Ao olhar a utilização de microrganismos num prisma histórico, vê-se que
a sua utilização em processos de biotransformações nos remete a antiguidade. O ser humano, através das observações ao seu redor, percebe que determinados processos se desenvolviam ou não. Como a carne seca que resisti a deterioração; que ao deixar o leite azedar era possível retirar o liquido do coalho para fabricar o queijo; ou ainda que ao secar os grãos antes da estocagem era possível evitar o aparecimento de fungos. (TORTORA et al., 2010). Entretanto, não eram conhecidos os agentes causadores desse processo Na região da Mesopotâmia, a cerca de 6000 a.C, os babilônios e o sumérios utilizavam os cereais obtidos da sua mata selvagem para fabricação de uma bebida fermentada (MARTINS, 2014). Já os egípcios, por volta de 2000 a.C, utilizavam o processo fermentativo para fabricação de pães. A 2500 anos atrás, na China, utilizava-se a fermentação para a produção de Koji, que foi levado também para o Japão no século VII. (PANDEY et al., 2007). A partir das observações, outras aplicações ocorreram há muito tempo, como a produção de iogurte, vinagre e queijo. Somente na metade do século XIX, que se descobriu os fatores que desenvolviam essa formação. Em 1673, o pesquisador Anton van Leeuwenhoek (1632-1723), através da visualização de um microscópio que desenvolveu, observou seres minúsculos, os quais chamou de animálculos; 200 anos após, Louis Pasteur (1822-1895), em seus estudos sobre a produção de alimentos fermentativos, vinho, cervejas, queijo, leite, iogurte e combustíveis, identifica esses microrganismos, seus processos microbiológicos e descobre um dos principais princípios da fermentação: a utilização de substrato por microrganismos para a produção de metabólitos primários e secundários de interesse ao homem (NAJAFPOUR, 2007).
Pasteur, ao isolar alguns microrganismos e cultivo em meio adequado,
conseguiu desvendar a base do que hoje recebe o nome de Microbiologia Industrial ou Biotecnologia Microbiana. Em 1864, Pasteur desenvolve um processo que chama de pasteurização, que consiste em aquecer um determinado meio a uma tempera de 60° por 30 minutos, para conseguir um bom rendimentos, pois muitas vezes é necessário presença de um cultivo puro com somente um microrganismo isolado e evitar o aparecimento de microrganismos indesejados, que podem alterar o processo. (SAGGIORI, 2008)
Foram as grandes Guerras que impulsionaram a utilização da
Microbiologia Industrial. Durante a Primeira Guerra Mundial, começou-se a utilizar microrganismos para a produção de substâncias como etanol, acetona e ácido cítrico. Foi durante esse período que foi feito pela primeira vez um cultivo microbiológico asséptico em grande produção, quando foi utilizado um fermentador líquido para a produção de acetona (STANBURY et al.,1995). A partir de 1928, com a descoberta da penicilina por Alexandr Fleming, muitos tipos de antibióticos foram desenvolvidos no mundo, na Segunda Guerra Mundial, começaram a ser produzidos em larga escala. (TORTORA et al., 2010)
Com o passar do tempo, acontecimentos corroboraram cada vez mais
com o desenvolvimento a Biotecnologia Microbiana, como a descoberta de recombinação do DNA, que permite a criação sintética de novos organismos vivos para criar industrialmente insulina humana (NAJAFPOUR, 2007). Com os avanços científicos e tecnológicos, a produção de produtos como cervejas, vinhos e queijos já vêm acontecendo desde a antiguidade, mas atualmente ela é muito mais controlada e eficiente, processos esses que antes eram realizados em casa ou pequenas propriedades, passaram a ser realizados em grades indústrias, evidenciando a grande vantagem que a microbiologia pode dar à indústria.
MARTINS, Izadora F.; FUZIOKA, Pâmela U.;SILVA, Alexsandro M.
Processo de produção da Cerveja. Centro Universitário São Camilo, 2014.
SAGGIORI, Wilson. Processos Fermentativos. Universidade Federal do
Paraná, 2008.
PANDEY, A. SOCCOL, C. R.; LARROCHE, C. Desenvolvimentos atuais
em fermentação em estado sólido. Asiatech Publishers, Inc. Nova Deli, 2007. NAJAFPOUR, G. D. Engenharia Bioquímica e Biotecnologia. Primeira edição, Elsevier, 2007. 421 p.
STANBURY, P. F.; WHITAKER, A.; HALL, S. J. Princípios da tecnologia
de fermentação. Segunda edição. Butterworth Heinemann, Elsevier Science, 1995, 357 p.