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Nessa mesmíssima alheta, Luís Guilherme Vieira textua que o fato de o
Ministério Público, na condição de titular da ação penal, poder oferecer denúncia,
sem a precedência de inquérito policial, desde que estadeada, em suporte pro-
batório mínimo, rediga-se, não o autoriza, por si só, a instaurar inquérito, com o
desiderato de colher tais elementos indiciários, na ausência de tal lastro probante.
Demais disso, acresce o predito autor que “não é pelo fato de o Ministério
Público poder o mais (controle externo das atividades da polícia judiciária e legi-
timidade ativa exclusiva para promover os processos de natureza penal pública)
que o legislador, implicitamente (‘teoria dos poderes implícitos’’) lhe conferiu poder
o menos (investigar crimes), em virtude de limitações legais (explícita limitação
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àqueles argumentos sofistas)”.
Linhas adiante, preceitua, novamente, Luís Guilherme Vieira:
Com efeito, a teoria dos poderes implícitos, interpretada
à luz do Direito Constitucional, é desenvolvida a partir de
doutrina norte-americana, a qual teve seu marco histórico
no julgamento Mc. Cullough vs. Maryland, realizado em
fevereiro de 1819 (BARROSO, Luiz Roberto. Interpretação
e aplicação da Constituição: fundamentos de uma dogmática
constitucional transformadora. São Paulo: Saraiva, 1996. p.
371
120, 122). Porém, sabe-se que ‘as palavras empregadas na
Constituição devem ser entendidas no seu sentido geral e
comum, a menos que resulte claramente de seu texto ao
seu sentido técnico-jurídico’ (Quintana, Segundo V. Linares.
Regias para Ia interpretación constitucional. Buenos Aires:
Plus Ultra, 1987. p. 65 apud BARROSO, Luis Roberto. op.
cit., p. 121. Grifos nossos), e, no caso em estudo, a carta da
República não deixou qualquer fenda, a mais mínima brecha,
a autorizar o intérprete, com fundamento na lição alienígena,
a ter qualquer outra interpretação, a não ser a que restou
promulgada. Isso é fato incontroverso.
‘As palavras têm sentidos mínimos que devem ser respeita-
dos, sob risco de se perverter o seu papel de transmissoras
de idéias e significados. E a interpretação gramatical literal que
delimita o espaço dentro do qual o intérprete vai operar,
embora isso possa significar zonas hermenêuticas muito
extensas. A esse propósito, já decidiu o Tribunal Federal
Alemão: Através da interpretação não se pode dar a uma
lei inequívoca em seu texto e em seu sentido um sentido
oposto; não se pode determinar de novo, no fundamental,
o conteúdo normativo da norma que há de ser interpretada;
não se pode faltar ao objetivo do legislador em um ponto
essencial (BARROSO, op. cit, p. 122-123).
21
VIEIRA, op. cit., p. 25-64.
22
Ibidem, p. 25-64.
policial ao Ministério Público. Revista de Direito Administrativo Aplicado, Curitiba, n. 2, p. 447-451, 1994.
30
VIEIRA, op. cit., p. 25-64.
31
FRAGOSO, José Carlos. São ilegais os “procedimentos investigatórios” realizados pelo Ministério Público Federal.
Revista Brasileira de Ciências Criminais, n. 37, p. 241 et seq., 2002.
32
ANDRADE, Mauro Fonseca. Ministério Público e sua Investigação Criminal. Porto Alegre: Fundação Escola
Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul, 2011. p. 135.
33
VIEIRA, op. cit., p. 25-64.
34
TUCCI, Rogério Lauria. Ministério Público e Investigação Criminal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 82.
.
35
Ibidem, p. 82-83.
36
Ibidem, p. 80-84.
37
MORAES FILHO, op. cit., p. 110.
38
MACHADO Nélio Roberto Seidl. Notas sobre a investigação criminal, diante da estrutura do processo criminal no
Estado de Direito Democrático. Discursos Sediciosos: crime, direito e sociedade. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, ano 3,
n. 5/6, p. 152-153, 1./2. sem. 1998.
39
Ibidem, p. 153.
40
MORAES FILHO, op. cit., p. 106.
41
VIEIRA, op. cit., p. 30.
42
LOPES JR. Aury. Sistemas de Investigação Preliminar no Processo Penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003..
p. 91-93.
43
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Segunda Turma. Recurso Extraordinário 233.072-4/RJ, julgamento 18.05.1999.