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ITUIUTABA-MG
2015
GENIS ALVES PEREIRA DE LIMA
ITUIUTABA-MG
2015
GENIS ALVES PEREIRA DE LIMA
__________________________________________
(ORIENTADOR)
_______________________________________________________
_________________________________________________________
Rubem Alves.
Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada.
Apenas dê o primeiro passo.
Martin Luther King Jr.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, por me conceder seu inexprimível amor e por ter me
acompanhado em todos os momentos desta caminhada.
Agradeço ao meu esposo Romildo e a meus filhos Samuel Alexandre, Ana Elvira e
Lucas Ryan pela compreensão dos momentos em que estive ausente e pelo
companheirismo e paciência disponibilizados durante este tempo.
Aos meus pais João Pedro e Lázara Antônia, pelo incondicional apoio durante o
decorrer desta caminhada. A toda a minha família pelo incentivo e ajuda sempre
concedidos.
Agradeço em especial ao Professor Dr. Sauloéber, pela dedicação em seu compromisso
docente em todos os momentos disponibilizados nas orientações, as quais nortearam os
caminhos para a construção e aquisição de conhecimentos durante meu processo de
formação e com certeza continuarão me acompanhando. O meu agradecimento sincero
pelo incentivo, atenção, gentileza e conhecimentos proporcionados no decorrer deste
período.
As Professoras Lúcia Helena Moreira Oliveira e Simone Cléa dos Santos Miyoshi por
terem aceitado o convite em participarem da minha banca, as quais irão contribuir
relevantemente para o aprimoramento deste trabalho.
A minha turma por todos os momentos de amizade, harmonia e conhecimentos
construídos a cada dia em que vivenciamos juntos.
As minhas amigas e amigos que sempre estiveram presentes do meu lado, com o apoio
dispensado em todos os momentos deste percurso.
Ao Diretor da Universidade Federal de Uberlândia – UFU/ Campus Pontal, Professor do
Curso de Pedagogia Dr. Armindo Quilici Neto, a Coordenadora do Curso e Professora
Dra. Lúcia Valente e a todos os demais Professores do Curso de Pedagogia pelos
conhecimentos propiciados neste processo formativo.
Agradeço a todos que contribuíram para a construção deste trabalho: ao apoio de todos
os profissionais da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – Polivalente, a qual nos
acolheu no decorrer deste processo, aos entrevistados – ex- diretor, ex-professores, ex-
alunos e aos que diretamente e indiretamente tiveram participação em vista para que
este fosse concretizado.
O meu sincero agradecimento mediante o respeito, disponibilidade e a atenção
dispensada por cada um!
RESUMO
Triângulo Mineiro.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO.......................................................................................... 11
4.1 A criação............................................................................................. 32
4.2 O prédio e espaço físico..................................................................... 34
4.3 O Currículo........................................................................................ 37
4.4 Quadro Relativo ao Percentual Docente (1974-1985)....................... 41
4.5 Memórias dos Sujeitos Históricos...................................................... 45
4.5.1 Docentes.................................................................................. ........ 45
4.5.2 Discentes.......................................................................................... 59
4.5.3 Funcionários..................................................................................... 73
4.5.4 Diretor.............................................................................................. 75
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 81
REFERÊNCIAS............................................................................................ 83
FONTES........................................................................................................ 84
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INTRODUÇÃO
no Brasil, o que contribui para a ampliação de novos olhares sobre a educação de nossa
atual realidade.
A proposta metodológica do trabalho aqui delineado se pautou ao início à
revisão bibliográfica, pela qual o pesquisador tem a possibilidade de expandir os
conhecimentos metodológicos, essenciais na investigação histórica, uma vez que as
mudanças ocorridas nas teorias metodológicas produziram embasamentos favoráveis ao
desenvolvimento das pesquisas históricas. Neste sentido, apontam Souza e Castanho
(2009, p.3):
As mudanças de ordem teórico-metodológica na investigação histórica
produziram efeitos positivos em diferentes aspectos da produção do
conhecimento, o que refletiu também na maneira de se fazer a história
da educação no Brasil, contribuindo para que este campo da ciência se
constituísse em espaço autônomo, com objeto próprio, mesmo que se
apoiando em outras disciplinas.
1
Todas as entrevistas foram previamente marcadas com data e horários específicos com os participantes.
Foram usados pseudônimos para os nomes dos entrevistados.
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A referida autora ressalta que outra especificidade da História Oral é o fato desta
ter como um dos principais alicerces a narrativa, já que “um acontecimento vivido pelo
entrevistado não pode ser transmitido a outrem sem que seja narrado”. (ALBERTI,
2008, p. 170-171).
Assim, o entrevistado ao relatar sobre suas experiências e significados tem a
possibilidade de transformar sua vivência em linguagem escrita, mediante a organização
dos acontecimentos que dão amplos sentidos a elas. A memória segundo a autora tem
um papel muito importante neste processo, já que as entrevistas podem ser comparadas
com outros documentos de arquivos, possibilitando ao pesquisador analisar
deslocamentos e sentidos entre ambos.
Já para Xavier (2005, p.2), a História Oral “é considerada como fonte identitária
de um povo, capaz de retratar as realidades, as vivências e os modos de vida de uma
comunidade em cada tempo e nas suas mais variadas sociabilidades” No entanto,
segundo este autor, é preciso que, ao trabalhar com as fontes orais, tenha-se a precaução
quanto a não priorizar somente estas, mas buscar redimensioná-las com fontes escritas,
visando chegar a uma investigação mais aprofundada no objeto de pesquisa.
A memória pode ser vista como uma busca de representações constitutivas de
culturas entre os povos. Neste sentido esse autor ressalta a importância da memória ao
se trabalhar com a História Oral:
Segundo este autor, são inúmeros os exemplos para se poder dizer que uma
determinada instituição escolar, desde seu espaço geográfico até a arquitetura do seu
prédio têm sua identidade própria, a tornando singular, ou seja, cada instituição é única
em suas características e especificidades. E, nesta perspectiva, Sanfelice (2006) coloca
que a singularidade das instituições educativas pode mostrar e como também esconder
como ocorreu ou ocorre o fenômeno educacional de uma determinada sociedade:
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Referente a isso Sanfelice (2008) aponta: “A dimensão da identidade de uma instituição somente estará
mais bem delineada quando o pesquisador transitar de um profundo mergulho no micro e, com a mesma
intensidade, no macro. As instituições não são recortes autônomos de uma realidade social, política,
cultural, econômica e educacional. Por mais que se estude o interior de uma instituição, a explicação
daquilo que se constata não está dada de forma imediata em si mesma. Mesmo admitindo que as
instituições adquirem uma identidade, esta é fruto dos laços de determinações externas a elas e, como já
dito, “acomodadas” dialeticamente no seu interior”. (SANFELICE, 2007, p. 14-15).
17
4
O início do Regime Militar teve como principal característica a inconformidade por parte dos
opositores, as propostas de governo de João Goulart, o então presidente com planos democráticos de
reformas, que favorecia as massas de trabalhadores; seus adversários assim em 31 de março de 1964 o
destituíram do poder com o Golpe Militar, resultando na permanência de governos militares no poder até
o ano de 1985. Neste período, fortes repreensões davam sustentação ao regime, e a oposição ao mesmo
era visto como ameaça nacional (ARAÚJO, 2010).
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A Universidade norte-americana “San Diego State College Foundation”- Califórnia foi responsável por
nortear os planejamentos da área educacional do ensino secundário, no âmbito federal e estadual. Assim,
o governo brasileiro ficou responsável por promover a reprodução em meio à sociedade, sobre a
importância deste projeto educativo, e ao mesmo tempo a união com a Aliança para o Progresso, a qual
diz respeito ao projeto de educação, desenvolvido a partir de três reuniões realizadas respectivamente no
Uruguai, Chile e Colômbia, que objetivaram definir o tipo de educação a ser implantada no Brasil; a fim
de estabelecerem metas a serem alcançadas em dez anos seguintes (ARAÚJO, 2010, p. 7).
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avaliar o Plano de metas da Aliança para o Progresso6, evidenciou a crítica quanto à este
modelo, apontando propostas para um novo projeto, no qual o Homem deveria ser o
ponto principal e não o trabalho, como era evidente nas metas dos outros países
descritos; porém a crítica não surgiu efeito e o plano a ser seguido seria o então de
cunho político internacional, o qual buscava aliar ao Regime Militar, com o intuito de
garantir a força das elites dominantes.
Nesta vertente, as Escolas Polivalentes se apresentaram como uma proposta de
ensino, com ênfase a promover a qualidade de uma educação pautada no ensino
profissionalizante, no qual se encontrava elevado grau de prestígio educacional, uma
vez que o aparato metodológico e prático contava com um significativo diferencial,
diante dos demais modelos em vigor.
De acordo com Fonseca (2013), o período ditatorial, como já apontado, iniciou-
se assim com o Golpe Militar, advindo da união civil-militar ao tirar o então presidente
João Goulart do poder, passando a assumir a Presidência da República o Marechal
Humberto Castello Branco, o qual contava com o total apoio dos EUA e das
multinacionais.
É fato que as repressões causaram grande temor e espanto no decorrer deste
período, já que o povo não tinha direito a manifestar nenhuma opinião contrária ao
determinado pela ditadura. A este respeito Cunha e Góes (1985) apontam:
Podemos refletir, a partir desse contexto, o quanto a Educação pode ser vista
como um forte mecanismo de poder; neste momento ela era considerada como uma das
maiores armas a favor dessa forma de governo, já que se uma parcela maior do povo
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Um importante Projeto neste contexto político foi a Aliança Para o Progresso; de acordo com Araújo
(2010), este projeto foi o resultado de três reuniões com o objetivo de decidir a educação que seria
colocada no Brasil, o que resultou na implantação das Escolas Polivalentes, bem como na criação da Lei
5.692/71, a qual legalizou e oficializou a Educação Básica no Brasil durante o período. Destaca-se
primeiramente a "Reunião Extraordinária do Conselho Interamericano Econômico e Social em Nível
Ministerial”, a qual foi realizada em Punta del Este - Uruguai. Após destaca-se a "Segunda Conferência
sobre Educação e Desenvolvimento Econômico e Social na América Latina", sendo esta realizada em
Santiago do Chile, em 1962. A terceira conferência foi considerada como a "Reunião Interamericana de
Ministros da Educação", sendo a mesma realizada em Bogotá - Colômbia em 1963.
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tivesse acesso a maiores conhecimentos, isso poderia trazer ameaças a estabilidade das
formas mantidas pelo regime militar.
Nesta perspectiva, a sociedade foi se estabelecendo em uma visão global do
mundo do trabalho enquanto a educação compulsoriamente ia se tornando fundamental
para a promoção das atividades capitalistas, uma vez que a instrução se torna essencial
para as práticas profissionais.
O período do Regime Militar tornou mais visível as influências dos Estados
Unidos no que diz respeito às formas de controle dos meios de produção capitalistas;
era preciso que o mercado se preparasse para receber trabalhadores técnicos capacitados
para a produção industrial que a demanda exigiria dos mesmos na execução das
diferentes tarefas presentes no setor industrial.
É importante também destacar que as políticas internacionais da USAID, já se
faziam presentes no Brasil antes ao período do Regime Militar, uma vez que esta atuava
na formação de professores do ensino primário por meio da Universidade de Minas
Gerais.
De acordo com Araújo (2010) , a partir de tais medidas, a Escola Polivalente foi
criada, e com a ajuda financeira, política e ideológica dos EUA, o modelo internacional
foi oficialmente estabelecido por meio das Escolas Polivalentes que seriam implantadas
no Brasil; e frente à decisão de que a ajuda internacional seria importante para a solução
dos problemas educacionais do país, os órgãos CFE (Conselho Federal de Educação),
MEC (parte da instituição educacional brasileira) e DES (Diretoria do Ensino
Secundário), a USAID foi então convidada a se incumbir de dar o suporte necessário ao
processo educativo no que diz respeito ao controle técnico e financeiro, bem como em
outras funções como em treinar a equipe técnica brasileira nos planejamentos de ensino,
dar assistências às secretarias e conselhos de educação, dentre outros. Araújo (2010)
traz:
Neste momento, a USAID contrata os serviços do sistema
universitário do Estado da Califórnia (EUA), que, por meio da San
Diego State College Foundation, ofereceu os serviços de seus
especialistas para atuarem como consultores durante dois anos, tendo
eles a obrigação de orientar a área de planejamento de ensino no nível
secundário em âmbito federal e estadual. (ARAÚJO, 2010, p. 3).
A escola assim voltada para esta minoria dominante só veio a sofrer mudanças
com o início da Revolução Tecnológica, pela qual houve a necessidade de se pensar em
modificações nos conteúdos disciplinares que exigiam maior cientificidade para o
desenvolvimento técnico que emergia frente às sociedades.
Assim sendo, na medida em que as produções econômicas geradas pelas
indústrias cresciam, foi surgindo também a necessidade desta população da classe
operária ter o mínimo de instrução para saber lidar com as técnicas exigidas ao
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Foi assim que, paralelamente à escola dos ricos, foi surgindo uma
outra escola, a escola dos pobres. Sua função era dar aos futuros
operários o mínimo de cultura necessário à sua integração por baixo
na sociedade industrial. A coexistência desses dois tipos de escola cria
uma situação de verdadeira segregação social. As crianças do “povo”
freqüentavam a “escola primária”, que não é concebida para dar
acesso a estudos mais aprofundados. As crianças da elite seguiam um
caminho à parte, com acesso garantido ao ensino de nível superior,
monopólio da burguesia. (HARPER, Babette et al, 2000, p.29).
Esta distinção foi se alterando a partir das reivindicações feitas pela classe
trabalhadora quanto aos direitos de igualdade do ensino para todos; o que repercutiu no
ensino público, gratuito e obrigatórios à todos. A escola passou assim a ser considerada
como um meio essencial para as chances de emancipação social pelas classes menos
favorecidas.
No entanto, essa expectativa teve suas limitações ao passo que o ensino ofertado
a todos os alunos das distintas classes possuíam diferentes condições de sobressaírem-se
ou não nos estudos; a própria escola não dava condições para os alunos que não
conseguiam prosseguir seus estudos. Na maioria das vezes, pela precária condição
social que não lhes permitiam a permanência na escola, e ainda considerando que em
determinado período dos estudos era realizado exames de “seleção”, nos quais
obviamente os mais favorecidos eram aprovados para seguirem em frente, ou seja, os
alunos mais favorecidos continuavam os estudos até chegarem à universidade, enquanto
os da classe inferior dificilmente chegavam a esta, mas ao contrário, em poucos anos de
escolaridade seguiam a profissão desvinculados da escola, aumentando o número da
evasão escolar e uma maior massa da classe operária. Neste sentido:
escola, senão pelo trabalho”. (SILVA, 2012, p. 62). Este Instituto exerceu suas
atividades educacionais até o ano de 1979, quando então veio a ser extinto.
A segunda escola a ofertar esse tipo de ensino em Ituiutaba na década de 1930,
de acordo com este autor, foi o Colégio Santa Teresa, instituição Confessional, a qual
atendia moças em regime de internato e externato, formando-as em Economia
Doméstica e Artes, nos Cursos Primário, Ginasial e Normal.
Silva (2012) traz que outra escola confessional instalada em 1948, o Ginásio
São José, fundado e dirigido pelos padres Estigmatinos, ofertava os Cursos Ginasial e
Colegial, bem como os Cursos Profissionais Ginasial de Comércio e Técnico de
Contabilidade; este Colégio teve assim seu funcionamento até o ano de 1980.
Outra instituição criada no ano de 1956 em Ituiutaba, conforme aponta Silva
(2012), foi o Educandário Espírita Ituiutabano, o qual era particular e mantido pela
União das Mocidades Espíritas de Ituiutaba (UMEI), bem como mantenedor de cursos
primários e ginasiais gratuitos. Assim sendo, após requerimento do Diretor em prol do
Colegial de Comércio, em 1963 a instituição foi denominada de “Colégio Comercial de
Ituiutaba”, passando a ofertar o Curso Técnico em Contabilidade, de modo que em 1967
foi oficialmente autorizado pelo Diretor de Ensino Comercial, o funcionamento do
Curso de Técnico em Contabilidade na referida instituição.
Contudo, como já mencionado, a Escola Polivalente, com seu diferencial
pedagógico, veio acompanhada também por um modelo arquitetônico advindo para a
construção de seu prédio, com todo um planejamento setorial para o desenvolvimento
das práticas educativas a serem realizadas no seu interior. É visto que um amplo espaço
geográfico foi destinado para a instalação desta escola em Ituiutaba.
Podemos refletir a partir dessa perspectiva, que o Colégio Polivalente, antes de
tudo se mostrava com o intuito de se apresentar como um diferencial, não apenas ao
setor educacional como também ao desenvolvimento cultural e econômico da cidade,
uma vez que, os processos advindos das relações econômicas estavam em alta por meio
das indústrias que cada vez mais se instalavam no cenário ituiutabano. Tais
características influenciaram grandemente as relações econômicas entre as indústrias e a
demanda por trabalhadores nos diversos setores técnicos, necessários para a mão de
obra especializada.
É compreendido neste contexto, que este período do recorte temático aqui
delineado, destaca-se como um dos mais fluentes no que diz respeito ao
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desenvolvimento industrial que a cidade vivia até então, ou seja, as grandes indústrias
vieram a se instalar em Ituiutaba, consideravelmente no decorrer da década de 1970:
Deste modo, é visto que a escola se colocava como um avanço a ser conquistado
no setor educacional, como também na contribuição a ser alcançada no
desenvolvimento sócio cultural e econômico; tais objetivos, nesta perspectiva por certo,
traziam muitas expectativas aos moradores de Ituiutaba, uma vez que a escola se
mostrava com um diferencial desde sua arquitetura, comparando-a com as demais
escolas da rede pública da cidade daquele momento.
Neste sentido, essa Escola se mostrou à população tijucana como uma nova
expectativa de instituição pública que viria ser instalada na cidade, sendo já considerada
uma Escola Modelo, a qual viria possibilitar um ensino de qualidade aos alunos que ali
a adentrasse para os estudos.
A futura implantação desta instituição, como constatado em acervo histórico, foi
consideravelmente anunciada em jornal da cidade quando ainda se encontrava em
processo de construção: "O Ginásio Polivalente será sem sombra de dúvidas, uma nova
arrencada de Ituiutaba no setor educacional e haverá de contribuir muito para com o
nosso desenvolvimento sociocultural e econômico. (sic)" (Jornal de Ituiutaba, 4 de
novembro de 1973).
A Escola Polivalente foi deste modo instalada na Rua 18 entre Avenidas 31 e 33,
atendendo inicialmente aos alunos da 5ª a 8ª séries do 1º Grau.
É possível identificar a partir de sua arquitetura a ampla construção destinada a
suas atividades, bem como ao espaço de sua área física. Neste sentido, a construção
dessa Escola se constitui em um avanço de modernidade educacional da época, uma vez
que esta apesar de contar com todas essas especificidades era pública e visava atender
aos anseios da comunidade tijucana por mais oportunidades de escolarização,
especialmente na esfera pública.
Mediante documentos consultados, é possível observar o registro da planta da
área compreendida pela Escola Polivalente, pela qual se pode notar os espaços interno e
externo da mesma.
4.3 O Currículo
O Colégio Polivalente, deste modo iniciou suas atividades no ano de 1974 sendo
o ensino ofertado aos estudantes da 5ª à 8ª séries do 1º Grau, sendo a partir do ano de
1984 implantado também o ensino de 2º Grau- 1º, 2º e 3º anos. O ensino assim decorria
de um currículo desenvolvido sob planejamento específico, visando à formação integral
do aluno com disciplinas regulares, bem como a formação profissional técnica a partir
de conteúdos diversificados e aulas práticas que seriam realizadas em espaços
adequadamente organizados, em salas e laboratórios que abrangessem o aparato
necessário à aprendizagem, como os mobiliários e recursos de materiais usados por
alunos e professores.
Tendo, portanto em vista a implantação do ensino técnico profissionalizante
nesta instituição, referente ao seu Cronograma Curricular, podemos vê-lo como
constatado, organizado em seus conteúdos específicos em Núcleo Comum e a Parte
Diversificada; estando as atividades de Preparação para o Trabalho integradas a estas
dentro de uma carga horária prevista e sob a forma de aprimoramento ao trabalho.
Mediante o Currículo da Escola Polivalente relativo ao ensino de 1 Grau, as
disciplinas eram organizadas pelas matérias em suas áreas de estudos, estando estas
assim prescritas: Parte do Núcleo Comum: “Comunicação e Língua Portuguesa –
Língua Portuguesa e Educação Artística; Estudos Sociais – Geografia e O. S. P. B,
História, Educação Moral e Cívica e O. S. P. B; Ciências - Ciências F. B. Programa da
Saúde, Matemática, Geometria e Desenho; Educação Física; Ensino Religioso”.
A Parte Diversificada era composta por: “Culturas Regionais - Jardinagem e
Fruticultura; Artes Gráficas e Manugráficas – Cerâmica, Couro, Vidro, Madeira e
Cortiça, Eletricidade; Atividades de Escritório – Bancária, Comerciais, Mecânografia
e Datilografia; Economia Doméstica – Decoração e Habitação, Puericultura; Nutrição
e Dietética; Língua Estrangeira Moderna (Inglês)”. Como pode-se observar na
imagem do currículo a seguir:
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foram iniciadas suas atividades, passando a partir do ano de 1984, a ser ofertado e
ensino de 2º Grau.
De acordo com o constatado, o ensino de 2º Grau foi bastante desejado pela
população tijucana, uma vez que os pais alegavam a necessidade de continuidade dos
estudos dos filhos, assim a equipe gestora da escola com apoio de pais e outras
instâncias, buscaram meios para a conquista deste nível de ensino. Tal busca pela
ampliação do ensino teve destaque em notícia de jornal da cidade, como descrito abaixo
em parte da publicação:
E diante das aspirações para o ensino de 2º Grau nesta escola, o mesmo foi
contemplado posteriormente, como mencionado no ano de 1984. Como constatado em
seu Regimento:
Adendo ao Regime Escolar
Em atendimento à publicação do Diário Oficial do Estado de Minas
Gerais de 07-02-84, página...coluna...quando do ato de aprovação
prévia da Escola Estadual "Antônio Souza Martins" de 1º e 2º graus, o
regimento da referida Escola sofre as seguintes modificações:
2 - Da identificação da Escola.
2.1 - Ato de Criação: Decreto 16.654 de 15-10-74 e Ato de Criação do
2º Grau: Decreto 23.416 de 07-02-84. [...]
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Supervisoras 02 - 02
Escolar/
Pedagógico
Orientadoras 05 - 05
Educacionais
Docentes 47 24 71
Inspetores de 01 01 02
alunos
Serventes 05 01 06
Serviçais 02 - 02
Auxiliares de 06 - 06
Secretaria
Auxiliares de 03 - 03
Biblioteca
TOTAIS 71 26 97
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7
Para entender tal processo concorda-se com as colocações de Almeida (1998), que afirma que a
atribuição do desprestígio da profissão ao “sexo” do sujeito, se constitui num discurso que contribui para
a desvalorização da profissão docente. Tal conotação apresenta uma forma contraditória, pois no início a
docência era uma função realizada sumariamente por homens. Então podemos inferir que sua
desvalorização antecede à feminização. Inicialmente, eram os homens que freqüentavam em grande
maioria o magistério. Mas, aos poucos essa situação ia mudando em decorrência de salários diminutos e a
presença de mulheres que aceitavam esses parcos rendimentos, se tornou maciça nas escolas normais.
Esse fenômeno foi registrado em todas as Províncias do Brasil. (SOARES, 2008, p. 1).
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4.5.1. Docentes
8
O professor Valter nasceu no ano de 1953 na cidade de Santa Vitória - MG, onde viveu sua infância no
sítio de propriedade da família, junto aos pais e aos seus 10 irmãos. No sítio ele brincava e trabalhava
ajudando seus pais com os afazeres da fazenda, como também estudava. Ele colocou que sempre teve o
apoio da família, não ocorrendo nenhum obstáculo durante o período de seus estudos. Durante o tempo
em que residia nesta cidade, trabalhou no comércio até se mudar para outra localidade a fim de dar
continuidade aos estudos. Casou-se e teve um filho, o qual está no momento em Formação Superior na
Universidade Federal de Uberlândia.
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Caxambú, posteriormente veio para esta cidade na qual exerceu sua profissão docente
na Escola Polivalente até se aposentar, no período de 1974 até 2007.
O seu processo de contratação nesta escola, segundo ele, se deu por meio de
seleção através de vestibular, mediante sua formação no Curso de Licenciatura para
Formação de Professores destinado aos profissionais que atuariam nas Escolas
Polivalentes, realizada na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, na qual se
especializou na área de Práticas Agrícolas.
A escola segundo ele, contava com uma Gestão participativa, já que Diretor,
Vice, Supervisão, Orientação, Professores e Serviçais trabalhavam sempre em conjunto,
mantendo uma boa relação com todos da escola.
Quanto ao aspecto físico do Polivalente na época em que atuou nesta escola, ele
relatou que este era excelente, capaz de atender alunos e professores em todos os
aspectos, uma vez que contava com uma ampla estrutura tanto no ambiente interior,
com salas e laboratórios adequados ao trabalho pedagógico, quanto ao ambiente
exterior, o qual contava com vasta área para as práticas efetivadas com os alunos, como
a sua disciplina de Práticas Agrícolas, a qual no momento das aulas práticas era
realizada no espaço específico destinado às mesmas, como também quadras de esporte,
dentre outros.
Ele relatou que a escola contava com uma grande demanda de alunos e era
muito procurada pela população tijucana, segundo ele, vinham muitos filhos de
fazendeiros da região estudar no Polivalente, como também alunos de famílias
tradicionais da cidade. Sobre o perfil destes, na maioria, em sua consideração quanto o
nível socioeconômico, estava no nível da classe média.
Segundo o Professor, não havia casos de evasão desses alunos e quanto a
transferências, estas ocorriam apenas por motivo de mudança de família, já que quem
começava na 5ª série sempre terminava o curso que abrangia até a 8ª série. A
distribuição das vagas era organizada de modo a preencher o número correspondente ao
que a escola ofertava: “existiam na época 400 vagas por turno para as 4 áreas de
atuação – Agrícolas, Comerciais, Industriais e Educação Para o Lar. Havia exame de
seleção para todos os alunos”. (VALTER, 2015)
De acordo com este professor, o qual atuou nesta escola como professor de
Práticas Agrícolas e Matemática, ao se referir sobre o ensino de 1º Grau9- 5ª a 8ª séries,
9
Referente às disciplinas que compunham o Currículo do 1º Grau das áreas de ensino do Polivalente
neste período, foram destacadas pelo Professor Valter respectivamente: Matérias Acadêmicas- Português,
47
ele relata que o Polivalente contava com a oferta de 800 vagas, sendo estas divididas
nos períodos em que a Escola atendia- matutino e vespertino – 400 vagas em cada
turno, contando assim com 10 turmas de 40 alunos em cada turno, de modo que as áreas
do ensino profissionalizante eram distribuídas em quatro (4) integradas ao ensino
regular: Práticas Agrícolas, Práticas Comerciais, Práticas Industriais e Educação Para o
Lar.
No decorrer da 5ª e 6ª séries os alunos perpassavam pelas quatro áreas do ensino
profissionalizante, ou seja, a cada semestre os alunos estudavam uma dessas áreas, e ao
adentrarem a 7ª série, escolhiam a área com a qual mais se identificavam, dando
continuidade na área escolhida sob a 7ª e 8ª séries.
Neste sentido, os alunos já eram orientados a refletirem sobre a possível vocação
profissional, ou seja, a escola propiciava ao aluno a se conhecer e se identificar com as
ramificações propostas pelos cursos integrados ao ensino que este aluno freqüentava no
decorrer de sua formação nas quatro séries abrangentes nesta escola.
De acordo com este professor, sua área de atuação no Polivalente de Ituiutaba
nas áreas que compunham o ensino integrado era Técnicas Agrícolas; segundo ele, as
suas aulas sempre aconteciam de forma dinâmica e com uma considerável participação
dos alunos.
Assim, como relatado, durante as suas aulas ele sempre estava em movimento na
sala e não tinha o costume de ficar sentado, mas buscava o diálogo a todo o momento
entre o que estava sendo ensinado e aprendido pelo aluno, segundo ele, teve casos de
alunos virem procurá-lo posteriormente para lhe falarem sobre a continuidade dos
estudos e para lhe agradecer pela atenção e pelo ensino disponibilizado nas aulas, como
o caso de um ex-aluno que em determinado dia o procurou na escola para lhe falar que
estava fazendo o Curso de Medicina, dentre outros.
Quanto a rotina das aulas, ele apontou que embora trabalhasse o mesmo
conteúdo teórico com as diferentes turmas, ele sempre contextualizava variando os tipos
das abordagens, buscando interagir com os alunos de modo a fazer com que eles se
interessassem pelo exposto e assim pela participação mediante uma aprendizagem
significativa: “sempre gostei de quebrar essa rotina a cada aula”. (VALTER, 2015).
Matemática, Ciências, História, Geografia, Organização Social e Política do Brasil – O.S.P.B., Inglês,
Desenho Geométrico, Geometria, Educação Moral e Cívica, Educação Religiosa. Matérias Práticas –
Técnicas Agrícolas: Técnico agrícola, Agronomia, Veterinária, Engenharia florestal e outros. Técnicas
Comerciais: Contabilidade, Administração, Ciências econômicas e outras. Técnicas Industriais:
Engenharia industrial, Engenharia elétrica e outras. Educação Para o Lar: Nutrição, Fisioterapia e outras.
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Em seu depoimento, o Prof. Valter (2005) destacou que ainda mantém contato
com alguns ex-alunos, quando estes o encontram na rua, sempre o procuram para
conversar e relembrar um pouco da época em que estiveram juntos na escola, já que na
relação entre professor e alunos houve a construção de um vínculo de amizade que
permanece vivo entre eles. Dentre os alunos, ele ressalta o conhecimento de alguns que
deram continuidade aos estudos e são formados em medicina, veterinária, agronomia,
etc.
Ao se referir sobre o contexto político educacional da época e suas
considerações sobre as influências da política na escola, ele aponta que estas influências
sempre estiveram presentes no meio educacional: “a política sempre teve interferência
sobre a educação. São várias as formas em que a política interfere: preparação de
professores, currículos, carga horária, salários, etc., naquela época as normas eram
cumpridas conforme queria o Governo.” (VALTER, 2015)
Como vimos anteriormente, a repressão forçava a adesão aos programas que o
governo federal impunha a população neste período em que várias medidas foram
dimensionadas nas esferas sociais, como também na educação, ao ser priorizada como
meio de integração aos interesses da economia industrial.
Sobre sua consideração no tempo em que atuou no Polivalente, ele ressalta que
foi um período em que aprendeu junto aos seus alunos e como antes mencionado,
continua ainda sendo muito querido por vários ex-alunos que o encontram, pois,
segundo ele: “A docência é o maior aprendizado para o ser humano. Nas faculdades
aprendemos as matérias acadêmicas. Na relação com os alunos de diferentes idades,
aprendemos a ser gente cada vez melhor”. (VALTER, 2015)
Mariana10 iniciou seus estudos no Colégio Santa Tereza, no qual concluiu até a
4ª série, indo morar posteriormente na cidade de “São Sebastião do Paraíso”, estudar
interna em um Colégio de Freiras, concluindo neste, parte da 8ª série, quando o
internato fechou, regressando deste modo a Ituiutaba e voltando a estudar no Colégio
Santa Tereza, onde fez o Curso Normal. Após, Mariana foi para Uberlândia fazer
Faculdade de Artes - Curso de Desenho e Artes. Posteriormente retornou a Ituiutaba e
graduou-se em Complementação Pedagógica, Pós-Graduação em Supervisão, Inspeção,
10
A professora Mariana nasceu no ano de 1952 na cidade de Ituiutaba- MG, onde viveu sua infância junto
aos pais e seus 10 irmãos, já que perdeu três quando crianças, totalizando deste modo 14 irmãos, assim
ela relatou que brincava e ajudava a cuidar dos irmãos mais novos. Estudou no Colégio Santa Tereza até a
4ª série, o qual se localizava bem próximo à sua casa, prosseguindo posteriormente seus estudos em outra
localidade. Atuou no Polivalente de 1983 até o ano de 1985 quando saiu e tirou o LIP – Licença para
Tratar de Interesses Particulares - para ir para fora do país. Casou-se e não teve filhos.
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Gestão Escolar e Orientação. Atuou no Polivalente de 1983 até o ano de 1985. Nasceu
no ano de 1952 na cidade de Ituiutaba- MG, onde viveu sua infância junto aos pais e
seus 10 irmãos, já que perdeu três quando crianças, totalizando deste modo 14 irmãos,
assim ela relatou que brincava e ajudava a cuidar dos irmãos mais novos. Estudou no
Colégio Santa Tereza até a 4ª série, o qual se localizava bem próximo à sua casa,
prosseguindo posteriormente seus estudos em outra localidade.
De acordo com o depoimento da Professora Mariana, ela sempre teve o apoio
dos pais para prosseguir com seus estudos. Começou a atuar profissionalmente em
Uberlândia como professora quando estava fazendo faculdade de Artes com a idade de
20 anos. Após concluir sua graduação retornou à Ituiutaba e começou a lecionar em
escolas estaduais, dentre estas o Polivalente, sendo sua área de atuação Práticas
Industriais.
A professora relatou que o processo de seleção para sua entrada no Polivalente
foi por contrato, tendo como requisito a apresentação da escolaridade, ou seja, do Curso
de Graduação exigido para a área a ser ministrada. Ao se referir sobre sua entrada nesta
escola ela aponta que:
[...] inclusive, eu tive alunos que aprenderam a entalhar, hoje eles tem
a profissão de Dentista, Protético, como um que se formou como
Protético; ele despertou a sua habilidade quando era aluno do
Polivalente, tem outro também, formado em Podologia, no início
mesmo ele fazia entalhe na madeira, hoje ele trabalha a parte de
“cutículas”, então ele tinha aquela habilidade e aflorou a
experiência, dentre outros. (MARIANA, 2015)
Como pode ser visto, os trabalhos desenvolvidos pelos alunos demonstraram que
a habilidade era algo essencial para a produção artística dos objetos, como a Professora
Mariana relata ao falar que “o entalhe na madeira é a arte manual, na qual a pessoa
desenvolve a habilidade, a paciência e a intuição... a beleza dele é a execução do
trabalho, feito com a alma, é um trabalho longo que exige paciência”. (MARIANA,
2015)
A professora ao se referir sobre a organização do número de alunos sob os
cursos profissionalizantes relata que a sala de aula era dividida ao meio, com um
número aproximado de 20 alunos para cada professor. Segundo ela, as classes eram
sempre muito cheias, quanto ao perfil socioeconômico dos alunos, ela considera que a
maior parte era da classe média; ela coloca que naquela época “os alunos eram mais
comprometidos, mais do que hoje”. (MARIANA, 2015)
Ao fazer uma reflexão sobre sua prática, a professora ressalta que é importante
ter o gosto pela profissão na qual se atua: “Em toda a minha vida eu lecionei Artes, eu
gostei daquilo que eu fazia, sempre gostei de Arte, de fotografar... hoje, recentemente
aposentada, continuo com a minha Arte da Fotografia”. (MARIANA, 2015)
Helton11 estudou em uma Escola Rural concluindo nesta até a 2ª série, após
mudou-se para a cidade de Ituiutaba para estudar no Instituto Marden onde concluiu a 3ª
e 4ª séries. Posteriormente mudou-se com os irmãos para a cidade de Araguari para
estudarem em admissão internos no Colégio “Regina Pacis” (Rainha da Paz), no qual
estudou cinco anos, voltando a Ituiutaba para fazer o Tiro de Guerra e estudar. Em 1960
os pais mudaram para a cidade e passou a morar com eles. Em 1961 começou a
trabalhar no Banco Mineiro da Produção e após passou a trabalhar no Banco de Crédito
Real, quando também estudava a noite fazendo o Curso de Contabilidade no Instituto
Marden. Quando terminou o Curso de Contabilidade em 1970 iniciou a Faculdade de
História na Faculdade do Triângulo Mineiro – FTM e continuou a trabalhar no Banco.
Atuou no Polivalente de 1974 até 1993, quando foi trabalhar na Superintendência de
Ensino e atuou nesta instituição até se aposentar.
11
O Prof. Helton nasceu no ano de 1941 na cidade de Ituiutaba – MG, sendo que a sua família residia na
zona rural. Assim, em sua infância morou na fazenda junto aos pais e aos quatro irmãos - no entanto, ele
perdeu dois, estando no presente momento em um número total de três irmãos. Segundo ele, em sua
infância brincava, fazia serviços que dava conta e estudava em uma Escola Rural que ficava próxima a
sua casa, na qual concluiu até a 2ª série, já que posteriormente ele veio para Ituiutaba estudar no Instituto
Marden, concluindo neste as 3ª e 4ª séries, quando posteriormente mudou-se com os irmãos para estudar
em outra localidade. Casou-se e teve três filhos, os quais tem como formação profissional: Médico,
Advogado e Bióloga.
53
junto à gestão, alunos, pais e professores, de modo que, diante das ações o diálogo
estava sempre presente: “eu era vice-diretor e cuidava da área disciplinar dos alunos,
na verdade os professores cuidavam da disciplina dos seus alunos, então em último
caso, chamávamos os pais para conversar e para nos ajudar e surtia efeito”.
(HELTON, 2015)
Segundo ele, os cursos técnicos que compunham o ensino integrado, não eram
bem cursos profissionalizantes, mas vocacionais, já que havia diferentes áreas com as
quais os alunos podiam se identificar.
A área de atuação de Helton como professor no Polivalente foi em Práticas
Comerciais; de acordo com seu relato, as aulas eram sempre dinâmicas, os alunos
aprendiam na interação com a prática:
Minha sala de aula era muito gostosa, era divida em três momentos
de atividades práticas: tinha uma “Bomboniere”, de verdade, se
comprava e vendia, e os alunos ganhavam salário com o próprio
dinheiro que era obtido no decorrer das vendas. Tinha o Banco, os
alunos trabalhavam com talão de cheque, tudo como o funcionamento
de um Banco mesmo... e uma Escola de Datilografia. Todo o lucro da
loja era revestido no salário deles, na Bomboniere a gente mudava a
diretoria da loja a cada 15 dias, mudávamos também a diretoria da
loja de Datilografia e do Banco, mudávamos tudo. Quanto a rotina
das aulas, lá no Polivalente os professores não mudavam de sala de
aula, os alunos é que mudavam; os alunos tinham 5 minutos para
mudarem de sala na troca de horários. Os alunos interagiam muito
nas minhas aulas; na minha área os próprios alunos cuidavam da
organização da sala e dos materiais. (HELTON, 2015)
ressaltou que a escola sempre procurava estabelecer uma relação participativa junto a
esta e aos pais dos alunos:
12
O Professor Danilo nasceu no ano de 1945 em Ituiutaba, sendo sua família na época residente da área
rural. Tem três irmãos, sendo o mais novo destes. Viveu com seus pais e os irmãos na fazenda até os 10
anos de idade, quando mudou para a cidade de Ituiutaba para estudar. Casou-se e têm três filhas, a mais
velha é formada em Ciências da Computação e Inglês e reside no Canadá, a do meio é formada em Física
e a mais nova é Nutricionista.
57
bolo, torta, leite de soja, farinha, carne de soja, tudo de soja, e eles
aprendiam a fazer. Na época, os alunos estranharam um pouco os
alimentos de soja, o sabor... mas todos os alunos participavam dessas
aulas de Educação para o Lar e aprendiam muitas técnicas com os
alimentos. Na Prática de Comércio, eles aprendiam a trabalhar com
crédito, com débito, a preencher um talão de cheque... Nas Artes
Industriais eles aprendiam muitas coisas, como trabalhar com
madeira, cerâmica, tinha o forno de cerâmica, tinha até o torno para
o metal.... (DANILO, 2015)
Ao falar sobre a estrutura física da escola, o Professor Danilo destacou que esta
contava com tudo, biblioteca, sala para filmes, laboratórios, quadra, campo de grama,
banheiros com chuveiros, vestiário feminino e masculino. Segundo ele, depois das aulas
de Educação Física os alunos voltavam suados e iam para o banho e lá os alunos é que
mudavam de sala, os professores não.
Quanto a inspeção escolar, ele relatou que havia a presença desta na escola uma
vez por mês, a qual vinha de Uberlândia, já que não havia ainda na cidade uma unidade
da Secretaria do Estado. O Polivalente segundo ele buscava sempre a participação dos
pais e da comunidade “os pais eram bem presentes, fazíamos as reuniões e os pais
sempre iam”. (DANILO, 2015)
Nesse sentido, o Professor Danilo trouxe em seu relato que a escola promovia
muitos eventos, como festas que visavam a integração dessas partes, como mencionado
em seu relato a fanfarra era uma das atividades de mais destaque: “a escola promovia
muitos eventos, um dos principais era a fanfarra, o Polivalente possuía 120
instrumentos de fanfarra, ela ganhou em primeiro lugar em vários concursos que teve
aqui; o professor de Educação Física treinava a fanfarra”. (DANILO, 2015)
Nessa perspectiva, o professor destacou também a relação da escola com os
funcionários, a qual segundo ele era bem interativa “Os funcionários eram muito
amigos, muitas vezes ajudamos funcionários e alunos que passavam por dificuldades,
arrecadávamos dinheiro, alimentos, comprávamos roupas, sapatos, fazíamos
campanhas, a gente ajudava”. (DANILO, 2015)
Ao se referir sobre o contexto político da época, o Professor Danilo relatou que
este interferiu nas políticas educacionais, no entanto não prejudicou o ensino do
Polivalente, já que os professores buscaram ofertar um ensino de qualidade aos seus
alunos, não se limitando a prepará-los para a mão de obra destinado ao mercado de
trabalho, mas visando a preparação dos alunos a darem continuidade dos estudos em um
processo de ensino integrado a formação humana.
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Dentre o exposto a partir das memórias e vivências trazidas pelos Professores (a)
Valter, Mariana, Helton e Danilo, foi possível vislumbrar parte da história vivida nesta
escola e na vida dos sujeitos que a comporam neste período.
Considerando as lembranças trazidas por estes profissionais a partir dos
momentos experenciados entre o ensino e a aprendizagem, os significados se fazem
presentes em cada prática do passado, os quais demonstram terem sido internalizados e
marcados pela convivência em meio às ações vividas no Polivalente.
Como compreendido, a Escola Polivalente ao dispor de uma boa e organizada
infraestrutura, propiciava o interesse da comunidade quanto ao comprometimento em
assegurar uma formação de qualidade para os filhos, uma vez que, como demonstrado
nos relatos dos professores, não havia um quadro de evasão, de modo que a escola
buscava o vínculo participativo dos pais junto as atividades que eram desenvolvidas na
mesma, como festas comemorativas, torneios esportivos, dentre outros eventos que
podem ser considerados interativos entre a relação escola e família. Os docentes eram
contratados por seleções simplificadas ou por indicação, passaram por qualificações e
tinham boa estrutura para atuarem nessa instituição, dentro dessas condições,
indagamos: que tipo de aluno a escola “modelo” passou a receber em suas
dependências?
4.5.2 Discentes
Figura 08: Alunas (os) da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” - Polivalente
Eva13 nasceu em 1965 em Ituiutaba e sempre morou nesta cidade, dos seis
irmãos ela é a terceira. Ela relatou que durante sua infância passou por muitas
dificuldades e precisou trabalhar para ajudar com o sustento da família, assim, tinha
muita vontade de conhecer outros lugares, como uma fazenda, mas devido às
dificuldades financeiras, acabou ficando sempre limitada a esta cidade, a qual segundo
ela, nesta época, era pequena, tinha bastantes árvores, poucas residências:
13
A ex-aluna Eva é formada na área de Assistência Social e Pedagogia, como também proprietária de
Salão de Beleza e, atualmente se encontra em curso na Pós-Graduação em Educação. Concluiu da5ª a 8ª
série do 1º Grau na Escola Polivalente, entre os anos de 1979 a 1982, se afastou dos estudos durante
alguns anos e retornou aos mesmos já na idade adulta, depois de casada e com uma filha, a qual está em
formação cursando Medicina.
61
muito bom ser aquela turma grande, mesmo que a gente passava
muita dificuldade... mas a hora de ir brincar era muito boa, a hora de
ir para a escola a gente também ia feliz porque sempre vinha um
conhecimento novo e.... era uma carência de coisas materiais muito
grande, mas naquela época ninguém ligava, não tinha esse
capitalismo que tem hoje. (EVA, 2015)
Ao falar sobre sua trajetória escolar, Eva relata que após concluir a 4ª série do 1º
Grau, iniciou a 5ª série na Escola Polivalente no ano de 1979 no período vespertino,
onde concluiu até a 8ª série, não possuindo nenhuma reprovação durante este período;
mesmo antes de iniciar os estudos ela colocou que pensava em como seria estudar no
Polivalente: “eu via contar maravilhas, a minha irmã mais velha já tinha estudado lá,
eu fui com muitas expectativas” (EVA, 2015). Ela relatou que nesta época trabalhava
fora para uma tia no período da manhã, e logo que terminava os afazeres se dirigia para
a escola.
Referente às práticas pedagógicas, Eva relata que foi muito boa a experiência do
estudo nesta escola junto às disciplinas que compunham o ensino profissional, já que as
aulas eram sempre dinâmicas. Dentre os depoimentos referentes às disciplinas estudadas
na Escola Polivalente Eva (2015) relata:
Tínhamos também uma hora boa, que era a hora que eu mais
gostava...era a hora da aula de Educação Física, tinha muitas
duchas para a gente tomar banho, cada um chegava da Educação
Física suado, tinha corrida, tinha voleibol, handebol... a gente jogava,
na corrida eu era boa, conseguia medalhas porque eu chegava na
frente, esforçava, esforçava muito... porque durante a minha infância
eu brinquei muito, corri muito, pulei muito, subi em muitas
árvores...então correr para mim não era dificuldade, então eu corria,
corria muito e as medalhas vinham para mim... era boa também no
handebol... (EVA, 2015)
63
A aluna Eva (2015), ao concluir seu relato e concepção sobre o período de sua
formação nessa instituição:
Luíza14 nasceu no ano de 1968 em Ituiutaba e relata que sempre residiu nesta
cidade, sendo a 2ª filha dos cinco irmãos, dois (2) homens e três (3) mulheres, assim ela
coloca que teve uma infância feliz, na qual brincava e ajudava sua mãe com os afazeres
domésticos, não tendo trabalhado fora neste período.
A ex-aluna relata que iniciou seus estudos no Polivalente no ano de 1979,
concluindo neste da 5ª a 8ª série, não sendo reprovada no decorrer deste período.
Deste modo, ela relembra que vivenciou grandes momentos ao estudar nesta
escola, uma vez que todas as atividades, tanto as teóricas quanto as práticas advindas da
integração do ensino regular e técnico profissionalizante, eram em sua consideração
devidamente bem planejadas; segundo seu relato os professores se mostravam
empenhados e acompanhavam a aprendizagem dos alunos, sendo este um dos maiores
motivos para que ela se lembre com carinho dessa escola, como traz ao relembrar sobre
um dos professores que deixou marcas em sua vida como estudante:
14
A ex-aluna Luíza iniciou seus estudos no ano de 1979 na 5ª série do 1º Grau no Polivalente, concluindo
nesta a 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries, e após alguns anos o 2º Grau, profissionalmente atua na área comercial do
município como proprietária de uma “Boutique”. É casada e têm três filhos, dois estão cursando
Faculdade de Direito e a filha está se preparando para adentrar a faculdade.
65
O ensino foi muito bom, foi muito válido porque na época nenhuma
outra escola oferecia todos esses cursos profissionalizantes, então
assim foi um diferencial que a escola ofereceu para os alunos, foi
muito gratificante porque foram vários cursos e em todos a gente
aprendeu um pouco, saindo dali tendo concluindo o 1º Grau com um
diferencial a mais do das outras escolas. O ensino profissionalizante
junto ao ensino regular deveria ter permanecido nesta escola, porque
como eu já comentei, apesar de sido em pouco tempo, mas assim,
trouxe noções básicas para o aluno, de Práticas Comerciais,
Industriais, de tudo um pouco, então, preparava o aluno também para
o mercado de trabalho, era muito importante se tivesse continuado,
ainda mais hoje em dia em que o mercado de trabalho anda muito
exigente e competitivo. Com certeza acredito que o Polivalente
buscou oferecer um ensino de qualidade no período em que estudei lá,
como os cursos profissionalizantes as outras matérias em si foram
também de um alto conteúdo, a gente saiu dali bem preparado
mesmo, os professores eram assim, bem preparados para cada
matéria e saímos de lá, assim bem preparados mesmo... o estudo na
verdade é a alavanca para o futuro de qualquer pessoa, se a pessoa
não tiver o estudo muito dificilmente irá conseguir uma boa profissão,
então quanto mais estudar maior vai ser a chance do futuro
profissional. (LUÍZA, 2015)
15
A ex-aluna Rosemary tem sua formação como Pedagoga atuando como professora e funcionária
federal. Iniciou seus estudos no Polivalente no ano de 1984, concluindo neste a 5ª, 6ª, 7ª e parte da 8ª
série, quando transferiu-se para outra escola, concluindo alguns anos após o Ensino Médio no Polivalente.
Tem apenas uma filha, a qual atua profissionalmente como Fotografa.
66
professores e equipe gestora. Segundo ela, nesta escola não encontrou dificuldades
quanto a interação como também de aprendizagens.
Ao falar sobre as aulas que integravam o ensino profissionalizante e prática dos
professores:
Neste sentido, a ex-aluna relata que não considera que o ensino integrado ao
profissionalizante ofertado no Polivalente tenha tido o caráter restrito a preparação dos
alunos para o trabalho, como propunha a política da época, podendo ser identificada sua
posição quanto a isso através de seu depoimento:
Uma das disciplinas mais lembradas por Vanusa se refere a Educação Física, a
qual segundo ela tinha um diferencial que a destacava das demais escolas do município:
69
[...] foi uma das experiências que mais marcou minha trajetória na
escola. A disciplina era uma verdadeira arena olímpica, pois nos era
oferecida as mais variadas modalidades de educação físicas, entre
jogos coletivos, vôlei, handball, basquete, ginástica, apoio, flexões,
polichinelos, alongamentos etc, ... corridas, pois tinha uma pista
específica para esse fim, livre, de revezamento, com barreira..., salto
à distância, com barra... Futebol de quadra e de campo... tinha muita
coisa nem sei precisar, mas era literalmente uma educação física das
mais variadas, que não via em nenhuma outra escola. Éramos de fato
modelo nesse aspecto. (VANUSA, 2015)
17
A ex-aluna Roberta é formada em Ciências Biológicas, com especialização em Gestão e Auditoria
Ambiental e mestranda em Microbiologia Agropecuária. Atua como professora da Educação Básica da
rede municipal e professora da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG. É casada e teve três
filhos, no entanto perdeu uma filha; estando o filho mais velho cursando Medicina e o mais novo
cursando o 9º ano do ensino fundamental.
71
Esta ex-aluna relatou que a relação com os colegas no Polivalente era boa, já que
“era uma escola muito especial, o relacionamento era muito bacana, lá não havia
naquela época problemas de indisciplina” (Roberta, 2015). Ela diz ter ainda contatos
com alguns ex-colegas.
Ao falar sobre a disciplina da qual mais gostava, ela relatou que era Ciências, já
que segundo ela, sempre lhe chamou a atenção estudar os fatos que estão relacionados
conosco e com o meio que nos cerca.
A ex-aluna em seu depoimento relatou que as aulas de Educação Física eram
sempre interativas, os alunos participavam nos campeonatos e competições, como traz
ao lembrar-se dessas aulas:
Diante das suas considerações sobre a qualidade do ensino que a escola buscou
propiciar nesta época, a ex-aluna ressalta que “foi um ensino de qualidade, fui muito
feliz nesta escola, na época em que estudei lá, era tudo muito prazeroso”. (ROBERTA,
2015)
72
Elisa18 nasceu no ano de 1968 na cidade de Ituiutaba - MG, onde morou junto
aos seus pais, irmãos e o seu avô paterno, sendo a quarta filha dos cinco (5) irmãos. Em
seu depoimento ela relatou que teve uma infância tranquila, na qual brincava e estudava,
não tendo trabalhado fora, mas apenas ajudava a mãe com os afazeres domésticos.
A ex-aluna Elisa iniciou seus estudos na Escola Polivalente em 1979 na 5ª série
concluindo nesta até a 8ª, tendo sido reprovada na 5ª série. Ao falar sobre o período de
sua formação e ao ensino integrado aos cursos profissionalizantes que a escola oferecia
Elisa (2015), relatou que nesta época, estudou junto às disciplinas do ensino regular
também as áreas de Práticas Comerciais, Educação para o Lar, Práticas Industriais e
Práticas Agrícolas, para as quais havia salas específicas:
18
A ex-aluna Elisa é formada em Matemática e atua como professora na rede estadual do município e
como professora de Música em cidade próxima ao município.
73
4.5.3 Funcionários
A ex-funcionária, por meio de seu relato demonstra que ao exercer suas funções
na Escola Polivalente, constituiu também uma parte da sua história de vida, na qual
aprendeu junto aos alunos, professores, equipe gestora, colegas de trabalho e
comunidade.
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A ex-funcionária Carla estudou em duas escolas em Centralina, uma de Ensino Primário e a outra
Ginasial. Tem formação no Ensino Médio. Começou a trabalhar na Escola Polivalente no ano de 1980,
onde exerceu a função por 27 anos até se aposentar. É casada e têm quatro (4) filhas, a mais velha é
formada em Letras e duas estão estudando.
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4.5.4 Diretor
Neste sentido, o ex-diretor relatou que esta foi sua primeira experiência como
gestor na área educacional, na qual ele atuou até quando prestou concurso para o
Polivalente, no qual passou e posteriormente foi realizar o Curso de Administração
Escolar em Belo Horizonte, como aponta em seu depoimento:
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O ex-diretor Sandro nasceu no ano de 1942 em Ituiutaba-MG. Viveu junto a sua mãe e os três irmãos,
já que seu pai veio a falecer quando ele tinha dois anos de idade. Segundo ele, na sua infância nem tanto
brincava, mas trabalhava com seus irmãos ajudando sua mãe em casa com plantações de hortaliças. Aos
doze anos foi para outra localidade estudar. Casou-se e tem 6 filhos, dentre os quais possuem as seguintes
formações no momento: Agrônomo, Decoradora, Pedagoga, Contabilista. Atuou no Polivalente de 1974
até se aposentar no ano de 1988.
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[...] o processo seletivo foi o seguinte, uma seleção onde tinha mais de
400 pessoas concorrendo a 76 vagas, que eram para as novas escolas
que iam abrir, então eu consegui, daí tivemos que fazer o curso
específico para as escolas Polivalentes na Universidade Federal de
Belo Horizonte, fiz o curso de Administração Escolar. (SANDRO,
2015)
Como relatado pelo ex-diretor Sandro, a escola iniciou suas atividades com o
regime semestral no 2º semestre, em Setembro de 1974, o que veio a ser uma tremenda
surpresa, já que, segundo ele, foi um drama em relação a conseguir alunos e, o que
propuseram foi procurar e oferecer vagas para os alunos evadidos das escolas existentes,
bem como para quem não havia ainda se matriculado “então nós fizemos uma proposta
para 400 alunos e tivemos um atendimento para mais de 700 alunos, passavam pelo
exame de seleção, especificamente matemática e português”. (SANDRO, 2015)
Referente ao exposto pelo ex-diretor Sandro, foi notícia em destaque do jornal
da cidade o anúncio sobre as vagas disponibilizadas na escola, como demonstra a
imagem abaixo:
trabalho coletivo com todos da escola, pois segundo ele, em primeiro lugar ele tinha
uma proposta pedagógica para esta escola mediante sua concepção de educação, a qual
foi pautada nos ideais de Paulo Freire, o qual foi seu professor de Mestrado.
Sendo assim, o ex-diretor Sandro colocou que aprendeu muito nos estudos que
realizou sobre o pensamento de Paulo Freire, como também na qualidade de aluno deste
autor, tendo assim se identificado com a educação proposta por este educador, sob a
qual pensou em uma escola aberta para todos, alunos, professores, funcionários e
comunidade:
Todo mundo entendia a proposta, que por trás havia uma proposta,
isso é interessante, eu tive elogios aqui em Uberlândia de professor
que trabalhou lá, aqui mesmo na UFU em uma palestra que nós
tivemos, em que eu fui falar sobre Paulo Freire, do meu trabalho, da
minha visão de educação, teve um professor que levantou-se lá e
havia trabalhado comigo, e ele falou que lá tinha uma proposta e
que ele só conhecia um diretor que toda vez que tinha reunião, todo
mundo tinha a pauta e sabia a direção do que se passava, então foi
muito gratificante ouvir isso também, então eu tinha uma proposta
sim, tinha um trabalho e eles aderiam, mesmo a contratempo como
podiam rejeitar, mas no todo endossavam a ideia. (SANDRO, 2015)
segundo ele, ainda mantém contato com várias pessoas com que conviveu nesta escola,
em maior número com ex-alunos do que com os ex-professores, assim ele relatou que
sempre está em contato com ex-alunos que residem na cidade de Uberlândia, dentre
estes atuando como advogados, professores, médicos, enfermeiros, engenheiros, dentre
outros. Como demonstrado, tal experiência remete para uma história que tem sido
construída e constituída a partir de vínculos afetivos que foram vivenciadas em meio a
Escola Polivalente, os quais remetem os significados dessas vivencias que se encontram
vivas na memória dos sujeitos envolvidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a
relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade,
como inconclusão em permanente movimento na História. (FREIRE,
1996, p.136)
83
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, José Alfredo de. A USAID, o Regime militar e a implantação das Escolas
Polivalentes no Brasil. Disponível em:
www.revistaepistemologi.com.ar/biblioteca/07ARAUJO(1). pdf.
HARPER, Babette et al. Cuidado, Escola!: Editora Brasiliense. São Paulo, 35ª edição,
2000.
MAGALHÃES, J. A história das instituições educacionais em perspectiva. In: GATTI
JR, D., INÁCIO FILHO, G. (orgs.). História da educação em perspectiva: ensino,
pesquisa, produção e novas investigações. Campinas, SP: Autores Associados;
Uberlândia, MG: EDUFU, 2005.
SILVA, Jóbio Balduino da. Colégio Comercial Oficial de Ituiutaba: reflexões sobre
a história da educação profissional pública no Pontal do Triângulo Mineiro (1965-
1979). Uberlândia, 2012. Disponível em: http://www.bdtd.ufu.br/tde_arquivos/9/TDE-
2012-12-21T161338Z-3352/Publico/d.pdf. acesso em: 05/05/2015.
FONTES ORAIS
DOCUMENTOS PESQUISADOS