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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA – UFOB

BIANCA SOARES MOREIRA


DANIELA ALVES DE LIMA
DANILO CORADO DE MELO
IAGO GABRIEL DE OLIVEIRA VIEIRA
JUREMÁ ARIANA OLIVEIRA SILVA

SOLUÇÃO PARA A DESTINAÇÃO FINAL DO LODO GERADO NA


ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE BARREIRAS – BA

BARREIRAS – BA
2019
BIANCA SOARES MOREIRA
DANIELA ALVES DE LIMA
DANILO CORADO DE MELO
IAGO GABRIEL DE OLIVEIRA VIEIRA
JUREMÁ ARIANA OLIVEIRA SILVA

SOLUÇÃO PARA A DESTINAÇÃO FINAL DO LODO GERADO NA


ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE BARREIRAS – BA

Atividade realizada como critério de


obtenção de nota parcial referente ao
componente curricular CET0300 –
Tratamento de Água para Abastecimento
- durante o período letivo 2019.2.

Professor orientador: Maico Chiarelotto.

BARREIRAS – BA
2019
Sumário

1 Tratamento E Qualidade Da Água - Eta Barreiras, Ba..................................................................... 4


2 Referencial Teórico .............................................................................................................................. 5
2.1 Caracterização Físico-Química Do Lodo ...................................................................................... 5
2.2 Destinação do lodo para a construção civil .................................................................................. 7
3 Manejo do lodo para produção de pré-moldados ............................................................................. 9
3.1 Caracterização do empreendimento .............................................................................................. 9
3.2 Geração de Lodo: Dados Barreiras ............................................................................................. 10
3.3 Leitos de secagem ....................................................................................................................... 13
3.4 Produção de peças pré-moldadas ................................................................................................ 18
3. 5 Análise Custo Para Produção Blocos Intertravados ................................................................... 20
1 Tratamento E Qualidade Da Água - Eta Barreiras, Ba

A água que abastece o município de Barreiras, BA, provém do rio de Ondas, localizado
na bacia hidrográfica do rio São Francisco. Com nascente no município de São Desidério, este
rio tem sofrido impactos ambientais de grande relevância, principalmente por causa das
atividades de agricultura irrigada, que causam processos erosivos e descaracterização da
vegetação.
Além da agricultura há as atividades urbanas e industriais, o extrativismo vegetal e
mineral e a pecuária. Como há uso de defensivos agrícolas, o rio de Ondas não está isento de
contaminação. Até o momento, as águas deste manancial são de boa qualidade, atendendo ao
padrão de classe II, pela Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005, apta ao
tratamento e distribuição para consumo humano.
A Embasa, através do seu Laboratório Central, em Salvador, acompanha a qualidade da
água deste manancial.
A vazão de captação, no rio de Ondas, é maior que 370 L s-1 e a capacidade nominal de
tratamento do sistema é de cerca de 330 L s-1. Funcionando em regime de operação de 22 horas
por dia, a estação produz mais que 25000 m³ dia-1.
A unidade da empresa responsável pela produção e distribuição de água para consumo
humano nesta região é a Superintendência da Região Norte, Barreiras, Bahia. O controle da
água distribuída é realizado através de análises executadas em laboratórios próprios da Embasa
e terceirizados, seguindo as orientações do anexo 7 do anexo XX, da portaria de consolidação
n 5, do Ministério da Saúde.
O tratamento da água de abastecimento em Barreiras, BA é realizado na ETA, através
de processo convencional, sequenciado pelas fases de coagulação, floculação, decantação,
filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH.
Para o tratamento, a ETA utiliza sulfato de alumínio como coagulante, ácido
fluorsilícico para fluoretação e hidróxido de cálcio para correção do pH. Os materiais usados,
bem como as quantidades, variam de um local para outro, assim como de acordo com eventos
climáticos e estações do ano.
Essa sazonalidade está diretamente relacionada à produção de lodo na ETA e pode ser
observada consoante a representação gráfica da figura 1, abaixo.
Geração de Lodo comparado ao consumo de
Al2(SO4)3
Quantidade 1.500

1.000

500

-
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Massa sólidos diária (kg) Sulfato de Al (kg)

Figura 1. Gráfico 1

Geralmente no verão a qualidade e a quantidade de água reduz, portanto, demanda uso


maior de agentes químicos. Ou o período intenso de chuvas, que aumenta a presença de
sedimentos nos mananciais. Em Barreiras há dois períodos sazonais bem demarcados de estação
chuvosa e seca.

2 Referencial Teórico

2.1 Caracterização Físico-Química Do Lodo

Faz-se necessária a análise dos parâmetros físico-químicos para a avaliação da qualidade


da água e assim do lodo produzido por seu tratamento na Estação de Tratamento de Água.
A caracterização do lodo é realizada mediante análise de temperatura, pH, turbidez,
demanda química de oxigênio (DQO), sólidos totais (ST), teor de umidade e massa específica
aparente com objetivo de verificar os limites máximos toleráveis dos parâmetros. Segundo
Macêdo et al. (2011), estes parâmetros influenciam a hidratação do concreto.
Os dados de turbidez foram obtidos na própria Empresa Baiana de Água e Saneamento
da Bahia, EMBASA, do município de Barreiras, Bahia.
Para a determinação da DQO é necessária a diluição do lodo na proporção de 1:2 em
água destilada para possibilitar a leitura posterior no espectrofotômetro devido a concentração
de matéria orgânica e sólidos presentes nas amostras.
Tafarel (2015) recomenda que a determinação da concentração de sólidos totais seja
realizada em amostras do lodo com e sem adição de polímeros.
Richter (2001) apresenta as principais características de lodo proveniente do sulfato de
alumínio, que são descritas na tabela 1, abaixo.
Tabela 1. Características típicas de lodos de sulfato de alumínio
Parâmetro Richter (2001)
Sólidos Totais 0,1 - 4
(%)
Al2O35H2O 15 - 40
pH 6-8
DQO (mg L-1) 30 - 5000

Tafarel (2015) apresenta os valores dos parâmetros mencionados obtidos em amostras


estudadas em Curitiba, PR e Cordeiro (2000 apud Portella et al., 2003) apresenta os valores dos
parâmetros mencionados obtidos em amostras estudadas em São Carlos, Araraquara e Rio
Claro, SP.
Tabela 2. Parâmetros físico-químicos para o lodo de ETA

Tafarel Cordeiro
Parâmetro
(2015) (2000)
pH 6,73 - 6,78 7,2 - 8,93
Temperatura (°C) 22,6 - 22,9 -
Turbidez (UNT) 667 - 743 924 - 800000
DQO (mg L-1) 758 - 983 140 - 5450
Sólidos Totais (mg L-1) 2182 - 2288 1620 - 58630

Teor de umidade (%) - 86,4 - 87,5

Em Barreiras, BA, os dados obtidos para alguns parâmetros são expressados na tabela
3, abaixo.
Tabela 3. Parâmetros físico-químicos para o lodo da ETA Barreiras, BA

ETA
Parâmetro Barreiras
(2018)
Cor 1,9 - 108,5

Turbidez
2,5 - 36,75
(UNT)
d (mg L-1) 0 - 21,9
2.2 Destinação do lodo para a construção civil

O tratamento e a destinação final do lodo de ETA (WTS) são, ainda hoje, tema de grande
discursão na academia e nas companhias de saneamento. Nesse sentido, são descriminados
como fatores chave a qualidade da água bruta e o processo de tratamento, eles determinam a
qualidade e a quantidade do lodo produzido. Isso porque, as características do lodo variam de
acordo à alteração da qualidade da água bruta, mudança sazonal e dosagem do coagulante no
sistema de tratamento (AHMAD et al., 2016).
Existem diferentes áreas com potenciais de aplicação desse resíduo, podendo ser
empregado como material de construção civil, em processos de recuperação de poluentes, em
solo, em mistura betuminosa em obras de pavimentação (BABATUNDE e ZHAO, 2010), como
biossolo (CANIANI et al., 2013) ou até mesmo como substrato de wetlands (YANG et al.,
2006; ZHAO e ZHAO, 2009; BABATUNDE et al., 2010; WU et al., 2011; YANG et al., 2011;
ZHAO et al., 2011b; HU et al., 2012), bem como pode ser recirculado no tratamento de lodo
de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de refinaria de óleo ou de frigorífico, além de ser
viável para a produção de energia como fonte de termoelétrica. A tecnologia a ser empregada
depende das características do lodo.
Na construção civil o lodo pode ser entendido como aglomerante, usado em substituição
parcial do cimento ou argila, ou como agregado miúdo, substituindo parcialmente a areia. São
vantagens dessa aplicação: alta concentração de sólidos, composição química semelhante aos
materiais necessários à fabricação de cimento, não há diminuição da resistência em longo prazo,
além do fato que lodos com presença de alumínio formam hidratos de cálcio e alumínio que
ajudam a previr a corrosão oferecida pelo cloro em estruturas de aço. Por outro lado, são
desvantagens: teor de matéria orgânica no produto final se a calcinação não for completa
podendo afetar propriedades mecânicas, risco de geração de hidrogênio, expansão de alumínio,
elevado teor de água, risco de corrosão em fornos de cimento e a produção de óxidos de ferro
oriundos de lodo férrico, o que pode conferir cor indesejável ao produto final (PAN et al., 2004;
BABATUNDE e ZHAO, 2010).
Das alternativas como material de construção civil, o lodo se destaca na produção: de
pavimento intertravado de concreto para uso externo, de agregado leve, de móveis urbanísticos
(bancos de praça), manilhas de concreto ou ainda como insumo na produção de materiais da
indústria de cerâmica vermelha.
Para Oliveira et al (2004) é possível agregar diferentes tipos de componentes, dentre
eles resíduos poluentes no processo produtivo da indústria cerâmica. Isso é possibilitado pelo
fato das massas argilosas se apresentarem como naturalmente heterogêneas o que as torna
tolerantes quanto a presença de materiais residuais de diferentes tipos e origens. Com base
nisso, alia-se a necessidade de atribuir destinação adequada ao lodo de ETA com a possibilidade
de inserção na indústria de cerâmica vermelha.
O estudo de Siqueira Júnior (2011) visa a caracterização de resíduos de estação de
tratamento de água e desta forma analisar a possibilidade de reaproveitamento na indústria de
cerâmica vermelha. As características apresentadas no lodo coletado na Estação de Tratamento
de Água de Botafogo, Igarassu – PE foram comparadas com características contidas em tijolos
de alvenaria e assim estimou-se a viabilidade técnica de integrar este material neste processo
industrial. Os resultados obtidos apontam que o WTS em análise, por possuir composição
semelhante as argilas naturais, demonstraram que há grande potencial para reaproveitamento
da indústria de cerâmicas vermelhas. Porém, devido a presença de matéria orgânica, existiu
fissuração e trincas nos corpos de prova o que indica que a utilização deste material depende de
um tratamento térmico que elimine estes compostos. O processo de coagulação utilizado nesta
ETA é através da adição de sulfato de alumínio, deste modo torna-se uma alternativa viável,
uma vez que na ETA de Barreiras – BA utiliza este mesmo coagulante.
No estudo de fabricação de piso intertravado a partir de lodo férrico, pesquisadores
concluíram uma proporção de massa lodo-cimento de até 40% e absorção de água em torno de
10% (ALQAM, 2011). Kaosol (2010) apontou que a incorporação de lodo de ETA como
agregado leve numa proporção entre 10% e 20%, em massa de mistura, é viável.
O lodo pode ser incorporado na produção de concreto, favorecendo assim, a construção
civil e o meio ambiente devido à redução da extração de matéria prima para o concreto e os
impactos ambientais do lodo podem ser evitados. Em um estudo foi apresentado que ao
incorporar 5% de lodo como substituição do agregado miúdo as peças de concreto serão
somente para fins não estruturais: bloco intertravados para pavimento, concreto leve para
preenchimento, tubulações de concreto, mobiliário urbano, dentre outros (TAFAREL, 2016).
Porém deve ser realizada uma caracterização do material com mais rigor uma vez que o lodo
possui comportamentos distintos após passar por um processo de calcinação, ou seja, secar na
mufla, a 750 ºC por 6 horas, no que diz respeito à superfície especifica dos grãos formados
(SANTOS, 2018).
Gomes et al (2019), em seu artigo de revisão afirma que até 5% WTS, em substituição
de cimento ou areia, pode ser aplicado no concreto estrutural e não estrutural sem efeito adverso
sobre seu desempenho, 10% do WTS com alumínio reduz a força mecânica dos tijolos entre
24,6% e 45,5%, 10% de WTS com ferro aumenta a força dos tijolos entre 7 e 97%, além do
aumento de permeabilidade nos materiais e que o geopolímero proveniente da cinzas do lodo
de ETA é 12 vezes mais forte que o cimento de argila durante os ciclos de cura.
Santos (2011) também realizou estudo referente a caracterização e utilização do WTS
como matéria prima para confecção de elementos da construção civil. Através de análises
químicas, físicas e biológicas avaliou-se a composição do lodo gerado na ETA Viera de Mello
em Salvador – BA e a partir disso, determinou-se a viabilidade da destinação deste material
para a confecção de blocos. Para a produção dos blocos utilizou a mistura em duas diferentes
proporções de cimento, cal, areia, água e lodo seco. Com os resultados obtidos sugeriu-se que
a composição adequada foi de 1,0: 3,7 : 0,85: 0,28 em cimento: areia: agua: lodo,
respectivamente e em relação a análises nas quais o bloco foi submetido, todos os resultados
apontaram para viabilidade do uso do material em construção.
Outra vantagem a respeito do uso do WTS é descrita por Godoy (2019), ao denotar
amostras de lodo calcinadas a 600 ºC por 1 hora com resultados promissores na produção de
material cementicioso suplementar, sendo esse, equivalente ao cimento normal pozzolan.
Quando considerados os aspectos técnicos, ambientais e econômicos em relação ao consumo
de energia, essa tecnologia se sobressai, pois o pozzolan altamente ativo requer exposição de
750 ºC em 1 hora.
Com isso é possível determinar a viabilidade do uso do lodo de ETA na produção de
concretos não estruturais para peças pré-moldadas.

3 Manejo do lodo para produção de pré-moldados

3.1 Caracterização do empreendimento


Empresa: AIA Soluções

Tipo de empreendimento: Fabricação de pré-moldados de concreto

Localização:
Figura 2 – Localização da AIA Soluções

3.2 Geração de Lodo: Dados Barreiras

Será realizado um estudo com base a dados fornecidos pela Empresa Baiana de
Saneamento – EMBASA, da Estação de Tratamento de Água da cidade de Barreiras apenas
para fins didáticos do período de 2018 para estimar a geração de lodo.

A ETA possui configuração convencional, na qual a água bruta passa por uma mistura
rápida, logo após a dosagem do coagulante sulfato de alumínio, em seguida direcionada para
uma chicana vertical para ocorrer a floculação é encaminhada para a decantação,
posteriormente para os filtros e antes da distribuição da água passa por uma desinfecção. A
produção de lodo ocorrerá principalmente da descarga de fundo da unidade de decantação e da
lavagem das unidades de decantação e filtração.

Para realizar a quantificação da produção de lodo foi selecionada uma estimativa que
considera os dados de entrada de turbidez (uT), cor aparente (uC), e dosagem de sulfato de
alumínio (mg/L). Que resultaram na produção de sólidos (kg/m³ da água bruta) de acordo com
a equação abaixo (KATAYAMA, 2012):

𝑃 = (1,2 ∗ 𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑑𝑒𝑧 + 0,07 ∗ 𝐶𝑜𝑟 + 0,14 ∗ 𝑆𝑢𝑙𝑓𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐴𝑙𝑢𝑚í𝑛𝑖𝑜)10−3 (01)


Em seguida a o resultado deve ser multiplicado pelo volume de água produzido pela
ETA para obter a quantidade produzida de lodo. Essas estimativas apresentaram um valor maior
que o real quando realizada a comparação (KATAYAMA, 2012)

Tabela 4 – Características da água bruta e dosagem de sulfato de alumínio

ETA Barreiras 2018

Volume de
número Tempo Turbidez d
Mês Q(l/s) Cor água
de dias oper.(h) (NTU) (mg/L)
Produzido (m³)

Janeiro 31 330,09 648 34,2 68,7 17,3


770.035
Fevereiro 28 354,47 605 14,9 108,5 20,9
772.052
Março 31 31,4 682 34,7 85,7 20,9
764.549
Abril 30 319,29 682 24,9 76,4 14,9
783.359
Maio 31 319,22 700 16 1,9 9
804.423
Junho 30 335,3 640 1,6 12 1,3
772.534
Julho 31 308,09 707 3,57 15 0
784.149
Agosto 31 323,9 697 3 10 0
812.720
Setembro 30 367,58 620 2,5 10 0
820.435
Outubro 31 354,38 657 3 16 0
838.183
Novembro 30 354,98 618 25 76 19,5
789.763
Dezembro 31 337,8 666 36,75 97,75 21,9
809.900

Tabela 5 – Estimativa de geração de lodo

Massa
Massa de Massa
de
Mês sólidos sólidos
sólidos
(kg/m³AT) Diária (kg)
(kg)

Janeiro 0,04879
37.570 1.212
Fevereiro 0,029028
22.411 800
Março 0,051192
39.139 1.263
Abril 0,037761
29.580 986
Maio 0,020863
16.783 541
Junho 0,002981
2.303 77
Julho 0,005334
4.183 135
Agosto 0,0043
3.495 113
Setembro 0,0037
3.036 101
Outubro 0,00472
3.956 128
Novembro 0,038635
30.512 1.017
Dezembro 0,0546655
44.274 1.428

Pode-se perceber que há uma variação na produção de lodo da ETA no ano, devido ao
regime de chuvas. Nos períodos secos a água bruta dispensa a necessidade de coagulante, uma
vez que a cor e a turbidez apresentam valores baixos, implicando numa menor produção do
lodo. Neste ano pôde-se estimar que a produção foi de 237.242,00 kg de sólidos.

Para a devida utilização do lodo a ETA deve conter uma unidade de equalização,
dimensionada considerando o volume máximo de lavagem, que realize a operação unitária de
separação sólido-líquido, ou seja, na parte inferior o lodo se depositará e na parte superior a
porção líquida. O tanque deve ter uma descarga de fundo que encaminhará o lodo para o leito
de secagem, o tempo de sedimentação é de aproximadamente 1h. Em seguida a água clarificada
pode ser reaproveitada na ETA (LUTOSA et al, 2016; OLIVEIRA et al, 2012).

A configuração para manejo do lodo deverá conter um reservatório cilíndrico com


dimensões de Diâmetro x altura de 6mx8m com volume de 227 m³, considerando o período de
armazenamento de 7 dias. Esse reservatório atuará como tanque de equalização e deverá conter
uma descarga de fundo para despejar adaptável a um transporte que irá realizar conduzir o lodo
até a empresa de pré-moldados. É estimado que o tempo de decantação do lodo é de 1h, logo
esse deverá ser o tempo mínimo entre o último despejo de lodo no reservatório e a descarga de
fundo. A água clarificada sobrenadante poderá ser bombeada para reaproveitamento na própria
ETA

Foi selecionado um caminhão com capacidade de 30 m³ modelo EURO VAC que


realizará 7 viagem a cada 7 dias até o leito de secagem, que por sua vez, receberá contribuição
de 7 viagens para iniciar o tempo de secagem que durará 15 dias.

3.3 Leitos de secagem

Para a aplicação na fabricação de pré-moldados o lodo deverá passar por uma etapa de
secagem, sendo a utilização de leitos de secagem a técnica mais viável a ser aplicada. Assim,
foi realizado o dimensionamento dessas estruturas, tomando como parâmetros técnicos os
valores obtidos para o mês de dezembro de 2018, período do ano em que houve a maior
produção de massa sólida.
No Brasil não existem normas que norteiem o dimensionamento dessas estruturas,
contudo, Bastos et al. (2015) sugerem uma metodologia formulada a partir da reunião de
equações elaboradas por outros autores. A Equação 1 indica o cálculo de produção de sólidos.

(𝐾1 × 𝐷 + 𝐾2 × 𝑇)
𝑀𝑠 = ×𝑄×𝑡 (02)
1000

Em que:

 Ms: produção de sólidos (kg de sólidos por m3 de água tratada).


 K1 e K2: coeficientes adimensionais iguais a 0,25 e 1,50, respectivamente, conforme
literatura consultada.
 D: dosagem de sulfato de alumínio (mg/L).
 T: turbidez (uT).
 Q: vazão de água tratada (m3.s-1).
 t: tempo de acúmulo do lodo (s).

A quantificação dos sólidos produzidos permite a estimativa da massa de lodo gerada


(Equação 2), sendo conhecida a concentração de sólidos. A literatura indica que, em geral, esse
valor está no intervalo de 0,4 a 8%, de modo que, para esse trabalho, se adotou 6%.
𝑀𝑠
𝑀𝐿 = (03)
𝐶
Onde:

 ML: massa de lodo gerada (kg).


 Ms: produção de sólidos (kg de sólidos por m3 de água tratada).
 C: concentração de sólidos (adimensional), adotada como 0,25.

Em seguida, se obtém o volume de lodo (Equação 3) a partir de sua massa e densidade,


sendo a última dada pela Equação 4.

𝑀𝐿
𝑉𝐿 = (04)
𝛿𝐿
Em que:

 VL: volume de lodo (m3).


 ML: massa de lodo gerada (kg).
 δL: densidade do lodo (kg/m3).

𝛿𝐿 = [1/(𝐶/𝛿𝑠 )] + [(1 − 𝐶)/𝛿] (05)


Onde:

 δL: densidade do lodo (kg/m3).


 C: concentração de sólidos (adimensional).
 δs: densidade de sólidos esperada no lodo (kg/m3).
 δ: densidade da água (kg/m3) , correspondente a 1.000 kg/m3.

Finalmente, a área do fundo de cada leito é obtida a partir da Equação 5. Para tanto, se
considerou a altura do lodo no leito de secagem como sendo 60 cm. Para a concentração de
sólidos será utilizada a tabela abaixo obtida por Lutosa et al, (2016):
Tabela 6
Teor de sólidos (%) Propriedades
0 a 25 Lodo fluído
25 a 35 Torta semissólida
35 a 60 Sólido duro
60 a 85 Lodo em grânulos
85 a 100 Lodo desintegrado em pó
𝑉𝐿
𝐴= =𝑏×𝐿 (06)

Na qual:

 A: área do fundo do leito (m2).


 VL: volume de lodo (m3).
 h: altura do lodo no leito de secagem (m). Valor adotado: 0,60.
 b: largura do leito (m).
 L: comprimento do leito (m).

A Figura 02 mostra os resultados do dimensionamento, calculados com o auxílio do


software Microsoft Excel.
Figura 03 – Dimensionamento de uma unidade de leito de secagem.

DIMENSIONAMENTO DO LEITO DE SECAGEM (LODO)


Legenda
Valor inserido
Valor calculado
Valor da literatura

Produção de sólidos Massa de lodo gerada Volume de lodo Área de fundo do leito
Dados de entrada 3
Ms (kg/m AT) ML (kg) VL (m3) A (m2)
K1 0,25 12358,296 49433,185 43,941 73,234
Coeficientes
K2 1,50
Dosagem de coagulante D (mg/L) 21,90 Comprimento Larguracalculada Larguraadotada
Turbidez T (uT) 36,75 L (m) bc(m) ba(m)
Vazão média Q (m3/s) 0,34 13,00 5,633 6,000
Período de acúmulo do lodo t (s) 604800,00
Concentração de sólidos C 0,25
Densidade da água δ (kg/m3) 1000,00
Densidade dos sólidos δS (kg/m3) 1800,00
Densidade do lodo δL (kg/m3) 1125,00
Altura do lodo no leito h (m) 0,60

Fonte: Própria.
Serão adotados três leitos de secagem de dimensões 13m x 6m, de maneira que cada
leito receba contribuições durante sete dias, sendo mais quinze dias reservados para a secagem.
Para que o tempo de secagem dure quinze dias deve ser utilizado o geocomposto MACDRAIN
2L (LUTOSA et al, 2016).A Figura (04) representa a logística do gerenciamento do lodo no
período de trinta e um dias.

Figura (04) – Logística de gerenciamento de lodo.

Dia Leito A Leito B Leito C Legenda


1 Período de adição de lodo
2 Leito vazio
3 Período de secagem
4 Retirada do lodo
5
6
7 Cheio
8
9
10
11
12
13
14 Cheio
15
16
17
18
19
20
21 Retirada Cheio
22
23
24
25
26
27
28 Cheio Retirada
29
30
31

Fonte: Própria.
Nota-se que a implantação de três leitos de secagem exigirá elevada área de construção.
Contudo, se salienta que a própria empresa possui área para a execução do projeto, implicando
que a única demanda para a Estação de Tratamento de Água será a construção de um
reservatório capaz de armazenar o volume de lodo gerado no período de sete dias.

3.4 Produção de peças pré-moldadas

O escopo desse estudo está no uso do lodo como agregado fino para a fabricação de pré-
moldados. A partir desse material será produzido concreto não estrutural com intuído de
fabricar blocos intertravados, mobiliário urbano e manilhas para sistemas de drenagem.
Mensalmente são produzidos 12 m³ de WTS. Para atender a essa demanda, será
necessário destinar uma parte do lodo para a fabricação de blocos intertravados e outra parte
para a fabricação de peças de concreto: tubulações de concreto e mobiliário urbano.
Para a aplicação é requerido lodo seco, com a maior quantidade de sólidos possível.
Como a ETA de Barreiras apresenta grande variação sazonal, adotou-se o pior caso para a
secagem do lodo. Sabe-se que dezembro é o mês mais crítico, o teor de sólidos presente é de
6% e o volume gerado é de 200 m³ de lodo úmido. Para o processo de secagem é utilizado o
método de calcinação, em que o lodo após leito de secagem é lavado à mufla, a 750 º C por 6
horas para eliminar toda carga orgânica. O material calcinado deverá ser armazenado, por ser
utilizado na construção agregado para o concreto, no qual suas especificações de
armazenamento são: Não ter contato direto com o solo (ABRANTES, 2011).
A dosagem do concreto é baseada no método brasileiro ABCP/ACI para resistência
característica de 15 Mpa, abatimento de 100 mm e proporção de 5% de lodo em relação ao
agregado miúdo. Logo o traço será 1: 1,61: 2,89: 0,5: 0,085 em volume de cimento: agregado
miúdo: agregado graúdo: água: lodo, respectivamente. De acordo ao volume mensal de WTS
gerado, serão destinados para produção de blocos cerca de 6 m³. São 4 os tipos de blocos
utilizados, piso intertravado: retangular, dezesseis faces, raquete e vazado, como demostrado
na figura abaixo.
a) b)

c) b)

Figura 5: Bloco intertravados – a) bloco intertravado retangular, b) bloco intertravado de dezesseis faces, c) bloco
intertravado raquete e d) bloco intertravado vazado.
Fonte: Escola Engenharia
z Um quarto do volume de lodo mensal será usado para a fabricação de manilhas para
sistemas de drenagem com diâmetro interno de 200 mm, 300 mm, 400 mm e 500 mm, com
comprimento entre 1 e 6 m. Abaixo são apresentadas algumas manilhas.

Figura 6: Manilhas de concreto


Fonte: Grupo Concrenorte
Com o outro quarto restante serão feitos bancos de praça. Esse tipo de mobiliário não
exige grande resistência, por isso em sua produção é usado concreto não estrutural, a seguir são
apresentados alguns exemplos.

Figura 7: Mobiliário urbano – banco de concreto


Fonte: Mercado livre

3. 5 Análise Custo Para Produção Blocos Intertravados

O uso de peças pré-moldadas de concreto para pavimentação surgiu após a Segunda


Guerra Mundial durante a reconstrução da Europa, como uma alternativa aos blocos de argila
utilizados anteriormente. A partir dos anos 70 que a técnica de pavimentação com blocos
cimentícios surge no Brasil, porém com rigor técnico incipiente devido aos baixos critérios
existentes (HALLACK, 2001 apud SERAFIM, 2010). O uso deste material vem crescendo no
mundo todo e dentro do processo produtivo há a possibilidade de inserção de materiais
alternativos e isto acarreta na melhoria em relação aos aspectos econômicos, ambientais e
tecnológicos (SERAFIM, 2010).
Através dos estudos abordados é possível estabelecer quais as soluções que demonstram
viabilidade para inserção no mercado regional, uma vez que estimular o uso de um novo produto
no ramo da construção civil não é fácil e para que isto ocorra, é necessário que as vantagens
técnicas e econômicas sejam capazes de competir com os produtos já estabelecidos. (WADA,
2010)
Sob o ponto de vista da viabilidade econômica atrelada a inserção de uma empresa desta
atividade, convém-se estabelecer uma relação de custos de peças nas quais os agregados
utilizados são os naturais e a partir do grau de substituição adotado estimar as faixas de ganho
monetários.
A partir do traço de referência de Tafarel et al (2016) e no grau de substituição adequado
para agregado miúdo em 5% pode-se estimar a redução do valor monetário do agregado miúdo
empregado. Os valores estimados são descritos na tabela 1.

Tabela 6- Comparativo entre o preço aplicado para produção do traço de referência com o traço
com substituição do agregado miúdo por 5% de lodo de ETA.

Material Traço Preço T (R$) Preço por traço

Referência 55,00 (1) 92,95


Areia
Com substituição 52,25 88,30
Fonte: 1 Mineração 2000.

Deste modo, estima-se que com o uso do lodo de ETA há economia de R$ 4,65 em agregados
miúdos para o volume produzido com o traço utilizado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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