favorecer o desenvolvimento e a
formação do aluno.
Ao analisar a justificativa proposta pela Professora 1, no segundo bimestre,
identificamos que por meio das observações das aulas, que ao trabalhar com a temática
“Ecossistema”, a construção do plano de trabalho pautou-se no resgate das brincadeiras e das
danças folclóricas, produzindo nas aulas, uma conscientização da cultura e das possibilidades
de desenvolvimento das atividades. Esta estratégia pode muito bem ter atividades que
representem, conscientizem e transformem os sujeitos de suas práticas a partir do
conhecimento prévio que o professor tem do tema e os saberes essenciais para a prática da
Educação Física Escolar. Neste ponto, entendemos que a Formação Continuada é de
fundamental importância na construção do professor que forma e se transforma, que entende
suas responsabilidades e necessidades frente ao contexto de sua atuação.
Outro ponto de destaque e que vale a pena destacar no planejamento da Professora
1, são capacidades a serem desenvolvidas ao longo dos semestres. Bem sabemos que a criança
dos anos iniciais do Ensino Fundamental “[...] têm uma característica diferenciada da
Educação Infantil, pois, nesse caso, falamos de um nível de desenvolvimento motor, afetivo,
cognitivo e social mais avançado”. (MOREIRA; PEREIRA; LOPES, 2009, p. 124). Neste
85
Frente a isso, Moreira, Pereira e Lopes (2009, p. 127) afirmam que “o incentivo
para construção da própria maneira de executar um movimento faz com que as crianças
tenham maior domínio e aceitação das atividades. Além disso, cada uma pode executar de
acordo com o seu potencial”.
Na formação da criança, esta ação produz resultados mais positivos no
desenvolvimento das principais habilidades funcionais. Vale ressaltar que o professor de
Educação Física diante destas necessidades da criança, “[...] deve compreender que o mais
importante para a criança é a vivência, a experiência, e a possibilidade de realização de
diversos movimentos”. (MOREIRA; PEREIRA; LOPES, 2009, p. 128).
Diante destas informações constatamos que a fundamentação do planejamento de
ensino da Professora 1 tem subsídio em elementos que visam produzir conhecimento para os
alunos, com determinadas exigências formativas. A Educação Física, as experiências vividas
pelo aluno dentro e fora da escola devem ser somadas às propostas das aulas, logo,
entendemos que a Formação Continuada tem papel importante nesta construção docente,
enraizando uma formação voltada para a práxis do professor.
Para tanto, todas as propostas expressas no planejamento contribuem para a
atuação consciente e embasada numa Educação Física que busque transformar a prática,
adequando seus objetivos e estratégias na produção eficaz do conhecimento.
Por fim, constamos que o planejamento apresentado pela Professora 1 apresenta-
se adequado com a proposta que a Secretária Municipal de Educação de Cuiabá preconiza
para as aulas de Educação Física Escolar, a ser observado nos anexos ‘Objetivos, conteúdos,
carga horária e avaliação nos anos iniciais do Ensino Fundamental’, (MOREIRA, 2012, p.
112), que propõe possibilidades de estruturação e construção do planejamento de ensino
docente.
Logo, além da estruturação seguir a normativa, os elementos competentes a cada
fase do planejamento relacionam-se com as ações a serem desenvolvidas ao longo do ano
letivo, visando o desenvolvimento e formação do aluno, respaldado em propostas que
expressam uma organicidade no trabalho a ser desenvolvido, contribuindo assim, para uma
validação e valorização do trabalho do professor.
87
pedagógico da escola e estão intimamente associadas aos objetivos gerais. Devem ser
realizados de forma processual e referem-se às ações reais a realizar.
Ao afirmarmos que as capacidades podem ser entendidas como objetivos
específicos no planejamento de ensino nos remete ao entendimento que, suas especificações
compreendem o processo em que permeiam aquilo que o professor deseja que o aluno atinja.
Contudo, estes objetivos educacionais expressos como capacidades nos planejamentos das
Professoras 1 e 2 se realizam de forma processual e referem-se às ações concretas na
formação do aluno, ou seja, habilidades a serem adquiridas. Logo, suas especificações devem
ser elaboradas de acordo com as competências e habilidades do projeto pedagógico da escola
e estão fortemente associadas aos objetivos gerais. Segundo Libâneo (1994, p. 135),
Não se pode negar que ambas professoras, pelos anos de experiência na Educação
Básica, expressam em seus planejamentos coerência e coesão com o que se propõe para os
anos iniciais do Ensino Fundamental.
Para tanto, levando em consideração os componentes que visam desenvolver as
competências nos alunos, os quais foram citados no plano de ensino, bem como a faixa etária
que se encontram os alunos, destacamos que dentre tantas possibilidades de atividades, os
jogos e brincadeiras são essenciais para estabelecer um acervo de experiências corporais
capazes de favorecer, inúmeras aprendizagens nas crianças. (BRASIL, 2013).
Ao analisarmos estes elementos do planejamento a proposta pedagógica do
município, observamos que os objetivos propostos vêm ao encontro dos que foram expressos
por ambas Professoras. A forma como cada uma apresentou em seu planejamento – Professor:
Capacidades/ Professora 2: Direito de Aprendizagens – indicam, apesar de utilizarem
nomenclaturas diferentes, apresentam significados iguais. Para tanto, podemos observar que
na proposta municipal não há uma separação dos objetivos, existem apenas um grupo
apresentado. Com isso, a leitura que fazemos é que as Professoras segmentaram os objetivos,
de maneira a trabalha-los de maneira mais específica, o que entendemos seja positivo no
processo de construção da docência.
- Alimentação saudável.
Fonte: Adaptado dos Planejamentos das Professoras 1 e 2
Parafraseando uma das falas da Professora 1 durante uma das observações das
aulas e que vale a pena destacar: “Futebol não é Educação Física Escolar, ele faz parte dos
conteúdos que podem ser trabalhados”, logo, nota-se que tanto Professora 1 quanto a
Professora 2, buscam possibilidades de conteúdos que produzam não apenas o prazer pela
prática, mas, conhecimento, valorizando suas diversas possibilidades.
Ao analisar os conteúdos propostos pelas professoras para o 2º bimestre nas
turmas de 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental, notamos num primeiro momento, uma
diferença na escolha do tema conteúdo central de suas aulas sendo definido pela Professora 1
as ginásticas, as brincadeiras e as danças e pela Professora 2, os conhecimentos sobre o corpo.
Primeiramente, ao consultar as propostas de conteúdos sugeridos para os anos
iniciais do Ensino Fundamental presentes na proposta municipal, observamos que ambas
professoras fundamentam suas ações com base nesta orientação, estabelecendo conteúdos
diversos, dentre tantas possibilidades de atividades que direcionam a construção do trabalho
pedagógico docente, com foco na formação do aluno.
Para tanto, as possibilidades apresentadas pela Professora 1 remetem-se ao
desenvolvimento corporal como elemento chave na formação da criança. Isso pode ser
expresso quando ela apresenta os principais componentes práticos a serem desenvolvidos nas
suas aulas, a saber: brincadeiras de roda (cantadas, rítmicas e folclóricas) e danças
comemorativas.
Nas atividades propostas, os conteúdos além de desenvolver os aspectos
essenciais da formação da criança que são, os elementos conceituais, procedimentais e
atitudinais, ela promove o resgate de brincadeiras antigas e folclóricas, cantigas de rodas
relacionando com contexto em que a criança se encontra, introduzindo-a numa cultura que por
vezes, tem se perdido frente as tecnologias que direcionam a criança a um novo formato de
brincar. É neste contexto do brincar que as aulas foram conduzidas agregando os conteúdos na
formulação das atividades. Gomes (2012, p. 28) afirma que:
Por sua vez, a Professora 2 conduziu suas aulas com o tema central
“conhecimento sobre o corpo”, e por não apresentar uma organização de seu planejamento
por bimestre, observamos que temática contava como elemento de apoio para o
desenvolvimento das atividades, os jogos e as brincadeiras, sempre relacionando com o
“corpo em movimento”. Logo, a observação que fazemos frente aos conteúdos propostos é
que, a partir do tema central, todos os outros componentes expressos, poderiam fazer parte das
atividades durante suas práticas em todos os semestres como, por exemplo, numa aula abordar
os jogos folclóricos, noutra a ginástica, não estabelecendo uma ordem do desenvolvimento
dos eixos (que foram apresentados no planejamento) na organização dos conteúdos.
Moreira, Pereira e Lopes (2009, p. 135) são categóricos ao dizer,
3.2.5 Avaliação
Contudo, a professora não especificou que instrumento utiliza para captar estas
informações durante as suas aulas. Bem sabemos que para coletarmos todas as informações e
avaliarmos as ações executadas durante as aulas com mais êxito, faz-se necessária à utilização
de instrumentos que deem maior validade aos dados a serem apresentados como, por
exemplo: relatórios, fichas, caderno de campo, autoavaliações, dentre outros.
Já a Professora 2, assim como os objetivos, não apresentou nenhum critério como
proposta de avaliação das aulas o que nos impossibilitou de visualizar o acompanhamento do
101
subsidiará a produção do conhecimento e dos conteúdos que cada fase necessita para seu
desenvolvimento. Sendo assim, antes que a prática aconteça, o professor necessita de
embasamento teórico da sua área, não se restringindo apenas ao seu primeiro período de
formação (no caso, a graduação), mas, transpor o comodismo que por vezes cerca a profissão,
acessando novos conhecimentos, discussões coletivas, continuidade formativa. É nesse meio
que o professor despertará (assim esperamos) para uma ressignificação da sua atuação dentro
da escola.
Pensando nisso, frente aos aportes teóricos utilizados pelas professoras,
destacamos o livro ‘A Educação Física na rede municipal de ensino de Cuiabá: uma proposta
de construção coletiva’, fruto da pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Educação Física da
Universidade Federal de Mato Grosso e do Curso de Educação Física do Centro Universitário
de Várzea Grande, intitulada “Perfil e atuação profissional dos professores de Educação Física
da rede municipal de ensino de Cuiabá: estudo, análise e proposições para Formação
Continuada”, desenvolvido entre 2009 e 2012 e, desde 2013 até o presente momento se
desenvolve como Formação Continuada dos professores da rede.
Observar que ambas professoras têm como base norteadora para suas ações, o
livro que foi fruto de uma reflexão coletiva é fundamental para justificar a realização de
processos de Formação Continuada que tenham como base a realidade dos professores.
Destacamos ainda a utilização dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)
apresentados pelas duas professoras, documentos estes que tem como função, “[...] difundir os
princípios da reforma curricular e orientar os professores na busca de novas abordagens e
metodologias”. (INEP, 2011). Logo, além de traçar um novo perfil para o currículo apoiado
em competências básicas para a formação do indivíduo, o currículo está sempre em
construção e deve ser compreendido como um processo contínuo que influencia
positivamente a prática do professor.
Entendendo que o desenvolvimento do professor e de sua profissão se estabelece
com a formação que subsidia a construção de uma identidade transformadora. Toledo, Velardi
e Nista-Piccolo (2009, p. 95) dizem que:
Assim como os conteúdos direcionam o que ensinar para uma determinada turma,
os objetivos são a base fundamental alicerçando os saberes que se deseja ensinar. Segundo
Libâneo (1994, p. 119),
com base em objetivos. Todo professor quando elabora uma prova para os
seus alunos, conscientemente ou não, está pensando em objetivos.
P1 – [...] esse nosso encontro foi bom porque nós podemos nos juntar, tirar
dúvidas de planejamento. Então fizemos vários planejamentos juntos é, são
brincadeiras novas como trabalhar o quê buscar, então para mim foi bem
assim, prazeroso então eu pretendo crescer mais ainda, por mais que você
sabe, você nunca sabe né, então a gente tem que tá sempre correndo atrás.
(sic).
Pensando nisso, a cultura corporal das crianças precisa explorada nas aulas de
Educação Física Escolar, uma vez que, estabelecer, conforme argumentos aqui expressos a
partir de teóricos da área, um vasto campo de conhecimento tanto para o professor como para
seu aluno. Logo, ao valorizar a bagagem cultural que cada aluno traz conciliando com as que
serão construídas durante aulas, tendo como subsídio os conteúdos e objetivos, o professor
109
seus objetivos desenvolver habilidades que visam uma formação motora especifica, é
importante que as aulas respeitem sempre o período de formação, logo, a ludicidade faz-se
presente na construção pedagógica das atividades. Contudo, ressaltamos que essas habilidades
são elementos fundamentais para o desenvolvimento e formação do corpo e a sua
compreensão no espaço, pois, é base para a construção do movimento.
Por fim, destacamos que as aulas 1, 2, 7, 8, 23 e 24, mesmo não seguindo
oficialmente a proposta de conteúdo expressa no planejamento, podem, com as atividades
apresentadas, contribuir com a formação dos alunos. Observamos durante estas aulas a
apresentação de filme, palestra educativa, corta e colar bandeirolas e ensaio da coreografia
para a festa comemorativa da escola, o que impediu o desenvolvimento da aula propriamente
dita, limitando o tempo para a realização de atividades que não compunham o rol de
conteúdos das aulas. É importante relatar que, quando determinadas atividades fogem do
contexto do planejamento estabelecido, a aula de Educação Física é a mais prejudicada. A
Professora 1 precisou criar estratégias para que a turma não perdesse o foco e nem
executassem ações de cada atividade sem um sentido.
Sendo assim, dentre os objetivos propostos, mesmo fora do Planejamento de
Ensino, o aprimoramento de habilidades motoras ao trabalhar com movimentos
manipulativos, a interação com os sujeitos, o raciocínio lógico através de ações que levassem
a criança a observar, pensar, compreender uma determinada ação, não foram, mesmo que fora
do Planejamento, não foram executados sem um sentido em si.
O conhecimento precisa ser transmitido a partir do momento que tiramos o aluno
da sua zona de conforto, tendo o professor um papel importante nesse processo, pois, nesse
momento é desafiado a transformar a sua própria prática. Planejar e executar com êxito uma
aula que traga significado ao aluno, não é uma tarefa fácil, porém temos na Formação
Continuada importantes subsídios que ajudam o professor a pensar e ressignificar prática.
Esta assertiva pode ser evidenciada na fala da Professora 1:
educação ou falta dela para com o professor e com os colegas, muita agitação/ bagunça,
alguns demonstravam-se violentos, trazendo para a escola, como a própria professora relatou,
um reflexo do que vive em casa.
Isso nos leva refletir no papel que o professor precisa desempenhar com seus
alunos antes mesmo de atuar como professor. Os conflitos encontrados em cada turma
desafiavam o andamento das atividades da aula. Logo, os conteúdos desenvolvidos
precisavam ter objetivos que visassem não somente a parte educacional e de aprendizagem do
aluno, mas a parte emocional também.
Com relação às aulas práticas observadas, notamos que o conteúdo Ginástica era
desenvolvido em todas as aulas práticas como forma de aquecimento, alongamento, por vezes
na parte principal, tendo em suas atividades a presença das habilidades locomotoras
(deslocamento: andar, saltar, correr – diferentes alturas ou distâncias – dentre outros),
estabilizadoras (manutenção do equilíbrio com movimentos de orientação do tronco ou dos
membros, em posição estática: virar, girar, flexionar, estender, equilibrar-se, ficar de pé e
sentado, dentre outros). Essas habilidades combinadas a Ginástica visam, segundo Schüller
(2012, p. 58),
Nanni (1998) afirma que a Ginástica, com ou sem aparelhos, constitui uma forma
particular de exercício o qual, abre possibilidades de atividades que geram valiosas
experiências corporais, enriquecedoras a cultura corporal das crianças. Logo, faz-se
necessário observar sua importância na formação da criança como uma dentre tantas
possibilidades de organização das aulas. Nas práticas observadas, a ginástica que foi intitulada
como “ginastiquinha” pela Professora 1, apresentando em suas atividades com vistas ao
desenvolvimento dos movimentos fundamentais da criança e as manifestações culturais que
dela derivam.
Assim, os movimentos realizados durante o alongamento, o aquecimento, bem
como as atividades rítmicas que se utilizavam de músicas, associavam gestos e movimentos
corporais, provocando e estimulando a participação dos alunos em aula de forma natural, mas,
114
com um conteúdo significativo e formativo. Essa prática conhecida como ginástica natural,
utilizada tanto na parte inicial ou principal das aulas, pode, por meio dos movimentos
executados de forma livre,
possibilidades de aula, seja na quadra, seja na sala de aula, seu desenvolvimento tem por
objetivo maior a ascensão do sujeito. Assim, como dissemos sobre a Ginástica, a Brincadeira
é uma dentre tantas possibilidades de organização das aulas.
Com relação às aulas observadas, notamos que as brincadeiras enquanto conteúdo,
se fizeram presentes em quase todas as aulas. Em seu desenvolvimento foram observados três
fatores importantes para a construção simbólica da criança: a brincadeira livre, a brincadeira
com brinquedo e as brincadeiras antigas/ folclóricas. É importante considerar que todos estes
elementos fazem parte do universo da criança, a diferença é que quando ela é desenvolvida no
ambiente escolar tem-se outro significado, pois envolve muito mais que o simples ato de
brincar, mas, como nos ensina Morin (2006), ela abrange a estrutura complexa na formação
da criança, biológica, social, cultural e de aprendizado.
Ao todo, notamos que, nas aulas 3, 4, 23, 24, 29, 30 as brincadeiras tinham um
caráter livre e por vezes com brinquedo. Nessas aulas, a ginástica tinha um papel importante
no início da aula, visto que as atividades eram combinadas, desenvolvendo dinâmicas e
movimentos que permitissem as crianças conhecerem, a partir dos movimentos produzidos
pela “ginastiquinha”, o seu corpo no espaço, desenvolvendo a socialização, atenção, a
criatividade, sendo a ludicidade um pano de fundo para o brincar livre, criando suas regras,
suas brincadeiras, suas estratégias frente aos desafios que elas mesmas colocavam ao terem a
liberdade de “comandar” a brincadeira no momento da aula.
Já os brinquedos contribuem para o processo maturacional da criança que por
meio da imaginação, desperta e desenvolve relação com os colegas, pois permitem criar,
imaginar e até mesmo traduzir suas sensações por meio dos objetos que por um momento
parecem inofensivos, mas, carrega uma grande carga de significado do sujeito que o
manuseia. Logo, é importante considerar que toda ação da criança durante a brincadeira tem
um sentindo para além do simples brincar. Seja ela livre ou com algum brinquedo, a
prioridade fundamental é construir uma identidade que transforme e estimule a sua vida por
meio de movimentos que tragam sentido na formação dos alunos.
Com relação às brincadeiras folclóricas/ antigas, estas puderam ser evidenciadas
nas aulas 5, 6, 9, 10, 11, 12,15, 16, 17, 18, 19, 20, 27 e 28, com vistas a resgatar brincadeiras
que fizeram parte da vida da maioria dos adultos de hoje. Elas têm um grande simbolismo na
história da criança, pois, denotam o resgate de uma cultura do brincar saudável e com sentido.
Atividades como pular corda, amarelinha, pular-carniça, corre-cotia, cirandas, dentre outras,
favorecem o desenvolvimento de atitudes como: solidariedade, respeito mútuo, interação,
socialização, cooperação, respeito a regras, construção de limites e elevação da autoestima.
116
Eu, principalmente procuro nas atividades que nós fazemos ali seja na dança,
seja na ginástica [...] procuro trazer para dentro do meu planejamento levar
para os meus alunos na quadra pra [...] poder tá vivenciando de forma
prazerosa, então ajuda bastante. (sic).
Olha, o apoio que nós temos deles estarem nos liberando e dentro do projeto
que nem ficou programado, [...] tinha colegas que quase não podia participar
porque esse horário atividade dos professores, então tem professor que não
abre a mão da hora atividade dele. (sic).
26, 27 e, a palestra educativa referente à Dengue na aula 20. Destaco aqui as aulas dedicadas
ao ensaio das danças comemorativas. Estas seriam apresentadas nos eventos comemorativos
da escola, visto a gestão da escola instituiu que se deve dedicar um tempo da aula para a
realização desses ensaios, ficando com o peso maior para os professores de Educação Física e
de Artes.
Um retrato dessa situação pode ser observado na fala da Professora 1, que com
certa ironia, faz desabafo frente a realidade escolar:
Isso nos leva a refletir sobre o prejuízo de tempo para o desenvolvimento das
aulas de Educação Física, preocupação expressa pela Professora 1 em um dos ensaios em que
teve que assumir. A sua preocupação vem ao encontro dos poucos momentos que a disciplina
tem com cada turma e ao excesso de funções que às vezes tem que desempenhar antes de
poder desenvolver sua aula propriamente dita. Funções essas atribuídas pela coordenação da
escola. Observando isso, a Professora 1, na aula 27, expressa sua posição:
Compreendemos que planejar é mais fácil que executar. É na prática que podemos
evidenciar as propostas que tanto nos preocupamos em colocar no papel e ser desenvolvida
com êxito na formação dos alunos. Isso pode ser visto ao acompanharmos a Professora 1 em
suas aulas, nos desafios de desenvolver os conteúdos propostos para o bimestre, nos desafios
encontrados na escola para cumprir com o que foi planejado. Para tanto, ao observarmos o
Planejamento proposto para o bimestre, constatamos que os principais conteúdos expressos
foram evidenciados nas aulas da Professora 1.
Apesar de algumas dificuldades encontradas na escola, a Professora atendeu as
propostas enquanto conteúdo, tendo subsídio também nas propostas expressas no ANEXO 1,
onde consta os ‘Objetivos, Conteúdos, Carga Horária e Avaliação nos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental da Proposta de Educação Física da Rede Municipal de Ensino de
Cuiabá’.
119
dentro da escola, implica em conhecermos como ele aperfeiçoa sua prática, visto que existe
todo um processo significativo na construção dos saberes a partir das competências
fundamentais para a formação dos seus educandos. E para que sua prática tenha resultados
satisfatórios e de aprendizagem, faz-se necessário uma Formação Continuada para sustentação
das suas ações docentes. Para as autoras “[...] a formação continuada vem se revelando como
uma dimensão bastante importante da vida profissional dos docentes” (ROSSI; HUNGER,
2011, p. 60).
Ao destacarmos o professor no seu ambiente de trabalho, observando-o em
atuação, estabelece-se essa relação entre escola como o lócus da formação a ser privilegiado,
e o professor como sujeito que “[...] aprende, desaprende, reestrutura o aprendido, faz
descobertas”. (CANDAU, 1997, p. 57). É nesse espaço que o professor entende realmente a
sua profissão, logo, a autora afirma ainda que, para que a prática pedagógica seja concebida
como o fio condutor da Formação Continuada, ele precisa se desenvolver em três eixos de
investigação, sendo: definir a escola como lócus da formação, valorizar os saberes da
experiência e, atentar para as diferentes etapas do desenvolvimento profissional docente.
(CANDAU, 1997).
Neste sentindo, a Formação Continuada estabelece essa relação de sustentar a
ação docente produzindo os saberes pedagógicos, influenciando todo o seu processo dentro do
ambiente escolar. Logo, o professor, se torna ao mesmo tempo o centro dos discursos das
reformas educativas e é fundamental no processo educativo.
Para Tardif (2002, p. 149),
Neste sentido, é preciso ter uma atenção a mais na aplicação do conteúdo, uma
vez que, ele precisa ser significativo na vida da criança, principalmente no que diz respeito a
sua construção social. A cada ano que passa temos nos deparado com uma realidade em que a
criança, principalmente em bairro periféricos, tem se envolvido com certas influências que
tiram o foco da verdadeira infância da criança. Muitas desses alunos têm famílias totalmente
desestruturadas e, por vezes, atribuem à escola a responsabilidade pela educação de seus
filhos e, ao olharmos para a realidade, constatamos que cumprir com os papéis formais dentro
da escola tem-se tornado cada dia mais difícil.
O professor tem o desafio que conseguir desenvolver com êxito a sua aula mesmo
tendo todos os conflitos postos pela realidade da educação, e nela está evolvida a escola, seus
coordenadores, os alunos, o espaço em que a escola está inserida, seus familiares e o próprio
conhecimento que o docente tem da sua profissão. Segundo Libâneo (1994, p. 241) “Em todas
as profissões o aprimoramento profissional depende da acumulação de experiências
conjugando a prática e a reflexão criteriosa sobre ela, tendo em vista uma prática
constantemente transformada para melhor”.
Neste sentido, a Formação Continuada estabelece um processo de ressignificação
da formação e a adaptação da profissão a toda essa conceitualização pedagógica dos saberes a
serem desenvolvidos frente à realidade de inserção do professor com a responsabilidade de
produzir conhecimento. Logo, todas as experiências vividas pelo docente fazem parte do
processo de aprendizagem que contribua na construção de identidade docente e na busca da
transformação de sua prática, confrontando a teoria e a prática frente aos seus planejamentos,
reescrevendo seus saberes pedagógicos.
Segundo Benites e Souza Neto (2011, p. 91),
Aula 7/8 – [...] decidiu junto com a professora de artes passarem o filme
Madagascar 2 para as duas turmas e após o intervalo, separar meninos e
meninas, cada professora ficaria com um grupo, e pediria para que eles
123
logo, seu trabalhado era dobrado, uma vez que, pouco era a iniciativa da professora de artes
para tomar a frente oficialmente das atividades.
Outro fator que prejudicava o desenvolvimento das aulas de Educação Física eram
os ensaios das coreografias que deveriam ser apresentadas nos momentos festivos da escola.
Estes ensaios sempre acabavam utilizando o principal de espaço de desenvolvimento das
aulas da Professora, a quadra, e também o tempo da professora que tinha que auxiliar e,
muitas vezes conduzir o ensaio das outras turmas, prejudicando assim o seu planejamento. A
escola diante dessa situação apenas afirmava que as professoras de cada turma, com o auxílio
da professora de Educação Física, deveriam preparar, organizar e ensaiar as coreografias que
seriam apresentadas nas festas.
Neste ponto, observamos as várias funções que a professora tinha que
desempenhar e, muitas vezes, deixava sua turma de lado para atender as demandas da escola.
Ela afirmava que não gostava de deixar sua turma para desenvolver outras atividades, que este
era um período que suas aulas mais sofriam para se realizar com êxito. Podemos observar isso
nas seguintes aulas:
diferentes. Lidar com diferentes perfis requer do professor, um preparo contínuo, procurando
ressignificar sua atuação a partir das relações que ali se estabelece.
Conhecer seus alunos, suas realidades, a realidade da escola, a influência daquela
localidade onde a escola está inserida, a conduta e relação da direção/coordenação com
professor reflete diretamente no processo de construção do ensinoaprendizagem a ser
desenvolvido na aula do professor.
A Formação Continuada nesse sentido visa conduzir uma reflexão a respeito da
atuação docente, pensando a prática como ação com intenção, com objetivo, entendendo que é
na prática que se constroem os saberes, que a teoria só é evidenciada quando há uma ação
daquilo que refletimos. Ressignificar a conduta docente é produzir caminhos que levem a uma
formação dentro da profissão e que serão base para toda e qualquer ação dentro do processo
de produção do conhecimento.
Todo o seu processo construtivo reflete diretamente na sua ação dentro da escola,
diante de seus alunos e na relação que este estabelece com a sua prática. Segundo Imbernón
(2011, p. 66), “As práticas devem ser o eixo central sobre a qual gire a formação do
conhecimento profissional básico do professor”. A formação nesse sentido conduz o professor
a pensar sua prática, os conteúdos e metodologias a serem desenvolvidas, analisando o meio
inserido e as situações que lhe permitam perceber a grande complexidade do fato educativo
que compõem a profissão. Logo, esse ‘pensar a prática’, ação condutora da Formação
Continuada, dará subsidio para modificar atitudes, valores, conceitos durante a construção da
sua profissão refletindo na sua atuação prática, nas aulas, na forma de direcionar suas
competências.
dos saberes é uma via de mão dupla, assim como o professor ensina seus alunos com eles
também aprende.
Ao se colocar a frente de uma turma com o objetivo de desenvolver conteúdos que
atendam às necessidades mistas de seus alunos, o professor é lançado frente a um desafio de
ressignificar aquela ação de diferentes formas para cada aluno compreenda a essência de cada
aula. Para tanto, conhecer aquilo que se vai ensinar é subsídio fundamental para a profissão
docente. Não se pode ensinar aquilo que não se domina, logo, a busca por uma formação que
contemple as necessidades docentes se estabelece como algo fundamental para a estruturação
profissional. Toda atitude do professor diante de suas aulas é reflexo da formação que este dá
a sua profissão. Diante disso, temos o exemplo da Professora 1, ao relatar suas experiências
no processo de construção formativa:
Outro ponto importante a destacar foi o papel motivador da Professora 1 aos seus
alunos diante das atividades a serem vivenciadas por eles. Não apenas pela execução, mas,
pela construção e formação do sujeito em sua totalidade, visando o corpo em movimento
como ação fundamental para o desenvolvimento da cultura corporal da criança, principal
conteúdo dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Parafraseando Daólio (2004), Pereira,
Moreira e Lopes (2012, p.110), relatam que,
[...] a criança precisa ter a oportunidade de refletir acerca de seu corpo (quais
as suas representações e concepções, de acordo com o contexto cultural),
bem como a sua relação com outros corpos, sendo o professor o maior
facilitador dessas situações por permitir e favorecer a liberdade de
expressões e gestos de acordo com as características individuais de seus
alunos.
Aulas 19/20 - Sempre atentar para cumprir com proposta de aula, estava a
todo o momento motivando os alunos, corrigindo quando necessário. Apesar
de toda bagunça, cumpriu com o papel de professora.
Eu já tive um aluno que ele tinha uma grande dificuldade dele era pular
corda. Talvez fosse tempo atrás eu não entenderia mais ai, eu comecei a
trabalhar, eu começo trabalhar com ele de pouquinho, então ele tinha
dificuldade porque, ele era gordinho e ele achava que os coleguinhas iam rir
dele, então eu comecei devagarzinho, tipo mostrei para ele ai, ele conseguiu
um, conseguiu duas e a própria mãe chegou para mim e falou assim
“professora, ele mudou tanto porque ele tinha vergonha”, ela chegou ele
estava sem camisa na escola, ele não tirava a camisa assim perto de
ninguém. Ai, eu mostrei para ele que ele é igual aos outros, então eu vejo
assim é o prazer de você ver como o aluno, se um aluno para mim hoje vê
que ele tem dificuldade lá na frente ele conseguiu, então isso para mim já é
grande coisa. (sic).
Bem sabemos que a função docente no ambiente escolar é construída no dia a dia,
encarando seus conflitos, seus desafios e as mazelas que permeiam a instituição. Neste
sentido, ter o professor mais participativo com seus alunos, pode resultar em respostas mais
positivas no processo de ensinoaprendizagem. Logo, o professor tem um papel fundamental
nesse processo, mesmo sabendo que não é uma tarefa fácil, visto que esse aluno está exposto
a um mundo fora da escola, muitas vezes, mais atrativo do que uma sala de aula.
131
O grande desafio para os professores vai ser ajudar a desenvolver nos alunos,
futuros cidadãos, a capacidade de trabalho autônomo e colaborativo, mas
também o espírito crítico. Mas cuidado! O espírito crítico não se desenvolve
através de monólogos expositivos. O desenvolvimento do espírito crítico
faz-se no diálogo, no confronto de ideias e de práticas, na capacidade de se
ouvir o outro, mas também de se ouvir a si próprio e de autocriticar. E tudo
isso só é possível num ambiente humano de compreensiva aceitação, o que
não equivale, não pode equivaler, a permissiva perda de autoridade do
professor e da escola. Antes pelo contrário. Ter o sentido de liberdade e
reconhecer os limites dessa mesma liberdade evidencia um espírito crítico e
uma responsabilidade social. (ALARCÃO, 2011, p. 34)
Nesse ponto, a Educação Física tem essa relação mais direta do aluno dando a
“liberdade” para se expressarem e experimentarem o seu corpo em movimento e, a partir
disso, todas as possibilidades de transformar suas ações naquele determinado espaço em
momentos prazerosos, porém, com responsabilidades formativas. Neste sentido, notamos que
era evidente durante as aulas da Professora 1 a sua participação direta diante das atividades
propostas, suas atitudes refletiam-se diretamente no estímulo dos alunos em querer participar
das aulas.
Essa atitude era fundamental naqueles momentos em que as turmas ficavam
agitadas, após conseguir a atenção vivenciava juntamente com os alunos as atividades. Como
resultado, o prazer em observar as crianças participando com vontade, superando suas
dificuldades em determinados movimentos, a participação de alguns que por vezes não
queriam participar, para a professora era o principal reconhecimento de que estava no
caminho certo. Sendo assim, apesar de ter uma participação presente em todas as suas aulas,
pudemos evidenciar com mais ênfase nas seguintes aulas:
Aulas 9/10 - Sempre atenta para ver se o aluno entendeu o que estava
solicitando nas atividades, corrigia quando necessário algum movimento,
trabalhava a socialização e o respeito para com o colega independente de
suas dificuldades, a todo o momento dava um feedback sobre as atividades,
estava brincando junto com os alunos, mesmo ainda estando em recuperação
da queda que teve. Sempre calma em todas as suas ações.
Aulas 25, 26, 27, 28, 29, 30 - Participativa, atenta para as dificuldades dos
alunos, paciente para solucionar os problemas em aula e ensinar os alunos.
Sua ação precisa ser pensada, refletida tomando por base a sua profissão e todas as
implicações que dela surge. O crescimento docente acontece no momento em que o professor
tem a consciência que a educação é construída e transformada a todo o momento, logo, a
profissão também está sujeita a estas transformações. Os saberes advindos do seu processo
formativo contínuo vêm de encontro às necessidades que o professor vai enfrentar frente a sua
profissão dando assim, subsídios para uma ação consciente e com significados a partir de suas
práticas. Vale destacar que, “Se o professorado é capaz de narrar suas concepções sobre o
ensino, a formação pode auxiliá-lo a legitimar, modificar ou destruir essa concepção”.
(IMBERNÓN, 2009, p. 77).
[...] para sabermos o quê ensinar nas aulas de Educação Física, devemos ter
clareza da nossa concepção de “conteúdo curricular” e qual é o seu papel na
133
escola. Além disso, temos que elencar quais são os conteúdos que podem ser
significativos para nossos alunos, neste contexto. (TOLEDO; VELARDI;
NISTA-PICCOLO, 2009, p. 27).
Para que o professor consolide sua profissão dentro do espaço escolar, é preciso
que este busque se qualificar de forma continuada, visto que a todo o momento sua prática é
desafiada a se transformar devido à diversidade de alunos que encontramos na escola. Neste
sentido, compreender que a Formação Continuada é um importante elemento na construção
dos saberes a serem produzidos em aula, é ter entendimento que é ela promove o equilíbrio
entre os esquemas práticos e os esquemas teóricos que irão sustentar a sua prática educativa.
Assim, a formação acontece a todo o momento, inclusive no ambiente escolar
onde, todas as suas ações se refletem numa prática educativa, traz um sentido para a sua
formação pessoal.
Imbernón (2011, p. 66) ressalta que,
Ao trazer este contexto para as aulas da Professora 1, observamos que uma das
características presentes em todas as turmas era a sua agitação, que por vezes se
transformavam em bagunça, o que muitas vezes prejudicava tanto tempo de aula quanto a sua
organização. O papel da professora diante desta situação era sempre de tentar contornar da
melhor forma possível para que, o pouco tempo que tinha para desenvolver suas aulas não
fossem ainda mais reduzidas. É importante notar que essas situações tem uma ligação direta
ao contexto que estes alunos estão inseridos. Sendo a escola localizada em local periférico,
muitas das atitudes dos alunos era fruto do que vivenciavam em casa sendo assim, refletida
como “rebeldia” durante as aulas.
Assim, a ação docente, a cada conteúdo proposto, além da formação essencial da
disciplina, sua ação precisa apontar,
134
formação transformadora. A realidade docente precisa ganhar voz para que haja mudança.
Assim como afirmamos e defendemos que a formação é contínua, refletir e ressignificar os
autores da ação profissão se faz necessário para termos bases teóricas, vivências práticas e
reais do fazer docente.
Segundo Libâneo (1994, p. 121), “Os objetivos educacionais são, pois, uma
exigência indispensável para o trabalho docente, requerendo um posicionamento ativo do
professor em sua explicitação, seja no planejamento escolar seja no desenvolvimento das
aulas”. Ao elaborar os objetivos do plano de ensino que darão suporte aos conteúdos
propostos ao longo do bimestre, o professor precisa ter consciência crítica na sua construção,
levando sempre em consideração, o meio em que se insere. Entendendo este contexto, os
objetivos terão um sentido direto com sua ação, fortalecendo todos os níveis de
desenvolvimento de um plano de ensino. Logo,
138
Aulas 5/6 - Vivenciar e conhecer partes do corpo por meio das brincadeiras.
Libâneo (1994), do mesmo modo que Coll et al. (2000) e Zabala (1998),
entende que conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos,
habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social,
organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa
e aplicação pelos alunos na sua prática de vida. (DARIDO, 2012, p. 51).
Avaliação nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Proposta de Educação Física da Rede
Municipal de Ensino de Cuiabá’.
Diferente da Professora 1, o plano de ensino da Professora 2 não apresenta uma
estrutura detalhada das atividades a serem desenvolvidas ao longo de cada bimestre, contudo,
as observações das aulas permitiram uma visão mais ampla do seu planejamento, pois, a partir
da prática pudemos identificar as propostas de conteúdo para o bimestre que dedicamos a
nossa coleta de dados. Assim, dentre as propostas apresentadas, tivemos o conhecimento
sobre o corpo como ponto chave para o desenvolvimento das atividades. Neste contexto,
encontramos outros conteúdos que deram base para a formulação das aulas da Professora 2, as
brincadeiras e os jogos folclóricos.
Durante as 30 aulas observadas, destacamos a brincadeira, neste contexto, a
brincadeira livre como um dos principais conteúdos das aulas. Porém, ao analisarmos esse
brincar livre, observamos que seu desenvolvimento não tinha um sentido totalmente lógico
para a formação, era utilizado como uma atividade de final de aula. Por natureza, a criança é
um ser lúdico e o brincar faz parte da sua vida cotidiana. Ao desenvolver este conteúdo em
uma aula de Educação Física, seu sentido lúdico não deve ser perdido, porém, as experiências
que delas se constroem precisam ressignificar sua ação na construção do educando como
sujeito em formação.
Neste sentido, ao colocarmos as brincadeiras como conteúdo da Educação Física
precisamos,
Ressaltamos que a essência do brincar não pode ser moldada por normas e regras
de execução, mas, permitir a partir deste universo da criança, que construam um trabalho
pedagógico tendo como essência norteadora da ação, a ludicidade, porém, com
especificidades que darão sentido a esse movimento, experimentando as possibilidades de
manifestações corporais, individual e coletiva.
Gomes (2012, p. 20) afirma que,
143
preenchimento de “palavras cruzadas” nas aulas 17 e 18 e o “caça palavras” nas aulas 25 e 26.
Sempre trabalhando com palavras que faziam menção a estrutura corporal, essas atividades
foram importantes para construção maturacional do processo construtivo da criança.
Com vista a desenvolver as habilidades e competências fundamentais da
Educação Física, a professora desenvolveu atividades que exploraram as habilidades
locomotoras e estabilizadoras, incluindo o conhecimento do corpo no espaço de vivência das
aulas. Agregar e interligar essas disposições necessárias para formação humana podem
contribuir de forma positiva na concepção do corpo, de forma lúdica, porém,
pedagogicamente formativa. Neste sentido, destacamos as seguintes aulas 7, 13, 14, 15, 16,
17, 18 e 21.
O desenvolvimento motor da criança nessa fase dos anos iniciais do Ensino
Fundamental passa por um refinamento no desenvolvimento de suas habilidades motoras
fundamentais. Logo, “[...] não se trata de especializar uma ou outra habilidade, mas de
estabelecer relações entre o que foi conquistado, combinando com o que se pretende adquirir.
Pode, por exemplo, combinar as habilidades básicas de correr e de saltar pensando agora num
salto de atletismo”. (MOREIRA; PEREIRA; LOPES, 2009, p. 125). Assim, as habilidades são
utilizadas em situações práticas mais complexas e carregadas de significação em sua
realização.
Por fim, destacamos, assim como foi visto nas aulas da Professora 1, a presença
das brincadeiras antigas como forma de manifestação corpórea cultural. Sua vivência
possibilita desenvolver, se tratando de conhecimento do corpo, experiências de perceber o
próprio corpo e o corpo do outro nas diferentes possibilidades de ação e espaços variados,
tendo como contributo, o desenvolvimento de habilidades fundamentais para o movimentar
humano.
A ludicidade nessas atividades é o ponto chave de desenvolvimento, pois conduz
a prática de forma prazerosa, trabalhando o corpo em sua totalidade. Diferente das
brincadeiras que permitem às crianças inventar suas ações, as brincadeiras antigas têm uma
sequência de movimentos, porém, não podem perder em nenhum sentido sua especificidade
lúdica, ela tem uma ressignificação importante nas vivências práticas, carregada de
significados trazendo sentido para sua ação. Evidenciamos as brincadeiras antigas nas
seguintes aulas 17, 18, 27, 28.
Pensar a construção dos conteúdos num planejamento de ensino implica mais que
um leque de atividades, mas ações que darão sentido ao movimento. Muitos fatores permeiam
sua elaboração, dentre eles, o espaço de atuação, os sujeitos da sua prática, a formação do
146
Pela escola, professor vai fazer sua hora atividade, vai preencher diário isso
é o que importa para a escola, é o diário tá pronto, é o diário eletrônico tá
pronto, o planejamento pronto, é isso que importa para a escola para não ser
chamado na secretaria para ser constrangido, e se o aluno tá aprendendo ou
não, ai, em último caso eles chegam na gente mais geralmente é isso, é não
faltar. O bom professor de Educação Física é aquele que não falta porque ele
garante hora atividade do outro que fica reclamando que não teve, e aquele
que preenche o seu diário eletrônico esse é ótimo. (sic).
reflexiva, em que todos os seus elementos precisam estar interligados dando sustentação para
cada ação frente às atividades desenvolvidas. Logo, o conteúdo a ser ministrado necessita ter
sentido, objetivo e capacidade para ser oferecido conforme atividades programadas. Neste
sentido,
É durante a sua atuação que podemos evidenciar muitos fatores que compõem
uma aula pedagogicamente estruturada e condizente ao planejamento formulado inicialmente.
É na aula que lidamos diretamente com os sujeitos de nossa ação, e construímos ali, as
possibilidades de produzir e transformar o conhecimento através de atividades que provoquem
o desejo do aluno em querer fazer parte do processo de lapidação das informações e
experiências em saberes para vida.
A responsabilidade dada ao professor de transformar sua prática em campo de
ensinoaprendizagem impõe que o conhecimento de habilidades e competências que cada faixa
etária carece de desenvolvimento, bem como conhecer as especificidades essenciais de cada
disciplina. Este processo não é uma tarefa fácil, exige momentos de reflexão da profissão, da
relação que se estabelece com seus alunos e da sua atuação enquanto formador, que vão além
do simples “dar aula”. Alarcão (2011, p. 17) ressalta ainda que,
Aulas 5/6 – [...] fez, como primeira atividade o “chefinho mandou” onde,
dentre os comandos, os alunos tinham que tocar alguma parte do corpo, fazer
expressões com o rosto e sons com a boca, além de alguns movimentos de
deslocamento como andar de um lado para o outro, correr, andar nas pontas
do pé.
Dessa forma, entendemos que é preciso oferecer oportunidades que permitam aos
alunos vivenciarem diversas possibilidades da cultura corporal.
Outro ponto importante observado foi à presença do brincar livre em quase todas
as aulas. Esse brincar livre sempre era adotado como uma atividade de final de aula ou
quando não se tinha um conteúdo preparado, tornando-se assim, o centro da aula. Como
citado anteriormente, o brincar é uma ação presente na vida da criança, porém, se tratando de
ensino, a brincadeira precisa ser desenvolvida pedagogicamente na ânsia de desenvolver as
habilidades específicas a cada faixa etária com que o professor desenvolve seus conteúdos. É
importante ressaltar que a ludicidade é fator fundamental que circunda todo o contexto das
brincadeiras, ela contribui para que o brincar não perca seu sentindo principal na vida e na
formação da criança.
Para tanto, notamos a partir das observações, que o ‘brincar livre’ esteve presente
nas seguintes aulas: 5, 6, 7, 8, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 28, 29, 30, ou seja,
mais de 50% das aulas práticas da Educação Física, o brincar livre se fez presente no roteiro
desenvolvido nas aulas da Professora 2. Contudo, não foi possível constatar que sua
realização tinha um sentido pedagógico, com objetivos e competências a serem
desenvolvidas. Notamos que muitas habilidades, especificidades e competências poderiam ter
sido desenvolvidas a partir do envolvimento das crianças com o espaço a sua volta, os
movimentos que ali executavam, as brincadeiras que elas próprias criavam, dando uma
abertura maior desses sujeitos ao contexto do aprendizado.
150
ensinoaprendizagem vai muito além do simples “dar aula” ou “passar uma brincadeira”, este é
um processo construtivo que precisa fazer parte da profissão do professor, dando sentido a
toda a sua ação na execução das atividades, valorizando todo o processo de desenvolvimento
de uma aula pedagogicamente organizada.
Ao destacarmos o perfil da Professora 2 em aula, descrevendo suas atitudes frente
a execução das atividades propostas em planejamento para o bimestre observado, notamos
algumas características importantes.
Durante as aulas ministradas, identificamos que a Professora 2 apresentou
conhecimento e domínio dos conteúdos com suas especificidades e competências essenciais
como ações motoras, rítmicas, coordenativas e manifestações corporais para a formação dos
educandos, os motivando e ajudando sempre que necessário na realização dos movimentos
durante as atividades. Diante disso, notamos que a Professora tinha não só o conhecimento,
mas, a partir dele, procurou transformar a sua prática em possibilidades de Formação
Continuada a partir da sua prática.
Imbernón (2009, p. 63) ressalta que para entendermos a função docente dentro da
nossa profissão, é preciso colocar em evidência a nossa prática e as relações se estabelecem a
partir do momento que nos colocamos como formadores do conhecimento com influência
direta na construção da nossa formação dentro da profissão. Neste sentido,
Neste sentido, o professor precisa entender que ele também é sujeito de sua
própria ação e que, ao dar atenção no processo de desenvolvimento do aluno, por mais
simples que um movimento possa ser, o professor estabelece nesse momento, uma relação de
afinidade com seu aluno, o que produz uma confiança em ambas as partes, dando significados
a todas as suas ações. Frente a isso, destacamos que a Professora 2 atentou para essa
necessidade de produzir conhecimento a partir da relação direta com seus alunos diante das
atividades, cuidando para que houvesse uma vivência real e significativa no desenvolvimento
da aula, sendo observadas nas seguintes aulas:
alunos diante da execução das atividades ajudando aqueles que estavam com
dificuldade no movimento; por meio do diálogo direto com os alunos os
motivavam a participar e realizar as atividades com prazer.
possa diante de sua ação, ser crítico da sua própria prática. Logo, refletir sobre o processo que
se deu no desenvolvimento das aulas da Professora 2, nos faz pensar o quão importante é
tirarmos o docente da sua “zona de conforto” e colocá-lo a repensar suas atitudes frente a sua
atuação como professor, questionando a si mesmo, na construção do profissional que atua na
formação de pessoas.
Ao relacionarmos essas informações ao professor durante sua atuação, Pereira,
Moreira e Lopes (2012, p. 109) nos trazem a seguinte reflexão:
Aula 24 - Nessa aula, não houve um plano organizado, mas, passou uma
atividade com giz que deu muito certo, prendendo a atenção dos alunos
diante da atividade. Estava atenta, participativa, incentivando a desenharem
o desenho mais bonito, ajuda quando era necessário, tinha um bom diálogo
com os alunos e teve total domínio de turma.
A “simples” atitude de não querer pegar na mão do colega, pode nos revelar que,
outros fatores, principalmente externos, influenciam no relacionamento do aluno durante o
processo de formação, que é sempre coletivo, principalmente, quando se trata das aulas de
Educação Física que envolve em quase todas as suas atividades, contato físico.
Em conversa com a Professora 2, constatamos alguns fatores que influenciaram
tais atitudes, sendo, no caso da aula 13 a atitude de uma das meninas não querer pegar na mão
da outra se deu pelo fato dela não fazer parte do “grupinho de amigas”, e devido a isso,
recusou-se a socializar naquele momento com colega de turma. No segundo caso, a Professora
nos relatou que, ao perguntar por que a aluna não queria pegar na mão do colega durante a
atividade, a aluna respondeu que tinha sido uma ordem da avó que não queria que ela
brincasse com meninos, por estes serem perigosos.
Nessa mesma aula, outro “grupinho”, dessa vez de meninos, começou a falar mal
e atrapalhar um colega durante as atividades por ele estar acima do peso. Em uma das
atividades que era para ser desenvolvida em dupla, um dos meninos do grupo também não
quis segurar a mão do colega por ele estar em estado de obesidade, ter dificuldades em alguns
movimentos, não ser “descolado”, como eles mesmos falam, logo, não se enquadrava ao perfil
do ”grupo” do colega que não quis segurar sua mão. No último caso, um aluno não quis
segurar a mão do colega por ele ser menino, logo, temos aquele preconceito de que “homem
não segura a mão de homem”.
Ao observarmos os fatos, a primeira coisa que notamos foi que, em todos os
casos, identificamos a influência da família. Entendemos que a primeira formação vem do
convívio familiar, porém, temos certos choques de realidade quando nos deparamos com
alunos com atitudes que vem na contramão do que o processo de aprendizagem escolar
propõe. Tais situações acontecem devido à ausência da família na escolaridade do filho, a
falta de limites e regras em casa, além da incompreensão do papel da escola na formação da
criança. Segundo a Professora 2, muitas das justificativas dadas pelos pais situam-se na
ausência de tempo em virtude de trabalho. Logo, isso se reflete nas atitudes dos filhos na
escola.
Por outro lado, é importante destacar que, ao apontarmos alguns problemas na
elaboração da análise das crianças na escola, Guimarães e Villela (2000) destacam uma
tendência da escola em utilizar a diferenciação social e da família do aluno para justificar
dificuldades escolares, como foi expressa acima. Entretanto, os autores afirmam que,
159
[...] o professor tem de trabalhar com grupos, mas também tem de se dedicar
aos indivíduos; deve dar a sua matéria, mas de acordo com os alunos, que
vão assimilá-la de maneira muito diferente; deve agradar aos alunos, mas
sem que isso se transforme em favoritismo; deve motivá-los, sem paparicá-
los; deve avaliá-los, sem excluí-los, etc. Ensinar é, portanto, fazer escolhas
constantemente em plena interação com os alunos. Ora, essas escolhas
dependem da experiência dos professores, de seus conhecimentos,
convicções e crenças, de seu compromisso com o que fazem, de suas
representações a respeito dos alunos e, evidentemente, dos próprios alunos.
Quando o aluno tem espaço para dialogar com o professor, o campo formativo
tem mais possibilidades de construir o conhecimento a ser desenvolvido. Em outras palavras,
“O que se busca é promover a criação de situações de inter-relações e aprendizagens que
poderão significar mudanças qualitativas no desenvolvimento dos seus alunos em relação às
atividades, aos conteúdos propostos e à sua própria cultura”. (TOLEDO; VELARDI; NISTA-
PICCOLO (2009, p. 66).
Logo, a participação dos alunos e aula fortalece as propostas postas no
planejamento de ensino dando sentido aos conteúdos e objetivos elaborados para a sua
formação, haja vista que, o espaço de aula seja na sala, seja na quadra precisa ser
ressignificado em todas as ações, dando sentido a cada atitude do aluno, valorizando seus
conflitos, medos, anseios e possibilidades de transformação.
como para o professor. Esta ação de pensar, elaborar e desenvolver os saberes, implica numa
necessidade de construir meios que sigam uma estrutura composta por elementos que darão
subsídio para o desenvolvimento dos conhecimentos essenciais a formação humana.
Nesse sentindo, a Formação Continuada traz subsídios importantes e de
fundamental necessidade na trajetória do professor dentro da escola. Todas as suas ações
precisam possibilitar aquilo que Nóvoa (2009) defende, como uma formação de professores
construída dentro da profissão, o que nos leva a refletir na seriedade do espaço escolar como
interlocutor do conhecimento que necessita ser repensado, transformado a partir das
necessidades e possibilidades que a docência requer. Assim, ao considerar as experiências de
formação as quais os professores estão sujeitos, é possível levantar uma série de proposições
sobre a prevalência da compreensão que vem orientando a realização de programas de
Formação Continuada.
Nesta perspectiva, ao centralizar o professor no exercício de suas funções e na
prática de sua profissão é possível desenvolver “[...] saberes específicos, baseados em seu
trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio”. (TARDIF, 2002, p. 38). Dentro da
escola, estes saberes surgem da experiência e são por ela validados, integrando-se tanto à
experiência individual quanto a coletiva como meio de saber fazer e fazer ser.
Entretanto, a formação do professor por sofrer influência tanto do contexto interno
(a escola) como do contexto externo (a comunidade), precisa acima de tudo, ter consciência
da profissionalidade frente a todos os desafios impostos pelo mundo da educação. Assim, ao
se colocar em formação, faz-se necessário que o professor deixe claro “[...] os objetivos que
pretendem com a formação e apoiem os esforços do professorado para mudar sua prática”.
(IMBERNÓN, 2011, p. 30). Dessa forma, a prática pedagógica que “[...] é um processo de
aprendizagem no qual os professores (re) significam sua formação e adaptam à profissão”
(ROSSI; HUNGER, 2011, p. 62), precisa ser concebida como o fio condutor da Formação
Continuada.
Logo, ao destacarmos o professor em seu ambiente de atuação desenvolvendo
suas funções na ânsia de produzir conhecimento, a formação precisa valorizar esse momento
como processo construtivo do saber para a concepção de uma identidade docente que
transforme sua prática numa vivência que traga reflexão e criticidade nas e das ações. Neste
sentido na “[...] formação permanente do professorado será fundamental que o método faça
parte do conteúdo, ou seja, será tão importante o que se pretende ensinar quanto a forma de
ensinar”. (IMBERNÓN, 2011, p. 9).
162
vivenciar as atividades com vista a desenvolver suas habilidades. Disso tudo, destacamos o
cumprimento do planejamento proposto a cada aula valorizando os conteúdos no
desenvolvimento das competências e habilidades fundamentais para a formação corpórea da
criança.
Ao observarmos as aulas da Professora 2, já destacamos novamente a necessidade
de ver um planejamento que desse sustentação a sua prática. Durante suas aulas foi evidente
que a professora tinha um cuidado para com a turma, procurando estabelecer uma boa relação
na construção e desenvolvimento dos saberes a partir do conteúdo desenvolvido. A sua fala
transmitia conhecimento da profissão e das necessidades a serem supridas na formação do
aluno. Contudo, ao desenvolver as aulas em quadra, notamos que faltava um planejamento
objetivo das atividades, dentre tantas as possibilidades de ampliar o ‘conhecimento do corpo’,
pouca foram às variações no desenvolvimento de suas práticas.
Outro ponto que destacamos, foi que a Professora 2 deixa as crianças com muito
tempo de brincadeira livre em horário de aula, o que nos mostra a falta de um planejamento
que conduza os alunos a vivenciar outras possibilidades de movimentos e de conteúdos.
Ao destacarmos a “descrição da participação das professoras durante as aulas”,
observamos que ambas apresentaram conhecimento e domínio dos conteúdos com suas
especificidades e competências essênciais para a formação dos educandos, ressalto que a
Professora 2 expressa mais na fala do que na prática, contudo, nos momentos de aula ela
procurava expressar e desenvolver as competências exigidas; ambas motivavam e ajudavam
os alunos sempre que necessário na realização dos movimentos durante as atividades. Diante
disso, notamos que as Professoras tinham não só o conhecimento, mas, a partir dele, procuram
na medida do possível, transformar a sua prática em possibilidades Formação Continuada a
partir da sua prática.
Contudo, a diferença vista entre as Professoras frente a sua participação nas aulas
se destacava em: a Professora 1 era mais participativa durante o desenvolvimento das
atividades, logo, ela não apenas ministrava, mas, participava junto com os alunos na execução
do conteúdo do dia. Já a Professora 2 ficava mais na observação dos alunos no espaço
brincando, promovia pouca intervenção diante das atividades que as crianças estavam
fazendo. Como não havia muito conteúdo desenvolvido, as brincadeiras livres eram a prática
mais vivenciada pelas crianças, neste sentido, ela ficava atenta ao que acontecia, vez ou outra
intervia em alguma situação, porém, era apenas isso.
No último tópico, “participação dos alunos durante as aulas”, notamos que cada
sujeito tem uma personalidade diferente e, além disso, sofrem influências do meio que vive.
165
Com isso, ao observarmos os alunos da Professora 1, constatamos que, a escola em que atua
encontra-se em um bairro periférico, com isso alguns alunos demonstravam certo índice de
violência chegado a agredir os colegas, eram bem agitados. Muitos vinham de famílias
desestruturadas o que acaba refletindo-se no comportamento deles dentro da escola, e por fim,
tinham a escola como espaço de esperança de futuro. Diante das aulas de Educação Física,
eles participavam de todas as atividades propostas pela Professora 1, era um trabalho de
motivação e incentivo bem intenso.
Não podemos deixar de mencionar que, nos momentos de bagunça, falta de
participação de alunos, a Professora 1 conduzia o aluno a participar sem forçá-los, trazendo
assim, uma consciência ressignificativa de suas ações.
Já os alunos da Professora 2 eram bastante participativos, adoram o momento da
aula de Educação Física estavam sempre receptivos quando a professora chegava. Diferente
da Professora 1, a escola que a Professora 2 atua não situa-se em bairro periférico e nem tinha
alunos violentos, pelo contrário, seus alunos eram bem tranquilos, lógico que a bagunça e a
agitação as vezes era evidente entre uma aula ou outra, porém, não passava disso. Com isso, a
facilidade para desenvolver qualquer atividade com as turmas era maior.
Por fim, muitos são os fatores que permeiam o desenvolvimento do professor e
sua prática dentro da escola. Contudo, é de fundamental importância que haja uma
consciência da profissão e das especificidades que ela exige para o bom desenvolvimento de
suas práticas. Neste sentido, o ponto alto para qualquer prática consciente que visa dar sentido
a sua ação, precisa de planejamento que a conduza para este fim. O conhecimento não pode
ser desenvolvido de qualquer forma, ele precisa estabelecer significados tanto na atuação do
professor quanto na construção dos objetivos e objetivos a serem desenvolvidos em aula. Isso
reflete consideravelmente na formação do aluno, então, precisamos refletir que,
Ensinar apenas não basta, se o aluno não consegue aprender de forma como
ensinamos. Temos que conhecer o aluno para entendermos suas expectativas
de aprendizagem; há necessidade de se buscar meios diferenciados para
levá-lo a compreensão daquilo que se ensina; criar alternativas diversificadas
de caminhos que traduzam ao aluno o significado do que ele aprende.
(TOLEDO; VELARDI; NISTA-PICCOLO, 2009, p. 65).
Refletir a profissão docente nos direciona a uma formação que visa desenvolver e
consolidar um pensamento educativo incluindo nesse processo as ações cognitivas e afetivas
que advêm na prática dos professores. É importante ressaltar que o professor é sujeito e não
objeto de formação, logo, “[...] parte da premissa de que o profissional de educação também
166
Ao nos remetermos à escola, podemos enfatizar que, cada vez mais, ela
também constitui-se em um espaço formativo que precisa ser (re)
significado, dando suporte às pesquisas que envolvem a formação
continuada e a formação como desenvolvimento pessoal e profissional.
Desse modo, pode-se compreender que a prática docente é tanto um espaço
singular de criação, quanto pode ser objeto de investigação quando o
professor reflete sobre a mesma.
uma parte outra parte é pra falar de alunos problemas com problemas em
leituras e escrita. (sic).
Para tanto, faz-se necessário refletirmos também sobre a importância que este
professor confere a sua prática pedagógica. Segundo Antunes, Kronbauer e Krug (2013, p.
35), “vários autores colocam essa desvalorização como sendo causada pela falta de identidade
da Educação Física Escolar, ao passo que a disciplina não mostra seus objetivos, fazendo com
que os outros professores não a encarem com a devida importância na formação dos seus
alunos”.
Muitas vezes, os professores dessa disciplina desconhecem o valor da prática da
atividade física na formação dos sujeitos em fase escolar, naturalmente, o professor vai
deixando de lado sua profissão, já não quer mais participar reuniões, trocar experiências com
outros professores, muito menos preparar o seu planejamento de ensino.
170
Contudo, notamos que ainda falta uma abertura mais especifica para um diálogo
que realmente promova uma troca de experiências válidas para a construção dos saberes,
construído de forma crítica, sistemática e coletiva, reafirmando cada vez mais a condição da
escola como um dos principais espaços formativos da profissão de professor.
A Professora 1 em sua vivência dentro da escola, procura partilhar dessas
experiências na ânsia de construir e valorizar a sua prática dentro ambiente escolar, seja na
troca de informações ou trabalho em conjunto com seus colegas, seja dialogando com os
gestores da escola, de alguma forma, segundo a Professora 1, ela procura dialogar de forma
positiva na busca de mudanças significativas para a prática da Educação Física.
A gente procura melhorar a cada dia para poder chegar, como é que fala,
para ter ponto positivo dentro da proposta que a própria escola, que a própria
educação dá. É do jeito que eu falei, positivo é quando a gente tem retorno
da diretora, coordenadora em “fazer tal coisa assim, pode?, então existe.
(sic).
171
A estrutura das nossas quadras a gente vê, dias de chuva, dia de muito calor
então assim, a gente vê que não tem principalmente em dia de chuva e dia de
frio, a quadra é totalmente aberta, ela é coberta, mas no dia de chuva a água
entra pra dentro da quadra, ela não cai fora, ela cai dentro. Não tem acesso,
não tem cobertura da escola até a quadra então, dia de chuva a gente não vai
a quadra porque não tem como ir, porque não tem cobertura até chegar lá,
então eu posso ficar com essa criança molhando até chegar lá na quadra.
172
Para Silva e Damazio (2008) a precariedade do espaço físico nas escolas para as
aulas de Educação Física pode ser compreendida sob dois aspectos: a não valorização social
desta disciplina, que por vezes, é o que encontramos nas escolas; e o descaso das autoridades
para com a educação destinada às camadas populares que também é bem evidente,
principalmente em escolas localizadas em bairros periféricos. Ao refletir sobre isso, notamos
que, independente de qual aspecto o espaço esteja envolvido, a prática e a formação do aluno
saem prejudicadas, uma vez que, influencia diretamente na motivação dos alunos e do
professor no desenvolvimento de boas aulas.
Não distante dessa realidade, outro fator muito abordado pelas professoras durante
as observações de campo tinha relação com a falta de materiais para desenvolvimento das
aulas de Educação Física. Observarmos que a utilização de recursos materiais tem um papel
importante tanto no desenvolvimento dos conteúdos quanto para a fixação dos objetivos
propostos para determinada aula. Nas aulas Educação Física, esses materiais exercem uma
função fundamental, pois, além de proporcionar aulas mais diversificadas, produz um novo
significado a determinadas ações. Contudo, ao retratarem as suas realidades com relação aos
recursos materiais disponíveis para a realização das suas aulas, tivemos as seguintes respostas:
Muito dos materiais nós não temos na escola que nem no caso, agora que
começou que nós pedimos que tem os bambolês, mais materiais mais eu
utilizo mais o que eu trago é pneus que utilizo bastante, então os pneus eu
que trago mais tem a dificuldade também por não ter lugar pra guardar os
pneus, porque se ficar em lugar aberto chove, entra água e o pessoal não
gosta de tá tirando água, então se tem que tá é perdendo tempo também pra
guardar pneu tirar pneu, material também pra brincar quando é uma aula
livre com brinquedo pedagógico, eu tenho porque eu comprei então, tanto é
que eu carrego comigo e terminou minha aula guardo aquele dia que eu vou
utilizar, eu utilizo então. (sic). (Professora 1).
[...] a gente não planeja junto não faz o conselho de classe na hora de dar a
nota desse aluno, de descrever sobre ele no ciclo a gente descreve o que o
aluno sabe o que ele não sabe o que ele precisa aprender e na hora de fazer o
relatório a gente não senta junto com o professor de sala, aí o relatório sai
quebrado mais eu procuro no máximo né, é salientar o que eu vi e também
vê aonde que eu corrigi alguma coisa, se foi corrigido se não foi, no próximo
bimestre tá de novo pra eu corrigir isso ai. (sic).
Nesse sentindo, faz-se necessário refletir sobre todas as ações que envolvem a
construção da prática docente, principalmente quando temos aprendizagem dos alunos
envolvidas nesse processo. É no trabalho em conjunto do professor que buscamos aprender
com o outro, compartilhando as evidências, informações e possíveis soluções para o
problema, já afirmava Imbernón (2006).
Eu entendo pra mim como o próprio nome diz, é uma formação onde você
dar uma continuidade naquele, nos conteúdos propostos o que você vai
aprender, o que você vai tá buscando tá melhorando. (sic).
Bom, como eu fiz magistério né eu acho assim, contribui muito porque você
tem que ta atualizado, principalmente com relação a isso há esse tempo que a
gente tem de formar. Então quem entrou agora tem mais bagagem que a
gente porque é antiga, então eu acho que a formação me ajuda neste sentido
né de estar atualizado. Tem coisa que você vai lá e não é atual que é antigo
mais que funciona. Então se funciona é sinal que a gente não está tão
atrasado, mais a gente procura passar para os novos nas nossas trocas de
experiências passar para os novos as coisas antigas que davam certo que dão
certo até hoje e eles, as novidades que a faculdade traz pra gente. (sic).
Eu acho que deve ser de todos né, e mais do professor também né, correr
atrás e buscar e pedir que continue porque é igual eu falei anteriormente, a
gente não sabe de tudo, são novidades e vai surgindo, então são profissionais
176
Destacamos ainda a fala da Professora 2 quando ela expressa que o que mais a
impede de estudar é a própria escola. Observamos aqui um retrato do que acontece nos
espaços escolares uma vez que, a demanda de atividades que o professor precisa cumprir tem
sido mais importante do que prover a formação desse docente para o seu crescimento
profissional. As instituições e seus gestores de ensino precisam conscientizar-se da
necessidade de formação do seu professor e não impedi-lo, e, esse é o ponto chave de uma
prática consciente e com sentindo em suas ações.
Nesse sentido, a atualização e a produção de novas práticas de ensino só nascem
de uma reflexão partilhada entre os colegas. Essa reflexão tem lugar na escola e nasce do
esforço de encontrar respostas para os problemas educativos. Logo, os gestores escolares
precisam criar as condições básicas, com infra-estrutura e incentivos à carreira subsidiando o
desenvolvimento pessoal e profissional do professor, haja vista que, é no espaço concreto de
cada escola, em torno de problemas pedagógicos ou educativos reais, que se desenvolve a
verdadeira formação.
Consolidar uma formação que dê sentido a ação do professor dentro da escola
precisa ser ponto importante condução dos gestores responsáveis pelo andamento escolar.
Segundo Nóvoa (2001, s/p.),
É preciso, quando falamos que a formação do professor precisa ser feita dentro da
profissão, que a escola faça parte desse processo, dando possibilidades e não eliminando-as.
Vale destacar que a escola é espaço de aprendizagem, e isso vale tanto para o aluno quanto
para o professor. Logo, é preciso que haja esse cuidado por parte dos gestores escolares para a
formação do seu professor, visto que, o resultado formativo será refletido diretamente na
produção dos saberes desse docente.
Com isso, toda e qualquer atitude neste espaço é possibilidade de Formação
Continuada, diria até que essa formação permite que o aluno passe por um processo mais rico
e significativo na construção de seus conhecimentos.
Parafraseando Oliveira (2004), Moreira, Pereira e Lopes (2009, p.119) afirmam
que,
No final tem a amostra de trabalhos que vale 5 pontos a mais, 5horas a mais
no certificado então, quem tem relato de experiências recebe isso aí, então
ajuda também na pontuação e a gente acaba relatando o que fez na escola
que deu certo ou não. (sic). (Professora 2).
como profissional da docência, entendendo que sua ação não é vaga muito menos
reproduzida, é construída, refletida e transformada a partir das suas experiências individuais e
coletivas, tanto com as influências internas quanto externas.
Neste sentido, a Formação Continuada é essencial para que seja assumida a
postura de professor formador, de uma consciência formativa, primeiramente partindo do
professor, estendendo-se a responsabilidade das instituições, fornecendo e criando estratégias
que contemplem a valorização do seu professorado, contribuindo para uma construção rica de
significados, gerando experiências para ambos. A Formação Continuada então deve-se fazer
presente sempre na profissão de docência.
É igual aquilo que eu falei já, eu acho que é uma pergunta já responde a
outra. Pra mim é de forma prazerosa de está sempre aprendendo mais, né,
correr atrás, se sentir realizado lá na frente. Pra mim é de forma prazerosa.
(sic).
Ao entendermos que não é possível ser um bom professor sem que ele tenha uma
Formação Continuada embasando suas ações profissionais, destacamos que esta deve
possibilitar a transformação da prática docente dentro do ambiente escolar, uma vez que ela se
envolve no centro da ação do professor, o conhecimento que este tem para produzir novos
conhecimentos. Neste sentido podemos observar a manifestação da Professora 2:
Então é isso que a formação faz ela te sacode, ela te mostra que é possível
numa escola violenta, numa escola com índice de criminalidade sai coisa boa
179
Eu só não participo quando acaso de ter uma, que nem o ano passado, acho
que não só eu como todos os colegas porque foi uma reunião que, o encontro
que teve foi nas vésperas do dia das mães, então, tinha que estar na escola
então nós não pudemos participar. (sic). (Professora 1)
Olha, o apoio que nós temos ela de eles estarem nos liberando e dentro do
projeto que nem ficou programado, que nem tinha colegas que quase não
podia participar porque esse era horário atividade dos professores, então tem
professor que não abre a mão da hora atividade dele. Então fico o nosso,
Educação Física de segunda a quinta as nossas aula normais então na sexta
feira é a nossa hora atividade então entra também como hora atividade. (sic).
(Professora 1)
Pela escola, professor vai fazer sua hora atividade, vai preencher diário isso
é o que importa para a escola, é o diário tá pronto, é o diário eletrônico tá
pronto, o planejamento pronto, é isso que importa para a escola pra não ser
chamado na secretaria pra ser constrangido, e se o aluno tá aprendendo ou
não, ai, em ultimo caso eles chegam na gente mais geralmente é isso, é não
faltar. O bom professor de Educação Física é aquele que não falta porque ele
garante hora atividade do outro que fica reclamando que não teve, e aquele
que preenche o seu diário eletrônico esse é ótimo. (sic). (Professora 2)
182
Dentro da nossa área não, só quando tem assim algum, algum curso de fora
que quando dá para participar, sim. (sic). (Professora 1)
183
Quando vem para parte de relatos fica menos interessante, mais a gente
acaba participando por que? Porque aquilo que te falei, tem que trocar com
os que entraram agora então, pra nós é importante. (sic).
185
de Mato Grosso, destacamos mais uma vez, visões diferentes entre as Professoras referentes
ao assunto. A Professora 1 expressa que a participação nessa formação possibilitou
“capacitação e crescimento profissional” e “contribuiu para superar os desafios adequando à
aprendizagem do conteúdo a necessidade dos alunos”, como expressa em sua manifestação:
Para mim mudou que eu cresci bastante. Quando eu comecei a trabalhar com
educação infantil eu acho que eu fiquei até com dó dos meus alunos que
acho que quase matei eles porque era atividade em cima da outra, uma
atividade em cima da outra depois eu vim entender o que é trabalhar com
educação infantil então é dentro do que nós aprendemos nessa Formação
Continuada as trocas de experiências de um colega com o outro, as
atividades, as musicas, as danças então a gente viu que eu aprendi que não é
a quantidade é a qualidade então, mesmo que eu tenha que repetir um
conteúdo duas, três, quatro vezes, mais eu vejo que lá na frente eu vou ter
uma qualidade, a aceitar quando o aluno tem uma dificuldade naquele, então
eu vou procurar um pouquinho mais trabalhar e não correr com aquele
conteúdo mais desde que lá na frente eu vá ter uma resposta positiva. (sic).
Alterou muita pouca coisa, mais ajuda. É pouco mais te ajuda. Igual eu falei,
vou fazer 20 anos de formada, 2017 eu faço 20 anos de formada. Então quer
dizer, eu to totalmente ultrapassada até falei para os meninos agora que eu
vou para congresso, que na época de faculdade eu não tinha condição de ir,
não tinha nem dinheiro para ir. Agora eu quero ir para Foz, eu quero ir para
todo lado. Mais assim, é através da formação que a gente troca essas novas
experiências, essas atualidades são passadas na formação.
Parafraseando Demo (2004), Rossi e Hunger (2012, p. 323) afirmam que, “[...] o fundamental
para o profissional da educação é manter-se bem formado, o que implica em, além de ter tido
um bom embasamento inicial, alimentar de modo contínuo a sua formação, dada a
complexidade e dinamicidade do ato de ensinar”. Assim, a Formação Continuada deve
percorrer toda a trajetória profissional do professor com finalidade de aperfeiçoar sua ação
pedagógica e ampliar sua profissionalidade docente, sua identidade.
Vale ressaltar que a docência não é uma técnica que se tem ou não, mas se
constrói no dia a dia, a partir das vivências e experiências pessoais e adquiridas no campo de
atuação para uma formação construtiva, reflexiva e pessoal.
Para tanto, ao analisar as respostas das Professoras ao questionarmos sobre “os
desafios e necessidades você tem sentido na sua profissionalidade e quais as contribuições da
Formação Continuada nesse processo”, obtivemos a partir de suas respostas, pontos
importantes que vem ao encontro da realidade vivida por elas e que as desafiam todos os dias
na construção da Educação Física dentro do espaço escolar.
Dentre os aspectos identificados, destacamos os desafios enfrentados pelas
Professoras com relação a alunos indisciplinados, falta de apoio dos gestores nas soluções dos
problemas com esses alunos e, relacionamento com pais, que atribuem à escola a
responsabilidade de educação dos alunos no espaço que deveria ser da família.
Que nem no caso às vezes até a própria direção, coordenação que você está
larga vinte e corre atrás de um porque tem um que às vezes você que nem no
caso do AL teve um momento que eu tive que pedir isso socorro a professora
de artes porque, ele saiu correndo e estava subindo em pé de árvore pegando
chinelo de colega e jogando, tive e que sair corendo atrás dele. Então é uma
dificuldade é um desafio trazer ele pra cá então eu acho assim, seria mais
assim falta e companheirismo até mesmo da própria direção, coordenação eu
não sei se é essa a resposta. (sic). (Professora 1)
Eu acho que o que mais tem pegado é com relação aos pais. As crianças vêm
sem limites né, é a parte que mais tem implicado na escola. É as crianças
fazem o que quer tão aí ligado a tecnologia, criança que corre com
dificuldade não anda direito, não pula não rola, chega aqui e fala para mim
“professora eu não posso sujar”, então assim aquela liberdade que a gente
tinha de ir na rua de brincar na rua, de rolar na terra coisas que não tem.
(sic). (Professora 2)
Frente a essa condição, a Professora 1 nos traz mais dois pontos que, dentro da
escola, tem grande evidência, uma vez que, envolve a vida, o tempo e valorização do
professor de Educação Física. Diante disso, destacamos o “excesso de obrigações que o
professor acaba assumindo”, não por vontade própria, mas, pela vontade da escola, o que
189
Vindo ao encontro dessa afirmativa, a Professora 1 relata que, por vezes, sente a
falta de um trabalho em conjunto com os outros professores da escola. Segundo a Professora,
falta essa abertura, o apoio dos outros docentes na solução de alguns problemas que não são
exclusividade da Educação Física. Contudo, essa relação não existe, como observamos na
manifestação da Professora 1:
O desafio que eu tenho assim tem relação mais aos colegas né, porque da vez
tem um professor que ele nos ajuda, tem professor que nem no caso quando
nós temos um ou dois alunos que não conseguem ficar parado aí tem colega
que ele entende professora é se eu precisar eu não sei nem se seria ele o que
queria falar, que nem no caso, se eu chegar e falar “professora, eu estou
tendo dificuldade com esse aluno, ele não está me obedecendo ele não está
respeitando, tem como você ficar com ele um pouquinho para eu
desenvolver as atividades?”, as vezes quando precisamos essa parceria nós
não encontramos. (sic).
Ao trazer essa necessidade do trabalho no coletivo dentro espaço escolar, algo que
já estamos discutindo com grande ênfase por ser um dos elementos imprescindíveis da
Formação Continuada, destacamos a necessidade da escola e dos sujeitos escolares refletirem
sobre o papel que cada um tem desenvolvido para que o trabalho evolua. É preciso colocar em
190
evidência o que está sendo feito para que este espaço se entenda como transformador, haja
vista que, nele temos:
A dificuldade que nós estamos tendo hoje pra mim que eu sinto é de não ter
alguém lá na liderança igual já teve ano passado quando iniciou foi o Godoi
e o Evando que foi quando surgiu o primeiro livro nosso, a participação cada
um que levou as suas ideias né, e onde gerou o livro que nos ajudou bastante
onde trabalhamos hoje. E com a saída do Godoi nós sentimos assim, é como
se fosse assim sem um Pai, a mãe sem filho. / Então eu acho assim, [...] além
de estarmos nós ali na frente ter sempre alguém mais assim, experiente pra tá
nos ajudar e nunca parar né, tá sempre continuando que a secretaria venha
continuar sempre com essa parceria com a universidade com o município e a
universidade para que nunca pare. (sic). (Professor 1).
Este ano eu não gostei. Esse ano está mais para relato de experiência.
Usaram professores da própria rede para fazer essa demonstração, mais eu
acho que isso tem momento, eu acho que deveria ser obrigatório uma troca
de experiência né, de algum tema por escola por que não? Porque não duas
191
escolas próximas, é: “próxima formação vocês vão falar desse tema” aí sim,
sabe, ia ser mais, eu acho que ia ser mais proveitoso. (sic). (Professora 2).
O professor precisa ser valorizado de mostrar o que você sabe, fulano você
tem habilidade em quê? O que faz lá na sua escola que dá certo é isso, então
é isso que você vai mostrar pra nós. E isso a gente faz no relato e eu acho
muito pouco. (sic).
[...] o encontro nosso antigamente era a cada 15 dias, agora está sendo uma
vez por mês eu acho que é muito pouco, nós precisamos de mais, ter mais
encontro para não ficar esquecido, que eu tenho o receio de ficar esquecido
assim como era dois agora passou para um, aí o ano passado houve meses
que nós ficamos sem, então ter mais encontros, duas vezes por semana (mês)
eu acho suficiente, eu tenho assim, medo de terminar e eu gostaria que
continuasse. (sic). (Professora 1)
Para mim eu acho assim, igual eu falei não parar, continuar, [...] está sempre
continuando que a secretaria venha continuar sempre com essa parceria com
a universidade com o município e a universidade para que nunca pare. Que
nós não podemos parar ainda mais nossa área de Educação Física onde que é
uma área que para os alunos todo mundo pode entrar em greve, todo mundo
pode ficar doente mais o professor de Educação Física não, não pode. (sic).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
observação das atividades desenvolvidas nas aulas. Como não haviam objetivos elencados no
seu planejamento, utilizamos dessa estratégia para melhor análise das aulas.
No desenvolvimento de suas aulas, notamos novamente que a Professora 1
explorou e variou as possibilidades de desenvolvimento de um conteúdo em várias propostas
de atividade, permitindo que os alunos vivenciassem e adquirissem experiências diversas. A
Professora 2 ofereceu poucas variações de atividades, foi evidenciado muito tempo livre de
brincadeira e poucas atividades com conteúdo pedagogicamente elaborado para o
desenvolvimento das atividades.
Referente à entrevista, destacamos como resultados a pouca abertura que as
professoras Educação Física têm para discutir suas propostas nas reuniões pedagógicas da
escola, como consequência disso, notamos a falta de espaço para discutir a prática, enquanto
atividade formadora e componente curricular.
Identificamos ainda, a despreocupação tanto da parte dos gestores escolares
(coordenação, direção) como dos demais professores em conhecer e muitas vezes, reconhecer
a Educação Física como disciplina que desempenha papel tão importante na formação do
aluno quanto qualquer outra disciplina na escola.
A falta diálogo com os gestores escolares, a falta de trabalho em equipe com os
outros professores, falta abertura para desenvolvimento do trabalho no coletivo e falta de
materiais para desenvolvimento das atividades se apresentam como elementos problemático
ao desenvolvimento profissional.
Destacamos que ambas professoras tinha o entendimento e conhecimento da
importância da Formação Continuada para a vida docente. Estas destacaram em suas falas
que, a formação possibilita trazer atualidades da profissão, contribui para o crescimento
profissional, capacitação é feita no coletivo e que ela precisa ser concebida a partir do
estímulo pessoal do professor. Essa consciência formativa, possibilita ao professor o
desenvolvimento da reflexão crítica da sua profissão, o que pode conduzir a um
aprimoramento pessoal da sua prática. Logo, ambas as professoras afirmaram ser impossível
ser um bom professor sem que ele desenvolva uma Formação Continuada ao longo de sua
profissão. Segundo as professoras, estar em processo de formação proporciona possibilidades
para transformação da prática docente dentro da escola, competências necessárias para
atuação profissional, além de tirar o professor da zona de conforto profissional.
Quanto à participação das professoras nas reuniões de Formação Continuada
desenvolvidas pela Secretaria Municipal da Educação e Faculdade de Educação Física da
Universidade Federal de Mato Grosso, constatamos em suas respostas que há uma
196
assiduidade nos encontros, contudo, alguns pontos de conflitos dentro da escola, por vezes
prejudicam esse momento formativo das professoras, como as obrigações escolares que
impossibilitam a participação, principalmente quando existem eventos festivos na escola ou
reunião com os pais e entrega de notas, não é uma proposta que consta no Projeto Político
Pedagógico da escola, logo, não tem uma sustentação interna da escola para sua liberação.
Diante disso, ao questionarmos se a presente proposta recebe o apoio da gestão
escolar, a respostas expressas pelas professoras foram que falta valorização e incentivo da
escola para com a formação do professor. Novamente, observamos que há uma “deficiência”
no trato dos gestores da escola para com a formação das Professoras de Educação Física, isso
como as professoras questionaram, pode refletir diretamente nos estímulos de tentar melhorar
sua prática, vista que, se a escola não se preocupa, por que o professor precisa se preocupar.
Contudo, as Professoras afirmaram que procuram sempre superar estes desafios, e que a
Formação Continuada é esse suporte de superação.
Referente à contribuição da abordagem dos conteúdos teóricos e as vivências
práticas realizadas na Formação Continuada na organização e desenvolvimento das aulas de
Educação Física, apresentamos como respostas a importância dos relatos de experiências para
a formação do professor. Enquanto a Professora 1 destaca que os relatos de experiência
norteiam a construção das atividades do professor para as aulas. A Professor 2 inicialmente
afirma que tem pouco interesse em participar desses momentos de relatos por não achar
interessante da forma com acontece, porém, compreende que sua vivência é fundamental para
que haja troca de informações, e deles construam novos significados para suas ações. Em
complemento, a Professora 1 destaca ainda que, essas vivências possibilitam uma construção
do conhecimento mútuo a partir da troca de experiências referentes às dificuldades
encontradas na escola.
Ao averiguar o conhecimento adquirido após participarem da Formação
Continuada e as mudanças ocorridas ao longo da sua atuação como professora de escola,
destacamos que, a formação, segundo a Professora 1 tem capacitado para o crescimento
profissional, contribui para superar os desafios adequando à aprendizagem do conteúdo a
necessidade dos alunos. Por sua vez, a Professora 2 destacou em sua fala que ocorreu pouca
mudança no processo de condução da Formação Continuada, mesmo tendo vivência no curso
de formação, das experiências que participa. Para ela alterou pouca coisa, mas ajudou. É
preciso refletir nossas ações e condutas quando nos propomos a transformar o que é vivido em
nossa profissão. É preciso dar sentido e ressignificar a Formação Continuada em nosso
processo construtivo.
197
la com eficiência e responsabilidade. Neste sentido, cabe uma reflexão pessoal do profissional
que cada docente tem sido para a sua profissão.
Constatamos que a Formação Continuada é imprescindível para a concepção do
ser professor, logo, sua vivência precisa e deve ser ininterrupta. Frente aos desafios impostos
pela realidade escolar atual, é a formação que dará subsídio para criar estratégias que venham
ao encontro das necessidades profissionais. Além de capacitar o professor no seu crescimento
profissional, a formação transforma o ensino e legitima o professor não só como mediador,
mas, como produtor dos saberes.
Nesse viés, destacamos a Formação Continuada como um importante processo de
construção, valorização e transformação dos saberes, bem como contribui para a modificação
da profissionalização do professor e desenvolve o domínio necessário à sua qualificação,
como também atua no exame de possíveis soluções para os problemas reais do ensino.
Vale lembrar que, as necessidades e dificuldades do ambiente escolar são enormes
e muitas vezes desafiadoras. Para tanto, este professor precisa buscar possibilidades que
contribuam com sua intervenção. O professor que é formador e provedor do conhecimento é
também, o professor que tem a necessidade de ser formado continuamente. Contudo, a
consciência docente disso é fundamental.
Por fim, refletir sobre a importância da Formação Continuada para a vida
profissional do professor é essencial, pois, não há conhecimento sem estudo, por isso,
entendemos que a continuidade na formação é essencial para que seja assumida a postura de
professor transformador. Para tanto, é fundamental que o professor reflita criticamente sobre
seu processo de formação, pois este definirá seu perfil docente e, por conseguinte, promoverá
a construção dos saberes e competências para ama Educação Física Escolar transformadora.
As contribuições da Formação Continuada manifestadas pelas professoras, seja na
observação das aulas, na elaboração de seus planejamentos de trabalho ou nas entrevistas,
reside na compreensão que estas têm da realidade de suas profissões, mesmo que a prática não
se altere, pelo menos a consciência das necessidades existe, resta assim, transformar a prática.
199
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p. 27-62.
TERMO DE AUTORIZAÇÃO
_______________________________________________
Assinatura / Carimbo da Escola
209
___________________________________ _________________________________
Profº. Dr. Evando Carlos Moreira Danielle Batista
Orientador da pesquisa Pesquisadora
210
Considerando os dados acima, CONFIRMO estar sendo informado por escrito e verbalmente dos
objetivos desta pesquisa e em caso de divulgação por foto e/ou vídeo AUTORIZO a publicação.
Eu...........................................................................................................................................................,
idade:............ sexo:.......................... Naturalidade:.................................. portador(a) do documento RG
Nº:............................. Telefone:............................. Email:........................................................... declaro que
entendi o objetivo, o risco e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar.
Manifesto ainda o meu consentimento com a publicação de minhas respostas, sejam elas favoráveis ou não,
na forma de artigos e/ou em reuniões científicas.
Cuiabá,_____ de _______________ de 2015.
Assinatura do participante:____________________________________________________________
211
Nome:_______________________________________________________________________
Sexo: ( ) F ( ) M Idade: _________
Formação acadêmica
- Curso de graduação em Educação Física em que Instituição: ___________________________ Ano
de Conclusão: _____________
Docência
-Tempo de docência na educação básica: ___________________________________________
- Escola(s) em que atua: _________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
- Nível de ensino em que leciona atualmente:
( ) Educação Infantil ( ) Anos Iniciais do Ensino Fundamental
( ) Anos Finais do Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio
- Esfera(s) de atuação:
( ) rede pública municipal ( ) rede pública estadual ( ) rede privada
2. Participa das reuniões pedagógicas da sua escola? Em caso positivo, discute propostas
favoráveis à prática da Educação Física?
12. Como você avalia o seu conhecimento da área da Educação Física atual após a
participação na formação oferecida pela Secretaria Municipal da Educação e
Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso? O que
mudou do período que você estudou para o cotidiano da escola atualmente?
13. Quais os desafios e necessidades você tem sentido na sua profissionalidade e quais as
contribuições da Formação Continuada nesse processo?
14. Entende que a disposição/ estímulo em participar da Formação Continuada deve partir
do professor, da gestão escolar ou dos gestores públicos?
213
17. De acordo com sua opinião e com embasamento em suas experiências como professor,
descreva como seria a Formação Continuada ideal para o aperfeiçoamento profissional
de um professor de Educação Física na construção de uma ação pedagógica
transformadora.
214
Professor:________________________________________________________
Turma:_______________________
Aula Nº: ____________ Data:_____/_____/________ Horário:_________ a __________
Quantidade de alunos da turma: ______________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Observações finais:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
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__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
216
professora ficou com as meninas na corda para ajudar a bater. No fim, fez uma
amarelinha com os bambolês para todas pularem. É interessante observar que as crianças
causam o próprio caos nas brincadeiras e ao mesmo tempo, tentam resolver. A
intervenção da professora quando é extremamente necessário. Segundo a professora,
este processo é importante para a formação da criança, pois, desenvolve a autonomia na
solução dos problemas e trabalha o trabalho em grupo também.
Aula 10 Tentou fazer as mesmas atividades da aula anterior, porém, a turma estava bastante
bagunceira o que fez com que demorasse mais tempo para sair da sala. Assim que
controlou a turma, levou-os para a quadra, gastou um tempinho a mais para organizá-los
na quadra. Fez a ginastiquinha (chefinho mandou), por ser uma turma mais agitada que a
anterior, a professora gasta mais tempo chamando a atenção. Finalizando essa primeira
parte, fez a Corre Cutia explicando como ela iria acontecer, mostrou a música e passou
as instruções fundamentais para sua realização. Observou-se que essa turma demora
mais para entender certas explicações, logo, a professora teve que parar mais vezes para
explicar e mostrar o que era para ser feito. Apesar das intervenções, a brincadeira
aconteceu como previstos tendo todos participados. Finalizando essa parte, liberou os
materiais para brincarem livremente, os meninos diferentes da outra turma, foram mais
espertos na organização dos times (os com camisa e os sem camisa). Teve a mesma
atitude com essa turma, observou todos brincando, interviu quando necessário. Teve
apenas uma briguinha entre dois colegas que ela teve que intervir e conversar com eles
separados. Sempre calma ao falar, os alunos sempre atentos a sua fala. Após conversa,
voltaram a brincar.
Aula 11 Como a professora ainda está em processo de recuperação da queda, combinou com a
professora de artes em dividir as duas turmas de hoje ficando neste primeiro momento
com as meninas, e no segundo após o intervalo com os meninos. Constatou-se que é
mais difícil controlar as meninas que os meninos no quesito atenção. Algumas meninas
eram arrogantes com os colegas e incentivavam a bagunça. A turma recebia u
ma aluna nova, ela era especial, porém, sem acompanhamento de ADI.
Aula 12 Seguiu o mesmo roteiro anterior feito com as meninas. Por estar em um grupo o menor,
o entendimento das explicações dadas pela professora foi de fácil compreensão pelos
alunos. É importante frisar que, em toda turma vai ter um ou dois alunos que são mais
bagunceiros e por vezes, não participam tão efetivo da aula, porém, isso não atrapalhou o
andamento da mesma. Como atividade, fez a mesma sequência inicial da Ginastiquinha
sempre trabalhando o feedback entre um movimento e outro. Ao observar uma
dificuldade nos alunos referente a esquerda – direita, fez uma sequência de movimentos
que trabalhasse e desenvolvesse esse lado, ou seja, a lateralidade. Feito isso, Colocou os
alunos em roda e desenvolveu o Escravo de Jó e em seguida o Corre Cutia brincadeira
folclórica trabalhando o tema do semestre. Ajudou um dos meninos que estava com
dificuldade em bater palma no ritmo da música do escravo de Jô, aproveitou a deixa e
trabalhou a coordenação com o grupo todo. No Corre Cutia, explicou as regras e iniciou
sem muita dificuldade. Até mesmo aquele aluno que pouco estava com vontade de
participar, entrou na brincadeira e vivenciou com vontade, e a professora não o forçou.
Vale frisar que os meninos perguntavam se teria futsal no final da aula, a professora
explicava aos alunos que existem outras atividades que precisam ser trabalhadas,
vivenciadas e que fazem parte da Educação Física Escolar. Logo, todos participaram por
vontade própria e aguardaram até o fim onde a professora deixou os meninos jogarem
bola nos minutos finais da aula.
Aula Trabalhando em conjunto com a professora de artes, num primeiro momento, reuniram
13/14 as duas turmas para ensaiar e montar coreografia da música escolhida para o dia das
mães. Ao final deste ensaio, fez a ginastiquinha com alongamentos e movimentos de
aquecimento para ocupar o resto do tempo antes do intervalo.
Após o intervalo, e com a ajuda da professora de artes, levaram as duas turmas para a
quadra e organizou um circuito com pneus para trabalhar algumas habilidades
necessárias a criança. Após organizar as filas, pediu primeiramente que as crianças
andassem sobre os pneus, após todos cumprirem esta primeira parte, aumentou a
219
distância entre os pneus como desafios para as crianças se arriscarem a cumprir, logo,
teriam que trabalhar com passadas maiores sem cair desenvolvendo a flexibilidade e o
equilíbrio. A professora ajudava aqueles alunos que tinham dificuldade na atividade e as
crianças especiais a participarem também vivenciando possibilidades, ajudando a perder
o medo e dando confiança a criança. Outra variação foram ao invés de andar eles teriam
que pular sobre o pneu não podendo colocar o pé no chão (no centro do pneu). Ao final
do circuito, os alunos ajudaram a guardar todos os pneus.
Aula Em parceria novamente com a professora de artes, reuniu-se as duas turmas na quadra
15/16 par ensaiar a música para a apresentação. As professoras entregaram a letra para cada
aluno que estavam em roda e colocou a música para tocar para que os alunos cantassem
juntos. Passou duas vezes a música, vendo a agitação dos alunos, resolveu organizá-los
em várias filas para passar atividades de dança. Fez a brincadeira da estátua, e colocou
algumas músicas para dançarem por meio de coreografias e outras com movimentos
produzidos pela professora. Observando que os alunos começaram a se dispersar
novamente, reuniu todos no centro da quadra em uma grande roda e fez o Corre Cutia
ganhando a atenção de todos novamente. Após explicação inicial, a brincadeira seguiu
até o sino do intervalo bater.
No segundo momento, continuou com turma na quadra e trabalhou atividades em
circuito com pneus desenvolvendo a flexibilidade, equilíbrio e coordenação para pular
dessa vez, dentro do pneu. Começou com um pneu, depois colocou dois pneus juntos e
depois três. Era nítida a alegria da criança em tentar superar o desafio posto ali na aula.
Mesmo com as turmas agitadas, a aula ocorreu conforme foi proposto pela professora.
Conflitos, organização e certa atenção da turma exigiram um pouco mais de paciência da
professora, porém, tudo ocorreu como planejado.
Aula Em parceria novamente com a professora de artes, reuniu-se as duas turmas
17/18 primeiramente para o ensaio da música para apresentação no dia das mães, porém, a
turma não estava muito interessada a ensaiar o que deixavam elas agitadas, sem ação da
professora de artes, e os alunos estavam ficando muito dispersa a professora de ed. Física
reuniu as turmas e levou para a quadra. Chegando lá, teve grande dificuldade em
organizar o grupo, assim que conseguiu, separou meninos de meninas para a realização a
brincadeira e exigiria atenção tanto dos alunos como da professora. Iniciou com a
ginastiquinha com os alongamentos essenciais, em seguida fez a brincadeira: carrinho de
mão colocando pequenos grupos para executar por vezes a ação. A cada grupo, a
professora acompanhava de perto, corrigia o movimento ou o posicionamento do corpo
da criança para tudo saísse certinho. Primeiro colocou as meninas, depois os meninos.
Após todos experimentarem em seus pequenos grupos, a professora colocou todas as
meninas para vivenciarem juntas corrigindo sempre que necessário. Com os meninos ela
já não conseguiu isso, estavam muito bagunceiros desatentos para os comandos da
professora. Por conta disso, colocou todos sentados para repensarem suas atitudes, e
iriam ficar assim até o recreio acabar.
Após o intervalo, as professoras dividiram as turmas, a professora de Ed. Física ficou
com a turma do 1º ano D, chegando a sala passou um sermão sobre o comportamento nas
aulas e suas consequências futuras. Dialogou e trouxe um momento para os alunos
refletirem suas atitudes. Após conversa, passou a atividade da disciplina de artes para
que os alunos fizessem em sala.
Aula 19 Ao chegar à quadra, organizou a turma várias filas e disse que a ginastiquinha seria feita
com música na aula de hoje. Então passou alguns movimentos/passos de algumas
músicas e deu inicio a atividade. Dentre os movimentos, procurou trabalhar a
lateralidade esquerda – direita – frente – trás, flexibilidade agachar – levantar – pular –
tocar nos pés dentre outros movimento. Em seguida fez a música macarena com
coreografia completa. Num primeiro momento, passou os movimentos e em seguida
realizou na prática a atividade. Após este primeiro momento onde, trabalho os
movimentos corporais por meio da música, passou para a segunda parte onde, fez a
brincadeira “Cadeirinha”. Dividiu a turma em grupo de três para que todos vivenciasse a
brincadeira. Em um momento, um grupo começou a querer dispersar, então a professora
220
los para a quadra. Porém, ela foi primeiro com quem estava em silêncio e deixou os
outros alunos com a ADI dizendo que só era para levá-los quando estivessem em
silêncio. Segundo a professora “Eu não perco tempo e nem voz mandando aluno ficar
quieto. Não dá para ter controle da turma quando o professor não pode ter autonomia de
falar mais alto com o aluno”.
Chegando à quadra, a professora amarrou o barbante para as crianças irem colando as
bandeirolas. A grande maioria estava participando, alguns dispersaram e começaram a
correr pela quadra, a professora chamou a atenção de todos e colocou-os para ajudar a
colar as bandeirolas. Finalizando a colagem das bandeirolas, a professora reuniu a turma
os colocando sentados na quadra. Em seguida, a professora de artes chegou com a sua
turma (1º ano E) para juntar com a turma da professora de ed. Física para a atividade
com corda. Sendo assim, a professora teve um grande trabalho para organizar as duas
turmas, amarrou a corda e pediu para que um aluno por vez passasse correndo enquanto
a corda batia sem deixá-la encostar. Parafraseando a professora: “Dar aula para estas
turmas é um exercício de muita paciência, persistência, amor e desfio”. Vale frisar que,
pela quantidade de aluno, a aula seguiu com essa atividade até bater o sino.
Aula 25 Após entregar um pneu para cada criança, levou-os para quadra e organizou várias filas e
pediu para que os alunos ficassem dentro do seu o pneu. Inicialmente, fez um
alongamento dos membros superiores e inferiores, em seguida fez atividades de
deslocamento saltando para todos os lados utilizando o pneu como obstáculo. Cada
aluno em seu pneu pulava para frente, para trás e para os lados. Finalizando essa parte, a
professora montou o som para a outra parte das atividades. Nesse meio termo, alguns
alunos dispersaram e começaram a correr com os seus respectivos pneus pela quadra. A
professora chamou a atenção e pediu para que todos retornassem aos seus lugares.
Assim, depois de organizados novamente, a professora passou a atividade com a música
‘1, 2, 3, 4’ da Aline Barros, onde todos teriam que cumprir os comandos, os movimentos
que a música pedia. A professora fez junto com os alunos. Após repetirem 3 vezes essa
música, a professora passou a coreografia da próxima música a dançarem ‘Macarena’,
após todos pegarem, fez essa música 3 vezes também, corrigindo sempre possível, os
erros ou dúvidas dos alunos nos passos da música. Finalizando essa parte, deixou os
alunos irem beber água. Chegando novamente a quadra, fez a brincadeira da dança das
cadeiras com os pneus. Inicialmente explicou as regras, tirou as dúvidas e disse que era
para brincarem com respeito aos colegas. Em alguns momentos os alunos estavam tão
empolgados na brincadeira que ela teve que fazer intervenções estratégicas para
organizar a turma e relembrar alguma regra da brincadeira. Após finalizar essa atividade,
os alunos começaram a correr pela quadra com os pneus sem a autorização da
professora. Dentre essas agitações, dois alunos começaram a brigar no meio da quadra, a
professora foi intervir e separar os alunos, um deles começou a ameaçar a professora.
Após pedir para que os alunos a ajudasse a guardar os materiais, reuniu todos os alunos
na quadra e conversou com todos sobre as ultimas atitudes de todos no final da aula.
Chamou a atenção de todos e disse o quanto essa bagunça toda é prejudicial a aula. Após
todo diálogo, disse que a turma ficaria sentada durante o intervalo. Com tempo e aos
pouco, liberando os alunos para o recreio, apenas os quatro que queriam bater no colega
ficou até o final do intervalo sentado.
Aula 26 Após entregar um pneu para cada criança, levou-os para quadra e organizou várias filas e
pediu para que os alunos ficassem dentro do seu o pneu. Inicialmente, fez um
alongamento dos membros superiores e inferiores, em seguida fez atividades de
deslocamento saltando para todos os lados utilizando o pneu como obstáculo. Cada
aluno em seu pneu pulava para frente, para trás e para os lados. Finalizando essa parte, a
professora montou o som para a outra parte das atividades. Nesse meio termo, alguns
alunos dispersaram e começaram a correr com os seus respectivos pneus pela quadra. A
professora chamou a atenção e pediu para que todos retornassem aos seus lugares.
Assim, depois de organizados novamente, a professora passou a atividade com a música
‘1, 2, 3, 4’ da Aline Barros, onde todos teriam que cumprir os comandos, os movimentos
que a música pedia. A professora fez junto com os alunos. Após repetirem 3 vezes essa
222
atividade, mostrou os passos da coreografia da música. Feito isso, deu inicio a dinâmica
e com o tempo foi aumentado à velocidade. Finalizando essa parte a turma do ‘mais
educação’ já não estava mais na quadra. Outra atividade desenvolvida foi à cabra-cega,
a professora explicou duas vezes para que todos entendessem as regras e como era ser
feitos. Nessa turma, tem um aluno que quase nunca participa das aulas, só atrapalha e
tira a paciência da professora. Ela sempre tenta conversar com ele mais, ele não mostra
abertura, observa-se que ele quer participar das aulas mais precisa mostrar que é superior
aos seus colegas.
Como última atividade, fez o elefantinho. Explicou as regras e como deveria ser
executado, tirou as dúvidas dos alunos. Feito isso, separou os grupos e entregou as tiras
de tnt para cada aluno. Observou-se que essa brincadeira motivou muito os alunos, todos
participaram com bastante vontade.
Aula Por ser a última semana de aula, a professora desenvolveu atividades em sala com
29/30 brinquedos e materiais recicláveis. Sendo assim, deixou as turmas brincarem livres pela
sala de aula com os materiais acima citados.
Fonte: Construção da autora.
frente à aula.
Aula 7/8 Por ainda está em recuperação, não se esforçou muito, mas, estava atenta aos alunos.
Na segunda parte da aula, ajuda os alunos com os desenhos.
Aula 9 Sempre atento para ver se o aluno entendeu o que estava solicitando nas atividades,
corrigia quando necessário algum movimento, trabalhava a socialização e o respeito
para com o colega independente de suas dificuldades, a todo o momento dava um
feedback sobre as atividades, estava brincando junto com os alunos, mesmo ainda
estando em recuperação da queda que teve.
Aula 10 Sempre atento para ver se o aluno entendeu o que estava solicitando nas atividades,
corrigia quando necessário algum movimento, trabalhava a socialização e o respeito
para com o colega independente de suas dificuldades, a todo o momento dava um
feedback sobre as atividades, estava brincando junto com os alunos, mesmo ainda
estando em recuperação da queda que teve. Sempre calma em todas as suas ações.
Aula 11 Apesar da turma agitada, das dificuldades e conflitos gerados por algumas alunas, a
professora soube resolver sem alterar a voz, trabalhando por meio do diálogo, roda de
conversa aquilo que precisa ser observado pelos alunos. Cumpriu com as atividades
propostas, ajudou a aluna especial a fazer parte da turma, porém, sempre atenta a
todos os alunos.
Aula 12 Bastante participativa e atenta aos alunos. Soube resolver os poucos problemas sem
alterar a voz, trabalhando por meio do diálogo, roda de conversa aquilo que precisa
ser observado pelos alunos. Cumpriu com as atividades propostas, ajudou os alunos
que tinham dificuldade na execução de algum movimento, estava sempre atenta a
todos os alunos.
Aula 13/14 A professora mostrou domínio do conteúdo, controle das duas turmas e paciência
para explicar a atividade, a todo o momento acompanhava a evolução da execução
das crianças dado feedback sempre que necessário, cumpriu com o proposto para a
aula do dia.
Aula 15/16 Nessa aula, apesar de toda atenção e paciência dedicada as turmas na realização das
atividades, na correção dos erros, nos incentivos a realizar os movimentos, a cumprir
com os desafios propostos, ela mostrou um certo descontentamento com a educação
atual, a desvalorização da carreira. Os desafios encontrados na escola chegam uma
hora de desgasta, mostrou um certo desabafo sobre a educação na escola.
Aula 17/18 A professora estava bem esgotada na aula de hoje, a turma estava bem bagunceiras o
que exigiu uma atenção, um esforço a mais para realizar as atividades propostas.
Apesar de cumprir com seu papel, em suas falas finais estava totalmente desgostosa
com o caminho que a educação está seguindo.
Aula 19 Sempre atentar para cumprir com proposta de aula, estava a todo o momento
motivando os alunos, corrigindo quando necessário. Apesar de toda bagunça,
cumpriu com o papel de professora.
Aula 20 Sempre atentar para cumprir com proposta de aula, estava a todo o momento
motivando os alunos, corrigindo quando necessário. Soube superar as bagunças
motivando os alunos a participarem das atividades, cumpriu com o papel de
professora.
Aula 21/22 Professora participativa domínio do conteúdo, atenta para que todos os alunos
estivessem atentos na aula, corrigia quando necessário algum movimento.
Aula 23 A professora estava atentar aos alunos, chamando a atenção quando necessário,
ajudando na solução dos problemas durante as brincadeiras com os brinquedos, e
motivando os alunos diante da atividade de pregar bandeirola na quadra tornando
essa atividade um pouco mais próxima da ludicidade das brincadeiras.
Aula 24 Com muita paciência para tentar realizar as atividades que eram para ser feitas
naquele dia de aula. A todo o momento, apesar da bagunça procurava trazer o aluno
para o processo de aprendizagem. Dava feedback e procurava mostrar para o aluno a
necessidade de estar atento ao que era ensinado.
Aula 25 Participativa, atenta para as dificuldades dos alunos, paciente para solucionar os
225
fossem a sala buscar e voltar para a quadra. Enquanto isso, a professora foi atrás de alguns
materiais para que as outras crianças pudessem brincar. Algumas preferiram inventar a
própria brincadeira tendo neste momento, o espaço para brincarem livres pela quadra,
enquanto isso a professora observava atentamente as crianças brincando. Passado algum
tempo, a professora reuniu a turma, recolheu os materiais e levou os alunos para pegar o
lanche da escola. Após o lanche, os alunos retornaram para a sala e ficou um bom tempo
sentado, sem fazer nada aguardando o sino tocar para o intervalo.
Na segunda turma, após a atividade do “chefinho mandou”, deixou as crianças brincarem
livres pela quadra até bater o sino para irem embora.
Iniciou a aula em sala, dividiu em duplas, entregou algumas revistas e pediu para que cada
aluno recortasse uma imagem que simbolizasse a sua mãe para fazerem um cartão de
presente para elas. Após essa parte, levou os alunos para a quadra e desenvolveu atividades
de andar e correr com algumas variações: inicialmente começou andando de diversas formas
Aula pela quadra como na ponta do pé, com o calcanhar, com o joelho para dentro depois para
7 fora, com passinhos de formiguinha dentre outros. Fez algumas corridinhas de frente, costa e
laterais. Finalizando essa parte, liberou os alunos para brincarem livremente pela quadra
com alguns materiais da escola. Os meninos ficaram com o futebol coletivo e as meninas
com suas brincadeiras, ora corda, ora brinquedo e brincadeiras inventadas por elas.
Observou-se que o tempo da brincadeira livre é maior do que o tempo de conteúdo de aula.
A aula já começou com pouquíssimo tempo para sua realização. Como na escola eles
trabalham o recreio por turma, os 2º anos é o que tem o horário, mas complicado, uma vez
que inicia as 15:45h e vai até as 16h. Outro ponto prejudicial para o desenvolvimento das
aulas nessas turmas é, quando a professora de artes desenvolve um trabalho mais elaborado,
ela acaba pegando um tempo da aula de Educação Física. Oficialmente, a aula começou as
Aula
16:10h, até a turma entrar e se acalmar, já foi mais tempo de gasto para a organização. Em
8
sala, fez a atividade de recortar e colar uma imagem para criarem um cartão para o dia das
mães. Após finalizar essa parte e faltando 20 minutos para o fim da aula, a professora desceu
para a quadra com a turma e deixou as crianças brincarem livres pelo espaço com alguns
materiais levados pela professora. Dentre as brincadeiras, observamos o pega-pega,
brincadeira com corda e com bola.
Como primeira parte da aula, realizou-se em sala e fez a mesma atividade da turma anterior,
recortar e colar uma imagem de um possível presente que gostaria de dar para a mãe, colou
em um papel construindo assim, um cartão para o dia das mães. Finalizando essa atividade,
levou os alunos para pegarem o lanche da escola. Faltando 20 minutos para o fim da aula, a
professora levou a turma para brincarem livres pela quadra. Como não tinha nenhum
Aulas
conteúdo sendo executado, alguns alunos ficaram sentados, outros jogavam bola, outros
9/10
conversavam, duas pulavam corda e outras brincavam de boneca. A constatação que tirei foi
que, a aula parecia uma extensão do recreio. Enquanto isso, a professora observava a turma,
às vezes fazia uma interferência para corrigir algo, mais pouca coisa.
Na outra turma, fez a mesma atividade de recorte e no fim, levou os alunos para brincarem
livres pela quadra e ficou apenas obsevando todo o movimento da turma.
Iniciou a aula em sala, pediu para que os alunos pegassem o lápis de cor, mostrou a imagem
com alguns desenhos que faziam referência a higiene corporal, pediu para que os alunos
Aula pintassem os desenhos após entregar as folhas aos mesmos. Conforme os alunos iam
11/12 terminando a pintura, a professora ia liberando para descer para a quadra sozinho. Assim
que todos terminaram, reuniu os alunos no centro da quadra e fez a atividade para andar de
variadas formas com passos pequenos, passos grandes, movimentando os braços, pé por pé
229
um na frente do outro, pediu para que os alunos andassem em cima das linhas da quadra,
sempre que preciso, a professora ajudava aquele determinado aluno que estava com
dificuldade na execução de algum movimento. Fez ainda alguns movimentos de corrida com
variações de deslocamento. Em uma das variações que era para correr segurando o pé para
trás, um dos alunos começou a chorar porque não conseguiu. Nesse momento, a professora
conversou com o aluno, explicando que tudo é processo e que ele iria conseguir realizar a
ação em breve. A partir dessa cena, explicou aos alunos que tudo na vida é processo que
precisa ser desenvolvido com o tempo, com isso, o aluno parou de chorar e participou das
outras atividades. Em seguida, para finalizar as atividades, desenvolveu o vivo morto /
dentro e fora com os alunos em círculo. Após essa atividade, levou os alunos para pegar o
lanche da escola. Após terminarem o lanche, deixou os alunos que trouxeram brinquedo
brincarem na sala, os que não trouxeram ficaram conversando ate tocar o sino do recreio.
Essa foi a primeira vez que observei um planejamento de aula com atividades que não
permitiram tempo para que os alunos ficassem brincando livres.
Na outra turma, fez a mesma sequência de atividade como pintura do desenho e as
atividades da aula prática. Diferente da primeira turma, após execução do plano de aula,
permitiu que ao final das atividades, pudessem brincar livres pelo espaço até tocar o sino
para irem embora.
Iniciou a aula em quadra reunindo os alunos no centro para explicação das atividades.
Delimitou um lado da quadra para a realização das atividades. A primeira consistia em
correr segurando alguma parte do corpo, como exemplo: correr com a mão na cabeça e mão
na cintura; nessa atividade, a professora explorou várias partes do corpo durante o
deslocamento das crianças. A segunda atividade permaneceu o mesmo esquema da primeira,
porém, a professora pediu para que formassem duplas para realizar a atividade com as mãos
dadas. Dentre os comandos, tivemos andar com a cabeça encostada na cabeça do colega,
bumbum com bumbum, pé com pé. Um ponto de conflito durante a atividade foi que uma
das meninas não queria pegar na mão da colega, simplesmente não queria pegar na mão da
menina. Nesse momento, a professora parou a aula e conversou com os alunos sobre
preconceito e o respeito que devemos ter para com os coleguinhas, feito isso, a menina
acabou segurando a mão da colega. Como terceira variação da primeira atividade, dividiu as
turmas em pequenas filas e pediu para que, quem estivesse na frente deveria fazer um
movimento qualquer e deveria ser imitado pelo restante dos colegas da fila até o final do
Aula percurso. Nas duas primeiras tentativas, todas as filas foram juntas e fizeram o mesmo
13 movimento. Na terceira tentativa, a professora pediu para ir uma fila de cada vez, o que
levou a cada fila realizar movimentos diferentes fazendo a atividade acontecer. Finalizando
essa parte, a quarta atividade foi o pêndalo humano. Organizou a turma em circulo e fez os
alunos vivenciarem a atividade caindo para frente e para trás. Nessa atividade, a professora
deu suporte segurando os alunos e colocando todos para vivenciarem. Finalizando essa
parte, pediu para que os alunos fossem beber água e ir ao banheiro. Ao retornarem, deixou
as crianças brincarem livres com os materiais da escola que consistia em: 7 bolas de
basquete sendo uma delas era usada para jogar o futebol, 3 cordas pequenas, 2 bambolês.
Após liberar os materiais, os próprios alunos se organizaram com eles e na organização das
brincadeiras. No futebol era um goleiro e todo mundo contra todo mundo, algumas meninas
brincavam com as cordas, outras com as outras bolas. A professora nesse momento
observava a turma no seu momento de brincadeira livre, interferia só quando achava
necessário ou quando começava a querer surgir algum conflito entre eles. Teve um momento
em que a professora participou da brincadeira ajudando uma aluna a pular corda, pois não
estava conseguindo. Para aluna foi prazeroso conseguir realizar a ação de pular a corda. Ao
230
final da aula, recolheu os materiais e passou algumas orientações a respeito do uso da bola
de basquete, como eles são pequenos e a bola é pesada, pediu para tomar cuidado com os
lançamentos para não machucarem. Subiram para a sala e aguardou os minutos para o
recreio.
A professora chegou a sala as 15:10h, porém, não foi a quadra direto porque preferiu esperar
o recreio dessa turma que começa as 15:45h. Enquanto aguardava o horário, fez a chamada e
deixou os alunos lancharem em sala. Após o recreio que terminou as 16h, a aula iniciou na
quadra as 16:18h, mostrando o quanto de tempo foi perdido antes da realização da aula. Em
quadra, a professora reuniu a turma no centro chamou a atenção de alguns que estavam
Aula
bagunçando e subindo na árvore para pegar pipa, mostrando os riscos que poderiam
14
acontecer com eles se caíssem da árvore. Referente às atividades, conseguiu realizar a
mesma sequência da turma anterior e os alunos foram bem participativos. Terminando essa
parte, liberou o material para que as crianças brincassem livres pela quadra até bater o sino
para irem embora. Como na turma anterior, os próprios alunos organizaram os grupos e as
brincadeiras.
Iniciou a aula em quadra delimitando um espaço para a realização das atividades e fez a
mesma sequência da turma anterior como em correr segurando alguma parte do corpo, como
exemplo: correr com a mão na cabeça e mão na cintura, assim por diante. Ajudou a corrigir
alguns movimentos de alguns alunos que estavam com dificuldade na execução. Em uma
das atividades que tinham que andar agachados, um dos alunos não conseguia entender e
nem realizar a ação, tendo a professora grande dificuldade para que o mesmo entendesse a
dinâmica do movimento. Segunda a professora, ela acredita que ele tenha algum déficit de
atenção, pois, não é a primeira vez que ela fala e ele não entende. Após essa parte de
atividades, liberou os alunos para beberem água, e em seguida, liberou os materiais para eles
Aula
brincarem livres na quadra. Enquanto observava os alunos brincarem na quadra, a
15/16
Professora expos a sua angústia com o curso de formação continuada que teria na próxima
sexta. Segundo ela, as atividades ali desenvolvidas eram apenas reprodução, e que achava o
tema da aula mais completo na internet do que na vivência do curso.
Após o recreio fez a chamada e desceu para a quadra. Chegando lá, reuniu a turma e fez a
mesma sequência de atividades das aulas anteriores (aulas 13, 14, 15). Diferente da turma
anterior, esta não teve dificuldades na execução o que facilitou o seu desenvolvimento. Após
essa parte, liberou os alunos para brincarem livres com os materiais pela quadra. Vale
lembrar que, nas brincadeiras os próprios alunos se organizavam enquanto grupo e as
atividades que cada um iria brincar.
A primeira parte da aula começou em sala de aula com a atividade de caça palavras, onde os
alunos teriam que encontrar seis palavras que representasse partes do corpo humano. Antes
de entregar a folha com a atividade, explicou e exemplificou no quadro como era para ser
feito. A professora observou que uns alunos tinham mais atenção e facilidade na realização
da tarefa. Conforme a os alunos iam terminando, a professora pediu para descerem para a
quadra enquanto ela ficava na sala até que todos terminassem, neste ponto, observamos que
Aula
os alunos estavam indo para a quadra sozinhos sem a supervisão de um adulto. Chegando a
17
quadra após todos terem terminado a tarefa, expôs sobre a importância de todos estarem de
tênis para a realização das aulas. Terminando a explanação inicial, delimitou um espaço na
quadra e pediu para que os alunos andassem por este espaço e, ao apito da professora, todos
deveriam parar no lugar e formar os grupos a partir de número de pessoas que a professora
gritasse. Outra variação da atividade foi, ao apitar a professora diria o nome de uma cor e os
alunos deveriam ir até a cor. Outra viração foi trabalhar a intensidade da corrida a partir da
231
variação dos apitos sendo, 1 apito corrida devagar, 2 apitos corrida rápida. Ao finalizar essa
parte, organizou a turma em fila e pediu para que um por um fosse passando por debaixo da
perna dos colegas. Outra atividade feita foi o “pula cela” dividindo os alunos em dupla para
vivenciarem a atividade, em seguida fez o “carrinho de mão” sempre utilizando o espaço
delimitando promovendo a vivência das brincadeiras antigas resgatando essas possibilidades
de brincar com o colega, trabalhando com contato entre eles. Segundo a professora, as
atividades de hoje deveriam trabalhar a corporeidade no espaço e a compreensão do corpo
em movimento. Em complemento, agregou as brincadeiras antigas que ajudaram os alunos
na percepção desse corpo em suas variedades de tamanho, peso etc. Após voltarem do
bebedor, a professora liberou 3 bolas de basquete e 3 cordas para se organizarem e
brincarem livres pela quadra até dar o horário do lanche. Enquanto observava a turma, a
professora expôs que o tempo mudou, hoje está mais difícil dar aula para criança por conta
da rebeldia e da falta de conscientização da aula da dada pelo professor.
Iniciou a aula em sala e fez as mesmas atividades da turma anterior (caça palavras) e em
seguida, as atividades em quadra. Chamou a atenção de alguns alunos que não paravam de
conversar atrapalhando a explicação das atividades a serem desenvolvidas na quadra. Após
explicação, executaram a sequência de movimentos a partir dos comandos da professora.
Essa turma teve uma participação e uma exploração do espaço melhor que a turma anterior.
Novamente, teve que chamar a atenção para outro aluno que não queria segurar na mão do
Aula
colega por preconceito tendo a professora que intervir e conversar com turma sobre o
18
assunto. Na brincadeira do carrinho de mão, assim como na outra turma, os deixou bem
livres na execução do movimento, corrigia quando necessário. Finalizando essa parte,
deixou as meninas irem beber água e reuniu os meninos para conversarem sobre a bagunça
que estavam fazendo, colocando-os para refletir as atitudes deles. Após as meninas
chegarem, foi à vez dos meninos irem beber água. Estando todos na quadra, reuniu o grupo
e foram esperar no espaço indicado o sino tocar para irem embora.
A aula teve inicio na sala. Como primeira atividade, entregou uma folha composta por
desenhos que representava alguns produtos de higiene como sabonete, toalha, chuveiro
dentre outros. Em seguida, a professora explicou o que era para ser feito: perto e cada
produto, os alunos deveriam colocar o nome da imagem. A professora acabou fazendo a
atividade junto com os alunos. Após indicarem o nome, a professora pediu para fosse
pintado todas as imagens. Já em quadra, a professora realizou a sequência de atividades das
Aula aulas anteriores (aulas 17 e 18), com as mesmas atividades: formação de grupo ao comando
19 da professora, brincadeira da estátua, brincadeira da cor, brincadeira da variação da
intensidade da corrida, passar por debaixo da perna dos colegas em fila, fez o pula cela
tendo a participação da professora. Já na brincadeira do carrinho de mão, utilizou alguns
colchonetes para passar por cima, diferente da turma anterior, quem conduziu os alunos na
atividade foi à professora, todos vivenciaram. Finalizando essa parte, deixou os alunos irem
beber água e depois, liberou o material para brincarem livres pela quadra. De material
disponível tinha 3 bolas de basquete e dois colchonetes.
Após o intervalo, a professora começou a explicar a atividade, porém, os alunos estavam
bem agitados e conversando muito, o que acabou dificultando a fala da professora e próprio
entendimento dos alunos frente a proposta de atividade. Após chamar a atenção dos alunos,
Aula
a professora conseguiu explica e assim como fez na turma anterior, fez a atividade junto
20
com os alunos. Terminando de escrever os nomes do produto, foi solicitado que eles
pintassem os desenhos. Observamos que essa turma tinha maior dificuldade de assimilação e
de atenção das informações, logo, alguns erravam a atividade por não atentarem para o que a
232
professora estava falando, logo, notou-se que esta turma não tinha dificuldade para cumprir
com o que era proposto em algumas aulas. Durante a realização dessa atividade, a professora
informou que só iria para quadra quem tivesse terminado a tarefa. Um aluno acabou não
fazendo a atividade e não queria fazer, a professora então levou os alunos que tinham
terminado a quadra e falou que ele só iria depois que fizesse a tarefa, deixando-o na sala
com uma funcionária da escola. Chegando a quadra, a turma estava bastante agitada e pouco
atenta para os comandos da professora, isso demandou um esforço a mais para controlar e
organizar a turma, ela disse que essa turma tem problema com atenção, e ouvir aquilo que a
professora está falando. Após organizar a turma, explicou como seria as atividades e as
executou, as mesmas sequências de atividades das aulas/turmas anteriores. Em todas as
atividades, as sequências de atividades tinha que chamar a atenção de um aluno. Por fim,
apesar da bagunça, a professora conseguiu cumprir com as propostas de atividade. Finalizou
deixando os alunos brincarem livres pela quadra. Friso que, o aluno que tinha ficado por
último na sala fazendo a primeira atividade, ao chegar a quadra mal começou a participar
das atividades, ele começou a fazer gracinha não querendo participar e atrapalhando os
colegas que estavam participando. A professora o colocou sentado para refletir nas suas
atitudes, o mesmo estava ignorando e desrespeitando a professora. Segundo ela, esse era um
aluno que a tirava do sério.
Iniciou a aula na quadra reunindo a turma no centro dela para explicar a atividade. Em
seguida colocou todos em fila um do lado para o outro, delimitou um espaço que
acontecesse às atividades, sendo a primeira delas, deslocar andando de um lado para o outro
tocando partes do corpo ao comando da professora, em seguida, fez a atividade de correr,
devagar, rápido, costa, chutando as pernas para frente, jogando-as para trás. Outra variação
foi solicitada para que os alunos andassem de cócoras, depois na ponta dos pés, com pé de
pinguim, andar com passos pequenos depois com passos grandes e por fim, deslocar
Aula balançando os braços. Após esta sequência de movimentos, liberou os alunos para beberem
21 água. Ao retornarem, a professora liberou para brincarem livres pela quadra com os
brinquedos que alguns alunos trouxeram de casa. Os meninos iniciaram a brincadeira do
pega-pega entre eles e as meninas sentaram na arquibancada e foram brincar com seus
brinquedos. Passado alguns minutos, a professora trouxe 4 bolas de basquete e 3 cordas para
as crianças incluírem em suas brincadeiras. Assim, os meninos pararam o pega-pega e foram
jogar bola (com bola de basquete) e as meninas brincaram um pouco com as cordas, mais
logo largaram e voltaram para o brinquedo. Enquanto as crianças brincavam, a professora
observava os acontecimentos e fazia alguns relatos da profissão.
Como essa turma tem o recreio mais tarde iniciando as 15:45h, a aula iniciou depois das
16h. Logo, a aula consistiu apenas de brincadeiras livres com materiais que foram 4 bolas de
basquete e 3 cordas de pular, sendo uma grande e 2 pequenas. A brincadeira das crianças
consistia em pular a corda em grupo, onde, elas mesmas organizaram as regras em que hora
uma pula e outra bate e vice e versa. Tinham uns pequenos conflitos mais no fim (apesar de
procurar a professora para ajudar a resolver, e ela preferia não intrometer muito deixando
Aula
que as crianças aprendam a solucionar os próprios problemas), tudo se resolvia. Outras
22
crianças brincavam com a bola hora chutando sozinho, hora tocando com o colega, às vezes
lançando para o colega ou apenas quicando ela no chão. Tinham outras crianças com
brinquedos e que acaba inventando a sua própria brincadeira, e tinham alguns meninos que
estavam apenas jogando bola. E assim foi até o fim da aula. Enquanto as crianças brincavam
ou inventavam suas brincadeiras, a professora observa e chamava a atenção quando
necessário. Notamos que, a professora tem conhecimento e entende a necessidade de
233
outros tiveram mais dificuldades. Ao final dessa parte, a professora ajudou quem não tinha
terminado bem como, os alunos que á tinham terminado começou a ajudar os colegas que
estavam com dificuldades. Após todos concluírem a atividade, a professora levou os alunos
para a quadra e deixou brincarem livre com as bolas de basquete e as cordas. Enquanto as
crianças brincavam, a professora intervia quando necessário solucionando pequenos
conflitos. Em certo momento, começou a bater a corda para as crianças pularem.
Após a chamada em sala, a professora desceu com sua aluna para ensaiarem novamente a
coreografia da música Asa Branca para a festa junina da escola. Organizando o grupo que
vai dançar (até porque nem todos vão participar), a professora juntamente com a professora
de artes tentou colocar os alunos que não vão dançar sentados. Referente à coreografia, a
professora de Educação física era quem estava passando, corrigindo e ensaiando as turmas.
Passou umas 4 vezes a coreografia para fixar nos alunos. Enquanto isso, os alunos que eram
para ficar sentados assistindo ao ensaio estavam: uns jogando bola com algumas coisas que
fizeram de bola, outros brincavam num canto, outros correndo pela quadra, e assim foi até o
final do ensaio. Após o ensaio e depois que os alunos foram beber água, a professora
organizou a sua turma no centro da quadra, chamou os meninos para ajudá-la a pegar os
Aula
colchonetes para a atividade do dia. Ao retornar com os colchonetes, arrumou-os e disse que
27
iriam fazer o “carrinho de mão” e a “cambalhota”. Antes da execução, explicou e
demonstrou como era para ser feito. Assim, organizou os meninos de um lado e as meninas
de outro. Iniciou com os meninos a execução das duas atividades, primeiro o carrinho de
mão o qual, a professora foi quem conduziu todos os alunos, em seguida fez a cambalhota, a
professora ficou do lado para ajudar na execução do movimento correto. Os alunos que
estavam com medo, a professora incentivavam para tentar realizar, e elas acabavam
vivenciando. Em seguida foi à vez das meninas cumprindo com toda atenção na execução
delas também. Apesar de todos executarem as atividades, a turma hoje estava bem agitada, o
que levou a professora, pela primeira vez desde o inicio da minha observação, alterou um
pouco um tom de voz para solucionar um problema entre os alunos.
A professora chegou à sala e os alunos estavam impossíveis, uma grande bagunça tomava
conta da sala de aula. A professora entrou e tentou fazer silêncio para a chamada, porém,
sem sucesso. Novamente, ela teve que alterar o tom de voz para ver se a turma prestava
atenção. Aproveitou o momento, e reorganizou as carteiras que estavam juntas e
bagunçadas. Após colocar cada um em seu lugar por fila, a turma começou a acalmar e
Aula então, a professora conseguiu o silêncio necessário para fazer a chamada. Após, descerem
28 para quadra, a professora reuniu a turma no centro dela explicou como seria executado as
atividades da aula (carrinho de mão e cambalhota). Alguns fizeram bagunça mais a
professora chamou a atenção e colocou para prestar atenção na aula. Assim como na turma
anterior, acompanhou todos os movimentos, corrigindo aquilo que era necessário.
Terminando essa atividade, deixou as crianças brincarem livres pela quadra até tocar o sino
para irem embora.
Como essa era a última semana de aula antes das férias, a professora deixou a aula livre,
Aulas com brincadeiras livres e sem material apenas, com os brinquedos que alguns alunos
29/30 trouxeram. Outro fator que a Professora optou por deixarem a crianças livres é que ela teria
reunião na escola, logo, não teria como executar uma aula propriamente dita.
Fonte: Construção da autora.
235
20 atenção, fizeram errado a atividade. Um aluno não quis fazer e ele só desceu para a atividade
na quadra depois que terminou de fazer a que foi proposta em sala. Em quadra, a turma estava
muito agitada e desconcentrada, não estavam prestando muito atenção na fala da professora
que teve um trabalho maior para controlar e organizar a turma. A turma apesar de fazer todas
as atividades, era chamada atenção a todo o momento devido o comportamento. No fim,
fizeram todas as atividades propostas. O aluno que tinha ficado na sala cumprindo a
atividade, quando chegou à quadra já arranjou confusão com um colega, a professora o
colocou sentado até o final das atividades.
Alunos bastante participativos e interagiam com a professora durante as atividades em
Aula quadra. Eram estimulados a cumpriram com as atividades práticas que a professora passou, os
21/22 que tinham dificuldades na realização de algum movimento foi ajudado pela ajudado pela
professora a realizá-lo.
Por ser ensaio da coreografia da música para a festa junina, os alunos que estavam dançando
Aula
estavam participativos, o que ficaram sentados, pelo menos tentaram, estavam dispersos e
23
correndo pela quadra.
Aula Alunos participativos, cumpriram com tudo o que a professora solicitou que fizessem sendo
24 estimulados a cada atividade; estavam bastante concentradas na atividade.
Alunos participativos durante a aula em sala, interagiam com a professora na discussão do
Aulas assunto da atividade, alguns tinham um pouco mais de dificuldade na realização, porém,
25/26 conseguiram fazer tudo no final; Já em quadra estavam participativos e motivados nas
brincadeiras.
Ensaio da coreografia: os que estavam dançando estavam motivados na atividade, os alunos
Aula que não estavam participando ficaram brincando pela quadra. Após o ensaio, a professora
27 passou a sequência das atividades das aulas e todos foram bastante participativos, um pouco
agitados, mais, cumpriram com todos os movimentos propostos em aula.
Os alunos inicialmente estavam muito agitados não deixando a professora fazer a chamada
em sala. Ao descerem para a quadra, fizeram um pouco de bagunça mais logo foi controlado
Aula
pela professora. Sobre as atividades desenvolvidas na quadra, todos foram bastante
28
participativos, estavam motivados e cumpriram com todas as sequências preparada pela
professora.
Aulas Por serem as últimas aulas antes das férias, os alunos estavam participativos nas atividades
29/30 livres.
Fonte: Construção da autora.
239
CATEGORIAS RESPOSTAS
CATEGORIAS RESPOSTAS
Dividir espaço de aula com outras P1 - O desafio é encontrado quando nós temos que as
turmas vezes tá dividindo quadra, que nem agora uma
participação das aulas para os ensaios, então é aquele
aglomerado de aluno se tem que, eu tenho que deixar os
alunos que eu to trabalhando, brincando de um lado,
ajudar a professora do outro lado para que a gente possa
conseguir conciliar e ter uma aula assim, favorável que
todos entendam o que é pra ser feito.
Falta de material P1 - muito dos materiais nós não temos na escola que
nem no caso, agora que começou que nós pedimos que
tem os bambolês, mais materiais mais eu utilizo mais o
que eu trago é pneus que utilizo bastante, então os pneus
eu que trago mais tem a dificuldade também por não ter
lugar pra guardar os pneus, porque se ficar em lugar
aberto chove, entra água e o pessoal não gosta de tá
tirando água, então se tem que tá é perdendo tempo
também pra guardar pneu tirar pneu, material também
pra brincar quando é uma aula livre com brinquedo
pedagógico, eu tenho porque eu comprei então, tanto é
que eu carrego comigo e terminou minha aula guardo
aquele dia que eu vou utilizar, eu utilizo então.
Estrutura física ruim P2 - a estrutura das nossas quadras a gente vê, dias de
chuva, dia de muito calor então assim, a gente vê que
não tem principalmente em dia de chuva e dia de frio, a
quadra é totalmente aberta, ela é coberta mas no dia de
chuva a água entra pra dentro da quadra, ela não cai
fora, ela ci dentro. Não tem acesso, não tem cobertura da
escola até a quadra então, dia de chuva a gente não vai a
quadra porque não tem como ir, porque não tem
cobertura até chegar lá, então eu posso ficar com essa
criança molhando até chegar lá na quadra. Chego lá na
quadra a estrutura dela é horrível, a água corre pra dentro
da quadra então... E dia de frio a gente, é muito aberto, a
gente não tem como ficar lá. Ainda bem que Cuiabá é
90% de calor senão a gente tava ferrado.
Falta de trabalho em equipe com os P2 – [...] a gente não planeja junto não faz o conselho de
professores de sala no classe na hora de dar a nota desse aluno, de descrever
planejamento das aulas. sobre ele no ciclo a gente descreve o que o aluno sabe o
que ele não sabe o que ele precisa aprender e na hora de
242
CATEGORIA 3 - O que entende por Formação Continuada, E de que maneira ela contribui
para a sua ação pedagógica da escola?
CATEGORIAS RESPOSTAS
Continuidade formativa P1 - Eu entendo pra mim como o próprio nome diz, é uma
formação onde você dar uma continuidade naquele, nos
conteúdos propostos o que você vai aprender, o que você vai tá
buscando tá melhorando.
Contribui na atualização das P2 - Bom, como eu fiz magistério né eu acho assim, contribui
informações/conhecimentos. muito porque você tem que ta atualizado, principalmente com
relação a isso há esse tempo que a gente tem de formar. Então
quem entrou agora tem mais bagagem que a gente porque é
antiga, então eu acho que a formação me ajuda neste sentido né
de tá atualizado. Tem coisa que você vai lá e não é atual que é
antigo mais que funciona. Então se funciona é sinal que a gente
não tá to atrasado mais a gente procura passar para os novos
nas nossas trocas de experiências passar para os novos as coisas
243
antigas que davam certo que dão certo até hoje e eles, as
novidades que a faculdade traz pra gente.
Capacitação em grupo P1 - Então, esse nosso encontro foi bom porque nós podemos
nos juntar tirar dúvida e planejamento. Então fizemos vários
planejamentos juntos é, são brincadeiras novas como trabalhar
o quê buscar, então pra mim foi bem assim, prazeroso então eu
pretendo crescer mais ainda, por mais que você sabe, se nunca
sabe né, então a gente tem que tá sempre correndo atrás.
CATEGORIA 4 - É possível ser um bom professor sem Formação Continuada? De que forma
ela colaboram para o seu aperfeiçoamento profissional e o desenvolvimento de sua carreira?
CATEGORIAS RESPOSTAS
Competências necessárias P1 - Não, não tem como. Assim como o médico também não
para atuação profissional tem como ser um bom médico se ele não correr atrás, até nós
donas de casa também pra cozinhar então você tem que correr
244
A formação tira da zona de P2 - Sem a formação? Não, eu acho que não. Não é possível
conforto profissional porque você fica no seu mundo, você tá na escola, primeiro que
não é minha escola é escola do povo, então se fala minha
escola que se tomou posse. E ai você não é coobrado você não
sai da sua zona de conforto, se não te cobram, se ninguém te
fala nada de novo, se fica dentro duma zona de conforto ali que
você não sai dali.
Dá-te possibilidade para P2- Então é isso que a formação faz ela te sacode, ela te mostra
transformação da prática que é possível numa escola violenta, numa escola com índice
docente dentro da escola de criminalidade sai coisa boa então isso te dá um sacode na
gente que você não fica acomodado, a formação te tira da zona
do conforto, você fica incomodado de vê porque que lá fulano
faz e eu não, por que lá acontece e aqui não acontece né? Então
eu acho que te tira não é possível ser um bom professor sem
Formação Continuada porque formação te tira da zona de
conforto.
Formação prazerosa P1 - É igual aquilo que eu falei já, eu acho que é uma pergunta
já responde a outra. Pra mim é de forma prazerosa de tá sempre
aprendendo mais, né, correr atrás, se sentir realizado lá na
frente. Pra mim é de forma prazerosa.
Tira da zona de conforto P2 - Eu acho que é desse lado me tirando da zona de conforto.
Me tira da zona de conforto e me mostra que tudo é possível.
CATEGORIAS RESPOSTAS
Obrigações escolares que P1 - eu só não participo quando acaso de ter uma, que nem o
impossibilita a participação ano passado, acho que não só eu como todos os colegas porque
foi uma reunião que, o encontro que teve foi nas vésperas do
dia das mães, então, tinha que tá n escola então nós não
podemos participar.
245
Falta de valorização/ P1 - Olha, o apoio que nós temos ela de eles estarem nos
incentivo da escola para com liberando e dentro do projeto que nem ficou programado, que
a formação do professor. nem tinha colegas que quase não podia participar porque esse
horário atividade dos professores, então tem professor que não
abre a mão da hora atividade dele. Então fico o nosso,
Educação Física de segunda a quinta as nossas aula normais
então na sexta feira é a nossa hora atividade então entra
também como hora atividade.
P2 - Pela escola, professor vai fazer sua hora atividade, vai
preencher diário isso é o que importa para a escola, é o diário tá
pronto, é o diário eletrônico tá pronto, o planejamento pronto, é
isso que importa para a escola pra não ser chamado na
secretaria pra ser constrangido, e se o aluno tá aprendendo ou
não, ai, em ultimo caso eles chegam na gente mais geralmente
é isso, é não faltar. O bom professor de Educação Física é
aquele que não falta porque ele garante hora atividade do outro
que fica reclamando que não teve, e aquele que preenche o seu
diário eletrônico esse é ótimo.
Não voltado especificamente P1 - Dentro da nossa área, não, só quando tem assim algum,
para a Educação Física algum curso de fora que quando dá pra participar, sim.
Participa porque gosta P2 - Eu participo porque eu gosto, mesmo quando a escola não
deixava eu fugia e ia, dava um jeito, eu repunha aula outro dia
e a par a formação mais assim, eu vejo os colegas
principalmente os interinos, os contratados eles vão mesmo por
causa da pontuação.
CATEGORIAS RESPOSTAS
A formação obtida pelas P2 - Bom, a primeira parte é a parte que a gente vê já com os
palestras dos docentes da professores da UFMT então quando vêm os professores dela
Universidade produz mais pra cá de reformular porque nosso livro a gente já considera
conhecimento. ultrapassado, então tem coisa que a gente já tem que melhorar.
Então, quando eles vêm né, com essas palestras no inicio eu
acho mais interessante à formação;
Pouco interesse na P2 - Quando vem pra parte de relatos fica menos interessante,
participação dos relatos de mais a gente acaba participando por que? Porque aquilo que te
experiência. falei, tem que trocar com os que entraram agora então, pra nós
é importante.
Falta de diálogo entre a P2 - Há esse elo né que a UFMT, da última vez eu até falei pra
Secretaria Municipal de o Evando que eu não gostei porque mudou-se o prefeito ai,
Educação e UFMT na mudou-se a estrutura, a secretaria, mudou o secretário, mudou
organização do curso de tudo ai, eles mandam um outro modelo de fazer as aulas, os
Formação Continuada. planejamentos anuais e os planejamentos diários do nada sem
consultar ninguém, sem falar com a UFMT/ falta conversa. Eu
acho que tem a formação é importante? É, mais o ele entre a
secretaria e a UFMT acho que tá meio truncado, faltou eles
sentarem com essa nova gestão né, e dar continuidade.
Os relatos de experiência P1 - Sim, teve uma brincadeira até que eu gostei, achei
norteiam a construção das interessante que foi o lençolbol, eu levei ele pra escola então
atividades do professor para assim foi muito bom, não só para os alunos do município como
as aulas. também para minha turma dos maiores do estado. Então até
hoje elas falam “professora vamos fazer aquele joguinho do
lençol?”, quer dizer então é uma coisa quando é prazerosa os
alunos gostam então é muito bom.
CATEGORIA 7 - Como você avalia o seu conhecimento da área da Educação Física atual após a
participação na formação oferecida pela Secretaria Municipal da Educação e Faculdade de
Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso? O que mudou do período que você
estudou para o cotidiano da escola atualmente?
CATEGORIAS RESPOSTAS
A formação tem capacitado P1 - pra mim mudou que eu cresci bastante. Quando eu
para o crescimento comecei a trabalhar com educação infantil eu acho que eu
Profissional. fiquei até com dó dos meus alunos que acho que quase matei
eles porque era atividade em cima da outra, uma atividade em
cima da outra depois eu vim entender o que é trabalhar com
educação infantil então é dentro do que nós aprendemos nessa
Formação Continuada as trocas de experiências de um colega
com o outro, as atividades, as musicas, as danças então a gente
viu que eu aprendi que não é a quantidade é a qualidade então,
mesmo que eu tenha que repetir um conteúdo duas, três, quatro
vezes, mais eu vejo que lá na frente eu vou ter uma qualidade, a
248
Contribui para superar os P1 - eu já tive um aluno que ele tinha uma grande dificuldade
desafios adequando à dele era pular corda. Talvez fosse tempo atrás eu não
aprendizagem do conteúdo a entenderia mais ai, eu comecei a trabalhar, eu começo trabalhar
necessidade dos alunos. com ele de pouquinho, então ele tinha dificuldade porque, ele
era gordinho e ele achava que os coleguinhas iam rir dele,
então eu comecei devagarzinho, tipo mostrei pra ele ai, ele
conseguiu um, conseguiu duas e a própria mãe chegou pra mim
e falou assim “professora, ele mudou tanto porque ele tinha
vergonha”, ela chegou ele estava sem camisa na escola, ele não
tirava a camisa assim perto de ninguém. Ai, eu mostrei pra ele
que ele é igual aos outros, então eu vejo assim é o prazer de
você ver como o aluno, se um aluno pra mim hoje vê que ele
tem dificuldade lá na frente ele conseguiu, então isso pra mim
já é grande coisa.
Pouca mudança no processo P2 - Alterou muita pouca coisa, mais ajuda. É pouco mais te
de condução da Formação ajuda. Igual eu falei, vou fazer 20 anos de formada, 2017 eu
Continuada. faço 20 anos de formada. Então quer dizer, eu to totalmente
ultrapassada até falei pros meninos agora que eu vou pra
congresso, que na época de faculdade eu não tinha condição de
ir não tinha nem dinheiro para ir. Agora eu quero ir pra foz, eu
quero ir pra todo lado. Mais assim é através da formação eu a
gente troca essas novas experiências essas atualidades são
passadas na formação.
Mudança na concepção de P2 - Mudou muito, a escola visava troféu, visava o esporte e ai,
Educação Física Escolar a gente tinha que pular etapas coisa que hoje a gente não é mais
permitido fazer. A gente não se permite mais por conhecer
mais né, o desenvolvimento de uma criança a gente não tava
muito a escola não tava muito preocupado em desenvolver a
criança como é hoje. Hoje a gente tem inclusão, respeitar fase,
a gente tem é respeito aos gêneros então assim, coisa que a
gente não ligava pra ver. Todo mundo era obrigado a fazer e
agora não é mais. Você precisa refazer aquela coisa [...], se
fazia a avaliação e o aluno é que tava ruim, não era o meu
trabalho,. Hoje não, hoje a gente percebe que não é o aluno,
não é só o aluno, tem criança que não quer mais tem criança
que .... é voltar é refazer é construir todo dia devagarzinho as
coisas não é como a gente fazia antes, “quem beijou, beijou,
quem não beijou não beija mais”, então este ditado na escola
hoje não é mais assim. [...] a gente aprendeu a respeitar mais
esse lado de desenvolvimento infantil.
CATEGORIAS RESPOSTAS
Relacionamento com os pais. P2 - Eu acho que o que mais tem pegado é com relação aos
pais. As crianças vêm sem limites né, é a parte que mais tem
implicado na escola. É as crianças fazem o que quer tão ai
ligado a tecnologia, criança que corre com dificuldade não
anda direito, não pula não rola, chega aqui e fala pra mim
“professora eu não posso sujar”, então assim aquela liberdade
que a gente tinha de ir na rua de brincar na rua, de rolar na terra
coisas que não tem.
A presença da tecnologia P2 - Uma dificuldade que eu acho bem forte e a energia deles
moldando a nova formar de por conta da tecnologia. Então se você... Tem criança que se
brincar for pra escolher entre o computador e a bola, ele vai no
computador e não é pouco não, é bastante porque ele não tem
esse contato, não tem essa habilidade então, quando a gente
não tem habilidade não tem desenvolvido a habilidade, você
fala que não gosta é melhor falar que você não gosta do que
você não sabe né. Eles falam “ah, eu não gosto de bola”, não é
que você não gosta de bola você não tem contato com a bola se
joga bola no videogame, então é diferente.
Relacionamento com os P1 - O desafio que eu tenho assim tem relação mais aos
outros professores colegas né, porque da vez tem um professor que ele nos
ajudam, tem professor que nem no caso quando nós temos um
ou dois alunos que não consegue ficar parado ai tem colega
que ele entende professora é se eu precisar eu não sei nem se
seria ele o que queria falar, que nem no caso, se eu chegar e
falar “professora, eu to tendo dificuldade com esse aluno ele
não tá me obedecendo ele não tá respeitando tem como você
ficar com ele um pouquinho pra eu desenvolver as
atividades?”, as vezes quando precisamos essa parceria nós não
encontramos.
Falta de apoio dos gestores P1 - Que nem no caso às vezes até a própria direção,
escolares na solução de coordenação que você tá larga 20 e correr atrás de um porque
problemas com alunos tem um que às vezes você que nem no caso do AL teve um
indisciplinados momento que eu tive que pedir isso socorro a professora de
artes porque, ele saiu correndo e tava subindo em pé de árvore
pegando chinelo de colega e jogando, tive e que sair corendo
atrás dele. Então é uma dificuldade é um desafio trazer ele pra
cá então eu acho assim, seria mais assim falta e
companheirismo até mesmo da própria direção, coordenação
eu não sei se é essa a resposta.
professor de Educação Física época de festa junina a parceria com os outros professores,
dentro da escola. com os próprios colegas, as minhas aulas, os professores estão
precisando então às vezes eu tenho que deixar pra poder
auxiliar e quando as vezes que eu preciso pra poder
desenvolver as minhas aulas eu não acho parceria deles. Então
esse é o desafio não sei se essa seria a resposta correta que
você estava esperando, então, eu vejo assim o professor de
Educação Física, eu começo a brincar que ele é o “Severino”
da escola, o professor de Educação Física ele tem que estar
sempre disponível para todos.
CATEGORIAS RESPOSTAS
Não parar, sempre dar P1 - Pra mim eu acho assim, igual eu falei não parar, continuar,
continuidade. [...] tá sempre continuando que a secretaria venha continuar
sempre com essa parceria com a universidade com o município
e a universidade para que nunca pare. Que nós não podemos
parar ainda mais nossa área de Educação Física onde que é uma
área que pros alunos todo mundo pode entrar em greve, todo
mundo pode ficar doente mais o professor de Educação Física
não, não pode.
Ter alguém a frente P1 - A dificuldade que nós estamos tendo hoje pra mim que eu
coordenando sinto é de não ter alguém lá na liderança igual já teve ano
passado quando iniciou foi o Godoi e o Evando que foi quando
surgiu o primeiro livro nosso, a participação cada um que levou
as suas ideias né, e onde gerou o livro que nos ajudou bastante
onde trabalhamos hoje. E com a saída do Godoi nós sentimos
assim, é como se fosse assim sem um Pai, a mãe sem filho. /
Então eu acho assim, [...] além de estarmos nós ali na frente ter
sempre alguém mais assim, experiente pra tá nos ajudar e
nunca parar né, tá sempre continuando que a secretaria venha
continuar sempre com essa parceria com a universidade com o
município e a universidade para que nunca pare.
Colocar mais dias de P1 – [...] o encontro nosso antigamente era a cada 15 dias,
encontros. agora tá sendo uma vez por mês eu acho que é muito pouco,
nós precisamos de mais, ter mais encontro pra não ficar
esquecido, que eu tenho o receio de ficar esquecido assim
como era dois agora passou pra um, ai o ano passado houve
meses que nós ficamos sem, então ter mais encontros, duas
vezes por semana (mês) eu acho suficiente, eu tenho assim,
251
Mais tempo para o estudo P2 - Eu acho que falta essa parte de estudos, vai fazer 20 anos
teórico que eu formei então tem coisa que eu não sei mais, não é mais
da minha idade né, não é mais daquele tempo, não tá nem na
grade mais e a gente era obrigado a fazer. [...] eu acho que falta
estudo na nossa formação, falta essa parte teórica que a gente já
não tem mais.
Integração com outros P2 - E coisas atuais esses dias a gente tava conversando o tanto
conteúdos que eu queria né trabalhar, se pega ginástica para idosos eu
adaptei tudo e trabalhei com os pequenininhos peguei atividade
dos pequenininhos de 5 anos da educação infantil e trabalhei
com os idosos. Mais assim, a gente não tem isso na nossa
formação.
Integração entre professores P2 - Este ano eu não gostei. Esse ano tá mais pra relato de
para melhora dos relatos de experiência se vê, usaram professores da própria rede pra fazer
experiências. essa demonstração, mais eu acho que isso tem momento, eu
acho que deveria ser obrigatório uma troca de experiência né,
de algum tema por escola por que não? Porque não duas
escolas próximas é “próxima formação vocês vão falar desse
tema” ai sim, sabe, ia ser mais, eu acho que ia ser mais
proveitoso.
Valorizar os saberes de cada P2 - o professor precisa ser valorizado de mostrar o que você
professor durante o curso de sabe, fulano você tem habilidade em quê? O que faz lá na sua
formação. escola que dá certo é isso, então é isso que você vai mostrar pra
nós. E isso a gente faz no relato e eu acho muito pouco.
OBJETIVOS AVALIAÇÃO
1. Reconhecer as potencialidades e limitações do Verificar se o aluno:
corpo na realização de atividades; - Respeita seus limites corporais.
- Expressa verbal e corporalmente as dificuldades e
facilidades na realização das atividades.
2. Aprimorar as habilidades motoras a partir da Verificar se o aluno:
combinação de movimentos fundamentais de - Evolui na realização de habilidades físicas a partir de
acordo com as possibilidades individuais; acompanhamento sistematizado.
3. Criar movimentos corporais com e sem a Verificar se o aluno:
utilização de diversos materiais; - Cria e recria movimentos com a utilização de diversos
materiais.
- Identifica os elementos e constrói, a partir de sua
vivência, novas atividades de modo a compreender o
que está realizando e qual a função de cada material,
atribuindo a ele outros meios de serem utilizados.
4. Vivenciar os movimentos que despertem a Verificar se o aluno:
criatividade para construção de novas práticas - Vivencia, cria e recria diferentes movimentos dos que
corporais; foram propostos.
- Vivencia e reconstrói movimentos ligados à sua
cultura.
5. Criar e recriar gestos, expressões, coreografias e Verificar se o aluno:
seqüências de movimentos corporais a partir das - Contribui na construção de novas atividades,
manifestações regionais e nacionais; movimentos, coreografias, dentre outros.
- Realiza movimentos diferentes do proposto,
transformando-os de acordo com suas necessidades.
- Elabora novas atividades, cria e transforma as regras,
estabelecendo novos objetivos para sua prática.
6. Criar movimentos corporais a partir das Verificar se o aluno:
manifestações da cultura local; - Reconhece os movimentos corporais da cultura local.
- Elabora movimentos a partir das experiências da
cultura local.
7. Respeitar regras de convivência nas atividades Verificar se o aluno:
vivenciadas; - Trabalha em grupo e colabora com os colegas.
- Preocupa-se com o bem-estar dos outros.
- Demonstra respeito, companheirismo e solidariedade
na realização de atividades com os demais colegas.
- Realiza atividades reconhecendo a importância da
participação de meninos e meninas.
Brinquedos 2 2 2 1 1
Historiadas 2 2 1 1 1
Tematizadas 2 2 1 1 1
Mímicas 2 2 2 1 1
Com elementos (garrafas, caixas,
colchões, jornais, bolas, bambolê, 5 5 3 3 3
balão, corda, bastão, dentre
outras).
TOTAL PARCIAL 20 20 15 10 10
1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO
Carga Carga Carga Carga Carga
CONTEÚDO Horária Horária Horária Horária Horária
Simbólicos 3 3 2 - -
254
Cooperativos 3 3 2 2 2
Competitivos 2 2 2 2 2
Cênicos/ dramáticos 2 2 - - -
Sociais 2 2 2 2 2
Salão (memória) 2 2 2 2 2
Folclóricos/ populares/ 3 3 3 2 2
JOGOS tradicionais
Com elementos (obstáculo, bola,
arco, bastão, corda). 3 3 3 4 4
Pré-desportivos - - 2 4 4
Adaptados (goalball, basquete, - - 2 5 5
vôlei, queimada sentados, dentre
outros)
TOTAL PARCIAL 20 20 20 23 23
Movimentos estabilizadores 2 2 2 3 3
(flexionar, estender, balançar,
GINÁSTICA
Movimentos manipulativos 2 2 2 3 3
(Lançar, levantar, pegar, pressionar,
quadrupediar, rastejar, rebater,
receber, rolar, segurar, tocar)
Relaxamento 2 2 2 2 2
Alongamento 2 2 2 2 2
Ginástica natural 2 2 2 - -
TOTAL PARCIAL 15 15 15 15 15
Regionais 2 2 2 3 3
Locais/ Nativas/ Popular 2 2 2 3 3
Afro/ Capoeira 2 2 2 2 2
TOTAL PARCIAL 12 12 12 14 14
1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO
Carga Carga Carga Carga Carga
CONTEÚDO Horária Horária Horária Horária Horária
Reconhecimento das partes do 4 4 - - -
corpo
CONHE- Higiene, saúde e educação 3 3 2 2 2
CIMEN- alimentar
TOS Esquema corporal (lateralidade, 3 3 4 4 4
coordenação óculo manual/
255
TOTAL 80 80 80 80 80