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A GRAMATICA DA ORACAO Dferentes Maria Angélica Furtado da Cunha Organizadora ee Natal, 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Angela ara ava oa ice erTORA Maa tna ree Me Xienes DIRETORADA EDUFRN Magura Mara is Oa omTon eon aban ge Maceo SUPERVSAO EDITORIAL ‘ake Medeor dee ‘conseinosorromat rian a decors rien ‘oatulea Medes mae mene de Ate Verne Rcd Capes. lass Mar Feranses Gre “Beis sie ee Gan ‘él aa Ole roa ‘Vegi Mar Dani Se us ‘wane Nues Pere ReMsoRs aga anges Frade acu cara DITORAGAO ELETHONICA ‘ae 2Dos, “SUPERYISAO GRAFICA ance Gabarne Sana (Orman So AN EUAN, 2 ‘SUMARIO Apresentacao A oracao e 0 texto: em vista os suportes teéricds de andlise Maria Helena de Moura NEVES 0s dois participios e a andlise da construgao passiva no portugués brasileiro Mario PERINI novo olhar para uma velha questdo: ordenacao de intes e a expresso de t6pico, foco e contraste em portugués Erotlde Goreti PEZATTI Estudo diacrénico da ordenacao do sujeito no portugués Priscilla Mouta MARQUES e Maria Maura CEZARIO O estatuto argumental do objeto indireto ea construgéo ditransitiva no portugués do Brasil ‘Maria Angélica FURTADO DA CUNHA Construcées locativas de base verbal langela Rios de OLIVEIRA e Ana Claudia Machado TEIKEIRA Tema ideacional, circunstancias e textualidade Maria Medianeira de SOUZA e Wellington Vieira MENDES ‘AGRAMATICA DA ORACAO Diferentes obhares Transitividade da Metafungao Ideacional proposto pela LSF, a refle. A oracao e 0 texto: xo dos autores centra-se no estrato semdnticoldiscursivo, jk que liane em vista os suportes te6ricos de andlise especificamente com orayées temitias de valor eiteunstancial, organ, . zadas em torno dos Processos Verbais dizer e afirmar, como em"Comg mice 9° Hevea es 4 foi dito anteriormente .", “Como afirmamos anteriormente..” Por meio das andlises de dados extraidos do cérpus, os autores mostramn que as oragdes circunstanciis, funcionando como Tema, retomam wn ‘ dito ¢, simultaneament, introduzem um redler, um reafirman,o que Introdiigé Poe a mostra sua funedo na consirugdo da textualidade dos géneros investigados. Este capitulo toma como ponto de partida 0 segundo capitulo Como se pode observar pela exposigdio acima, trata-se de obra de Neves (2006, p. 35-74), no qual, entre os diversos “processos de ue apresenta forte compromisso com a unidade e a organicidade do ceonstituigao do enunciado” (p, 11), vem tratada ~ e em primeiro lugar tema e das eorias que sustentam cada um dos estudos que a compdem. ~a predicacio, que ¢ © processo pelo qual se institui uma “oragao”, Seu contetido € acessivel , seguramente, reine todas as condigdes de exatamente a entidade que ¢ 0 tema central desta obra coletiva constituir importante referéncia bibliogréfica para os estudiosos da Assim, 0 que se verifica, no caso, é que 0 tema “predicagio” rea de Letras e Linguistica, da graduagio a Os-graduagao, desper- abriu um livro intitulado Texto e gramdtica, ou seja, uma obra que nio {ando-Lhes o interesse pela tematiea que perpassa toda obra, que, como {raz como objetivo tratar a gramética no nivel interno a orago, mas, bem apontam muito de seus autores, ainda constitui seara fértil para pelo contrério, jana Apresentagio declara ter em foco a gramética “que "a Sa organiza as relagbes, constt6i as significagdes 2 define os efeitos prag- vial ade méticos que, afinal, fazem do texto uma pega em fungio” (NEVES, 2006, p. 11). Sebasilio Carlos Leite Gongalves Partindo da consideragao de que a predicagao constitui um dos este « Doutor em Linguistica pela Unicamp, Pis-douor pla UFR (208), Processos biisicos da constituigdo da “enuncia;o enunciada” e invo- Frofestor do Departamento de Estudos Lingustcas e Litriios da UNESP ac ‘ando principios gerais da teoria funcionalsta da linguagem, o capi- ‘Bo atte ia rea nln de ria do Cy tulo poe sob exame a entidade oracdo, deslocando aquela tradicional ogo de “orago", como entidade puramente sintitica, para outro(s) territério(s) de consideragao de sua natureza e funcionamento. E é per- Seguindo essa mesma proposta de amplificagaa do estatuto de oragdo ‘que este capitulo se constitu Estabelece-se uma contraface entre os componentes sintético, Semintico e pragmtico da gramética, de modo que, mediante recurso ropostas sistémico-funcionais (HALLIDAY; MATHIESSEN, 2004), *Tosttato Presbiteriano Mackenzi, Centro de Comunicaglo e Letras, Sto Paulo - SP; Universidade Estadual Paulista Jo de Mesquita Filho, Departamento de Lingutatce Araraquara SP. mhmaevesGuol.com.br ata ten de Mou nEVES 15 /AGRAMATICA DA ORAGAO ‘entre outras propostas funcionalistas, a oragio possa ser vista como determinada textual-intcrativamente, ¢, portanto, como “auténoma” apenas do ponto de vista de fechamento sintagmtico. 1. Aentidade “oraco” Sabemos que a gramiti dentro de uma teoria forte, a natureza da ora¢o como um indicador sintagmético auténomo, chegando a responder finamente por esse estatuto, sem pendéncias e com toda generalizagdo necesséria. Aqui a questio € outra, trata-se de postular a prépria fonte da entidade oragaio ‘em uma contraface que a faga poder ser vista como determinada tex- gerativa assentou consistentemente, tual-interativamente, e, portanto, como “autdnoma” apenas do ponto de vista de fechamento sintagmético, AA prépria direpao das reflexdes muda de sentido, tomando-se, na base das especulagdes, um viés de paradigmaticidade que permite ver de que modo se entrecruzam, em seu funcionamento, ¢ a partir de escolhas, subsistemas linguisticos que, acoplados, respondem pelo todo do texto, ou seja, pelo todo organizado do que se enuncia ‘Como se vé, parto de Halliday (HALLIDAY, 1994; HALLIDAY, MATHIESSEN, 2004) para multiplicar o olhar para a oragio: sem dei- xar de ser um complexo sintético fechado em si, no entanto ela deixa de scr vista como auténoma, como desligada da organizago semantica (de representagaio de ideias e de experiéncias), da organizagao informa- tiva (de mensagem organizada no texto) e da organizagao interlocutiva (de troca interpessoal) do enunciado, Além do mais, numa tal visio, ligada ao todo de sentido (na semantica) ¢ de efeito (na pragmitica, como organizagio informativa; e também na pragmética, como moti- vagio de fala), a oragao é, de fato, tema de selepio efetiva para um tratamento funcionalista, que aciona integradamente os componentes sintatico, semantico e pragmitico. 16 Diferentes olhares 2. Texto e oracéo: em busca de paralelos ‘Numa boa orientagao pragmitica, que com certeza a opgio pelo Funcionalismo linguistico permite, comecemos, pois, pela discus- sto da organizacdo informativa, nesse contraponto ~ mas ao mesmo ‘tempo nesse acerto— que fago entre texto e oragio. 2.1 Estabelecendo ponto de partida na orac3o Continuando nessa tomada de posigdo, seria de esperar que se partisse do texto para a oragio, mas ndo é o que o tema deste livro sugere. Entretanto, obviamente, esse & apenas o ponto de partida do encaminhamento das reflexdes que aqui se fazem, nada representa de hiierarquizago quanto a uma importancia real. Seguramente, a oragdo € uma organizagiio rigida de uni des sintéticas, porque a sintaxe é rigida, o que no tem contraponto imagindvel, no nivel do texto, Entretanto, como jé assentado, a oragio se organiza, reconhecidamente: com outros diferentes tipos de unida- des; assentada em outros territérios; em obediéneia a outros méveis de acionamento; e, em todos eles, com muito maior espago de manobra, ‘consequente perigo de desajustes. 2.1.1 A oragao como organizacao da informacao Falo inicialmente da organizagio da oragio como “mensagem” (HALLIDAY, 1994). Tanto de um modo absolutamente leigo como jé em uma diretriz teoricamente bem sustentada, ¢ féil ver que uma oragio ndo simplesmente tem, por exemplo, um sujeito sint Sempre abriga, também, uma espécie de “sujeito psicolégico"?, que 0 1a tradigao © no senso comum, sueto pscolégio representa aquilo em que se xa 8 mente numa manifestato, Halliday (1970) discrimina quatro tpos de “jis”, © logic, o gramatical, psiceldgicol ce psicolépio2, cada um delesrelacionado mais Maven de Mou ueves 17 /AGRAMATICA DA ORAGAD onto de partida da mensagem (fungao textual), é o tema em torno do qual ha de girar aquilo que se informa, 1m predicado, ja n&o visto, entio, como entidade sintética, mas entendido exatamente segundo o valor etimolégico do termo: “aquilo que se diz./ se informa de” algo; exatamente, o rema. primeiro olhar que se lance & organizagao informativa da ‘oragdo faz ver que frequentemente 0 sujeito (entidade sintatica) e o tema (entidade informativa) coincidem, a ponto de muitas andlises desavisadas terem continuamente entendido um pelo outro, ¢ exata- ‘mente por sero sujeito o tema niio marcado, portanto, o mais frequente, Em primeiro lugar, tem-se como certo que sujito e tema so represen- tados por um Sintagma Nominal: tanto o preenchedor da casa sintag- mitiea do sujeito quanto preenchedor da casa pragmatica do tema ‘tm um niicleo nominal, Entretanto, se isso é categorico para o sujeito, ‘ilo & categérico para o tema, pois a visto da oragéo como mensagem Jé nos poe confortavelmente na posigo de quem fala de coisas mais vvagas, mais fluidas, exatamente naquele territério em que é absoluta- mente natural a falta de exatiddo, em que stio naturais ¢ ad mis interpretagdes, incompreensdes, desajustes c até conflitos, mas em ue, na contraparte, so de esperar tiradas geniais, vindas justamente de desajustes pretendidos. ‘Num enuneiado esponténeo, a margem para diferentes inter- Pretagdes é ingrediente constitutivo do processo de produgio de sen- tidos ¢ efeitos, ¢ 0 importante nio é dirigir a atengao para os possiveis ttopegos e perigos, mas é, exatamente, dirigir a atengdo para tudo 0 que se pode fazer criativamente com essa maleabilidade organizacis nal. Por exemplo, so comuns oragdes normativamente “bem com- Portadas”, com aquele verbo haver gramaticalmente catalogado como impessoal, do tipo destas: () Hum... murmurou ele. Aqui hé mistério,, (ATP-R) mente com uma des irs fungdes da Linguagem. O sujetoIigico eo gramatial se jana, respectivamente, com a fungdo ideacional c com a interpesoal 0 sielto Psicolégicol, conccituado como "tema", e o sueito psicolégica2, concetuado como ‘ado se relacionam, ambos, om a Fungo textual, com adiferenga de que, na caso do ‘imo, a fungao ¢ interna &unidade de informagao. 18 Niferentes olbares (2) E verdade: td hd uma tapera. Mes 0 Sr. ndio tem medo de ‘almas do outro mundo?. (INO-R) @) Hoje hd eclipse da Lua, meu tolo, (RJ-D) @ Amanka hé nova assembleia geral da educagiio de Sao Paull, para decidir se a greve continua, (PSP-1) (8) E no Brasil hé desses selvagens? perguntou estouvada- ‘mente uma loura que se escondia na tiltima fila, estirando 0 pescogo. (ANO-R), Entretanto, a par delas, também sio bastante frequentes? ora- ‘Bes como as que esto nas frases que vém seguir. Nelas, os temas (no expressos por formas nominais) aqui, ld, hoje, amanha, no Brasil, ‘que abrem as oragdes, sto possivelmente sentidos como sujeitos, ¢ tam- ‘bém possivelmente responséveis pelo uso do verbo ter, que, em prin- cipio, tem estrutura argumental com duas casas, no sem a casa do sujeito: (6) Aqui tem tanto passarinko, que a gente nem néo precisa de saber 0 nome deles. (AVE-R) (D Se porém esta violagiio manifesta do art. 33 da lei de 3 de ‘outubro de 1832, 1d tem o art. 13 dela para reparar os males que disso podem resultar. (AC-D)* (6) Digo a ela para estudar muito. O futuro néo é igual que 0 passado. Hoje tem a informética. (ESOT? (9) Amanha tem feirat E dia de feira!(BO-D) Vertue cas equtncia em meu ips de anise retinde do banc dads de mais 4220 mitts de seoenasCoonvloe Labora Eran exget Foulds de Cini e Lees da UNESP, Cipus de Aaraguae fo chanado Cops de Ananguat) Pr exenpla«sequtci mand em, do tio sade ante, Oo "e150 vere, verdad qe slums as orn arpa vigua ene ss os Slemen,o ees isto esque E neressnte observa que ese um eto de 1888, gt alsa iia de ue sta de so apenas aa * Também ¢imeressantabservr ques ta dum pric tence Nari Heo Mou NevES 19) -AGRAMATICA DA ORAGKO (10) No Brasil tem muito preto, mas tudo espaiado, uns aqui, ‘outros ali Nia hd lugar sem quilombo, (TN-R) ‘Ainda na organiza¢4o informativa da oragio ~ mas encami- nhando-nos para porgdes mais internas dela, como o interior de um Sintagma Nominal -, € fécil continuar a ver de que modo a escolha do falante joga com um sem-niimero de expedientes de construgio, por exemplo com variagdes da ordem que levam a variago de efeitos (Gempre dentro daquilo que esté regrado na sintaxe da lingua). Nessa variagdo, podem obter-se diferencas sutis, como nos dois pares de enunciados que se examinam a segui ‘Comecemos com estas duas frases, em que a anteposigiio do adjetivo ao substantivo conota a construgao: (1D) Nao acha vocé que é um bom comeco para o principal sonko da maioria das mulheres? (OC-R) (12) Ela é uma boa menina. (BU-D) Com uma qualificaydo de menor subjetividade, configurando "um uso mais descritivo e denotativo, compare-se esse par que acaba de ‘ser apresentado com este par de possiveis frases correspondentes: (1a) Nao acha voce que é um comeco bom para o principal sonho da maioria das mulheres? (12a) Bla é wma menina boa. E possivel, ainda, que, dentro desse universo restrito que é 0 do ‘Sintagma Nominal, se obtenham efeitos que mais claramente se esten- dem 4 organizagio geral do texto, como se discutiré a seguir. ‘Teoticamente esta determinado que, na linguagem, nenhuma alteragdo de forma envolve apenas um subsistema da lingua, o que mul- tiplica os efeitos de qualquer mudanga que a forma de organizagdo da frase assuma. Assim, facilmente se verifica que a inversdo da ordem nos sintagmas marcados, neste par de frases, (13) Num dia lindo, quando voltava do colégio, vi o carteiro que se aproximava de nossa casa, (INQ-R) Déferentes obhares (14) Que lindo dia, hein?(TIR-D) ndo se restringe a nuancas seménticas ¢ a diferengas no acento informativo. Pelo contrério, atinge camadas mais altas da organizagao discursiva (DIK, 1997), acoplando-se, por exemplo, as modalidades de frase (€, portanto, de atos de fala) e, assim, implicando diferengas no engajamento intersubjetivo (VERHAGEN, 2005). Continuando pela questdo das modalidades de frases, épossivel invocar a grande prevaléncia de valor que as diferengas entre declarar algo (afirmando ou negando) ¢ solicitar algo (em principio, solicitar respostas verbais, para as sequéncias interrogativas, e respostas de ago, para as injuntivas) trazem ao todo do texto, a cada momento. Basta pensar, por exemplo, nas interrogativas gerais, que sao grande- ‘mente abertas & marcagao entonacional de diferentes focos informati- ‘vos, € consequente monitoramento do fluxo de informagao, de modo a ‘compor os direcionamentos discursivamente relevantes para o todo do enunciado. Esta € a pergunta de um repérter ao ator Michael Douglas, registrada em um mimero da Folha de 8. Paulo de 1998: (15) Voce jé owviw algo sobre 0 Brasil? (FSP-3) ‘Como em toda pergunta geral — em que a solicitagao é de que seja validada, ou nao, a conveniéncia do predicado (jd ouviu algo sobre © Brasil) ao sujeito (vocé) ~, nessa podera ter havido uma entoagé ‘uniformemente descendente, ou uniformemente ascendente, ou poderé ter havido alguma marca entonacional de foco para a solicitagaio de informagao: ou foco apenas no sujeito (vocé on x?), ou foco apenas no niicleo verbal (ouviu ou x?), ou foco apenas o complemento (algo ou x2), ou foco apenas no adjunto de tempo (jd ou x?), ou foco apenas no adjunto de assunto (sobre o Brasil ou sobre x?); ou, ainda, poderd ter havido uma mescla parcial ou total desses componentes, este altimo caso levando a uma resposta sim/niio despida de marcagao especial em algum ponto determinado. No caso, reproduzida a continuidade da solicitagdio do repérter (embora por escrito, e, portanto, despida de urine ceMowaneves 22 -AGRAMATICA DA ORACAO ‘entoagdo), fica assentado que o foco foi praticamente global (na valida- ‘20 da relagio pura e simples entre sujeito » predicado): (16) Foce jé ouviu algo sobre 0 Brasil? Ow pensa que temos ‘macacos nas ruas? (FSP-}) Com as especificidades de marcago, poderiam ter sido, entre uitas outras, estas as sequéncias, o que representaria diferentes enca- ‘minhamentos da interagao: (162) Vocé jd ouvin algo sobre o Brasil? Ow ndo the agrada isso? (166) Voce jd ouvin algo sobre o Brasil? Ou ndo Ihe disseram nada? (16c) Yocé ji ouvin algo sobre o Brasil? Ou ainda nao owviu nada por aqui? (16d) Voce j4 ouviu algo sobre 0 Brasil? Ou ainda ndo sabe ‘nada dagui? (16e) Vocé jé ouviu algo sobre o Brasil? Ou sé the falam da Europa? Examinemos 0 peso dese exercicio para a compreenstio do papel de uma determinada frase no todo do encaminhamento informa- tivo de um discurso. Aquela primeira frase interrogativa do repérter 6 constituida sintaticamente de uma oragao que, no sendo declarativa, do tem um “tema” como ponto de partida para 0 predicado, de tal modo que o que ai, sintaticamente, chamamos de predicado (predicado sintético) no tem uma contraparte informativa, no sentido de repre- sentar “algo que se diz de alguém / de algo / de um tema’ Em outras palavras, a frase Vocé ja ouviu algo sobre o Brasil? ndo traz. algo que esteja sendo dito / declarado a respeito do sujeito voce; pelo contrério, como ja foi indicado, apenas se pergunta, nela, se a sequéncia jé ouviu algo sobre o Brasil & um predicado sintético que pode ser validado em relagaio a0 sujeito voce, Certamente ha de ser entendido que as perguntas gerais ocor- rerio em pontos do texto em que esse tipo de pedido de informagio (nos seus diferentes espectros) atenda ao andamento do fluxo que se 22 Diferentes olhares desenvolve na interagao. Por exemplo, os pedidos de informagio que tém foco absoluramente localizado (as interrogativas parciais) tém uma insergo diferente no todo do enunciado. Elas ocorrem, por exemplo, em casas fixas do desenvolvimento informativo, ficando o destinatiério dispensado de selecionar focos para a captagio do direcionamento da informagao. No romance O cabeleira, Joaquim pergunta a Joana: (17)- [...] Quererds tomar-me contas, Joana ? ~ Eu ndio, Deus sim: Deus hd de somar-tas um dia, homem sem coragdo. Deus! — Quem é Deus, toleirona? Quem jé o viu? Quem jé ouviu a sua voz? ‘Sem ter para 0 seu tirano outra resposta que o silencio, Joana resignou-se a dar-tha [...]}. (OCA-R) Nesse caso especifico, as interrogacdes parciais entram no texto com um foco de demanda inequivoco, com a casa sintagmitica do sujeito da oragdo representada por um pronome de contetido nulo, um “indefinido™, o que Ihes confere menor espago de manobra para esco- Thas que marquem interferéncias do interpretante na condugdo do fluxo de informagao e no estabelecimento dos relevos informativos do texto. 21.2 A oracéo como organizacao da interacdo linguistica As reflexdes sobre as modalidades de frase podem continuar, para mostrar-se, cada vez mais evidentemente, o papel determinante que 0 modo de organizagao interna das oragdes exerce na condugo interlocutiva do texto. Os dois grandes tipos de pergunta, a geral e a parcial, respectivamente, so ilustradas a seguir, sem que constituam "Gabe, entretanto, uma reflexo a respeit da primeira ds rs interrogagoes: pelo fato de trtarse de predicado com 0 verbo ser, ela pode represenar sm, uma solictagto na ‘ordem inversa, com ma inversto de foco (com 0 foco =m Deus), inversao que es ‘expressa na entoago, se se tratasse de emissto oral: Quem é Deus, tolerona? Vearatlea de Mowe neves 23 [AGRAMATICADA ORAGAO frases de contorno interrogativo (a primeira é injuntiva e a segunda & declarativa): (18) Dagui a wm més me diga se estou mentindo. (OES-R) (19) Se o senhor, seu prefeito, disser que niio dé, entao eu vou querer saber por que é que dé pra facer um monte de viadu- 10s desse tamanho e ndo dé pra fazer 0 que eu t6 pedindo, té legal?” (FSP-1) Ninguém duvidard de que a instituigio desse diferente con- torno entonacional das perguntas (perguntas indiretas, em vez de per- guntas diretas) esteja a servigo da condugdo argumentativa do texto. A seguir, oferecem-se 05 contextos. ‘No primeiro caso, € importante o envolvimento interlocutivo, correspondente a uma coordenagéo cognitiva fortemente solicitada (VERHAGEN, 2005), que o falante provoca com a injungio branda aque faz, ao demandar a informagao: (20) - Estou verdadeiramente perplexo. Nunca 0 vi embriagado, por mais leve que fosse. ~ Hé quanto tempo ele trabalha com voce? —Hés um més mais ou menos. ~ Estdé numa das suas pausas. Ele tem as suas pausas... Dagui aum més me diga se estou mentindo. Vai te dar dor de cabesa. (OES-R) No segundo caso, trata-se de um “bilhetinho” que, em 1997, um leitor do jornal Folha de S. Paulo envia aos prefeitos, no qual ele { comeca acentuando o que é que ele “quer”, o que & que ele exige dos ptefeitos em beneficio do povo, para contraparte de gastos que esses prefeitos fazem com suas obras grandiosas. E 0 tom que ele obtém na sua construgdo da pergunta (indireta), bem ao final, é exatamente 0 7 Onserve-se que ese ponte de nterrogacHo s8 comands osegmento que consi oapln- ice oracional legal? 24 Diferentes oblhares registro de uma exigéncia em relagio a algo fundamental no estabele- cimento da relayao interpessoal Ql) Quando eu quero muito uma ccisa, eu deixo uns bilhe- tes no bolso do meu pat. Pensei em fazer a mesma coisa com ‘os prefeitos que comecam a trabathar agora. Entdo, senhores Prefeitos, recortem esse bilhetinho e coloquem no bolso jal Ai vai: “O que eu tenho que fazer: Ciclovias to grandes quanto ‘as avenidas. Colocar as criancas (mesmo as que vivem na rua) o dia inteiro brincando ¢ aprendendo na escola com merenda boa e tudo, Bastantes dnibus e trens pra ninguém ficar pen- durado que nem macaco. Distribuir chocolate de graca toda semana (sem menta dentro, por favor'). Proibir a fabricagao € a venda de revélveres que matem de verdade e também os de brinquedo, que confundem todo mundo. Construir um campi- ‘nho para cada 11 habitantes. Comprar um casal de pandas ara cada zooligico.” Bom, acho que isso é o mais urgente. Se o senhor, seu prefeito, disser que ndo da, entdo eu vou querer saber por que é que dé pra fazer um monte de viadu- tos desse tamanho e ndo dé pra fazer o que eu té pedindo, té legal” (FSP-I) ____ Do mesmo modo, injungdes em frases declarativas sto um tipo de expressto altamente funcional, especialmente porque evitam Ainterpelacao direta em sequéncias nas quais uma condugao reflexiva Sobre conveniéncias, obrigagdes ¢ compromissos ¢eficiente para coop- {aro interlocutor a executar o que se exige dele ou o que & conveniente A le. Observem-se os seguintes trechos em que o falante opera injun- S20 (mais forte no primeiro caso, mais brands, no segundo, na qual, literalmente, existe um “apelo") em oragdes que continuam a abrigar © modo verbal indicativo, e em que, com isso, ele completa toda a S12 composi¢ao argumentativa, legitimadora de uma intervengiio no "Tosa em que o ponto de interrogaedo ao final no fz dessa fase uma inerrogtiva Aiea, le apenas governa oapéndice interrogativo. NataHeerade owaneves 25 [AGRAMATICA DA ORAGA comportamento do outro, mas sem quebré-la com alguma ordem ou recomendagao direta: (22) —Per'um pouco, podem sentar porque inda nito terminei. Vocés pensam que eu ia mandar chamar sé pra fazer elogios? ‘Aqui, otha, Falta 0 resto. Voces tém de ficar sabendo que a vida de estudante que levaram - acabou. Acabou. Acabaram as noitadas, as cervejadas, as conversas até de madrugada, Voces tém de assumir nova atitude diante da vida. (GAT-R) 23) Covas reuniu-se com a ctipula da campanha ¢ com os “marketeiros” para discutir a estratégia, - O senhor precisa colhar para a céimera, senador — pediu um especialista em comunicagdo. - Atras da camera é que estdo os eleitores ~ insistiu wm tucano. Apesar dos gpelas, os participantes sairam da reunio convencidos de que nao seriam atendidos. (FSP-1) Nesses casos, foi a modalizagio deOntica das oragdes declara- tivas que obteve o efeito injuntivo, mas nem isso é sempre necessério, no geral. Mais diretamente ainda se obtém um efeito “imperativo” em ‘casos como o da primeira frase (de uma s6 ora¢o) deste trecho: (24) Hoje vocé fica aqui tomando conta. Se algum indio fizer qualquer coisa, atire pra cima, (ARR-R) Claramente se vé que foram duas as ordens dadas, a primeira (numa frase formalmente declarativa) vem expressa em uma (nica ora- ‘980 de modo indicativo, ea segunda (numa frase formalmente injuntiva) ‘vem com a oragao nuclear construida com verbo no modo imperativo. Por ai, nas sequéncias de pega de teatro que se transcrevem adiante, pode-se perguntar, quem € que garante a existéncia de um modo imperativo (a caracterizar frase injuntiva, que dé ordem ou con- selho), ¢ no de um modo indicativo (a caracterizar frase declarativa, ‘que dé instrucao, ¢, afinal, tem também um efeito injuntivo) Diferentes obhanes (25) [Maria Candonga] - Nao volta jé no. Descansa mais um pouguinho, Nao volta j4 nto. Deseansa mais um pouguinho. (FO-Dy 26) [Nené visto através do para-brisa. Procura limpar.] ‘Mo: Sai dai. Nao limpa, ndo! Nao limpa, ndo, que suja mais. [Nené insiste em limpar] (TGG-D) que fica evidente, do ponto de vista do tratamento da gra- mitica, ¢ a necessidade de ir-se além do puramente formal (da simples rotulagao) na apreciago da funcionalidade das frases. Ha de intervir, nas reflexdes, a natureza das oragdes que entram no modo de organi: zagio frasal (Fungo e entoagdo), por exemplo o cruzamento entre as ‘opgdes do modo verbal!® ea forma de expressao frasal (NEVES, 2007) 2.1.3 A oragéo como organizagéo semantica Dos contornos entonacionais ligados as funges das frases em interagao (um componente fortemente pragmtico), podemos passar a uma questo mais ligada a propria organizagio da transitividade (de forte componente seméntico), para verificar, por exemplo, a grande determinagao discursivo-textual que opera sobre a escolha entre ora- ‘$0es de construglo ativa e oragdes de construsdo passiva. Se a consi- deragio do carter agentivo ou passivo de uma oragdo tem seu ponto de partida na estrutura temética interna & oragao, entretanto as proprias determinagdes dessa estrutura t8m um cardter muito mais relacionado 0 andamento textual, ou seja, & hicrarquizago dos papéis temiticos ‘ha construgiio do “enredo” geral e no atendimento as necessidades da ‘mensagem, "Essay so sequenciasestudades em Never (2012), no capitulo refereme a Verbo! Predieagto. Lembre-se que o “modo”, asim como a “modalidade” Pessoal da linguagem (HALLIDAY, 1998), se relaciona com fungi inter ta Wleade Mowe news 27 Diferentes obhares Brasil foi descoberto em 1500. (Meu Deus ~pensard 0 © este Iivro contém cada novidade!) (MIB-T) [AGRAMATICA DA ORAGAO (© trecho de noticia que vem a seguir se move pela indicaga, “agdes” politcas que tem sua expressto a partir da invocaca cont das Sieaies OPEN: J que ninguém acharé estranha uma orago com predi- 21) No resto do pais, exceto talvez no Rio Grande do § Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil, entrtanto era tudo incoeséio, desorganizagao, inorganizagao. Os pe Ino todo em que se encontrao trecho acima (0 inicio de nos nédulos locais agiam isolados, cada qual por sua co livro de Historia do Brasil: sem nenhum centro de coordenagdo comum, que thes lasse as planos de mobilizagéo e a ordem dos movime Tanto assim era que, até quase nas vésperas da proclamag 0 Partido Republicano nao tinha um chefe comum, ao dio Liberal e do Conservador. Somente em 1889, vine depois do Manifesto de 70, é que os republicanos, re em Congresso geral, resolveram eleger 0 seu chefe ose — Quintino Bocaiuva, a quem deferiram a direcao suprema partido, (OCI) Verifica-se que essa escolha ~ como niio podia deixar de esta a servigo da organizacio discursiva: em um primeiro mom ‘oferecido um quadro politico de falta de coesdo e de falta de organ Brasil foi descoberto em 1500. (Meu Deus — pensaré 0 teste livro contém cada novidade!) De qualquer modo, imos que, antes de 1500, nao hé histéria do Brasil, pois xr havia sido descoberto. = @ se quisermos conhecer as antecedentes do des- o de nosso pais? Eles ocorreram antes de 1500 e, io, ndo sao abrangidos pela historia do Brasil, (HIB-T) sum livro sobre a Histéria do Brasil, o tema o Brasil, ‘a partir dai se organize tematicamente a oracio que mento, especialmente se ela constituir a abertura ‘do (nas agdes), isso vem por via do papel semantico dos Agentes| ‘outro lado, inverte-se totalments 0 rumo do fluxo cconstituem o tema oracional): os pequenos nédulos politicos lo ‘contexto for o que esta no trecho a seguir (de aber- agiam isolados, cada qual por sua conta, sem nenhum centro dee de jornal), no qual “o pais”, que é 0 tema da orago denagao comum. Mas a situagdo muda em 1889, ¢ novamente veh do de parte do rema (0 Brasil) da oragdo anterior, ‘Agentes (da mudanga) como tema: os republicanos resolveram ivares Cabral (0 Agente) é tema dentro de um termo ined ehefaesterite p (ama oracdo adverbial): Avaliar a diferenga entre uma oragao ativa ¢ uma oragi0) MME cobral cicguram straiadas _ Federico siva, em linguagem, nfo se restringe a verificar como esté a form Seyi para a Folks, Quando Pedro Atvares bal em uma e em outra: seguramente se hi de ver, jé de principio, 4 obriu o Brasil, o pais jé fora descoberto. (FSP-I) diregdo escolhida para a expresso da transitividade serd, com & aquela que, por seu maior grau de especificacao, poe-se melhor viigo da direpo acional que o falante quer expressar, Esta que seguir 6 uma construgio passiva (sem expresso do Agente) familiar aos brasileiros: ois, que, bastante determinante para a escolha da ‘oragGes), na montagem discursivo-textual, ¢ @ pr6= a expressio, ou nfo, do Agente. Vejamos estas duas ‘Mesmo jornal), com a mesma forma verbal passiva, Teaistro do Agente, outra sem esse registro: ava Wlemsde Mowe neves 29) AGRAMATICA DA ORACAD (Bl) De acordo com o que foi resolvido pelos paises membros do Mercosul as tarifas vao progressivamente diminuindo, 0 {que ja vem ocorrendo, até atingira tarifa zero em janeiro de 1995, (ESP-3) 82) 8. Exa, informou a seguir que igualmente nao foi resolvido problema da Reitoria da Universidade de Sito Paulo. (ESP-)) Excluida da discussao a conveniéncia da escolha de uma ora- fo passiva, e nfo de uma oracto ativa (que seria aquela que ensejari automaticamente a indicagdo do Agente), hd, com certeza, determina- das motivagdes que partem do texto como um todo, e nfo da construgaio sintética oracional em si, para que venha expresso, ou nfo, o Agente. ‘A primeira indicagao vai no sentido de que parece dbvia © natural — até automiética — a tendéncia para uma dispensa da expressio do Agente nos casos de construgdes passivas, mas 0 que menos existe, ‘em linguagem, so possibilidades tinicas de modos de expresso. A segunda indicagto refere-se, pois, ao fato de que no haverd condi- cionamentos rigidos, do tipo de algum regramento que responda pela determinagdo de nao indicar-se o Agente nessas oragdes, a ndo ser a propria organizagdo textual, ja que é ela que dé as possibilidades de resgate — ou ndio ~ de tal informacao, se ela for necesséria. Assim, nes- tes trechos que vém a seguir, que so de livros técnicos, a informagio mais determinantemente focal é exatamente aquela que diz. respeito ‘a quem conseguiu resolver 0 “problema critico” (primeio caso), ou a ‘quem ndo explicou “os valores da forga de ruptura” (segundo caso). Ou seja, a informagao em relevo é o “Agente”, em cada caso, e, entretanto, trata-se de oragdes de voz passiva: (83) 0 problema critico de como calcular as médias, a partir das integrais configuracionais, foi resolvido por Metropolis e colaboradores [..J. (QUN-T) G4) Trabathando também com superficie e resposta, mas com outro tipo de teste mecéinico, Gennadios et al. observaram a influéncia do pH na forca de ruptura de filmes & base de iso- lado proteico de soja e de ghiten. Em ambos os casos, a forca 30 Diferenles olhares de ruptura apresentou valores absolutos maiores para pH acima do pl, o que néo foi explicudo pelos autores, (CTA‘T) ‘Também neste trecho que vem a seguir (de noticia de jornal), 1 informagdo sobre 0s responsiveis pelo que “foi resolvido” & abso- Tutamente relevante para o seguimento da nota jornalistica que vem comunicada: (85) Alguns paises da América, com o mesmo objetivo, se ‘agregam no NAFTA e no Mercosul, Neste tiltimo, juntamente com Argentina, Uruguai e Paraguai, se insere o nosso pais. De acordo com o que foi resolvido pelos paises membros do Mercosul as tarifas vao progressivamente diminuindo, 0 que ja vem ocorrendo, até atingira tarifa zero em janeiro de 1998. Como resultado jé se verifica um aumento do comér- cio dessa drea, com ascensdo da Argentina para a posigdo de segundo parceiro comercial do Brasil. (ESP-J) \Vé-se que a abertura da nota cria o panorama (duplo) de deci- 80es, relativo a paises da América, mas o segundo paragrafo, que traré, Propriamente, a noticia em foco, necessita da discriminagio da fonte Ainica da deciséo, que ¢ 0 Mercosul (ficando excluida a NAFTA). ‘Na contraparte, no trecho que vem a seguir— tradugfo de um Tomance -, no se requer a indicagao dos Agentes das agdes. Alids, Pode-se dizer que, para o leitor da obra, basta saber que o mistério dos ‘mares nunca foi resolvido (por ninguém), e que o desaparecimento dos tripulantes foi explicado (simplesmente, por aqueles que 0 explicaram, ‘no importa a identidade ou a descrigao desses Agentes). Alids, o tre~ cho nao tem como tema as personagens, mas os proprios fatos (coloca- dos em termos de didtese passiva): G6) Este mistério dos mares tem sido contado e romance- ado, servido de assunto para comissies de inquéritos e inves- tigacdes, mas nunca foi resolvido. O desaparecimento dos tripulantes tem sido explicado das meneiras as mais varia- das: ataques de piratas, motim e fuga apés terem matado 0 Maen de Mow neves 31. [AGRAMATICA DA ORAGAO capitao, medo que a carga explodisse, uma epidemia stibita, ow o sequestro por supostos amigos. (TB-Ti) Resta, ainda, registrar que a necessidade de que fique reve- lado 0 Agente de determinada ago expressa em forma apassivada no necessariamente precisa resolver-se na indicagdo explicita de um sin- tagma que represente 0 Agente, na oragdo passiva. E 0 que se vé nestes dois trechos de noticia de jornal: (87) O comerciante Adauto Camelo de Sousa, de Camocim, ‘estd solicitando da Semace uma vistoria na Padaria Ideal, de ‘propriedade do senhor Raimundo Aragao, “que esta a emitir altos indices de gases poluentes, tendo em vista que o seu forno ainda é de lenha, causando assim sérios contratempos”. Ele destaca que seu filho, de quatro anos, jé desenvolveu proble- ‘mas respiratérias (crescimento das adenoides) e feve que ser operado, Uma filha de dois anos também jé apresentao mesmo problema, Um oficio foi enviado para a Superintendéncia da ‘Semace, mas nada foi resolvido. (DIN-J) G8) 4 populagao da cidade deposita sua confianga no gover- nador do Estado, A hipétese de que o sr. Sanio Quadros niio se interessaré pelos destinos de Bananal, que atravessa momento tio critico, nflo chega sequer a ser cogitada. Voltaremos na préxima quarta-feira, convictos de que 0 assunto foi resol- vido", declarow-nos o sr. Vicente Almeida Jiinior. (ESP-I) ‘No primeiro caso, 0 fato de 0 oficio que solicitava a vistoria ter sido enviado para a Superintendéncia da Semace e nao ter sido resol vido ja faz saber que quem nao resolveu a questo (0 Agente) foi esse rgio que recebeu 0 envio. No segundo caso, como a populagdo da cidade deposita sua confianca no governador do Estado (e nio chega Sequer a cogitar que ele ndo se interessard pelos destinos de Bananal), ©.sr. Vicente Almeida Jtinior — que representa a populagio — esta con- victo de que, quando voltar no prazo marcado, quem tera resolvido 0 assunto sera exatamente 0 governador (no caso, entio, o Agente), 32 Dierentes olhares ‘Como ja foi observado, é evidente que a situago mais espe- ada, em oragdes de voz passiva é que no esteja expresso o elemento ‘Agente, ¢ € até natural entender que a opo por uma voz passiva, no ‘geral dos casos, representa, exatamente, ums opedo pela dispensa de informagio sobre 0 Agente. Se, por outro lado, interpretarmos essa situagao no Ambito da orag%o como organizasio informacional, vere- ‘mos que a construsto ativa © a construgo passiva representam duas ‘opeées bem diferentes. Se voltarmos ao que foi desenvolvido em 2.1.1, ‘yeremos que, em termos de seleeo de tema: © tema ‘natural’ (niio marcado) da voz ativa & 0 sujeito (Agente), e, naturalmente, a oragdo que se organiza com vista 4 rebaixar esse elemento dessa posicdo ~ a passiva — tende a prescindir totalmente dele em seu centetido comunicado; tat se, na verdade, de uma reorientago da prediceio para outro ema, representado estruturalments pelo sujeito (Paciente, Experimentador, Beneficidrio), passando 0 argumento Agente ‘2 uma posigio de importincia secundéria (facilmente chegando 4 zero) na organizagio da informacZo. (NEVES, 2007, p. 55) 2.2 Enfim, as muitas faces da oracéo Nesse cruzamento da oragilo como organizacZo seman- tiea com a oragio como organizagio informativa (pragmaticamente ‘Orientada), é significativo 0 caso das preferéncias pelo preenchimento ‘eferencial, ou nfo, de casas da estrutura argamental, configurando- Se aquilo que tem sido chamado de “estrutura argumental preferida” (DU BOIS, 1985, 1987; ENGLAND e MARTIN, sid; KUMPF, 1992; ASHBY ¢ BENTIVOGLIO, 1993; BENTIVOGLIO, 1994; e, para 0 Portugués: DUTRA, 1987; NEVES, 1994; BRITO, 1996; ANTONIO, 1998; PEZATTI, 2002). Tem-se verificado que: (i) nas orag8cs transiti- ‘Yas diretas, é muito mais frequente expressar-se por Sintagma Nominal © objeto, © nfio 0 sujeito (restrigtio de sujeitos transitivos lexicais), ‘Skatamente porque a posigao de sujeito traz, em geral, informagio ja Gonhecida, nao sendo necesséria, pois, a descrigdo que o substantivo Oferece (restrigtio de sujeitos transitivos dado; (ii) na contraparte, & Minton deowaweves 33 AGRAMATICA DA ORACAO rarissima a coocorréncia de Sintagmas Nominais em ambas as posi- ‘Wes, ade sujeito e a de objeto direto (restrigao de um tinico argumento lexical), ¢ exatamente porque é raro que se introduzam dois elemen- tos “novos” simultaneamente (restrigo de um tinico argumento novo) (NEVES, 2006, p. 42). Verifica-se, afinal, que, nas orages com transitividade ape- nas direta, existe uma estrutura argumental preponderante, no apenas em dimenséo gramatical, mas também em dimenso pragmética: (i) a orago tende a apresentar um s6 Sintagma Nominal lexical, ¢ esse elemento ocupa, de preferéncia, a posigao de objeto; (ji) a oragao tende a apresentar um s6 argumento novo, e esse argumento ocupa, de prefe- réncia, a posigdo de objeto. Sirva de ilustragio 0 fato de que, quando ocorrem “objetos diretos” lexicais concomitantemente com sujeitos lexicais na mesma sentenga, geralmente eles so do tipo que, em Du Bois; Thompson (1991, p. 11), se chamam predicantes (em oposicao a participantes), sto elementos cujo papel & funcionar junto de determinados verbos (ver- bbos-suporte) para formar predicados, como em: (89) J fiz uso da misica em algumas pecas. (REI-D). (40) A Alquimia dew origem a arte real. (ALQ-T] (41) A Cleg tem conhecimento do problema, (CB-3) Situando-se num intermédio entre outros dois tipos de cons- trugdo — as “locugdes verbais” ¢ as construgdes de verbo pleno + argumento objeto direto -, as oragdes com verbo-suporte, gragas ds caracteristicas de um ou de outro dos seus componentes (verbo ¢ nome), ora se aproximam mais de um extremo, ora de outro, Desse jogo se vale o falante para construir 0 sentido do que diz, fazendo escolhas que Ihe permitam ir em uma ou em outra diregao. Isso conduz 40 entendimento, caro a0 funcionalismo, de que a transitividade no € propriedade ligada fixamente a determinado verbo em estado de diciondrio, mas € uma propriedade escalar dos complexos oracionais (MATHIESSEN; THOMPSON, 1988), 05 quais, exatamente na linha 34 Diferentes alhanes do que aqui se defende, representam cenas quese entredeterminam, na composigao discursiva. ‘Como mostra Neves (2006), 0 falante que escolhe predicar com um verbo-suporte + um nome, no lugar de um verbo pleno iinico, faz ‘uma opedo que seguramente revela busca de obiengiio de sentidos parti- ceulares, tespondendo ao equilfbrio das necessidedes funcionais. Parte-se do principio de que, toda vez que construpdes de acepeo basica similar entram em competicao (DU BOIS, 1985), existem fatores de todas as cordens, ligados as diversas fungdes da linguagem, que pesam na esco- Tha do falante, obtendo ele, sempre, com uma das escolhas, deter ‘nado efeito particular. A partir dai, ha sempre a verificar as razBes que Jevam 0 falante a optar pelo uso de uma construgo com verbo-suporte zo lugar de uma construgtio com o verbo simples correspondente, em ‘muitos casos disponivel no léxico da lingua. Facilmente se verifica, nos usos", a obtengao de efeitos que analista, embora reconhecendo a indissociabilidade dos niveis, pode, ‘uma separacio didética, localizar mais em um nivel do que em outro: no apenas na sintaxe e na seméntica, mas, ainda, - na pragmética, por exemplo gragas & natureza particular do nome complemento, como em: (42) entdo cada um traz um prato ¢ a gente FAZA FARRINHA na casa dum, né?(DID-POA-045:140) ~ na propria configuragdo textual, por exemplo provendo um feferente textual para posterior retomada, como em: (43) quando ele nd uma perrvrgio, depend se essa definigdo é uma..(EF-POA27897) — Trata-se, pois, de escolhas pragmaticas de padrées sintéticos, 88 quais ocorrem cm dependéncia do fluxo de informagao no discurso. ‘Nas construgdes transitivas hd uma pressao da continuidade tépica do discurso que leva 4 manutengao de protagonistas(muito frequentemente “humanos’, 0 que dispensa novas mengSes com niicleo substantivo, Aiferentemente do que ocorre com os objetos diretos (geralmente "As duns ocorréncias ofereidas a seguir esto referidas ent Neves (2006, p. 64) uta elena de Mou nevis 35 [AGRAMATICA DA ORAGAO ‘ndo-animados’), mais variados, mais efémeros, exatamente porque ‘mais frequentemente portadores de informagao nova. ‘Ainda nessa mesma linha pode ser lembrado 0 caso da expres- slo pronominal de sujeitos — operada segundo trés grandes fungSes para 1 classe dos pessoais, em ligagio com as trés metafungdes da lingua~ ‘gem propostas por Halliday (1994) estudado em Ilari; Franchi; Neves (1996, p. 79-166) 2, O estudo verificou: (i) 4 fungio de representar na sentenga os papéis do discurso (deitica, exoforica), representativa da fungo interpessoal; (ji) a fungdo de garantir a continuidade do texto, remetendo reiteradamente aos mesmos argumentos (endoférica), repre- sentativa da fungo textual; (ii) a fungao de explicitar 0 papel temético do referente, representativa da fungao ideacional ‘Um dos vieses de exame foi o preenchimento, ou nao, da casa do sujeito pelo pronome pessoal, pois ¢ sabido que 0 portugués dis- Pensa, em muitos casos, 0 uso dos pronomes sujeitos, e que, portanto, a escolha é funcional. O estudo sugere, por exemplo, que haveria dife- rengas, entre a presenca ¢ a auséncia do sujeito pronominal, relacio- nadas com diferencas dependentes da manutengo ou da mudanga do t6pico discursivo, e, portanto, com diferengas relacionadas ao fluxo de informago. Conclui-se, afinal, pela caracterizagio das ocorréncias em termos de escolhas do falante sob condicionamento de fatores de tipos diversos, mais do que em termos de rigidas determinagdes sintéticas. esse modo, também na escolha do modo de preenchimento da casa do sujeito (por Sintagma Nominal ou por pronome pessoal) inter- fere a organizagio topica. Obedecidas as restrigdics inerentes ao sistema, © falante tem sua escolha comunicativamente dirigida, ¢ vai usar um sintagma nominal para preencher a casa de sujeito naquele ponto do cenunciado em que é necesséria ou conveniente uma indicagdo nominal (que, em si, & descritiva) da entidade referenciada. E ele escolhe, dife- rentemente, um pronome pessoal (no um substantive) em algum ponto do enunciado em que igualmente é necessdria uma referenciagdo pes- soal, mas nfo ¢ necesséria ou conveniente a especificagao descritiva da entidade referenciada (que um substantivo em um Sintagma Nominal faria). * Base estudo fl feto no tmbito do Projeto“Gramitica do Portugués Falado”, de que test tou uma série de publicagdes, ene as quais «que abrigao estado que aqui citado, 36 Diforentes olhares 3. Consideracées finais Esses dois tiltimos casos de construpdo de enunciados comen- tados sfo apenas alguns daqueles em que fica bastante evidente a exis- téncia: ()) de uma determinagao pragmética sobre o arranjo sintatico; i) para um resultado semantico; (ii) e, ao mesmo tempo, para um feito pragmatico, No ponto de partida ~ em (i) a determinagdo prag- itica é vista pelo fluxo informativo, ou seja,¢ ligada prioritariamente ‘a0 enunciado; e, no ponto de chegada — em (iii) —, 0 efeito pragmitico & visto pela condugto interativa, ou seja, ¢ ligado basicamente & enun- ciagdo. Em tudo, afinal, evidencia-se 0 componente pragmético inte- ‘prando-se a gramética, desde a determinagao até o efeito, na chegada ‘mas ja desde a partida da produgdo linguistica. utras indicagdes sobre a montagem das predicagdes nas fra- ‘se5 ~ € nos discursos ~ que desfilaram por estas reflexes ilustram & saciedade a integragao dos componentes sintético, semantico ¢ prag- ‘mitico na ativago da gramatica da lingua, e permitem ver a possil lidade de andlise da propria componencialidade que se admite. Olhar para o componente pragmético que esté ja no acionamento da gramé- tica da lingua é o que, mais especialmente, conduz. ao exame da predi- cago como um proceso que nfo se reduz A sintaxe, embora seja ela © componente que cria as expresses linguisticas, e as cria com uma especificidade que, por sua vez, permite rigorosis ¢ especiosas andlises Puramente sintéticas. ‘Nessa integragio dos componentes fala-se confortavelmente, por exemplo, de organizacdo sintética em relagio a organizagfo temé- tica da oragdo; de modalizagdo oracional em relagdo a modalidades (cnunciativas) de frases; de organizagao oracional em relagao a fungées interlocutivas frasais; de acionamento da estrutura argumental da ora- fo em relagdo a necessidades textual-discursivas. E, enfim, a cons- Ciencia dessa integragio que aciona a gramética, levando produgtio Linguistica, é o que permite a separagio analitica, garantindo andlises teoricamente sustentadas. Move deMour nevES 37 AGRAMATICA DA ORAGAO Referéncias a) Obras citadas ANTONIO, Juliano Desiderato. A estrutura argumental preferida em nar- rativas orais e em narrativas escritas. Veredas,v. 3, n.2, p. 59-66, 1998, ASHBY, William; BENTIVOGLIO, Paola. Preferred argument struc~ ture in spoken French in Spanish, Language variation and change, v. 5, p. 61-76, 1993, BRITO, Célia Maria. 4 transitividade verbal na lingua portuguesa: uma investigagao de base funcionalista. Tese de Doutorado, Araraquara: Universidade Estadual Paulista. 1996. BENTIVOGLIO, Paola. Spanish preferred argument structure across time and space. D. E. L. T:.,v. 10, p.277-93, 1994, DIK, Simon Cornelis. The theory of Functional Grammar. 2.ed. by K. HENGEVELD. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 1997. DU BOIS, John. Competing motivations. In: HAIMAN, John. (Ed.). Teonicity in syntax, Amsterdam: John Benjamins, 1985, p. 343-65, . The discourse basis of ergativity. 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