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ISBN 85-7304-144-7
Impresso no Brasil
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM TRINTA E DOIS
GRAÇA, SALVAÇÃO, O ESPÍRITO E CRISTO
graça.
Na sua experiência, você também não tem sua
graça? Talvez tenha experimentado o Deus Triúno
como sua graça na vida da igreja e na vida diária. Um
irmão pode testificar que, mesmo enquanto ajuda a
arrumar as cadeiras no local de reunião ele
experimenta Deus como sua graça. Igualmente, uma
irmã casada pode testificar que na vida doméstica
com o marido e filhos, experimenta o Senhor como
sua graça. É muito bom experimentar o Senhor desse
modo e testificar isso. Mas essas situações
dificilmente podem ser comparadas com o que Paulo
enfrentou na prisão.
A DEFESA E CONFIRMAÇÃO DO
EVANGELHO
Paulo experimentou Deus tanto em seu
aprisionamento como na defesa e confirmação do
evangelho. Em 1:7 ele fala da “defesa e confirmação
do evangelho”; ele não menciona a pregação do
evangelho. Pregar o evangelho não é incomum, mas
defendê-lo e confirmá-lo são coisas extraordinárias.
Paulo o defendia, do lado positivo, das heresias que o
deturpavam e distorciam, tais como o judaísmo, do
qual ele trata em Gálatas, e o gnosticismo, do qual ele
trata em Colossenses. Paulo confirmava o evangelho,
do lado positivo, com todas as revelações dos
mistérios de Deus a respeito de Cristo e a igreja
desvendados em suas Epístolas. Na sua época, o
evangelho tinha sido deturpado e distorcido pelo
judaísmo e filosofia grega. Por defender o evangelho,
ele era perseguido. Nem os judaizantes nem os
filósofos gregos estavam contentes com ele. Além
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GRAÇA EXPERIMENTAL
Por causa da defesa e confirmação do evangelho,
Paulo foi perseguido, detido e posto na prisão. A
responsabilidade dada a ele de defender e confirmar o
evangelho requeria provisão divina. Não podia ser
levada a cabo por meios comuns. Paulo precisava da
força e da energia divinas. Essa força e energia
divinas são o próprio Deus Triúno. À medida que
Paulo defendia e confirmava o evangelho, Deus
estava com ele para supri-lo. Além disso, Paulo sofria
perseguição, zombaria e escárnio. Nenhum ser
humano comum pode suportar tal tratamento sem
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REGOZIJAR-SE NO SENHOR
A graça experimentada por Paulo tornou-se sua
salvação. O que quer que ele desfrutasse do Deus
Triúno tornava-se sua salvação. Ele certamente deve
ter sido um judeu patriótico, alguém que amava sua
nação e tinha aversão intensa pelo imperialismo
romano. Por causa da sua pregação do Senhor Jesus
Cristo, ele se tornou prisioneiro sob o controle dos
imperialistas romanos. Na verdade, foram os seus
patrícios que o entregaram aos romanos. Sem dúvida,
quando ele sofria perseguição na prisão, pensava na
sua obra. Antes de seu aprisionamento, sua obra
tinha sido maravilhosa e poderosa. Espalhava-se até
mesmo na Europa. Mas agora tinha cessado. Alguns
de seus contemporâneos, movidos por ri validade,
estavam contentes pelo fato de Paulo estar na prisão e
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EXPERIMENTAR O ESPÍRITO
O Deus Triúno podia tornar-se a salvação
experimental de Paulo porque Deus hoje é o Espírito.
Por essa razão, no contexto de falar de salvação,
Paulo menciona também o Espírito.
Para o Deus Triúno ser nossa experiência e
desfrute, Ele deve ser o Espírito. O Espírito em 1:19 é
na verdade o próprio Deus Triúno. João 7:39 diz:
“Pois ainda não havia o Espírito, porque Jesus não
havia sido ainda glorificado”. Nos versículos 37 e 38 o
Senhor Jesus se levantara e clamara: “Se alguém tem
sede, venha a Mim e beba. Quem crer em Mim, como
diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água
viva”. De acordo com o versículo 39, “Isso, porém,
disse Ele com respeito ao Espírito”. A razão de ainda
não haver o Espírito, era que Jesus ainda não fora
glorificado; isto é, ainda não fora plenamente
processado. Mas como o Senhor Jesus agora já foi
glorificado, plenamente processado, o Espírito está
aqui para que O desfrutemos. Esse Espírito é o
próprio Deus Triúno que passou por um processo
divino para tornar-se disponível a nós como nossa
provisão abundante.
Podemos experimentar o Espírito simplesmente
invocando “Ó Senhor Jesus”. Podemos testificar pela
nossa experiência que, quando invocamos o nome do
Senhor Jesus, bebemos do Espírito. Assim como
sentimos o frescor interior quando respiramos
profundamente ao ar livre pela manhã, também
temos um sentimento interior de frescor quando
recebemos o Espírito invocando o Senhor Jesus.
Receber o Espírito invocando o Senhor não é
uma prática de misticismo. Não; é uma realidade
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ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM TRINTA E TRÊS
A PROVISÃO ABUNDANTE DO ESPÍRITO DE JESUS
CRISTO PARA ENGRANDECER CRISTO
A PROVISÃO DO CORPO
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1
Corego: Na Grécia antiga, cidadão, sobretudo entre os homens de posse, que (...) supria todas as
despesas (Dic. Aurélio). (N.T.)
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O UNGÜENTO COMPOSTO
Vemos uma figura maravilhosa dessa provisão do
Espírito em Êxodo 30:23-30, trecho da Palavra que
fala do ungüento composto. Pelo fato de as coisas
espirituais serem abstratas e misteriosas, precisamos
de algo mais do que palavras para entendê-las. Por
essa razão, na Bíblia, o Senhor usa figuras bem como
afirmações diretas. No Antigo Testamento temos
muitos tipos, figuras e sombras de coisas espirituais.
O ungüento em Êxodo 30 é um tipo que retrata o
Espírito.
Em Gêneses 1:2 lemos acerca do Espírito de
Deus; em Filipenses 1:19, do Espírito de Jesus Cristo,
e em Apocalipse 22:17, simplesmente do Espírito. O
Espírito de Deus estava ativo na criação. Mas com
relação à encarnação, o Espírito de Deus é chamado o
Espírito Santo (Mt 1:20). O Espírito Santo santificou
o elemento da humanidade para Deus. É por isso que
o termo Espírito Santo é usado para a encarnação.
Após a crucificação e a ressurreição de Cristo, esse
Espírito é chamado o Espírito de Jesus Cristo, o
Espírito Daquele que se tornara um homem, morrera
na cruz e está agora em ressurreição. O Espírito de
Jesus Cristo não visa a criação ou encarnação, mas a
nossa experiência da crucificação e ressurreição de
Cristo. De acordo com 1:19, o Espírito de Jesus Cristo
é o Espírito abundante.
Agradecemos ao Senhor pelo símbolo do
ungüento sagrado descrito em Êxodo 30:23-30. Esse
ungüento não é composto somente de azeite mas de
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APLICAR O ESPÍRITO
Falta entre os cristãos de hoje o verdadeiro
entendimento do Espírito. Embora muitos possam
ter ouvido mensagens sobre o Espírito composto,
podemos ter pouco mais do que conhecimento
doutrinário. Podemos não aplicar o Espírito nas
situações diárias.
Suponha que um irmão me convide para almoçar
em sua casa, mas não avise a esposa. Não somente ela
não está preparada, mas está em dificuldades com os
filhos. A esposa está preocupada e ofendida. Como
pode essa situação resultar na salvação do irmão? Ele
simplesmente necessita aplicar o ungüento composto,
o Espírito composto. O Espírito composto está no seu
espírito humano regenerado. Em vez de considerar a
situação com a esposa e olhar o ambiente difícil, ele
deve voltar-se ao espírito, aplicar o Espírito
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ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM TRINTA E QUATRO
VIVER CRISTO PELO ESPÍRITO
VIVER CRISTO
Não creio que nem mesmo na década de setenta
os cristãos estivessem familiarizados com a expressão
“viver Cristo”. Essa expressão não era conhecida nem
mesmo entre nós na restauração do Senhor.
Tínhamos ouvido falar de viver para Cristo,
exteriorizar Cristo e viver por Cristo, mas não de viver
Cristo. É um termo novo. Viver por Cristo e para
Cristo e exteriorizar Cristo são um pouco diferentes
de simplesmente viver Cristo.
Podemos obter ajuda para saber o que significa
viver Cristo lendo o Evangelho de João. Esse
Evangelho revela que Cristo, o Verbo, é Deus (1:1).
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ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM TRINTA E CINCO
VIVER CRISTO TOMANDO A PALAVRA MEDIANTE O
ESPÍRITO
EXPERIMENTAR SALVAÇÃO
Em 1:19 Paulo diz que sua situação, ambiente e
circunstâncias resultariam para ele em salvação
(VRC). Mas em 2:12 ele nos encarrega de desenvolver
a nossa salvação. De acordo com o que ele falou em
1:19, as situações difíceis que enfrentamos podem
resultar em salvação. Se as circunstâncias resultam
ou não em salvação para nós depende de
desfrutarmos ou não a provisão abundante do
Espírito de Jesus Cristo. Se não a desfrutarmos,
nossas circunstâncias resultarão em vergonha. Toda
situação que enfrentarmos resultará em salvação ou
em vergonha. Suponha, por exemplo, que a esposa de
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SALVO DE MURMURAÇÕES E
ARRAZOAMENTOS
Quando Paulo nos diz que desenvolvamos nossa
salvação, ele não se refere à salvação do inferno nem à
salvação da condenação de Deus. Não somos capazes
de desenvolver esse tipo de salvação. Repare que
Paulo diz aos santos: “Desenvolvei a vossa salvação”.
Um marido não deve prestar atenção à salvação
necessária à mulher. Em vez disso, deve
concentrar-se em desenvolver sua própria salvação.
A palavra de Paulo sobre desenvolver nossa
salvação deve ser considerada em relação à sua
incumbência com respeito a murmurações e
arrazoamentos no versículo 14. Nesse versículo ele
diz: “Faze i tudo sem murmurações nem
arrazoamentos” (lit.). Como já enfatizamos, as
murmurações estão relacionadas com as emoções, e
os arrazoamentos, com a mente. Além disso, as irmãs
em particular têm problema com as murmurações,
enquanto os irmãos são atribulados por
arrazoamentos. Nunca ouvi falar de uma irmã que
não murmurasse. Uma irmã precisa desenvolver sua
salvação com relação às suas murmurações. Ela
necessita de salvação da murmuração. Do mesmo
modo, os irmãos precisam desenvolver sua salvação
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CRISTO ENGRANDECIDO
Mediante a provisão abundante do Espírito,
Cristo é engrandecido em nós. O que Paulo fala em
1:20 é o engrandecimento de Cristo, mas em 2:16 ele
fala de expor (TB) a palavra da vida. Expor a palavra
da vida é o mesmo que engrandecer Cristo. O próprio
Cristo é a palavra da vida. Expomos a palavra da vida
e essa palavra é Cristo.
A PALAVRA E O ESPÍRITO
Temos visto que, a fim de engrandecer e viver
Cristo, necessitamos da provisão abundante do
Espírito. Agora, precisamos avançar e ver que essa
provisão abundante está na Palavra. De acordo com a
Bíblia, o Espírito e a Palavra são um. Em João 6:63b o
Senhor Jesus diz: “As palavras que Eu vos tenho dito
são espírito e são vida”. Isso indica que a Palavra é o
Espírito. Efésios 6:17-18 indicam que o Espírito é a
Palavra. Segunda Timóteo 3:16 diz que toda Escritura
é soprada por Deus. Cada palavra da Bíblia é o sopro
de Deus. Temos enfatizado que esse sopro é o
pneûma, o Espírito. Assim, pelo fato de a Palavra e o
Espírito serem o sopro de Deus, eles são, de fato, um.
O Espírito é o sopro de Deus, e a Palavra também é o
sopro de Deus. Além disso, o sopro de Deus é Seu
pneûma, o Espírito. Por um lado, a Palavra de Deus é
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DOIS EXTREMOS
Entre os cristãos de hoje, os fundamentalistas
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EXERCITAR O ESPÍRITO
Quando oramos-lemos a Palavra, exercitamos o
Espírito. Como pessoas salvas e regeneradas, temos o
Espírito de Deus em nosso espírito. Assim, quando
exercitamos o espírito ao orar-ler a Palavra,
aplicamos a Palavra a nós e a mesclamos com o
Espírito. Imediatamente, recebemos a provisão
abundante do Espírito.
A RECEITA E A DOSE
A Bíblia revela que Cristo é Deus e também a
corporificação de Deus. Um dia, Cristo tornou-se um
homem. Em Seus anos na terra, Ele viveu a vida
humana mais elevada. Por meio de Sua crucificação e
ressurreição, Sua humanidade foi elevada e
introduzida na divindade. Depois de viver uma vida
perfeita e maravilhosa na terra, o Senhor Jesus foi à
cruz e lá morreu por nossos pecados, realizando uma
redenção plena, completa e perfeita. Ao terceiro dia,
foi ressuscitado. Em ascensão foi glorificado, coroado
e entronizado; recebeu o encabeçamento, o senhorio
e o reinado. Além dessas questões cruciais, a Bíblia
também revela que Cristo em ressurreição tornou-se
o Espírito que dá vida (1Co 15:45). Agora esse Espírito
que dá vida habita em nosso espírito regenerado.
O Espírito que dá vida contém a divindade de
Cristo, Sua humanidade ressurreta elevada, Seu viver
humano perfeito que era a expressão de Deus, a
eficácia de Sua morte todo-inclusiva para a realização
da redenção, o poder da Sua ressurreição que nos
dispensa a vida e a natureza divinas e Sua natureza
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ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM TRINTA E SEIS
AS RIQUEZAS DA PROVISÃO ABUNDANTE DO
ESPÍRITO CORPORIFICADAS NA PALAVRA
JÁ CHEIOS DE CONCEITOS
Embora essa questão seja tão crucial na Bíblia,
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NUTRIÇÃO E REVELAÇÃO
Quando nos achegamos à Bíblia, devemos
esquecer a ética, a cultura e as diversas características
nacionais. Com a face desvendada e o ser interior não
tomado de antemão por coisa alguma, devemos
orar-ler a Palavra. Ao fazer isso, não receberemos
somente revelação, mas também nutrição.
Em 1 Timóteo 4:6 Paulo fala de nutrição:
“Alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina
que tens seguido”. Nutrição está relacionada com a
vida. Todas as palavras na Bíblia são palavras de vida,
palavras nutritivas e saudáveis. Paulo até mesmo usa
a expressão “ensinamento saudável” (1Tm 1:10; Tt 1:9
— lit.), referindo-se ao ensinamento que nos alimenta
e nos faz saudáveis. É importante que todos
recebamos a nutrição que vem da Palavra de Deus.
Se desejamos ser nutridos pela Palavra, devemos
estar livres de todos os preconceitos. Precisamos
colocar de lado os véus da cultura, do regionalismo e
do nacionalismo. Precisamos ler a Palavra de Deus
sem usar qualquer tipo de óculos coloridos, isto é,
sem quaisquer idéias preconcebidas. Então
receberemos tanto nutrição como revelação.
Freqüentemente, depois de salvas, as pessoas
decidem melhorar a si mesmas. Talvez digam: “Eu
era ímpio e mau. Maltratava meus pais, meus irmãos
e irmãs, bem como meus filhos. De agora em diante
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COMER A PALAVRA
Não é suficiente entender a Bíblia; precisamos
também comer as suas palavras. Jeremias 15:16 diz:
“Achadas as tuas palavras, logo as comi”. Além disso,
Mateus 4:4 diz: “Não só de pão viverá o homem, mas
de toda palavra que procede da boca de Deus”. A
Bíblia não é boa somente para se ler e estudar, mas,
principalmente, é muito boa para alimento. Oh!
precisamos comer a Palavra de Deus!
O melhor modo de comer a Palavra é orar-ler. Se
desejamos desfrutar a provisão abundante do
Espírito, precisamos comer a Palavra. Já enfatizamos
que a provisão abundante do Espírito equivale às
riquezas de Cristo e as riquezas de Cristo estão
corporificadas na Palavra. Portanto, para desfrutar as
riquezas, devemos orar-ler a Palavra.
ORAR-LER A PALAVRA
Quando lemos a Palavra, devemos mesclar nossa
leitura com oração. Assim como exercitamos os olhos
e a mente, devemos também exercitar o espírito para
tocar o Espírito. Então tudo o que está na Palavra irá
tornar-se em nossa experiência a provisão abundante
do Espírito.
Vamos usar o Salmo 133 para mostrar a
diferença entre analisar a Bíblia e desfrutar a nutrição
contida nela ao orar-ler. Nos momentos de devoção
pessoal, alguns cristãos podem ler o Salmo 133. À
medida que o lêem, podem começar a analisar e
questionar sobre o ungüento precioso, a barba, a orla,
o orvalho e o monte Hermom. Em vez de receber a
provisão abundante, eles se perdem em meio a
muitas questões não respondidas. Mas se
orarmos-lermos o Salmo 133, tomaremos essa porção
na maneira da vida. À medida que oramos-lemos,
podemos dizer: “Oh, amém! Como é bom e agradável,
amém”. Tomando a Palavra dessa maneira,
aplicaremos o Espírito todo-inclusivo ao nosso ser
interior. Orando-lendo exercitamos o espírito para
receber nutrição espiritual proveniente da Palavra.
Por meio dessa nutrição crescemos em vida. Somos
alimentados com as palavras de fé e ensinamento
saudável. Se usarmos mesmo que seja dez minutos
para orar-ler uma porção da Palavra, receberemos
nutrição. Além disso, experimentaremos os vários
elementos das riquezas de Cristo.
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ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM TRINTA E SETE
A PALAVRA RICA, A PROVISÃO ABUNDANTE E A
ORAÇÃO INCESSANTE PARA VIVER CRISTO
. CANTAR A PALAVRA
Neste ponto é importante considerar a maneira
de a palavra de Cristo habitar em nós ricamente.
Paulo nos dá o caminho em Colossenses 3:16: “A
palavra de Cristo habite em vós ricamente, em toda a
sabedoria, instruindo e admoestando-vos uns aos
outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, com
gratidão louvando a Deus em vossos corações” (TB).
Aqui ele indica que devemos instruir e admoestar,
não de maneira comum, mas com salmos, hinos e
cânticos espirituais. Salmos são freqüentemente
longos, cânticos espirituais tendem a ser curtos e
hinos são geralmente de comprimento médio. À
medida que admoestamos uns aos outros com
salmos, hinos e cânticos espirituais, devemos cantar a
Deus com gratidão em nosso coração. Precisamos
cantar com o exercício do espírito. Quanto mais
cantamos dessa maneira, mais somos inspirados e
inflamados. Cantando assim, a Palavra de Cristo
habita em nós ricamente.
Suponha que numa reunião cantemos um hino
composto de Efésios 3:16-21. Se cantarmos esses
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ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM TRINTA E OITO
AS RIQUEZAS DE CRISTO TORNAM-SE REAIS NA
PROVISÃO ABUNDANTE DO ESPÍRITO E A
PROVISÃO ABUNDANTE DO ESPÍRITO É
CORPORIFICADA NA RICA PALAVRA DE DEUS
2
Embora os dicionários em português não contenham o vocábulo “coinerir”, vamos adotá-lo para
descrever o fato de os Três da Deidade serem inerentes entre si, isto é, estarem um no outro. (N T.)
80
A PALAVRA E O ESPÍRITO
No Novo Testamento vemos que o Espírito e a
Palavra são um. O Senhor Jesus disse: “As palavras
que Eu vos tenho dito são espírito e são vida” (10
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ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM TRINTA E NOVE
PARTICIPAR DA PROVISÃO ABUNDANTE DO
ESPÍRITO E DESFRUTAR AS RIQUEZAS DE CRISTO
TOMANDO A PALAVRA DE DEUS (1)
CONSTITUÍDOS DE CRISTO
Como cristãos, diferimos na medida de Cristo
que temos em nós. Alguns têm dado mais lugar a
Cristo; outros têm dado a Ele menos espaço para
crescer neles. Sem dúvida, a medida de Cristo em
Paulo era plena. Isso significa que Cristo fora
plenamente formado nele. Em Filipenses 1:21 Paulo
podia até mesmo declarar: “Para mim, o viver é
Cristo”. Cristo fora trabalhado nele e, de fato,
tornara-se seu constituinte. Portanto, Paulo era um
homem completamente constituído de Cristo. Essa
era a razão pela qual ele podia dizer que para ele o
viver era Cristo.
Os nutricionistas freqüentemente nos dizem que
somos o que comemos. O alimento que comemos
torna-se, por fim, parte de nossa constituição. Ele é
trabalhado em nossas fibras e até mesmo em nossas
células. Se uma pessoa come grande quantidade de
um alimento, ela será, por fim, constituída desse
alimento.
Na época em que Paulo escreveu Filipenses,
tinha sido um crente em Cristo por cerca de trinta
anos. Em todos aqueles anos, Cristo fora mais e mais
trabalhado no ser interior de Paulo. Paulo
continuamente comia Cristo, participava Dele.
Finalmente, tendo sido constituído de Cristo, ele
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MUDANÇA METABÓLICA
Em Romanos 12:2 Paulo nos exorta a não nos
conformar com este século, mas ser transformados
pela renovação da mente. Ser conformado com este
século é ter a aparência exterior de acordo com o
estilo da era, de acordo com a tendência do mundo.
Ser transformado é ser renovado interior e
organicamente. Alguns nos têm difamado,
acusando-nos de distorcer a mente das pessoas.
Repudiamos totalmente essa falsa acusação. Pela
graça do Senhor procuramos ministrar algo divino e
espiritual que pode transformar a mente. A distorção
da mente é o resultado de influência externa sobre a
mente, mas a renovação da mente envolve
transformação interior, orgânica, metabólica em vida.
Quanto mais permanecemos na restauração do
Senhor, mais nossa mente é metabolicamente
transformada. Automaticamente nosso pensamento é
renovado e mudado. Isso acontece porque um novo
elemento é adicionado em nosso ser para tirar o velho
elemento e substituí-la. Isso é transformação. Dia
após dia e reunião após reunião, algo divino,
espiritual, santo e celestial é transfundido em nós.
Esse elemento é Cristo com Suas riquezas
insondáveis. À medida que as riquezas de Cristo são
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CRISTO ENGRANDECIDO
Consideremos agora Filipenses 1:19-21. No
versículo 19 Paulo diz que suas circunstâncias
resultariam em sua salvação pela súplica dos santos e
pela provisão abundante do Espírito de Jesus Cristo.
De acordo com o versículo 20, vemos que a salvação
que ele esperava experimentar era que, em vez de ser
envergonhado, em tudo Cristo seria engrandecido
nele com toda ousadia. Assim, o ambiente de Paulo
resultar em sua salvação significa que se tornaria o
engrandecimento de Cristo nele. Portanto, a salvação
aqui é, na verdade, Cristo engrandecido nele. As
palavras “Para mim, o viver é Cristo” no versículo 21
são uma explicação do que quer dizer engrandecer
Cristo. Engrandecer Cristo é vivê-Lo. Do lado
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ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA
PARTICIPAR DA PROVISÃO ABUNDANTE DO
ESPÍRITO E DESFRUTAR AS RIQUEZAS DE CRISTO
TOMANDO A PALAVRA DE DEUS (2)
EM TODA A SABEDORIA
Em Colossenses 3:16 Paulo nos diz que a palavra
de Cristo deve habitar em nós ricamente “em toda a
sabedoria”. Você já considerou o que significa a
palavra de Cristo habitar em você em toda a
sabedoria? Se quisermos entender o significado dessa
expressão, devemos diferenciar a sabedoria do
conhecimento. O conhecimento está relacionado
principalmente com a função da mente, ao passo que
a sabedoria está relacionada com a função do nosso
espírito. Isso significa que, para a palavra de Cristo
habitar em nós em toda a sabedoria, precisamos
exercitar o espírito. Se usarmos a mente para
memorizar a Palavra, ela irá então habitar em nós em
forma de conhecimento. Memorizar versículos da
Bíblia é função da mente relacionada com o
conhecimento, e não do espírito relacionada com a
sabedoria. A palavra habitar em nós em toda a
sabedoria refere-se ao seu habitar de todos os modos
possíveis por meio do exercício do espírito. A
sabedoria é mais profunda, mais refinada e mais
íntima do que o conhecimento. Ela vem do exercício
do espírito.
A diferença entre conhecimento e sabedoria pode
ser ilustrada na vida conjugal. Suponha que a esposa
de um irmão murmure e até mesmo o repreenda. Se
revi dar, discutindo com ela, ele exercitará a mente
com seu conhecimento. Não há sabedoria nisto. Mas
suponha que enquanto a esposa murmura, ele
invoque o nome do Senhor Jesus e ore. Isso é
103
CANTAR AO SENHOR
Visto que muitos de nós nascemos no
cristianismo, fomos criados no cristianismo, e até
mesmo temos o cristianismo constituído em nós,
104
ENCHIDOS NO ESPÍRITO
Efésios 5:18-19 é um paralelo de Colossenses
3:16. Nesses versículos Paulo diz: “E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, mas
enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos,
e hinos, e cânticos espirituais, cantando e
salmodiando ao Senhor no vosso coração” (VRC).
Note que em Colossenses 3:16 Paulo nos diz que a
palavra de Cristo deve habitar em nós ricamente, mas
em Efésios 5:18 ele nos diz que sejamos cheios no
espírito (lit.). Quando colocamos esses versículos
juntos, vemos que devemos ser enchidos no espírito
da palavra de Cristo. Esses dois trechos da Palavra
têm o mesmo objetivo: que tenhamos o espírito cheio
da Palavra.
Podemos comparar nosso espírito com um
automóvel que precisa de combustível, e a Palavra, a
Bíblia, com um posto de gasolina. Quando sentimos
que estamos vazios, devemos achegar-nos à Palavra
para ser enchidos. Na Palavra temos um suprimento
inesgotável de “gasolina espiritual”. A maneira de
bombear essa “gasolina” é cantar e salmodiar a
Palavra. Se estivermos cheios desse modo,
logicamente falaremos uns aos outros em salmos,
hinos e cânticos espirituais. Descobriremos também
que cantar e salmodiar a Palavra são mais elevados
que orar-lê-la.
Quanto mais cantarmos e salmodiarmos a
108
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA E UM
CRISTO FAZ MORADA EM NÓS MEDIANTE SUA
PALAVRA QUE HABITA EM NÓS
A PALAVRA E O ESPÍRITO
Com respeito ao Espírito, há dois extremos, um
encontrado entre os fundamentalistas, e o outro,
entre os pentecostais. Visto que têm medo da
112
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA E DOIS
FAZER TUDO EM NOME DO SENHOR SENDO SATURA
DO DE SUAS RIQUEZAS
EXPERIMENTAR CRISTO
SUBJETIVAMENTE
Muitos cristãos não percebem que como crentes
devemos experimentar Cristo subjetivamente. A
Bíblia revela que o desejo e a intenção de Deus é
trabalhar Cristo em nós. O que poderia ser mais
subjetivo do que ter Cristo trabalhado em nosso ser?
Paulo refere-se a isso quando fala de Cristo habitar
em nosso coração (Ef 3:17). Como Aquele que é
todo-inclusivo, extensivo, o Ungido de Deus, Cristo
deseja não somente habitar em nós, mas também
fazer morada em nós. Isso certamente é subjetivo. A
raiz da Palavra grega traduzida por habite em Efésios
3:17 é a mesma que a raiz da palavra casa, ou
habitação. Cristo deseja habitar, acolher-se, fazer
morada, em nós. A experiência de Cristo
acolhendo-se em nós é, de fato, bastante subjetiva.
Contudo, na maior parte dos casos, essa experiência é
negligenciada pelos cristãos.
Os ensinamentos entre os cristãos enfatizam
principalmente que Cristo é nosso Redentor e
Salvador, que, como Deus, deve ser o objeto de nossa
adoração e os cristãos devem melhorar a conduta.
Cremos plenamente que Cristo é nosso Redentor e
Salvador, que Ele é Deus, e que devemos adorá-Lo.
124
“COINERÊNCIA”3
Quero enfatizar uma vez mais que estar no nome
do Senhor não é apenas usar Seu nome como selo ou
assinatura no fim da oração. Significa estar na Pessoa
do Senhor Jesus. Quando Cristo, o Filho, veio em
nome do Pai, não usava o nome do Pai como
assinatura ou selo. Em vez disso, Ele veio na pessoa
do Pai. Não devemos pensar que quando o Senhor
Jesus veio, somente o Filho veio, e não o Pai também.
Não; quando o Filho veio, o Pai veio Nele e com Ele.
João 14:23 prova isso: “Se alguém Me ama, guardará
a Minha palavra; e Meu Pai o amará, e viremos a ele e
faremos com ele morada”. Por um lado, o Senhor fala
do Pai nos amando; por outro, fala do Pai e do Filho
vindo a nós e fazendo morada conosco. De acordo
3
Ver nota na mensagem 38, pág. 392. (N.T.)
125
SATURADOS DA PALAVRA
Em Colossenses 3:17 Paulo diz: “E tudo o que
fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em
nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus
Pai”. Fazer tudo em nome do Senhor Jesus está
relacionado com deixar a palavra de Cristo
saturar-nos e permear-nos. Somos enchidos,
saturados da Palavra e permeados com ela quando a
oramos, cantamos e salmodiamos e por ela damos
graças a Deus Pai. Desse modo, estimulamos todo o
126
UM COM O SENHOR
Em Colossenses 3:18--4:1 Paulo fala às mulheres,
aos maridos, aos filhos, aos pais, aos servos e aos
senhores. As mulheres devem ser sujeitas ao marido,
os maridos devem amar a mulher, os filhos devem
obedecer os pais, os pais não devem provocar os
filhos, os servos devem obedecer os senhores e os
senhores devem conceder aos servos o que é justo e
equitativo. Mas como a mulher submete-se ao
marido, ou o marido ama a mulher? A única maneira
de submeter-se ou amar é estar no nome do Senhor,
ser um com o Senhor.
Note que 3:18--4:1 é a continuação direta da
palavra de Paulo nos versículos 16 e 17. Isso quer
dizer que se não estivermos no nome do Senhor
Jesus, sendo um com Ele tendo a palavra de Cristo a
habitar em nós ricamente, não podemos
submeter-nos ou amar. O cumprimento de todas as
palavras dadas por Paulo nesse trecho de Colossenses
provém de estarmos “no nome do Senhor Jesus”. Se
uma irmã estiver mesclada com o Senhor e for uma
com Ele, irá espontaneamente submeter-se ao
marido. Do mesmo modo, se o marido estiver
mesclado com o Senhor, irá automaticamente amar a
mulher. De modo semelhante, o filho honrará os pais,
o pai irá refrear-se de provocar os filhos, o servo
obedecerá o senhor, e o senhor dará ao servo o que é
justo e equitativo. Isso quer dizer que a mulher deve
submeter-se ao marido no nome do Senhor, e o
marido deve amar a mulher também no nome do
128
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA E TRÊS
CRISTO, SALVAÇÃO, DEUS E A PALAVRA DA VIDA
REPRODUZIR O MODELO
O próprio modelo revelado em 2:5-11 deve agora
tornar-se nossa salvação. Isso é indicado pelas
palavras “assim, pois” no início do versículo 12. Após
dar-nos clara visão de Cristo como nosso maravilhoso
modelo, Paulo diz: “Assim, pois, amados meus, (...)
desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”.
Como nosso modelo, Cristo é tanto inclusivo
quanto exclusivo. O modelo é exclusivo porque exclui
tudo o que é mundano, carnal ou pecaminoso. Não há
maneira de as coisas negativas terem parte Nele ou
acesso a Ele. Mas, do lado positivo, Ele é
todo-inclusivo, pois é o Salvador homem-Deus que Se
esvaziou e Se humilhou e foi exaltado e glorificado
por Deus. Com tal modelo disponível a nós, devemos
agora desenvolver nossa salvação.
Desenvolver nossa salvação é desenvolver esse
modelo e tornar-se, na experiência, uma reimpressão
dele. Cristo como modelo pode ser comparado a uma
página matriz usada para imprimir um livro, e nossa
experiência subjetiva do modelo tornando-se nossa
salvação pode ser comparada à impressão das
134
SALVAÇÃO DE MURMURAÇÕES E
ARRAZOAMENTOS
A salvação em 2:12 não é a salvação da
condenação de Deus ou do inferno, mas refere-se à
salvação que experimentamos dia após dia. Em
particular, é a salvação de murmurações e
arrazoamentos. No versículo 14 Paulo diz “Faze i tudo
sem murmurações nem contendas”. [O termo
contenda pode ser traduzido por arrazoamento.]
Precisamos de uma salvação instantânea para
livrar-nos das murmurações e arrazoamentos.
Temos enfatizado que as irmãs têm um problema
em especial com as murmurações, e os irmãos, com
os arrazoamentos. Geralmente as mulheres são dadas
a murmurar, e os maridos, a arrazoar. Pelo fato de
sermos todos atribulados por murmurações ou
arrazoamentos, precisamos do tipo de salvação que
possa resgatar-nos, não somente da condenação de
Deus e do lago de fogo, mas também das
murmurações e arrazoamentos. Isso significa que
precisamos de uma salvação subjetiva, cada
momento.
Temos visto que, como nosso modelo, Cristo
esvaziou-Se e humilhou-Se e também foi exaltado e
glorificado por Deus. Irmãs, vocês acham que
enquanto murmuram Deus irá exaltá-las? Irmãos,
135
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA E QUATRO
A PALAVRA DE DEUS É A CORPORIFICAÇÃO DO
DEUS VIVO
O DEUS PROCESSADO
Devemos afastar-nos da teologia tradicional e
voltar-nos à pura Palavra de Deus. De acordo com a
Bíblia, o Deus Triúno foi processado para tomar-se
Espírito que dá vida. Com base na revelação na
Palavra, podemos dizer que Deus hoje é o Deus
processado. Ele não é mais não-processado ou “cru”.
Dizer que Deus foi processado quer dizer que Ele se
tornou um menino nascido de uma virgem e que,
como homem, foi crucificado, sepultado, visitou o
Hades e entrou na ressurreição. Isso certamente foi
um processo. Portanto, podemos falar de nosso Deus
como o Deus processado.
145
O FALAR DE DEUS
Além dos atos de Deus, a Bíblia revela o falar de
Deus. Deus é um Deus que fala. Hebreus 1:1-2 dizem:
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes
últimos dias, nos falou pelo Filho”. Como resultado
dos atos de Deus, temos o Espírito que dá vida, e
como resultado do falar de Deus, temos a Palavra.
Além disso, a Palavra é a palavra da vida.
O ESPÍRITO E A PALAVRA
Podemos usar a eletricidade como ilustração do
Espírito e da Palavra. Com a aplicação da
eletricidade, há freqüentemente a necessidade de
uma antena e de um fio terra. Por meio de uma
antena e de um fio terra a eletricidade pode ser
aplicada de diferentes modos e irá fluir. O Espírito
pode ser comparado à antena, e a Palavra, ao fio
terra. Muitos cristãos hoje concentram-se na Palavra
147
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA E CINCO
A PALAVRA DA VIDA É IDÊNTICA AO CRISTO VIVO
O DEUS TRÊS-UM
O Deus Triúno é misterioso, muito além de nossa
compreensão. Dizer que Deus é triúno significa que
ele é três-um. A palavra triúno é derivada do latim tri
—, que significa três, e — uno, que significa um.
Portanto, a palavra triúno na verdade não significa
três-em-um; ela significa três-um.
Um Nome Três-Um
De acordo com a Bíblia temos o Deus único, que
é chamado Pai, Filho e Espírito Santo. Mateus 28:19
indica que QS Três da Deidade têm somente um
nome. Esse versículo fala de batizar os que crêem no
nome do Pai do Filho e do Espírito. Temos aqui um
nome três-um. Isso é um fato divino, embora nossa
linguagem não seja adequada para expressá-lo.
Muitos cristãos hoje, talvez inconscientemente,
apegam-se ao triteísmo, a crença em três Deuses. O
ensinamento tradicional da Trindade tem uma
tendência para o triteísmo. Mas nós não cremos no
triteísmo; cremos na revelação do Deus Triúno de
acordo com a Bíblia.
Com respeito à Deidade, muitos trechos da
Palavra são intrigantes. Por exemplo, Hebreus 1:2 diz
que Deus nos tem falado no Filho. Mas de acordo com
o versículo 8, o Filho é citado como Deus. Além do
mais, falando de Deus, o versículo 9 usa então a
expressão “o teu Deus”. De acordo com a gramática,
isso deve significar o Deus de Deus. Como podemos
entender isso? Certamente é misterioso. Versículos
154
O ESPÍRITO
É crucial perceber que, tendo passado por vários
passos de um processo, o Deus Triúno hoje tornou-se
o Espírito. João 7:39 diz: “Ainda não havia o Espírito,
porque Jesus não havia sido ainda glorificado”.
Embora o Espírito de Deus tenha sempre existido,
esse versículo contudo diz que ainda não havia o
Espírito. A expressão “o Espírito” aqui denota o Deus
Triúno: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, processado
para tornar-se o Espírito todo-inclusivo que dá vida.
Esse Espírito é todo-inclusivo porque inclui não
somente divindade, mas também humanidade, viver
humano, crucificação, ressurreição e ascensão. Ele
inclui tudo o que o Deus três-um é, tem, e realizou e
alcançou. Portanto, o Espírito é a totalidade de tudo o
que o Deus três-um é, tem, e realizou e alcançou.
A IMPORTÂNCIA DO ESPÍRITO
Embora tivesse adotado a prática de orar
enquanto lia a Palavra, ainda não sabia como
exercitar o espírito. Foi do irmão Watchman Nee que
recebi ajuda nessa questão. O irmão Nee enfatizava a
necessidade de exercitar o espírito. Ele dizia que
quando falamos aos outros, especialmente ao dar
uma mensagem, precisamos externar nosso espírito
exercitando-o. Ele enfatizava que se usarmos certa
parte de nosso ser enquanto falamos aos outros,
tocaremos a mesma parte neles. Por exemplo, se
usarmos a mente, tocaremos a mente dos outros. Se
falarmos a partir da emoção, tocaremos os outros na
emoção. Para tocar o espírito dos outros, o irmão Nee
nos dizia, devemos usar o espírito.
O Espírito Adormecido
Pelo fato de o homem ser caído, seu espírito está
adormecido, enquanto a mente e a emoção da alma
estão extremamente ativas. Com os homens a mente é
ativa; com as mulheres, é a emoção que é ativa. A
parte mais ociosa e adormecida do ser do homem
caído é o espírito. Mesmo depois de salvos e
regenerados, o espírito pode permanecer ocioso e
adormecido. Quando certas irmãs oram, talvez orem
pela emoção em vez de orar pelo espírito. Quando
oram ao Senhor sobre seus problemas, elas podem
chorar. Se exercitarem o espírito em vez da emoção,
irão orar de maneira muito diferente sobre seus
159
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA E SEIS
OS FILHOS DE DEUS BIDLHAM COMO LUZEIROS
EXPONDO A PALAVRA DA VIDA
ORAR-LER A PALAVRA
Em 2:14 a 16 há muitas palavras e frases
importantes: murmurações, arrazoamentos,
irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus, inculpáveis,
geração pervertida e corrupta, brilhar como luzeiros,
expor a palavra da vida. Precisamos orar-ler essas
palavras várias vezes. Por exemplo, se orarmos com
as palavras murmurações e arrazoamentos em 2:14,
inspiraremos o sopro de Deus. Ainda mais, iremos
odiar nossas murmurações e arrazoamentos e
aspiraremos ser salvos deles. Orando-lendo a Palavra,
respondemos a ela. Então, na experiência, a Palavra
não é um livro de letras mortas; pelo contrário, é o
sopro de Deus, até mesmo Sua respiração.
Algumas vezes quando oramos-lemos a Palavra,
podemos orar um versículo inteiro de uma vez. No
entanto, freqüentemente é melhor orar-ler palavra
por palavra ou frase por frase. Ninguém pode comer
um frango inteiro de uma só vez. Pelo contrário,
comemos um pouco de cada vez. No mesmo
princípio, devemos orar-ler a Palavra um pouco de
cada vez, talvez até mesmo palavra por palavra. Se
orarmos com as palavras murmurações e
arrazoamentos em 2:14, receberemos uma injeção
164
CANTAR A PALAVRA
Podemos não perceber quanto somos
influenciados pelo cristianismo tradicional, até
mesmo na maneira de ler a Bíblia. Colossenses 3:16
165
FILHOS DE DEUS
O que eu disse até aqui é a introdução desta
mensagem, intitulada “Os Filhos de Deus Brilham
como Luzeiros Expondo a Palavra da Vida”. A
expressão “filhos de Deus” implica a vida e a natureza
de Deus. Como filhos de Deus, temos Sua vida e a
natureza. Assim como um filho tem a vida e a
natureza do pai porque nasceu dele, e não porque foi
adotado por ele, do mesmo modo nós temos a vida e a
natureza de Deus Pai porque nascemos Dele, e não
porque fomos meramente adotados por Ele. Louvado
seja o Senhor porque somos filhos do Deus Triúno
com a vida e a natureza divina!
Você não teria um sentimento especial de
orgulho se fosse o filho do presidente da República?
Não se sentiria honrado e não gostaria de gloriar-se
desse fato? Nós, contudo, temos uma filiação muito
mais elevada. Somos filhos de Deus e temos a vida e a
natureza divina! Antes éramos pecadores, mas agora
somos filhos de Deus. Quão glorioso é que sejamos
filhos divinos de Deus!
Visto que temos a vida divina e a natureza divina,
podemos, de fato, dizer que somos divinos. Contudo,
isso certamente não quer dizer que evoluímos até a
Deidade ou nos tornaremos Deus como objeto de
adoração. Além do mais, isso não é ensinar o
panteísmo ou a deificação do homem. Contudo,
podemos ser audaciosos em declarar que, como filhos
169
A FUNÇÃO DE BRILHAR
Em 2:15 Paulo passa a dizer que, como filhos de
Deus, nós resplandecemos “como luzeiros no
mundo”. A palavra grega traduzida por luzeiros
significa astros que refletem a luz do sol. A questão de
brilhar como luzeiros indica nossa habilidade de
funcionar. Louvado seja o Senhor pois somos capazes
de brilhar! Não somente somos filhos de Deus, mas
também luzeiros com a função celestial de refletir
Cristo como sol real.
Todo tipo de vida tem sua função específica. A
função da macieira é produzir maçãs e nossa função
como luzeiros que têm a vida e a natureza divina é
brilhar. Como filhos de Deus com a vida divina temos
a função de brilhar. No viver diário não devemos
meramente conduzir-nos de acordo com certo
padrão; devemos brilhar.
Como luzeiros, em nós mesmos não possuímos
nenhuma luz. Nosso brilho é simplesmente o reflexo
da luz que recebemos de outra fonte. Cristo é a luz, o
sol real, e nós O refletimos expondo a palavra da vida.
Assim, o nosso brilho é, na verdade, o reflexo de
170
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA E SETE
A SALVAÇÃO CONSTANTE NA VIDA PRÁTICA
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA E OITO
SALVAÇÃO CONSTANTE POR MEIO DA PROVISÃO
ABUNDANTE DO ESPÍRITO DE JESUS CRISTO E DA
OPERAÇÃO INTERIOR DO DEUS QUE HABITA EM
NÓS
A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO
CONSTANTE NA VIDA FAMILIAR E NA VIDA
DA IGREJA
A salvação de Deus em Cristo é não somente
eterna, mas também constante e prática. Em certo
183
SALVOS DA CORRUPÇÃO
Em 2:12-15 Paulo fala de desenvolver a nossa
salvação em relação às murmurações, arrazoamentos,
culpa, falsidade, manchas, corrupção e perversão.
Isso indica que precisamos ser salvos de todas essas
coisas negativas. Se ainda somos corruptos de alguma
maneira, então, quer sejamos cristãos ou não, somos
parte da geração corrupta de hoje. Ser salvo da
geração corrupta é ser salvo da corrupção. Todos
precisamos de uma salvação para hoje, a salvação
revelada em Filipenses.
Divindade
Precisamos ver o que a provisão abundante do
Espírito inclui. Primeiramente, a provisão abundante
186
Humanidade
A provisão abundante também inclui uma
humanidade elevada, uma humanidade com uma
vida, viver, natureza e Pessoa adequadas. O Senhor
Jesus é tanto Deus como homem. Nele há tanto a
divindade como a humanidade. Assim, quando estava
na terra, Ele vivia como Deus e também como
homem. Tudo que o Senhor passou em trinta e três
anos e meio de vida na terra está agora no Espírito
todo-inclusivo. Portanto, divindade e humanidade,
incluindo o viver humano do Senhor Jesus, estão na
provisão abundante do Espírito todo-inclusivo.
SALVO DE MURMURAÇÕES E
ARRAZOAMENTOS
Em Filipenses 1 Paulo foi salvo de certa situação
por meio da provisão abundante do Espírito. No
capítulo dois ele passa a mostrar como os crentes
podem experimentar uma salvação constante nas
coisas comuns da vida diária. Por exemplo, 2:14 diz:
“Fazei tudo sem murmurações nem arrazoamentos”
(lit.). Murmurações e arrazoamentos são coisas que
experimentamos diariamente. Podemos não
experimentar ódio ou ira todos os dias, mas
certamente arrazoamos e murmuramos todos os dias.
Na vida conjugal, as mulheres são dadas
especialmente à murmuração, e os maridos, ao
arrazoamento. Em certo sentido, a vida conjugal
natural é uma vida de murmurações e arrazoamentos.
Se um irmão vivesse sozinho, sem esposa por
companhia, teria poucas ocasiões para murmurar e
arrazoar. A vida conjugal, contudo, dá a ele ampla
oportunidade para ambas as coisas. Do mesmo modo,
antes de uma irmã casar-se, ela pode não murmurar
por pequenas frustrações. Agora, após estar casada,
190
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM QUARENTA E NOVE
A PROVISÃO DIVINA E RICA PARA NOSSA SALVAÇÃO
CONSTANTE
O MODELO E O PADRÃO
Embora não possamos participar da redenção de
Cristo, precisamos ser participantes com Ele de Seu
viver humano, especialmente de Seu esvaziar-Se,
humilhar-Se e não apegar-se à igualdade com Deus
como um tesouro. Embora subsistisse na forma de
196
FILHOS DE DEUS
O terceiro aspecto é que somos filhos de Deus
(2:15). Porque temos proclamado essa verdade,
alguns nos têm acusado falsamente de ensinar a
evolução até Deus. Certamente não ensinamos a
evolução até Deus. De acordo com a Bíblia,
testificamos que, como filhos de Deus, nascemos
Dele. Assim como a descendência do cachorro tem a
200
interior.
Temos visto que o primeiro aspecto da provisão
divina para nossa salvação constante é o modelo com
o padrão, e o segundo aspecto é a operação interior
do Deus que se encarnou, morreu na cruz, e foi
ressuscitado e exaltado. Esse Deus entrou em nós
para exteriorizar esse modelo em nós. Em primeiro
lugar Ele nos regenerou, dispensando Sua vida divina
com a natureza divina a nós para fazer-nos
homens-Deus, filhos de Deus. Agora Ele habita em
nós para operar em nós continuamente. Porque
temos o Deus que habita e opera em nós, Hebreus
8:11 diz: “E não ensinará jamais cada um ao seu
próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão,
desde o menor deles até ao maior”. Visto que Deus
opera em nós, sabemos o que Ele deseja fazer e o que
devemos fazer. Por exemplo, quando a esposa de um
irmão causa-lhe dificuldades, ele não precisa de um
pastor para instruí-lo. Por meio do Deus que opera,
ele sabe que deve deixar de lado seu encabeçamento
e, de acordo com o modelo do Senhor Jesus, estar
disposto a servi-la como escravo.
A PALAVRA DA VIDA
O quinto aspecto é encontrado na frase “expondo
a palavra da vida” (v. 16 — TB). Em 1:19 temos a
provisão abundante do Espírito de Jesus Cristo, e em
2:16 temos a palavra da vida. Entre eles temos o
modelo da salvação com o padrão, o Deus que opera,
a vida divina com a natureza divina, e a função de
refletir a luz de Cristo. Que provisão tremenda! Com
tal rica provisão podemos ser salvos constantemente.
Agradecemos ao Senhor por dois grandes dons: o
Espírito e a Palavra, a Bíblia. Todo filho de Deus deve
aprender a se aprofundar na Palavra de Deus pela
vida e natureza divinas. Isso é contatar a Escritura
exercitando o espírito para tocar o Deus que habita
em nós. Tal contato, baseado na vida e natureza
divinas, é muito diferente de ler a Bíblia com o mero
exercício da mente. Alguns cristãos analisam a Bíblia
de modo puramente mental, outros enfatizam a
memorização de versículos e ainda outros,
especialmente os que foram treinados em seminários,
expõem a Palavra de maneira doutrinária. Se
abordarmos a Bíblia somente dessas maneiras, não
tocaremos a palavra da vida. Em vez disso, a Bíblia
será para nós um livro de conhecimento, doutrina,
ensinamento e teologia. Uma vez regenerados do
Espírito, temos a vida divina, a natureza divina e até
mesmo a Pessoa divina, o próprio Deus, a habitar em
nosso espírito. Agora precisamos exercitar o espírito
sempre que nos achegamos à Palavra. Se fizermos
203
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA
O SACRIFÍCIO DA VOSSA FÉ
DEUS
Que é a fé que pode constituir um sacrifício
oferecido a Deus? Como crentes, todos temos certa
porção de fé. Se não tivéssemos fé, não poderíamos
ser crentes em Cristo. Embora tenhamos fé,
permanece a questão de se a nossa fé pode ou não ser
considerada alegremente pelos apóstolos um
sacrifício oferecido a Deus. Paulo era um sacerdote do
Novo Testamento. Ele diz em Romanos 15:16: “Que
seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios,
ministrando o evangelho de Deus, para que seja
agradável a oferta dos gentios, santificada pelo
Espírito Santo” (VRC). Como sacerdote do evangelho,
ele oferecia seus convertidos a Deus como sacrifício.
Em Filipenses 2:17 não são os próprios crentes que
são o sacrifício; é a fé deles. O pensamento em 2:17 é
mais profundo do que em Romanos 15:16. Você já
pensou na sua fé como sacrifício que tal ministro
pode oferecer a Deus?
De acordo com o versículo 17, Paulo desejava ser
derramado por libação sobre o sacrifício e serviço
sacerdotal da fé dos crentes. Ele percebia que um dia
seria martirizado. Como mártir, seria libação
derramada sobre o sacrifício da fé deles. No Antigo
Testamento a libação era derramada sobre as ofertas
básicas. Sem uma oferta básica, não poderia haver a
libação. Paulo considerava sua morte como mártir
uma libação. A oferta básica sobre a qual essa libação
iria ser derramada era a fé dos crentes em Filipos. É
muito importante que entendamos que tipo de fé
pode tomar-se o sacrifício sobre o qual a libação é
derramada. Assim, nesta mensagem procuraremos
entender a fé a qual Paulo se refere em 2:17.
207
O DESFRUTE DE CRISTO
Se tomarmos um trecho das Epístolas de Paulo e
nele permanecermos por um tempo, sentiremos algo
erguendo-se em nós com poder. Isso é o mesclar da
palavra e do Espírito com a nossa fé. Esse mesclar
sempre resulta no desfrute de Cristo. O que
desfrutamos em particular irá depender do que a
Palavra transmite especificamente a nós. Por
exemplo, se um pecador despender tempo em 1
Timóteo 1:15, um versículo que diz que Cristo Jesus
veio ao mundo para salvar os pecadores, ele será
infundido com um apreço por Cristo como seu
Salvador. Ele saberá que Cristo é capaz de salvá10.
Tal apreço por Cristo nesse aspecto é fé. Como já
enfatizamos, fé é o apreço por Cristo e a reflexão do
que Ele é e faz por nós. Sempre que um pecador tem
tal apreço por Cristo, ele tem a fé para ser salvo. Ele
realmente desfruta Cristo como seu Salvador.
Podemos também desfrutar Cristo orando-lendo
Efésios 3:17. Em particular, desfrutaremos Cristo
habitando em nosso coração pela fé, porque isso é o
211
O GOZO DA FÉ
Ter o desfrute de Cristo é ter o gozo da fé. Paulo
fala do gozo da fé em Filipenses 1:25: “E, convencido
disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com
todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé”. Paulo
estava constrangido por duas coisas: o desejo de
partir e estar com Cristo e a necessidade de
permanecer na carne por causa dos santos (vs.
23-24). Por fim ele concluiu que permaneceria e
continuaria com os crentes para o progresso e o gozo
da fé deles. A expectativa de Paulo era que ele
ministraria mais de Cristo aos santos para que
tivessem mais experiência Dele. Por meio do
ministério de Paulo, receberiam mais infusão e como
resultado teriam mais fé. Essa fé lhes traria, então,
maior desfrute de Cristo. Desse modo teriam o
progresso e alegria da fé.
Hoje temos a palavra completa de Deus. Eu os
encorajo a estudar toda a Bíblia, mas especialmente
Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses, livros que
completam a palavra de Deus. Se você deseja ter a fé
que o introduz no pleno desfrute de Cristo com a
igreja, precisa tornar-se totalmente familiarizado com
esses quatro livros.
215
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E UM
SER ACHADO EM CRISTO, NA JUSTIÇA DE DEUS,
MEDIANTE A FÉ EM CRISTO
A EXCELÊNCIA DO CONHECIMENTO DE
CRISTO
Em 3:8 Paulo fala da “excelência do
conhecimento de Cristo Jesus” (VRC). A excelência
do conhecimento de Cristo não se refere ao
conhecimento que Cristo tem refere-se a conhecer
Cristo. E o conhecimento pelo qual conhecemos que
tipo de Cristo Ele é. Esse conhecimento tem sua
excelência.
Paulo obteve a excelência do conhecimento de
220
A FÉ DE CRISTO
Como pode a justiça de Deus tornar-se nosso
viver diário? Somente mediante a fé em Cristo. Assim
como a justiça de Deus é o próprio Deus, a fé em
Cristo é o próprio Cristo. A fé em Cristo não é
simplesmente algo que pertence a Cristo; é, na
verdade, o próprio Cristo. Somente pelo ouvir da
Palavra a fé em Cristo pode tornar-se nossa. Por
intermédio da Palavra temos o elemento de Cristo
infundido em nós. Ao mesmo tempo,
experimentamos a função do Espírito. O resultado
dessa infusão e função é a fé que resulta numa união
orgânica entre nós e o Deus Triúno. Essa fé, que é de
fato o próprio Cristo, faz com que sejamos
organicamente unidos a Deus. Em tal união orgânica,
nós e Deus somos um só espírito. Nós vivemos, e
Deus vive em nós. Deus vive, e nós vivemos Nele.
Não devemos pensar que estamos em Deus, mas
Ele não esteja em nós, ou que Ele está em nós, mas
225
O ESPÍRITO E A PALAVRA
Para que tenhamos entendimento adequado de
3:9 devemos considerá-lo de acordo com o contexto
de todo o livro de Filipenses. Em 1:19 Paulo fala da
provisão abundante do Espírito de Jesus Cristo. Essa
provisão abundante não apenas pertence ao Espírito;
na verdade, é o próprio Espírito. No mesmo princípio
a expressão o Espírito de Jesus Cristo não significa
que o Espírito simplesmente pertence a Cristo; quer
dizer que o Espírito é Cristo. Assim como o Filho de
Deus é o próprio Deus, o Espírito de Cristo é o
próprio Cristo. Cristo é o Espírito, e o Espírito é a
provisão abundante.
Em 2:16 Paulo passa a falar da palavra da vida.
226
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E DOIS
OBTER CRISTO EXPERIMENTANDO O PODER DE
SUA RESSURREIÇÃO
ressurreição.
A RESSURREIÇÃO E OS SOFRIMENTOS DE
CRISTO
“Para o conhecer” refere-se a conhecer Cristo de
maneira geral. Mas conhecer o poder da ressurreição
de Cristo e a comunhão de Seus sofrimentos e ser
conformado à Sua morte são detalhes relacionados
com conhecer Cristo. Na verdade conhecer Cristo
aqui quer dizer conhecer o poder de Sua ressurreição
e a comunhão de Seus sofrimentos. Alguns cristãos
afirmam que têm conhecido Cristo por anos, mas não
conhecem o poder da Sua ressurreição, embora
possam perceber que Cristo é poderoso e que
demonstrou Seu poder ressuscitando a Lázaro dentre
os mortos. Contudo, a ressurreição de Lázaro é
bastante diferente do poder da ressurreição de Cristo.
Lázaro, mais tarde, morreu e foi novamente
sepultado, mas a ressurreição de Cristo foi uma
ressurreição que O conduziu ao trono. Quando Paulo
fala do poder da ressurreição de Cristo, ele tem em
mente algo diferente do poder manifestado na
ressurreição de Lázaro. Ele fala de uma ressurreição
que pode ser chamada a ressurreição de Cristo. Ele
queria conhecer o poder da Sua ressurreição.
No versículo 10 Paulo menciona a comunhão dos
sofrimentos de Cristo. É possível sofrer sem
participar dos sofrimentos de Cristo. Por exemplo,
alguém pode perder o emprego porque deixou de
234
A REALIDADE DA RESSURREIÇÃO DE
CRISTO
A realidade do poder da ressurreição de Cristo é
o Espírito. Romanos 1:4 prova isso dizendo que Cristo
foi “designado Filho de Deus com poder, segundo o
espírito de santidade pela ressurreição dos mortos”.
Além disso, Romanos 8:11 diz: “Se habita em vós o
Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os
mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos vivificará também o vosso corpo
mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita”.
Esses dois versículos indicam que o Espírito é a
realidade do poder da ressurreição de Cristo. Na
verdade, o próprio Cristo é o poder de Sua
ressurreição, e o Espírito é Cristo em ressurreição.
Precisamos experimentar esse poder para obter
237
Cristo.
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E TRÊS
OBTER CRISTO ALCANÇANDO A RESSURREIÇÃO
EXTRAORDINÁRIA
O ALVO E O PRÊMIO
Há uma diferença entre o alvo e o premio. Paulo
prosseguia para o alvo, para o prêmio do
chamamento do alto de Deus. Todo chamamento tem
um propósito com um alvo. Quais são o propósito e o
alvo do chamamento do alto de Deus? A expressão
“chamamento do alto” usada aqui não significa que a
chamada é elevada; quer dizer que essa chamada é do
alto, isto é, proveniente dos céus. Traduzido
literalmente, o grego significa “a chamada de cima”.
Em Hebreus 3:1, Paulo usa o termo “vocação
celestial”, ou chamamento celestial. A ressurreição
extraordinária é tanto o propósito como o alvo do
chamamento do alto de Deus. Portanto, se
considerarmos 3:10-14 cuidadosamente,
perceberemos que a ressurreição extraordinária é o
assunto de Paulo.
O termo “ressurreição extraordinária” é
encontrado na Bíblia somente em 3:11. De acordo
com meu conhecimento, a maior parte das traduções
ignoram o prefixo grego ek, que significa “fora”. Aqui
Paulo adiciona esse prefixo à palavra grega usual para
ressurreição. Qual era sua razão para fazer isso? De
acordo com sua visão e experiência, ele percebeu que
a intenção de Deus no universo está totalmente
relacionada com algo que é novo, algo em
241
O ALVO DE PAULO
De acordo com a gramática, a ressurreição
extraordinária no versículo 11 é o alvo do que Paulo
buscava no versículo 10. Nesses versículos ele diz:
“Para O conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a
comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me
com Ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar
a ressurreição extraordinária dentre os mortos” (lit.).
No versículo 10 vemos que ele almejava conhecer
Cristo, o poder de Sua ressurreição e a comunhão dos
Seus sofrimentos, sendo conformado à Sua morte. Ele
desejava conhecer, experimentar e desfrutar Cristo. O
seu alvo é encontrado no versículo 11: alcançar a
ressurreição extraordinária. De fato, esse não é o alvo
somente do versículo 10, mas também dos versículos
8 e 9. Ele considerava todas as coisas como refugo
para ganhar a Cristo (v. 8) e ser achado Nele (v. 9),
conhecer Cristo, o poder de Sua ressurreição e a
comunhão dos Seus sofrimentos, sendo conformado à
Sua morte, para alcançar a ressurreição
extraordinária. De acordo com a gramática, essa é a
interpretação adequada dos versículos 8 a 11. O alvo
de Paulo era alcançar a ressurreição extraordinária.
Nesta mensagem precisamos considerar como
atingir o alvo da ressurreição extraordinária. Para
isso, devemos conhecer Cristo no poder de Sua
ressurreição, na comunhão dos Seus sofrimentos e na
conformação à Sua morte.
PARA DEUS
Pela encarnação o Senhor Jesus vestiu a natureza
humana. Ele vestiu um corpo de sangue e carne. Esse
corpo pertencia à velha criação ou à nova criação?
Sangue e carne são parte da velha criação. Primeira
Coríntios 15:50 diz que “a carne e o sangue não
podem herdar o reino de Deus”. Isso inclui a carne e o
sangue do Senhor Jesus. O princípio aqui é que nada
que pertença à velha criação tem algo a ver com o
reino de Deus. Portanto, o corpo vestido pelo Senhor
Jesus pertencia à velha criação.
Nos anos em que viveu na terra, o Senhor Jesus
teve um viver humano. Esse viver era parte da velha
criação ou da nova criação? Embora tivesse um corpo
de carne e sangue pertencente à velha criação e
embora vivesse no ambiente da velha criação, a vida
que Ele vivia não pertencia à velha criação. Pelo
contrário, pertencia completamente à nova criação.
Mas como poderia Ele, uma pessoa com corpo
pertencente à velha criação e habitando num
ambiente da velha criação, viver uma vida que
pertencia à nova criação? Ele podia fazer isso
morrendo continuamente para seu corpo e ambiente
da velha criação e vivendo para Deus. Essa era a
maneira que Ele vivia uma vida que pertencia
inteiramente à nova criação.
Não devemos pensar que o Senhor Jesus morreu
somente quando foi crucificado. Não, Ele começou a
morrer, isto é, a ter um viver crucificado, logo que
nasceu. Ele certamente viveu uma vida humana, mas
foi uma vida crucificada. Vivendo uma vida
crucificada Ele morria para a velha criação.
O fato de o Senhor ter vivido uma vida
244
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E QUATRO
PROSSEGUIR PARA O ALVO A FIM DE OBTER O
PRÊMIO DO CHAMAMENTO DO ALTO
Deus.
Não devemos achar que Cristo nunca esteve na
velha criação. De acordo com Colossenses 1:15, Ele foi
o Primogênito da criação de Deus. Seu corpo físico
pertencia à velha criação e, vivendo na casa de um
carpinteiro em Nazaré, Ele viveu no ambiente da
velha criação. Por fim, Ele tomou a velha criação
sobre Si e pregou-a na cruz. Agora, em ressurreição,
Ele está absolutamente fora da velha criação e está
em Deus. Tudo o que Ele é, tem e faz estão em Deus.
Esse é o significado da ressurreição extraordinária.
Se desejamos conhecer Cristo, devemos conhecer
essa ressurreição extraordinária e alcançá-la. As
palavras de Paulo “alcançar a ressurreição
extraordinária” (lit.) implicam em um alvo. Esse alvo,
mencionado no versículo 14, é a ressurreição
extraordinária no versículo 11. Portanto, alcançar a
ressurreição extraordinária é atingir o alvo. Nos
versículos 12 e 13, Paulo confessou que julgava ter
alcançado o alvo. Mas esquecendo-se das coisas que
ficaram para trás e avançando para as coisas que
estavam adiante, ele perseguia o alvo da ressurreição
extraordinária.
Numa mensagem anterior eu disse que o alvo é o
próprio Cristo, e agora digo que o alvo é a
ressurreição extraordinária. Dizer que Cristo é o alvo
é falar de maneira geral de acordo com os versículos 8
e 9. Mas, de maneira específica, o alvo é a
ressurreição extraordinária. Se considerarmos o
versículo 14 em relação ao 11, veremos que o alvo
deve ser a ressurreição extraordinária. Portanto,
genericamente falando, o alvo é Cristo, mas,
especificamente falando, o alvo é a ressurreição
253
extraordinária.
Precisamos agora fazer uma pergunta
importante: Podemos atingir o alvo da ressurreição
extraordinária nesta era, ou podemos somente correr
a corrida e esperar atingir o alvo na era vindoura?
Alguns podem achar que devemos esperar até a era
vindoura para atingir o alvo. Mas, se não chegarmos
ao alvo nesta era, não o alcançaremos na próxima.
Devemos empenhar-nos para chegar ao alvo em
nossa vida.
Em 1:21 Paulo diz: “Para mim o viver é Cristo”.
Esse Cristo era seu alvo. Portanto, para ele o viver era
o alvo: Cristo como a ressurreição extraordinária.
Além do mais, o viver para nós deve ser também a
ressurreição extraordinária, pois o próprio Cristo a
quem devemos viver é a ressurreição extraordinária.
Isso quer dizer que dia após dia devemos viver a
ressurreição extraordinária. Por exemplo, suponha
que certo irmão ame muito a esposa. Ele precisa
perguntar-se se seu amor é natural ou em
ressurreição. Até mesmo maridos não-cristãos podem
amar a mulher de maneira natural. Se um irmão ama
a esposa em ressurreição, seu amor será fora da velha
criação e em Deus. Isso mostra que viver Cristo é
viver a ressurreição extraordinária, é ter um viver
absolutamente fora da velha criação e em Deus.
Quando era jovem, ficava a imaginar qual era a
dificuldade de Paulo em alcançar o alvo. Achava que
as perseguições que ele sofria tomavam isso difícil.
Parecia-me que a oposição dos outros o atrapalhava
de correr a corrida cristã. Anos depois, pela
experiência, vi que para mim é mais fácil vencer as
perseguições do que amar minha esposa na
254
nova criação.
Paulo sabia pela experiência que não é fácil ter
um viver totalmente fora da velha criação e em Deus.
Em 1:21 ele podia declarar: “Para mim, o viver é
Cristo”. Mas no capítulo um temos simplesmente a
declaração, e não a explicação ou a definição. No
capítulo três, vemos que viver Cristo é viver a
ressurreição extraordinária, e esse deve ser nosso
alvo. Nossos feitos e palavras devem estar em
ressurreição. Se certo feito não estiver em
ressurreição, não devemos fazê-lo. Se certa palavra
não estiver em ressurreição, não devemos dizê-la. A
questão não é se certa coisa é certa ou errada, mas se
está ou não em ressurreição. Até mesmo nosso amor
precisa estar em ressurreição.
Na ressurreição extraordinária não há nenhum
elemento da velha criação. Em vez disso, tudo está
cheio do elemento divino. Essa é a razão pela qual as
pessoas sentem Deus quando estão com alguém que
vive na ressureição extraordinária. O seu viver, obras
e palavras estão em ressurreição. Essa é a
ressurreição extraordinária na vida diária. Em
Filipenses 3 Paulo buscava esse viver. Isso é o que ele
tinha em mente quando declarou que seu desejo era
conhecer Cristo e o poder de Sua ressurreição e de
algum modo alcançar a ressurreição extraordinária.
Não julgando haver alcançado, ele prosseguia em
direção ao alvo da ressurreição extraordinária.
Agradecemos ao Senhor por mostrar-nos as
profundezas desses versículos em Filipenses 3. O que
Ele falou com respeito à ressurreição extraordinária
não será em vão. Creio que muitos de nós terão um
viver fora da velha criação e em Deus.
256
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E CINCO
A ÚNICA MENTE E O ÚNICO ANDAR
PERCEPÇÃO E RESOLUÇÃO
Não podemos negar que recebemos a revelação
do Senhor a respeito do Cristo todo-inclusivo.
Somente a revelação de Deus pode fazer com que
tenhamos “esta mente”, a mente única, a mente que
estava em Paulo e em muitos que amam o Senhor
Jesus e O buscam. É uma mente que não busca uma
obra ou um movimento, mas busca uma vida
absolutamente fora da velha criação e em Deus. Essa
é a mente única em Filipenses 3.
“Esta mente” envolve tanto percepção como
resolução para prosseguir para o alvo. A prática da
religião e da ética é totalmente diferente da percepção
do alvo de Deus e da resolução de buscá-lo. Ter essa
265
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E SEIS
UMA VIDA CHEIA DE TOLERÂNCIA, MAS SEM
ANSIEDADE (1)
A NECESSIDADE DE APRENDER O
SEGREDO
Em 4:12 Paulo diz: “Aprendi o segredo” (NVI).
Fazer as coisas mencionadas no capítulo quatro
requer a vida divina. Paulo aprendera o segredo de
tudo poder Naquele que o fortalecia. No versículo 4
ele nos exorta a nos regozijar sempre no Senhor.
Podemos achar fácil regozijar-nos no Senhor. Na
verdade, regozijar-se Nele requer a ressurreição
extraordinária. A fim de regozijar-nos no Senhor
precisamos estar Nele como Aquele que nos fortalece.
Assim, até mesmo a questão aparentemente simples
de regozijar-se no Senhor requer que aprendamos o
segredo. Se não conhecermos o segredo, não seremos
capazes de nos regozijar.
Em 4:5 Paulo diz: “Seja a vossa tolerância
conhecida de todos os homens” (lit.). Em 2 Coríntios
10:1 ele diz: “Vos rogo pela mansidão e tolerância de
Cristo” (lit.). A tolerância mencionada em 4:5 não é
comum ou ética. E a tolerância de Cristo, um atributo
ou virtude espiritual de Cristo. Essa tolerância deve
tornar-se nossa, e então devemos fazê-la conhecida
de todos os homens.
Qual é o significado de tolerância e por que Paulo
a menciona em 4:5 em vez de alguma outra virtude?
Se ele nos tivesse dito que fizéssemos nosso amor ou
bondade conhecidos de todos os homens, esse
270
SEM ANSIEDADE
Se exercitamos a tolerância, não ficamos
ansiosos. Sempre que fazemos nossa tolerância
conhecida, nossa ansiedade é crucificada. Quando
exercitamos a tolerância, podemos alegrar-nos no
Senhor, e, quando nos alegramos no Senhor, nossa
ansiedade desaparece. Assim, a tolerância mantém o
regozijo e o regozijo afasta a ansiedade. Mas, sempre
que não exercitamos a tolerância, não somos capazes
274
A PROXIMIDADE DO SENHOR
Imediatamente após falar sobre tolerância, Paulo
prossegue: “Perto está o Senhor”. Como já falei, não
me oponho ao entendimento de que isso se refere à
proximidade da vinda do Senhor. Contudo, de acordo
com a experiência, e não com a doutrina, eu diria que
essa palavra refere-se à presença do Senhor conosco
hoje. Isso também fortalece a exortação de Paulo de
que façamos nossa tolerância conhecida de todos os
homens. Visto que o Senhor está perto, não temos
desculpa para não fazer conhecida nossa tolerância.
Freqüentemente falhamos em exercitar a tolerância
porque esquecemos que o Senhor está perto. Nem
mesmo lembramos que Ele está, na verdade, em nós.
Quando a esposa de um irmão serve a ele uma bebida
gelada em vez de quente, ele irá preocupar-se com a
bebida ou com o Senhor? Se ele se preocupar com a
bebida em vez de com o Senhor, então em sua
experiência somente a bebida estará perto, pois o
Senhor estará distante. Por não perceber que o
Senhor está perto, não exercitamos a tolerância. Em
vez disso, somos rigorosos ao lidar com os outros e
fazemos severas exigências sem considerar a situação
deles. Quanto mais percebermos a proximidade do
Senhor, mais estaremos satisfeitos, mais atenciosos
seremos com os outros e mais gentilmente sensatos
seremos com relação à situação deles. Se
percebermos que o Senhor está perto, iremos
voltar-nos da velha criação para a nova, para a
ressurreição extraordinária, que é expressa como
278
tolerância.
A EXPRESSÃO DA RESSURREIÇÃO
EXTRAORDINÁRIA
Viver uma vida cheia de tolerância exigiu de
Jesus Nazareno viver em ressurreição. Somente uma
vida na ressurreição extraordinária pode ser uma vida
de tolerância. A tolerância é, na verdade, a expressão
de um viver na ressurreição extraordinária, na nova
criação, e não na velha criação. Fazer nossa tolerância
conhecida de todos os homens não é simplesmente
ser amável ou paciente. Antes, é mostrar aos outros
um viver cristão adequado. Esse viver é Cristo como
ressurreição extraordinária expressa por meio da
tolerância.
VIVER NA RESSURREIÇÃO
280
EXTRAORDINÁRIA
Desejo enfatizar que a tolerância não é questão
de ética. Tolerância é Cristo. Nos capítulos um, dois e
três de Filipenses, Paulo tem muito a dizer com
respeito a Cristo. Então, em 4:5, ele fala de tolerância,
e não de Cristo. Na verdade, quando ele diz: “Seja a
vossa tolerância conhecida de todos os homens” (lit.),
está dizendo: “Seja Cristo manifestado e
engrandecido diante de todos os homens”. Após falar
sobre viver Cristo, engrandecê-Lo, tomá-Lo como o
modelo e persegui-Lo como o alvo, Paulo indica que
necessitamos vivê-Lo como nossa tolerância. Todos
precisamos que Ele seja nossa tolerância. Vivê-Lo
como tolerância é, de fato, viver na ressurreição
extraordinária.
281
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E SETE
UMA VIDA CHEIA DE TOLERÂNCIA, MAS SEM
ANSIEDADE (2)
AJUSTADO E ADEQUADO
A palavra grega para tolerância é traduzida de
diferentes maneiras por diferentes versões. Algumas
versões a traduzem por complacência. A palavra
usada na versão chinesa quer dizer ceder
humildemente. Esses entendimentos são corretos,
mas muito superficiais. Outros tradutores enfatizam
que a palavra grega quer dizer razoável, atencioso,
adequado e ajustado. Uma pessoa tolerante é alguém
que sempre se ajusta, alguém cujo comportamento é
sempre adequado.
Certos santos são bons, mas não se ajustam.
Podem mudar-se de um lugar para outro, mas não
importa aonde vão, não estão contentes. A razão de
não se ajustarem é que não são tolerantes. Uma
pessoa tolerante é alguém que sempre se ajusta, cujo
comportamento é sempre adequado, não importando
quais sejam as circunstâncias ou o ambiente.
A tolerância também inclui quietude, mansidão e
bondade. Se você for razoável, atencioso e capaz de se
ajustar, será sem dúvida bondoso, amável, brando e
sereno. Você será também manso e moderado, cheio
de compaixão pelos outros. Como enfatizamos na
mensagem anterior, o oposto de tolerância é ser justo
de maneira muito exigente. Uma pessoa que carece
288
A TOLERÂNCIA DE CRISTO
A vida do Senhor Jesus é a melhor ilustração de
tolerância. Considere como Ele falou aos dois
discípulos no caminho de Emaús. Lucas 24:15 diz
que, enquanto eles “conversavam e discutiam, o
próprio Jesus se aproximou e ia com eles”. Ele lhes
disse: “Que palavras são essas que trocais um com o
outro enquanto caminhais?” (v. 17). Com um tom de
repreensão, um dos discípulos respondeu: “És Tu o
único forasteiro em Jerusalém que não sabes das
coisas que nela sucederam nesses dias?” (v. 18).
Aparentando não saber de nada, o Senhor respondeu:
“Quais?” (v. 19). Então eles passaram a falar sobre
Jesus, o Nazareno, alguém que descreveram como
“Profeta, poderoso em obras e palavras, diante de
Deus e de todo o povo”. Eles disseram ainda que os
principais sacerdotes e as autoridades O entregaram
para ser condenado à morte e O crucificaram. Quão
tolerante foi o Senhor ao ouvi-los falar coisas que Ele
sabia muito melhor do que eles! Após andar certa
distância, “se aproximavam da aldeia para onde iam,
e Ele fez que ia para mais longe” (v. 28). Contudo,
“eles O constrangeram, dizendo: Fica conosco,
porque é tarde e o dia já declina. E entrou para ficar
com eles” (v. 29). O Senhor até mesmo sentou-se para
289
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E OITO
UMA VIDA CHEIA DE TOLERÂNCIA, MAS SEM
ANSIEDADE (3)
mencionado em 3:15-16.
Tolerância quer dizer ser totalmente razoável,
atencioso e adequado. Isso requer um entendimento
real da situação ao redor. Suponha que dois alunos
discutam um problema de matemática. Sendo
incapazes de resolver a discussão, eles trazem o
problema a você. Mas, se você for ignorante em
matemática, não poderá dar-lhes um julgamento
justo e razoável. Mesmo se você tiver o entendimento
necessário, pode faltar-lhe sabedoria para lidar com
as pessoas envolvidas.
Senhor que tire sua ira. Uma vez que a ira tenha sido
tirada pelo Senhor, você precisa exercitar o
entendimento para perceber porque o filho cometeu
tal erro. Sem dúvida, o filho estava errado.
Contudo, você ainda deve entender a situação
dele. Talvez ele estivesse errado porque você foi
descuidado. Se você não tivesse sido descuidado na
situação, seu filho não teria cometido o erro. Sua falta
de cuidado deu a ele oportunidade de fazer algo
errado, por isso você não deve colocar toda a culpa
nele. Antes, você deve culpar primeiro a si mesmo e
então, disciplinar o filho. Tudo isso está incluído no
exercitar tolerância em relação aos filhos.
Os pais precisam exercitar sabedoria ao falar
com os filhos. Um filho pode necessitar de correção,
mas os pais precisam sentir qual é a hora certa de
falar com ele. Um pai deve perguntar-se se deve ou
não repreender o filho diante de outros filhos ou
mesmo da mãe. Às vezes não sábio disciplinar um
filho na presença de outros. Quanta sabedoria
devemos exercitar ao cuidar dos filhos! Se não
tivermos tolerância, não exercitaremos a sabedoria.
Por outro lado, se não tivermos a sabedoria
adequada, não seremos capazes de exercitar a
tolerância.
Se desejamos demonstrar tolerância, precisamos
também de paciência. A maioria dos pais acha difícil
ser paciente quando disciplina os filhos. Suponha que
um irmão esteja a ponto de repreender um filho.
Seria muito melhor se ele esperasse algumas horas
antes de dizer algo. Contudo é extremamente difícil
esperar até mesmo alguns minutos, quanto mais
algumas horas. A tendência natural é lidar com o filho
294
A TOLERÂNCIA DE DEUS
A Bíblia revela que em Sua economia Deus tem
exercitado grande tolerância. Imediatamente após a
queda do homem, Deus começou a mostrar tolerância
ao lidar com o homem. Se ler Gênesis 3 do ponto de
vista da tolerância, você verá quão tolerante Deus foi
com o homem caído. Deus exercitou Seu
entendimento, percebendo plenamente a situação e a
necessidade do homem. Também exercitou sabedoria
para lidar com o homem caído.
Para realizar Seu eterno propósito, para cumprir
Sua economia, Deus tem sempre exercitado
tolerância. Com Sua tolerância, Ele tem
compreensão, sabedoria, misericórdia, bondade,
296
UM LIVRO DE TOLERÂNCIA
Toda a Bíblia revela a tolerância divina. Podemos
até mesmo dizer que a Bíblia é um livro de tolerância
e que, como está revelado nas Escrituras, o próprio
Deus é tolerância. Portanto, se você me pedir que
defina tolerância, eu diria primeiramente que a
tolerância é Deus.
A TOLERÂNCIA DE CRISTO
Como enfatizamos nas mensagens anteriores, o
próprio Cristo é nossa tolerância. Os quatro
Evangelhos revelam que o Senhor Jesus teve uma
vida de tolerância. Ele foi tolerante com Judas e ao
lidar com Pedro. Quando tinha doze anos, Ele
exercitou tolerância com Sua mãe, Maria, e com José.
Caso após caso, o Senhor mostrou compreensão,
sabedoria, paciência, misericórdia, bondade e amor.
Ele foi bondoso com Judas, e com Pedro foi cheio de
graça.
Um excelente exemplo da tolerância de Cristo em
relação a Pedro é encontrado em Mateus 17:24-25. Os
298
A TOLERÂNCIA DE PAULO
A vida de Paulo foi também um testemunho de
tolerância. Ele escreveu o livro de Filipenses numa
prisão em Roma. Ele sofria e, de acordo com o
capítulo quatro, tinha pouca provisão passava por
necessidades. Dentre todas as igrejas, a igreja em
Filipos foi a melhor em cuidar das necessidades dele.
Mas, por alguma razão, de acordo corri a soberania
do Senhor, houve um tempo em que os filipenses
aparentemente esqueceram-se de Paulo e de suas
necessidades. É por essa razão que ele diz em 4:10:
“Muito me alegro no Senhor de que já por fim tenhais
299
A NECESSIDADE DE CRESCIMENTO
Não é fácil manifestar nossa tolerância a todos os
homens. Isso requer crescimento, tanto na vida
humana como na vida espiritual. Quanto mais uma
pessoa cresce e amadurece, mais tolerância tem.
Portanto, a tolerância requer o crescimento de vida.
Ela requer maturidade.
Em 3:15 Paulo diz: “Todos, pois, que somos
perfeitos, tenhamos este sentimento”. [O termo
perfeitos pode também ser traduzido por maduros, e
o termo sentimento, no original, é mente.] Temos
enfatizado que ter essa mente é ter a mente para viver
Cristo e buscá-Lo. Contudo, o próprio Cristo a quem
vivemos e buscamos deve ser expresso como
tolerância. Se colocarmos juntos esses versículos dos
capítulos três e quatro, veremos que a tolerância
requer maturidade. Sem crescimento e maturidade
será extremamente difícil fazer conhecida nossa
tolerância.
Não devemos esperar que um novo crente em
Cristo seja capaz de exercitar muita tolerância. Em
vez de exigir que ele exercite a tolerância, nós é que
devemos ser tolerantes. Por exemplo, numa família
os pais devem ser os primeiros a ser tolerantes e
assim estabelecer um exemplo de tolerância para os
filhos. Se um irmão não for tolerante com a esposa e
filhos, não deve esperar que os filhos saibam o que é
tolerância. Em vez de ordenar aos outros que sejam
tolerantes, ele próprio deve estabelecer um modelo de
tolerância para os filhos. Como temos indicado, ter tal
301
O SEGREDO DO CONTENTAMENTO
Após falar de tolerância em 4:5, Paulo diz:
“Aprendi a viver contente em toda e qualquer
situação” (v. 11). Paulo aprendera o segredo do
contentamento. Por meio disso vemos que, a fim de
ser tolerantes, devemos estar satisfeitos e contentes.
Se não estivermos contentes, não seremos capazes de
tolerar.
Pela experiência posso testificar que, sempre que
não estou satisfeito, não sou capaz de exercitar
tolerância. Mas, sempre que estou satisfeito e
contente, é fácil ser tolerante.
Quando alguém está contente, não se irrita
facilmente. Mas se estiver infeliz, cansado, faminto e
sedento, pode irritar-se facilmente. Alguém satisfeito,
pelo contrário, é agradável e feliz. Quando estamos
cheios de alegria, é difícil ficar irados. Quem é pai
sabe que se um filho se comporta mal, quando
estamos satisfeitos e felizes lidamos com ele de um
modo: com tolerância. Mas, se ele se comportar
exatamente do mesmo modo quando estivermos
insatisfeitos e infelizes, lidaremos com ele de outra
302
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM CINQÜENTA E NOVE
UMA VIDA CHEIA DE TOLERÂNCIA, MAS SEM
ANSIEDADE (4)
O SIGNIFICADO DE TOLERÂNCIA
O vocábulo grego traduzido por tolerância em 4:5
compõe-se de dois radicais: epi, preposição que
significa para, e eikás, que quer dizer decente,
conveniente, adequado. Quando a preposição epi é
acrescentada a outras palavras gregas, como prefixo,
geralmente tem o significado de pleno ou extenso.
Considere, por exemplo, o vocábulo epignôsis. usado
em 2 Timóteo 2:25. Nesse versículo, Paulo fala de
“conhecer plenamente a verdade”. Daí, epi
acrescentado a gnósis resulta num vocábulo que quer
dizer pleno conhecimento. O uso dessa preposição
como componente da palavra grega para tolerância,
em 4:5, indica que o sentido deve ser plenamente
305
RICA PROVISÃO
Na mensagem anterior, ressaltamos que a
tolerância requer entendimento, sabedoria, paciência
e muitas outras virtudes. Se quisermos ser tolerantes,
precisamos ser misericordiosos, bondosos e
compassivos. Além disso, ser tolerante
definitivamente requer certa habilidade em várias
áreas. Precisamos da habilidade de entender, de ser
pacientes, de socorrer os outros e proporcionar-lhes a
devida provisão. Em Sua tolerância para conosco,
Deus certamente nos tem proporcionado rica
provisão.
Deus é tolerante com o homem caído porque tem
um propósito: levar a cabo a Sua economia. Se não
proporcionasse ao homem a provisão adequada nem
306
ALEGRAR-SE NO SENHOR
Já vimos que tolerância requer maturidade e
também santificação e contentamento. Agora
precisamos ver que tolerância também se relaciona a
alegrar-se no Senhor. Em 4:4, Paulo diz: “Alegrai-vos
sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos”. Logo
depois ele diz: “Seja a vossa moderação conhecida de
todos os homens”. [Como já vimos, o vocábulo
moderação pode ser traduzido por tolerância.] Se
não nos alegrarmos no Senhor, não seremos capazes
de ser tolerantes. Se quisermos manifestar nossa
tolerância, precisamos estar contentes e alegres no
Senhor. Os que estão tristes e infelizes não podem ter
tolerância. Antes, acham fácil zangar-se, queixar-se
ou perder a calma. A tolerância em 4:5 é o resultado
de alegrar-se no Senhor, mencionado no versículo 4.
Pela experiência, sabemos que alegrar-se e ser
tolerante andam juntos.
MODELO DE TOLERÂNCIA
Em 4:11-13, vemos o relacionamento entre
contentamento e tolerância. No versículo 11, Paulo
testifica: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque
aprendi a viver contente em toda e qualquer
situação”. No versículo 12 ele prossegue: “Tanto sei
estar humilhado como também ser honrado; de tudo
e em todas as circunstâncias, já tenho experiência,
tanto de fartura como de fome; assim de abundância
como de escassez”. [A expressão já tenho experiência
pode ser traduzida por aprendi o segredo.] Visto que
307
A NECESSIDADE DE ENTENDIMENTO E
SABEDORIA
Quase não somos tolerantes, por causa de
mal-entendidos. Na vida da igreja, freqüentemente
não entendemos os irmãos. Na vida familiar talvez
308
ORAÇÃO E TOLERÂNCIA
Assim como o versículo 5 é a continuação do 4,
também o 6 é continuação do 5. Se virmos a
continuação aqui, perceberemos que a tolerância
requer oração. No versículo 6, Paulo diz: “Não andeis
ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam
conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela
oração e pela súplica, com ações de graças”. Parece
não haver relação entre as expressões “seja a vossa
moderação conhecida” e “sejam conhecidas (...) as
vossas petições”. Na verdade, estão muito
310
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM SESSENTA
UMA VIDA CHEIA DE TOLERÂNCIA, MAS SEM
ANSIEDADE (5)
VIDA CRISTÃ
Como uma pessoa idosa, passei por inúmeras
experiências na vida humana. Sob a mão soberana do
Senhor, estive em muitíssimas circunstâncias
diferentes. Conheci a pobreza, e conheci o que é ter
minhas necessidades supridas. Posso testificar que
em todas as circunstâncias da vida humana a
ansiedade está presente. Ansiedade é uma palavra
que pode resumir a vida humana. A totalidade da vida
humana é ansiedade. Se perguntar a uma pessoa mais
velha sobre ansiedade, ela lhe dirá que conheceu a
ansiedade quase todos os dias da vida.
Paulo fala sobre ansiedade em 4:6 porque
percebe que ela é a totalidade da vida do homem. Ele
também percebia que a tolerância é a totalidade da
vida cristã adequada. Ele sabia que a vida humana é
constituída de ansiedade e que a vida cristã é
constituída de tolerância. Assim, viver Cristo é ter
tolerância sem ansiedade.
Não é possível entender adequadamente
Filipenses 4 simplesmente estudando esse capítulo na
letra. Precisamos de experiência com o Senhor a fim
de entender o que Paulo quer dizer. Cinqüenta anos
atrás eu não tinha um entendimento adequado desse
capítulo. Mas, por meio de muitos anos de estudo e
experiência, tanto na vida humana como na vida
cristã, o Senhor me abriu os olhos para ver que a
verdadeira vida cristã é uma vida de tolerância. Vim a
perceber que, assim como a ansiedade é a totalidade
da vida humana, a tolerância é a totalidade da vida
cristã. E por isso que Paulo usa as palavras tolerância
e ansiedade juntas ao exortar os santos.
Positivamente, devemos fazer conhecida nossa
317
VIVER CRISTO
Em Gálatas 2:19-20 Paulo diz: “Estou crucificado
com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim”. Anos atrás, comecei a ler livros sobre
esse versículo. Contudo, não podia entender o que
significava Cristo viver em mim. A explicação de
Gálatas 2:20 não é encontrada em Gálatas, mas em
Filipenses. Em Filipenses Paulo diz não somente que
Cristo vive em nós; ele avança e revela que viver é
Cristo. Viver Cristo ultrapassa simplesmente ter
Cristo vivendo em nós. Viver Cristo significa que
temos uma vida cheia de tolerância, mas sem
ansiedade.
Qualquer quantia de ansiedade diminui a medida
de Cristo em nossa experiência. Até mesmo uma
pequena ansiedade faz com que a medida de Cristo
diminua. A extensão da presença de Cristo na vida
diária é determinada pela quantidade de tolerância e
ansiedade. Se temos tolerância, temos Cristo. Mas, se
temos ansiedade, temos carência de Cristo. No viver
do dia-a-dia, quanta tolerância você tem e quanta
ansiedade? Qual é maior: o grau de tolerância ou o de
ansiedade? Provavelmente a maioria de nós teria de
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ENGRANDECER CRISTO
Filipenses 4:4 diz: “Alegrai-vos sempre no
Senhor; outra vez digo: alegrai-vos”. Paulo abre 4:10
com as palavras: “Alegrei-me, sobremaneira, no
Senhor”. Além do mais, em 1:18, ao falar de sua
aflição, ele diz: “Todavia, que importa? Uma vez que
Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer
por pretexto, quer por verdade, também com isto me
regozijo, sim, sempre me regozijarei”. O que ele fala
sobre regozijar-se é especialmente significativo
quando consideramos suas circunstâncias. Ele era
prisioneiro em Roma, e alguns de seus opositores
faziam o possível para danificar seu ministério.
Contudo, ele declara: “Porque estou certo de que isto
mesmo, pela vossa súplica e pela provisão do Espírito
de Jesus Cristo, me redundará em libertação” (v. 19).
[Já ressaltamos que o vocábulo provisão pode ser
traduzido por provisão abundante e o termo
libertação é, no original, salvação.] Como
enfatizamos anteriormente, salvação aqui significa
engrandecer Cristo vivendo-O. Assim, Paulo diz:
“Segundo a minha ardente expectativa e esperança de
que em nada serei envergonhado; antes, com toda a
ousadia, como sempre, também agora, será Cristo
engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela
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CONTENTAMENTOETOLERÂNCIA
Vimos que a ansiedade é oposta à tolerância. A
ansiedade é como um verme que devora nossa
habilidade de tolerar. Se não tivermos tolerância,
ser-nos-á fácil ficar irritados ou perder a calma. A ira
freqüentemente provém da ansiedade. Se estou
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O DESÍGNIO DE DEUS
Se quisermos ter uma vida livre de ansiedade,
precisamos perceber que todas as nossas
circunstâncias, boas ou más, foram designadas por
Deus. Precisamos ter essa percepção com plena
certeza. Suponha que um irmão seja comerciante. Seu
negócio pode prosperar, e ele pode ganhar um bom
dinheiro. Mais tarde seu negócio pode fracassar e ele
pode perder muito mais do que ganhou. Tanto o
ganhar dinheiro como perdê-lo são o desígnio de
Deus para ele. Se esse irmão tem a plena certeza de
que suas circunstâncias vêm do desígnio de Deus,
será capaz de adorar ao Senhor por Seu arranjo.
Talvez perder dinheiro irá beneficiá-lo mais do que
ganhar dinheiro, pois por meio de tal perda ele pode
ser aperfeiçoado e edificado.
Do mesmo modo, tanto a doença como a saúde
vêm de Deus como Seu desígnio. Todos devemos
desejar ser saudáveis. Mas, às vezes, uma boa saúde
não nos aperfeiçoa tanto quanto um período de
doença. Além do mais, quando nossa saúde está
fraca, podemos ser mais propensos a orar do que
quando temos boa saúde.
O primeiro pré-requisito para não ter nenhuma
ansiedade é ter a plena certeza de que todos os
sofrimentos que experimentamos são o desígnio de
Deus. Que necessidade há de preocupar-se com as
coisas? Deus as designou para nós. Ele sabe do que
precisamos.
Quando era muito jovem, li uma história sobre
uma conversa entre dois pardais que falavam sobre as
tristezas e as preocupações comuns entre os seres
humanos. Um pardal perguntou ao outro por que as
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ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM SESSENTA E UM
UMA VIDA CHEIA DE TOLERÂNCIA, MAS SEM
ANSIEDADE (6)
DUAS VIDAS
A ansiedade é a totalidade da vida humana
natural. Dia após dia, e até mesmo hora após hora, a
vida humana comum é cheia de ansiedade. Todo ser
humano normal é ansioso. Quanto mais sóbrio você
for na mente, mais ansioso será. Se for uma pessoa
pensativa e cautelosa, terá bastante ansiedade.
Pessoas sensíveis são especialmente incomodadas
pela ansiedade. Quem é incomumente indiferente ou
insensível pode não ter muita ansiedade, mas quem é
sensível geralmente tem muitas ansiedades.
Assim como a ansiedade é a totalidade da vida
humana comum, a tolerância é a totalidade da vida
cristã adequada. Portanto, as palavras ansiedade e
tolerância representam dois tipos de vida. Entre os
seres humanos há somente dois tipos de vida: a vida
humana e a vida cristã. A vida humana é cheia de
ansiedade, ao passo que a vida cristã é cheia de
tolerância. Se virmos esse contraste, perceberemos
que é questão de grande importância Paulo enfatizar
a tolerância e a ansiedade em Filipenses 4. Ele
enfatiza a tolerância e a ansiedade porque
326
DUAS FONTES
Em segundo lugar, a tolerância vem de Deus, e a
ansiedade vem de Satanás. Isso quer dizer que
tolerância e ansiedade representam duas fontes: Deus
e Satanás.
ESTUDO-VIDA DE FILIPENSES
MENSAGEM SESSENTA E DOIS
UMA VIDA CHEIA DE TOLERÂNCIA, MAS SEM
ANSIEDADE (7)
O SEGREDO DA SATISFAÇÃO
Se somos, de fato, um com o Senhor na
experiência e algo negativo acontece conosco, não
precisamos ficar ansiosos ou atribulados. Se não
formos um com o Senhor de maneira prática,
praticamente toda pessoa, toda questão e todas as
coisas nos incomodarão. Podemos ser perturbados
pelo cônjuge ou pelos filhos. Quando não somos um
com o Senhor, nada nos será satisfatório. Por
exemplo, separado do Senhor, nenhum trabalho traz
satisfação. O segredo da satisfação é ser um com
Cristo. Quando somos um com o Senhor, podemos
estar satisfeitos com as circunstâncias e ser tolerantes
com todos, com todas as coisas e com todas as
questões. Somente quando somos um com Cristo
podemos ser tolerantes ao máximo e estaremos
satisfeitos em todas as situações.
Se não desejamos ter nenhuma ansiedade,
devemos reconhecer que todas as aflições,
sofrimentos, calamidades, desastres e catástrofes são
designados por Deus. Devemos também ser um com
o Senhor na experiência. Sim, podemos perceber a
necessidade de passar por sofrimento e aflição. Mas,
se quisermos estar livres da ansiedade, precisamos de
algo mais do que essa percepção. Devemos também
ser um com o Senhor. De outro modo, por fim, nossas
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Confiar no Senhor
Aceitar a vontade do Senhor em questões
específicas não somente nos capacita a experimentar
Sua graça suficiente; também nos ensina a ter uma
vida de confiar no Senhor. Se o espinho ti vesse sido
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